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EDUCANDO
SOBRE OS
4 TEMPERAMENTOS
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SUMÁRIO
A noção de ser pessoa.............................................................................................................................. 2
O que são os 4 temperamentos.................................................................................. 4

• A simbologia dos 4 temperamentos......................................................................... 7
• Identificar o temperamento dos filhos................................................................. 9
O temperamento colérico.............................................................................................................. 13
• A educação dos filhos coléricos............................................................................................. 15
• Pais coléricos........................................................................................................................................................................... 19
O temperamento sanguíneo................................................................................................. 20
• A educação dos filhos sanguíneos.................................................................................. 22
• Pais sanguíneos.................................................................................................................................................................. 26
O temperamento fleumático............................................................................................... 27
• A educação dos filhos fleumáticos................................................................................ 29
• Pais fleumáticos.............................................................................................................................................................. 31
O temperamento melancólico........................................................................................ 32
• A educação dos filhos melancólicos......................................................................... 34
• Pais melancólicos....................................................................................................................................................... 37
A educação e os temperamentos......................................................................... 38
Temperamento não é muleta............................................................................................ 40

• Vícios dos coléricos................................................................................................................................................ 42
• Vícios dos sanguíneos..................................................................................................................................... 44
• Vícios dos fleumáticos.................................................................................................................................. 46
• Vícios dos melancólicos............................................................................................................................. 48
Como agir na prática.................................................................................................................................... 50

2
A NOÇÃO DE SER PESSOA

A educação dos filhos é uma das missões mais sublimes e
desafiadoras. Os pais se tornam colaboradores da criação,
ajudando na formação da pessoa humana.
É na importância da pessoa humana que encontramos um

sentido para nossa vida e para a dos nossos filhos, vendo que a
fonte última da dignidade do homem é a sua condição de
pessoa. Esse é um conceito que indica o núcleo mais específico
de cada ser humano.
Uma das características da pessoa humana é a sua intimidade.

Essa intimidade designa o âmbito interior, o que há de mais
próprio, um lugar onde só a própria pessoa pode entrar. Tudo
que o homem tem pertence à sua intimidade, seja seu corpo,
suas roupas, seu quarto, suas conversas, os valores dados pelos
pais, tudo forma a pessoa e faz parte de seu íntimo.
Assim, nota-se que a intimidade não é estática, mas algo vivo

de fontes novas, é essencialmente criadora, de onde brota todo
o mundo interior e os nossos valores fundamentais. Portanto,
nenhuma intimidade é igual a outra, cada uma é incomunicável
e irrepetível. Ninguém pode ser o que eu sou, o que você é.
Como afirma Yepes, em seu livro Fundamentos de Antropologia,
a pessoa é única e irrepetível, porque é um alguém; não é
apenas um que, mais sim um quem.
3
Quando uma criança nasce,

ela traz consigo um conjunto de
características próprias
e recebe um nome, algo fundamental da pessoa humana e que
a torna um “quem”. Vemos que, no nascimento de um filho, as
pessoas não são “coisas numéricas”, mas cada um ganha um
sentido único, os filhos não são intercambiáveis. Cada filho
representa para a mãe sempre uma totalidade irredutível a
qualquer dos outros e, por isso, ganha o próprio nome.
Essas características próprias de cada “nova pessoa” são

responsáveis, juntamente com outros fatores, como a base
familiar e o conjunto de experiências vividas, pelo
desenvolvimento da individualidade
de cada ser, levando à plenitude a noção de ser pessoa.
Por isso,
cada pessoa tem sua própria maneira de
ver o mundo e interagir com ele,
que será reflexo do mundo interior. Entender este aspecto é
primordial para progredir na educação dos filhos e melhorar o
ambiente familiar, sabendo que cada um dos filhos precisará de
uma orientação específica de acordo com o jeito de ser e agir.
Para adotar atitudes eficientes no processo educacional, a

teoria dos 4 temperamentos é uma ferramenta segura para
conhecer melhor as inclinações naturais dos seus filhos e,
quando utilizada com sabedoria, ela passa a ser uma via para o
cultivo das virtudes.
4
O QUE SÃO OS 4
TEMPERAMENTOS?
Diferentemente do que muitos acham, a teoria dos
temperamentos para análise do comportamento humano
não é algo recente, mas, pelo contrário, é uma teoria com
suas raízes filosofia grega com Hipócrates. Através dos
quatro elementos da natureza, Hipócrates formulou os
diferentes temperamentos de acordo com suas
características únicas.
Hoje, retomar essa antiga teoria, poderá nos ajudar a

aprofundar no conhecimento do ser humano e,
consequentemente, entender como funcionam os nossos
filhos.
Podemos definir temperamento como um conjunto de

tendências comportamentais de cada ser humano diante
de estímulos externos.
Nesse sentido, quando se fala sobre temperamentos, é

preciso ter em mente que eles são
estruturas minerais.
Sabemos que os minérios possuem uma composição
estável e sem alterações. Utilizamos dessa nomeação pelo
fato de que, assim como os minérios, os temperammentos
não mudam com o passar do tempo e mantém-se estável
durante toda a vida.
5
Essas diferentes estruturas, que são próprias de cada pessoa e

definidas já no nascimento, dizem respeito ao primeiro impulso
interior diante das mais diversas situações. Esses impulsos
podem influenciar desde a expressão das suas ideias até
conhecer pessoas novas. Por isso, podemos notar a
importância de se entender o nosso temperamento e das
pessoas que convivemos, especialmente nossos filhos, visto
que essas tendências pessoais influem diretamente nas
atividades da vida cotidiana e na formação do caráter pessoal.
Por outro lado, a personalidade é uma

estrutura vegetal.
Os vegetais, diferentemente dos minerais, se desenvolvem e se
alteram ao longo do tempo de vida. Isto quer dizer que a
personalidade pode ser moldada com o passar do tempo e,
quando orientada para o bem, pode-se forjar nela as virtudes e
de bons hábitos, aprendendo a dominar os impulsos contrários.
Diante de ambas as definições, dizemos que o temperamento

