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AS FACULDADES DA ALMA (AULA 1)

Um dos grandes problemas hoje em dia é o reducionismo


antropológico. Por quê? Porque se por trás de toda concepção
educacional sempre existe uma certa concepção do ser humano
subjacente ali, se você tem uma concepção reducionista do ser
humano, evidente que isso vai interferir nas suas concepções
pedagógicas, educacionais etc.; então é um grande problema,
porque, ou você reduz o ser humano na sua dimensão fisiológica
ou, meramente biológica, ou o que é mais comum hoje que é o
pensamento materialista, é uma visão materialista do ser
humano.
Mas existe também o contrário, existe o chamado reducionismo
espiritualista, que também é um problema, que é quando você
reduz o ser humano à sua dimensão espiritual, e isso também
não é legal, ou seja, no fundo no fundo, tem a corporeidade, o
psiquismo, tudo isso está ligado ao fisiológico, mas quando você
analisa essa realidade humana de perto, você vê que o ser
humano tem uma dimensão espiritual também; mas espiritual
em que sentido? Não é no sentido religioso, ou seja, as
atividades, o ser do ser humano e aquilo que ele realiza, não se
reduz aos seus sentidos externos (visão, olfato, tato, paladar e
audição) ele também tem os sentidos internos (entra no
psiquismo) que é o sentido comum, chamado de estimativa
cogitativa (estimativa dos animais, cogitativa do homem) e a
bendita questão da imaginação e da memória sensível. Nessa
estrutura da nossa sensibilidade, está envolvido tanto a nossa
corporeidade como o nosso psiquismo, mas o ser humano não se
reduz a isso, ou seja, eu não possa negar essas 2 dimensões do
ser humano, mas eu não posso reduzir o ser humano a isso. Por
quê? Porque o ser humano também é espírito. É espírito em que
sentido? O ser humano realiza coisas e ele é capaz de viver
coisas, que vão além da potencialidade da matéria.
Existem vários argumentos e várias discussões, mas tem uma
coisa que nos ajuda a contatar isso: se o ser humano fosse pura
matéria e movimento, ou se o ser humano fosse simplesmente
um conjunto de átomos e moléculas, ou seja, matéria refinada
evoluída no sentido bem fisiológico, se ele fosse isso apenas, a
própria pergunta que nós fazemos: o que é o homem, não seria
possível.
Quando me perguntam: “professor, como o senhor demonstra
que o ser humano é espírito”. Pela pergunta que você está
fazendo. Quando você homem, pergunta o que é o homem, isso
já mostra que você não é só matéria. Você não vê uma pedra
perguntando o que é pedra, uma planta perguntando o que é
planta, um cavalo perguntando o que é o cavalo, mas vê uma
única espécie perguntando quem eu sou e o que significa ser
homem, ou seja, o ser humano realiza um ato chamado
reflexividade. Ele é capaz de voltar-se sobre si mesmo, de
inspecionar e investigar a si próprio, e por aí vai...
O cérebro não é um órgão da inteligência, ele é um instrumento
que a inteligência usa;
O professor não é aquele que transmite conhecimento, mas é
aquele que ajuda o aluno a ver a verdade. Porque se ele vê,
ninguém arranca aquilo mais da alma dele.
O professor ensina o aluno a usar a sua razão de forma reta, para
que ele busque, ame e veja a verdade. Porque aí sim ele vai ter o
convencimento interior por ter conhecido de fato a verdade.
Muitos pais e professores acham que sabem, mas não sabem...
Não é que você tem que ter uma visão negativa de si mesmo,
não é isso... Não confunda o ser humilde com ser pessimista, o
humilde não é pessimista, ele é realista. A pessoa que tem a
virtude da humildade ama a verdade.
O grande amor do humilde é a verdade. Por que o que é a
verdade? É aquilo que revela e mostra a realidade tal como ela é.
Então o ser humano não é só corporeidade e nem só psiquismo,
mas ele também é espírito. E onde entra as nossas duas grandes
faculdades espirituais: é a inteligência e a vontade. A inteligência
e a vontade estão relacionadas justamente a esse aspecto
espiritual, por isso que eu não posso reduzir o ser humano à
corporeidade e ao psiquismo. Ainda estou numa estrutura
básica, material fisiológica, mas quando entro nessa dimensão
pneumática, aí entra a inteligência e a vontade, onde se
estabelece uma terceira relação: que é a relação de
transcendência com o Absoluto. Então o ser humano, além de
ser capaz de sair de si e ir ao encontro do outro, ele é capaz de ir
ao encontro do totalmente outro.
Nossa inteligência naturalmente busca o Ser, busca conhecer a
verdade. Existe um movimento da nossa inteligência que se
chama: movimento intencional. É um movimento natural,
próprio da nossa inteligência ir ao encontro do Ser, buscar a
verdade sobre as coisas.
Mas a linguagem neutra é muito criminosa, porque se existe o
movimento natural da nossa inteligência e nossa inteligência é
uma potência da alma e se o cérebro não é o órgão da
inteligência, mas o instrumento, veremos a consequência, pois,
se estabelecemos uma linguagem neutra a uma criança, estamos
a prejudicando em todos os sentidos.
Pensamento do povo que segue uma ideologia: a inteligência é
construção; é resultado da relação que o ser humano tem com o
mundo. Isso é uma visão biologista, onde eu tenho toda uma
dimensão de vida, relação com o real e a inteligência vai se
construindo, ou seja, para eles não é potência da alma. Não tem
natureza no sentido metafísico em Piaget. Biologia... Por isso que
ele faz uma psicologia genética. Ele desenvolve uma psicologia
genética, presume toda uma biologia e cruza com elementos
com o pensamento de Kant. Piaget não criou um método
pedagógico, ele criou os pressupostos para o construtivismo. O
problema em Piaget está no conceito de inteligência. O
problema é o que ele entende por inteligência e toda essa
maneira de compreender a relação entre pensamento,
linguagem e realidade, que vai gerar o método construtivista.
Vygotsky entra na jogada (possui um elemento marxista), vem e
faz o sócio construtivismo, que é mais radical ainda porque ele
vai procurar mostrar que todo esse elemento cultural, social,
passa pela linguagem. Ele diz que não pode ensinar a gramática
culta pois ele diz ser da burguesia, é de uma classe social que foi
impondo à sua maneira de ver o mundo através da linguagem;
Os humanos têm instintos, mas não são tão fortes como nos
animais. Os instintos vão predominar em nós, se nós quisermos,
se nós deixarmos, mas o ser humano tem possibilidades de
ordenar os seus instintos. Ele pode escolher o meio e o fim para
os seus instintos... Os animais não.
Então o ser humano tem cogitativa, ou seja, o ser humano avalia
as coisas, mas ele avalia a partir daquilo que ele realmente está
captando e entendendo.
Imaginação: sentido interno; então está no nível corpóreo; então
tem uma base orgânica; e quando essa base orgânica dá
problema que é uma região lá do cérebro, danou-se tudo.
Função da imaginação:
1- Quando os meus sentidos externos captam as informações
dos objetos, meu sentido comum organiza e a cogitativa já
avalia se aquilo é perigoso ou não, a minha imaginação
trabalha a partir daquilo que o sentido externo trouxe e a
partir do trabalho do sentido comum; E aí o que a
imaginação faz: ela elabora uma imagem sensível a partir
das informações provenientes dos 5 sentidos e da
organização que foi feita a partir do sentido comum; então
ela gera uma imagem sensível. E nessa imagem sensível ela
já também guarda um pouco a avaliação que foi feita
daquele objeto. Essa avaliação e essa imagem sensível é
guardada na imaginação. Todo mundo acha que essa
imagem sensível e essa avaliação é guardada só na
memória... Não... A memória sensível vai guardar as
avalições principalmente.

