Um dos grandes problemas hoje em dia é o reducionismo
antropológico. Por quê? Porque se por trás de toda concepção educacional sempre existe uma certa concepção do ser humano subjacente ali, se você tem uma concepção reducionista do ser humano, evidente que isso vai interferir nas suas concepções pedagógicas, educacionais etc.; então é um grande problema, porque, ou você reduz o ser humano na sua dimensão fisiológica ou, meramente biológica, ou o que é mais comum hoje que é o pensamento materialista, é uma visão materialista do ser humano. Mas existe também o contrário, existe o chamado reducionismo espiritualista, que também é um problema, que é quando você reduz o ser humano à sua dimensão espiritual, e isso também não é legal, ou seja, no fundo no fundo, tem a corporeidade, o psiquismo, tudo isso está ligado ao fisiológico, mas quando você analisa essa realidade humana de perto, você vê que o ser humano tem uma dimensão espiritual também; mas espiritual em que sentido? Não é no sentido religioso, ou seja, as atividades, o ser do ser humano e aquilo que ele realiza, não se reduz aos seus sentidos externos (visão, olfato, tato, paladar e audição) ele também tem os sentidos internos (entra no psiquismo) que é o sentido comum, chamado de estimativa cogitativa (estimativa dos animais, cogitativa do homem) e a bendita questão da imaginação e da memória sensível. Nessa estrutura da nossa sensibilidade, está envolvido tanto a nossa corporeidade como o nosso psiquismo, mas o ser humano não se reduz a isso, ou seja, eu não possa negar essas 2 dimensões do ser humano, mas eu não posso reduzir o ser humano a isso. Por quê? Porque o ser humano também é espírito. É espírito em que sentido? O ser humano realiza coisas e ele é capaz de viver coisas, que vão além da potencialidade da matéria. Existem vários argumentos e várias discussões, mas tem uma coisa que nos ajuda a contatar isso: se o ser humano fosse pura matéria e movimento, ou se o ser humano fosse simplesmente um conjunto de átomos e moléculas, ou seja, matéria refinada evoluída no sentido bem fisiológico, se ele fosse isso apenas, a própria pergunta que nós fazemos: o que é o homem, não seria possível. Quando me perguntam: “professor, como o senhor demonstra que o ser humano é espírito”. Pela pergunta que você está fazendo. Quando você homem, pergunta o que é o homem, isso já mostra que você não é só matéria. Você não vê uma pedra perguntando o que é pedra, uma planta perguntando o que é planta, um cavalo perguntando o que é o cavalo, mas vê uma única espécie perguntando quem eu sou e o que significa ser homem, ou seja, o ser humano realiza um ato chamado reflexividade. Ele é capaz de voltar-se sobre si mesmo, de inspecionar e investigar a si próprio, e por aí vai... O cérebro não é um órgão da inteligência, ele é um instrumento que a inteligência usa; O professor não é aquele que transmite conhecimento, mas é aquele que ajuda o aluno a ver a verdade. Porque se ele vê, ninguém arranca aquilo mais da alma dele. O professor ensina o aluno a usar a sua razão de forma reta, para que ele busque, ame e veja a verdade. Porque aí sim ele vai ter o convencimento interior por ter conhecido de fato a verdade. Muitos pais e professores acham que sabem, mas não sabem... Não é que você tem que ter uma visão negativa de si mesmo, não é isso... Não confunda o ser humilde com ser pessimista, o humilde não é pessimista, ele é realista. A pessoa que tem a virtude da humildade ama a verdade. O grande amor do humilde é a verdade. Por que o que é a verdade? É aquilo que revela e mostra a realidade tal como ela é. Então o ser humano não é só corporeidade e nem só psiquismo, mas ele também é espírito. E onde entra as nossas duas grandes faculdades espirituais: é a inteligência e a vontade. A inteligência e a vontade estão relacionadas justamente a esse aspecto espiritual, por isso que eu não posso reduzir o ser humano à corporeidade e ao psiquismo. Ainda estou numa estrutura básica, material fisiológica, mas quando entro nessa dimensão pneumática, aí entra a inteligência e a vontade, onde se estabelece uma terceira relação: que é a relação de transcendência com o Absoluto. Então o ser humano, além de ser capaz de sair de si e ir ao encontro do outro, ele é capaz de ir ao encontro do totalmente outro. Nossa inteligência naturalmente busca o Ser, busca conhecer a verdade. Existe um movimento da nossa inteligência que se chama: movimento intencional. É um movimento natural, próprio da nossa inteligência ir ao encontro do Ser, buscar a verdade sobre as coisas. Mas a linguagem neutra é muito criminosa, porque se existe o movimento natural da nossa inteligência e nossa inteligência é uma potência da alma e se o cérebro não é o órgão da inteligência, mas o instrumento, veremos a consequência, pois, se estabelecemos uma linguagem neutra a uma criança, estamos a prejudicando em todos os sentidos. Pensamento do povo que segue uma ideologia: a inteligência é construção; é resultado da relação que o ser humano tem com o mundo. Isso é uma visão biologista, onde eu tenho toda uma dimensão de vida, relação com o real e a inteligência vai se construindo, ou seja, para eles não é potência da alma. Não tem natureza no sentido metafísico em Piaget. Biologia... Por isso que ele faz uma psicologia genética. Ele desenvolve uma psicologia genética, presume toda uma biologia e cruza com elementos com o pensamento de Kant. Piaget não criou um método pedagógico, ele criou os pressupostos para o construtivismo. O problema em Piaget está no conceito de inteligência. O problema é o que ele entende por inteligência e toda essa maneira de compreender a relação entre pensamento, linguagem e realidade, que vai gerar o método construtivista. Vygotsky entra na jogada (possui um elemento marxista), vem e faz o sócio construtivismo, que é mais radical ainda porque ele vai procurar mostrar que todo esse elemento cultural, social, passa pela linguagem. Ele diz que não pode ensinar a gramática culta pois ele diz ser da burguesia, é de uma classe social que foi impondo à sua maneira de ver o mundo através da linguagem; Os humanos têm instintos, mas não são tão fortes como nos animais. Os instintos vão predominar em nós, se nós quisermos, se nós deixarmos, mas o ser humano tem possibilidades de ordenar os seus instintos. Ele pode escolher o meio e o fim para os seus instintos... Os animais não. Então o ser humano tem cogitativa, ou seja, o ser humano avalia as coisas, mas ele avalia a partir daquilo que ele realmente está captando e entendendo. Imaginação: sentido interno; então está no nível corpóreo; então tem uma base orgânica; e quando essa base orgânica dá problema que é uma região lá do cérebro, danou-se tudo. Função da imaginação: 1- Quando os meus sentidos externos captam as informações dos objetos, meu sentido comum organiza e a cogitativa já avalia se aquilo é perigoso ou não, a minha imaginação trabalha a partir daquilo que o sentido externo trouxe e a partir do trabalho do sentido comum; E aí o que a imaginação faz: ela elabora uma imagem sensível a partir das informações provenientes dos 5 sentidos e da organização que foi feita a partir do sentido comum; então ela gera uma imagem sensível. E nessa imagem sensível ela já também guarda um pouco a avaliação que foi feita daquele objeto. Essa avaliação e essa imagem sensível é guardada na imaginação. Todo mundo acha que essa imagem sensível e essa avaliação é guardada só na memória... Não... A memória sensível vai guardar as avalições principalmente.
