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7 Pilares

para 2023
COMO
CONSTRUIR O
MELHOR ANO DA
SUA VIDA
(EM QUALQUER
CIRCUNSTÂNCIA)

DR. ITALO MARSILI


INTRODUÇÃO........................................................................ 3
Quebrando o ciclo da aflição.........................................4
O seu mapa: os setes pilares do GW..............................6
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book.10
Seu primeiro exercício: um exame de consciência...... 11
Primeiro pilar: Formação da personalidade................................12
Segundo pilar: Força e saúde.......................................................14
Terceiro pilar: Negócios, dinheiro e sucesso..............................16
Quarto pilar: Família e filhos.......................................................18
Quinto pilar: Cultura....................................................................21
Sexto pilar: Relacionamento amoroso........................................23
Sétimo pilar: Espiritualidade.......................................................26
Encontrando o maior problema....................................................27
Conheça a Bússola GW...............................................................29
Dando início à sua jornada....................................................... 30
DESVENDANDO OS PILARES..............................................31
Formação da Personalidade:
Quem é a pessoa madura?........................................... 32
Exercício........................................................................................40
Força e saúde:
Você sabe o que deve estar em seu cardápio?.............. 41
Exercício........................................................................................48
Negócios, dinheiro e sucesso:
Fazendo dinheiro com o que você tem.......................... 49
Exercício........................................................................................59
Família e filhos:
Muito antes de um diagnóstico.................................... 60
Exercício........................................................................................72
Cultura:
Afinal, o que é cultura?................................................ 74
Exercício........................................................................................86
Relacionamento amoroso:
Como ir da solteirice ao amor verdadeiro..................... 87
Exercício........................................................................................97
Espiritualidade:
Uma oração que não pode parar.................................. 98
Exercício...................................................................................... 103
ELABORANDO SUA META.................................................. 104
Que o seu propósito seja, antes de tudo, realizável.....105
Prepare-se para cumprir sua meta..............................107
Não fuja:
Faça um exame de consciência todas as noites...........108
Um Feliz Ano Novo.....................................................109
Feliz 2023!....................................................................109
PRIMEIRA PARTE:

Introdução
Quebrando o ciclo da aflição

Quebrando o ciclo da
aflição
Na virada do ano, há celebração, alegria,
champagne, votos para que o ano novo nos
traga novas conquistas.
Mas essa celebração não chega sozinha.
Olhamos para nossos quilinhos a mais, para
a nossa conta bancária, para a os livros
comprados e não lidos, para os nossos
problemas de relacionamento, e a aflição
aparece como companhia indesejada.
Há muito o que fazer em prol de nosso próprio
crescimento e não sabemos nem por onde
começar.
Será que a solução é entrar em uma academia?
Será que é procurar um (ou vários) médicos?

5
Quebrando o ciclo da aflição

Será que é se matricular em um curso? Será


que é investir em ações?
Essas perguntas, que inevitavelmente surgem
em nossa cabeça, são vagas e só servem para
mostrar que estamos desorientados. Nesse
estado, não adianta propor uma meta para o
ano novo. Em um mês, teremos outra meta, e
depois outra, e mais outra, até que no fim do
ano fiquemos sem nenhuma meta realizada,
com a aflição que de novo nos visita.
Esse ciclo de aflições é fruto de uma só coisa:
você ainda não sabe o que fazer. Se tem uma
lista de metas, não sabe priorizá-las; se tem
só uma, não sabe como tirá-la do papel. O
ano novo é como uma floresta inexplorada de
possibilidades e você já está entrando nela
como quem se perdeu.
Você precisa de um mapa.

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O seu mapa: os setes pilares do GW

O seu mapa: os setes


pilares do GW
Temos, ainda que não formulada claramente,
a intenção de amadurecer um pouco todos
os dias. Ninguém quer deitar a cabeça no
travesseiro e dizer: “hoje agi pior que ontem.
Fui menos prestativo, menos amável, menos
generoso, menos disciplinado.” Porém, a
diversidade de coisas com a qual temos de
lidar todos os dias não ajuda. Ela faz com
que nosso amadurecimento pareça um
lençol de elástico: se arrumamos uma ponta,
desarrumamos o resto.
É por isso que precisamos escolher, com
sabedoria, uma hierarquia de coisas que
precisa ser arrumada. Essa hierarquia é algo
particular a cada um. Porém, as coisas que
precisam ser arrumadas são comuns a todos,
e elas constituem os setes pilares do GW, que
são:

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O seu mapa: os setes pilares do GW

• Formação da personalidade;
• Força e saúde;
• Negócios, dinheiro e sucesso;
• Família e Filhos;
• Cultura;
• Relacionamento amoroso;
• Espiritualidade.
Em Formação da personalidade estão os
tópicos gerais para o amadurecimento, tais
como a sua disposição ao serviço, seu amor ao
próximo, sua luta contra o egoísmo e sua busca
em dar sentido às suas ações e, por fim, à sua
vida.
Em Força e saúde estão os tópicos
relacionados ao fortalecimento e manutenção
de seu corpo. Sua nutrição, os suplementos
que você deve utilizar, os melhores exercícios e
como você deve cuidar de sua saúde. Ninguém
amadurece apenas com boas idéias, um corpo
saudável é fundamental para a sua maturidade.
8
O seu mapa: os setes pilares do GW

Em Família e filhos estão os tópicos


relacionados à vida em casal, e a como
transformar seu lar em um ambiente acolhedor.
O cuidado e a educação dos filhos também são
observados nesse pilar.
Em Relacionamento amoroso estão os
todos os tópicos relacionados à vida amorosa,
que vão desde a conquista de sua cara-metade
(se você estiver solteiro) até a melhora da
libido e da vida sexual (se você for casado).
Uma reflexão mais profunda acerca do que é o
amor também é vista neste pilar.
Em Espiritualidade estão os tópicos
relacionados à religião e à vida espiritual.
Jejum e esmola, oração, o oferecimento de
suas contrariedades a Deus com alegria são
assuntos vistos neste pilar.
Com as principais áreas de sua vida bem
mapeadas, você tem uma visão mais ampla do
que deve ser melhorado. Só isso, porém, não
basta. Se você quiser que 2023 seja o melhor
ano de sua vida. Você não deve ter só um

9
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

mapa, mas também um direcionamento: você


deve saber claramente qual é o caminho a ser
percorrido.
E é esse caminho que vamos traçar agora.

10
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Traçando caminhos:
como você deve usar
este e-book
Mais tarde, você poderá ler este e-book página
por página, despretensiosamente, como se
estivesse lendo qualquer outro livro. Agora,
porém, precisamos traçar um caminho que
você deve percorrer em 2023 e, para isso, é
necessário seguir as instruções e realizar os
exercícios que vamos propor.
O exercício a seguir diz respeito aos sete
pilares do GW – seu mapa –. Como já falamos,
as coisas a serem melhoradas são as mesmas
em todos nós; a ordem, porém, do que deve ser
priorizado muda de pessoa para pessoa.
Pegue um papel e uma caneta. É ideal que você
tenha papel e caneta em mãos durante a leitura
de todo este e-book.

11
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Faça uma lista de sete itens em duas colunas.


Cada item representa um pilar do GW. Ao lado
dos itens, na segunda coluna, você vai colocar
uma pontuação para cada pilar em sua vida
pessoal.
Você não vai colocar a pontuação de maneira
aleatória ou subjetiva. Isso em nada ajudaria
a organizar suas metas ou a ter clareza sobre
qual área da sua vida merece mais atenção. É
necessário agir de forma objetiva e precisa.
Desse modo, você colocará a pontuação de
acordo com o questionário apresentado a
seguir.

Seu primeiro
exercício: um exame de
consciência
O questionário é composto de trinta e cinco
perguntas, sendo cinco para cada pilar. Cada
pergunta tem três alternativas (“bom”, “pode
melhorar” e “ruim”). Cada resposta “bom”
12
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

soma dois pontos ao pilar; “pode melhorar”,


soma um ponto; “ruim” não soma ponto. No
fim de cada série de cinco perguntas, você
deve somar a pontuação correspondente ao
pilar e anotá-la na sua lista.

Primeiro pilar: Formação da


personalidade
1 - Como você avalia o seu controle emocional?
Você se entristece ou se enfurece para além do
que convém à situação?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
2 - Como você avalia sua ansiedade? É uma
ansiedade normal para certas ocasiões, que às
vezes é até boa de sentir, ou é algo que foge ao
controle e provoca sofrimento?
Bom; (+2)

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Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Pode melhorar; (+1)


Ruim. (+0)
3 - Como você avalia sua carência? Você
sente que precisa de afeto sempre? Você se
entristece, por exemplo, porque alguém lhe
deu um feedback de maneira mais direta? Ou,
pelo contrário, você sente que domina bem
sua carência e sua necessidade de afeto, sem
estendê-la inapropriadamente a todo mundo?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
4 - Como você avalia sua disposição para
servir o próximo? Você reclama, interna ou
externamente, quando alguém lhe pede algo?
Ou você serve com gratuidade e com um
sorriso no rosto?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)

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Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Ruim. (+0)
5 - Como você lida com as frustrações? Você
desiste logo na primeira frustração e se perde
em pensamentos de inferioridade ou, pelo
contrário, você encontra em cada derrota uma
oportunidade de aprendizado?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
Somando sua pontuação, que nota você dá a
esse pilar? __________

Segundo pilar: Força e saúde


1 - Você segue uma rotina regular e disciplinada
que inclui exercícios físicos, dieta, suplemento,
remédios (caso precise), sem se confundir?
Ou, por mais que faça alguns exercícios e evite
certos alimentos, tem uma rotina caótica?
Bom; (+2)

15
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Pode melhorar; (+1)


Ruim. (+0)
2 - Como está sua disposição? Você tem
energia para cumprir seus deveres?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
3 - Você faz seus exames de rotina com
disciplina? Você vai ao médico regularmente
para saber se está tudo em ordem, antes de
esperar sentir alguma dor?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
4 - Como está sua alimentação? Ela faz sentido
para você? Você pensa em uma alimentação
saudável e gostosa para a vida toda ou fica
pensando em dieta para emagrecer?