2- A imaginação fornece para a inteligência informações, ou


seja, a inteligência trabalha sobre a imagem sensível que foi
fornecida pela imaginação; temos sensações e ao mesmo
tempo percepções, porém, elas não são a mesma coisa. As
sensações são externas e as percepções internas. Mas a sua
imaginação complementa a sua percepção, a partir do que
está nela.
Temos que educar a inteligência, a vontade, porém, não tem
como educar se antes você não educar os sentidos externos e a
imaginação. Exemplo: pode se educar pela educação física e pela
educação moral dos sentidos externos, mas essa educação moral
foi abandonada. Você tem que mostrar para a pessoa que a visão
é uma capacidade sim, mas não de ver qualquer coisa e sim, de
ver o que é importante. Os nossos sentidos são as portas e
janelas da nossa alma, então tem que haver uma educação disso.
Se a imaginação de uma criança não for bem orientada e
estimulada, ela não conseguirá imaginar coisas belas. O
importante é imaginar o verdadeiro, bom e belo, só que com a
imaginação ela não vai conseguir imaginar o verdadeiro e o bom,
é pelo belo. Por isso é preciso estimular a criança a imaginar
coisas belas. Gerar imagens belas a partir de imagens belas.
Por isso a educação dos sentidos externos, não podemos
permitir que entre qualquer coisa pelo olho e pela audição. O
ideal é ler livros e contar histórias.
Todo conhecimento gera um tipo de apetite; se temos um certo
tipo de conhecimento, desse conhecimento vai brotar algum tipo
de apetite; se existem potências da alma que são vegetativas e
sensitivas, dessas potências sensitivas, eu vou adquirir um
conhecimento sensível. E desse conhecimento sensível brota
desejos e impulsos. Então quando dizemos que temos um
desejo, não estamos tendo uma vontade. Desejo e vontade não
é a mesma coisa, ou seja, o desejo é um apetite, e a vontade
também, mas o desejo é um apetite sensível, ele está baseado
no conhecimento sensível. E o que é um conhecimento sensível?
É um conhecimento de uma coisa particular a partir das suas
características exteriores. Pelo conhecimento sensível não temos
o conhecimento profundo da essência; conhecemos na sua
exterioridade, que ela existe, que ela ocupa um lugar no espaço,
que ela tem determinados elementos qualitativos ou
quantitativos... É cognição.
Apetite concupiscível é um impulso que te leva a obter um
objeto que vai te dar um prazer rápido. Ao possuir aquele objeto,
automaticamente você tem uma satisfação e um prazer. Isso é
um desejo;
Apetite irascível é um impulso do ímpeto, coragem, ira. Os bens
árduos e difíceis, nós buscamos porque temos o apetite irascível.
Precisamos dos dois. Isso só se torna um grande problema em
nossa vida quando ocorre a desordem. Então, quando as
potências espirituais são subjugadas às potências orgânicas, aí
começou a bagunça porque você submeteu o superior ao
inferior.
Daí a sua inteligência e a sua vontade é usada simplesmente para
satisfazer os seus desejos e os impulsos. Ao invés de ela ter o
desejo e o impulso para satisfazer a inteligência e a vontade, ela
inverte.
Aí a pessoa chega no psicólogo diagnosticado com um monte de
coisa: deprimido, irritado, não vê sentido na vida, não quer
estudar etc. Qual a causa de tudo isso: desordem. A pessoa está
com a vida completamente desordenada.

AS FACULDADES DA ALMA E AS VIRTUDES (AULA 02)