2- A imaginação fornece para a inteligência informações, ou
seja, a inteligência trabalha sobre a imagem sensível que foi fornecida pela imaginação; temos sensações e ao mesmo tempo percepções, porém, elas não são a mesma coisa. As sensações são externas e as percepções internas. Mas a sua imaginação complementa a sua percepção, a partir do que está nela. Temos que educar a inteligência, a vontade, porém, não tem como educar se antes você não educar os sentidos externos e a imaginação. Exemplo: pode se educar pela educação física e pela educação moral dos sentidos externos, mas essa educação moral foi abandonada. Você tem que mostrar para a pessoa que a visão é uma capacidade sim, mas não de ver qualquer coisa e sim, de ver o que é importante. Os nossos sentidos são as portas e janelas da nossa alma, então tem que haver uma educação disso. Se a imaginação de uma criança não for bem orientada e estimulada, ela não conseguirá imaginar coisas belas. O importante é imaginar o verdadeiro, bom e belo, só que com a imaginação ela não vai conseguir imaginar o verdadeiro e o bom, é pelo belo. Por isso é preciso estimular a criança a imaginar coisas belas. Gerar imagens belas a partir de imagens belas. Por isso a educação dos sentidos externos, não podemos permitir que entre qualquer coisa pelo olho e pela audição. O ideal é ler livros e contar histórias. Todo conhecimento gera um tipo de apetite; se temos um certo tipo de conhecimento, desse conhecimento vai brotar algum tipo de apetite; se existem potências da alma que são vegetativas e sensitivas, dessas potências sensitivas, eu vou adquirir um conhecimento sensível. E desse conhecimento sensível brota desejos e impulsos. Então quando dizemos que temos um desejo, não estamos tendo uma vontade. Desejo e vontade não é a mesma coisa, ou seja, o desejo é um apetite, e a vontade também, mas o desejo é um apetite sensível, ele está baseado no conhecimento sensível. E o que é um conhecimento sensível? É um conhecimento de uma coisa particular a partir das suas características exteriores. Pelo conhecimento sensível não temos o conhecimento profundo da essência; conhecemos na sua exterioridade, que ela existe, que ela ocupa um lugar no espaço, que ela tem determinados elementos qualitativos ou quantitativos... É cognição. Apetite concupiscível é um impulso que te leva a obter um objeto que vai te dar um prazer rápido. Ao possuir aquele objeto, automaticamente você tem uma satisfação e um prazer. Isso é um desejo; Apetite irascível é um impulso do ímpeto, coragem, ira. Os bens árduos e difíceis, nós buscamos porque temos o apetite irascível. Precisamos dos dois. Isso só se torna um grande problema em nossa vida quando ocorre a desordem. Então, quando as potências espirituais são subjugadas às potências orgânicas, aí começou a bagunça porque você submeteu o superior ao inferior. Daí a sua inteligência e a sua vontade é usada simplesmente para satisfazer os seus desejos e os impulsos. Ao invés de ela ter o desejo e o impulso para satisfazer a inteligência e a vontade, ela inverte. Aí a pessoa chega no psicólogo diagnosticado com um monte de coisa: deprimido, irritado, não vê sentido na vida, não quer estudar etc. Qual a causa de tudo isso: desordem. A pessoa está com a vida completamente desordenada.
AS FACULDADES DA ALMA E AS VIRTUDES (AULA 02)
A vontade é um apetite intelectual, ou seja, se o desejo e impulso são apetites sensíveis e depende do conhecimento sensível, a vontade é um apetite intelectual, portanto de uma certa maneira, a vontade depende daquilo que a inteligência apresenta para ela. Esse apetite intelectual que é a vontade, tende a buscar o bem e a vontade para querer algo basta que o bem seja aparente, não precisa ser real. Quem apresenta para a vontade qual o objeto e o bem que ela deve querer é a inteligência. Por isso dizemos que se você quer educar a sua vontade, tem que educar a inteligência. Se você não educa a sua inteligência, ela vai apresentar o que não convém para sua vontade. Por isso eu preciso educar o meu intelecto porque a minha inteligência vai apresentar para minha vontade aquilo (aquele bem) que ela deve querer e amar. E, portanto, a inteligência pode apresentar pra a vontade um bem aparente, ou seja, uma coisa que parece boa, mas não é, porque a inteligência pode falhar. Então preciso ajudar a minha vontade, muitas vezes a gente está sem vontade ou a vontade está confusa, porque a inteligência está confusa, então é preciso trabalhar o intelecto dessa pessoa. Está faltando clareza, conhecimento, a inteligência está confusa, então tenho que investir na inteligência, tenho que esclarecer, daí a inteligência vai apresentar determinados bens mais convenientes para a nossa vontade. Porém, é preciso tomar cuidado porque nossa tendência é achar que a inteligência é a faculdade mais forte, mas não é tão simples assim. Se quem conhece é a inteligência a partir das informações que vem pelo sentido, então no fundo nós buscamos a verdade pelos sentidos e pela inteligência, e nesse caso quem conhece sou eu, por meios dos sentidos e por meio da minha inteligência, então a inteligência depende dos sentidos e a vontade depende da inteligência. Mas o problema é se quem conhece a inteligência, a inteligência fala e mostra qual é o bem que a vontade quer querer, mas por outro lado quem é que move a inteligência é a vontade. A vontade é que move a inteligência. A vontade é que fala pra inteligência: busque conhecer, vai atrás; por isso a faculdade mais superior que nós temos é a vontade porque a vontade manda nos sentidos externos, a vontade que move o intelecto. A vontade tem uma natureza espiritual igual a inteligência porque quando você quer querer, você está fazendo com que a vontade volte sobre si mesma. Romanos 7, 14 vai dizer: Não consigo fazer o bem que quero, mas faço o mal que não quero porque o pecado habita em mim. Santo Agostinho vai interpretar esse versículo dizendo o seguinte: isso é uma prova que depois do pecado original, o ser humano tem uma vontade dividida. Por que não conseguimos fazer o bem que queremos e porque fazemos o mal que não queremos: porque na realidade o bem que queremos, não queremos totalmente, queremos parcialmente. E aquele mal que não queremos, também não queremos totalmente, mas parcialmente. Então tanto o nosso querer como o nosso não querer é dividido. Por isso que a gente não vai nem para um lado e nem para o outro porque existe uma cisão interior em nós, e vivemos no nosso interior muitas vezes um dilaceramento volitivo. Por isso muitas das vezes estamos deprimidos e angustiados. A origem do mal (do pecado) está na perversão da vontade, está no abuso do livre arbítrio. O nosso conhecimento é processual, a nossa inteligência depende dos sentidos, então por isso que o ser humano, como existe a possibilidade do engano, tem a possibilidade do arrependimento, e aí entra a questão da misericórdia. O anjo não, eles só têm as faculdades superiores: intelecto