16
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
5 - Como está sua atividade física? Ela faz
sentido para você? Algum profissional o
acompanha? Ou você só paga a academia sem
nunca freqüentá-la?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
Somando sua pontuação, que nota você dá a
esse pilar? __________

Terceiro pilar: Negócios,


dinheiro e sucesso
1 - Como você é em seu trabalho? Você faz
mais que lhe pedem? Você se preocupa em
oferecer um sorriso, uma boa aparência? Ou

17
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

você faz só o que precisa fazer e, ainda por


cima, com a cara amarrada?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
2 - Você se considera uma pessoa realizada,
não só financeiramente, mas na própria
carreira? O seu trabalho lhe dá não só um
retorno financeiro, mas também a satisfação
de um dever cumprido?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
3 - Você consegue encontrar, em seu trabalho,
oportunidades para adquirir virtudes próprias
da vida madura?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)

18
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Ruim. (+0)
4 - Como está sua vida financeira?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
5 - Se empreender não fosse uma opção, mas
uma necessidade, você sente que estaria
preparado para encarar esse desafio?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
Somando sua pontuação, que nota você dá a
esse pilar? __________

Quarto pilar: Família e filhos


1 - Você sente que seu lar é um ambiente de
acolhimento e aconchego, ou sente que está

19
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

mais para um campo minado, pronto para


explodir a qualquer momento?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
2 - A relação com seu esposo ou esposa
é satisfatória? Você consegue, mais que
compreender, amar o outro com suas virtudes e
defeitos?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
3 - Como é a relação de seu núcleo familiar
com outros membros da família? Vocês
conseguem conviver bem com seus parentes
sem, no entanto, se deixar levar por qualquer
comentário ou conselho inapropriado?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
20
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Ruim. (+0)
4 - Sua relação com seus filhos é equilibrada?
Ou você sente que varia entre dois extremos: o
desleixo e o controle?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
5 - Você está seguro quanto à educação de
seus filhos? Seja a educação escolar, seja a
educação moral, da personalidade?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
Somando sua pontuação, que nota você dá a
esse pilar? __________

21
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Quinto pilar: Cultura


1 - Você sente que o seu gosto musical, que
seus filmes prediletos, que seus livros de
cabeceira ajudam no seu amadurecimento?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
2 - Sua fruição de bons filmes, de obras
consideradas clássicas é boa? Ou você
costuma não entender nada do que vê e lê?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
3 - Quando você está diante de uma grande
obra, você consegue estabelecer de primeira
uma relação entre ela e você, suas dores e suas
circunstâncias?
Bom; (+2)

22
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Pode melhorar; (+1)


Ruim. (+0)
4 - Você é uma pessoa observadora? Como
está sua atenção?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
5 - Você é uma pessoa de imaginação rica?
Sua imaginação favorece o entendimento
das emoções e motivações alheias? Ou sua
imaginação só serve para deixar você cheio de
paranoias?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
Somando sua pontuação, que nota você dá a
esse pilar? __________

23
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Sexto pilar: Relacionamento


amoroso
1 - Seja solteiro, seja em um relacionamento, o
quão feliz você está nesse lugar?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
2 - Seus relacionamentos são estáveis? Ou
eles estão condicionados aos caprichos da
paixão?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
3 - Como é sua conversa? Você consegue
conversar com as pessoas de modo adequado,
com assuntos que envolvam, sem afastar
ninguém por ser sério demais ou debochado
demais?

24
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
4 - Como é seu olhar? Você enxerga a outra
pessoa como uma alma imortal ou como objeto
de sua satisfação? Você se protege contra
vícios que viciam seu olhar e acabam com sua
capacidade de amar, como a pornografia?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
5 - Como é sua libido e sua vitalidade?
Consegue ter boas relações sexuais com
seu cônjuge, se você for casado? Se você
estiver solteiro, tem ânimo para sair, conhecer
pessoas novas? Ou prefere ficar em casa sem
fazer nada?
Bom; (+2)
25
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Pode melhorar; (+1)


Ruim. (+0)
Somando sua pontuação, que nota você dá a
esse pilar? __________

26
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Sétimo pilar: Espiritualidade


1 - Como está a sua freqüência na missa ou no
culto? Você tem ido ao templo de sua religião?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
2 - Você tem rezado e meditado todos os dias?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
3 - À noite, antes de dormir, você costuma fazer
um breve exame de consciência investigando
quais foram as faltas do dia?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)

27
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

4 - A freqüência com a qual você jejua, ora e dá


esmola é mais que satisfatória?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
5 - Você cumpre os deveres de sua religião com
alegria, sem reclamação, ou se incomoda de
fazer sempre as mesmas coisas?
Bom; (+2)
Pode melhorar; (+1)
Ruim. (+0)
Somando sua pontuação, que nota você dá a
esse pilar? __________

Encontrando o maior problema


Compare as notas que você deu a cada pilar.
As notas que importam são as três menores.

28
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

O pilar que recebeu a menor nota é o pilar mais


crítico. Você vai ler o capítulo correspondente
a ele neste e-book, fazer o exercício desse
capítulo, e a sua meta de ano novo, elaborada
no final deste e-book, vai dizer respeito a ele.
Também vai dar uma atenção especial aos
Cadernos de Ativação e às aulas desse pilar no
seu Portal GW.
O pilar que recebeu a segunda menor nota é
parcialmente crítico. Você vai ler o capítulo
correspondente a ele neste e-book e fazer o
exercício desse capítulo. Esse pilar também
receberá uma atenção especial em seu
caminho dentro do GW.
O pilar que recebeu a terceira menor nota
merece atenção. Basta, porém, que você leia
atentamente o capítulo correspondente a ele
neste e-book.
Se houver empate de pilares críticos, você
vai decidir qual merece a atenção de um pilar
crítico.

29
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Conheça a Bússola GW
No aplicativo GW existe uma ferramenta para
melhor orientá-lo dentro dos Pilares GW.
Chama-se “Bússula GW”, você pode encontrá-
la em “Ferramentas” no canto inferior esquerdo
de seu aplicativo.
Para utilizá-la, basta dar a cada pilar uma nota
de 1 a 10. Essa nota você já obteve fazendo o
seu primeiro exercício do e-book.
Depois de colocar as notas, o algoritmo
do aplicativo vai selecionar para você o
material que melhor se aplica ao seu caso
específico. São quase duzentos Cadernos de
Ativação, isso sem contar os materiais extras
disponibilizados ao longo dos anos. Em vista
disso, a Bússola GW é de grande utilidade.

30
Traçando caminhos: como você deve usar este e-book

Dando início à sua


jornada
Agora você já sabe quais pilares priorizar,
vá direto a eles na parte que se segue. Use o
índice, no início do seu e-book, para encontrá-
los com mais facilidade.

31
SEGUNDA PARTE:

Desvendando
os pilares
Formação da Personalidade: Quem é a pessoa madura?

Formação da
Personalidade: Quem
é a pessoa madura?
A pessoa madura é alguém que
necessariamente vive em primeira pessoa, faz-
se autor da sua história e assume, de forma
responsável, a própria existência.
Existe uma frase de Sigmund Freud que diz o
seguinte: “O ego não é o amo em sua própria
casa”. Ele e muitos autores da psicologia
concebem a pessoa humana não como um ser
livre e capaz de assumir o protagonismo da sua
própria vida, mas como um ser determinado
por alguém ou por algo.
O ego não é o senhor em sua própria casa
porque não pode se posicionar livremente.
Não existe a concepção de um ser livre e
responsável.

33
Formação da Personalidade: Quem é a pessoa madura?

Muito mais interessante parece a frase


de Boécio: “A pessoa é uma substância
individual de natureza racional”. Quando usa
a expressão “substância individual”, ele não
está nos convidando a um olhar subjetivista
e individualista da pessoa humana, e sim nos
mostrando que existe em nós algo individual
que pode falar em primeira pessoa e fazer a
fantástica experiência da liberdade.
Nós precisamos ter muito claro que, embora
existam realidades que nos determinem, nós
podemos — e devemos — nos posicionar,
tomando atitudes libertadoras.
Na psicologia contemporânea a gente encontra
um desserviço prestado por muitos autores
e linhas que enxergam a pessoa humana
como um ser determinado. Para simplificar,
podemos conceber três tipos de determinismos
dentro da psicologia: genético, psíquico
e ambiental. Em cada um deles, alguém é
culpado: no primeiro momento, são os avós
e toda a nossa linhagem; depois, os culpados
são os pais, porque a nossa vida psíquica
34
Formação da Personalidade: Quem é a pessoa madura?

foi profundamente marcada pela presença


deles; por último, a culpa dos fracassos recai
sobre os chefes, presidentes da república,
governadores etc.
O interessante é que, nessas três visões,
a pessoa humana não pode ser vista como
protagonista, cabendo a ela, tão somente,
encontrar os culpados. Isso inevitavelmente
desemboca em um sentimento terrível de
vitimismo e apequenamento. Experimentamos
uma sensação de desespero, como se nada
pudesse ser feito.
É fato que não somos livres das circunstâncias
de haver nascido no país em que nascemos,
de falar a língua que falamos, de ser filhos
dos pais que temos, e assim por diante. Mas,
a todo momento, somos livres para alguma
coisa. Somos livres para nos posicionarmos e
não cairmos no desespero que brota da noção
de uma vida inautêntica. É o desespero que
Bronnie Ware, enfermeira que acompanhou
muitos pacientes terminais, escreveu como
sendo a principal queixa das almas diante
35
Formação da Personalidade: Quem é a pessoa madura?

da morte: não ter vivido em primeira pessoa.


Os pacientes diziam: “Eu gostaria de ter
sido eu mesmo, gostaria de ter assumido o
protagonismo da minha vida. Eu permiti que
outros vivessem em meu lugar”.
Esses “outros” são determinismos genéticos,
psíquicos e ambientais. É como se a pessoa
não tivesse, de fato, assumido a própria vida.
O preço disso é o preço de terceirizar tudo.
Precisamos entender que a todo momento nós
podemos e devemos nos posicionar.
Em uma das obras de Viktor Frankl, que foi
um prisioneiro dos campos de concentração,
existe o seguinte relato: “Nesses lugares, os
prisioneiros eram como que retirados do seu
estado de liberdade”. Para quem olhasse de
fora, a vida não estava nas mãos deles porque
não decidiam absolutamente nada acerca de
si mesmos: os horários de acordar e de comer,
os locais aonde ir, as pessoas com quem
se relacionar e os trabalhos que desejavam
executar. Eram escravos, prisioneiros. A todo
momento existia alguém decidindo as coisas
36
Formação da Personalidade: Quem é a pessoa madura?

por eles, determinando aquilo que deveriam


viver.
Ele falava que “tudo era retirado dos
prisioneiros: família, pátria, pertences,
trabalhos, nomes; aqueles que entravam sendo
alguém, rapidamente se tornavam números”.
Não se sabia quem era advogado, médico ou
uma pessoa benquista na sociedade vienense.
Tiraram de Viktor Frankl os pêlos do corpo, os
escritos, os livros e a cátedra na universidade,
mas ele disse que se havia algo que não pôde
ser levado era a liberdade:
“Podem tirar muita coisa, mas não podem tirar
de nós a liberdade. A liberdade é o que nos
faculta a tomar atitudes e aponta para o dever,
deixando muito claro que a todo momento
podemos nos posicionar. Eles podem decidir o
horário que vou acordar, mas não de qual modo
interior o farei; eles podem decidir o nosso
destino ambiental, mas não o modo que vamos
viver isso tudo; eles podem até mesmo nos levar
para uma câmara de gás, mas não podem decidir

37
Formação da Personalidade: Quem é a pessoa madura?

como iremos morrer; não podem tirar de mim


a liberdade de, ao entrar numa fila para a morte,
levantar os meus olhos para o céu e botar nos
lábios uma prece. Isso eles não podem tirar”.
A liberdade humana é a liberdade de se
posicionar e decidir a cada momento aquilo
que desejamos ser, independentemente das
circunstâncias — por mais terríveis que
sejam. Claro que aqui estamos falando de uma
situação-limite; todavia, por muito menos,
acabamos sucumbindo. Em seguida, nos
vitimizamos e caímos nos determinismos.
Precisamos fazer a experiência de assumir
a nossa vida. Isso é maturidade. Existe uma
frase do renomado terapeuta norte-americado
Gordon Allport em que diz o seguinte: “Uma
personalidade saudável e madura é aquela que
ativamente domina o seu ambiente sem fazer
excessivas exigências com relação aos outros”.
Quase toda a sua obra sobre a personalidade
poderia se resumir a isso.

