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A personalidade é a instância
propriamente particular da
sua pessoa: é aquilo que só
você tem, e ninguém mais.
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A escalada das
motivações humanas
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Um pedido desse, feito a uma pessoa na 4ª camada, vai
fazê-la pensar imediatamente: “Fulano não gosta de
mim. Isso é implicância; qual a diferença entre a batati-
nha mais ou menos assada? Isso é só porque eu sou...”.
Essa frase “É só porque eu sou…” Complete como qui-
ser: homem, mulher, pobre, etc., é própria de pessoa na
4ª camada. Então, se ela fica permeando a sua cabeça,
saiba: você ainda tem uma demanda absoluta pela va-
lidação das outras pessoas. Precisar que os afetos sejam
validados quando alguma coisa é cobrada é a receita
para que ninguém amadureça.
Quando alguém lhe faz um pedido objetivo – por exem-
plo: “Por gentileza, chegue mais cedo amanhã” –, é por-
que a pessoa precisa de fato que aquilo aconteça, e não
por outro motivo qualquer.
Uma pessoa adulta já deveria ter enraizada em si a ca-
pacidade de olhar a vida de modo bastante objetivo. E,
quando falo “objetivo”, não quero dizer “racional”. Vocês
não vão me ouvir falar “racional” quase nunca, porque
não acredito que a racionalidade esteja na dianteira da
conduta humana. Parece-me que há coisas muitíssimo
mais poderosas para nos instalar na vida humana; por
exemplo, a afetividade, a percepção sensível, o intelecto
são muito mais profundos do que a racionalidade.
Por isso, tome cuidado. Pense se você não está viven-
do com essa demanda absurda de validação externa. E
essa demanda vem justamente da afetividade mal
formada. Uma pessoa que ainda tem dúvidas se é
amada, ou se é capaz de amar, terá uma instabilida-
de na sua forma afetiva.
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Educação e autoridade:
Uma geração inteira na 4ª
camada:
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isso não traz bons resultados. Os resultados pedagógi-
cos do nosso sistema de ensino não têm nada que ver
com falta de dinheiro. As pessoas têm mania de repe-
tir essa cantilena. Nunca se investiu tanto em educa-
ção quanto nos últimos anos. Embora os investimentos
sejam enormes, os resultados são pífios. O Brasil perde
miseravelmente, numa comparação com outros países,
na questão quantidade do PIB investido e resultado pe-
dagógico.
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Parte 2
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O exemplo clássico que eu dou é quando se pede a um
funcionário que ele entregue um relatório até às 15h,
e ele começa a pensar: “Será que o meu chefe está zan-
gado comigo? Será que vou ser mandado embora?”. É
assim que a questão vai repercutir nele. Ele não está
olhando para a utilidade do seu trabalho nem para a
demanda objetiva do chefe. Ele está olhando para seu
mundo interior. Está pensando: “Será que o meu chefe
gosta de mim? Será que sou uma pessoa bacana?”. Ele
sempre pensa em termos de cálculo, tentando fechar
seu mundo interior.
Esse tipo de pensamento pode se espalhar para vários
outros tipos de relação. Numa relação entre mãe e filho,
às vezes o filho pode dizer “não gosto mais de você”, e
em algumas mães isso bate de um jeito muito torto. Ob-
jetivamente, o que a mãe tem de perceber é: “Meu filho
deve estar com fome, ou irritado; deve estar precisan-
do de alguma coisa”. A mãe tem de olhar para essa fala
de um modo mais objetivo. A mãe é mais velha, a coisa
não era para bater nela de modo a desmontá-la. Na rela-
ção entre mãe e filho há um abismo. Há uma distância
intelectual, de formação afetiva (ela deveria ser muito
mais madura que o filho). No entanto, se a motivação
dela ainda é de 4ª camada, ela vai pensar: “Nossa, meu
filho não gosta de mim. Será que errei? O que será que
estou fazendo de mal?”. O que o filho disse vai repercu-
tir na mãe de modo a formar o afeto dela.
