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1 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
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ÍNDICE
SÍNTESE DE 1 MINUTO.............................................................. 5

POR QUE VOCÊ DEVERIA SER INTERESSANTE?........... 6

O QUE VOCÊ IRÁ APRENDER NESTA AULA.................... 7

Como ser interessante............................................................... 9


É possível ensinar alguém a ser interessante?.......... 10
Dois erros de avaliação............................................................... 11
Ensinar o outro a pensar é o que há................................. 17
Tornar-se interessante é alargar-se................................... 18
Saia da redoma............................................................................... 26
Para ensinar é preciso saber, ter, ser................................ 28
Não tenha medo de servir....................................................... 38
A verdade existe, pode apostar............................................ 40
Verdade e Liberdade: feitas uma para a outra.......... 44

E AGORA?................................................................................. 49

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Quem quer ser interessante


vai ter de tocar em
conhecimentos humanos
que são de interesse geral.
Psicologia é de interesse
geral. O funcionamento da
cabeça é de interesse geral.
Quando você vê filmes,
torna-se mais interessante
porque pode fazer várias
correlações. Se você está
informado sobre o seu
país, vai ser uma pessoa
interessante.

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SÍNTESE
DE 1 MINUTO
É possível, sim, aprender a se tornar
interessante. Mas nem pense que você
poderá algum dia se tornar interessante,
e permanecer nesse estado, sem melhorar
como pessoa humana. Os outros só vão
gostar de estar ao seu lado se você for do
tipo que lhes ofereça algo de valor, algo que
os ajude a entender e viver a vida de uma
maneira mais completa. É ensinando os
outros a pensar e cultivando um interesse
genuíno por eles que você vai aparecer como
uma pessoa interessante. Para isso acontecer,
não deixe de ler bons livros, de seguir
blogs relevantes, de assistir aos melhores
filmes, de buscar a verdade onde quer que
ela apareça. Isso tudo, aliado à disposição
de servir, vai aumentando o seu tamanho
e a sua relevância. Você fica praticamente
irresistível.

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POR QUE VOCÊ


DEVERIA SER I
INTERESSANTE?
Nascemos para a verdade e para a liberdade.
Mas só consegue se aproximar desses obje-
N
tivos quem alarga sua estatura humana. Ser
uma pessoa irrelevante não é de modo al-
gum desejável. E isso não tem nada a ver com
sucesso midiático. Trata-se de tornar-se um
centro emanador de coerência, sensatez, dis-
cernimento. Trata-se de ser capaz de partici-
par da vida alheia positivamente, mostrando
aos outros o lado da questão que eles não es-
tavam enxergando, desenvolvendo a empatia
necessária para agir com amor. Ser interes-
sante é uma maravilha sem tamanho!

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O QUE VOCÊ
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IRÁ APRENDER
NESTE E-BOOK:
• Há dois erros comuns
no caminho de se tornar interessante;

• As pessoas interessantes
ajudam as demais a pensar;

• Elas são interessantes porque são interessadas


em coisas relevantes da vida;

• Elas servem ao próximo sem


medo de rótulos negativos;

• Estar na verdade é condição


para ter liberdade.

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… assim que você se torna


um pouco mais amplo e
foge dos assuntos que são
só sobre o tempo, sobre
doença etc., os interesses
dos outros se voltam para
você. Você pode notar que
as pessoas interessantes,
em primeiro lugar, são
aquelas que o ajudaram
a pensar, que revelaram
coisas para você e de algum
modo moldaram o jeito de
você ver o mundo.

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É POSSÍVEL
ENSINAR ALGUÉM A
SER INTERESSANTE?
Depois de ver o título deste e-book, algumas
pessoas podem coçar a cabeça e dizer: “Não
é possível que o Dr. Italo vá falar disso mes-
mo” O jargão “como ser interessante” soa um
pouco antigo; talvez até um pouco charlata-
nesco. A idéia embutida nisso é que não tem
como ensinar alguém a ser interessante, que
quem é interessante, já nasce assim. Mas eu
discordo. Há sim meios de ensinar as pesso-
as a serem interessantes. Acho até que poucas
pessoas nascem com a questão de ser interes-
sante dentro de si.

Em 1936, Dale Carnegie publicou um livro


chamado Como fazer amigos e influenciar
pessoas. Esse não foi o primeiro livro sobre
o assunto, mas sem dúvida foi o mais famo-
so. O livro é vendido até hoje. Ele foi escrito
no momento pós-depressão da bolsa de Nova
York, grave para a população americana; por

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isso digo que não é um livro ruim. Não adianta torcer o


nariz e dizer que é auto-ajuda fajuta. Não é um livro de
auto-ajuda de baixa qualidade.

Agora, o conteúdo do livro não se identifica com o que


vou falar aqui, sobretudo porque ele marcou uma gera-
ção. Um monte de gente do mundo do coaching usa ele-
mentos de Como fazer amigos e influenciar pessoas. Dale
Carnegie mesmo dizia que é mais fácil ganhar um milhão
de dólares nos EUA do que emplacar uma frase em língua
inglesa. E o título do livro foi maximamente parodiado,
zoado, copiado; o próprio “como fazer” virou fonte para
um monte de produtos.