A vontade é um apetite intelectual, ou seja, se o desejo e
impulso são apetites sensíveis e depende do conhecimento
sensível, a vontade é um apetite intelectual, portanto de uma
certa maneira, a vontade depende daquilo que a inteligência
apresenta para ela.
Esse apetite intelectual que é a vontade, tende a buscar o bem e
a vontade para querer algo basta que o bem seja aparente, não
precisa ser real.
Quem apresenta para a vontade qual o objeto e o bem que ela
deve querer é a inteligência.
Por isso dizemos que se você quer educar a sua vontade, tem
que educar a inteligência. Se você não educa a sua inteligência,
ela vai apresentar o que não convém para sua vontade. Por isso
eu preciso educar o meu intelecto porque a minha inteligência
vai apresentar para minha vontade aquilo (aquele bem) que ela
deve querer e amar. E, portanto, a inteligência pode apresentar
pra a vontade um bem aparente, ou seja, uma coisa que parece
boa, mas não é, porque a inteligência pode falhar.
Então preciso ajudar a minha vontade, muitas vezes a gente está
sem vontade ou a vontade está confusa, porque a inteligência
está confusa, então é preciso trabalhar o intelecto dessa pessoa.
Está faltando clareza, conhecimento, a inteligência está confusa,
então tenho que investir na inteligência, tenho que esclarecer,
daí a inteligência vai apresentar determinados bens mais
convenientes para a nossa vontade. Porém, é preciso tomar
cuidado porque nossa tendência é achar que a inteligência é a
faculdade mais forte, mas não é tão simples assim.
Se quem conhece é a inteligência a partir das informações que
vem pelo sentido, então no fundo nós buscamos a verdade pelos
sentidos e pela inteligência, e nesse caso quem conhece sou eu,
por meios dos sentidos e por meio da minha inteligência, então a
inteligência depende dos sentidos e a vontade depende da
inteligência. Mas o problema é se quem conhece a inteligência, a
inteligência fala e mostra qual é o bem que a vontade quer
querer, mas por outro lado quem é que move a inteligência é a
vontade. A vontade é que move a inteligência. A vontade é que
fala pra inteligência: busque conhecer, vai atrás; por isso a
faculdade mais superior que nós temos é a vontade porque a
vontade manda nos sentidos externos, a vontade que move o
intelecto. A vontade tem uma natureza espiritual igual a
inteligência porque quando você quer querer, você está fazendo
com que a vontade volte sobre si mesma.
Romanos 7, 14 vai dizer: Não consigo fazer o bem que quero,
mas faço o mal que não quero porque o pecado habita em mim.
Santo Agostinho vai interpretar esse versículo dizendo o
seguinte: isso é uma prova que depois do pecado original, o ser
humano tem uma vontade dividida. Por que não conseguimos
fazer o bem que queremos e porque fazemos o mal que não
queremos: porque na realidade o bem que queremos, não
queremos totalmente, queremos parcialmente. E aquele mal que
não queremos, também não queremos totalmente, mas
parcialmente. Então tanto o nosso querer como o nosso não
querer é dividido. Por isso que a gente não vai nem para um lado
e nem para o outro porque existe uma cisão interior em nós, e
vivemos no nosso interior muitas vezes um dilaceramento
volitivo. Por isso muitas das vezes estamos deprimidos e
angustiados. A origem do mal (do pecado) está na perversão da
vontade, está no abuso do livre arbítrio.
O nosso conhecimento é processual, a nossa inteligência
depende dos sentidos, então por isso que o ser humano, como
existe a possibilidade do engano, tem a possibilidade do
arrependimento, e aí entra a questão da misericórdia. O anjo
não, eles só têm as faculdades superiores: intelecto e vontade
porque o conhecimento deles é muito mais claro que o nosso.
A verdade que a inteligência conhece, apresenta para a vontade
como um bem que ela deve amar e buscar. A vontade tem uma
inclinação natural de ir em direção ao bem. Ora, qual é o grande
bem na nossa vida? Deus. Então por que que a nossa vontade já
não se inclina que naturalmente já busque a Deus já que Ele é o
bem supremo e mais perfeito? Porque por mais que a nossa
vontade tenha essa inclinação natural para esse bem de querer a
Deus, o nosso conhecimento é limitado. Como o nosso
conhecimento é limitado e pode se enganar, então o limite do
intelecto bate no limite da vontade.
Deus te deu a inteligência para conhecer a verdade;
Deus te deu a vontade para querer o bem;
Deus te deu a imaginação para admirar o belo;
Como é que eu faço para a vontade não querer o Bem?
Arrebenta a inteligência;
Como é que eu faço para a inteligência não buscar a Verdade?
Arrebenta a imaginação;
Faça uma análise histórica rápida: Século XVIII – Agnosticismo –
espírito cético, ou seja, você vê lá o Kant e outros autores
desconfiando da razão, ou seja, a razão humana não tem a
capacidade de conhecer o real, a verdade em si mesma. Então
começa a se falar dos limites da razão; a razão não consegue
conhecer a verdade; a razão não sabe a verdade nem sobre o
mundo, nem sobre Deus, nem sobre si mesmo, sobre nada. É o
agnosticismo epistemológico, que gera o agnosticismo religioso e
moral;
O pessoal percebeu que não adiantava bater na inteligência, tem
que bater na vontade; então, começaram a falar de ética:
quiseram tirar as virtudes; começaram a falar de ética de dever:
aí bate na vontade também, ou seja, da mesma forma que a
inteligência não tem capacidade de conhecer a verdade, a nossa
vontade necessariamente não busca o bem também, ou, o bem
que a vontade busca é relativo;
Mas não adiantou; eles foram percebendo que essa crítica não
adiantava; bateu na razão, bateu na vontade, e a coisa
continuava. Daí começa no século XIX as vanguardas artísticas,
ou seja, temos que relativizar o belo, temos que entender que o
feio vira belo e o belo vira feio, dependendo da perspectiva.
Temos que fazer movimentos artísticos: onde você pendura uma
privada na parede e chama aquilo de obra de arte, joga um
monte de tinta numa tela e admiravam... o que estou fazendo
com isso? Arrebentando o imaginário; e aí deu resultado; na
medida em que começou a bater no imaginário e relativizar o
belo, você quebra as artes do belo. As artes do belo não são mais
artes do belo, porque não existe belo; o belo é relativo.
Então a pintura, a escultura, a literatura, o teatro, o cinema etc.,
não são mais artes do belo, são simplesmente abstrações e
expressões de uma experiência estética subjetiva. Ou seja, não
tem mais relação com a realidade, é apenas algo vivenciado no
interior. Então se resultou no seguinte: eu não amo uma coisa
porque é bela, mas ela é bela porque eu a amo; é a subjetividade
total do gosto.
E se, portanto, uma coisa é bela porque eu gosto, então é o meu
gosto que transforma ela em belo. Ora, nós somos diferentes e
por isso o gosto também é diferente, logo cada um tem o seu
belo. Então se cada um tem o seu belo, o que é feio para você
pode ser bonito pra mim. Relativização total; e assim vou
arrebentando o imaginário e relativizando o belo.
Um ser humano que não consegue admirar o belo, ele nunca vai
conseguir aceitar a verdade e o bem; será impossível. Por que o
que é a verdade? É o Ser conhecido pela inteligência. E o que é o
bem? É o Ser querido pela vontade. E o que é o belo? É o Ser
admirado pela imaginação;
E é por isso que tem que haver uma desrealização, porque pela
desrealização, eu coloco todo mundo na bolha, ninguém tem
mais relação com o Ser. Mas para não ter relação com o Ser, eu
tenho que deixar você entender que o Ser se reduz ao ser
linguístico, porque se o Ser se resume ao ser da significação, o
belo, o verdadeiro e o bom não existe, é relativo.
Então eu tenho que criar bolha linguística, o ser se reduz ao ser
linguístico, porque eu remeto um significado a outro significado,
e, portanto, arrebentando a sua imaginação, você não vai mais
contemplar o ser através do belo e nem vai conseguir captar o
ser pela inteligência e muito menos pela vontade. Porque no
fundo, no fundo, o belo, e verdadeiro e o ser, são
transcendentais do ser.
Essas faculdades são capacidades que necessitam de qualidades
distintas delas mesmas para serem regidas, para serem usadas
adequadamente. Se o ser humano vai se corrompendo
moralmente, se um monte de vícios vai tomando conta da nossa
alma, o que acontece? Não conseguimos fazer o uso adequado
das faculdades, ou seja, na medida que o meu caráter vai
perecendo, eu não pergunto mais sobre as grandes questões, eu
não me interesso mais sobre as grandes verdades, vou me
preocupando só com o aqui e agora e aquilo que me dá prazer,
ou seja, as minhas faculdades, sejam sensitivas, intelectivas ou
volitivas, se elas não forem bem orientadas, controladas, elas
vão indo por um caminho escorregadio, ou seja, pelo ralo, daí eu
passo a fazer o uso corrompido dessa inteligência, dessa
vontade, desses sentidos. Nesse caso não estou usando os meus
sentidos para o bem, não estou usando a minha inteligência a
minha vontade para me tornar um ser humano melhor. A
corrupção moral faz com que percamos a capacidade de fazer
um bom uso de tudo isso.
Ser inteligente não é só ter habilidades, não é só saber fazer
coisas, a inteligência é a capacidade de ver a verdade e de aderir
a ela. O problema é que nós reduzimos a inteligência com a
habilidade de fazer coisas, capacidade de resolver problemas.
Se o ser humano quer ter uma vida abundante e ser um bom ser
humano no sentido ético, ele precisa das virtudes;
Por que que nós precisamos das virtudes? Porque naturalmente
falando nós nascemos com um monte de potências (ou
faculdades), mas essas faculdades não nascem prontas e
acabadas e por isso precisamos poli-las, desenvolvê-las,
amadurecê-las e precisamos aprender a usá-las adequadamente.
E só conseguimos isso pelas virtudes; sem as virtudes vai dar
problema.
Santo Agostinho dizia que a virtude é a ordem do amor ou amar
ordenadamente. O amor move o ser humano porque o amo é o
ponto de partida. Na sua época se dizia que tudo tem um peso e
santo Agostinho fazia o seguinte raciocínio: se tudo tem um
peso, então a minha alma também tem um peso, a vontade
humana tem um peso, então ele dizia que o meu peso é o meu
amor. Peso é aquilo que direciona, que orienta; então se o peso
direciona e orienta e se o nosso peso é o amor, quer dizer o
seguinte: dependendo do tipo de amor que prevalece na sua
alma, na sua vontade, esse amor vai direcionar a sua alma e a
sua vontade.
Então se na sua alma prevalece um amor desordenado, esse
amor vai fazer com que você queira e busque o temporal e
despreze o eterno. Mas se o amor que prevalece na sua alma é
um amor ordenado, esse amor vai fazer com que você ame as
coisas de maneira proporcional, ou seja, de maneira justa. E
amar de forma justa é amar cada coisa de acordo com o seu grau
de perfeição. O que é perfeito eu amo mais e o que é menos
perfeito, amo menos;
Logo, eu preciso buscar ter um amor ordenado na minha alma
porque se a minha alma for ordenada, ela vai ser movida por um
amor ordenado. Portanto, se a minha vontade, se a minha alma
é aquilo que me movimenta, que me leva em direção para algum
lugar, eu preciso me perguntar: qual é o amor que está me
dominando?
Aí vem a grande pergunta: como é possível alguém pensar,
querer, admirar e contemplar adequadamente, sendo portador
de uma alma doente, permeada de vícios, paixões e amores
desordenados? É aqui que está o X da questão. Por que as
crianças, jovens e adultos muitas vezes não aprendem? Porque é
uma alma enferma, escrava de um monte de vícios, e os vícios
sufocam; por isso muitos dizem a famosa frase: o pecado
emburrece. Não perdemos a inteligência, nem a vontade e nem
os sentidos, mas a capacidade de usá-los bem vai diminuindo
cada vez mais.
O exercício das virtudes morais refreia as paixões, portanto, são
importantíssimos para o uso adequado das nossas faculdades.
Ou seja, os vícios relaxam a nossa tensão; eles tiram a nossa
concentração; eles nos dispersam. Por isso é difícil educar uma
criança ou um adolescente cheio de vícios, ele não consegue se
concentrar, fica disperso constantemente.
Precisamos das virtudes por esses motivos naturais, mas existe
também o segundo motivo: porque nós somos filhos de Adão.
Quando Adão caiu e pecou, nós caímos junto com ele. A
natureza humana foi profundamente ferida em Adão. A natureza
humana antes do pecado original era pura, íntegra... Depois
passou a ser uma natureza humana ferida, machucada, portanto,
precisa de ajuda.
Existia uma harmonia entre a inteligência e a vontade sobre a
nossa sensibilidade... Isso é quebrado; existia uma harmonia
entre o homem e a mulher... Isso foi perdido... Começou uma
relação de tensão e dominação; existia uma harmonia no mundo
(o ser humano com outras criaturas). Isso também se perdeu. A
criação em geral se tornou hostil ao homem.
Quais foram as consequências do primeiro pecado nos primeiros
pais?
1- A perda da justiça original – a filiação divina e os dons
preternaturais (dom infuso, não sofrer, a integridade, a
harmonia interior) constituíam a justiça original; A filiação
divina era a capacidade que o ser humano tinha de
participar da vida de Deus; Adão e Eva perderam isso, eles
não têm mais a graça santificante. A tríplice concupiscência
invadiu a nossa natureza; a desordem das paixões, a
própria morte, o próprio sofrimento, essas foram as
consequências em geral;
2- Esconder-se de Deus, ter medo Dele, não querer estar na
sua presença pois não tem mais a intimidade, isso foi outra
consequência; tudo isso em Adão.
Pecado original ou originante = pecado de Adão – o primeiro
pecado, que abriu a porta para os problemas;
O pecado original nosso é chamado de pecado original
originado – a situação e a condição que o ser humano se
encontra quando ele é gerado, quando nasce para esse
mundo;
Um bebê quando nasce, ele nasce com o pecado original, mas
não com o pecado pessoal porque ele não tem condições
ainda para realizar atos que sejam pecaminosos. Dizer que ele
tem pecado original, quer dizer que ele nasceu privado da
justiça original, ou seja, ele nasceu carente da filiação divina e
dos dons preternaturais. Nascemos sem isso porque Adão e
Eva perderam isso; perderam e não tinha mais como
transmitir o que eles não tinham mais; então Adão e Eva
transmitiram para nós a natureza humana do jeito que ela se
encontrava neles, naquele momento após a queda.
Então uma criança nasce com o pecado original no sentido
que ela nasce numa situação de ausência, ou seja, ela não tem
a graça santificante, a filiação divina e os dons preternaturais.
Não bastasse só isso, para ajudar nós nascemos com a
concupiscência, ou seja, nós nascemos com uma inclinação
para a desordem, para o mal; a criança não é má, mas nasce
com essa tendência para o mal; e o conserto de tudo isso
começa com o batismo; quando a criança é batizada, Deus
perdoa e purifica a criança;
Quando é batizado, a criança recebe de volta a filiação divina
e a graça santificante (que também é chamada de graça
habitual). Perdemos novamente quando cometemos pecado
mortal; A concupiscência não apaga porque isso é punição.
Os efeitos do pecado original: os efeitos na sensibilidade e os
sentidos exteriores: o meu olhar busca a curiosidade por
satisfação; ele não busca mais de fato conhecer; ele não busca
ver aquilo que é necessário ser visto; é a curiosidade que
domina muitas vezes o olhar; o tato busca sensações
agradáveis; e por aí vai; a própria desordem atingiu os
sentidos externos; os sentidos interiores também foram
atingidos: a imaginação apresenta cenas sensuais; a
imaginação não consegue ter o controle de simplesmente
gerar uma imagem sensível; as circunstâncias e a nossa
natureza decaída também nos tenta, não somente o demônio;
Obsessão: é quando o demônio ataca a mente da pessoa;
Possessão: é quando o demônio entra no corpo da pessoa; ela
está sendo possessa na corporeidade, mas não na inteligência
e vontade;
Por isso que nós precisamos educar os nossos sentidos
internos e externos; e no sentido espiritual, o pecado original
atingiu os nossos sentidos; eles não foram destruídos, mas
ficaram desordenados; o demônio não acessa a inteligência e
a vontade, mas ele pode tocar na imaginação e na memória;

