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E B O O K

SEXUALIDADE
infantil
A sexualidade infantil é um tema muito espinhoso e divergente.
As pessoas têm opiniões diferentes sobre esse tema. É um
tema difícil de ser tratado, com o qual estamos especialmente
sensibilizados por ocasião dos vários casos de abusos e pedo-
filia que correm nos noticiários etc. Todas essas coisas vêm à
nossa cabeça e começamos a ficar preocupados com a sexu-
alidade dos nossos filhos. Iremos falar de todas as dificuldades
que enfrentamos para cuidar da sexualidade de nossos filhos
e mesmo da nossa.

O que se faz hoje é uma orientação muito negativa do sexo,


sempre sob o viés do medo e do pessimismo. “Como fazemos
para evitar o abuso sexual?”, “Como fazemos para evitar a
gravidez?”, “Como fazemos para evitar DST’s”, “Como fazemos
para evitar traumas e vergonhas?” e assim por diante. O sexo
está, portanto, envolto numa incógnita de medo, de maneira a
deixar as crianças e os adolescentes muito inseguros. Em vez
de o sexo vir como algo totalmente desejável, nada ruim, cuja
realidade faça parte da vivência humana saudável, vem com
essa aura de medo, medo e medo, trauma, trauma e trauma –
e não é isso o que queremos para os nossos filhos; não quere-
mos dizer a eles que o sexo é algo ruim.

Fora o fato de serem informações despersonalizadas e pessi-


mistas, como eu disse, trazem também uma noção muito indi-
vidualista da liberdade humana. “Como eu faço para evitar a
gravidez para mim?”, “Como eu faço para não pegar DST?”,
“Como eu faço para não sofrer abuso sexual?”. A vivência da
sexualidade hoje é uma vivência bastante doentia e deturpa-
da, se comparada com o que de fato o sexo é. O sexo, em ver-
dade, não traduz essa realidade; traduz uma realidade total-
mente aberta ao outro.

SEXUALIDADE
infantil
Muitas vezes, as escolas falam sobre educação sexual para as
crianças sem previamente avisar os pais. Ouvi já vários relatos de
crianças chegarem em casa, depois de uma dessas conversas
sobre sexo promovidas pelas escolas, e falar que estão com nojo
dos pais ou que sentem pena deles por fazerem o que fazem juntos,
quando estão sozinhos.

Isso é uma maneira muito triste de mostrar a sexualidade para os


nossos filhos. Como falei anteriormente, mostra-se apenas a parte
biológica e corpórea e não se fala da parte importante da vivência
da sexualidade, que é a vivência espiritual. Ao desvencilharmos uma
coisa da outra, não dá certo, naturalmente: afinal, o homem é corpo
e alma.

Nós pais precisamos educar os nossos filhos. Não basta colocarmos


filhos no mundo; precisamos educá-los a fim de que sejam felizes,
desenvolvam sua habilidades, melhorem seus defeitos e, assim, as-
sumam seu lugar no mundo com elegância.

Precisamos, então, ter equilíbrio emocional e também criar um am-


biente de equilíbrio emocional para os nossos filhos, para que eles
consigam ser pessoas emocionalmente estáveis. Para isso, temos de
parar com brigas entre os filhos, parar de falar mal, parar de desau-
torizar o cônjuge na presença dos filhos. Tudo isso faz com que eles
vejam que os pais estão em desacordo e desarmonia em relação
às coisas que pensam para a educação dos filhos, de maneira a
lhes trazer uma insegurança grande.

É importante ficar claro que o amor entre a mamãe e o papai é


mais importante que o amor entre pais e filhos. “Samia, mas isso é
muito difícil”. É muito difícil, mas não amar corretamente o seu cônju-
ge traz uma insegurança gigantesca aos nossos filhos. Os filhos
sabem que o que os trouxe à existência, a saber, o papai e a
mamãe, os deve manter na existência, e que podem confiar que o
papai e a mamãe, os genitores, estarão sempre presentes, firmes.
Viver um amor incondicional, tanto a mulher com o marido, como o
marido com a mulher – incondicional no sentido de independer das
coisas que o cônjuge faça – é ter ao lado alguém que o ama e
sempre o irá apoiar.

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Viver nessa ambiência contribui muito para que os nossos filhos
falem coisas que para eles são difíceis. Independentemente do
que eles tenham a nos dizer, por mais difícil que seja, saberão
que podem contar conosco para ajudá-los a solucionar e
compreender os seus problemas

Outro ponto importante é a estabilidade na resposta afetiva.


Muitas vezes somos instáveis na resposta afetiva. Ou seja, nas
vezes em que o nosso filho faz uma besteira, respondemos ora
alegres, ora estourados; ora “tudo bem, meu filho; sem proble-
mas”, ora “não é possível! Sai de perto de mim!”. Responder de
acordo com a labilidade emocional é muito ruim. É preciso mo-
delar a realidade para os nossos filhos, e modelá-la sempre da
mesma maneira.

Essa estabilidade na resposta é esperada pelos nossos filhos. Se


somos pessoas desatentas, a cada hora achando uma coisa
diferente, como, por exemplo, quando o filho nos mostra um
desenho e o achamos lindo, mas, tempos depois, ao mostrar-
-nos novamente o desenho o achamos horrível, por estarmos,
sei lá, ocupados e estressados, não daremos uma estabilidade
afetiva para eles, deixando-os inseguros a ponto de, posterior-
mente, já adolescentes, quando tiverem dúvidas a respeito da
sexualidade, encontrarem dificuldades em contar conosco. O
ambiente familiar de estabilidade emocional parte sobretudo
da nossa estabilidade emocional primeiramente.