Na introdução de sua obra, Dale Carnegie vai sistema-


tizando a técnica – ou, segundo ele, a ciência – de fazer
amigos e influenciar pessoas. A maior parte dos passos
que ele sugere diz respeito a você. Por exemplo, se você
quer fazer amigos e influenciar pessoas, tem de fazer com
que as pessoas gostem de você. Você tem de fazer com
que as pessoas prestem atenção em você. É toda hora
você, você, você. A idéia do autor é fazer uma transubs-
tanciação do sujeito, isto é, de algum modo eu devo mu-
dar a minha natureza, tornando-me interessante. Se eu
for interessante, você vai querer ser meu amigo. Se eu for
interessante, vou poder influenciá-lo. E a maior parte da
literatura que vem na seqüência absorve algo dessa idéia

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e põe na primeira pessoa todo o problema de fazer ami-


gos e influenciar pessoas. Neste e-book, vamos dar um
giro e voltar para uma tradição muito profunda que faz
com que a gente seja interessante.

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DOIS ERROS
DE AVALIAÇÃO
Algumas ideias que estão na nossa cabeça nos
fazem cair em enganos, são grandes falhas
que não nos deixam ser interessantes. A pri-
meira delas é achar que o interesse dos outros
por nós deveria vir de modo automático. Ou
seja, pelo simples fato de eu estar namorando
uma bela dama, ou de estar casada com um
bom moço, ou de um filho aparecer no seio
da família, ou de eu virar gerente da empresa
ou presidente da república etc., automatica-
mente o interesse das pessoas viria para cima
de mim. Porém se trata de uma das maiores
falácias que existem.

Não existe nada de automático no proces-


so de ser interessante. O fato de você ganhar
dinheiro não lhe dá automaticamente a capa-
cidade de ser interessante. O fato de você ler
um, dois ou mil livros não vai lhe dar auto-
maticamente a qualidade de ser interessante.
E por aí vai. A coisa nunca acontece num pas-
se de mágica.

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Se você adquiriu este e-book achando que tudo seria por


mágica, ele não é para você. Não há nada que possamos
fazer que nos dê automaticamente a faculdade de ser in-
teressantes. Você acha que Barack Obama ficou interes-
sante para uma parte dos EUA e do mundo porque ele
virou o presidente da república? Claro que não. Assumir
um cargo, ou ganhar dinheiro, ou ficar bonita pode aju-
dar ou atrapalhar a aquisição da faculdade de ficar inte-
ressante. Você não vai ficar interessante da noite para o
dia num passe de mágica.

A segunda coisa, mais profunda e definitiva, é achar que


algo episódico pode acontecer e resolver a questão. Não
há nada pontual que possa torná-lo(la) interessante. Ima-
gine uma situação em que você tenha ido a um bar com os
amigos e lá pelas tantas tenha contado uma piada incrí-
vel. Todo mundo estava bêbado na medida, o timing foi
certinho, foi um estouro. Aí você pensa: “Agora sim em-
plaquei; me tornei uma pessoa interessante”. Pode acon-
tecer de a expectativa das pessoas aumentar em relação
a você, e que mandando piadas cada vez melhores você
mantenha o posto. Mas o mais provável é que o álcool
na cabeça de todo mundo não deixe ninguém lembrar
direito da piada depois. O interesse dos outros por você
nunca vai nascer de um ato episódico. Não há nada que
você faça uma única vez que o torne interessante de fato.
Em parte temos esse fetiche por causa da indústria fono-

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gráfica. Algumas bandas emplacaram uma única música


e todos gostaram. Mas esse feito é tão isolado que não
marca absolutamente um modo de ser interessante: só é
interessante quem desperta regularmente o interesse de
alguém.

Existe uma técnica para ser interessante; e existe toda


uma reflexão que precisamos fazer para de fato conquis-
tar os elementos que tornam possível colocar a técnica
em curso. Então, lembre-se de que não há nada automá-
tico que o deixa interessante; e não caia na esparrela de
achar que fazendo uma vez uma coisa boa o outro lhe
deva vassalagem para o resto da vida. Você ajudou um
amigo uma vez e acha que ele tem de ser um amigo para
todo o sempre. Eu sempre falo e você não deve esquecer:
ninguém te deve nada. Por isso, se você quer ser inte-
ressante, precisa renovar alguns atos diariamente. Do
contrário, nada feito.

Algumas pessoas gostariam de ser interessantes para


finalidades irrelevantes. Eu conheço muita gente que
comprou cursos com títulos muito parecidos com o des-
te e-book e que tinha o interesse simplório de pegar a
mulherada na balada. “Como posso me destacar na bala-
da entre todas aquelas cabecinhas tingidas de amarelo?”
Mas isso é tão sem fundamento que não tem nem como
comentar. Não existe técnica para tal fim. Desconfie de

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quem diz que sabe fazer uma coisa dessa. Em regra, na


balada, o apelo sexual sempre vence. Isso não é propria-
mente ser interessante no sentido forte da expressão –
que quero construir aqui. Eu não desconsidero em nada
o elemento da beleza, acho que a gente tem de buscar ser
bonito. Mas isso não vai lhe dar os elementos para você
se tornar uma pessoa interessante.