38
Formação da Personalidade: Quem é a pessoa madura?

Uma pessoa madura é aquela que sabe o seu


lugar e que domina aquilo que está em seu
campo de ação. Ela sabe se posicionar e, em
última instância, ninguém pode decidir por ela
de maneira terceirizada.
Na psicologia, brincamos ao chamar de
síndrome da Gabriela a vivência de um
fatalismo neurótico, conforme nos indica a
letra da música: “Eu nasci assim, eu cresci
assim, vou ser sempre assim”. É a síndrome de
alguém que não quer experimentar a liberdade
e assumir o protagonismo da vida.
A personalidade saudável domina o ambiente.
Ela é quem assume o protagonismo da própria
história, vivendo corajosamente.
Uma das primeiras coisas que deveríamos
aprender na vida é governar a si mesmo. Existe
uma frase que diz: “Governar-se a si mesmo
deveria ser a segunda coisa que todos precisam
aprender depois de andar”.
Diferentemente do que diz Freud, precisamos
nos governar, sabendo que a vida nos foi
39
Formação da Personalidade: Quem é a pessoa madura?

confiada e que somos senhores dessa história


— com liberdade e responsabilidade.
A atividade que proponho é que devemos parar
de procurar culpados. Somos muito rápidos
nisso. Precisamos aprender a falar “eu” de
forma instalada na realidade.
Portanto, usemos muito mais o “ser” do que o
“ter”. Quando a gente quer entrar pelo caminho
da irresponsabilidade, imaturidade e falta de
liberdade, assumimos sempre um discurso
voltado para o ter: “se eu tivesse uma esposa
mais carinhosa”; “se eu tivesse nascido numa
família mais estruturada”; “se eu tivesse tempo e
dinheiro” etc. O problema está sempre fora.
Nós precisamos usar menos o “ter” e mais o
“ser”. Ou seja, eu posso ser mais carinhoso
e atento; eu serei mais dedicado e constante;
eu posso ser mais amável; eu posso me
comprometer com isso ou aquilo; eu posso sair
mais cedo de casa para não culpar o mundo e o
trânsito. Muitas coisas me cabem.

40
Formação da Personalidade: Quem é a pessoa madura?

Aos poucos, vamos nos colocando na cena da


vida. Aos poucos, vamos nos tornando pessoas
maduras.

Exercício
Escolha três coisas em seu dia a dia que são
fontes habituais de reclamação. Anote-as em
um papel.
Agora, para cada coisa, procure sua
responsabilidade. Por exemplo: se para você
acordar cedo é uma fonte de reclamação. Qual
sua responsabilidade? Você está dormindo em
um bom horário? Seu ambiente é agradável
para dormir? Você faz uma boa higiene do
sono?
De posse de sua responsabilidade, anote
possíveis resoluções para cada problema.

41
Força e saúde: Você sabe o que deve estar em seu cardápio?

Força e saúde:
Você sabe o que
deve estar em seu
cardápio?
Aqui você vai começar a entender sobre
nutrição. Cada alimento que a gente come
manda sinais para o nosso corpo, seja para
produzir mais insulina, seja para síntese
proteica, estocagem de gordura etc. Para
começarmos a entender esses processos,
precisamos entender o que são macro e
micronutrientes.
Micronutrientes são as vitaminas e os
minerais. Esse nome se deve ao fato de
precisarmos deles em pequenas quantidades,
muitas vezes miligramas ou até mesmo
microgramas. Já os macronutrientes, dos
quais precisamos em grandes quantidades,

42
Força e saúde: Você sabe o que deve estar em seu cardápio?

correspondem aos carboidratos, lipídios e às


proteínas.
Precisamos, aqui, desfazer um mito: o de que
tomar suplementos vitamínicos engorda. As
vitaminas não fornecem calorias e, portanto,
não engordam. Existem dois tipos de vitaminas:
as hidrossolúveis (vitaminas do complexo B
e vitamina C) e as lipossolúveis (vitaminas
A, D, E e K). Os minerais, por sua vez, são o
ferro, magnésio, zinco, cobre e cromo. Deles
precisamos em pequenas quantidades, assim
como as vitaminas.
Não é nenhuma novidade que temos
necessidades de consumir vitaminas e
minerais, já que o nosso corpo não os
produz. Por mais que ouvimos isso desde
criança, provavelmente você não consome
as quantidades suficientes. Hoje em dia,
a maior parte da população encontra-se
43
Força e saúde: Você sabe o que deve estar em seu cardápio?

desnutrida nesse sentido. E “estar desnutrido”


não significa apenas magreza; tem muita
gente com sobrepeso e, ainda assim, com
desnutrição.
Outro conceito precisamos compreender, o
de “fome oculta”, que se refere ao fato de que
muitas pessoas com massa corporal excessiva
ou até mesmo relativamente saudável podem
esconder quadros de desnutrição de vitaminas
e minerais, fazendo com que diversas funções
do organismo estejam debilitadas, o que gera
prejuízos na digestão e absorção de nutrientes,
falta de energia, dores de cabeça.
As fontes de micronutrientes são os vegetais,
frutas, sementes, castanhas, carnes, ovos e
laticínios. Se você é uma daquelas pessoas
que não gostam, por exemplo, de verduras,
existem várias outras maneiras de consumir os
micronutrientes. Se não gostar de alguns dos
alimentos listados, coma sem gostar mesmo.
Isso será proveitoso para sua maturidade, pois
você estará fazendo algo de que não gosta em
vista de um bem a ser conquistado.
44
Força e saúde: Você sabe o que deve estar em seu cardápio?

Quanto aos macronutrientes, precisamos,


primeiro, entender as proteínas. É fácil as
pessoas comerem carboidratos e gorduras
em excesso, mas as proteínas geralmente
não são consumidas em quantidades
suficientes, especialmente pelas mulheres.
Todos precisamos das proteínas no
sistema imunológico, sistema hormonal, na
estruturação de membranas etc.
As proteínas são absorvidas pelo corpo na
forma de aminoácidos. Nós precisamos deles o
dia inteiro e, justamente por isso, não adianta
consumirmos esse macronutriente em apenas
uma das refeições. É típico que tenhamos cafés
da manhã com zero proteína. Então, a primeira
coisa a fazer é incluí-la já nas primeiras horas
do dia.
As melhores fontes de proteína tratando-
se de biodisponibilidade e digestibilidade
são as de origem animal: carnes bovinas,
carnes suínas, aves, ovos, peixes, queijos,
iogurtes e leites. Mas, se você não come nada
disso, os aminoácidos essenciais podem
45
Força e saúde: Você sabe o que deve estar em seu cardápio?

ser encontrados também nos vegetais:


leguminosas, cereais integrais, soja etc.
Os carboidratos são absorvidos em nosso
corpo como glicose, que é a fonte de energia
favorita para o cérebro e a de mais fácil
aproveitamento pela musculatura. De tudo que
consumimos de carboidratos, uma parte fica
armazenada no fígado (glicogênio hepático),
outra circula na corrente sangüínea (glicemia),
uma terceira fração é estocada nos músculos
(glicogênio muscular) e o que sobrar disso
tudo pode ser transformado em gordura.
Portanto, esqueça a idéia de que comer
carboidratos faz engordar imediatamente. O
ganho de peso se dá pelo excesso de calorias,
sejam elas quais forem.
As melhores fontes de carboidratos são raízes
e tubérculos, batatas, inhame, mandioca,
cará, frutas, cereais integrais, leguminosas
e vegetais. O grande problema é consumir
carboidratos de farinhas brancas, açúcares,
bolos, biscoitos e outras fontes que devemos
evitar. Nos carboidratos vegetais, por
46
Força e saúde: Você sabe o que deve estar em seu cardápio?

exemplo, a gente vai encontrar fibras solúveis


e insolúveis, que são fundamentais para o
funcionamento intestinal.
As gorduras, quando comparadas às
proteínas e aos carboidratos, fornecem mais
energia (9 contra 4 calorias por gramas,
respectivamente). Além disso, elas são
indispensáveis para o corpo nas funções
hormonais, no transporte de vitaminas
lipossolúveis, no sistema imunológico, na
estruturação das membranas celulares e no
fornecimento de ômega-3 e ômega-6.
Existem gorduras dos tipos saturadas,
monoinsaturadas e poli-insaturadas.
Desde que controlando as quantidades,
não precisamos temer nenhuma delas, já
que o corpo utiliza as três. As melhores
fontes de gorduras são o azeite de oliva,
abacate, castanhas, sementes e as gorduras
naturalmente presentes em carnes, ovos,
peixes e laticínios. O que devemos evitar são
as gorduras hidrogenadas de frituras e óleos
vegetais refinados.
47
Força e saúde: Você sabe o que deve estar em seu cardápio?

Nosso corpo precisa de todos esses nutrientes


que comentei. Ele funciona com sinergia e
equilíbrio: as gorduras, por exemplo, ajudam
na absorção de vitaminas lipossolúveis; os
minerais auxiliam a síntese proteica — tudo
está interligado. Não precisamos ficar com
medo de comer nenhum dos nutrientes.
Trazendo um exemplo de cardápio básico, para
que possam visualizar como seria colocar
tudo isso na prática: 1) café da manhã com
proteínas; 2) almoço e jantar com vegetais,
proteínas e carboidratos; e 3) lanches
com frutas e castanhas, as quais podem
ser acompanhadas de iogurtes e queijos.
Esse cardápio é simples e fornece todos os
nutrientes de que precisamos. Lembrem-se de
que os pratos precisam ser coloridos.
Além do mais, existem diversas estratégias
avançadas e dietas específicas, dependendo de
objetivos ou necessidades específicas, como
por exemplo: dietas low carb e high carb, dietas
cetogênicas etc. Para começarmos a ajustar
a sua alimentação, de modo a evitar a falta de
48
Força e saúde: Você sabe o que deve estar em seu cardápio?

vitaminas e minerais, comecemos de maneira


básica, com cardápios muito coloridos.
Com o exemplo que comentei antes,
conseguimos uma alimentação nutritiva,
variada e de muita qualidade. Assim, já
conseguimos mandar os sinais corretos de
saúde, síntese proteica e bom funcionamento
para o corpo.

Exercício
Antes de começarmos uma reeducação
alimentar, precisamos fazer o básico. Portanto,
faça uma anotação do que você costuma comer
nas três refeições. Café da manhã, almoço e
jantar.
Você sente que seu corpo funciona bem com o
que você costuma comer?
O que você pode começar a mudar em sua
rotina alimentar? Adicionar uma proteína no
café da manhã? Comer frutas no lanche da
tarde?
49
Negócios, dinheiro e sucesso: Fazendo dinheiro com o que você tem

Isso não é tudo, mas é um bom começo.

Negócios, dinheiro
e sucesso: Fazendo
dinheiro com o que
você tem
Uma das coisas que afugentam as pessoas
do mundo dos negócios e fazem com que você
tenha medo do business é que existe um jeito
de fazer produtos e negócios. Todo negócio
precisa ter um produto. Com isso em mente,
você pensa assim: “Poxa, eu preciso ter uma
visão antecipada, inicial do produto acabado. E
essa visão tem de ser entusiasmante, apelativa. E
se eu fizer isso, as pessoas vão comprar”. Existe
o pensamento de que produtos se fazem desse
jeito. Seria exigir que todos nós fôssemos uma
espécie de Steve Jobs.