Educar a afetividade em nossos filhos é, diante da irritação, do


medo, da doença e da morte, ajudá-los a entender os senti-
mentos que passam por eles interiormente, ajudá-los a lhes dar
os nomes corretos. “Meu filho, o que você está sentindo é medo;
o que você está sentindo é insegurança; o que você está sen-
tindo é irritação”. “Sabe como lidar com o medo, a insegurança,
a irritação? Vem cá, que irei ajudar você”. É o nosso papel mo-
dular esse tipo de coisa.

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Os afetos, como falei há pouco, são um poderoso motor para a
ação humana. Fazer as coisas apenas por fazer, sem pôr nelas o
coração, é uma coisa muito ruim, que de fato não sustenta. Para
uma ação ser realmente boa, precisa desses dois cavalos andan-
do paralelos um ao outro: a vontade e o apetite sensível, a razão e
o sentimento ordenados. É necessário que ajudemos nossos filhos
a desfrutar de fazer o bem. A educação das emoções faz com
que os nossos filhos tenham um coração grande. Do coração,
como também disse anteriormente, podem sair coisas totalmente
desastrosas, como também coisas totalmente maravilhosas.

O coração humano é de fato o motor que deve ser educado. Sa-


bendo que o coração é capaz de nobreza, heroísmo e coisas
grandes, como também o é de vilezas, baixezas e instintos desu-
manos, devemos escolher o que queremos para si mesmos e para
os filhos. Queremos que os nossos filhos tenham um coração pe-
queno, que sejam pessoas mesquinhas, que vivem calculando as
coisas e façam o mínimo possível, ou que sejam pessoas grandes,
capazes de sacrifícios e renúncias, de coisas maravilhosas? Não
basta nos abstermos para não agirmos mal; precisamos realmen-
te mudar o nosso coração.

Disseram que ter um modelo de estabilidade emocional ajuda


muito. De fato, ajuda muito; mas não basta termos o modelo. Ob-
viamente, se eu convivo com meus pais e os meus pais são zelo-
sos com outras pessoas, isso vai entrar na formação da minha
afetividade. No entanto, mais uma vez, não basta isso. Os pais pre-
cisam sensibilizar os seus filhos para esses valores, conversando
com eles sobre isso, num clima distraído, enaltecendo o valor de
ajudar e compreender as pessoas etc. É preciso educá-los num
clima de compromisso e exigência pessoais – porque a preguiça
e o egoísmo matam qualquer tipo de maturidade emocional – ao
mesmo tempo em que concedemos uma abertura para que eles
consigam falar seus sentimentos sem que nós os ridicularizemos,
porque, do contrário, eles não conseguirão falar de coisas difíceis.
Esses pontos da sexualidade são realmente muito difíceis.

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O benefício que teremos ao modular a afetividade dos nossos filhos
é o de fazer com que eles aprendam a amar o que realmente
merece ser amado. É verdade que fazer o bem nem sempre é tão
atrativo como deveria, mas quando educamos o sentimento dos
nossos filhos e a sua afetividade, as virtudes custam muito menos
esforço para eles, porque eles chegam até mesmo a desejar os
bens árduos, não se importando em ter de trilhar um caminho difícil
para conquistá-lo. Eles vão conseguir sentir prazer em fazer o bem

Esse é o grande desafio. A grande conquista da educação da afeti-


vidade é unir, na medida do possível, o querer e o dever. Precisamos
conseguir ajudar a que os nossos filhos não estejam obrigados a
fazer nada em relação a sexualidade; precisamos ajudar a que os
nossos filhos queiram viver bem a sexualidade, viver bem a afetivi-
dade, e que eles consigam, através da confiança, falar conosco as
coisas que precisam ser faladas.

Aula 02

Um dos grandes problemas da educação da sexualidade é que há


uma obscuridade em relação ao que é de fato o ser humano –
tanto é assim que costumamos falar da educação da sexualidade
só em relação ao seu aspecto natural, cujos impulsos dominam as
ações da pessoa. Desse modo, acabamos esquecendo o que é
realmente o ser humano e que ele não tem apenas a dimensão
puramente animal; acabamos dando, enquanto pais, uma educa-
ção quase que veterinária aos filhos, tratando-os como se tratam os
animais.

Esquecemos, assim, das exigências da natureza humana. Acabamos


dando uma absoluta autonomia à função sexual, sem pensar na
questão moral dessa função; acabamos reduzindo o ser humano a
uma tendência apenas, de maneira que a sua educação seja real-
mente um culto ao erotismo. No final das contas, acabamos trans-
formando os vícios sexuais em teorias – ou seja, acabamos teori-
zando os vícios sexuais.

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Há também, nisso, um conceito de liberdade muito problemá-
tico, como se liberdade fosse fazer o que bem entendemos.
Mas, na verdade, liberdade é fazer o que é bom para a nossa
formação enquanto seres humanos. Se não levamos em con-
sideração todas as circunstâncias necessárias, estamos edu-
cando muito mal a sexualidade dos nossos filhos.