é a base para o desenvolvimento da personalidade.
6
Os temperamentos tornam-se o solo onde a personalidade é

formada. Para que a personalidade se desenvolva e chegue à
sua plenitude, é preciso conhecer as características de cada
solo e verificar quais são os nutrientes faltantes, para que se
possa tornar o solo fértil para a formação humana.
Nesse ponto está a importância de identificar o seu

temperamento e o temperamento dos seus filhos, para que
conhecendo os meios, saiba como orientá-los para o
amadurecimento.
7
A simbologia dos
quatro temperamentos
Os quatro temperamentos possuem uma relação simbólica
aos quatro principais elementos da natureza: água, fogo, terra
e ar. Cada um desses elementos possui definições próprias
quanto à temperatura e quanto à umidade.
A dimensão da temperatura,
que pode ser classificada como quente ou fria, diz respeito à
expansividade:
os indivíduos de temperatura quente tendem a ser mais
expansivos e extrovertidos, enquanto os indivíduos de
temperatura fria tendem a ser mais reservados e introvertidos.
Por outro lado, a dimensão da umidade, que pode ser

classificada como úmida ou seca, está relacionada à
impressão que os acontecimentos
causam neles mesmos:
enquanto os indivíduos com a característica seca tendem a
ser mais firmes e lembrar dos acontecimentos por muito
tempo, os indivíduos que possuem a característica de
umidade são mais flexíveis e os acontecimentos não deixam
tantas marcas em seu interior.
8
A partir da combinação das características referentes à

temperatura e à umidade, surgem os 4 temperamentos que
definem as tendências íntimas de cada pessoa, sendo cada
um associado a um elemento:
fogo | quente e seco | colérico

ar | quente e úmido | sanguíneo
terra | fria e seca | melancólico
água | fria e úmida | fleumático
QUENTE
Sanguíneo
Coérica
ÚMIDO SECO
FRIO
Fleumático Melancólico
9
Identificar o temperamento dos filhos

No caso do temperamento dos filhos, a identificação dos
temperamentos torna-se ainda mais difícil. Muitos pais olham
para o filho e acreditam que já o conhecem em sua totalidade.
Isso pode acabar por limitar quem é o filho, cristalizando-o em
seus defeitos que não necessariamente fazem parte do seu
temperamento.
Dessa forma, não se deve, por exemplo, repetir sempre: “Meu

filho é um bagunceiro!”. Cristalizar o filho em seu defeito
dominante não o ajudará na melhora e na busca da virtude e,
muitas vezes, os pais podem achar (e o próprio filho) que para
ele “já não há solução”. Esses defeitos não necessariamente
estão ligados ao temperamento da criança e podem ser
apenas frutos da falta da orientação dada para a criança ou
do tempo necessário para que ele aprenda (afinal, não
aprendemos da noite para o dia, certo?).
Compreender o temperamento do filho não é, de forma

alguma, rotular sua pessoa e limitá-lo a certos
comportamentos, como se tudo aquilo fosse esperado dele.
Não! Os temperamentos devem orientar para a melhora
pessoal e não algo a se aceitar, como aqueles pais que
afirmam: “Ah, meu filho é assim mesmo, é do jeito dele!”. Saber
os temperamentos permitem que os pais orientem a educação
dos filhos de forma mais eficaz, sabendo das principais
dificuldades de cada filho e de quais meios deve utilizar.
10
Para a identificação dos temperamentos, seja o próprio ou

dos outros, é necessário refletir sobre duas principais
questões, que são relacionadas com os elementos vistos no
capítulo anterior: a umidade contra a secura e a
temperatura quente contra a fria.
No caso da identificação dos filhos, é necessário sair de si

mesmo para buscar ver sob a perspectiva do filho e tentar
compreendê-lo, não o julgando, mas buscando aprofundar
na pessoa que ele é. Observá-lo, sempre com um olhar
objetivo, diante das duas questões fundamentais, irá ajudar
a definir o temperamento da criança.
Claro, é necessário que o filho já tenha uma idade mínima,

que irá variar de filho para filho, de forma que suas reações
sejam naturais e transpareçam seu temperamento.
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As duas principais questões são:
1. A reação aos estímulos externos é rápida ou lenta?
Por exemplo: seu filho fez algo errado e você o corrigiu. Ele
tende a reagir logo em seguida, gritando, reclamando ou
batendo o pé, ou ele demora a processar o que aconteceu,
se retrai e só após um tempo irá agir diante da correção?
2. As impressões causadas pelos acontecimentos

permanecem por muito tempo ou logo passam?
Por exemplo: há uma semana, você perdeu a paciência

com seu filho e gritou, brigando com ele por algo que fez
errado. Ele costuma remoer o acontecimento, sem conseguir
“voltar ao relacionamento”, ficando emburrado e não
esquece da briga, ou após seu pedido de desculpas, ele logo
esquece e se distrai com outras coisas?
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As combinações das respostas para essas duas perguntas
dão origem aos temperamentos:
IMPRESSÃO DURADOURA
COLÉRICO MELANCÓLICO
REAÇÃO RÁPIDA REAÇÃO LENTA
SANGUÍNEO FLEUMÁTICO
IMPRESSÃO CURTA
Reação rápida + impressão duradoura = colérico

Reação rápida + impressão curta = sanguíneo
Reação lenta + impressão curta = fleumático
Reação lenta + impressão duradoura = melancólico
13
O TEMPERAMENTO
COLÉRICO
Representados pelo fogo, os coléricos
são quentes e secos, ou seja, possuem
reação rápida e as impressões do
mundo sobre eles são duradouras.
A mistura entre o quente, que representa expansividade, e

seco, que está relacionado com a firmeza, faz dos coléricos
líderes natos.
A compreensão aguçada é outra característica

intrínseca aos coléricos. Eles são capazes de fazer uma
leitura profunda das situações
com base na percepção própria de valores.
14
Assim, se eles aprenderem desde cedo a distinguir

o que é certo e o que é errado, certamente
serão capazes de imprimir seu grande
senso de justiça
em todas as ações que tomarem.
E, além de fazer com que os coléricos sejam grandes defensores de

ideais, a expansividade é
capaz de torná-los extremamente
persuasivos, atentos e perseverantes.
Por isso, é natural que os coléricos sejam bons na maior parte das
atividades que eles exercem, pois eles
são movidos por desafios.
Eles não costumam tomar decisões com base no que todo mundo
faz, mas sim com base na percepção que possuem do que é o
melhor a ser feito. Isso os tornam
pessoas determinadas e objetivas.
Dessa forma, os coléricos tendem a possuir a virtude da

fortaleza, pois sabem resistir aos vários imprevistos que surgem
no caminho.
Por outro lado,

a principal virtude que deve ser desenvolvida
em um colérico é a humildade.
É essa virtude que permite que ele não caia no orgulho diante de
suas habilidades, que saiba ver a realidade e nem aponte
cegamente os defeitos dos outros.
15
A educação dos filhos coléricos