e vontade porque o conhecimento deles é muito mais claro que o nosso. A verdade que a inteligência conhece, apresenta para a vontade como um bem que ela deve amar e buscar. A vontade tem uma inclinação natural de ir em direção ao bem. Ora, qual é o grande bem na nossa vida? Deus. Então por que que a nossa vontade já não se inclina que naturalmente já busque a Deus já que Ele é o bem supremo e mais perfeito? Porque por mais que a nossa vontade tenha essa inclinação natural para esse bem de querer a Deus, o nosso conhecimento é limitado. Como o nosso conhecimento é limitado e pode se enganar, então o limite do intelecto bate no limite da vontade. Deus te deu a inteligência para conhecer a verdade; Deus te deu a vontade para querer o bem; Deus te deu a imaginação para admirar o belo; Como é que eu faço para a vontade não querer o Bem? Arrebenta a inteligência; Como é que eu faço para a inteligência não buscar a Verdade? Arrebenta a imaginação; Faça uma análise histórica rápida: Século XVIII – Agnosticismo – espírito cético, ou seja, você vê lá o Kant e outros autores desconfiando da razão, ou seja, a razão humana não tem a capacidade de conhecer o real, a verdade em si mesma. Então começa a se falar dos limites da razão; a razão não consegue conhecer a verdade; a razão não sabe a verdade nem sobre o mundo, nem sobre Deus, nem sobre si mesmo, sobre nada. É o agnosticismo epistemológico, que gera o agnosticismo religioso e moral; O pessoal percebeu que não adiantava bater na inteligência, tem que bater na vontade; então, começaram a falar de ética: quiseram tirar as virtudes; começaram a falar de ética de dever: aí bate na vontade também, ou seja, da mesma forma que a inteligência não tem capacidade de conhecer a verdade, a nossa vontade necessariamente não busca o bem também, ou, o bem que a vontade busca é relativo; Mas não adiantou; eles foram percebendo que essa crítica não adiantava; bateu na razão, bateu na vontade, e a coisa continuava. Daí começa no século XIX as vanguardas artísticas, ou seja, temos que relativizar o belo, temos que entender que o feio vira belo e o belo vira feio, dependendo da perspectiva. Temos que fazer movimentos artísticos: onde você pendura uma privada na parede e chama aquilo de obra de arte, joga um monte de tinta numa tela e admiravam... o que estou fazendo com isso? Arrebentando o imaginário; e aí deu resultado; na medida em que começou a bater no imaginário e relativizar o belo, você quebra as artes do belo. As artes do belo não são mais artes do belo, porque não existe belo; o belo é relativo. Então a pintura, a escultura, a literatura, o teatro, o cinema etc., não são mais artes do belo, são simplesmente abstrações e expressões de uma experiência estética subjetiva. Ou seja, não tem mais relação com a realidade, é apenas algo vivenciado no interior. Então se resultou no seguinte: eu não amo uma coisa porque é bela, mas ela é bela porque eu a amo; é a subjetividade total do gosto. E se, portanto, uma coisa é bela porque eu gosto, então é o meu gosto que transforma ela em belo. Ora, nós somos diferentes e por isso o gosto também é diferente, logo cada um tem o seu belo. Então se cada um tem o seu belo, o que é feio para você pode ser bonito pra mim. Relativização total; e assim vou arrebentando o imaginário e relativizando o belo. Um ser humano que não consegue admirar o belo, ele nunca vai conseguir aceitar a verdade e o bem; será impossível. Por que o que é a verdade? É o Ser conhecido pela inteligência. E o que é o bem? É o Ser querido pela vontade. E o que é o belo? É o Ser admirado pela imaginação; E é por isso que tem que haver uma desrealização, porque pela desrealização, eu coloco todo mundo na bolha, ninguém tem mais relação com o Ser. Mas para não ter relação com o Ser, eu tenho que deixar você entender que o Ser se reduz ao ser linguístico, porque se o Ser se resume ao ser da significação, o belo, o verdadeiro e o bom não existe, é relativo. Então eu tenho que criar bolha linguística, o ser se reduz ao ser linguístico, porque eu remeto um significado a outro significado, e, portanto, arrebentando a sua imaginação, você não vai mais contemplar o ser através do belo e nem vai conseguir captar o ser pela inteligência e muito menos pela vontade. Porque no fundo, no fundo, o belo, e verdadeiro e o ser, são transcendentais do ser. Essas faculdades são capacidades que necessitam de qualidades distintas delas mesmas para serem regidas, para serem usadas adequadamente. Se o ser humano vai se corrompendo moralmente, se um monte de vícios vai tomando conta da nossa alma, o que acontece? Não conseguimos fazer o uso adequado das faculdades, ou seja, na medida que o meu caráter vai perecendo, eu não pergunto mais sobre as grandes questões, eu não me interesso mais sobre as grandes verdades, vou me preocupando só com o aqui e agora e aquilo que me dá prazer, ou seja, as minhas faculdades, sejam sensitivas, intelectivas ou volitivas, se elas não forem bem orientadas, controladas, elas vão indo por um caminho escorregadio, ou seja, pelo ralo, daí eu passo a fazer o uso corrompido dessa inteligência, dessa vontade, desses sentidos. Nesse caso não estou usando os meus sentidos para o bem, não estou usando a minha inteligência a minha vontade para me tornar um ser humano melhor. A corrupção moral faz com que percamos a capacidade de fazer um bom uso de tudo isso. Ser inteligente não é só ter habilidades, não é só saber fazer coisas, a inteligência é a capacidade de ver a verdade e de aderir a ela. O problema é que nós reduzimos a inteligência com a habilidade de fazer coisas, capacidade de resolver problemas. Se o ser humano quer ter uma vida abundante e ser um bom ser humano no sentido ético, ele precisa das virtudes; Por que que nós precisamos das virtudes? Porque naturalmente falando nós nascemos com um monte de potências (ou faculdades), mas essas faculdades não nascem prontas e acabadas e por isso precisamos poli-las, desenvolvê-las, amadurecê-las e precisamos aprender a usá-las adequadamente. E só conseguimos isso pelas virtudes; sem as virtudes vai dar problema. Santo Agostinho dizia que a virtude é a ordem do amor ou amar ordenadamente. O amor move o ser humano porque o amo é o ponto de partida. Na sua época se dizia que tudo tem um peso e santo Agostinho fazia o seguinte raciocínio: se tudo tem um peso, então a minha alma também tem um peso, a vontade humana tem um peso, então ele dizia que o meu peso é o meu amor. Peso é aquilo que direciona, que orienta; então se o peso direciona e orienta e se o nosso peso é o amor, quer dizer o seguinte: dependendo do tipo de amor que prevalece na sua alma, na sua vontade, esse amor vai direcionar a sua alma e a sua vontade. Então se na sua alma prevalece um amor desordenado, esse amor vai fazer com que você queira e busque o temporal e despreze o eterno. Mas se o amor que prevalece na sua alma é um amor ordenado, esse amor vai fazer com que você ame as coisas de maneira