As escolas geralmente têm uma intenção puramente informa-


tiva ao passar conteúdos de educação sexual para as crian-
ças. Falam do sistema reprodutivo humano, do uso de anti-
concepcionais, do uso de preservativos, de abusos sexuais etc.
sem levar em conta a idade do aluno e se ele está preparado
psicologicamente para ouvir essas coisas todas. Foi o que eu
disse: é uma educação totalmente despersonalizada. A escola
passa a informação e negligencia o modo como a criança irá
absorvê-la. Em tese, isso deveria ser uma preocupação dos
colégios.

Muitas vezes, os pais acabam renunciando a tarefa da educa-


ção da sexualidade por terem medo, por não saberem o que
falar, por ficarem sem graça, por julgarem-se incapazes etc.,
de modo que a criança fica solta no ar: ela não é responsabili-
dade nem do colégio, nem dos pais, nem da igreja, nem de
ninguém. Simplesmente mostram a ela um vídeo no YouTube e
mais um monte de coisas sobre o assunto. Assim, ela não é
vista como um ser humano que precisa ser cuidado de forma
totalmente personalizada; não há uma preocupação sobre
como o assunto chega a ela e é por ela absorvido.

As pessoas que mais conhecem as crianças e delas são ca-


pazes de colher as informações, juntando essas informações
dentro da personalidade delas da melhor maneira possível,
são os pais. Veremos adiante como fazer isso na prática.

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Os atos humanos são necessariamente morais; ou seja, livremente
escolhidos após um juízo de consciência. Paramos e pensamos,
olhando para a nossa consciência, e decidimos, enfim, por uma
coisa ou por outra – daí que seja possível classificar os atos huma-
nos em bons e maus. O agir é moralmente bom quando as escolhas
feitas servem ao verdadeiro bem do homem. Precisamos saber,
então, qual é o bem da sexualidade, para que ela foi feita, por que
temos impulsos sexuais etc.

A moralidade humana depende do objeto, da intenção e das cir-


cunstâncias. Logo, o objeto deve ser bom, a intenção deve ser boa e
a circunstância deve estar de acordo. As circunstâncias não trans-
formam um objeto e uma intenção 6 ruins em coisas boas: elas
simplesmente modulam os objetos e as intenções; agravam ou ate-
nuam a bondade e maldade de determinado ato; aumentam ou
diminuem a responsabilidade do agente que realiza determinado
ato.

A consciência moral é um núcleo secreto do ser humano, presente


nele desde o início. Então, uma criança pequena, que decide colocar
a mãozinha na tomada e sabe que não pode fazê-lo, tem já uma
consciência moral ativa. Enquanto pais, fingimos não ver os atos
errados das crianças e, ao fazermos isso, passamos a elas a mensa-
gem de que podem agir contra a sua consciência moral. A mensa-
gem diz, não apenas que não existe um problema em fazê-lo, mas
que os pais são coniventes com isso.

Precisamos formar aos poucos a consciência moral dos nossos


filhos, ajudando-os a agir de acordo com o bem – e veremos como
isso se aplica à sexualidade.

O que precisamos fazer é ajudar os nossos filhos a manter uma


consciência sensível, capaz de julgar os próprios atos adequada-
mente.

É importante termos isso claro porque muita gente tenta tirar da


função sexual a sua função moral. É imoral desassociar a função
sexual do dom de si – a propósito, gostaria que fizéssemos um link
entre amor e dom de si. Toda vez em que eu disser “amor”, quero
que leiam “dom de si”, e vice-versa.

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A sexualidade, portanto, não é um ato puramente biológico,
mas refere-se ao núcleo íntimo da pessoa. O uso da sexualida-
de com doação física atinge seu pleno significado na expres-
são da doação pessoal do homem e da mulher até a morte.
Precisamos de fato usar a sexualidade nessa clave, da doação
total de si. O amor humano, o dom de si, é exigente: pede tudo e
dá tudo.

Não é possível haver um amor humano mesquinho – essas


duas expressões quase que se anulam. O amor humano não é
mesquinho; é grande, exigente e dá tudo de si. Às vezes, olha-
mos para nós mesmos e dizemos: “Gostaria que uma pessoa
me amasse dessa maneira, doando-se completamente, sem
nada ficar para ela”. É assim também que devemos amar as
pessoas.

Falarei agora dos quatro princípios da sexualidade que devem


ser seguidos pelos pais no momento de tratar do assunto com
os filhos:

i) Cada criança é uma pessoa única, merecendo receber uma


educação individualizada. Ninguém pode tirar dos pais a capa-
cidade de discernir se está na hora ou não de falar sobre sexu-
alidade com os filhos.

ii) Levar em consideração que o processo de maturação de


cada filho é diferente, tanto biológica, quanto afetivamente.
Essa é a razão de precisarmos ter um diálogo personalizado
com cada filho, sabendo quem ele é, como ele é, qual é o seu
temperamento etc. para estipularmos a melhor maneira de
abordar o assunto com ele.

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iii) As informações sobre sexualidade devem ser fornecidas num
contexto mais amplo da educação para o amor. Precisamos ter
sempre esse contexto do desenvolvimento biológico e do desen-
volvimento espiritual de fato, da alma dos nossos filhos. Precisa-
mos também avaliar os ambientes que os filhos frequentam,
porque muitas vezes esses ambientes atrapalham a educação
para o dom de si. Cansei de ir a aniversários em cujas festas
haviam músicas muito ruins, super sexualizadas, em desacordo
com a idade das crianças presentes. Quando isso acontece, eu
simplesmente pego meus filhos e vou embora – há, é claro, músi-
cas toleráveis, mas há algumas intoleráveis.

iv) Os pais devem dispensar as informações sobre sexualidade


com extrema delicadeza, de modo claro e oportuno. Devemos
falar com os nossos filhos sem sermos demasiadamente explícitos,
por um lado, e sem sermos demasiadamente vagos, por outro. Os
nossos filhos não podem ficar sem resposta; temos de dar-lhes
uma resposta, quando as perguntas aparecerem.

