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AULA 1 ESPECIAL: AS 12 CAMADAS HUMANAS

Doze camadas
da personalidade
e faculdades hu-
manas enquanto
princípios
de ação

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AULA 1 ESPECIAL: AS 12 CAMADAS HUMANAS

O que será
tratado
nesta aula
Nesta aula, dr. Italo Marsili comenta o
desenvolvimento da descrição das doze
camadas da personalidade por Olavo de
Carvalho. Em seguida, analisa as sete
faculdades humanas enquanto princípios
de ação, bem como a percepção do “eu”.

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Origem e desenvolvimento
das doze camadas da
personalidade

A elaboração das doze camadas da


personalidade humana não é uma
teoria, mas uma descrição. Foi desenvolvida
pelo professor Olavo de Carvalho a partir de
sua convivência com o dr. Juan Alfredo César
Müller, psicólogo que sabia utilizar técnicas
variadas, e até alternativas, para tratar uma
pessoa concreta.

A descrição das doze camadas da


personalidade consiste em uma síntese de
diversas correntes de psicologia, sobretudo
as contemporâneas. Olavo de Carvalho
percebeu que as linhas terapêuticas não
necessariamente se opõem umas às outras.
Pelo contrário, elas estão relacionadas e
mostram uma evolução possível.
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Existem problemas de certa etapa da vida


que serão bem abordados pela psicanálise
(4ª camada); uma vez que o tratamento seja
bem sucedido, o paciente será direcionado
para a próxima abordagem, a terapia
junguiana, por exemplo (5ª camada). Em
seguida, vêm as técnicas de coaching para
resolver problemas da vida prática (6ª
camada); depois, a terapia adleriana, tendo
em vista o complexo de inferioridade diante
da comunidade (7ª camada).

No entanto, não há uma linha terapêutica


adequada para abordar o confronto com
a morte (8ª camada), e isso é terrível.
Uma das maiores causas de incidência do
suicídio é ausência de recursos interiores
para dar uma resposta satisfatória diante
do confronto com a morte. A formação
de terapeutas capazes de desenvolver de
uma linha terapêutica que dê conta disso

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do ponto de vista acadêmico é uma das


pretensões da Certificação Italo Marsili®.

Carta de motivação como


ferramenta terapêutica
Julián Marías foi um autor exuberante e, ao
mesmo tempo, acanhado. De acordo com
ele, só existem duas perguntas na Filosofia
– “o que será de mim? Quem eu sou?” e
“para onde vou?” – e, ao responder uma,
deixamos de responder a outra, ou seja, este
seria um problema insolúvel.

Curiosamente, sem perceber, sua própria


obra Antropologia Metafísica dá uma
resposta a essa questão, em um capítulo
chamado “Salvação”: é no céu, na salvação,
que as duas perguntas são respondidas de
modo simultâneo e perfeito.

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Julián Marías sustenta a necessidade de


uma abordagem chamada bioiatria, uma
correção das lesões biográficas diante
da morte. Esse é um tema que pode ser
desenvolvido, reunindo recursos teóricos
para ajudar os pacientes a escreverem a
história de suas motivações.

O dr. Paulo Pacheco, por exemplo, analisou


cerca de 14 mil cartas de postulantes à vida
religiosa descrevendo suas motivações.
Havia ali uma estrutura de redação. Essa
é uma ferramenta muito eficaz para o
terapeuta, que está disponível há séculos,
mas passou despercebida. Temos, portanto,
um campo enorme de desenvolvimento da
psicologia contemporânea. A uma pessoa
diante da morte, temos de oferecer recursos
para que possa narrar sua justificativa vital.

A carta de motivação tem certa


proximidade com o necrológio, mas é

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diferente deste, que pode ser muito falso,


sobretudo se o paciente ainda tem uma
personalidade imatura, com intenções vazias.

Faculdades humanas e
percepção do “eu”
As doze camadas da personalidade humana
podem ser representadas por um círculo
dividido em doze partes. A passagem de
uma camada para outra acontece por
meio do desenvolvimento das faculdades
humanas: da 1ª para a 2ª, por meio do senso
comum; da 3ª para a 4ª, razão; da 5ª para
a 6ª, apetite concupiscível; da 7ª para a 8ª,
apetite irascível; da 9ª para a 10ª, intelecto
ativo; da 11ª para a 12ª, intelecto passivo; e
no centro está a vontade.

Até aqui, todas as vezes que as faculdades


humanas foram mencionadas, nunca

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se fez uma pergunta que, na verdade, é


fundamental: as faculdades têm, em si,
um princípio de ação ou precisam ser
provocadas por algo externo?

Como o intelecto passivo – a inteligência


por cima de toda a inteligência – pode
perceber a realidade como se estivesse
por fora do “eu”? Voltamos à história
do cachorro: ele não pode marcar
compromissos para outro dia, outro lugar,
porque está dentro do tempo e espaço. O ser
humano, ao contrário, consegue perceber a
passagem do tempo – e só o faz porque algo
dele está fora do espaço e do tempo.

O “despertar” acontece não quando


percebemos a finitude do tempo, mas a
continuidade da eternidade: há coisas
eternas, estáveis, duráveis e pode ser que
tenhamos uma permanência lá.

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Há ainda outra provocação: como alguém


consegue perceber que existe algo chamado
“eu”?

Uma pessoa só consegue perceber que


tem um corpo porque tem algo em si, uma
espécie de ponto de vista, que está para
fora do corpo, que consegue trabalhar
com conceitos que estão para além dos
conceitos corporais. E, com isso, consegue
também perceber o próprio corpo.

Mas, para além do corpo, existe algo mais


grave e importante para o desenvolvimento
da psicologia, que é o fato de conseguirmos
falar “eu”. Para isso, é preciso que a
inteligência esteja em algo, ou possa
receber algo, que é inteligente, tem “eu” e é
superior ao “eu” individual.

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Comentário sobre a transição


de uma camada a outra
Não se sabe exatamente o que leva uma
pessoa de uma camada à próxima; pode
ser uma pessoa que o ajuda ou uma
circunstância favorável, de todo modo, até
aqui, parece ser algo ao acaso. A pretensão
é que cada terapeuta certificado seja capaz
de tornar esse fenômeno da passagem
reproduzível, mas, para isso, é necessário
trabalhar os elementos visíveis e invisíveis.

Comentário sobre as moradas


do Castelo Interior
Na obra Castelo Interior, de Santa Teresa
d’Ávila, parece haver um “eu” no centro
que chama o “eu” que ainda está dentro
do castelo. As moradas são como uma

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camada dentro da outra. O “eu” que está


na 7ª morada ainda não é o “eu” que está
no início e, ao mesmo tempo, o é, porque
é quem a pessoa se tornará ao passar por
todas elas.

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