As pessoas interessantes têm uma presença duradoura


na nossa vida e nos ajudam a ser quem nós mesmos
somos. São aquelas pessoas com as quais gostamos de
estar junto; sabemos que elas são boas; se elas nos pe-
dem alguma coisa, atendemos ao pedido sem demora.
É como se tornar esse tipo de pessoa que vou ensinar
hoje. Agora, você quer ter barriga negativa? Não digo
que é mais fácil nem mais difícil, mas que é outra coisa
que você vai ter de fazer. Ser interessante tem o elemen-
to da consistência: você vai durar na história da outra
pessoa atraindo-a, de algum modo, para certo lugar.

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1º ENSINAR
O OUTRO A
PENSAR
Se você prestar atenção, vai perceber que as
pessoas que foram interessantes para você
ajudaram-no a pensar. Elas deram um mo-
delo de pensamento. Muitos professores do
colégio são exemplo disso. Para alguns, não
existe pessoa mais interessante do que os pro-
fessores de história. Com 13 anos a gente é um
bobão, e chega o sujeito que leu um monte de
livro e consegue contar como as coisas acon-
teceram na Rússia, na França; fala do capita-
lismo, do comunismo etc. Aí achamos aquele
cara interessante, porque ele nos tira de um
lugar de ignorância e nos põe diante de uma
janela, olhando um universo que não conhe-
cíamos. Isso determina monstruosamente a
capacidade de ser interessante.

Quem nos ajuda a pensar se torna interes-


sante naturalmente. Por que as pessoas que
viajam tendem a ser mais interessantes quan-

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do sabem usar esse elemento a seu favor? Elas vão a Blan-


gadesh, Londres, lugares nos quais você nunca esteve, e
, contam como as coisas acontecem na outra terra. E o
que faz com que você se interesse? Você não sabia nada
daquilo, não sabia o que se comia em Blangadesh, e o
sujeito lhe contou. Por mais que você não fale que isso é
interessante, o sujeito vai dominar o ambiente.

Nesse sentido, algumas técnicas de Dale Carnegie não


vão funcionar. Imagine uma pessoa que nunca tenha ido
para país estrangeiro nenhum, tudo o que ela quer é cha-
mar a atenção para si, de como ela é bonita etc. Aí apare-
ce um amigo na mesma roda falando que acabou de che-
gar da Índia e que comeu lá uns bichos estranhos numa
folha de bananeira. Ninguém mais vai prestar atenção na
pessoa que só falava de si.

As pessoas que entram numa roda e falam muito de si,


dos seus sonhos, das suas experiências interiores, não po-
dem ser mais desinteressantes – a não ser que você esteja
apaixonado por uma dessas. Quando alguém lhe conta
um sonho, você se interessa só na medida em que pode
sacanear a pessoa; só para fazer comédia. Afinal, o que
ela está contando não é uma experiência intercambiável;
é só um sonho de alguém que estava dormindo; isso não
te diz absolutamente nada. Você vai ouvir por piedade ou
para sacanear o sujeito. Ele não está abrindo na sua ca-

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beça uma categoria nova de pensamento, uma forma de


pensar sobre a vida. Ele não vai explicar para você como
a vida é, como poderia ser etc. Por acaso é interessante
sentar no fim de semana com a avó e ficar ouvindo sobre
a unha encravada dela? Você até pode estar ali por com-
paixão; não porque ela é interessante, mas porque você
é neto e tem de amá-la. Conversa de velho que só fala de
doença não é interessante porque não abre nada de novo,
não ensina a pensar em nada. Agora, se um velho fala das
experiências que ele teve diante de uma crise financeira,
ou de uma desilusão amorosa, ou de quando foi para a
guerra, com certeza vai ficar interessante. Você não tinha
aquelas categorias na cabeça.

Esse é um primeiro elemento do ser interessante: ajudar


o outro a pensar sobre coisas que ele não teria a capa-
cidade de pensar sozinho.

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2º A ARTE O AJUDA A
SER INTERESSANTE
Então, alguém pode dizer: “Beleza, Italo, mas
você é um professor, tem por ofício fazer isso.
Para você é fácil. Mas eu não sou professor;
sou um contador, sou um dentista. Minha
função na vida é outra. Se eu chegar nos am-
bientes e começar a falar como faço obtura-
ção, o pessoal vai embora”.

Aqui entra o elemento da experiência da


arte. Um sujeito que vê muitos filmes vai
se tornar mais interessante, se souber usar
esse fato. Quando você fala para os outros
coisas que eles não teriam acesso natural-
mente e que os ajuda a pensar sobre uma
questão da vida, social ou política, automa-
ticamente você se torna interessante. Não
precisa querer ser interessante como o seu
pastor ou o seu amigo. Cada um vai ser in-
teressante a sua maneira. Isso depende da
vivência individual. Um pastor vai ser inte-

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ressante porque está revelando modos de pensar sobre a


Revelação. Um pároco vai ser interessante por estar reve-
lando um modo de agir diante da religião. Um amigo que
viajou o mundo vai ser interessante porque está abrin-
do um meridiano que você não tinha. Muitos papos são
sempre interessantes.