Em geral – e digo “em geral” porque conhecemos os tempos em


que vivemos –, os anos de inocência são um período de tranquili-
dade e serenidade do desenvolvimento sexual dos nossos filhos.
Esse momento tranquilo não deve ser perturbado com informa-
ções sexuais desnecessárias; não há necessidade ficarmos pas-
sando essas informações para as crianças que estão no limiar da
puberdade. Normalmente, nessa fase, os interesses das crianças
não estão voltados para o aspecto sexual, mas para outros inte-
resses da vida; elas não estão particularmente interessadas nos
problemas sexuais – elas preferem, aliás, conviver com crianças do
mesmo sexo.

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Esses princípios a que precisamos orientar os nossos filhos acabam
não sendo integrados em uma informação sexual com responsabi-
lidade. Se oferecemos essa informação aos nossos filhos de forma
prematura, eles não conseguirão agir responsavelmente, nem
mesmo a conseguirão entender – e isso irá perturbá-los. Que a per-
turbação não aconteça; mas, se porventura acontecer, precisare-
mos dar a informação correta aos nossos filhos de forma cuidado-
sa e limitada, o máximo possível, corrigindo a informação anterior e
controlando uma possível linguagem obscena.

Então, precisamos tentar cuidar dessas coisas. São nesses momen-


tos nos quais acontecem de fato as violências sexuais e, por isso,
precisamos proteger os nossos filhos, educando-os o máximo possí-
vel sem os expor a vídeos explicativos sobre como a coisa é, onde é
que a mão deve ser posta, etc.

Muitas vezes, os nossos filhos estão na fase de latência e tranquilos,


sem nem pensarem nisso – e esse fato não irá impedir o abuso
sexual. O abuso sexual acaba acontecendo com pessoas que já
têm a confiança dos nossos filhos, de modo que eles não consigam
perceber que essa confiança está sendo violada. A melhor maneira
de cuidarmos disso é não permitindo que os nossos filhos fiquem
sozinhos com adultos que não sejam mãe, pai e pessoas confiáveis.
Sei que isso é difícil, mas é a maneira disponível mais segura para
impedir que o abuso aconteça. É muito comum isso acontecer com
primo, tio, avô etc. É necessário estarmos, portanto, muito atentos.
Não adianta falarmos aos nossos filhos: “Se colocarem a mão aqui,
etc., você me conta”. Não é assim que abusos sexuais acontecem.
Se a criança sentir-se ameaçada, ela não irá contar para os pais.

Essa é a fase de cinco a doze anos, a fase de latência, os anos de


inocência. Resumindo-a: quanto menos pudermos expor os nossos
filhos a vídeos que possam violar essa inocência, melhor. Se os
nossos filhos já foram expostos de alguma maneira, precisamos
estar abertos para que eles possam contar conosco, sem que nos
impressionemos com as coisas que eles nos falam – porque, do
contrário, eles não irão falar mais nada conosco a esse respeito.

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Já sabemos que alguma exposição prematura pode aconte-
cer; então, sem nos espantarmos, devemos dizer “É? E como
que foi? Me conta” e tentar descobrir até onde eles sabem,
para tentarmos ordenar, ajustar, modular da melhor maneira
possível essas informações dentro dos nossos filhos.

A outra fase é a fase da puberdade, cujo início se dá a partir


dos doze anos. É o momento em que acontece a descoberta
de si, do próprio universo interior – aqui entra o que falei ante-
riormente: ao mesmo tempo em que entram nos adolescentes
planos generosos, os impulsos biológicos também afloram; ao
mesmo tempo em que há uma alegria imensa por efeito da
descoberta da vida, fazendo-os ser capazes de grandes
coisas, há, da parte deles, interrogações profundas, indaga-
ções que os angustiam, frustrações que os afligem; começam
a ficar desconfiados uns dos outros – começam a desconfiar
um pouco até mesmo dos próprios pais. Antes, os pais eram o
máximo; agora, começam já a indagar se os pais estão certos
em suas atitudes. Nesse momento, é de extrema importância
ter outros adultos cuja presença possa servir de referência aos
nossos filhos. O foco nos próprios pais irá desaparecer – por
isso, eles precisam ter foco em outros adultos bons, adultos
confiáveis. É importante, então, os pais terem um círculo de
amizades saudáveis, de pessoas cuja boa formação possa
servir de boa orientação aos nossos filhos.

Nesse momento da adolescência, termos a ajuda de um


médico, um psicólogo e, por que não?, de um sacerdote, capaz
de ajudar-nos no acompanhamento do crescimento dos filhos
adolescentes, é de grande valia – um sacerdote que possa ter
um convívio com os filhos, que possa ouvir suas questões,
postas muitas vezes no confessionário ou na direção espiritual
e das quais eles não falariam conosco.