A criança com temperamento colérico consegue ter uma
visão mais profunda das situações, por sua umidade,
guardam-nas afetivamente. Ao mesmo tempo, são
expansivas pela temperatura quente. As crianças coléricas
podem se transformar em pessoas problemáticas por sua
capacidade de expansão e sua determinação.
16
Para elas,
tudo é um desafio.
Dessa forma, devem ser orientadas para algo superior,
voltado para o serviço, para que sua capacidade de
liderança seja uma solução e não um problema. Em geral, os
professores costumam gostar muito dessas crianças, pois
elas possuem uma habilidade natural para liderar.
Além disso, o fato de tirar boas notas na escola é um desafio
que elas naturalmente se impõem.
Como são determinadas pelos desafios, ao apresentar

metas elevadas, contribuimos para que eles busquem altos
modelos que devem seguir.
Filhos coléricos também

se irritam rapidamente
diante de injustiças,
e costumam ser confiantes e orgulhosos. Isso é visível
principalmente nos momentos de brincadeiras que possuem
regras junto a outras crianças, onde tentam imprimir ordem
ao redor.
Por isso, seu dever como educador é ensinar ao colérico

como dominar as próprias potências, commo controlar a
própria força e direcioná-la para o bem. Em vez de corrigir
apontando o que fez de errado, precisa mostrar o que
deveria fazer para agir da maneira correta, também
elogiando suas capacidades e não repreendendo-as.
As crianças coléricas podem chegar na adolescência

acreditando que os pais não reconhecem suas habilidades e
são propensas, nesses casos, a se rebelarem. De fato, para a
educação dos coléricos, é sempre necessário exigir deles,
pois isto os fazem crescer e criar uma estabilidade. Por isso,
não se há de ter medo de exigir e apontar para metas altas.
17
É sempre deixar o filho colérico ocupado. Seu temperamento

expansivo tende a se orientar para algo que seja útil, busca o
trabalho e atividades em que se possa ajudar. Nesse ponto, os
pais podem valorizar suas capacidades dando tarefas
específicas de casa ou, até mesmo, sendo responsável pelos
irmãos mais novos.
Para a correção de seus erros, os pais devem sempre buscar

fazer a sós e não na frente dos outros. Quando tem os defeitos
expostos, acabam por se fechar e perder a confiança.
Um outro exercício que poderá ajudar seu filho é oferecer

sempre exemplos de heroísmo, de conquista e de vitórias.
Contar para elas histórias de heróis, cavaleiros, santos,
mártires, príncipes e princesas. Alguns livros voltados para
grandes histórias ajudarão a dar um sentido magnâmio para
a vida deles e orientá-los para que superem as próprias
necessidades para valorizar a vida do outro.
18
Além disso, é importante
não comparar seu filho
com outras crianças.
Isso pode fazer com que ele se envaideça ainda mais por ser
naturalmente bom naquilo que ele se propõe a fazer e, ainda,
fazer com que a outra criança se sinta inferior, já que quando
não se sentem valorizados por suas potencialidades, pode
passar por crises de auto-estima.
Os pais precisam assumir a autoridade

principalmente diante de filhos coléricos. Ao perceberem que
os pais possuem maiores capacidades do que ela mesma, a
criança colérica passa a nutrir ainda mais admiração pelos
pais.
Por fim, os filhos coléricos costumam gostar de se sentir

úteis
e de saber claramente os
propósitos
existentes em cada atividade que realizam.
Isso tudo é reflexo de uma busca profunda pela verdade,

bondade e beleza. E, se você for capaz de orientar essa busca
na vida do seu filho, certamente ele continuará perseguindo
estes valores por toda a vida e se tornará um exemplo
luminoso para aqueles que estão ao redor.
19
Pais coléricos
Os pais com o temperamento colérico costumam ser
expansivos, leais e assertivos nas suas orientações. Por
possuírem convicções firmes, são verdadeiros pontos de firmeza
e confiança para seus filhos.
Entretanto, um temperamento desordenado pode evidenciar

alguns problemas, como a falta de paciência e a dificuldade de
escutar os outros.
Como possuem a tendência de exigir o melhor dos seus filhos,

eles podem acabar não respeitando o tempo de cada criança e
não sabem enxergar suas diferenças e dificuldades.
Assim, os pais coléricos precisam aprender ter mais paciência e

controlar as próprias emoções, sempre buscando exercer a
humildade. Nesse sentido, esses pais podem sempre buscar
orientações externas, pessoas que possam ajudar se concentrar
no que está acontecendo na própria vida, com objetividade. Os
coléricos têm a capacidade de iluminar, mas muitas vezes
falta-lhes o leme, a capacidade de concentrar e entender como
colocar suas grandes habilidades a serviço do outro.
20
O TEMPERAMENTO
SANGUÍNEO
Representados pelo ar,
os sanguíneos possuem um temperamento
quente e úmido, ou seja,
reagem rapidamente
e suas
impressões são passageiras.
21
Assim, a principal característica de um sanguíneo é o

envolvimento com tudo
o que está ao seu redor.
Com essa característica, as pessoas se tornam carinhosas e

gentis, passam a se preocupar com os outros e são
portadoras de uma sensibilidade
aguçada, além de
se alegrarem em servir.
Dessa maneira, os sanguíneos costumam

ser vistos como pessoas
alegres e extrovertidas.
A comunicação
é uma chave fundamental para as pessoas com este
temperamento, já que ela, na maioria das vezes, estabelece
um canal para o sanguíneo se envolver com o que o cerca.
Entretanto, o desejo desenfreado por envolvimento como

todas as coisas confere ao sanguíneo uma inclinação à
inconstância.
Além disso, a efemeridade das impressões dos sanguíneos faz

com que ele se deixe levar pelas emoções e pelos sentidos.
Isso provoca uma grande dificuldade em manter
a concentração em uma única tarefa.
Por isso, para desenvolver uma personalidade sólida, os

sanguíneos precisam ter ao seu redor
elementos que remetam à ordem,
como um ambiente organizado e uma rotina bem definida.
22
A educação dos filhos sanguíneos