O QUE SÃO VIRTUDES E COMO ADQUIRÍ-LAS (AULA 3)


Por causa de toda essa situação, ficou muito mais difícil de
conhecer a verdade; a inteligência precisa de um paciente
trabalho para conhecer as verdades fundamentais, ou seja, a
inteligência humana não capta as verdades fundamentais de
uma maneira tão rápida e simples como se fosse uma
evidência; pressupõe esforço, uma disciplina.
Absorve-se no estudo das coisas criadas e esquece o criador,
ou seja, a nossa inteligência acaba tendo um interesse muito
maior pelas coisas temporais, e nem tanto interesse pelas
coisas eternas;
Então a inteligência tem mais dificuldade de aprender, tem
mais interesse pelo temporal do que pelo eterno, alimenta a
vã curiosidade, busca o temporal e esquece o eterno;
A nossa vontade também foi afetada; temos uma vontade
rebelde, que quer ser independente de qualquer autoridade.
O pecado original é um dogma; A tendência natural depois do
pecado original é ser rebelde, é não se submeter, por causa da
nossa soberba, o orgulho está em nós.
Nascemos com o pecado original, porém, no batismo, Deus
nos deu determinadas coisas para enfrentarmos esse
problema: algumas potencialidades adequadas: as virtudes
infusas e os dons do Espírito Santo;
Quando fomos batizados recebemos 7 virtudes e 7 dons.
Virtudes infusas: porque foi colocada por Deus. São sementes
de virtudes que Deus colocou na nossa alma no dia do nosso
batismo. Nessas virtudes infusas existem as: teologais (fé,
esperança e caridade) e as morais, ou fundamentais, ou
naturais, ou cardeais (prudência, justiça, temperança e
fortaleza). As virtudes cardeais podem ser adquiridas pelo ser
humano ao longo da sua vida; ao contrário das teologais...
Deus deu e o ser humano não conseguiria adquirir sozinho.
Essas sementes de virtudes precisam ser cultivadas. E Deus
também deu os 7 dons do Espírito Santo: sabedoria,
entendimento, ciência, conselho, piedade, fortaleza e temor
de Deus. Dentre os dons do Espírito Santo, 4 dons estão
relacionados ao conhecimento; Deus nos deu para ajudar no
nosso conhecimento e os outros 3 dons, foram dados pra
ajudar na restituição da nossa vontade e sensibilidade; e as 7
virtudes? A mesma coisa. Então os 7 dons e as 7 virtudes,
ajudam a restaurar a nossa inteligência, vontade e
sensibilidade;
Então pela revelação, pelo conhecimento natural, eu preciso
das virtudes porque não nascemos pronto e acabado; pela fé
nós precisamos das virtudes porque somos filhos de Adão;
mas só as virtudes não são suficientes: precisamos também
dos 7 dons do Espírito Santo;
Olha a tabela: o que é que Deus deu para ajudar na
restauração da nossa inteligência?
O dom da inteligência = virtude da fé (te ajudam aceitar
melhor as verdades reveladas por Deus)
O dom da sabedoria = virtude da caridade (pelas duas, a nossa
inteligência vai ser ajudada a emitir juízos equilibrados sobre a
realidade divina)
O dom da ciência = virtude da esperança (olhamos o mundo e
a obra criada e vemos pelo dom da ciência porque essas
coisas existem, qual é a razão de ser dessas criaturas). Temos
a certeza de que Deus não terminou aquilo que Ele começou.
Por isso que a esperança não é pensar positivo; a esperança é
a certeza de que Deus é fiel e que Ele termina tudo o que
começa.
O dom do conselho = virtude da prudência (o dom do
conselho nos ajuda a discernir sobre as nossas ações: o que
fazer e o que não fazer. E a virtude da prudência nos ajuda a
distinguir o bem do mal e ver o que fazer conforme cada
situação. O problema da virtude da prudência é que ela tem
dupla face. Ao mesmo tempo que ela é uma virtude moral,
que ajuda a aperfeiçoar a nossa vontade, a ver o bem a ser
buscado e o mal a ser evitado, se a minha razão foi boa ou foi
má, a virtude da prudência também é uma virtude intelectual;
Com esse 4 dons e virtudes a nossa inteligência vão sendo
restauradas.
O dom da piedade = virtude da justiça (por que que o dom da
piedade ajuda na nossa vontade? Porque nem sempre a gente
tem uma vontade reta que quer prestar um culto reto a Deus;
então o dom da piedade ajuda a vontade querer o que ela
deve e principalmente a amar a Deus, a zelar as coisas de
Deus e a prestar um culto reto a Deus. A justiça é dar a cada
um o que lhe pertence. A primeira virtude que brota da
virtude da justiça é a virtude da religião. Não existe a virtude
da religião sem a virtude da justiça;
O dom da fortaleza = virtude da fortaleza (o dom vai de fato
agindo na sua vontade para que ela consiga enfrentar
determinados obstáculos; e a virtude ajuda a enfrentar as
barreiras exteriores e interiores).
O dom do temor de Deus = a virtude da temperança (o dom
do temor não é ter medo de Deus, mas ter o zelo, o apreço,
esse desejo de não ofender a Deus. Tanto o temor de Deus
quanto a temperança ajudam a restaurar não só a vontade,
mas também a sensibilidade porque a temperança nos dá
moderação, no falar, no ouvir, no olhar. A modéstia está aí. A
modéstia não passa só pela roupa que você usa, mas também
pela postura.
O homem tem que aprender a modéstia, e onde é o ponto
fraco do homem? Ele tem que ter modéstia no olhar.
Tentação do homem está no ver. O da mulher está no falar e
ouvir;