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Precisamos prevenir os nossos filhos da mentalidade hedonista, que
diz ser o sexo apenas para benefício próprio. Essa mentalidade leva-
-nos a objetificar as pessoas. Na fase da puberdade, os filhos costu-
mam ficar muito vulneráveis a fantasias eróticas e a tentações de
realizar várias experiências sexuais. Conversar sobre essas coisas é
importante, tentando sempre sondar o que o filho já sabe sobre o
assunto e o que ele precisa saber, para que a gente não fale
demais, nem de menos.

Um outro ponto muito importante é em relação às filhas meninas. É


comum termos dificuldades, na fase de adolescência, de conversar
com as nossas filhas a respeito de que tipo de roupa é adequado
usar, que respeite a dignidade do ser humano – conversar sobre
isso com os meninos é bem mais fácil; com as meninas, acho já um
pouco mais complicado.

Essas questões precisam ser conversadas dentro de um ambiente


seguro, em que haja uma moralidade normal e seja possível perce-
ber o certo e o errado ordinariamente, não tomando como exemplo
as exceções mais absurdas que existem. Tomar as exceções e
casos difíceis como exemplo pode levar a criança a um relativismo
moral, alimentando nela uma certa indiferença – a criança fica tão
impressionada com o caso excepcional que não consegue definir o
certo e o errado.

Aula 3

Existe um livro chamado The Joyful Mysteries of Life, dos autores Ca-
therine e Bernard Scherrer: É um livro em inglês (infelizmente, para
ele, não há tradução no Brasil). É um livro para os pais lerem com as
crianças; e o modo como os autores abordaram o assunto é uma
maneira muito boa de conversarmos com os nossos filhos sobre a
sexualidade.

Não posso disponibilizar (ainda) uma tradução desse livro por ques-
tões de direitos autorais etc., mas gostaria de ler umas partes dele
para vocês, para que vocês tenham uma noção de como podemos
falar com os nossos filhos sobre sexualidade dentro de todo o pano-
rama que lhes passei no curso.

SEXUALIDADE
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A leitura do livro é voltada mais para crianças maiorzinhas, para
as quais já precisamos falar de algumas coisas mais sérias em
razão da chegada da pré puberdade, que acontece por volta
dos dez ou onze anos de idade da criança – talvez se faça ne-
cessário, com algumas crianças, antecipar um pouquinho o
assunto por efeito de circunstâncias particulares.

A minha idéia com a leitura é que vocês tenham uma noção de


como podemos falar sobre a sexualidade levando em conside-
ração a beleza da vida humana, a beleza do amor entre marido
e mulher etc.

O que segue abaixo, vindo do livro, é uma conversa de pais com


filhos:

“Você consegue se lembrar do nascimento de um bebê? Talvez,


consiga se lembrar do nascimento de um irmãozinho ou irmãzi-
nha – ou, até mesmo, de um primo ou um bebê de amigos e
parentes. Tenho a certeza de que você terá reparado que, logo
antes de o bebê nascer, a mãe lhe prepara um berço: ela põe
no berço lençóis bonitos, cobertores aconchegantes ou edre-
donzinhos macios – ou talvez coloque uma medalhinha amar-
rada a uma faixa. Tudo isso é feito com muito cuidado e amor
para o bebê a quem estão esperando (embora ainda não o
conheçam)

Você já se perguntou o que era o berço do bebê antes de ele


nascer, e quem o preparou? Antes de o bebê nascer, seu berço
fica na barriga da mãe e se chama útero. É um bercinho bem
macio, que Deus, por especialmente amar os bebês, dá às me-
ninas a fim de que possam embalá-los por nove meses da sua
vida, caso venham a ser mães, antes do nascimento deles.

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O útero fica na barriga das meninas, abaixo do umbigo. É do tama-
nho de uma pêra e é certamente muito confortável para o bebezi-
nho que ali se acomoda no início da vida. Nesse momento, o bebê
tem o tamanho de uma cabeça de alfinete, não se assemelhando
em nada com um bebê propriamente. Às vezes, os pais não perce-
bem de imediato que ele existe, mas Deus o percebe, porque já lhe
deu alma e amor”

Fazendo um parêntesis, já conseguimos falar com a criança, a


partir do que foi lido até aqui, que existe vida tão logo a concep-
ção aconteça; que mesmo não tendo cara de bebê, o bebê é um
bebê; que toda vida humana vem a partir de um amor, de um
amor que lhe deu vida. Isso é dizer que toda origem de vida de
que precisamos falar para qualquer criança – quer seja ela fruto
de um abuso sexual, quer seja fruto de pais que posteriormente a
abandonaram etc. – pode ser falada a partir do amor de quem a
gerou.

Continuando a leitura: “Uma vez que esteja acomodado no útero


da mãe, o bebê cresce, e três semanas depois do início da vida,
seu coração começa a bater. Com dez semanas, ele tem mãozi-
nhas e pezinhos, e seu rosto pequenino começa a tomar forma.
Com doze semanas, ele já tenta chupar o dedo. Com quatro ou
cinco meses, a mãe já consegue senti-lo mexer-se; o útero dela
cresce, junto com o bebê, e sua barriga fica cada vez mais redon-
da à medida que o bebê começa a ocupar mais espaço. A vida
oculta do bebê prossegue por nove meses.

Você sabe como um bebê se alimenta enquanto está na barriga


da mãe? Sabe por que você tem um umbigo?