O temperamento sanguíneo tende a se alterar muito ao longo
do tempo. No início, a criança tende a ser muito difícil e a se
tornar um adulto fácil. De forma geral, podem ser crianças
chatas, difíceis, com possibilidade de apresentaram TDAH.
Entretanto, se são bem orientadas, podem-se tornar amáveis e
independentes.
O sanguíneo está centrado na expressão com a fala e a

linguagem. Tendem a ser malcriadas, não param quietas e
estão sempre falando. Essa é uma característica que se
educada se torna uma qualidade comunicativa na vida adulta.
Com essas crianças, toda bronca não parece funcionar, não

consegue prestar atenção e não consegue ouvir os pais. Sua
capacidade de expansão não se estrutura, mas se envolve, ela
não grava as informações na cabeça, pois ainda não as
compreende. Como pais, é importante compreender esse
movimento da sua natureza e que precisa de muita paciência
já que sua capacidade de guardar, obedecer e compreender
virá com o crescimento.
23
Paralelamente, as crianças sanguíneas costumam ser

envolventes e sensitivas.
Enquanto os coléricos costumam falar para se impor,
os sanguíneos falam para estabelecer mais
envolvimento
com quem está ao seu redor. Estão sempre
expandindo e envolvendo, mas sem cristalizar, sem
definir fronteiras. Por isso, são crianças muito queridas
por todos.
Se não for ensinado para essas crianças um senso de

justiça e de moralidade de forma clara e eficaz, elas
podem se tornar muito influenciáveis, o que exige a
constante atenção dos pais.
Essas crianças sanguíneas são mais fáceis de serem

corrigidas e logo que são afastadas do ambiente
nocivo, já começam a se desenvolver e crescer.
Além disso, por serem essas crianças sensitivas, tem a

tendência de aproveitarem mais, de se deleitarem, de
gostarem das sensações e do convívio com as outras
pessoas. Para observar melhor essa característica,
mostre ao seu filho alguma música, poesia ou rimas.
Ele tenderá a desfrutar da poesia, mesmo que
abandone o livro pouco tempo depois, ele se acalma
com a atividade.
24
Como são crianças que perdem o foco com
frequência, é preciso que tenham uma
rotina bem definida.
Além disso, o uso de instruções específicas, como

“arrume a sua cama” no lugar de “arrume o seu quarto” costuma
ajudar as crianças com esse temperamento a manter o foco.
Junto com as instruções específicas, pode-se criar um universo
lúdico, uma história imaginária, de tal forma que ela faça a tarefa
com mais eficiência e gosto.
Como o temperamento sanguíneo se adapta muito bem ao

ambiente, procure estabelecer um
clima de harmonia na sua casa.
Isso afeta diretamente o comportamento do seu filho,
principalmente se ele for sanguíneo ou fleumático, que possuem a
característica da umidade.
Nesse sentido, pode instigar a criança a refletir sobre as coisas e

os ambientes, sobre a família e seus sentimentos, ajudando-a a
falar sobre as coisas que sente e vê. Os pais devem procurar estar
mais próximos e contar as coisas, perguntar e terem paciência
em ouvir. Essa capacidade da criança deve ser bem desenvolvida,
a fim de que tenha bom êxito na vida.
Um dos principais problemas enfrentados na educação de

crianças sanguíneas é essa sensação: você fala, mas a
criança não capta. Mais do que falar, você deve agir
para que ela internalize todas as suas instruções.
Por isso, principalmente enquanto as crianças não conseguem

dominar a fala e se expressar com clareza, procure
estabelecer formas não verbais de
comunicação. Pegar no colo e abraçar são atitudes que
envolvem, e uma criança sanguínea entende melhor dessa forma.
25
Por fim, as crianças sanguíneas costumam aprender melhor
quando utilizam os diferentes sentidos. Assim,
atividades recreativas, como massinha de modelar e cantar uma
música, podem ajudar na aprendizagem.
Também graças à umidade e sua expansividade, o sanguíneo –

sem ter o foco – tem dificuldade de atingir seus objetivos. É
necessário educá-lo para que aguente a dor e possa se superar,
colocando desafios que eduquem seus afetos, aprendendo
dominá-los. Para fazer isso na prática, os pais devem identificar
aquilo que os filhos mais gostam e privá-los em alguns
momentos, com firmeza e carinho.
No mesmo sentido, pode-se ensiná-lo a acabar as tarefas que

começou. Como por exemplo, propor de início atividades curtas e
fáceis de cumprir, que o filho tenha facilidade de ir até o fim e
saborear a alegria de terminar bem cada dever.
Duas palavras são a base fundamental para a educação dos

filhos sanguíneos: a paciência e a lucidade.
26
Pais sanguíneos
Os pais sanguíneos costumam estar bastante
envolvidos com seus filhos.
Sua expansividade os leva a procurar entender melhor as
crianças e a estar presente.
Por outro lado, isso pode fazer deles o

típico “pai amigão”.
Mas, os filhos não precisam de um amigo mais velho. Eles
precisam de um pai, uma mãe, alguém que saiba os orientar e
seja para eles um porto seguro. Por isso, pais sanguíneos
precisam lembrar de
exercer sua autoridade.
Além disso, se possuírem um temperamento desordenado, eles

podem ser pessoas bastante desorganizadas, o que prejudica o
estabelecimento de uma rotina para as crianças.
27
O TEMPERAMENTO
FLEUMÁTICO
água, os fleumáticos possuem
Representados pela
reação lenta e impressões curtas.
A combinação entre frio e úmido confere aos fleumáticos as

características de introspecção e adaptação.
28
Dotados de um profundo universo interior,

eles são capazes de acomodar como ninguém as tensões do
ambiente em que estão inseridos.
Em geral, pessoas com este temperamento costumam ser

tranquilas e de convívio agradável.
É muito difícil aborrecer um fleumático, mesmo quando as

coisas não saem como o esperado. Quando isso acontece,
ele tem
a tendência de agir com calma e cautela
para que todos os envolvidos fiquem bem.
Assim como a água se adapta à forma do recipiente em que