proporcional, ou seja, de maneira justa. E amar de forma justa é amar cada coisa de acordo com o seu grau de perfeição. O que é perfeito eu amo mais e o que é menos perfeito, amo menos; Logo, eu preciso buscar ter um amor ordenado na minha alma porque se a minha alma for ordenada, ela vai ser movida por um amor ordenado. Portanto, se a minha vontade, se a minha alma é aquilo que me movimenta, que me leva em direção para algum lugar, eu preciso me perguntar: qual é o amor que está me dominando? Aí vem a grande pergunta: como é possível alguém pensar, querer, admirar e contemplar adequadamente, sendo portador de uma alma doente, permeada de vícios, paixões e amores desordenados? É aqui que está o X da questão. Por que as crianças, jovens e adultos muitas vezes não aprendem? Porque é uma alma enferma, escrava de um monte de vícios, e os vícios sufocam; por isso muitos dizem a famosa frase: o pecado emburrece. Não perdemos a inteligência, nem a vontade e nem os sentidos, mas a capacidade de usá-los bem vai diminuindo cada vez mais. O exercício das virtudes morais refreia as paixões, portanto, são importantíssimos para o uso adequado das nossas faculdades. Ou seja, os vícios relaxam a nossa tensão; eles tiram a nossa concentração; eles nos dispersam. Por isso é difícil educar uma criança ou um adolescente cheio de vícios, ele não consegue se concentrar, fica disperso constantemente. Precisamos das virtudes por esses motivos naturais, mas existe também o segundo motivo: porque nós somos filhos de Adão. Quando Adão caiu e pecou, nós caímos junto com ele. A natureza humana foi profundamente ferida em Adão. A natureza humana antes do pecado original era pura, íntegra... Depois passou a ser uma natureza humana ferida, machucada, portanto, precisa de ajuda. Existia uma harmonia entre a inteligência e a vontade sobre a nossa sensibilidade... Isso é quebrado; existia uma harmonia entre o homem e a mulher... Isso foi perdido... Começou uma relação de tensão e dominação; existia uma harmonia no mundo (o ser humano com outras criaturas). Isso também se perdeu. A criação em geral se tornou hostil ao homem. Quais foram as consequências do primeiro pecado nos primeiros pais? 1- A perda da justiça original – a filiação divina e os dons preternaturais (dom infuso, não sofrer, a integridade, a harmonia interior) constituíam a justiça original; A filiação divina era a capacidade que o ser humano tinha de participar da vida de Deus; Adão e Eva perderam isso, eles não têm mais a graça santificante. A tríplice concupiscência invadiu a nossa natureza; a desordem das paixões, a própria morte, o próprio sofrimento, essas foram as consequências em geral; 2- Esconder-se de Deus, ter medo Dele, não querer estar na sua presença pois não tem mais a intimidade, isso foi outra consequência; tudo isso em Adão. Pecado original ou originante = pecado de Adão – o primeiro pecado, que abriu a porta para os problemas; O pecado original nosso é chamado de pecado original originado – a situação e a condição que o ser humano se encontra quando ele é gerado, quando nasce para esse mundo; Um bebê quando nasce, ele nasce com o pecado original, mas não com o pecado pessoal porque ele não tem condições ainda para realizar atos que sejam pecaminosos. Dizer que ele tem pecado original, quer dizer que ele nasceu privado da justiça original, ou seja, ele nasceu carente da filiação divina e dos dons preternaturais. Nascemos sem isso porque Adão e Eva perderam isso; perderam e não tinha mais como transmitir o que eles não tinham mais; então Adão e Eva transmitiram para nós a natureza humana do jeito que ela se encontrava neles, naquele momento após a queda. Então uma criança nasce com o pecado original no sentido que ela nasce numa situação de ausência, ou seja, ela não tem a graça santificante, a filiação divina e os dons preternaturais. Não bastasse só isso, para ajudar nós nascemos com a concupiscência, ou seja, nós nascemos com uma inclinação para a desordem, para o mal; a criança não é má, mas nasce com essa tendência para o mal; e o conserto de tudo isso começa com o batismo; quando a criança é batizada, Deus perdoa e purifica a criança; Quando é batizado, a criança recebe de volta a filiação divina e a graça santificante (que também é chamada de graça habitual). Perdemos novamente quando cometemos pecado mortal; A concupiscência não apaga porque isso é punição. Os efeitos do pecado original: os efeitos na sensibilidade e os sentidos exteriores: o meu olhar busca a curiosidade por satisfação; ele não busca mais de fato conhecer; ele não busca ver aquilo que é necessário ser visto; é a curiosidade que domina muitas vezes o olhar; o tato busca sensações agradáveis; e por aí vai; a própria desordem atingiu os sentidos externos; os sentidos interiores também foram atingidos: a imaginação apresenta cenas sensuais; a imaginação não consegue ter o controle de simplesmente gerar uma imagem sensível; as circunstâncias e a nossa natureza decaída também nos tenta, não somente o demônio; Obsessão: é quando o demônio ataca a mente da pessoa; Possessão: é quando o demônio entra no corpo da pessoa; ela está sendo possessa na corporeidade, mas não na inteligência e vontade; Por isso que nós precisamos educar os nossos sentidos internos e externos; e no sentido espiritual, o pecado original atingiu os nossos sentidos; eles não foram destruídos, mas ficaram desordenados; o demônio não acessa a inteligência e a vontade, mas ele pode tocar na imaginação e na memória;
O QUE SÃO VIRTUDES E COMO ADQUIRÍ-LAS (AULA 3)
Por causa de toda essa situação, ficou muito mais difícil de conhecer a verdade; a inteligência precisa de um paciente trabalho para conhecer as verdades fundamentais, ou seja, a inteligência humana não capta as verdades fundamentais de uma maneira tão rápida e simples como se fosse uma evidência; pressupõe esforço, uma disciplina. Absorve-se no estudo das coisas criadas e esquece o criador, ou seja, a nossa inteligência acaba tendo um interesse muito maior pelas coisas temporais, e nem tanto interesse pelas coisas eternas; Então a inteligência tem mais dificuldade de aprender, tem mais interesse pelo temporal do que pelo eterno, alimenta a vã curiosidade, busca o temporal e esquece o eterno; A nossa vontade também foi afetada; temos uma vontade rebelde, que quer ser independente de qualquer autoridade. O pecado original é um dogma; A tendência natural depois do pecado original é ser rebelde, é não se submeter, por causa da nossa soberba, o orgulho está em nós. Nascemos com o pecado original, porém, no batismo, Deus nos deu determinadas coisas para enfrentarmos esse problema: algumas potencialidades adequadas: as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo; Quando fomos batizados recebemos 7 virtudes e 7 dons. Virtudes infusas: porque foi colocada por Deus. São sementes de virtudes que Deus colocou na nossa alma no dia do nosso batismo. Nessas virtudes infusas existem as: teologais (fé, esperança