50
Negócios, dinheiro e sucesso: Fazendo dinheiro com o que você tem

No lançamento do iPhone, que foi uma


revolução na indústria como um todo, ele fez
uma comparação de como eram os telefones,
os smartphones e agora como é o iPhone. Ele
teve uma visão maravilhosa do produto, assim
como teve a visão do iPod, do iMac. Você,
vendo isso, começa a pensar: “parece que é
assim que se faz negócios. Se eu não tiver isso,
ferrou.”
Se você for o Steve Jobs, ótimo, mas você vai
precisar encontrar alguém para te financiar,
porque esse jeito de fazer negócio é muito
caro e implica um risco tremendo. Esse talvez
seja outro motivo pelo qual você se afasta
de negócios. “Esse negócio é caro, eu preciso
investir dinheiro. Eu vou investir um dinheiro
que eu não tenho.” E as pessoas arriscam.
Você vê o pessoal desesperado porque pegou
10 mil emprestados da mãe para construir um

51
Negócios, dinheiro e sucesso: Fazendo dinheiro com o que você tem

negócio e não dá conta, e fica devendo. Quando


não muito mais.
Olhamos para esse cenário e pensamos: “Eu
jamais vou arriscar isso. Negócio não é para
mim”. Só que, o que você deveria pensar é,
“esse modelo de negócio não é para mim”.
Existem outros modelos de negócio que
são viáveis para seu caso. É o seguinte:
vamos supor que você queira fazer um prato
maravilhoso de comida. Você procura uma
receita, a melhor receita, os ingredientes. Você
vai ao mercado, compra os ingredientes, chega
em casa, aprende as técnicas e faz a comida.
Esse é o primeiro jeito, é o jeito Steve Jobs de
fazer negócio.
Porém, o jeito de negócio que vai funcionar
para você é outro, tente pensar o seguinte:
abrir a geladeira, ver o que tem dentro e pensar
o que pode fazer com aqueles ingredientes.
Esse é o jeito que nós fazemos negócio, por
incrível que pareça. Não é que os negócios
e produtos não precisem ter uma visão
grandiosa ou apelativa, só que uma coisa é ter
52
Negócios, dinheiro e sucesso: Fazendo dinheiro com o que você tem

isso de saída, que é mais arriscado, que pode


te custar mais dinheiro, você precisa ser meio
que um gênio. Por outro lado, você pode abrir a
geladeira, olhar as suas ferramentas, ver o que
você tem e fazer um prato que você serve com
custo baixo, rapidamente, e você vê o que vai
dar.
Ao longo do caminho, você vai improvisando,
e essa visão grandiosa vai surgindo. Foi
exatamente assim que o Guerrilha Way foi
construído. Se hoje nós temos o GW com uma
série de professores, vídeo em 10k – não é nem
mais 4k – três câmeras, um monte de temas,
aplicativo, tecnologia embarcada com um baita
investimento, é porque essa visão foi surgindo
ao longo do caminho. Mas essa visão que foi
surgindo dependeu de um primeiro movimento
em que nós abrimos a geladeira e fizemos o
prato com o que havia ali, que eram as lives do
Dr. Italo Marsili.
Em 2018 o Dr. Italo fez um ano de lives, todos
os dias, ninguém na história deste país
tinha feito isso. Nós já estávamos com algo
53
Negócios, dinheiro e sucesso: Fazendo dinheiro com o que você tem

na geladeira. Por outro lado, começamos a


pesquisar que tipos de produto poderíamos
oferecer.
O que aconteceu foi o seguinte, lá por outubro
de 2018, decidimos lançar uma aula ao vivo e
vendê-la por R$ 29,00. Fizemos isso porque era
o que dava. O Dr. Italo atendia o dia inteiro e
dizia: “Cara, eu não consigo gravar um curso,
mas eu posso dar uma aula”. É interessante,
porque muita gente que trabalha no digital
faz aulas de graça, então pensamos: “vamos
cobrar por essa aula, ninguém está cobrando,
é um negócio meio inovador, vamos testar”.
Vendemos 14 mil unidades de uma aula de R$
29,00, isso dá R$ 406.000,00. Então, olhamos
para aquilo e falamos: “Espera aí! Temos alguma
coisa aí. Temos um produto barato. Nós temos
volume e, por ter um ticket baixo com um
produto de um valor muito interessante, nós
conseguimos montar uma empresa”.
Agora, a nossa idéia era saber qual produto
fazer para aproveitar esse movimento das
lives, da audiência e usando essa descoberta
54
Negócios, dinheiro e sucesso: Fazendo dinheiro com o que você tem

dos R$ 29,00. Juntando uma coisa com outra e


vendo modelos de entrega de produtos, surgiu
o GW. A idéia original do GW era, uma vez
por semana, você receber um PDF, que vamos
chamar de Caderno de Ativação, para você pôr
em prática aquilo que o Dr. Italo ensinou nas
lives diárias. Mais uma aula por mês, apenas
isso.
Nós usamos esse modelo de fazer o que
der para fazer, com o que temos na mão.
Uma coisa você deve anotar: quais recursos
você tem na mão? O que você sabe? Qual
a sua educação? Você sabe de terapia,
computação, matemática, marketing digital,
empreendedorismo?
Se, na anotação, surgir um asterisco, uma
idéia, você já anota, é um plano de ação.
Quais são as suas habilidades? Por exemplo,
você é uma pessoa comunicativa, que sabe
falar, conversar? Você é uma pessoa que faz
contas rapidamente? Alguma habilidade
assim? Você é uma pessoa madura, que

55
Negócios, dinheiro e sucesso: Fazendo dinheiro com o que você tem

enfrenta os problemas de forma muito


tranqüila e sabe lidar com os conflitos?
Podemos chamar de “habilidade emocional”.
Liste as habilidades que você tem, vamos fazer
um levantamento do que você tem na mão.
Quem você conhece que pode ajudá-lo nessa
empreitada, complementando com alguma
coisa? No caso do Guerrilha Way, temos
o Dr. Italo, um homem que queria ensinar
alguma coisa, mas pode ser o contrário. Talvez
seja você que queira ensinar algo, que tem
várias habilidades, mas não tem ninguém
para organizar o negócio para você, a parte
financeira, de marketing. Você não sabe, mas
o Fulano sabe. Então liste o seu networking,
quem você conhece?
Com base nessa reflexão, você já pode
começar a explorar na sua casa, no seu
caderno ou conversando com algum contato.
Comece a explorar algumas possibilidades
de negócio. Por exemplo, hoje sabemos
que a oportunidade dentro da internet é
gigantesca. Na área de treinamentos e cursos,
56
Negócios, dinheiro e sucesso: Fazendo dinheiro com o que você tem

é extremamente fácil entrar nesse mercado


digital de infoprodutos, por exemplo. Você pode
pensar em um serviço que você possa oferecer.
O livro The millionaire next door (“O milionário
mora ao lado”) traz, além de outras, a história
de um empreendedor australiano. Ele criou
uma franquia global de pessoas que passeiam
com cachorros, porque ele via os vizinhos
se ferrando para passear com o cachorro e
pensou “eu posso passear com ele e o cara
economiza tempo”. Ele começou a passear com
o cachorro, contratou um, depois outro, e se
tornou uma franquia global com 2.700 pessoas
cadastradas.
O importante é você criar alguma coisa, e você
não deve julgar se o que você está fazendo
é genial ou banal. A maioria dos negócios
milionários é banal; esse negócio de passear
com cachorro é banal. Não tem nada de genial
nisso. Absolutamente nada.
Curso de inglês, o que tem de genial em curso
de inglês? Se você é professor de inglês e pode

57
Negócios, dinheiro e sucesso: Fazendo dinheiro com o que você tem

dar um curso, uma aula de inglês on-line, você


vai ganhar dinheiro com isso. Pode ser que
você não seja o top um, ou dois, ou dez. Mas
você vai ganhar, pois é um nicho validado, todo
mundo quer aprender inglês, mas não é nada
genial. Não é genial, mas é o que você pode
fazer.
Uma vez que você entrou em ação, que
descobriu algo que possa fazer, você deve ter
certa postura do erro. Você começará a querer
que os erros aconteçam com você. Vamos
usar um exemplo muito simples. Vamos supor
que você vai postar uma arte no seu feed do
Instagram. Você elaborou uma arte, um baita
conteúdo, uma média de 500 curtidas por post.
“Esse aqui vai ter 2 mil curtidas.” Aí dá aquele
ruim, o povo dá 100 curtidas. Diante de tal
fato existem duas opções, você pode encarar
e reagir assim: “Ah, eu não sirvo para nada, eu
não presto, eu sou uma bosta, eu vou parar”.
Como um infantil, um imaturo. Ou você pode
olhar como uma notícia acerca da realidade, do
seu público, daquilo que está sendo entregue,

58
Negócios, dinheiro e sucesso: Fazendo dinheiro com o que você tem

do valor daquilo que está sendo entregue.


“Para mim isso vale, mas deixe eu entender se eu
fiz de um jeito que deu para entender exatamente
o valor disso.” Pode ser que você não tenha se
comunicado direito. Você pode analisar o fato
e ver como fato, fora de si mesmo. Foi um erro,
mas você usa o erro para testar uma hipótese.
Utilize os erros para aperfeiçoar e aprender
com o negócio, só isso já valeu a pena ter
entrado no negócio, a começar a fazer o seu
projeto.
Muito bem. Isso aqui vai ter uma vantagem
adicional, que é o seguinte: você vai
dimensionar muito facilmente o seu limite de
perdas. Esse método é muito barato. As suas
perdas vão ser muito controladas. Você não
está investindo muito dinheiro em uma grande
visão. Geralmente, o que você tem já é barato,
já é comida da geladeira. E mesmo que dê
errado, vai controlar as suas perdas.
Agora uma dica de parceria: você deve
escolher o parceiro que está all-in com você
nessa. Não escolha o cara que está mais ou
59
Negócios, dinheiro e sucesso: Fazendo dinheiro com o que você tem

menos, que já tem outro empreendimento.


Emocional e mentalmente ele precisa estar
inteiro com você.

Exercício
Faça uma lista das seguintes coisas:
1 - O que você com certeza sabe? Quando as
pessoas vão pedir a sua ajuda para algo, elas
pensam no quê?
2 - Quais são as habilidades que você tem?
3 - O que você já tem agora? Você tem uma vida
estável? Qual é seu salário?
4 - Quais são as pessoas que você conhece
com algum conhecimento ou habilidade
especial que você não tem? Para quem você
pediria ajuda ou conselho?
Fazendo essa lista, com certeza aparecerão
idéias em sua cabeça, idéias que vão desde
montar um empreendimento até adquirir um

60
Família e filhos: Muito antes de um diagnóstico

conhecimento ou habilidade nova. Não faça


nada ainda, mas anote todas as suas idéias.