Um adulto de 4ª camada tem domínios afetivos mal
formados. É como se ele ainda precisasse receber
aquela cota de amor estabilizante. Como o sujeito
provavelmente não recebeu isso na infância, do seu
pai e da sua mãe, ele cresce com um buraco. Com
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isso, quase tudo o que ele recebe entra nele procu-
rando um lugar para tapar um buraco no seu peito.
Alguém poderia me dizer: “Mas, Italo, não é assim mes-
mo que a coisa funciona? Se um filho meu fala que não
gosta de mim, você quer que eu pense o quê?”. Eu quero
que você se ponha no lugar de pai. O normal para um
adulto não é receber essa informação do filho e procu-
rar um lugar no peito para tapar um buraco. Deveria
entrar no sujeito como um sintoma. Se um paciente vir
a falar que não gosta de mim, isso não vai entrar em
mim e me fazer desesperar. O que vou pensar é que tal-
vez seja necessário mudar a dose da medicação, ou que
ele precise de uma maior presença minha etc. Temos
de ir para um lugar objetivo. É isso que esperamos da
vida adulta. A vida adulta pede certa objetividade.
Se, sendo adultos, caminhamos sempre num mundo
subjetivo – ou seja, quando as informações externas en-
tram e tapam buracos no peito –, tenha certeza, ainda
estamos na 4ª camada.
E por que isso acontece? Por que ficamos aprisionados
nesse lugar?
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Apontar os defeitos,
negar as ferramentas:
caminhando na
insegurança
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afeto é formado quando o outro caminha e você o
ajuda.
Por exemplo, quando um filho seu tem um projeto, e
você, com muita racionalidade, diz “Isso não vai dar
certo”, o que você fez? Jogou uma comunicação de que
ele é um incapaz, de que você não está ali para lhe dar
suporte. O que temos de fazer para fechar esse contor-
no afetivo no coração de quem está ao nosso redor é
sustentá-los, dando-lhes as ferramentas para que pos-
sam, de fato, alcançar seus projetos, cumprir suas ex-
pectativas. É assim que se faz.
Ao contrário, é comum ver uma criança ser vexada pe-
los pais na frente de outras pessoas. Eles apontam os
defeitos da criança, mostrando que são os primeiros a
conhecerem os erros dela. Em geral, os pais fazem isso
para não passar vergonha diante da comunidade dos
adultos. Isso é terrível, porque mata a possibilidade de
se fechar um contorno no peito da criança. Nunca de-
vemos expor um defeito de um filho nosso diante da
comunidade, da família etc.
Fechamos o contorno afetivo, para que o sujeito não fi-
que aprisionado na 4ª camada, sustentando-o, dando-
-lhe suporte, sendo, sobretudo, uma autoridade, sem
pensar que a autoridade seja algo impositivo. Não se
deve confundir autoridade com autoritarismo. O au-
toritarismo é fazer tudo antes do filho. “Vai fazer por-
que eu quero”, e, se ele não fizer, você vai e faz antes.
“Não precisa entender, não; só vai lá e faz porque estou
mandando.” Isso é autoritarismo. A autoridade é um fe-
nômeno completamente diferente desse. Autoridade
significa criar um ambiente no qual a criança possa se
mover com tranqüilidade. A criança fica tranqüila por-
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que sabe que você garante as ações dela. Ela tem um
ambiente seguro para agir. Isso vale para funcionário,
marido, time, tudo.
A autoridade que temos de buscar, para criar um
ambiente afetivo próprio para que o outro não fi-
que preso na 4ª camada, consiste sobretudo em
criar um ambiente de segurança. Nesse ambiente,
a criança não é exposta sistematicamente nas suas
falhas. Isso não significa que você não possa nun-
ca apontar um erro dela. Para fazer isso, você deve
chamá-la para perto e, com todo o carinho, expor os
motivos pelos quais você acredita que ela esteja er-
rada, dando-lhe – e aqui vai o mais importante – os
elementos de melhora. Isso é autoridade. Esse é o
princípio da liderança.