e caridade) e as morais, ou fundamentais, ou naturais, ou cardeais (prudência, justiça, temperança e fortaleza). As virtudes cardeais podem ser adquiridas pelo ser humano ao longo da sua vida; ao contrário das teologais... Deus deu e o ser humano não conseguiria adquirir sozinho. Essas sementes de virtudes precisam ser cultivadas. E Deus também deu os 7 dons do Espírito Santo: sabedoria, entendimento, ciência, conselho, piedade, fortaleza e temor de Deus. Dentre os dons do Espírito Santo, 4 dons estão relacionados ao conhecimento; Deus nos deu para ajudar no nosso conhecimento e os outros 3 dons, foram dados pra ajudar na restituição da nossa vontade e sensibilidade; e as 7 virtudes? A mesma coisa. Então os 7 dons e as 7 virtudes, ajudam a restaurar a nossa inteligência, vontade e sensibilidade; Então pela revelação, pelo conhecimento natural, eu preciso das virtudes porque não nascemos pronto e acabado; pela fé nós precisamos das virtudes porque somos filhos de Adão; mas só as virtudes não são suficientes: precisamos também dos 7 dons do Espírito Santo; Olha a tabela: o que é que Deus deu para ajudar na restauração da nossa inteligência? O dom da inteligência = virtude da fé (te ajudam aceitar melhor as verdades reveladas por Deus) O dom da sabedoria = virtude da caridade (pelas duas, a nossa inteligência vai ser ajudada a emitir juízos equilibrados sobre a realidade divina) O dom da ciência = virtude da esperança (olhamos o mundo e a obra criada e vemos pelo dom da ciência porque essas coisas existem, qual é a razão de ser dessas criaturas). Temos a certeza de que Deus não terminou aquilo que Ele começou. Por isso que a esperança não é pensar positivo; a esperança é a certeza de que Deus é fiel e que Ele termina tudo o que começa. O dom do conselho = virtude da prudência (o dom do conselho nos ajuda a discernir sobre as nossas ações: o que fazer e o que não fazer. E a virtude da prudência nos ajuda a distinguir o bem do mal e ver o que fazer conforme cada situação. O problema da virtude da prudência é que ela tem dupla face. Ao mesmo tempo que ela é uma virtude moral, que ajuda a aperfeiçoar a nossa vontade, a ver o bem a ser buscado e o mal a ser evitado, se a minha razão foi boa ou foi má, a virtude da prudência também é uma virtude intelectual; Com esse 4 dons e virtudes a nossa inteligência vão sendo restauradas. O dom da piedade = virtude da justiça (por que que o dom da piedade ajuda na nossa vontade? Porque nem sempre a gente tem uma vontade reta que quer prestar um culto reto a Deus; então o dom da piedade ajuda a vontade querer o que ela deve e principalmente a amar a Deus, a zelar as coisas de Deus e a prestar um culto reto a Deus. A justiça é dar a cada um o que lhe pertence. A primeira virtude que brota da virtude da justiça é a virtude da religião. Não existe a virtude da religião sem a virtude da justiça; O dom da fortaleza = virtude da fortaleza (o dom vai de fato agindo na sua vontade para que ela consiga enfrentar determinados obstáculos; e a virtude ajuda a enfrentar as barreiras exteriores e interiores). O dom do temor de Deus = a virtude da temperança (o dom do temor não é ter medo de Deus, mas ter o zelo, o apreço, esse desejo de não ofender a Deus. Tanto o temor de Deus quanto a temperança ajudam a restaurar não só a vontade, mas também a sensibilidade porque a temperança nos dá moderação, no falar, no ouvir, no olhar. A modéstia está aí. A modéstia não passa só pela roupa que você usa, mas também pela postura. O homem tem que aprender a modéstia, e onde é o ponto fraco do homem? Ele tem que ter modéstia no olhar. Tentação do homem está no ver. O da mulher está no falar e ouvir;
Precisamos das virtudes:
Do ponto de vista natural porque não nascemos prontos e acabados, precisamos usar bem as nossas faculdades naturais; Do ponto de vista espiritual e religioso porque somos filhos de Adão, o pecado original fragilizou as nossas faculdades naturais; E o que são virtudes? São hábitos, não no sentido de atitudes permanentes, é hábito no sentido de disposições interiores permanentes. É uma disposição interior. Então, sei que tenho uma virtude quando tenho uma disposição interior permanente, constante, tanto da minha inteligência, quanto da minha vontade. Então se a minha inteligência tem uma tendência, uma disposição constante para buscar a verdade e se a minha vontade tem uma disposição interior constante para buscar o bem, se essa disposição interior é permanente tanto um como no outro, é porque adquiri e tenho aquela virtude. Agora, se você prática essa virtude só de vez em quando, você pode estar lutando e buscando, mas ainda não adquiriu. A virtude também é aquilo que nos ajuda a fazer a escolha do justo, do justo meio segundo a reta razão, ou seja, o que convém realmente em cada situação e em cada momento. Por isso que a virtude também nos ajuda, nos auxilia seguir a reta razão (princípio mais próximo da norma moral). Por que as virtudes são tão preciosas? Porque no fundo, a nossa vida, a nossa existência é uma tarefa a se realizar. O ser humano é um projeto a ser realizado. Nós ganhamos a existência, a vida de Deus, sim, mas temos uma obrigação: temos que realizar e plenificar a nossa existência, a partir daquilo que nos deu tanto no sentido natural, quanto no sobrenatural; 3 passagens bíblicas: Mt 7, 24-27 = o ser humano é como se fosse uma casa, uma casa que precisa ser construída, mas para uma casa ser bem construída tem que ter um bom alicerce. Se o alicerce for falho, a casa desmorona. Falha no projeto: você precisa saber que tipo de ser humano você quer ser. Todo mundo acha que a natureza humana, o que é ser humano é, já está totalmente pronto acabado logo no início. Não, o ser humano nasceu com potências, por isso, o mais importante não é o que o ser humano é agora, mas o que ele pode se tornar. Deus nos deu uma essência e uma natureza, carregada de potências. A natureza humana não é uma coisa fixa e esse é o erro dos ideólogos do gênero, porque eles acham que falar de natureza humana, é falar de uma coisa ponta e acabada, é falar de um fixismo, não; a vida é dinâmica, o ser humano também é movimento, mas não quer dizer que nasce indefinido, ele tem uma natureza e uma essência, mas essa natureza e essência não se realizou totalmente na existência, ou seja, o importante não é como você nasceu, o importante é o que você se tornou no final da tua vida. Ser generoso é dar dinheiro, mas também doar o seu tempo para Deus; gastar a sua vida no projeto que Deus tem para você. Falha no projeto (Lc 14,28-30): preciso ter um bom alicerce, um bom projeto e um bom material; é aí que entra as virtudes. (1 Cor 3,9-15); Alguns teólogos dizem que existe a virtude vitrine. Hábitos rotineiros não são virtudes. Exemplo: pessoa que é pontual; a pontualidade não é necessariamente uma virtude, está ligado às vezes ao caráter. Existe também as inclinações temperamentais. Boas estruturas pressupõem boas estacas e essas estacas são as