Família e filhos:
Muito antes de um
diagnóstico
Sabe quando estamos com dor de cabeça e
consultamos um médico? Vamos supor que, ao
chegar lá, ele afere a sua pressão e percebe
que está alta. A primeira coisa que ele faz,
dependendo do valor da pressão, é tentar
mudar os seus hábitos de vida. Ele pergunta
se o paciente – você – está fazendo atividade
física, se está comendo pouco ou demais,
se anda muito estressado. Ao contar sua
história, o médico às vezes percebe que você
tem todos esses maus hábitos que acabam
levando a um aumento da pressão arterial. Às
vezes, isso não é a doença. É possível tratar os

61
Família e filhos: Muito antes de um diagnóstico

comportamentos do paciente e resolver algo


que ainda não é a doença.
Hoje é muito comum as mães, às vezes
professoras, psicólogas e algumas pessoas
que estão em volta da criança, observarem
alguns sintomas — porque há muitas
informações sobre isso — de déficit de atenção
e hiperatividade. Essa doença realmente
existe.
No entanto, há alguns sintomas que podem
simular o déficit de atenção e hiperatividade. A
criança, de fato, pode não ter a doença, apenas
ter os comportamentos que confundem um
diagnóstico. Resolver dar um remédio para o
déficit de atenção e hiperatividade — o famoso
TDAH — pode ser que não seja a melhor
estratégia; muitas vezes é melhor tentar mudar
os hábitos, como incluir uma atividade física,
se alimentar melhor, ter uma vida menos
estressante.
Gostaria de falar algumas coisas que podemos
fazer como pais para diminuir ou até mesmo

62
Família e filhos: Muito antes de um diagnóstico

zerar esses sintomas, deixando mais claro se


a criança tem ou não TDAH. Uma das coisas
que podem atrapalhar e simular os sintomas
de TDAH é a falta de rotina, especialmente em
relação ao sono. É muito comum as crianças
não dormirem bem a quantidade de horas
necessárias durante o dia e a noite, porque
as sonecas não contam como quantidades de
horas totais de sono.
A criança precisa ter as horas totais de
sono à noite, mas as sonecas também são
importantes no desenvolvimento dela,
principalmente até os 6 anos. O que acontece
hoje é que as crianças dormem muito mal,
quando deveriam dormir por volta das 19h/20h,
para que tenham um tempo de sono ideal de
umas 10, 11, 12 horas de sono, pois, se ela
precisa acordar para a escola às 6h da manhã,
precisa estar dormindo por volta de 19h/20h.
Isso não é um exagero.
Quando as crianças vão dormir já é muito
tarde, conseqüentemente acabam não
dormindo bem, fazendo com que acordem
63
Família e filhos: Muito antes de um diagnóstico

inúmeras vezes durante a noite, e não


conseguem ter o sono reparador, porque,
quando elas aprofundam o sono, logo o
superficializam, que é o normal do ciclo do
sono, mas na hora que essa criança tem o sono
superficializado ela acorda e não consegue
voltar a dormir de novo para refazer esse ciclo,
porque não sabe voltar a dormir e precisa de
ajuda, seja dos pais, da mamadeira, de uma
chupeta.
Essa realidade atrapalha o sono, e a criança
não tem um sono reparador. É muito comum
que as crianças durmam na cama dos pais,
não tenham o próprio local para dormir. Muitos
pediatras afirmam que, se a criança não está
dormindo durante o dia, ela vai compensar
durante a noite. Para criança pequena isso
não é verdade, ela precisa ter sono durante
a noite, como também precisa das sonecas
reparadoras.
Observemos os nossos filhos, e o quão
irritados eles ficam quando não fazem
essas pequenas sonecas. A criança que
64
Família e filhos: Muito antes de um diagnóstico

não dorme bem tem sintomas de agitação,


de irritabilidade, de falta de atenção, não
consegue fixar coisas que são importantes
para ela. Muitas vezes os pais falam com essa
criança e a percebem irresponsiva, e nem
sempre é por falta de educação, e sim por falta
de sono. É algo físico: quando uma pessoa está
com sono, se torna menos atenta e absorve
menos as ordens e solicitações que lhe dão;
com uma criança acontece a mesma coisa.
É de suma importância que as crianças
durmam bem. Fique atento se o seu filho
dorme às 22h, acordando várias vezes, se
deveria estar fazendo soneca e não a faz.
Mais importante do que ter um diagnóstico é
perseguir um bom sono, porque, mesmo que
ele tenha a doença TDAH, precisa de uma boa
noite de sono para reduzir os sintomas.
Também é muito importante lermos em
voz alta para os nossos filhos. Isso está
relacionado ao TDAH porque, quando lemos
em voz alta, acabamos exigindo deles atenção,
que escutem a narração de uma história,
65
Família e filhos: Muito antes de um diagnóstico

de um diálogo ou de um ambiente que está


sendo narrado e que imaginem. Para que
isso aconteça, a criança precisa estar atenta,
pois se perder algum detalhe acaba não se
achando mais naquela história. Uma criança
que está ouvindo uma história fica atenta;
para crianças pequenas o interessante é que
a história tenha imagens, e quanto mais vezes
você conta aquela história, mais ela está
atenta, conseguindo captar elementos. Assim,
à medida que ela escuta várias vezes, vai
conseguir pegar mais elementos importantes
que vão floreando a história, fazendo com que
fique mais interessante e mais legal.
Esse exercício faz com que ela seja uma
criança mais atenta quando você lhe pede algo,
porque está treinada em prestar atenção, em
ouvir detalhes, ouvir mais de uma informação
ao mesmo tempo, por isso é muito importante.
A atenção nada mais é do que o porteiro da
nossa memória. O trabalho do porteiro é abrir
e deixar passar coisas importantes e fechar a
porta para coisas que não são tão importantes
66
Família e filhos: Muito antes de um diagnóstico

assim. Quando escutamos várias informações,


é exatamente isso que devemos fazer, a nossa
atenção vê o que de fato é importante e o que
são acessórios.
Quando a criança faz o exercício de escutar
a leitura em voz alta junto com o exercício
de narrar aquela história para você, você
vai conseguir perceber se ela, de fato, está
conseguindo entender as coisas que são
importantes e se a atenção dela está — se o
porteiro dela está funcionando — bem. Então,
quando a criança narra, você consegue prestar
atenção se ela está captando os elementos
importantes ou se está só pegando as partes
que são acidentais e se precisa ser estimulada
mais, para tentar ajudá-la a relacionar
causa e efeito. O estímulo, a narração de
uma história, principalmente para crianças
maiores de 6 anos, é muito importante para o
desenvolvimento da atenção.
As brincadeiras são pontos importantes
também. As crianças estão o tempo inteiro
brincando e inventando suas próprias
67
Família e filhos: Muito antes de um diagnóstico

brincadeiras. As crianças pequenas —


até mesmo os bebezinhos — pegam um
determinado brinquedo que você tenha dado
e brincam 5 minutos e depois deixam de lado.
O papel do mediador — pai, o intérprete da
realidade que ajuda aquela criança — é pegar
o brinquedo de novo e mostrar outro aspecto
desse objeto, para que ela possa ver outro
prisma. Isso vai ser feito com a criança desde
muito pequena em brinquedinhos simples; à
medida que ela vai crescendo essa realidade
vai se tornando cada vez mais complexa.
A criança não vai mais ter você como uma
bengala, porque você ensinou e porque é
natural a criança não querer mais a sua ajuda,
faz parte do desenvolvimento dela. Então não
fique com medo de ela precisar sempre, porque
você está dando uma ferramenta para que
depois ela consiga usar sozinha e ela já vai
estar treinada para olhar uma coisa e saber que
não é só isso que o objeto está mostrando.
Quando a criança está na brincadeira, ajude-a.
Às vezes, a criança está brincando com o lego,
68
Família e filhos: Muito antes de um diagnóstico

veja de que outra maneira você pode brincar


ou montar esse lego, não só brincando com o
seu filho, mas também está ali para trabalhar
a atenção dela. Tenha uma educação com
intencionalidade, você não está brincando com
o seu filho para cumprir uma tabela e dizer
para as pessoas que está passando um tempo
de qualidade com ele.
Esse tempo de qualidade deve ser intencional
e, a partir do momento em que ele aparece,
acaba reverberando em todas as suas outras
atitudes, porque será uma atitude intencional
com o seu filho, de mostrar para ele aspectos
importantes e de trabalhar a atenção dele.
Outra coisa é a ordem das atividades. A
criança precisa ter uma ordem externa de
que uma coisa vem após a outra. Isso, ao ser
explicitado para ela, a deixa mais confortável
e menos hiperativa, pois ela sabe o que vem
depois, diminuindo as sensações de ansiedade
e de hiperestímulo.

69
Família e filhos: Muito antes de um diagnóstico

Se a criança ainda não souber dessa rotina,


quando for buscá-la na escola, explicite para
ela o que deve ser feito quando chegarem em
casa, como por exemplo: “Quando chegarmos
em casa, vamos trocar de roupa, depois vamos
lanchar e fazer o dever de casa”. Quando a rotina
já estiver estabelecida para ela e estiverem
voltando de carro, devem perguntar a ela sobre
o que vocês vão fazer quando chegarem em
casa, e ela vai saber. Ao chegar em casa e
ela estiver trocando de roupa, se necessário
pergunte novamente o que ela vai fazer. Essa
criança, de alguma maneira, está absorvendo a
rotina, estando mais atenta. Quanto mais você
deixar a rotina clara para ela, menos sintomas
de dispersão a criança vai ter.
A última coisa que queria falar nesta aula
é que não estimule demais seus filhos.
Como pais queremos que nossos filhos se
desenvolvam imensamente, que sejam muito
inteligentes, que tenham muitas habilidades
físicas, que sejam pessoas generosas,
querendo muitas coisas para eles. Recebemos

70
Família e filhos: Muito antes de um diagnóstico

muitas informações, como “se colocar na


psicomotricidade, isso vai estar relacionado
com um bom desempenho cognitivo”; “se
estimularmos a atividade de jiu-jitsu, vai
estimular uma parte no cérebro”. Está tudo bem
que a ciência nos diz uma série de coisas, mas
com a educação não podemos somente olhar
para o que a ciência diz, temos de olhar para o
nosso filho, para nossa realidade familiar e não
podemos estimulá-los tanto.
Por querermos o melhor para eles,
acabamos não percebendo que estimulamos
demasiadamente os nossos filhos, que acabam
ficando o tempo inteiro numa certa ansiedade
de fazer as coisas o tempo inteiro e acabam
ficando muito ativos, impedindo-os que tenham
um ócio que é necessário para que absorvam
tudo aquilo, para que estejam calmamente no
mundo e possam de fato aprender.
Não é porque todas as crianças estão fazendo
natação que o seu filho precisa fazer também.
Se isso não está dentro da sua realidade,
porque seu filho passa muito tempo na escola e
71
Família e filhos: Muito antes de um diagnóstico

o horário da natação seria o momento em que


você estaria em casa com ele. Muitas vezes,
estar com ele em casa, fazendo uma leitura ou
narração, tendo uma conversa, brincando de
lego, isso tudo vai acabar trazendo muito mais
benefício do que a natação.
Existem crianças que falam para seus pais “E
agora, o que eu faço?”. Com isso, os pais acham
que a criança precisa gastar energia, por estar
sempre solicitando o que fazer, quando na
verdade é o contrário, se dermos mais coisas
para ela fazer, vai acabar ficando mais dispersa
e não vai conseguir acatar uma ordem ou
solicitação, como, por exemplo, sentar e fazer
o dever de casa. O porteiro da atenção já era.
Então não estimule tanto seus filhos, olhe
para a realidade, o horário dele e tenha calma,
ele não precisa fazer tudo ao mesmo tempo.
Ainda tem muito tempo pela frente, e é muito
mais importante que você esteja calmamente
com seu filho, para que ele esteja dentro da
realidade das coisas de maneira tranqüila
e para que possa absorver todos os bons

72
Família e filhos: Muito antes de um diagnóstico

estímulos que façam muito mais sentido na


vida dele, fazendo de maneira mais presente,
consciente e com mais ganhos.