Precisamos das virtudes:


Do ponto de vista natural porque não nascemos prontos e
acabados, precisamos usar bem as nossas faculdades naturais;
Do ponto de vista espiritual e religioso porque somos filhos de
Adão, o pecado original fragilizou as nossas faculdades
naturais;
E o que são virtudes? São hábitos, não no sentido de atitudes
permanentes, é hábito no sentido de disposições interiores
permanentes. É uma disposição interior. Então, sei que tenho
uma virtude quando tenho uma disposição interior
permanente, constante, tanto da minha inteligência, quanto
da minha vontade. Então se a minha inteligência tem uma
tendência, uma disposição constante para buscar a verdade e
se a minha vontade tem uma disposição interior constante
para buscar o bem, se essa disposição interior é permanente
tanto um como no outro, é porque adquiri e tenho aquela
virtude. Agora, se você prática essa virtude só de vez em
quando, você pode estar lutando e buscando, mas ainda não
adquiriu.
A virtude também é aquilo que nos ajuda a fazer a escolha do
justo, do justo meio segundo a reta razão, ou seja, o que
convém realmente em cada situação e em cada momento. Por
isso que a virtude também nos ajuda, nos auxilia seguir a reta
razão (princípio mais próximo da norma moral).
Por que as virtudes são tão preciosas? Porque no fundo, a
nossa vida, a nossa existência é uma tarefa a se realizar. O ser
humano é um projeto a ser realizado. Nós ganhamos a
existência, a vida de Deus, sim, mas temos uma obrigação:
temos que realizar e plenificar a nossa existência, a partir
daquilo que nos deu tanto no sentido natural, quanto no
sobrenatural;
3 passagens bíblicas: Mt 7, 24-27 = o ser humano é como se
fosse uma casa, uma casa que precisa ser construída, mas
para uma casa ser bem construída tem que ter um bom
alicerce. Se o alicerce for falho, a casa desmorona. Falha no
projeto: você precisa saber que tipo de ser humano você quer
ser. Todo mundo acha que a natureza humana, o que é ser
humano é, já está totalmente pronto acabado logo no início.
Não, o ser humano nasceu com potências, por isso, o mais
importante não é o que o ser humano é agora, mas o que ele
pode se tornar. Deus nos deu uma essência e uma natureza,
carregada de potências.
A natureza humana não é uma coisa fixa e esse é o erro dos
ideólogos do gênero, porque eles acham que falar de natureza
humana, é falar de uma coisa ponta e acabada, é falar de um
fixismo, não; a vida é dinâmica, o ser humano também é
movimento, mas não quer dizer que nasce indefinido, ele tem
uma natureza e uma essência, mas essa natureza e essência
não se realizou totalmente na existência, ou seja, o
importante não é como você nasceu, o importante é o que
você se tornou no final da tua vida. Ser generoso é dar
dinheiro, mas também doar o seu tempo para Deus; gastar a
sua vida no projeto que Deus tem para você.
Falha no projeto (Lc 14,28-30): preciso ter um bom alicerce,
um bom projeto e um bom material; é aí que entra as
virtudes. (1 Cor 3,9-15);
Alguns teólogos dizem que existe a virtude vitrine. Hábitos
rotineiros não são virtudes. Exemplo: pessoa que é pontual; a
pontualidade não é necessariamente uma virtude, está ligado
às vezes ao caráter. Existe também as inclinações
temperamentais.
Boas estruturas pressupõem boas estacas e essas estacas são
as virtudes humanas. As virtudes humanas podem ser
adquiridas pelo ser humano; se queremos ser boas casinhas,
ter um alicerce, um bom projeto e um bom material, temos
que ter essa base (boas estacas = virtudes naturais) e temos
que cultivá-las em nossa vida.
As virtudes sobrenaturais (infusas, teologais) se firmam sobre
virtudes naturais. Se queremos crescer na fé, esperança e
caridade, temos que cultivar as virtudes naturais na nossa
vida, ou seja, a graça supõe a natureza. Exemplo: como que
você vai adquirir a virtude da humildade sem temperança?
Humildade pressupõe moderação. Como você vai adquirir a
virtude da magnanimidade sem a fortaleza? Há uma ordem
nas virtudes.
Qual é a grande virose nos tempos de hoje? O orgulho e o
hedonismo; esse é o grande problema; nós somos soberbos e
achamos que sabemos tudo; e o prazer porque a nossa
tendência natural é fugir da dor e buscar o que dá prazer; falar
que naturalmente a gente abraça a cruz é mentira. Podemos
até abraçar a cruz, mas depois de longas orações, porque daí
você vê que não tem outro jeito a não ser unir a sua dor com a
dor de Jesus. Por isso que a humildade é fundamental; Deus
nos deu as 7 virtudes justamente para buscarmos a
humildade, em primeiro lugar. Nós como batizados, temos
condições de buscar a humildade porque temos a graça;
A aquisição das virtudes: nós não nascemos com as virtudes,
ninguém nasce com virtude. Ou recebemos no batismo as 7, e
cuida delas, e a partir delas adquire outras, ou tentamos
adquirir as virtudes naturais pelas nossas forças. Se é assim,
vemos a importância da educação e as consequências do seu
descuido. Ou seja, um pai, uma mãe uma escola que não se
preocupa com isso, quando a educação de uma criança não é
bem-feita, as consequências são horrorosas e nefastas; então,
sem virtudes, vamos ter muitos problemas. Isso pressupõe
uma formação contínua a constante, mas, o grande ponto é
que essa formação tem que começar quando ainda é
pequenininho.
Como adquiro virtudes e ajudo o outro a adquirir também? As
virtudes entram pelos olhos, a criança é uma esponja; quando
menor a criança de idade, o que pesa é o que ela vê e o que
ela ouve; o que ela capta pelos sentidos tem um peso
horroroso. Então, a criança precisa conviver com quem dá
bons exemplos, ou seja, com pessoas virtuosas. Se a virtude
entra pelos olhos e ouvidos, a criança precisa ver atos
virtuosos. A virtude começa pelos olhos, até chegar ao
coração. Depois que chegou ao coração, vem a imitação; por
último, do coração sobe à cabeça;
Eu adquiro virtudes tomando a decisão de vivê-las;
Mas o ser humano é capaz de realizar atos deliberativos e não
deliberativos (mecânicos). Então tem muitas coisas que
fazemos no dia a dia que não são atos deliberativos, são
voluntários, mas não são deliberativos. Um ato voluntário,
quer dizer que você fez porque você quis, mas um ato
voluntário pode ser deliberativo ou não deliberativo.
Então, têm atos voluntários que fazemos meio que de forma
automática, meio mecânica, não paramos pra pensar naquilo,
para analisar.
Esses atos não deliberados mecânicos não servem para
adquirir virtudes, porque fazemos no automático, seguimos o
fluxo. São voluntários, mas nem pensamos direito o que
estamos fazendo; fazemos realmente porque estamos
seguindo o fluxo;
Agora os atos volitivos deliberados são ações voluntárias que
realizamos a partir do que pensamos e realmente quisemos
mesmo. Por isso que as virtudes são adquiridas por meio de
atos voluntários deliberados, ou seja, você toma uma decisão
prévia interior.
O TERMO MISERICÓRDIA NADA MAIS É DO QUE EXPRESSÃO
DA DISPOSIÇÃO DE UM CORAÇÃO ABERTO À MISÉRIA DO
OUTRO. A NOSSA MISÉRIA ATRAI A MISERICÓRDIA DE DEUS.
NICODEMOS NÃO ESTAVA ENTENDENDO O QUE JESUS
ESTAVA FALANDO; JESUS ESTAVA NUMA FREQUÊNCIA E ELE
EM OUTRA. PORQUE O OLHAR DE NICODEMOS ERA
DEMASIADAMENTE TERRENO E MUNDANO, ELE ESTAVA
PENSANDO SÓ NAS COISAS NATURAIS E JESUS ESTAVA ALI
FALANDO DAS COISAS SOBRENATURAIS.
A GENTE ABORDA JESUS QUERENDO QUE ELE RESPONDA
COM A LÓGICA MUNDANA DO NOSSO MUNDO, MAS JESUS
TEM UMA OUTRA LÓGICA. A GENTE TEM QUE SE LIBERTAR
DESSE MUNDANISMO, O PAPA FRANCISCO DIZIA QUE ESSE É
O GRANDE CÂNCER DA ESPIRITUALIDADE CRISTÃ DO NOSSO
TEMPO, ESSE RELATVISMO; AO INVÉS DE NÓS LEVARMOS A
IGREJA PARA O MUNDO, NÓS ESTAMOS QUERENDO TRAZER
O MUNDO PARA A IGREJA.
. O ser humano não foi feito simplesmente para comer, beber e
dormir. As pessoas muitas vezes são estimuladas não a viver,
mas simplesmente a subsistir. E tem uma preocupação muitas
vezes excessiva com os bens materiais, com as necessidades
físicas, fisiológicas e tantas outras. Óbvio que precisamos do
material, mas o problema é quando a gente reduz a vida humana
a essas necessidades materiais ou a essa base material. E a partir
disso, nós também acabamos colocando essas coisas em
primeiro lugar na nossa vida. (Vídeo do Instituto Borburema
falando da vida espiritual).