Uma vez contei num curso para psicólogos que um pa-


ciente veio me dizendo que queria aprender astrologia.
Ele sabia que eu já tinha estudado o assunto. A justifi-
cativa dele era que as mulheres adoram astrologia e, se
ele entendesse do assunto, poderia escolher a namorada
que quisesse. Não dá para dizer que ele não tinha razão.
Quando você vem com papo de astrologia, por que é in-
teressante para um monte de gente? Porque a partir das
posições dos astros você consegue falar sobre o outro, e
ele se identifica com o que você diz. Você abre um pano-
rama de possibilidades na cabeça da pessoa. Tudo o que
diz respeito à abertura de modos de pensar vai fazer com
que você se torne uma pessoa interessante.

Já ouvi várias moças reclamando que nenhum homem


se interessa por elas. Isso se dá porque elas só se interes-
sam por si mesmas ou por assuntos maximamente cha-
tos. Imagine sentar com uma pessoa que curse o último
período de advocacia; quando ela começa a falar, é chato
demais. Para ter interesse por esses assuntos, precisa ser

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o tipo de pessoa que tem interesse por tudo. Mas, em re-


gra, é muito chato. E por que ninguém quer saber desse
tipo de papo? Porque não abre meridiano de pensamen-
to na cabeça de ninguém.

Quem quer ser interessante vai ter de tocar em conhe-


cimentos humanos de interesse geral. Psicologia é de
interesse geral. O funcionamento da cabeça é de inte-
resse geral. Quando você vê filmes, torna-se mais inte-
ressante porque se habilita a fazer várias correlações. Se
você está informado sobre o seu país, vai ser uma pessoa
interessante. Sei que muita gente não consegue acompa-
nhar as notícias, mas algo da dinâmica do país você tem
de saber. Eu atendo um monte de meninas desinteres-
santes porque são absolutamente deslocadas do que está
acontecendo. Para ser assim e ao mesmo tempo interes-
sante, a pessoa vai precisar de muitos outros recursos,
como beleza, modos etc.

Se você é petista e almeja ser interessante, eu o acon-


selho a entender o outro lado. A mesma coisa digo aos
bolsonaristas verde e amarelo da cabeça aos pés. Se você
não está disposto a entender o funcionamento do ad-
versário, você se torna uma pessoa muito chata. Co-
nheço muita gente que perdeu amigo durante o período
de eleição por causa disso. Uma das formas de se tornar
interessante é aprender o que os antigos chamavam de

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pensamento dialético. Você olha a coisa de um lado,


mas se coloca na cabeça de quem está do outro lado
também. Isso é muito saudável e torna muito interessan-
te. É o tipo de coisa que dá uma grande amplitude, que
chamamos na psiquiatria de consciência psicológica.

Na técnica psiquiátrica, avaliamos o estado de consciên-


cia da pessoa. Falamos em três tipos de consciência. A
primeira é a consciência fisiológica; se o sujeito está com
a consciência rebaixada ou não. Em coma, por exemplo,
um sujeito é maximamente desinteressante. O único in-
teresse por ele é o cuidado que lhe prestamos. Mas ele
em si, naquela situação, não é interessante. Outro nível é
a consciência psicológica, que fica abaixo da consciência
moral. A consciência moral é a capacidade de dizer o que
é certo e o que é errado. E já vou falar antes da hora: é
isso que determina se uma pessoa é interessante ou não.
No entanto, no meio do caminho, antes de conquistar de
fato a consciência moral, está a consciência psicológica.
Ela é a capacidade de guardar muitas coisas diferentes
dentro do coração e da cabeça. Por exemplo, um sujeito
de consciência psicológica ampla no campo político já
investigou o porquê de alguém votar nesse ou naquele
candidato. Investigou de verdade.

Todo fechamento torna o sujeito desinteressante. Sem-


pre que você se fecha para alguma realidade, você se

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torna desinteressante porque um horizonte de cons-


ciência foi amputado. “Não consigo entender por que
alguém vota no Psol.” Você não consegue entender por-
que não parou para pensar nisso um único minuto da
sua vida. Se tivesse pensado, encontraria 20 motivos. Eu
não votei no Psol, mas consigo entender por que alguém
tenha votado. Isso não é virar a casaca, é ter amplitude de
consciência. A mesma coisa acontece com quem diz que
não entende o motivo de alguém ir morar no interior,
que o bom mesmo é cidade. Ou o contrário. Saiba, nin-
guém gosta de você porque você pensa desse jeito. Você
é chato demais, ninguém vai querer conversar contigo.
Para você, só o que vale são as suas idéias, que nunca fo-
ram confrontadas dialeticamente.