Exercício
Se seu filho apresenta problemas de atenção
e de irritabilidade, considere os seguintes
pontos de sua rotina.
A sua rotina está clara para o seu filho? Você
reforça sempre qual será a próxima atividade?
O seu filho tem um horário de sono (e de
soneca) fixo e bem regular?
Você faz atividades com seu filho que
estimulem a sua atenção? Como a leitura em
voz alta, por exemplo.
Escolha um desses pontos para melhorar nas
duas primeiras semanas do ano que inicia.
Tome nota dos resultados.

73
Cultura: Afinal, o que é cultura?

74
Cultura: Afinal, o que é cultura?

Cultura: Afinal, o que


é cultura?
É muito importante que, logo no início, fixemos
a idéia de cultura como um mapa que vamos
explorar, com os seus vários matizes, em seus
vários aspectos.
 
Para lançar as bases das exposições, vamos
usar um conceito de Aristóteles, que não
aprofundaremos, mas que servirá de base para
as exposições que serão feitas aqui: o conceito
de educação por meio da sensibilidade. A
educação por meio dos sentidos. 
Aristóteles dizia que toda educação começa
pelos sentidos, por intermédio da nossa
sensibilidade, do nosso olhar, do tato, do

75
Cultura: Afinal, o que é cultura?

olfato... Todo o nosso processo de aprendizado


começa, em primeiro lugar, por esse aspecto
humano, que é a nossa sensibilidade. Coisas
que vemos, ouvimos e sentimos. 
É por isso que a educação de uma criança não
começa pelo aprendizado de altos conceitos
da filosofia e da matemática, questões
extremamente abstratas. Não! A educação
da criança começa por meio do paladar, do
contato com os pais, por meio dos livrinhos
com imagens. A partir desse processo de
absorver imagens, sentidos e sentimentos,
começa a educação de uma criança.
Toda a nossa vida segue assim de algum modo,
sempre temos o amparo da sensibilidade como
um início da nossa educação. Lanço esse
conceito filosófico porque justamente a cultura
é o arcabouço, a coleção de manifestações
artísticas, estéticas que o ser humano produz.
O que nós temos na cultura humana, nas suas
expressões, nós temos as obras de arte, a
música, a arquitetura, a literatura, tudo isso
lida com os nossos sentidos.
76
Cultura: Afinal, o que é cultura?

Quando ouvimos uma música, quando vemos


uma catedral ou igreja, não só vemos, mas
muitas vezes tocamos as suas paredes,
seus espaços. Quando lemos um livro, nós
formamos imagens a partir das palavras e
essas imagens, por sua vez, tiramos do mundo.
Toda a cultura trabalha com as manifestações
artísticas, que não são nada mais do que
estímulos sensoriais, estímulos dos nossos
sentidos. É importante entender isso porque
a cultura se coloca aqui como realmente um
instrumento de iniciação, de uma educação
pessoal. Ela nos apresentará esse panorama
de obras de arte.
Vamos definir melhor o que é cultura, para
seguirmos com um escopo mais fechado e
objetivo. É muito comum ouvirmos o termo
cultura sendo utilizado de diversas maneiras;
ele é bastante elástico. Muitos o usam para
diversas finalidades. Aqui empregaremos uma
definição muito específica: a cultura como o
conjunto de expressões artísticas da nossa
civilização, da nossa sociedade.
77
Cultura: Afinal, o que é cultura?

Ao longo da história, o ser humano produziu


diversas manifestações artísticas que foram
ficando presentes, e algumas foram protegidas
e cuidadas ao longo dos séculos, é isso que
chamamos de cultura basicamente.
Para exemplificar, o poeta brasileiro Bruno
Tolentino usa a seguinte definição para a arte:
“A grande arte é exatamente isso: o esforço
da criatura por guardar na memória aqueles
momentos de epifania, nos quais ele se aproxima
ao máximo do processo da criação”. Ou seja, as
grandes manifestações artísticas que formam
o painel cultural, o mapa cultural de uma
sociedade, as produções materiais e artísticas
que registram essa epifania, esse vislumbre do
homem em relação a Deus, à humanidade, a si
mesmo e ao próximo.
Quando falamos de cultura, falamos de uma
espécie de curadoria que o tempo fez dessas
manifestações artísticas ao longo da história.
São Tomás de Aquino tem uma frase assim: “A
verdade é filha do tempo”. Conforme o tempo
passa e as obras vão perdurando, nós temos
78
Cultura: Afinal, o que é cultura?

uma coleção de memórias e registros que


atestam a qualidade daquela obra. Quando
falamos de cultura, falamos exatamente disso,
da coleção feita ao longo dos séculos, dada a
produção artística humana.
O ser humano protege um Dom Quixote, um
Dante, uma Catedral de Reims porque se
identifica naturalmente ao entrar em contato
com aquela obra e porque aquilo tem um
profundo valor humano ou até mesmo divino.
Naquela determinada obra há algo de valor
que serve para todos os tempos, algo perene e
eterno sobre o ser humano.
Se essas obras são mantidas e protegidas
ao longo dos séculos, existe algo ali que nós
temos de investigar, pois há ali algo muito
valioso para o ser humano, e obviamente
para a formação da maturidade pessoal. A
cultura cria essa pré-curadoria de possíveis
caminhos e obras para que possamos adentrar
e conhecer a nós mesmos.

79
Cultura: Afinal, o que é cultura?

Pensemos na cultura como um mapa em


que está registrada a presença do homem
na história. Aqui tivemos Dante, Cervantes,
Camões; eles habitaram neste espaço,
representaram certa cultura e falaram sobre
esse aspecto do ser humano. Então, em vez
de termos acesso a todos os livros, igrejas ou
romances da história da humanidade, temos
alguns que despontam, e são justamente esses
que estão presentes nesse mapa.
É importante pensarmos na cultura humana
como esse lugar onde nós estamos em
constante contato com os outros seres
humanos. Às vezes, ao depararmos com
uma obra, livro ou música, a obra sobressai e
esquecemos que existe por trás dela não só um
ser humano que a criou, mas seres humanos
aos quais o criador da obra, o artista, estava se
referindo.
Eu gostaria de trazer uma história do velejador
Amyr Klink; ele retrata isso no seu livro Cem
dias entre o céu e o mar. No livro ele conta a
história muito emocionante de uma viagem que
80
Cultura: Afinal, o que é cultura?

fez para o Pólo Sul, velejando sozinho durante


100 dias. Na verdade ele circundou o Pólo Sul
ao longo de 100 dias de maneira solitária, só
ele e um barco. É uma grande aventura, muito
perigosa, para a qual ele se preparou por muito
tempo.

Em certo momento da sua viagem ele retrata


um momento de epifania na sua vida: ele
estava mais ou menos no meio da viagem,
um pouco antes da metade, e percebe que
vários objetos que trazia no barco não foram
colocados ali por ele (claro, ele se organizou,
trouxe as coisas para dentro do barco, calculou
os suprimentos de que precisaria, todo um
ajuste organizacional para fazer a viagem).
Mas nem tudo que estava no barco foi ele que
trouxe; algumas coisas a esposa e os filhos
deles colocaram, mas não só isso, o próprio
barco, como instrumento da sua empreitada,
tinha um sistema hidráulico e um sistema de
ventanas que não foi ele que fez, velas que
ele não costurou. E quando ele liga a luz, a
81
Cultura: Afinal, o que é cultura?

eletricidade, se dá conta: “Eu não instalei o


sistema elétrico, não instalei a fiação, não criei
esse gerador”.
Naquele barco ele percebe que, no meio do
frio do Hemisfério Sul, no meio do nada, ele
não está sozinho, em volta dele há milhares de
pessoas que trabalharam, que doaram o seu
tempo e a vida para fazer a lâmpada, o sistema
hidráulico, a torneira, a ventana…
Ele deparou com a presença da cultura
humana, ou seja, na sua viagem havia
a presença de milhares de outros seres
humanos, de maneira virtual evidentemente,
mas que por meio do seu trabalho puderam
garantir que ele estivesse ali com segurança.
Quando ele se deu conta disso, a viagem
foi muito menos solitária, muito mais bem
acompanhada, pois não foi só o trabalho das
pessoas que permitiu que ele estivesse ali,
como também o trabalho laborioso e atencioso
de algum profissional que fez o mastro do
barco, que teve de fazer os cálculos de maneira

82
Cultura: Afinal, o que é cultura?

muito correta, muito atenciosa para que o


barco sedimentasse da maneira correta.
Portanto, foi um trabalho atencioso, até mesmo
amoroso, feito com amor, com carinho, que
permitiu que ele estivesse ali. E ele enxerga
isso, a presença contínua e eterna de outras
pessoas à sua volta, mesmo isolado no oceano.
Uma das funções da cultura é justamente
depararmos com a manifestação e a presença
de inúmeras pessoas que estão ao nosso redor,
que escrevem livros, registros e que falam
tanto sobre o ser humano. Isso porque, toda
vez que estamos diante da possibilidade de
entrar em uma vida de estudo sobre cultura,
temos a impressão de que começamos um
trabalho solitário. Pelo contrário, se não fosse
um Dostoiévski escrevendo do outro lado do
mundo e construindo personagens que têm a
sua própria vida, não estaríamos lendo aquele
livro. É fundamental perceber isso quando
embarcamos nessa aventura.