O PAPEL DAS VIRTUDES NA EDUCAÇÃO DO INTELECTO


Se o caráter vai perecendo, ele não vai perguntar mais sobre as
grandes questões, sobre as grandes verdades. Ou seja, o ser
humano passa a viver simplesmente a partir do aqui e do agora;
o que interessa é o instante, o momento. E isso vai ter uma
consequência forte, além do ser humano não se preocupar mais
com as grandes questões, isso vai gerar uma grande dificuldade
do ponto de vista da apreensão da própria verdade.

Então o intelecto sem orientação e controle, ele envereda por


caminhos escorregadios, e, portanto, ele pode cair num
precipício, num buraco sem fim. Não tendo orientação, ele não
sabe o que busca, não há princípios, valores, não há virtudes que
vão norteá-lo.
O ser humano, na medida em que ele é uma unidade, isso quer
dizer que uma dimensão influencia a outra, ou seja, eu não sou
só corpo, não sou só psiquê, e não sou só espírito. O ser humano
é uma unidade profunda. Eu sou uma pessoa. Se eu sou uma
pessoa que têm várias dimensões, uma dimensão interfere na
outra. A dimensão física se ressente das nossas perturbações
mentais; da mesma forma com que a nossa dimensão espiritual,
ela também se ressente que estamos doentes fisicamente, e o
contrário também, porque nós somos uma unidade. Nós
separamos as coisas por questões didáticas, isso não quer dizer
que é tudo a mesma coisa; existem distinções, mas não
oposições.
Enquanto ser humano somos uma unidade substancial, portanto,
nós pensamos com todo o nosso ser pois é o homem que pensa,
e não somente o seu intelecto que pensa.
Quando você produz um pensamento e entra em todo um
processo de elaboração de raciocínio, em busca do
conhecimento verdadeiro, o seu intelecto evidentemente tem
um papel importantíssimo, mas não é só o seu intelecto que
pensa, é você. E, portanto, se sou eu que penso, e todo o meu
ser que está envolvido nesse ato de pensar. Se é todo o meu ser,
quer dizer que as paixões, os vícios, como também a virtude,
tudo isso de uma certa maneira, vai influenciar no meu modo de
pensar, de ver, de olhar e de analisar as coisas.