O exercício dialético consiste simplesmente em se co-


locar numa posição e investigar suas razões. Depois é
só trocar de lugar e investigar os motivos dessa nova
posição. É ouvir o que o outro tem a dizer, é ler sobre os
assuntos. Eu votei no Bolsonaro, mas eu acompanhava
fórum de discussão de partido de esquerda; conversava
com esquerdistas com o máximo interesse, sem nenhum
tipo de cinismo. Depois do confronto dialético, você ex-
trai a verdade da coisa, se for um assunto que tenha algu-
ma verdade. Alguns assuntos não têm verdade nenhuma,
só vários lados. Por exemplo, em preferência de comida
não há uma verdade última: alguns preferem risoto, ou-

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tros pizza, outros bife. Tranqüilo. Não há certo e errado


nisso. A investigação não chega ao limite do certo. Não
adianta me dizer que o certo é dieta low carb; ela apenas
funciona em pessoas com um tipo específico de deman-
da.

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SAIA DA
REDOMA
Por que isso tudo está no grande assunto
“como ser interessante”? Porque uma pes-
soa fechada para algumas realidades tem a
consciência psicológica muito limitada. É
uma pessoa burrinha. É isso que faz as pesso-
as serem burrinhas. Não é do QI esse papel.
O QI é um marcador de retardo mental, ele
só serve se for baixo. QI alto não serve para
nada. O sujeito pode ter um QI altíssimo e
ser meio burrinho. Ele pode ter uma consci-
ência psicológica baixíssima. Uma pessoa as-
sim não consegue entrar num relacionamen-
to ensinando ou ajudando os outros a ver o
mundo de certo modo. Ou seja, ela não ajuda
os outros a pensar.

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E não se trata simplesmente de ajudar a pensar de um


novo modo. Muitas pessoas já sabem das coisas que es-
tou falando, só preciso relembrá-las de algo esquecido.
Você não precisa inventar o novo.

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PARA ENSINAR
É PRECISO SABER,
TER, SER
Quais são, então, os modos mais à mão para
ajudar os outros a pensar?

Você deve ler um pouco de jornal. Mas leia


dialeticamente, porque a mídia hoje em dia é
fake news. Confronte as informações de fon-
tes diversas. Desde o início falei que não havia
um passe de mágica. Dá trabalho ser interes-
sante. Você deve também ler livros. Se você
não consegue ler sozinho, procure algum clu-
be de leitura. Você jamais leria Odisséia ou
Shakespeare sozinho? Então entre num clube
e aproveite.

Alguém pode estranhar eu recomendar


Shakespeare, porque nos ambientes que a
pessoa freqüenta ninguém se interessa por
esse autor. Mas a questão aqui é se tornar inte-
ressante, então está explicado. Não é em todo

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ambiente que as pessoas viajam para a Índia, mas quan-


do alguém vai ela se torna interessante; não porque é di-
ferente, mas porque a experiência é mais ampla do que a
da média. O sujeito que vai para a balada três vezes por
semana pode contar um monte de história, mas nada é
interessante; qualquer um que tenha ido vai uma vez já
sabe como é. Todo mundo tem esse repertório dentro
de si: basta aparecer um sujeito com uma experiência
mais ampla para tomar conta do ambiente. E aqui está
o ponto que nos difere de Dale Carnegie: o sujeito não
toma conta do ambiente para benefício próprio, ele
se torna interessante porque está oferecendo alguma
coisa para aquela comunidade.

Aqui está um ponto que devemos ter na cabeça: querer


se beneficiar e ser interessante ao mesmo tempo, difi-
cilmente dá certo. Os sujeitos verdadeiramente inte-
ressantes estão ali para servir. Se você me disser que
isso não é para você, que você só quer ganhar, então eu
digo que o seu objetivo não é ser interessante, mas ser
um manipulador. Essa é outra história. Você não pro-
cura que o outro adquira amplidão de consciência, não
oferece um conteúdo para que ele aprenda a pensar, mas
quer que ele pense do seu jeito. Quando esse é o seu ob-
jetivo, você se torna um manipulador. As pessoas que
desejam ser interessantes estão olhando para o outro:
“Se o sujeito continuar pensando desse jeito, ele vai se

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ferrar. Não é melhor ele pensar do meu jeito, mas pensar


de um jeito mais amplo”. Esse é o ponto.

Eu digo, tem muita coisa na minha cabeça que eu não


compartilho com você, e não é porque quero escondê-
-las, mas porque elas não o ajudariam. Não é interessan-
te, não ajudaria, então deixo-as comigo. O que eu falo
para você são coisas úteis para abrir o seu próprio hori-
zonte de consciência.