Isso não quer dizer que você deva ir lá e fazer no lugar
da pessoa. Quando você faz por ela, você lhe corta a ca-
pacidade de ação.
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pais só falam “Tem de arrumar a cama!”, sem saber que
a criança não tem idéia por onde deve começar. Arru-
mar uma cama, para uma criança, está entre as tarefas
difíceis. É necessário um método para colocar as coisas
em ordem, e uma criança de 6 ou 7 anos não tem a ca-
pacidade cognitiva para imaginar que a primeira coisa
a fazer é tirar o travesseiro de cima da cama, depois es-
ticar o lençol etc. São muitas ações em seqüência, e só
a ordem dada sem instrução não faz a criança conse-
guir executá-las. O que vai acontecer é que ela não vai
se sentir amparada, e um buraco vai se abrir no contor-
no afetivo dela, e ela vai ficar o resto da vida buscando
validação de terceiros. É isso que faz com que a pessoa
fique presa na 4ª camada.
E o que fazemos para sair daí?
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As rotas de saída da 4ª
camada
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xergou que tem um problema afetivo, ou está em outra
fase mesmo. Neste último caso, o certo é seguir outra li-
nha de terapia, não a psicanálise. O que alguns terapeu-
tas estão procurando é que a transferência aconteça,
ou seja: colocar-se no lugar dos pais do paciente, para
que a possibilidade de fechamento do contorno afetivo
surja. Claro que, para isso, o terapeuta precisa ter uma
personalidade formada e oferecer os recursos do amor
benévolo. Se o terapeuta também está na 4ª camada, a
coisa não fecha. A principal ferramenta da terapia é a
personalidade do terapeuta.
Você pode pensar: “Então, ferrou. Você me disse que eu
ia sair da 4ª camada em um dia, mas agora me diz que
eu tenho de encontrar um terapeuta, que ele tem de ter
uma personalidade formada, que essa personalidade
formada tem de estar além da 4ª camada, e que ele te-
nha ainda de me amar benevolamente?! Tô frito.”
Calma, eu estou explicando tudo isso para que você en-
tenda o que terá de procurar no exercício que vou pas-
sar daqui a pouco, e que, se bem feito, vai tirar você da
4ª camada.
Então, retomando: o que o sujeito preso na 4ª camada
procura? Ele procura a estabilidade dos seus afetos. Ele
precisa de uma segurança no seu contorno afetivo. Ele
não pode mais ter aquele tipo de carência “ninguém
me ama, ninguém me amou”. Uma pessoa assim vai vi-
ver relacionamentos amorosos desastrosos, porque vai
buscar no outro o lugar de pai e de mãe, e isso não vai
funcionar. Os namorados e namoradas têm outras mo-
tivações e expectativas, que não são de pai e mãe. Se os
dois estiverem na 4ª camada, a coisa fica ainda pior: am-
bos estarão buscando fechar o contorno afetivo. É claro
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que vai haver frustração nessa relação, porque essa não
é a função natural de namorado e namorada. Os dois
podem estar procurando fechar esse contorno afetivo,
essa segurança de que “alguém me ama benevolamen-
te, alguém me amou benevolamente, e eu tenho essa
confiança no peito, já recebi esse impacto no mundo.”
É isso que o sujeito de 4ª camada está buscando o tem-
po todo; ele está buscando essa pancada dentro dele: al-
guém me ama benevolamente.
E aqui já podemos falar de um outro diagnóstico. Não
quero falar mal do Brasil, também sou brasileiro, mas o
nosso país tem um traço, no caráter do povo, descrito já
por Machado de Assis há muitos anos:
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que algum outro já vai falar algo do tipo: “Você nem lem-
brou de mim”. Claro que é em tom de brincadeira, mas
esse tipo de brincadeira não cabe a um adulto. “Você
está dando bolo só para ela, por que não trouxe um pe-
daço para mim? Você não gosta mais de mim”, é um
tipo comum de frase em ambiente de trabalho.