é colocada, os fleumáticos tendem a se adaptar ao
ambiente em que estão inseridos.
Por outro lado, se a personalidade de um fleumático não

estiver bem formada, ele terá a tendência de permanecer
quietinho no seu canto.
Por isso, um dos principais defeitos do fleumático é a

tendência à preguiça,
isso porque eles possuem uma inclinação natural à inércia,
ou seja, a permanecer no estado em que se encontram.
Assim, para construir uma personalidade madura, os

fleumáticos precisam de boas influências e de estabilidade.
Dessa forma, eles serão capazes de desenvolver autonomia
e não virar uma cópia das pessoas que o cercam.
29
A educação dos filhos fleumáticos
As crianças fleumáticas sempre tentam entender o que

acontece ao seu redor. E, como possuem uma característica fria,
são dotadas de calma e tranquilidade.
Essas crianças, quando recebem uma bronca dos pais,

voltam-se para o próprio interior e acabam não absorvendo o
que foi dito. Isso significa que ela apenas muda o foco de sua
atenção e transita de forma tranquila para outra atividade que
não irrite os pais. Essa é uma dificuldade para a educação
dessas crianças, pois não aprendem rápido, possuem um
profundo universo interior e muita dificuldade de fixar e
estruturar.
Crianças fleumáticas exigem atenção, não pelo fato de

causarem problemas, mas porque necessitam de
apoio para formar sua memória afetiva.
Como a dificuldade da educação dessas crianças tem relação
com o comando e a autoridade, elas exigem o comando e a
autoridade, precisam sempre dos pais por perto para que possa
ter um apoio para se estruturar.
30
Por isso, um ambiente familiar amoroso deve formar a

personalidade de uma criança fleumática, assim como um copo
dá forma à água. Isso ajudará as crianças no processo de tomar
uma forma de si mesmas.
Para isso, ofereça

boas referências
para seu filho, seja com bons livros, boas influências ou com bom
exemplo. No final, esse vai ser o principal meio de formação da
personalidade dele. A partir do momento que a criança entende
que precisa desses bons exemplos, ela se cerca dessas boas
referências, procura bons livros e é capaz de se tornar uma pessoa
incrível. Por sua capacidade de absorção, a criança consegue
tornar a realidade que a envolve em uma extensão de si.
Por outro lado, um problema está na criança fleumática presente

dentro de um ambiente conturbado, o que ela acaba aderindo
também na própria personalidade, já que ainda não sabe
classificar o que é o bem.
No fim, crianças fleumáticas precisam de

pais fortes
e que saibam conduzi-las na formação de uma personalidade
consistente. Na prática, isso quer dizer que para a educação
dessas crianças o exemplo será o condutor. Então, se uma criança
fleumática não quer comer um determinado alimento, basta que
outros familiares que convivem com ela passem a incorporar esses
alimentos na rotina, dando o exemplo, logo ela irá aprender a
comer também.
Dessa forma, se uma criança fleumática não vai bem, seus pais
também não vão bem já que ela absorve o que é a própria
realidade, elas atuam como um espelho. A educação do
fleumático é a autoeducação dos pais: se os pais são virtuosos, o
filho tenderá a imitá-los e ser da mesma forma.
31
Pais fleumáticos
Os pais fleumáticos exalam tranquilidade, gentileza e paciência.

Eles não buscam o conflito e valorizam
a paz e a harmonia.
Entretanto, essa inércia, típica do temperamento,

pode fazer com que eles
não tenham iniciativa
para conversar com seus filhos e estarem presentes.
Além disso, para evitar o stress, eles tendem a

minimizar os problemas e a
não assumir uma postura de autoridade
quando é necessário.
Esses pais devem buscar desenvolver a capacidade de firmeza

aliada ao carinho, para que assumindo a responsabilidade da
educação dos filhos, coloquem meios concretos para ajudá-los,
não se deixando levar sem que tomem as rédeas da educação.
32
O TEMPERAMENTO
MELANCÓLICO
Por fim, os melancólicos são representados pela
terra, possuem uma reação lenta diante dos
acontecimentos, mas ficam com
impressões duradouras.
33
Eles costumam ser pessoas observadoras e que não

gostam de chamar atenção.
Tudo o que eles recebem é guardado. Por isso, os

melancólicos costumam lembrar de tudo,
têm facilidade de concentração
e costumam ser
perfeccionistas.
Assim como tudo o que passa por um chão de terra deixa

marca, assim também acontece com o melancólico.
Como
as impressões ecoam por muito tempo
no mundo interior dos melancólicos, eles frequentemente
são vistos como pessoas amarguradas e tristes.
Ao mesmo tempo, tudo aquilo que atinge os melancólicos

tende a ficar guardado a sete chaves. Eles costumam ser
pessoas dotadas de sensibilidade,
além de serem
reflexivas
e cultivarem um
mundo interior profundo.
Por outro lado, os melancólicos tendem a ficar perdidos no

meio de tantas reflexões, o que causa uma
grande dificuldade para agir
justamente porque eles avaliam tudo aquilo que pode dar
errado.
34
A educação dos filhos melancólicos
As crianças melancólicas tendem a ser

extremamente doces. No entanto,
esse temperamento exige cuidado
para que a doçura da infância possa ser cultivada para o
resto da vida. A criança melancólica se comporta bem,
atende às ordens, obedece aos pais, por não se expandir,
não pertubam o ambiente, entretanto, se não forem
acompanhadas por uma formação desde o início,
podem ter dificuldades no futuro.
O melancólico precisa da ordem, da rotina, não procura

chamar atenção e tende a se comportar de forma
amável. Comprimenta adultos, conversa com diferentes
crianças.
35
Por possuírem uma tendência à profundidade, as

crianças melancólicas têm grandes dificuldades em
tomar decisões.
Dessa forma, é fundamental entender que você não