Por exemplo, na questão da leitura de livros, você pode


dizer que no seu grupo ninguém ouviu falar de Shakes-
peare. Tudo bem. Encontramos aqui então mais um ele-
mento para você ser maximamente interessante. Não é
para você cagar regra de professor; se fizer isso, você se
torna um pedante. A literatura está aí para ampliar no
seu coração e na sua cabeça os modos de ser humano.
Quando você ler Hamlet, vai entender algo sobre a vin-
gança, coisa que um homem comum não sabe. Na cena
em que Hamlet está prestes a matar o tio – que provavel-
mente matou o pai dele – e se esconde atrás da cortina
com um punhal, a primeira atitude do tio é se ajoelhar,
botar as mãos juntas e fazer uma oração a Deus. O que
Hamlet pensa nessa hora? Ele trava e pensa que se o ma-
tasse naquele momento não estaria se vingando, porque
o tio estava arrependido e Deus o perdoaria; o que ele
queria é que o tio fosse para o inferno. Esse é ou não é

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um horizonte de vingança monstruoso? Hamlet está nos


ensinando que a vingança profunda não é sobre a gen-
te se sentir aliviado, mas sobre querer o mal do outro.
Quando você tem noção de uma coisa assim, seu hori-
zonte de consciência se amplia muito; você fica sabendo
que o que está no seu peito não é vontade de vingança,
e sim sono, fome, raiva etc. Uma vingança profunda, o
desejo de destruição de outro sujeito, é o contrário do
amor. Eu já falei que o amor é o desejo de fazer com que
o ser amado perdure na eternidade. A vingança é querer
fazer que o ser odiado se afunde no inferno para todo o
sempre. “Caramba! Nunca tinha ouvido falar disso!” Eu
sei. Isso é a literatura que nos ensina. Quando você aces-
sa esse tipo de coisa, adquire amplitude de coração; você
entra nos ambientes e a qualquer momento pode ajudar
alguém. Uma pessoa que está verdadeiramente interes-
sada em entrar nesse tipo de universo e ampliar o ho-
rizonte de consciência não tem intervenções episódicas
na vida dos outros, porque ela se transforma em alguém
de fato mais amplo. Ela está ali para ajudar os outros a
pensar.

Assim que você se torna um pouco mais amplo e foge


dos assuntos que são só sobre o tempo, sobre doença
etc., os interesses dos outros se voltam para você. Você
pode notar que as pessoas interessantes, em primeiro
lugar, são aquelas que o ajudaram a pensar, que reve-

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laram coisas para você e de algum modo moldaram o


jeito de você ver o mundo.

Outro tipo de pessoa que nos ajuda é quem nos desafia.


Não estou me referindo ao tipo de desafio idiota, aquele
que duvida da sua capacidade de pular de um prédio. Isso
não é desafio, é provocação. O verdadeiro desafio tem,
em primeiro lugar, o exercício do interesse real. Você só
pode desafiar uma pessoa se você de fato estiver atento a
ela. Você tem de entender que nenhum ser humano está
feito. Nós, seres humanos, não estamos prontos. Nós vi-
vemos cada dia; e com os elementos do dia, com as cir-
cunstâncias, temos de fazer a nossa vida. Fizemos a nossa
vida por meio daquilo que somos e por meio do que nos
acontece.

Então o desafio aqui é nunca aceitar que as pessoas com


as quais você se relaciona estejam fechadas, nem no mal
nem no bem. Se você quer ser interessante, tem de se in-
teressar pelo outro, para saber onde ele está. A quantida-
de de pessoas que atendo que não sabe o que o cônjuge
faz é muito grande. Depois eles reclamam que não são
interessantes. Óbvio, eles não sabem o que o outro faz
da vida! Não que eles não saibam responder, por exem-
plo, que o outro é contador; mas na hora de descrever
de verdade as atividades, eles não conseguem. Para você
ser interessante, uma das coisas que tem de fazer é se

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interessar pelo outro. É saber o que ele faz mesmo, o


que ele quer, saber quais são seus projetos e interesses
centrais. Muita gente não sabe falar sobre isso. Nada é
melhor do que ter alguém que ajude a elaborar esse tipo
de coisa.

A maior parte das pessoas não sabe responder à pergunta


básica: “Do que você gosta?”. Isso quer dizer que a pergun-
ta “O que você quer ser?” está muito longe dessa maioria;
a mesma coisa com “O que você é?”. Essas são pergun-
tas básicas para orientação na vida. Muitos não sabem
como respondê-las. Noventa e cinco por cento das pesso-
as travam quando perguntadas a respeito do que gostam.
A pessoa não consegue responder, ou ela faz uma piada,
ou trava mesmo. Para ser interessante, você deve ajudar
os outros na elaboração dessa resposta. É muito impor-
tante saber conduzir uma conversa para esse ambiente.
Você vai perguntando sobre o que a pessoa fazia quando
era mais nova, sobre as reações dela diante das situações
etc. O outro vai querer voltar a estar do seu lado, porque
você está descortinando algo que o está desafiando. Ele
era uma coisa que se perdeu, ele gostava de algo que não
gosta mais, ele era algo que não é mais, ele quer ser algo
que abandonou. Quando a pessoa não tem ninguém que
a questione nesses pontos, ela vai se fechando. Promover
esse tipo de conversa vai torná-lo muito interessante. Ser
interessante não é difícil, mas você precisa de consistên-

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cia. O fato de a menina estar começando a gostar de você


não lhe dá uma autoridade automática. Você vai ter de
cultivar a relação. Do mesmo modo, esse tipo de con-
versa não acontecerá uma única vez; você vai precisar
cultivar esse hábito consistentemente.