Isto revela que a pessoa tem um desejo de ser amada e
de receber algo. Se caminhamos sempre com essa mo-
tivação no peito, estaremos condenados a uma afeti-
vidade de tipo infantil. Não é nem de adolescente. Nos
ambientes de trabalho isso acontece com muita freqü-
ência. Todo mundo tem uma mesquinharia, uma inve-
jazinha, às vezes verdadeira, às vezes afetada. Na verda-
de não importa se é afetada ou não, o que importa é que
isso está lá dentro. Enquanto não conseguirmos nos li-
vrar desse tipo de traço, estaremos fritos; estaremos ali-
mentando um buraco afetivo que nunca se fecha.
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Parte 3
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mem maduro. Não é para falar isso com tristeza, e sim
com alegria. Quando você fala “...mas também não es-
pero mais nada do meu filho”, na verdade, o que você
está falando? Que não acredita que ele possa ser uma
pessoa boa. E é óbvio que você espera dele, caso contrá-
rio estaria só o servindo, sem sequer parar para pensar
que havia um problema.
Uma forma, então, de fechar o contorno afetivo é fazer
a transferência numa terapia. Ela deve ser feita a um te-
rapeuta capaz de entregar esse resultado. Outra forma
é cruzar com alguém na vida que saiba amar generosa-
mente sem esperar nada em troca. Mas isso não é uma
coisa que se possa dizer. Você pode encontrar alguém
que fala que é bom, generoso etc., mas essa não é uma
questão de falar. A transformação só vai ocorrer se ele
for assim de fato. Se essa pessoa de fato for uma perso-
nalidade madura e conseguir entregar um amor servi-
çal que não espera nada em troca, aí quem sabe você
consiga sair da 4ª camada. Então não dá para apostar
nisso. O problema é que no Brasil não temos pessoas
assim disponíveis abundantemente. Esse é o país da
mesquinharia. Aqui não conseguimos declarar que o
outro é melhor que nós. Se não declaramos isso, esta-
mos fritos! Estamos acostumados a ouvir o tempo todo
que não há ninguém melhor nem pior, que as pessoas
são apenas diferentes. Mas a coisa não é assim. Há tan-
to pessoas moralmente superiores quanto inferiores a
nós. O mundo é hierárquico. Infelizmente estamos num
país que foi desmontado pela ideologia do igualitaris-
mo. Isso é uma bobagem. Claro que há pessoas mais
bonitas e mais inteligentes do que outras. Todo mundo
sabe disso por experiência. Não adianta querer falar o
contrário.
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A motivação da 4ª camada não é ruim, ela deseja fechar
um contorno afetivo, que vem por meio da estabilida-
de. O sujeito de 4ª camada tem um desejo de estabilida-
de que nunca consegue ser preenchido. Por isso ele fica
toda hora tentando enfiar afeto dentro dele. Ele fica a
toda hora tentando saber se o outro gosta dele ou não.
Isso significa que ele está querendo saber se pode ou
não ser estabilizado; se ele pode ou não ter uma per-
cepção do amor benévolo, transcendente e perene, que
dá os motivos da segurança. Essa motivação deveria ter
sido completada na infância. Não foi para a maior parte
de nós, então teremos de fazer isso na vida adulta.
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A estabilidade que você
tanto deseja já existe: o
exercício que você deve
fazer
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de permanência. Quando temos verdadeiramente a
experiência de que as coisas são e permanecem, so-
mos invadidos por uma estabilidade que nos trans-
cende. Não somos o fundamento da existência, não
foi por meio da nossa vontade que o mundo foi cria-
do. Antes de o seu pai conhecer a sua mãe, o mundo já
estava dado. Aquela pedra escondida no topo da mon-
tanha estava lá e vai continuar lá, independentemente
da sua vontade.
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pode não ter sensação alguma, só uma percepção. As
duas coisas podem acontecer. Porém você precisa ser
obrigado a declarar: esta pedra é. Quando esse é sai da
sua boa com a força de que não dá para ser de outro
jeito, imediatamente você cria uma estabilidade e
sai da 4ª camada.