O umbigo é a marca deixada pelo cordão umbilical; este, une à


mãe o bebê enquanto o bebê está no útero. O bebê o utiliza para
obter comida: seu sangue passa pelo cordão umbilical e chega à
placenta. A placenta é um órgão criado pelo bebê para ajudá-lo
a obter comida do sangue da mãe. Assim, para alimentar o bebê,
a mãe precisa de mais sangue do que de costume.

SEXUALIDADE
infantil
Porém, o que acontece quando uma mãe não está esperando um
bebê?

Todo mês, o útero de toda mulher se prepara para receber uma


nova vida: às paredes do útero são cobertas por um forro, como
uma espécie de colcha ou edredom, muito macio e rico em
sangue, de maneira que, se um novo bebê se acomodar ali, encon-
trará um berço confortável, onde não será perturbado. Se, por outro
lado, nenhum bebê se acomodar ali, o forro deixará o corpo da
mãe por meio de uma espécie de sangramento – esse sangra-
mento é conhecido como menstruação.

Como a menstruação sai do útero?

Deus deu às meninas e mulheres uma passagem que une o seu


útero ao mundo exterior. É uma passagem muito delicada e se
chama vagina. Ela termina num lugar escondido, atrás de onde sai
a urina – a uretra. É importante não confundir esses dois lugares. É
por isso que as meninas, quando têm já idade, e as mães, quando
não estão esperando por um bebê, menstruam – mais ou menos,
uma vez por mês –, perdendo o forro de sangue do útero.

Em alguns países, a menina menstruar pela primeira vez é uma


grande ocasião na família. É para os pais o momento de grande
alegria saber que a menina está crescendo e que um dia poderá
ser mãe também. Para a menina, a menstruação marca a sua en-
trada no mundo dos adultos, em que cada um é responsável pelo
que faz.

Quando Deus concede a uma menina o dom da fertilidade, Ele


mostra que tem nela muita confiança. De certo modo, Ele dá a ela
Seu poder de criar novas vidas, e a menina precisa tentar ser digna
dessa confiança, mesmo que Deus lhe dê automaticamente, sem
pedir nada em troca.

Esse dom é muito especial, mas pode ser prejudicado por algumas
doenças; por isso, precisa ser cuidado. Isso precisa ser guardado, e
não deve ser estragado ou abusado.

SEXUALIDADE
infantil
Por nove meses, o bebê cresce dentro da mãe. É impressionan-
te como ele cresce rápido. No começo da vida, ele é do tama-
nho de uma cabeça de alfinete; nove meses depois, costuma
pesar mais de três quilos – às vezes, um pouco mais – e ter
cerca de cinqüenta centímetros. Enquanto está no útero da
mãe, sua cabeça fica normalmente apontada para baixo, com
braços e pernas encolhidos para ocuparem o mínimo de
espaço possível. A barriga da mãe, no entanto, está bem
grande e redonda no momento em que ele nasce. A essa
altura, a cabeça dele está com dez centímetros de diâmetro.
Será que você ou sua irmã tem uma boneca do tamanho de
um bebê recém-nascido? Como o bebê sai da mãe?

Deus decidiu que seria pela vagina, do mesmo modo como


com a menstruação. Mas como um bebê desse tamanho
passa por um canal aparentemente tão pequeno?

Bem, como você sabe, o útero é bem pequeno quando não há


nele algum bebê. Ele cresce junto com um bebê dentro dele. A
vagina, por sua vez, também muda nos últimos dias de gravi-
dez, ficando mais larga no momento do parto para deixar o
bebê passar. Algumas horas antes do nascimento, a mãe
começa a sentir contrações – é assim que ela sabe que o
bebê está prestes a nascer. O marido a leva para a maternida-
de (a parte do hospital em que o parto acontece). O bebê
nasce após algumas horas e respira pela primeira vez.

O nascimento do bebê costuma ser muito cansativo para a


mãe, pois exige dela muito esforço. Às vezes, o parto é também
muito doloroso, e essa é a razão de ela ficar, certas vezes,
alguns dias acamada para recuperar-se, antes de retornar
para casa e cuidar de todos os outros filhos. Não obstante,
esses primeiros dias são de grande alegria para os pais,
porque lhes dão a primeira oportunidade de conhecer mais
um novo membro da família, a quem eles já amam há nove
meses.

SEXUALIDADE
infantil
Até agora, não falamos muito sobre o papel que o pai desempenha
para da r vida a bebezinhos. O papel dele deve ser importante – do
contrário, ninguém nunca diria que você ou seus irmãos se pare-
cem com ele.

Por puro amor, Deus criou os seres humanos como macho e fêmea,
para que pudessem se casar e, sendo criados à Sua imagem e se-
melhança, dar vida a filhos por amor. Deus também não quer que a
mãe tenha de cuidar do bebê totalmente sozinha – se fosse assim,
o bebê não teria um pai para amá-lo e protegê-lo. Assim, enquanto
Ele prepara um berço para o bebê em cada mulher (o útero), Ele
também dá a elas uma célula especial para fazer um novo bebê.
Essa célula especial se chama óvulo.

Todo mês, um óvulo é liberado por um dos dois pequenos órgãos


chamados ovários, que toda mulher tem – aliás, ela tem dois, para o
caso de um não funcionar. Quando ambos estão funcionando, alte-
ram-se na produção dos óvulos. O momento em que os ovários
produzem um óvulo é chamado ovulação, e ele acontece duas
semanas antes do início da menstruação.