Quando você se interessa por uma pessoa, esse lugar do


desafio aparece muito. Você está falando do sujeito, está
querendo saber do que ele gosta, quem ele é, para onde
ele quer ir. Quando esse tipo de pergunta aparece, já sur-
gem as respostas. Esse que é o legal de viver. As ques-
tões matemáticas, por exemplo, não trazem as respostas
consigo; mas as questões vitais sim. Quando você se põe
a conversar com uma pessoa desse modo, provocando-
-a saudavelmente, a pergunta vem junto com o início
da resposta. Quando você percebe e diz, por exemplo,
“Você gostava de fazer isso na infância”, a pessoa já co-
meça a retomar o gosto ou a justificar o motivo de ela
não gostar mais. Vai acontecer uma ou outra coisa, tanto
faz; o importante é a pessoa voltar a falar de coisas vitais
para ela, que a desafiam.

Eu disse que a postura desafiadora não era para todo


mundo porque, ao desafiar alguém que fica pior depois
do desafio, a pessoa vai te odiar muito em breve. O mo-
vimento do amor causa uma abertura. Mas você, por
causa da sua inabilidade ou até da sua maldade, pode

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jogar a outra pessoa para baixo. Nesse caso, você não se


torna desinteressante, mas odioso. No processo do de-
safio, você precisa ter um interesse real pela pessoa;
e ter bem definidos na cabeça os critérios do melhor
e do pior, do certo e do errado. Um relativista vai se
tornar, em algum momento, desinteressante. Na prática
ninguém aceita esse negócio relativista. A noção da ver-
dade é necessária. A frase “Essa é a sua verdade, não a
minha” é verdadeira para algumas coisas, mas não para
tudo. Eu gosto mais de bife do que de risoto. Mas isso
não é verdade, é gosto. A verdade — o bem que conduz
a pessoa à felicidade — não é relativa. A noção de ver-
dade, de certo e errado, só vai aparecer para as pessoas
maduras.

O processo de não amadurecimento, quando ainda es-


tamos presos no infantilismo, traz a noção de que não
há verdade. A pessoa ainda está só se referindo ao seu
mundo interior. Ela ainda não se confrontou com seu
mundo exterior. A criança é aquela pessoa que acha que
só existe ela: “me dá, é meu”. O pai está ali garantindo a
subsistência daquele serzinho egoísta (no sentido moral
do termo). Para o adulto infantilizado, preso na infân-
cia, a noção da verdade não existe mesmo. Ele pode falar
que a verdade existe porque ouviu dizer, mas ele só teste-
munha ele mesmo e as mudanças interiores; a noção da
verdade não aparece.

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Desse modo, para ser interessante de verdade, você vai


ter de amadurecer, vai ter de sair da 4ª camada. Quem
reclama constantemente que não é interessante, que nin-
guém se interessa por ele, provavelmente ainda está pre-
so na infância. Não tem como uma pessoa dessa ser inte-
ressante. Você pode até ser inteligente, interessado, culto,
mas o pé de suporte do desafio não aparece em você.
Você vai ter de desafiar os outros para um lugar de ver-
dade, para um lugar melhor, que os encaminhe para a
felicidade. Você vai ter de se interessar pela pessoa e na
seqüência fazer uma proposta de melhora. Mas isso só
acontece se você não for mais um problema para você
mesmo. Você já tem de ter fechado os buracos afetivos
dentro do seu peito; já precisa estar claro para você que
existe uma realidade fixa e estável na qual todos nós nos
movemos. A ajuda que você vai prestar é facilitar para os
outros o movimento dentro dessa realidade. Todavia isso
só será possível quando você for mais maduro. No limi-
te, isso vai aparecer quando você tiver mais clareza sobre
o seu lugar no mundo. Quando você está no mundo para
cumprir seu papel social, para servir, então o jogo não é
mais sobre você. O jogo é olhar para a comunidade ao
redor e ser alguém que conduz aquela comunidade à ver-
dade. Um sujeito assim está diante da vida para cumprir
as expectativas dos outros — não para que ele se sinta
bem, mas porque isso é o que ele sabe fazer. Ele é um
médico, um professor, um pai, uma mãe etc. Ele aparece

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e ajuda, para benefício dos outros.