virtudes humanas. As virtudes humanas podem ser adquiridas pelo ser humano; se queremos ser boas casinhas, ter um alicerce, um bom projeto e um bom material, temos que ter essa base (boas estacas = virtudes naturais) e temos que cultivá-las em nossa vida. As virtudes sobrenaturais (infusas, teologais) se firmam sobre virtudes naturais. Se queremos crescer na fé, esperança e caridade, temos que cultivar as virtudes naturais na nossa vida, ou seja, a graça supõe a natureza. Exemplo: como que você vai adquirir a virtude da humildade sem temperança? Humildade pressupõe moderação. Como você vai adquirir a virtude da magnanimidade sem a fortaleza? Há uma ordem nas virtudes. Qual é a grande virose nos tempos de hoje? O orgulho e o hedonismo; esse é o grande problema; nós somos soberbos e achamos que sabemos tudo; e o prazer porque a nossa tendência natural é fugir da dor e buscar o que dá prazer; falar que naturalmente a gente abraça a cruz é mentira. Podemos até abraçar a cruz, mas depois de longas orações, porque daí você vê que não tem outro jeito a não ser unir a sua dor com a dor de Jesus. Por isso que a humildade é fundamental; Deus nos deu as 7 virtudes justamente para buscarmos a humildade, em primeiro lugar. Nós como batizados, temos condições de buscar a humildade porque temos a graça; A aquisição das virtudes: nós não nascemos com as virtudes, ninguém nasce com virtude. Ou recebemos no batismo as 7, e cuida delas, e a partir delas adquire outras, ou tentamos adquirir as virtudes naturais pelas nossas forças. Se é assim, vemos a importância da educação e as consequências do seu descuido. Ou seja, um pai, uma mãe uma escola que não se preocupa com isso, quando a educação de uma criança não é bem-feita, as consequências são horrorosas e nefastas; então, sem virtudes, vamos ter muitos problemas. Isso pressupõe uma formação contínua a constante, mas, o grande ponto é que essa formação tem que começar quando ainda é pequenininho. Como adquiro virtudes e ajudo o outro a adquirir também? As virtudes entram pelos olhos, a criança é uma esponja; quando menor a criança de idade, o que pesa é o que ela vê e o que ela ouve; o que ela capta pelos sentidos tem um peso horroroso. Então, a criança precisa conviver com quem dá bons exemplos, ou seja, com pessoas virtuosas. Se a virtude entra pelos olhos e ouvidos, a criança precisa ver atos virtuosos. A virtude começa pelos olhos, até chegar ao coração. Depois que chegou ao coração, vem a imitação; por último, do coração sobe à cabeça; Eu adquiro virtudes tomando a decisão de vivê-las; Mas o ser humano é capaz de realizar atos deliberativos e não deliberativos (mecânicos). Então tem muitas coisas que fazemos no dia a dia que não são atos deliberativos, são voluntários, mas não são deliberativos. Um ato voluntário, quer dizer que você fez porque você quis, mas um ato voluntário pode ser deliberativo ou não deliberativo. Então, têm atos voluntários que fazemos meio que de forma automática, meio mecânica, não paramos pra pensar naquilo, para analisar. Esses atos não deliberados mecânicos não servem para adquirir virtudes, porque fazemos no automático, seguimos o fluxo. São voluntários, mas nem pensamos direito o que estamos fazendo; fazemos realmente porque estamos seguindo o fluxo; Agora os atos volitivos deliberados são ações voluntárias que realizamos a partir do que pensamos e realmente quisemos mesmo. Por isso que as virtudes são adquiridas por meio de atos voluntários deliberados, ou seja, você toma uma decisão prévia interior. O TERMO MISERICÓRDIA NADA MAIS É DO QUE EXPRESSÃO DA DISPOSIÇÃO DE UM CORAÇÃO ABERTO À MISÉRIA DO OUTRO. A NOSSA MISÉRIA ATRAI A MISERICÓRDIA DE DEUS. NICODEMOS NÃO ESTAVA ENTENDENDO O QUE JESUS ESTAVA FALANDO; JESUS ESTAVA NUMA FREQUÊNCIA E ELE EM OUTRA. PORQUE O OLHAR DE NICODEMOS ERA DEMASIADAMENTE TERRENO E MUNDANO, ELE ESTAVA PENSANDO SÓ NAS COISAS NATURAIS E JESUS ESTAVA ALI FALANDO DAS COISAS SOBRENATURAIS. A GENTE ABORDA JESUS QUERENDO QUE ELE RESPONDA COM A LÓGICA MUNDANA DO NOSSO MUNDO, MAS JESUS TEM UMA OUTRA LÓGICA. A GENTE TEM QUE SE LIBERTAR DESSE MUNDANISMO, O PAPA FRANCISCO DIZIA QUE ESSE É O GRANDE CÂNCER DA ESPIRITUALIDADE CRISTÃ DO NOSSO TEMPO, ESSE RELATVISMO; AO INVÉS DE NÓS LEVARMOS A IGREJA PARA O MUNDO, NÓS ESTAMOS QUERENDO TRAZER O MUNDO PARA A IGREJA. . O ser humano não foi feito simplesmente para comer, beber e dormir. As pessoas muitas vezes são estimuladas não a viver, mas simplesmente a subsistir. E tem uma preocupação muitas vezes excessiva com os bens materiais, com as necessidades físicas, fisiológicas e tantas outras. Óbvio que precisamos do material, mas o problema é quando a gente reduz a vida humana a essas necessidades materiais ou a essa base material. E a partir disso, nós também acabamos colocando essas coisas em primeiro lugar na nossa vida. (Vídeo do Instituto Borburema falando da vida espiritual).
O PAPEL DAS VIRTUDES NA EDUCAÇÃO DO INTELECTO
Se o caráter vai perecendo, ele não vai perguntar mais sobre as grandes questões, sobre as grandes verdades. Ou seja, o ser humano passa a viver simplesmente a partir do aqui e do agora; o que interessa é o instante, o momento. E isso vai ter uma consequência forte, além do ser humano não se preocupar mais com as grandes questões, isso vai gerar uma grande dificuldade do ponto de vista da apreensão da própria verdade.
Então o intelecto sem orientação e controle, ele envereda por
caminhos escorregadios, e, portanto, ele pode cair num precipício, num buraco sem fim. Não tendo orientação, ele não sabe o que busca, não há princípios, valores, não há virtudes que vão norteá-lo. O ser humano, na medida em que ele é uma unidade, isso quer dizer que uma dimensão influencia a outra, ou seja, eu não sou só corpo, não sou só psiquê, e não sou só espírito. O ser humano é uma unidade profunda. Eu sou uma pessoa. Se eu sou uma pessoa que têm várias dimensões, uma dimensão interfere na outra. A dimensão física se ressente das nossas perturbações mentais; da mesma forma com que a nossa dimensão espiritual, ela também se ressente que estamos doentes fisicamente, e o contrário também, porque nós somos uma unidade. Nós separamos as coisas por questões didáticas, isso não quer dizer que é tudo a mesma coisa; existem distinções, mas não oposições. Enquanto ser humano somos uma unidade substancial, portanto, nós pensamos com todo o nosso ser pois é o homem que pensa, e não somente o seu intelecto que pensa. Quando você produz um pensamento e entra em todo um processo de elaboração de raciocínio, em busca do conhecimento verdadeiro, o seu intelecto evidentemente tem um papel importantíssimo, mas não é só o seu intelecto que pensa, é você. E, portanto, se sou eu que penso, e todo o meu ser que está envolvido nesse ato de pensar. Se é todo o meu ser, quer dizer que as paixões, os vícios, como também a virtude, tudo isso de uma certa maneira, vai influenciar no meu modo de pensar, de ver, de olhar e de analisar as coisas.