Esse óvulo não tem capacidade de criar uma nova vida sozinho.
Para a mãe ter um bebê, ela precisa de que o pai lhe dê uma outra
célula – se ele não o faz, o óvulo morre bem rapidamente, perdido
junto com a menstruação.
Como vocês sabem, o corpo dos homens é diferente do corpo das
mulheres, e as células especiais usadas pelos pais para fazerem
vidas novas são muito diferentes das produzidas pelas mães. As
células dos homens são chamadas espermatozóides e são produzi-
das por glândulas chamadas testículos. O pai, na verdade, dá à
mãe um grande número de espermatozóides, de modo que Deus é
quem decide qual deles será unido ao óvulo da mãe para fazer um
novo bebê.”.

Essa é uma outra coisa muito importante. Isso mostra para as crian-
ças o quão especial elas são, independentemente do que tenha
acontecido para que elas tenham vindo à existência. Elas foram
escolhidas a dedo em meio a um monte de outras células.

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“O momento em que Deus faz uma vida nova, unindo as células
materna e paterna é chamado concepção. O novo bebê, na
concepção, ainda não tem pernas, braços, boca ou olhos, mas
já é um novo ser humano completo.

Logo, você é único, porque Deus escolheu amorosamente uma


célula específica da sua mãe, e uma do seu pai, que se uniram
e culminaram na sua vida.

É por ser você único que te amamos. Deus conhecia você


desde que te criou, e amou você mesmo antes de os seus pais
saberem que você existia.

Você agora deve estar se perguntando o que o pai faz para


dar à mãe suas células e criar uma nova vida. Ele as põe na
vagina dela, na preciosa passagem por que o bebê irá nascer.
Assim, pelo mesmo canal a mãe recebe e dá a vida. Usando o
pênis, o pai envia espermatozóides à vagina da mãe, num
gesto de amor muito bonito, que expressa a união de seus co-
rações, almas e corpos. O modo como isso acontece é um se-
gredo especial de seus pais, contado agora para você porque
te amam e confiam em você. Porém, essa é uma questão
muito pessoal, sobre a qual você não deve discutir com outras
pessoas, mas guardar para si.

O segredo está no coração do amor entre os pais: se você falar


dele, pode estragá-lo e fazê-lo sofrer. Se você quiser falar disso,
fale somente com os seus pais ou com pessoas em que você
possa confiar. Se você se casar quando crescer, poderá dividir
isso com a pessoa com quem se casou. Deverá, em seguida,
guardá-lo no seu coração e, quando for a sua v ez, confiá-lo
aos seus filhos ao chegar a hora apropriada.”

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Agora, uma parte do livro em que os autores falam da virgindade
das meninas:

“Quando você dá um presente a alguém, ele deve ser novo e


dado para sempre. Você não dá um presente e diz: ‘Ah, vamos ver;
de repente, pego o presente de volta, caso eu tenha vontade de
fazê-lo’. Que presente ruim é esse que você pega de volta?

Quando uma moça se casa, ela se dá para o marido no dia do


casamento, como um maravilhoso presente. Ela deve ser pura,
bem como um presente deve ser novo; e ela se dá a ele para
sempre. Obviamente, para o marido funciona do mesmo jeito: ele
deve ser puro e dar-se a ela para sempre – mas, aqui, estamos
falando para as meninas.

Para que se lembrem desses presentes para os maridos, Deus


marcou as meninas com um sinal físico, pondo-lhes o Seu selo.
Antigamente, um nobre, ao escrever uma carta, tinha um jeito de
garantir que apenas seu destinatário iria lê-la. O método que ele
usava era dobrar a carta e pôr nela um selo de cera, marcado
com o seu próprio sinal privado. A pessoa para quem tinha escrito,
a única com direito de ler a carta, romperia o selo para abrir a
carta.

Deus fez com as meninas algo muito parecido. A menina grávida


abriga o seu filho até que ele nasça – assim como Jesus na hóstia
sagrada, abrigado no sacrário da Igreja. Por isso, os meninos e os
pais têm de respeitar as moças e as mães – elas são sacrárias do
mistério e da vida. O sacrário de uma menina é fechado pelo selo
de uma membrana, muito fina e delicada, localizada na entrada
da vagina e cujo nome é hímen. Depois de se casar, o marido
pode delicadamente abrir a entrada deste tabernáculo, rompen-
do (delicadamente) a membrana através de uma bonita ação
que expressa a união do casal. É com essa ação que criam uma
nova vida. Ela é o segredo do amor entre seus pais.

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Deus dá ao marido o direito de romper o selo pelo sacramento do
Matrimônio. Sem esse sacramento, o homem não tem o direito de
fazê-lo, e a moça, por sua vez, não tem o direito de permiti-lo. A
membrana é um selo e marca a virgindade do corpo de cada
menina. Se uma menina não sabe que deve guardar sua virgindade
e acaba deixando um garoto fazer o que deveria ficar para o
marido dela, a membrana não pode ser restaurada; e a menina,
portanto, não se dará intacta ao futuro marido no dia do casamen-
to.”.

É um livro bonito e bastante emocionante, muito delicado ao falar


do assunto. Fala-se nele de todas as coisas, não com um ar de mis-
tério no sentido de que algo não possa ser revelado, mas com um
ar de mistério revelado na intimidade – revelado por pessoas que
amam.