83
Cultura: Afinal, o que é cultura?

Quando começamos a investigar esse mapa,


percebemos que estamos lidando com muitos e
muitos seres humanos. E a vantagem, o pulo do
gato, é que nessas relações humanas, nessas
construções de livros e de obras obviamente
ficamos com o que é melhor, pois, se houve
algum livro muito ruim escrito na Idade
Média, ele não chegou até nós, ou se houve
alguma obra que não teve grande valor em
determinado período, ela também não chegou
até nós.
Estamos falando de uma riqueza muito grande
a que podemos ter acesso, e podemos aprender
com essas obras.
Outra vantagem da entrada no mapa da cultura
é que não precisamos viajar tanto assim.
Porque, toda vez que nós vamos procurar
conhecer outra cultura, outra manifestação
cultural e artística, surge a vontade de estar
onde esses seres humanos estiveram. Para
conhecer a cultura italiana, uma viagem para
a Itália; para conhecer a cultura francesa, uma
viagem para Paris. Porém é evidente que nem
84
Cultura: Afinal, o que é cultura?

todos os seres humanos têm a oportunidade


de viajar para todos os lugares o tempo inteiro.
A função da cultura é sintetizar a produção
de uma obra artística e também sintetizar a
expressão de um tempo.
Quando temos acesso a um livro ou a um filme
de determinada época, estamos de alguma
maneira viajando para aquele espaço sem
precisar comprar um ticket de viagem; trata-se
de um recurso muito inteligente criado pelos
seres humanos, o de poder criar obras que nos
transportam para outra geografia, para outro
tempo.
É muito curioso pensar que um grande escritor
brasileiro, Machado de Assis, nunca saiu do
Brasil. Ele é um expoente da nossa cultura,
um dos escritores mais respeitados no mundo
quando se trata de literatura brasileira. Ele foi
um homem que não saiu do espaço e do seu
tempo. Mas ele só conseguia dialogar com
outros escritores da sua época, ombrear-se aos
outros grandes artistas a partir da cultura. Ele
mesmo lia e estava em contato com os escritos
85
Cultura: Afinal, o que é cultura?

e obras de outros artistas. Isso lhe permitiu


que vivesse em outro tempo vivendo no seu
tempo.
É outro recurso que a cultura nos permite,
ter acesso a outros espaços sem um
deslocamento físico. Precisamos ter em mente
que, ao abrir o mapa da cultura, podemos
acessar outros lugares e tempos sem sair do
nosso lugar.
Seria muito desumano, se para uma
formação humana, fossem necessários
grandes deslocamentos físicos. Imagine se
disséssemos para alguém que, para atingir a
plenitude da sua vida, teria de viajar para outro
país, passar muito tempo fora, porque aqui
onde você está não dá. Você está perdido, onde
você está não há nenhum recurso para que se
desenvolva como pessoa.
Mas não é assim, e nunca foi assim em
nenhum lugar. Ainda mais hoje em dia com
internet, estamos aqui justamente usando
a internet para isso. Da onde você está é

86
Cultura: Afinal, o que é cultura?

possível acessar outros ambientes, outras


humanidades e, assim, pode conhecer o mundo
sem sair da própria casa, às vezes sem sair do
apartamento, do próprio quarto, dependendo
do tamanho do seu acervo.

Exercício
Você fará, por escrito, o seguinte exercício de
imaginação.
Considere uma obra de arte que você goste,
pode ser desde um filme até um poema.
Tente imaginar como essa obra foi produzida.
Se foi um filme, verifique a quantidade de
nomes que está nos créditos do filme.
Se foi uma música, imagine a produção do
instrumento musical, essa produção envolveu
quantas pessoas? Imagine o trabalho do
compositor em compô-la, o trabalho dos
intérpretes em executá-la, o trabalho da
Gravadora em registrá-la.

87
Relacionamento amoroso: Como ir da solteirice ao amor verdadeiro

Mesmo um simples poema envolve uma


quantidade enorme de gente que trabalha na
edição do livro, na produção do papel e da tinta
em que ele foi escrito, além do trabalho do
poeta em escrevê-lo.
Ao escrever o que você imaginou, tente dar
uma resposta pessoal à pergunta: Por que a
cultura não é, essencialmente, uma atividade
solitária?

Relacionamento
amoroso: Como ir da
solteirice ao amor
verdadeiro
O relacionamento é sempre um mistério,
muitas pessoas têm dificuldades em se
relacionar. Muito disso se dá pela incapacidade
de saber enxergar aquilo que torna alguém uma

88
Relacionamento amoroso: Como ir da solteirice ao amor verdadeiro

pessoa. O amor, afinal, não é algo que acontece


espontaneamente, de modo fácil.
Observamos muito desse engano no
imaginário popular, fomos formados por
meio de uma cultura de filmes, músicas que
colocaram o amor para nós como se fosse algo
vindo da sorte, algo que acontece para algumas
pessoas sortudas e outras simplesmente
estariam à mercê da vida solitária.
O amor, porém, não é fruto da passividade. O
amor acontece para pessoas que têm certa
atenção vital e, sobretudo, uma curiosidade
vital, que é diferente da curiosidade que
nutrimos para os objetos, que são seres para
os quais olhamos e que, de algum modo,
em algum momento, se esgotam. Em alguns
momentos acabamos sendo indiferentes aos
objetos, e não há nenhum problema nisso.
Agora, agir assim em relação às pessoas vai
ser um problema muito sério para que o amor
aconteça. Normalmente, ao ter um olhar um
pouco mais preciso, atento para as pessoas à

89
Relacionamento amoroso: Como ir da solteirice ao amor verdadeiro

nossa volta, é nessa hora que a chance de que


o amor aconteça aumenta. Nessa dinâmica
inicial, a primeira questão que chama atenção
é a figura externa da pessoa, porque é a
primeira característica com a qual você entra
em contato.
O primeiro contato com a figura externa — a
aparência física — da pessoa normalmente
se dá em algum lugar que costumo chamar de
acidental. Esse lugar acidental é o lugar em que
você encontrou e viu essa pessoa pela primeira
vez, que pode ser na academia, na faculdade,
no prédio onde mora. Estando lá, você começa
a ser atraído pela figura externa da pessoa.
Seus olhos, por alguma razão, gostam de ficar
olhando para aquela pessoa, muitas vezes é
pela aparência externa — quando você olha
para aquilo e é agradável aos seus olhos —,
mas sabemos que, se começarmos a reparar,
existem outros elementos que contribuem para
isso.
Às vezes, é a postura que a pessoa tem
naquele grupo, a posição que ela ocupa
90
Relacionamento amoroso: Como ir da solteirice ao amor verdadeiro

na dinâmica daquele grupo. Num primeiro


momento, chamam a atenção a aparência
física, a postura, a posição no grupo, isso tudo
faz com que você se sinta atraído por alguém.
A palavra atração é muito interessante,
porque ela faz com que você queira estar perto
da pessoa. É onde começamos a entrar na
dinâmica daquilo que chamamos de amor Eros,
que faz com que queiramos estar próximos do
objeto amado.
Uma vez que você se interessou, está olhando
para aquela pessoa por mais tempo. Com o
passar dos dias, você começa a pegar o jeito
dela também, a partir disso começa a montar
a imagem de quem seria essa pessoa e rolar
as famosas estratégias de aproximação —;
de repente você tem um amigo que conhece
uma amiga dela e pede para que eles façam o
meio de campo —, você começa a dar um jeito
para estar mais perto dessa pessoa, porque
foi atraído no primeiro momento pelo aspecto
físico.

91
Relacionamento amoroso: Como ir da solteirice ao amor verdadeiro

Chegando mais perto, ao começar a conversar


com ela, percebe afinidades, assuntos
começam a surgir, pontos em comum são
revelados, e a partir daí surgem os primeiros
encontros, a pessoa chama você para sair
e com o passar do tempo você começa a
conhecê-la mais. Normalmente nessa fase a
dinâmica que está envolta é a do amor Eros.
O amor Eros, também chamado de amor dos
começos por C. S. Lewis, funciona na base da
troca; estou perto daquela pessoa porque, de
algum modo, ela provoca sentimentos em mim.
Aquela lógica de que “ela me agrada de algum
modo, então, tento agradar de volta”, “dou um
presente esperando um de volta”, toda a lógica
é ainda troca, em que estamos utilizando o
outro para sentir algo em nós e isso não faz
mal, porque o grande objetivo é que vocês se
aproximem e possam se conhecer um pouco
mais.
E nessa aproximação deve ocorrer a
observação, você deve procurar aqueles
aspectos da intimidade, do mundo interior
92
Relacionamento amoroso: Como ir da solteirice ao amor verdadeiro

dessa pessoa, porque assim você começa a


entender e a ter acesso a quem ela de fato
é. À medida que você vai conhecendo esse
mundo interior, começa a surgir um fator
determinante.
Se formos pensar nesse amor dos princípios,
o segundo fator determinante, que já estava
dito por Aristóteles na retórica, é o desejo pelo
bem do outro. No início do relacionamento,
as duas características que deveriam chamar
mais atenção são justamente a atração — que
é algo mais físico, superficial, mas também é
importante — e o desejo pelo bem do outro.
Não dá para explicar muito bem esse desejo
que surge na presença do outro, é algo que
simplesmente acontece. De repente você
começa a olhar para aquela pessoa e, por
alguma razão, começa a ter um desejo que não
é meramente superficial, não é só a presença
dela que o faz sentir algo bom em si; você
começa a notar em si mesmo certa disposição
de procurar nela aquilo que lhe falta e também
de modificar a sua história para que você
93
Relacionamento amoroso: Como ir da solteirice ao amor verdadeiro

possa, voluntariamente, completar o que falta


nela.
Você pode estar se perguntando se sente isso
pelo seu parceiro, parceira; é até possível
que essa dúvida possa surgir com o tempo.
O fundamental é entender que, em algum
momento, no início dos relacionamentos, antes
do compromisso total, o desejo pelo bem do
outro apareça.
Talvez alguns de vocês estejam pensando
a respeito de essa idéia, esse desejo surgir
depois, como acontecia antigamente nos
famosos casamentos arranjados, em que não
havia a possibilidade de escolher o par, eram
as famílias que escolhiam o marido, a esposa.
Alguns casais até eram felizes. Para explicar
isso, precisamos entender que nós somos
filhos do nosso tempo. Provavelmente, sobre
o casamento arranjado e que dava certo, a
instituição casamento ocupava outro lugar no
imaginário das pessoas envolvidas.

94
Relacionamento amoroso: Como ir da solteirice ao amor verdadeiro

Para isso acontecer nos dias de hoje, seria


necessário o mesmo padrão de valorização
do casamento em si. O que é muito difícil,
porque as pessoas atualmente associam o
amor como algo que muitas vezes pode lesar a
liberdade. Muitas pessoas têm dificuldade de
amar porque acham que o amor vai tirar-lhes
a liberdade, por isso acabam escolhendo ficar
na superficialidade — que foi a dinâmica inicial
sobre a qual falamos nesta aula —, por isso
elas nunca escolhem dar um passo além para a
profundidade da outra pessoa.
O problema do Eros está justamente aí, por ser
um amor dos começos, ele ainda mantém cada
um dos envolvidos totalmente preso em seu
próprio universo. A pessoa que está parada
no Eros em suas relações ainda não deu o
passo além, ainda não aprofundou para o amor
que realmente é capaz de trazer a realização
pessoal, ainda está naquele universo de que
“tal pessoa está na minha vida para que eu
possa sentir coisas em mim”; ela ainda está

95
Relacionamento amoroso: Como ir da solteirice ao amor verdadeiro

no movimento que, de certo modo, é uma


instrumentalização do outro.
Hoje em dia as pessoas que estão nessas
relações podem mutuamente escolher parar
aí, e muitas vezes é onde começa a surgir as
brigas, as dificuldades. É interessante isso,
pois elas nem sabem direito explicar de onde
vem a insatisfação com a relação, parece que
o tempo inteiro estão insatisfeitas, porque
o outro — apesar de gerar nelas, de vez em
quando, algumas sensações boas — nunca
está à altura daquilo que espera, uma vez que
a própria pessoa ainda não decidiu virar a
chave, abandonar esse amor da superfície e se
aprofundar para o verdadeiro amor, que é mais
completo. É o amor, propriamente dito.
O grande desafio dos dias de hoje é que nós
não permaneçamos estacionados no Eros. Para
isso, precisamos ficar atentos às influências
do nosso tempo, porque muitas vezes as
figuras que formam o nosso imaginário
acabam colocando na nossa mente uma
idéia errada de amor. E não é incomum que
96
Relacionamento amoroso: Como ir da solteirice ao amor verdadeiro

observemos nos casais, principalmente nos


famosos, esse tipo de comportamento. Muitas
vezes, quando o casal — depois de 2 ou 3 anos
— se separa, vêm as fatídicas cartas, postando
que o relacionamento acabou.
Assim como não é incomum lermos que eles,
embora estejam se separando, ainda se amam
muito. Vejam como isso é interessante, como
a pessoa pode dizer que a separação, na
verdade, representa o amor. Podemos inferir
de um texto assim que essas pessoas ainda
têm a concepção de que o amor é meramente a
paixão — o Eros.
A própria psiquiatria moderna, com todas as
limitações, reconhece que a paixão dura em
média 2 anos. E esses casais, logo quando
a paixão acaba, já tratam de substituir a
pessoa para voltar a sentir aquele domínio
das emoções. E assim vão de par em
par, vão migrando de relacionamento em
relacionamento. Eles chamam de amor apenas
aquilo que é superfície. E o nosso grande
objetivo aqui é entender que o amor Eros —
97
Relacionamento amoroso: Como ir da solteirice ao amor verdadeiro

o amor dos começos, a paixão — se mostra


fundamental para uma aproximação, para que
queira estar perto. Estando perto, que você
comece a conhecer essa pessoa e, a partir daí,
chegará o momento em que vai perceber que a
mera superfície é insuficiente para preencher o
vazio do amor no seu peito, mas é fundamental
que entenda a dinâmica do amor, todos os seus
processos e o que de fato é o amor profundo.