Se é assim, como é possível alguém pensar adequadamente,
sendo portador de uma alma doente, permeada de vícios, paixões e amores desordenados? Não consegue, porque têm várias coisas interferindo. Por mais que o ser humano tente ser somente racional, não é tão simples assim porque as paixões, os vícios e o amor desordenado têm força, tem poder. Os exercícios das virtudes morais, refreiam as paixões e, portanto, são importantíssimas para a aquisição do conhecimento, segundo santo Tomás de Aquino. Diz o santo: “Eu tenho ali a dimensão das paixões e dos vícios. Então como é que eu vou lidar com tudo isso?”. Aí entra a dimensão das virtudes; precisamos das virtudes. Ninguém nasce com as virtudes. Se pegarmos os grandes sistemas éticos que existiram até o século XVI/XVII, sempre de alguma maneira se fazia referência da importância das virtudes na vida do ser humano, para ele buscar a verdade e querer o bem. A partir do século XVIII (principalmente com a ética de Kant) uma ética do dever, do imperativo categórico (uma ordem da razão), essa noção de virtude foi sendo deixada de lado. E apenas depois na segunda metade do século XX é que alguns autores americanos, começaram a voltar a questionar e a refletir sobre a importância das virtudes na ética e na vida do ser humano. Na República de Platão ele já fazia a referência das 4 virtudes cardeais, falando da importância delas. Dizia como um governante precisa dessas virtudes. Maquiavel dizia: o príncipe não tem que ser virtuoso, tem que ser temido e, portanto, tem que ser um bom estrategista, porque sempre está correndo o risco de perder o poder. Então para manter o poder e manter a sociedade em ordem, precisa ter eficiência, não virtude. Por isso que em Maquiavel é que começa surgir uma duplicidade da ética, ou seja, existe uma ética do poder, uma ética na política e existe uma ética para o povo. Seja no mundo antigo ou no mundo medieval, o que é ética é ética, e o que não é ética não é ética. O nosso intelecto precisa ser educado, mas a nossa vontade também; a nossa imaginação e estimativa também; Existem 4 coisas que temos na nossa natureza que são fundamentais para a nossa existência: 1- O intelecto – que Deus nos deu para conhecer a verdade; 2- A vontade – que Deus nos deu para querer o bem; 3- A imaginação – que Deus nos deu para comtemplarmos o belo; 4- A estimativa – que Deus nos deu para descobrirmos o real valor das coisas (a dignidade intrínseca de cada ser). Se não educarmos o intelecto, a verdade se manifesta e não conseguimos apreendê-la. Se não educarmos a vontade, o bem se manifesta mas não sentimos atraídos por ele. Se não educarmos a imaginação, não conseguiremos distinguir o belo do feio, e vai continuar achando que é tudo a mesma coisa. E se não educarmos a estimativa, nunca descobriremos o valor exato das coisas e o relativismo invadirá a nossa cabeça e acharemos que tudo tem o mesmo valor. Essas capacidades estão na natureza humana, só que elas não nasceram prontas e acabadas, não são pré-determinadas; o ser humano precisa de ajuda, precisa ser auxiliado, além do elemento religioso. Os vícios relaxam a atenção, tiram a concentração enfim, dispersam.
Existe um processo formativo constante na vida das pessoas. E
por que que muitas pessoas não conseguem conhecer a verdade e aprender? Porque não tem foco, não tem atenção (porque é portador de um vício terrível). Os vícios dificultam profundamente na vida do ser humano: seja na infância, adolescência ou na vida adulta. Preguiça, sensibilidade, orgulho, inveja, irritação e tantos outros. Sejam as virtudes intelectuais como as virtudes morais, cada uma no seu modo trazem vantagens e colaboração para nós. As virtudes intelectuais aperfeiçoam tanto a nossa razão especulativa (teórica), como também a razão prática do ponto de vista da ação, de saber tomar decisões e as virtudes morais aperfeiçoam a nossa vontade e apetites sensíveis. Virtude – hábito (não apenas de ação ou de costume), é disposição permanente para escolher o bem. O hábito aqui tem uma dimensão superior. O amor é o ponto de partida do conhecimento e da ação. Santo Agostinho dizia: “o amor é o meu peso”. Baseado na física da época dele, ele vai dizer que a vontade tem um peso e o peso que rege a vontade é o amor. Então preciso questionar que tipo de amor está predominando na minha vida, está dominando a minha vontade. A verdade vem aos que a amam e esse amor não ocorre sem virtude. Essa relação é fundamental; se eu quero conhecer a verdade, eu preciso das virtudes porque para eu conhecer a verdade eu preciso amá-la. “O conhecimento do bem não é suficiente para praticá-lo”. Santo Agostinho. Para fazer o bem eu preciso conhecê-lo, mas além de conhecê-lo, ele precisa me atrair, me seduzir e eu preciso amá- lo. Se eu não me sentir atraído pelo bem, eu até posso ter um conhecimento intelectual do bem, mas não vou fazer o bem.
Para Sócrates o conhecimento do bem é o suficiente para
praticá-lo. Para Agostinho não e ele vai colocar na filosofia e o diálogo como um exercício, uma ginástica do Espírito porque o meu intelecto precisa estar preparado para aguentar o peso da verdade quando ela se manifesta; Santo Agostinho vai colocar 2 coisas fundamentais: 1- Ginástica Espiritual pelo diálogo: uma pergunta, o outro responde; levanta uma hipótese, avalia uma hipótese, vê o argumento, se a reposta foi suficiente ou não. Isso gera, como Sócrates já dizia, toda uma purificação da alma, então eu vou purificando a minha alma de opiniões errôneas. 2- Fortalecimento: primeiro preciso me purificar das falsas ideias, mas também dos amores corrompidos, do amor desordenado. Preciso fortalecer porque senão, na hora que a verdade se manifesta, eu não aguento o peso dela e as suas exigências. É o que acontece conosco. Quantas passagens bíblicas a gente conhece, mas fingimos que não conhecemos? As virtudes cardeais nos ajudam a tomar boas decisões, a ter discernimento. Prudência X precipitação, inconstância Justiça X inveja, egoísmo, avareza Fortaleza X covardia, medo, audácia Temperança (gera a humildade) X gula, ira, luxúria, imoderação É preciso ter humildade, disciplina dos sentidos, disciplina da imaginação, desapego de si, uma vida ordenada (é ter uma vida que tenha disposição, que seja disposta, organizada, de uma maneira que me ajude a se aproximar mais desse fim último) conforme ao fim último.
AS POTÊNCIAS DA ALMA HUMANA (SANTO TOMÁS DE
AQUINO AULA 12) DEFENSOR FIDEI – VINHEDO Chamamos potências porque elas respondem pelo movimento. Então a natureza humana é composta de alma, sofre um movimento e sofrer um movimento é sempre de fora para dentro (do exterior para o interior). Deus criou a alma e a infundiu no corpo. A nossa natureza sofre movimentos, mas as potências da alma produzem movimentos, deliberam, escolhem. O movimento de crescimento da planta por exemplo, foi produzido pela potência vegetativa, que está nela, na alma vegetativa; é um movimento interno; a alma dos vegetais e animais é o princípio de um movimento interno, tão somente; na alma humana não, há diferenças. O ser humano possui potência vegetativa: essa potência responde pelas operações de nutrição, crescimento e pela operação de reação. Possui também as potências sensitivas: os sentidos próprios ou externos (tato, olfato, visão, audição e paladar); temos os sentidos internos: sentido comum (fantasia ou imaginação, estimativa ou cogitativa e a memória (sensitiva ou sensível)). Potências locomotoras, potências apetitivas: apetite sensitivo (concupiscível e irascível) e apetite intelectivo (é responsável pelo livre arbítrio da vontade e pela memória intelectiva (ou espiritual). As potências inferiores da alma temos em comum com os outros animais. Santo Agostinho tem a seguinte frase: “O que outros conseguiram, eu também não conseguirei?” Se