Ao não preservarmos nossa intimidade, acabamos expondo-a aos


maus tratos das pessoas, a considerações indevidas, a pessoas que
não levam em consideração a nossa personalidade e história, tudo
o que carregamos dentro de nós (o passado, o presente e o futuro).

Quando olhamos para a natureza e vemos como o ser humano é,


para que ele foi feito, ao quê está orientada a sexualidade e como
ela deve ser vivida, e quando vivemos de acordo com a lei moral
natural, teremos as melhores consequências na nossa vida.

É o que abordei na primeira aula: Você sabe de onde vêm as suas


ideias? Você sabe por que você concorda com o que concorda? Já
parou para pensar na contracepção ou as suas idéias são simples-
mente ideias incutidas pela Planned Parenthood, que estão aliás na
cabeça de todo mundo, nas escolas, nos livros e nas orientações de
faculdades de medicina etc.?

Nosso último ponto é em relação à masturbação e à pornografia

O homem tem uma metade do sistema reprodutor e a mulher tem


a outra. “Samia, por que você está dizendo isso?”. Porque simples-
mente é assim. Basta vermos que a mulher tem uma parte e o
homem tem outra. Os corpos masculino e feminino não têm sentido
se não forem complementares um ao outro.

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A faculdade humano sexual, como vimos aqui, é feita para o outro; a
complementaridade sexual está no próprio desenho dos corpos
humanos. O intelecto e a vontade do ser humano, portanto, devem
estar em sintonia com a verdade do corpo.

Foi visto, através de estudos recentes (e esses estudos são recentes


porque antes não havia essa avalanche de conteúdo pornográfico
por todos os lados que há hoje em dia; antes, a pornografia era
bidimensional, ficava nas revistas, e o acesso a ela acontecia de
modo muito mais esparso e “tranquilo”, se comparado ao que como
é hoje. Hoje, basta um clique para se ter exposição à pornografia),
que a pornografia e a masturbação alteram o funcionamento do
cérebro humano, podendo causar dependência como se fosse
uma verdadeira droga, tais como cocaína e heroína.

Normalmente, a dopamina é liberada em relação a uma função


vital do ser humano, como comer, beber e transar. O prazer venéreo
também produz uma liberação de dopamina – só que a quantida-
de de dopamina liberada nesse caso, se comparada aos casos da
comida e bebida, é muito mais alta. Se, de fato, por causa da dopa-
mina, podemos ter vício em comida, imaginem o que pode aconte-
cer em relação à vivência viciosa da sexualidade.

O esforço por encontrar dopamina, ao se tomar contato com a


pornografia, é muito menor se comparado com as outras ativida-
des mencionadas, e ele recebe uma recompensa muito maior e
mais satisfatória por causa da quantidade de dopamina jogada no
cérebro. E sabemos que quanto mais consumimos a substância que
nos vicia, mais se faz necessário aumentar a dose dela para que
tenhamos o mesmo prazer de antes.

A exposição à pornografia está cada vez mais precoce. Foi visto nos
EUA que a exposição inicial ao mundo da pornografia tem aconteci-
do em crianças em torno de onze anos. As crianças, por cada vez
mais cedo tomarem contato com a pornografia, tornam-se cada
vez mais reféns da neuroplasticidade, culminando em consequên-
cias muito graves, como, por exemplo, impotência sexual, depressão,
pensamentos suicidas, síndrome do pânico, déficit de atenção etc.
Isso tudo está bastante relacionado.

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Os indícios que apontam para uma pessoa viciada em porno-
grafia são: reincidência no contato com a pornografia, mesmo
tentando parar; contato com a pornografia no trabalho, na
escola e faculdade; gasto de tempo enorme com conteúdo
pornográfico etc.

É importante tentarmos ensinar aos nossos filhos a viver a sexu-


alidade da maneira como falamos em todas as aulas. Mas,
muitas vezes, os nossos adolescentes não estão suficientemen-
te maduros e bem formados, de modo que eles precisem de
um empurrãozinho; e esse empurrãozinho é, muitas vezes, um
medo. Em situações em que os adolescentes estão mais pro-
pensos a fazer algo que fira a dignidade da sua própria sexuali-
dade, o medo ajuda a frear isso. Obviamente, a melhor manei-
ra de se fazer as coisas e de se agir na vida não é o medo,
mas, em muitos casos, o medo nos ajuda, nos ajuda a paralisar
quando sabemos que determinadas coisas são erradas.

É importante, então, de alguma maneira, conversarmos com os


nossos filhos sobre pornografia, masturbação, uma possível
gravidez da namorada etc. – mas conversarmos sem irritação,
sem histeria, sem drama. É importante falarmos sobre essas
coisas, é importante dizermos que, se eles cultivarem o vício da
pornografia, serão incapazes de ter um relacionamento saudá-
vel e normal com suas esposas, e as suas esposas vão se sentir
inferiores por nunca conseguirem comparar-se às mulheres da
pornografia.

É importante também dizermos que a masturbação está muito


relacionada à pornografia, e a pornografia é uma maneira de
objetificar as outras pessoas e não estar preocupados com
elas. Consumir pornografia é uma maneira de mostrar que não
estamos nem aí para a vida do outro.

Enfim, precisamos ir conversando com os nossos filhos sobre


todas essas questões, para que eles entendam o real motivo
de se viver bem a sexualidade.

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Esse foi o resumo das nossas aulas. Muito obrigada pela sua aten-
ção de ter lido até aqui, faça bom proveito do material e bons estu-
dos, um beijo!

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