Se é assim, como é possível alguém pensar adequadamente,


sendo portador de uma alma doente, permeada de vícios,
paixões e amores desordenados? Não consegue, porque têm
várias coisas interferindo. Por mais que o ser humano tente ser
somente racional, não é tão simples assim porque as paixões, os
vícios e o amor desordenado têm força, tem poder. Os exercícios
das virtudes morais, refreiam as paixões e, portanto, são
importantíssimas para a aquisição do conhecimento, segundo
santo Tomás de Aquino.
Diz o santo: “Eu tenho ali a dimensão das paixões e dos vícios.
Então como é que eu vou lidar com tudo isso?”. Aí entra a
dimensão das virtudes; precisamos das virtudes. Ninguém nasce
com as virtudes.
Se pegarmos os grandes sistemas éticos que existiram até o
século XVI/XVII, sempre de alguma maneira se fazia referência da
importância das virtudes na vida do ser humano, para ele buscar
a verdade e querer o bem. A partir do século XVIII
(principalmente com a ética de Kant) uma ética do dever, do
imperativo categórico (uma ordem da razão), essa noção de
virtude foi sendo deixada de lado. E apenas depois na segunda
metade do século XX é que alguns autores americanos,
começaram a voltar a questionar e a refletir sobre a importância
das virtudes na ética e na vida do ser humano.
Na República de Platão ele já fazia a referência das 4 virtudes
cardeais, falando da importância delas. Dizia como um
governante precisa dessas virtudes.
Maquiavel dizia: o príncipe não tem que ser virtuoso, tem que
ser temido e, portanto, tem que ser um bom estrategista,
porque sempre está correndo o risco de perder o poder. Então
para manter o poder e manter a sociedade em ordem, precisa
ter eficiência, não virtude. Por isso que em Maquiavel é que
começa surgir uma duplicidade da ética, ou seja, existe uma ética
do poder, uma ética na política e existe uma ética para o povo.
Seja no mundo antigo ou no mundo medieval, o que é ética é
ética, e o que não é ética não é ética.
O nosso intelecto precisa ser educado, mas a nossa vontade
também; a nossa imaginação e estimativa também;
Existem 4 coisas que temos na nossa natureza que são
fundamentais para a nossa existência:
1- O intelecto – que Deus nos deu para conhecer a verdade;
2- A vontade – que Deus nos deu para querer o bem;
3- A imaginação – que Deus nos deu para comtemplarmos o
belo;
4- A estimativa – que Deus nos deu para descobrirmos o real
valor das coisas (a dignidade intrínseca de cada ser).
Se não educarmos o intelecto, a verdade se manifesta e não
conseguimos apreendê-la. Se não educarmos a vontade, o bem
se manifesta mas não sentimos atraídos por ele. Se não
educarmos a imaginação, não conseguiremos distinguir o belo do
feio, e vai continuar achando que é tudo a mesma coisa. E se não
educarmos a estimativa, nunca descobriremos o valor exato das
coisas e o relativismo invadirá a nossa cabeça e acharemos que
tudo tem o mesmo valor.
Essas capacidades estão na natureza humana, só que elas não
nasceram prontas e acabadas, não são pré-determinadas; o ser
humano precisa de ajuda, precisa ser auxiliado, além do
elemento religioso. Os vícios relaxam a atenção, tiram a
concentração enfim, dispersam.

Existe um processo formativo constante na vida das pessoas. E


por que que muitas pessoas não conseguem conhecer a verdade
e aprender? Porque não tem foco, não tem atenção (porque é
portador de um vício terrível).
Os vícios dificultam profundamente na vida do ser humano: seja
na infância, adolescência ou na vida adulta. Preguiça,
sensibilidade, orgulho, inveja, irritação e tantos outros.
Sejam as virtudes intelectuais como as virtudes morais, cada uma
no seu modo trazem vantagens e colaboração para nós. As
virtudes intelectuais aperfeiçoam tanto a nossa razão
especulativa (teórica), como também a razão prática do ponto de
vista da ação, de saber tomar decisões e as virtudes morais
aperfeiçoam a nossa vontade e apetites sensíveis.
Virtude – hábito (não apenas de ação ou de costume), é
disposição permanente para escolher o bem. O hábito aqui tem
uma dimensão superior.
O amor é o ponto de partida do conhecimento e da ação. Santo
Agostinho dizia: “o amor é o meu peso”. Baseado na física da
época dele, ele vai dizer que a vontade tem um peso e o peso
que rege a vontade é o amor. Então preciso questionar que tipo
de amor está predominando na minha vida, está dominando a
minha vontade. A verdade vem aos que a amam e esse amor não
ocorre sem virtude. Essa relação é fundamental; se eu quero
conhecer a verdade, eu preciso das virtudes porque para eu
conhecer a verdade eu preciso amá-la.
“O conhecimento do bem não é suficiente para praticá-lo”. Santo
Agostinho. Para fazer o bem eu preciso conhecê-lo, mas além de
conhecê-lo, ele precisa me atrair, me seduzir e eu preciso amá-
lo. Se eu não me sentir atraído pelo bem, eu até posso ter um
conhecimento intelectual do bem, mas não vou fazer o bem.

Para Sócrates o conhecimento do bem é o suficiente para


praticá-lo. Para Agostinho não e ele vai colocar na filosofia e o
diálogo como um exercício, uma ginástica do Espírito porque o
meu intelecto precisa estar preparado para aguentar o peso da
verdade quando ela se manifesta;
Santo Agostinho vai colocar 2 coisas fundamentais:
1- Ginástica Espiritual pelo diálogo: uma pergunta, o outro
responde; levanta uma hipótese, avalia uma hipótese, vê o
argumento, se a reposta foi suficiente ou não. Isso gera,
como Sócrates já dizia, toda uma purificação da alma,
então eu vou purificando a minha alma de opiniões
errôneas.
2- Fortalecimento: primeiro preciso me purificar das falsas
ideias, mas também dos amores corrompidos, do amor
desordenado. Preciso fortalecer porque senão, na hora
que a verdade se manifesta, eu não aguento o peso dela e
as suas exigências. É o que acontece conosco. Quantas
passagens bíblicas a gente conhece, mas fingimos que não
conhecemos?
As virtudes cardeais nos ajudam a tomar boas decisões, a ter
discernimento.
Prudência X precipitação, inconstância
Justiça X inveja, egoísmo, avareza
Fortaleza X covardia, medo, audácia
Temperança (gera a humildade) X gula, ira, luxúria,
imoderação
É preciso ter humildade, disciplina dos sentidos, disciplina da
imaginação, desapego de si, uma vida ordenada (é ter uma
vida que tenha disposição, que seja disposta, organizada, de
uma maneira que me ajude a se aproximar mais desse fim
último) conforme ao fim último.