pode esperar que elas tenham uma reação rápida, como
se fosse colérica ou sanguínea.
O tempo delas é diferente.
Assim, tenha cuidado para não passar por cima das

inclinações naturais de uma criança melancólica,
principalmente se o seu temperamento for expansivo.
Nesse sentido, quando a criança é repreendida, ela não

irá reagir de imediato, o que pode fazer com que os pais
comecem a dizer qualquer coisa, sem um filtro. Tudo isso
será absorvido em seu interior e, sem que consiga falar,
ele pode aprofundar suas percepções sobre os adultos
sem que o saibam.
É preciso ter
cuidado com o ambiente,
as grosserias e brigas exageradas podem ficar
reprimidas no fundo do coração de uma criança
melancólica. E pode acontecer dela se culpar pelo clima
ruim da casa, o que é ainda pior.
Nesse sentido, a prática da religião é de

extrema importância principalmente para crianças
melancólicas. Isso dá a elas esperança e as ajuda a ver
uma luz além do seu pessimismo natural.
36
Por fim, as crianças melancólicas precisam que seus pais

estejam à disposição
quando ela estiver preparada para falar. Esse processo
pode demorar um pouco, mas, com calma, é possível
fazer com que elas se abram.
Para isso,
seja proativo
no afeto, que é um meio eficaz para criar a conexão dos
pais com a criança. Por ter um universo interior
desconhecido, pode se tornar imune aos carinhos e
comandos dos pais, para evitar que isso aconteça os
pais devem estar presentes afetuosamente. Na prática,
faça um carinho de forma espontânea e demonstre
interesse pela vida do seu filho, abraços, beijos,
conversas, tudo isso ajuda no acolhimento da criança.
Ele precisa se sentir seguro para conseguir formar uma
personalidade consistente.
37
Pais melancólicos
Os pais melancólicos costumam ser introspectivos,
organizados e detalhistas.
Por serem
extremamente competentes
em tudo o que fazem, eles transmitem segurança e estabilidade
para seus filhos.
No entanto, esses pais, ao tentar exigir

altos padrões
dos seus filhos, podem ficar irritados com facilidade e acabam
menosprezando as crianças.
Por isso, é importante que eles tenham cuidado para

não se distanciar dos filhos e saibam que cada
criança possui o seu tempo para aprender.
38
A EDUCAÇÃO E OS
TEMPERAMENTOS
Cada temperamento reage de diferentes formas
a um mesmo estímulo.
Por isso, nem sempre as abordagens que funcionam para um

filho colérico vão funcionar para um filho sanguíneo.
Cada criança possui suas
particularidades.
39
Assim, conhecer o temperamento dos seus filhos é

essencial para educá-los da melhor maneira possível.
Vale ressaltar que é mais fácil

identificar o temperamento de uma
criança a partir dos 6 ou 7 anos.
Antes disso, ela não domina os meios para poder expressar
as suas vontades, o que dificulta a classificação do
temperamento.
É importante destacar que não existe um temperamento

melhor do que o outro.
Existem pessoas. Existem almas.
Cada uma com suas dificuldades e suas qualidades

específicas. Cada uma com as próprias inclinações
naturais, quer sejam boas ou quer sejam más.
A sua missão como pai e educador é ser suporte para a

lapidação de uma joia que foi confiada a você. Esteja
atento e disponível, essa é uma tarefa valiosa que dá
sentido para a própria vida.
40
TEMPERAMENTO
NÃO É MULETA
Após conhecer a teoria dos 4 temperamentos, muitas
pessoas são levadas a justificar algumas atitudes em função
do temperamento que possuem.
Entretanto, algo deve estar claro: o

nosso
temperamento não é muleta.
Dessa forma, vemos que os temperamentos são uma
ferramenta que irá nos ajudar na construção de quem
somos e não um encosto. O temperamento também não
pode ser visto como defeito, não existem temperamentos
melhores que outros. Os defeitos estão na preguiça, na
soberba e no egoísmo pessoal, não no temperamento.
Portanto, entender os temperamentos é aprender a ter amor

e paciência para os outros e, claro, conosco próprios. Isso
está diretamente ligado com a educação dos filhos.
Conhecendo com profundidade os temperamentos,
podemos orientar os filhos de forma concreta a evitar os
vícios próprios de cada um e sempre motivá-los na busca
das virtudes contrárias.
A educação é ensinar aos filhos a alegria da vida que vale a

pena ser vivida, ensinar a verdadeira liberdade de escolher
pelo bem, desenvolvendo as virtudes e combatendo os
vícios.
Vale, portanto, verificar os

vícios relacionados a
cada um dos temperamentos para entender
em qual terreno as sementes das virtudes deverão ser
41
plantadas e quais são as principais ervas daninhas

presentes em cada um deles.
Somente com o cultivo correto, a vida
do seu filho será frutuosa.
Aqui está o segredo:

é preciso de trabalho para
colher os frutos.
Quem não planta, não colhe.
O conhecimento dos vícios de cada temperamento será um

aliado no labor cotidiano em busca de uma vida reta e
íntegra, tanto no exemplo dos pais dentro da família, quanto
para a orientação pessoal dos filhos.
42
Vícios dos coléricos

Os coléricos são expansivos e possuem uma tendência à secura,
que imprime as marcas do mundo sobre si e, ao mesmo tempo,
deixa marcas no mundo.
Isso faz com que eles tenham uma necessidade inata de reação,
que, se mal ordenada, pode ser a origem da
ira e da autossuficiência.
43
A verdade é que
ninguém consegue viver sem a
ajuda de outras pessoas.
Tudo o que consumimos, de alguma forma, foi graças à
ajuda de outra pessoa com uma habilidade que não
possuímos. Além disso, se chegamos à idade adulta
com saúde e formação, com certeza tivemos, ao
menos, a orientação dos nossos pais, familiares ou
outro responsável que nos auxiliou no crescimento e
desenvolvimento pessoal. Vemos, portanto, que sempre
precisamos desse apoio das outras pessoas, mesmo
que não consigamos assumir.
Os reflexos desses vícios – ira e

autossuficiência – podem ser
observados nas conversas,
onde os coléricos tendem a interromper quem está
falando para contar suas experiências próprias. Esse é
um termômetro eficaz para identificar os sinais da
autossuficiência e retomar a via para o crescimento
nos âmbitos espiritual, financeiro, familiar e social.
A chave para que o colérico vença esses desvios é

sempre duvidar dos seus primeiros impulsos. Vale,
principalmente, buscar uma ajuda externa, com
conselhos que evidenciem a realidade com
objetividade, dominando suas emoções iradas e
caminhando em busca da humildade.
44
Vícios dos sanguíneos