tantos foram santos, como diz a carta aos Hebreus 11, e ele vai narrando os patriarcas, nós também podemos conseguir. As potências vegetativas estão diretamente responsáveis por manterem o corpo. As potências não são a alma; a alma possui potências; mas as potências não são parte da alma, porque a alma é imaterial, portanto, não pode ter partes, somente a matéria tem partes e podem ser subdivididas. Os sentidos externos apreendem o mundo, mas os nossos sentidos externos dependem dos órgãos corporais. Esses órgãos sustentados pela potência vegetativa, podem apreender o mundo, mas é a alma que percebe isso, porque a alma anima os órgãos e percebe a modificação que os órgãos e os sentidos sofreram. As potências vegetativas são potências ativas porque produzem movimento. Os sentidos próprios ou externos são potências passivas porque sofrem movimento acidental. Mas os sentidos internos são potências ativas porque são esses sentidos externos que vão apreender a partir da primeira apreensão feita pelos sentidos próprios. No II livro (pg 53): Iniciação à Filosofia de Santo Tomás de Aquino está escrito: O conhecimento sensível é o resultado da ação direta dos objetos materiais sobre os sentidos. Essa primeira apreensão é chamada de sensação. A sensação é quando um objeto exterior produz um movimento nos órgãos dos sentidos e os informa. O que é informar para santo Tomás, é apreender a forma sem a matéria e fazer uma primeira abstração. Os sentidos externos são informados porque recebem a forma dos objetos exteriores. Então as coisas que existem no mundo real têm matéria e forma. A caneta tem matéria e forma; a forma substancial está na coisa que existe, tem que ser no mundo real, mas a forma intencional (objetiva) é capitada pelos sentidos. Quando os sentidos externos são informados pelas coisas do mundo real, nós temos sensação. Agora, nós só temos percepção quando os sentidos internos começam a trabalhar a sensação. O sentido comum é responsável por discernir as diferenças dos sentidos externos. Então nós temos: sensíveis próprias (são as sensações que nós temos em um único sentido: ex; as cores, a música, etc) e sensíveis comuns (são as sensações que temos com mais de um sentido). A apreensão dos sentidos externos é quando eles recebem a forma intencional e essa forma é gravada na imaginação e na fantasia. Quando você pega um anel e imprime o formato na cera, você está fazendo uma impressão (imprimindo um desenho na cera). Os objetos das coisas exteriores a nós, imprimem os nossos sentidos uma apreensão sensível. Além disso, essa apreensão dessa imagem, ela é guardada, é consciente, isso é a apreensão sensorial. Tudo aquilo que foi percebido pelos sentidos externos e internos, nós podemos desejar ou ter repulsos (apetite, desejo, paixão). É aqui que está a maior parte das tentações. Santo Tomás de Aquino vai dizer que é importante estudar as potências da alma, o teólogo deve estudá-las porque é nelas que se encontram as virtudes e os vícios. Onde a graça de Deus nos atinge? Nas potências superiores (graças atuais e graças santificante). E onde o diabo mais atua para lançar as tentações é nas potências inferiores. Deus nos criou para que pudéssemos escolher fazer a vontade Dele; e nós podemos dizer sim ou não. Temos capacidades pra isso e por isso podemos falar dos atos morais, das virtudes, dos vícios, dos pecados... Isso é natureza humana. ONDE FICAM ALOJADAS NOSSAS “DOENÇAS ESPIRITUAIS” (PADRE PAULO RICARDO) Baseado na Antropologia de Santo Tomás de Aquino: A visão de ser humano. Doença Espiritual é o nome que o padre deu para entender melhor o que é o Pecado Capital. Os 7 pecados capitais são na realidade tendências para o pecado. Ou seja, você se confessa, mas a tendência continua lá. Como é que isso acontece dentro da nossa alma, do nosso ser? Quando a sua alma faz alguma coisa, existem 2 processos que podem acontecer em você: pode conhecer e pode ter um desejo. CONHECER: OS SENTIDOS TE FAZEM CONHECER (CONHECIMENTO VEM PELOS SENTIDOS) APETITE: O DESEJO DA COISA; QUANDO ATRAVÉS DO APETITE, VOCÊ COMEÇA A DESEJAR E QUERER AQUILO, ENTÃO TEM AQUI UMA DINÂMICA BEM DIFERENTE DO CONHECER. VOCÊ ESTÁ QUERENDO ALGO; TEM AQUI UM APETITE QUE CORRESPONDE AOS SENTIDOS: CONCUPSCÊNCIA Conhecer através dos sentidos: ser humano e animais; Apetite da coisa: Se é fácil de obter: CONCUPISCÍVEL Se é difícil de obter: IRASCÍVEL Conhecimento racional: somente o ser humano tem; VONTADE LIVRE; Os pecados capitais estão baseados nos apetites: concupiscível e irascível (que é onde estão as paixões da alma). E tem origem no mal uso desses apetites. Na linguagem popular, o que na escolástica chamamos de paixões, usa-se a palavra: sentimentos (alegrias, tristezas etc.). As nossas paixões precisam ser, aos poucos conduzidas, para que a gente vá usando toda essa energia boa e positiva para Deus. Santo Tomás diz que existem 11 paixões: 6 que derivam do apetite concupiscível e 5 do apetite irascível. Os sentidos são uma forma de interação entre corpo e alma, ou seja, as informações chegam através dos sentidos à alma. E através desse conhecimento dos sentidos que a nossa alma vai fazendo abstrações, criando conceitos, ideias e a gente consegue contemplar verdades. O conhecimento racional deriva das coisas que vamos aprendendo do conhecimento dos sentidos. Assim como também os atos de amor em nós, seres humanos, para que nós cresçamos em santidade, para irmos pra frente espiritualmente, precisamos alimentar os sentimentos, purificá- los, conduzi-los, como um bom pai educa os filhos, como um bom cavaleiro sabe adestrar o seu cavalo, sem matá-lo. Às vezes é necessário colocar uma espora ou usar um chicote, mas às vezes é necessário acalmar o animal. Santo Tomás de Aquino diz que a hegemonia que a alma exerce sobre o concupiscível e ao irascível é uma hegemonia política (de convencimento, de processo pedagógico), ou seja, não é uma coisa absoluta. Aqui está o segredo e a Antropologia que está por trás do nosso projeto de santificação. A NOSSA VIDA CRISTÃ É UMA BATALHA ESPIRITUAL... É UM COMBATE. NADA ESTÁ NA INTELIGÊNCIA A NÃO SER QUE TENHA PASSADO PELOS SENTIDOS. FACULDADES DA DE ALMA 1: OS SENTIDOS INTERNOS E EXTERNOS E A EDUCAÇÃO (ESCOLA SÃO FRANCISCO SALES) Os sentidos internos: Sentido Comum – tem a função de reunir e unificar as sensações dos 5 sentidos. Ele faz essa ponte entre os sentidos externos. Pelo sentido comum, discernimos o que é próprio de cada sentido externo. A imaginação é o sentido interior que mantém a presença da imagem no que conhece. Essa imagem contém todos os dados sensíveis percebidos pelos nossos sentidos e reunidos pelo sentido comum. A imagem (que engloba não só o visível) pode vir dos sentidos externos ou da memória sensível. A memória permite que a imaginação represente algo que está ausente naquele momento. A imaginação pode unir também elementos de distintos objetos percebidos e formar um outro. Por isso a importância de formar bem e ordenar a imaginação para o que é e o que é útil, porque senão a nossa imaginação tende a vaguear. A imaginação pode ser prejudicada fisicamente, fisiologicamente (embriaguez, por exemplo) ou pelo mau uso. A imaginação é uma faculdade importantíssima para a nossa vida intelectual e moral, mas muito importante mesmo. A imaginação e a inteligência. É muito importante ter a imaginação funcionando bem, pois a imagem (fantasma) presente na imaginação é a base para o ato da inteligência. A inteligência compreende a natureza das coisas abstraindo-a da imagem presente na imaginação. Se houver um problema na imaginação, haverá um problema na inteligência. A imaginação e as paixões. A imaginação é que move as paixões. Nossas paixões e emoções são movidas pela presença do objeto na imaginação, trazido pelos sentidos externos e comum no momento mesmo