AS POTÊNCIAS DA ALMA HUMANA (SANTO TOMÁS DE


AQUINO AULA 12) DEFENSOR FIDEI – VINHEDO
Chamamos potências porque elas respondem pelo
movimento. Então a natureza humana é composta de alma,
sofre um movimento e sofrer um movimento é sempre de
fora para dentro (do exterior para o interior). Deus criou a
alma e a infundiu no corpo.
A nossa natureza sofre movimentos, mas as potências da alma
produzem movimentos, deliberam, escolhem. O movimento
de crescimento da planta por exemplo, foi produzido pela
potência vegetativa, que está nela, na alma vegetativa; é um
movimento interno; a alma dos vegetais e animais é o
princípio de um movimento interno, tão somente; na alma
humana não, há diferenças.
O ser humano possui potência vegetativa: essa potência
responde pelas operações de nutrição, crescimento e pela
operação de reação. Possui também as potências sensitivas:
os sentidos próprios ou externos (tato, olfato, visão, audição e
paladar); temos os sentidos internos: sentido comum (fantasia
ou imaginação, estimativa ou cogitativa e a memória
(sensitiva ou sensível)).
Potências locomotoras, potências apetitivas: apetite sensitivo
(concupiscível e irascível) e apetite intelectivo (é responsável
pelo livre arbítrio da vontade e pela memória intelectiva (ou
espiritual).
As potências inferiores da alma temos em comum com os
outros animais.
Santo Agostinho tem a seguinte frase: “O que outros
conseguiram, eu também não conseguirei?” Se tantos foram
santos, como diz a carta aos Hebreus 11, e ele vai narrando os
patriarcas, nós também podemos conseguir.
As potências vegetativas estão diretamente responsáveis por
manterem o corpo. As potências não são a alma; a alma
possui potências; mas as potências não são parte da alma,
porque a alma é imaterial, portanto, não pode ter partes,
somente a matéria tem partes e podem ser subdivididas.
Os sentidos externos apreendem o mundo, mas os nossos
sentidos externos dependem dos órgãos corporais. Esses
órgãos sustentados pela potência vegetativa, podem
apreender o mundo, mas é a alma que percebe isso, porque a
alma anima os órgãos e percebe a modificação que os órgãos
e os sentidos sofreram.
As potências vegetativas são potências ativas porque
produzem movimento. Os sentidos próprios ou externos são
potências passivas porque sofrem movimento acidental. Mas
os sentidos internos são potências ativas porque são esses
sentidos externos que vão apreender a partir da primeira
apreensão feita pelos sentidos próprios.
No II livro (pg 53): Iniciação à Filosofia de Santo Tomás de
Aquino está escrito: O conhecimento sensível é o resultado da
ação direta dos objetos materiais sobre os sentidos. Essa
primeira apreensão é chamada de sensação. A sensação é
quando um objeto exterior produz um movimento nos órgãos
dos sentidos e os informa. O que é informar para santo
Tomás, é apreender a forma sem a matéria e fazer uma
primeira abstração. Os sentidos externos são informados
porque recebem a forma dos objetos exteriores. Então as
coisas que existem no mundo real têm matéria e forma. A
caneta tem matéria e forma; a forma substancial está na coisa
que existe, tem que ser no mundo real, mas a forma
intencional (objetiva) é capitada pelos sentidos.
Quando os sentidos externos são informados pelas coisas do
mundo real, nós temos sensação. Agora, nós só temos
percepção quando os sentidos internos começam a trabalhar
a sensação. O sentido comum é responsável por discernir as
diferenças dos sentidos externos. Então nós temos: sensíveis
próprias (são as sensações que nós temos em um único
sentido: ex; as cores, a música, etc) e sensíveis comuns (são as
sensações que temos com mais de um sentido). A apreensão
dos sentidos externos é quando eles recebem a forma
intencional e essa forma é gravada na imaginação e na
fantasia.
Quando você pega um anel e imprime o formato na cera, você
está fazendo uma impressão (imprimindo um desenho na
cera). Os objetos das coisas exteriores a nós, imprimem os
nossos sentidos uma apreensão sensível. Além disso, essa
apreensão dessa imagem, ela é guardada, é consciente, isso é
a apreensão sensorial.
Tudo aquilo que foi percebido pelos sentidos externos e
internos, nós podemos desejar ou ter repulsos (apetite,
desejo, paixão). É aqui que está a maior parte das tentações.
Santo Tomás de Aquino vai dizer que é importante estudar as
potências da alma, o teólogo deve estudá-las porque é nelas
que se encontram as virtudes e os vícios.
Onde a graça de Deus nos atinge? Nas potências superiores
(graças atuais e graças santificante). E onde o diabo mais atua
para lançar as tentações é nas potências inferiores.
Deus nos criou para que pudéssemos escolher fazer a vontade
Dele; e nós podemos dizer sim ou não. Temos capacidades pra
isso e por isso podemos falar dos atos morais, das virtudes,
dos vícios, dos pecados... Isso é natureza humana.
ONDE FICAM ALOJADAS NOSSAS “DOENÇAS ESPIRITUAIS”
(PADRE PAULO RICARDO)
Baseado na Antropologia de Santo Tomás de Aquino: A visão de
ser humano. Doença Espiritual é o nome que o padre deu para
entender melhor o que é o Pecado Capital. Os 7 pecados capitais
são na realidade tendências para o pecado. Ou seja, você se
confessa, mas a tendência continua lá. Como é que isso acontece
dentro da nossa alma, do nosso ser?
Quando a sua alma faz alguma coisa, existem 2 processos que
podem acontecer em você: pode conhecer e pode ter um desejo.
CONHECER: OS SENTIDOS TE FAZEM CONHECER
(CONHECIMENTO VEM PELOS SENTIDOS)
APETITE: O DESEJO DA COISA; QUANDO ATRAVÉS DO APETITE,
VOCÊ COMEÇA A DESEJAR E QUERER AQUILO, ENTÃO TEM AQUI
UMA DINÂMICA BEM DIFERENTE DO CONHECER. VOCÊ ESTÁ
QUERENDO ALGO; TEM AQUI UM APETITE QUE CORRESPONDE
AOS SENTIDOS: CONCUPSCÊNCIA
Conhecer através dos sentidos: ser humano e animais;
Apetite da coisa:
Se é fácil de obter: CONCUPISCÍVEL
Se é difícil de obter: IRASCÍVEL
Conhecimento racional: somente o ser humano tem; VONTADE
LIVRE;
Os pecados capitais estão baseados nos apetites: concupiscível e
irascível (que é onde estão as paixões da alma). E tem origem no
mal uso desses apetites.
Na linguagem popular, o que na escolástica chamamos de
paixões, usa-se a palavra: sentimentos (alegrias, tristezas etc.).
As nossas paixões precisam ser, aos poucos conduzidas, para que
a gente vá usando toda essa energia boa e positiva para Deus.
Santo Tomás diz que existem 11 paixões: 6 que derivam do
apetite concupiscível e 5 do apetite irascível.
Os sentidos são uma forma de interação entre corpo e alma, ou
seja, as informações chegam através dos sentidos à alma. E
através desse conhecimento dos sentidos que a nossa alma vai
fazendo abstrações, criando conceitos, ideias e a gente consegue
contemplar verdades.
O conhecimento racional deriva das coisas que vamos
aprendendo do conhecimento dos sentidos.
Assim como também os atos de amor em nós, seres humanos,
para que nós cresçamos em santidade, para irmos pra frente
espiritualmente, precisamos alimentar os sentimentos, purificá-
los, conduzi-los, como um bom pai educa os filhos, como um
bom cavaleiro sabe adestrar o seu cavalo, sem matá-lo. Às vezes
é necessário colocar uma espora ou usar um chicote, mas às
vezes é necessário acalmar o animal.
Santo Tomás de Aquino diz que a hegemonia que a alma exerce
sobre o concupiscível e ao irascível é uma hegemonia política (de
convencimento, de processo pedagógico), ou seja, não é uma
coisa absoluta. Aqui está o segredo e a Antropologia que está por
trás do nosso projeto de santificação.
A NOSSA VIDA CRISTÃ É UMA BATALHA ESPIRITUAL... É UM
COMBATE.
NADA ESTÁ NA INTELIGÊNCIA A NÃO SER QUE TENHA PASSADO
PELOS SENTIDOS.
FACULDADES DA DE ALMA 1: OS SENTIDOS INTERNOS E
EXTERNOS E A EDUCAÇÃO (ESCOLA SÃO FRANCISCO SALES)
Os sentidos internos: Sentido Comum – tem a função de reunir e
unificar as sensações dos 5 sentidos. Ele faz essa ponte entre os
sentidos externos. Pelo sentido comum, discernimos o que é
próprio de cada sentido externo.
A imaginação é o sentido interior que mantém a presença da
imagem no que conhece. Essa imagem contém todos os dados
sensíveis percebidos pelos nossos sentidos e reunidos pelo
sentido comum.
A imagem (que engloba não só o visível) pode vir dos sentidos
externos ou da memória sensível. A memória permite que a
imaginação represente algo que está ausente naquele momento.
A imaginação pode unir também elementos de distintos objetos
percebidos e formar um outro.
Por isso a importância de formar bem e ordenar a imaginação
para o que é e o que é útil, porque senão a nossa imaginação
tende a vaguear. A imaginação pode ser prejudicada fisicamente,
fisiologicamente (embriaguez, por exemplo) ou pelo mau uso.
A imaginação é uma faculdade importantíssima para a nossa vida
intelectual e moral, mas muito importante mesmo.
A imaginação e a inteligência. É muito importante ter a
imaginação funcionando bem, pois a imagem (fantasma)
presente na imaginação é a base para o ato da inteligência. A
inteligência compreende a natureza das coisas abstraindo-a da
imagem presente na imaginação. Se houver um problema na
imaginação, haverá um problema na inteligência.
A imaginação e as paixões. A imaginação é que move as paixões.
Nossas paixões e emoções são movidas pela presença do objeto
na imaginação, trazido pelos sentidos externos e comum no
momento mesmo

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