Assim como o vento, o sanguíneo tende a se dispersar
facilmente.
Por isso, ele precisa

estar atento para vencer a sensualidade,
ou seja, esse ímpeto de sempre ter que fazer algo no mundo
conforme o vento passa,
e a inconstância.
As duas armas eficazes para o combate

desses vícios são ter um
plano de vida
e buscar a mortificação dos sentidos.
O plano de vida é responsável por trazer ordem à rotina pois,

se as tarefas não estão na agenda, elas geralmente são
esquecidas. Buscar definir de forma concreta as atividades,
definir metas e buscar terminar cada uma dos deveres até o
final, são os meios de educar a afetividade dos sanguíneos. Al
45
Dessa forma, é muito importante destinar um tempo na

semana para as atividades espirituais, para ler bons livros,
para ter contato com a beleza, já que elas são as primeiras
que se perdem diante da inconstância. Além de serem
atividades que ajudam no desenvolvimento da vida interior
e do pensamento, que faltam no sanguíneo.
Além disso, o sanguíneo, por ser muito levado pelos

sentidos, acaba não tendo o domínio próprio necessário
para se tornar uma pessoa virtuosa. São propensos a
caírem na sensualidade e preguiça, por isso, podem buscar
na mortificação dos sentidos distanciar aquilo que gostam
mais e dar limites para as sensações, dominando os afetos
pessoais. Por exemplo, comer mais do que gosta menos e
menos do que gosta mais, tanto os pais quanto as crianças
podem se beneficiar de sacrifícios como esse que
fortalecem a vontade para outras decisões mais custosas.
46
Vícios dos fleumáticos

Por reagir de modo mais lento e não ter uma capacidade
inata de fazer com que as impressões do mundo
permaneçam em si, os fleumáticos têm uma
tendência à avareza.
Quando colocamos uma pedra dentro da água e em

seguida a retiramos, a água logo retoma a forma do
recipiente em que ela se encontra.
Por outro lado, quando colocamos uma pedra sobre a

terra, a terra não volta para o mesmo lugar de antes, assim
como a água.
Esses aspectos nos ajudam a entender melhor como o

mundo impacta em cada pessoa, seja no fleumático, no
caso da água, ou no melancólico, no caso da terra.
47
No caso dos fleumáticos, a avareza aparece como uma

certa compensação da ausência de impressões fortes e
duradouras. Como ele não é marcado pelo mundo, ele
tende a ter um apego excessivo pelas coisas que estão ao
seu redor.
Por isso, para superar esse vício, os fleumáticos

precisam estar em
contato com grandes ideais
por muito tempo. Não adianta apenas um contato externo
com o mundo, mas deve conhecer o sentido das coisas e
ter uma visão de como orientar tudo para algo maior.
Assim, o estudo
e a observação de outras
personalidades bem formadas são as
principais armas para os fleumáticos superarem esse vício.
48
Vícios dos melancólicos
O principal vício do melancólico é a inveja. A inveja

se desenvolve quando é cultivada por meio de uma
observação minuciosa.
Por isso, uma pessoa distraída não possui tendência à

inveja porque, de certa forma, esse vício exige o cultivo
de uma comparação entre o seu estado e o estado de
outras pessoas, seja em termos de virtudes, de bens ou
de estados de vida.
49
A conversa interior do melancólico é um ambiente

propício para isso. Além disso, a falta de uma
personalidade bem formada pode o levar a um
estado profundo de desesperança,
que é fruto da inveja.
Por isso, o melancólico precisa ter um

contraponto através da
observação da bondade no mundo.
Assim, o filho melancólico e os pais melancólicos
devem treinar o olhar para as coisas boas.
Para não cair nesse vício, é preciso reforçar as

qualidades do filho melancólico (ou até mesmo do
cônjuge), ajudando a lembrar que o mundo pode ser
maior e mais belo do que as impressões que temos
das diferentes pessoas, coisas e situações.
50
COMO AGIR NA PRÁTICA

Vimos as principais características de cada um dos
temperamentos e, por isso, podemos agora
aprender a como utilizar a
teoria no seu dia a dia
para potencializar ainda mais a educação dos seus
filhos.
O primeiro ponto é que, antes de você tentar identificar

os temperamentos dos seus filhos, você precisa
conhecer bem o seu temperamento.
Então, tire um tempo para uma reflexão profunda dos

seus comportamentos. Veja se você possui a tendência à
secura ou à umidade e, da mesma forma, ao calor ou à
frieza, assim como foi explicado.
Se você ficar com dúvidas,

tente se lembrar de como você
costumava agir na infância.
Quando ainda éramos pequenos, nossas faculdades não
eram tão robustas e desenvolvidas como são hoje e
nossas ações eram mais naturais.
51
Quando falamos em identificar os temperamentos, a
observação e a reflexão são as chaves para se conseguir
chegar na resposta concreta.
Depois de identificar o próprio temperamento,

passe a observar o comportamento dos
seus filhos e tente repetir o processo,
mas dessa vez tirando o foco de você. O princípio é o mesmo.
identificar o
Como foi falado anteriormente, é mais fácil
temperamento de uma criança a partir
dos 6 ou 7 anos. Se seu filho for muito pequeno, esse
processo pode ser mais difícil. Então, não se preocupe em
esperar que ele esteja um pouco maior para ter certeza sobre o
temperamento dele.
Pode ser que você não tenha certeza de primeira sobre o

temperamento, mas identificando pelo menos uma das
características - temperatura e umidade-, você já consegue
orientar a educação de forma eficaz.
52
A partir dessa observação, você vai perceber que
os temperamentos quentes (colérico
e sanguíneo) tendem a falar bastante.
Mas, diferente do sanguíneo, os coléricos expressam suas
ideias como se eles estivessem obrigando os demais a
terem as mesmas ideias que ele teve.
Por isso, quando uma criança colérica é confrontada, ela