Exercício
Se o amor vai acontecer ou não, não temos
controle sobre isso. Podemos, entretanto, nos
comprometer a ter um olhar mais profundo
sobre as pessoas.
Por isso, não importa se você se casou, se
está namorando, paquerando ou só de olho
[emoji dos olhos grandes olhando de lado] em
alguém. Tenha em mente a pessoa que está
mexendo com seu coração e responda por
escrito:

98
Espiritualidade: Uma oração que não pode parar

O que essa pessoa tem que a torna única? O


que faz com que ela seja especial e que eu
possa amar nela, sem querer nada em troca?

Espiritualidade: Uma
oração que não pode
parar
Neste capítulo, será apresentada uma técnica
bastante sofisticada. Ela é muito evidente,
muito clara, mas passa sempre despercebida.
Percebê-la requer muita atenção.
Quando a pessoa está na terapia, ela fala de
coisas que estão realmente em algum lugar do
seu coração, da sua cabeça, então ela fala do
quanto gostaria de ser mais leal, de ser uma
pessoa mais comprometida com o trabalho,
de ser uma pessoa mais comprometida
com a religião, de ser uma pessoa mais
comprometida com as coisas da família.

99
Espiritualidade: Uma oração que não pode parar

Então, claro, a terapia é um momento no qual a


pessoa fala e é um momento de transformação
de algum modo, porque a fala humana é um
grande expediente transformador.
As palavras são um direcionador para um
tipo de ação que vem depois delas. É claro
que quando a pessoa está em uma sessão de
terapia e começa a falar, essa atividade por si
só já tem um poder transformador, a pessoa
está apontando de fato para o lugar ao qual
ela quer chegar, ela está apontando para
aquele estilo de vida, para aquele desfecho
de vida, que ela gostaria de ter. Naquele
momento, ela vai se transformando no que
ela quer se tornar. Por isso, evidentemente, o
processo terapêutico é fundamental, porque
é um lugar no qual a pessoa fala de modo
mais consciente, fala desejando certas coisas
específicas. E esse processo por si só vai
dando um tom de transformação interior para a
pessoa.
Nos momentos em que as pessoas também se
retiram, por exemplo, para oração, existe uma
100
Espiritualidade: Uma oração que não pode parar

fala transformadora. Algumas pessoas têm o


hábito de fazer uma oração mental. Ela está,
portanto, encontrando um lugar de calma, de
consciência, de clareza, no qual o coração
delas vai transbordando através de palavras
mentais. É evidente que essas pessoas nesse
momento também têm uma transformação,
elas estão falando. A fala, para o ser humano,
é um dos modos, e o modo mais importante, de
escrever e contar a sua história.
Se, apesar dos preciosos momentos de fala
na terapia não melhoramos, é porque existe
um outro da moeda. Nós nunca estamos em
silêncio. Não é próprio do homem estar em
silêncio, o homem nunca cessa o verbo. Se
pararmos de falar, deixamos de ser humanos.
Quando estamos ocupados com as atividades
extenuantes, por exemplo, uma atividade física,
cessamos um pouco essa fala dialogal, mas
continuamos com uma atividade de fala que faz
com que persistamos naquele esforço.
Se não melhoramos apesar da terapia e da
religião, é porque a nossa atividade de fala
101
Espiritualidade: Uma oração que não pode parar

fora desses momentos está cem por cento


degenerada. Passamos muito mais tempo
em nosso diálogo interior do que em diálogo
com outras pessoas, e é a má qualidade desse
diálogo interior que põe tudo a perder.
O que você fala para si nos momentos mais
corriqueiros do dia? O que você fala nesses
momentos misteriosos e ocultos? É para isso
que a sua vida está aí, é para lá que a sua vida
vai. Aquilo que falamos nos momentos de
oração consciente, de terapia, quando falamos
com alguém que mora conosco, isso é muito
importante, ninguém está dizendo que não é.
Agora, isso é pouco e podemos perdê-lo. Os
momentos de fala interior definem o rumo da
sua vida, os momentos de fala interior definem
a qualidade da sua vida espiritual.
O que fazer para melhorar a qualidade de
nossa fala interior? Cultivar dentro de si um
estado permanente de oração. Não fique com
uma fala interior feito um cavalo selvagem,
sem rédea, que vai para onde quer. Coloque
rédeas de amor para domar essa fala rebelde
102
Espiritualidade: Uma oração que não pode parar

que você tem dentro de si. Cultive um estado


de oração permanente por uma ou duas
semanas e você vai perceber a sua vida
mudando.
Quando dizemos “oração permanente”, é
oração permanente mesmo. É a repetição
incessante de pedaços de orações. Se você
não tem religião, faça assim mesmo. Oração é
uma fala arquetípica, é uma fala que está por
cima de toda fala, que tem um significado em
si que jamais se extingue, degenera ou perde
força. Experimente recitar mentalmente as
palavras do Pai-Nosso, nos momentos mais
corriqueiros de seu dia.
A qualidade da sua vida é a qualidade da sua
fala. Se você tem um diálogo interior ruim, você
tem ações ruins. Existe uma coisa que falamos
por dentro, quando estamos conosco mesmos.
É essa coisa que acabamos transformando
em ações. Nós pretendemos ser pessoas
transcendentes, comprometidas, com o sentido
de serviço, que levam esperança aos outros,
felizes no final das contas. Melhore, portanto,
103
Espiritualidade: Uma oração que não pode parar

a qualidade de sua fala interior. Escolha um


pedaço de oração que será sua fala interior por
uma semana. Só isso já é o suficiente para que
sua vida espiritual comece a entrar nos eixos.

Exercício
Escolha uma oração. Pode ser o Pai-Nosso,
pode ser o trecho de um salmo, pode ser a Ave-
Maria. Precisa ser, entretanto, uma oração já
consagrada. Não pode ser uma oração que
você ou um amigo inventou.
Você vai se comprometer a, pelo menos, tentar
recitar mentalmente e sem parar essa oração
enquanto cumpre seus deveres cotidianos.

104
TERCEIRA PARTE:

Elaborando
sua meta
Que o seu propósito seja, antes de tudo, realizável

Que o seu propósito


seja, antes de tudo,
realizável
Parabéns por ter chegado ao final deste
e-book. Depois de ter realizado os exercícios
propostos, você adquiriu um Norte.
É claro que as circunstâncias de vida e,
portanto, os desafios, são diferentes de
pessoa para pessoa. Alguns estão solteiros,
outros casados; alguns já têm filhos, outros
estão terminando o seminário; alguns estão
satisfeitos com o trabalho na CLT, outros não
vêem a hora de abrir o próprio negócio. Seja
qual for a sua circunstância de vida, você que
acabou de ver que os 7 pilares do GW formam
um mapa para que você não se perca em seus
objetivos. Esses pilares não serão trabalhados
apenas neste e-book, mas eles estarão
presentes em cada aula e em cada Caderno

106
Que o seu propósito seja, antes de tudo, realizável

de Ativação que acompanhará você na sua


jornada dentro do GW.
Agora que você já tem um caminho a trilhar,
é hora de dar o primeiro passo, elaborando a
sua meta para o Ano Novo. Lembre-se: essa
meta tem de ser elaborada tendo em mente o
seu pilar mais crítico, que lhe foi revelado no
primeiro exercício deste e-book.
A primeira coisa que você tem de ter em
mente ao elaborar sua meta, é que ela tem
de ser realizável. Portanto, não vale uma
meta elaborada sobre algo que você não tem
controle. Por exemplo:
Vamos supor que seu pilar crítico seja
Relacionamento Amoroso, e a sua meta
seja: “Neste ano novo, eu vou arrumar um
namorado.”
Mas como você vai arrumar esse namorado?
Você não pode obrigar alguém a namorar com
você, isso é algo sobre o qual você não tem
controle.

107
Prepare-se para cumprir sua meta

Porém, “esse ano, eu vou fazer tais e tais


atividades que me possibilitam conhecer
pessoas novas. Entre essas pessoas, pode ou
não estar o meu par romântico” é uma meta
sobre a qual você tem controle.

Prepare-se para
cumprir sua meta
Arrumamos muitas desculpas para não
cumprir nossa meta. Alguma coisa está fora de
lugar e isso já é um pretexto para dizer: “hoje
não, amanhã eu começo”.
Vamos supor que seu pilar crítico seja Cultura,
e você se dispôs a estudar um assunto
necessário para sua formação todos os dias.
Se o quarto de estudos estiver desarrumado,
se os livros ou outros materiais não estiverem
ao alcance, você terá muitas desculpas para
não estudar. Antecipe-se, portanto, e acabe
com todas as suas desculpas agora. Arrume
108
Não fuja: Faça um exame de consciência todas as noites

hoje mesmo tudo o que for necessário para


cumprir sua meta de Ano Novo.

Não fuja: Faça um


exame de consciência
todas as noites
Todas as noites, com calma, você vai pensar:
“estou mais próximo ou mais distante de
cumprir bem minha meta de Ano Novo?”
Se, fazendo essa meditação, você percebe que
não anda cumprindo sua meta, você jamais vai
optar por desistir dela.
Pelo contrário, você vai pensar: “o que está me
impedindo de realizar essa meta? É o ambiente
desarrumado? É o horário que planejei? O que
não está funcionando?”
Feito o exame de consciência, você vai, aos
poucos, reorganizando o que estava fora de
ordem.
109
Um Feliz Ano Novo

Um Feliz Ano Novo


Nós não estamos apenas desejando que você
tenha um feliz ano novo. Estamos confiantes
de que isso vai acontecer. Afinal de contas,
até você chegar a esta página, você assinou o
GW, leu o e-book e resolveu os exercícios. Isso
mostra que você tem duas coisas: iniciativa e
vontade de amadurecer, de ser melhor todo dia.
Com isso, não nos despedimos. Estaremos
com você no GW, em cada aula e em cada
Caderno de Ativação, prontos para fazer deste
ano o melhor de nossas vidas.

Feliz 2023!
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