Em 1 segundo você sai da 4ª camada, porque nota que o
mundo exterior tem uma estabilidade; então as coisas
são estáveis. Você começa a sentir o desejo de confron-
tar a estabilidade do mundo exterior. E o que é isso? A
motivação da 5ª camada. Essa é a motivação do adoles-
cente. Quem completou a 4ª camada começa a sentir a
motivação de briga: “Eu quero agora testar minha força
no mundo. Quero ver se o mundo tem mesmo consis-
tência. Quero ver se eu tenho mesmo estabilidade”. E
você vai para o mundo exterior. Pela primeira vez o seu
olhar é de fato atraído para o mundo exterior.
A transição da 4ª para a 5ª camada é muito importan-
te. É a primeira transição extrínseca: você sai do domí-
nio interior, egocêntrico, e vai para o mundo exterior. A
sua motivação, então, é testar o mundo. Não tem mais a
ver com a formação do mundo interior. Tem a ver com
você, porque ainda é você se testando no mundo, mas
isso já é superior. Você aprendeu que as coisas têm con-
sistência. Você está instalado nessa consistência, então
começa a testá-la.
Dá para entender por que, durante o amadurecimento
afetivo, o adolescente precisa romper com os pais? Não
é bem romper, mas ele já não está “chupando” seu afe-
to. Pelo contrário, agora ele está se confrontando com
os pais. O movimento da 5ª camada é de saída. Isso é
tudo para um adulto preso na 4ª camada. Na 4ª cama-
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da, a pessoa precisa da experiência da consistência.
Ela precisa fazer a experiência do ser. Ela precisa
ser obrigada a declarar: “Esta pedra é”, “Este tron-
co de árvore é”, “Este céu é”. Quando você declara
esse é verdadeiramente, que vem por meio de uma
contemplação, não dá para ser de outro jeito, você
fecha a demanda da 4ª camada e passa a olhar para
o mundo. No ambiente de trabalho, você não será mais
o foco da sua própria atenção, porque você descobriu a
maravilha de que o mundo lá fora existe, que o mundo
lá fora é. Entendendo a consistência do mundo, você
passa a confrontá-lo. Você passa a ganhar dinheiro, a
discutir com alguém etc. Essas coisas são superiores às
motivações da 4ª camada. No fim desse processo, você
deve buscar a motivação de servir, sem pensar mais no
seu próprio afeto. Este não é o abandono de quem não
gosta de si mesmo.
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riência de Deus, mas é muito anterior a isso. Não sou
tão ambicioso. O que estou falando não tem a ver com
Deus, mas com a estrutura do mundo. Tudo bem que o
mundo foi criado por Deus. Só não podemos confundir.
É importante fazer essa experiência do ser até para po-
der ter uma religião consistente. Muitas pessoas aban-
donam a religião por isso. Realmente, se não referimos
Deus a essa permanência, a verdade é que não vai so-
brar Deus nenhum. Vai ficar uma profunda dúvida no
coração de todo mundo. Essa experiência sustenta qual-
quer tentativa de religião e de oração. Se você não tem a
noção da permanência, está conversando com quem?
A saída da 4ª camada é fundamental. Sem isso não te-
mos força, não temos consistência; só temos frustração
e sede de afeto, que vão acabar estragando nossas rela-
ções humanas.
É assim que se sai da 4ª camada, não em 1 dia, mas em
1 instante. Você precisa se comprometer a fazer esse
exercício. O resultado positivo não virá com apenas um
lance do seu pensamento. Você vai precisar ficar na
frente de uma pedra, ou de uma árvore, sem vergonha,
sem querer se mostrar para ninguém; vai ser só você e
a existência, você e o ser, você e a permanência das coi-
sas, você e a identidade das coisas. Quando você nota
que as coisas têm uma identidade que permanece e que
o obriga a declarar “isto é”, você finalmente fecha a de-
manda da 4ª camada.
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