percebe a situação como uma espécie de evidência das
suas limitações e, consequentemente, sua autoconfiança
é abalada.
Da mesma forma, deixar que um colérico sempre ganhe

todos os jogos faz com que ele perca o interesse e a
admiração de forma muito veloz.
Os pais, ao exigerem dos filhos coléricos, não devem

pensar que agem de forma opressiva e dura. Ao
contrário, é desse modo que os pais darão a motivação
para que ele atinja ideais ainda maiores.
53
Por outro lado, a fala do sanguíneo imprime um desejo de
resposta do ouvinte, enquanto a do colérico possui um tom
impositivo.
As crianças sanguíneas, por possuírem uma grande

sensibilidade, ao receberem uma ordem como “Levante-se do
chão!” ou “Pare de chorar!” não irão obedecer, mas tais ordens
costumam funcionar com as crianças coléricas.
Portanto, o segredo para educar as crianças sanguíneas é

manter um envolvimento e não deixar que elas se dispersem
com tudo o que está ao redor.
Dessa forma, pegar seu filho sanguíneo no colo nos momentos

de birra não significa que você está mimando-o. Pelo contrário,
você estará o ajudando a se recompor de acordo com as
características minerais dele.
54
Já um filho fleumático necessita de um empurrãozinho para
sair da inércia, de forma oposta ao colérico. Eles precisam de
um tempo maior para conseguir estruturar suas memórias
afetivas e demandam mais atenção e apoio dos pais para isso.
Isso acontece especialmente com os temperamentos frios. Por

isso, melancólicos e fleumáticos exigem um pouco mais de
atenção dos pais porque eles possuem uma tendência à
introspecção.
Não dá para perceber com tanta facilidade a forma de

recebimento das impressões nas crianças com temperamento
frio. Por isso, correções físicas são extremamente perigosas
para estes dois temperamentos, principalmente para o
melancólico, devido à secura que, de certa forma, guarda essa
impressão por muito tempo.
55
Então, nãoseja tão exigente com os

filhos melancólicos e com os
fleumáticos. Coloque-se à disposição para
conversar e espere o tempo deles. Reforçar o amor e a
importância que cada um deles tem é fundamental para
que o desenvolvimento deles seja pleno.
O mais importante é ter consciência que cada criança

possui seu próprio universo interior, que irá reagir e
absorver de diferentes maneiras uma mesma situação.
No final das contas,

a educação não é uma receita de bolo.
A sua família é única, os pais são únicos e cada filho é
único.
Cabe a você, como mãe ou pai,

olhar para a situação e identificar a
melhor maneira de agir
com base no seu conhecimento e experiência.
EDUCANDO
SOBRE OS
4 TEMPERAMENTOS

P&B Educando+Sobre+Os+4+Temperamentos+

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A noção de ser pessoa.............................................................................................................................. 2

O que são os 4 temperamentos.................................................................................. 4

Temperamento não é muleta............................................................................................ 40

Como agir na prática.................................................................................................................................... 50

A NOÇÃO DE SER PESSOA

É na importância da pessoa humana que encontramos um

Uma das características da pessoa humana é a sua intimidade.

Assim, nota-se que a intimidade não é estática, mas algo vivo

Quando uma criança nasce,

Essas características próprias de cada “nova pessoa” são

Para adotar atitudes eficientes no processo educacional, a

Hoje, retomar essa antiga teoria, poderá nos ajudar a

Podemos definir temperamento como um conjunto de

Nesse sentido, quando se fala sobre temperamentos, é

Essas diferentes estruturas, que são próprias de cada pessoa e

Por outro lado, a personalidade é uma

Diante de ambas as definições, dizemos que o temperamento

Os temperamentos tornam-se o solo onde a personalidade é

Nesse ponto está a importância de identificar o seu

Por outro lado, a dimensão da umidade, que pode ser

A partir da combinação das características referentes à

fogo | quente e seco | colérico

Identiﬁcar o temperamento dos ﬁlhos

Dessa forma, não se deve, por exemplo, repetir sempre: “Meu

Compreender o temperamento do filho não é, de forma

Para a identificação dos temperamentos, seja o próprio ou

No caso da identificação dos filhos, é necessário sair de si

Claro, é necessário que o filho já tenha uma idade mínima,

1. A reação aos estímulos externos é rápida ou lenta?

2. As impressões causadas pelos acontecimentos

Por exemplo: há uma semana, você perdeu a paciência

REAÇÃO RÁPIDA REAÇÃO LENTA

Reação rápida + impressão duradoura = colérico

A mistura entre o quente, que representa expansividade, e

A compreensão aguçada é outra característica

Assim, se eles aprenderem desde cedo a distinguir

E, além de fazer com que os coléricos sejam grandes defensores de

Dessa forma, os coléricos tendem a possuir a virtude da

Por outro lado,

A educação dos ﬁlhos coléricos

Como são determinadas pelos desafios, ao apresentar

Filhos coléricos também

Por isso, seu dever como educador é ensinar ao colérico

As crianças coléricas podem chegar na adolescência

É sempre deixar o filho colérico ocupado. Seu temperamento

Para a correção de seus erros, os pais devem sempre buscar

Um outro exercício que poderá ajudar seu filho é oferecer

Os pais precisam assumir a autoridade

Por fim, os filhos coléricos costumam gostar de se sentir

Isso tudo é reflexo de uma busca profunda pela verdade,

Entretanto, um temperamento desordenado pode evidenciar

Como possuem a tendência de exigir o melhor dos seus filhos,

Assim, os pais coléricos precisam aprender ter mais paciência e

Assim, a principal característica de um sanguíneo é o

Com essa característica, as pessoas se tornam carinhosas e

Dessa maneira, os sanguíneos costumam

Entretanto, o desejo desenfreado por envolvimento como

Além disso, a efemeridade das impressões dos sanguíneos faz

Por isso, para desenvolver uma personalidade sólida, os

A educação dos ﬁlhos sanguíneos

O sanguíneo está centrado na expressão com a fala e a

Com essas crianças, toda bronca não parece funcionar, não