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3º NÃO TENHA
MEDO DE SERVIR
Isso já pode ser exercitado na relação um a
um. Se você quer ser interessante, esse é um
truque da vida. Você vai entrar numa relação
querendo entregar. “Mas, Italo, não sei em
que mundo você vive. Se eu entrar assim na
vida, vão me fazer de gato e sapato, vou ser
feito de idiota.” Olha, chega um momento na
vida em que não se aplica essa idéia de ser
feito de idiota, de ser saco de pancada. Você
nunca vai ser feito de trouxa. Quem é trouxa
é o outro, que só quer se aproveitar de você.
Ele está desperdiçando uma oportunidade
de ouro, de amadurecer, de ser desafiado e
ir para um lugar melhor. Você nunca vai ser
trouxa nessa circunstância. A pessoa que nes-
sa situação ainda se sinta meio trouxa, meio
enrolada, ainda não amadureceu. Ela não é
interessante nesse sentido. “Eu não vou me
dedicar muito aqui no trabalho ou na família
porque daqui um pouco eles vão me abando-
nar.” Entendi. Provavelmente você ainda está
preso no infantilismo. Você não entendeu
que você é mais você quando está na relação

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com os outros querendo tirá-los de um lugar ruim para


colocá-los num lugar melhor. Isso só acontece por um
interesse genuíno pela vida do outro. Se você de fato está
interessado na vida do outro, se de fato fez o exercício
de compensar, vai fazer propostas para que ele mude de
lugar.

São dois pilares, por um lado é ajudar a pensar, por ou-


tro o desafio. Mas o pilar do desafio só aparece neste mo-
mento. Você só consegue desafiar o outro de verdade,
sem ofendê-lo, se você for maduro. A provocação é
própria dos idiotas, o desafio é próprio dos homens
maduros. Um pai está na relação com o filho para desa-
fiá-lo o tempo todo. Mas a maior parte dos pais de hoje
é tão adolescente quanto o filho. Aí não desafia, provo-
ca. Só que, ao provocar alguém, você provoca a ira dele,
não a melhora. O filho vai virar só um mal criado, um
reclamão; assim como sua mulher, seu irmão, seus fun-
cionários.

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A VERDADE EXISTE,
PODE APOSTAR
Quando você não tem esses elementos, não
tem uma terceira coisa: autoridade. As pes-
soas mais interessantes são as que têm auto-
ridade. A pessoa com autoridade é aquela
que o ajuda a pensar e o desafia; mas o de-
safia para você ir para um lugar melhor. Os
princípios da liderança são: ajudar a pensar
e desafiar. Quando essas duas coisas apare-
cem no dia-a-dia, você ganha naturalmente
autoridade, que é outra forma de dizer que
você é interessante. Uma pessoa interessante
é aquela que aparece e os outros olham mag-
neticamente para ela e melhoram.

Se você faz essas duas coisas, você vai se tor-


nar uma pessoa interessante. E você só é uma
pessoa interessante se puder sê-lo no longo
prazo. Não há pessoa interessante no curto
prazo. Então, antes, você não era interessante,
era um oportunista, um palhaço, um lindão,
uma gostosona. É outro processo. Mas, se
você quiser ser interessante, o processo é esse

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que estou descrevendo; a coisa toda é mais dificultosa.


Você vai precisar estar dentro da noção da verdade.
Julián Marías tem um livro que ajuda muito na questão
de entender o que devemos fazer para sermos interes-
santes. O livro é bom, embora seja um pouco chato de
ler: Tratado sobre a convivência. Essa obra oferece um
guia de como ser interessante. Fala sobre a convivência
humana. O subtítulo é Concórdia sem acordo; muitas
coisas são reveladas sobre como ser interessante nesse
subtítulo.

Os livros de auto-ajuda dizem que, para ser interessante,


você precisa perder uma série de crenças, esquecer da
noção de verdade, porque precisa se adaptar ao outro
para puxá-lo para o seu lado. Julián Marías mata essa
perspectiva no subtítulo. Eu posso concordar com muita
gente, mas sem fazer concessões. Eu posso ser muito in-
teressante para um muçulmano mesmo sendo católico.
E eu não conseguiria ser interessante para um muçul-
mano se eu fingisse que não sou católico. Você não vai
conseguir ser interessante se matar o que de fato você é.
Se você não é, não vai ser interessante nunca. Só temos
interesse na verdade. Só temos interesse naquilo que é; o
que não é não desperta interesse em ninguém. Um peido
não é interessante porque se desfaz no minuto seguinte.
As pessoas sem consistência não são interessantes, elas
se desfazem no minuto seguinte. Para ser interessante

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é necessário estrutura. A coisa interessante vai atrair os


olhares, os corações, as vidas; e eles têm de repousar em
algo que seja, que exista.

Se você faz muitos acordos, em pouco tempo você não


tem mais nada de interessante. Se eu começo a conversar
com você, depois de ter votado no Bolsonaro e você no
PSol, daqui a pouco o papo morre. Não é porque tem
de haver briga. Mas você é algo e eu sou outro, e a gente
vai chegar a uma concórdia sem acordos. Não se trata de
convencer o outro. É a mesma coisa de um cristão estar
com um muçulmano e querer fazer acordo para ser in-
teressante. O que vai acontecer é que, fazendo isso, o su-
jeito deixa de ser interessante no minuto seguinte. Você
pode deixar de ser muçulmano e virar católico, mas des-
de que tenha entendido que a verdade está em certo lu-
gar, depois de ter refletido sobre o assunto. O que estou
falando é que muita gente quer ser o boa praça, o bacana,
mas isso nunca é interessante. Quem não tem nenhuma
opinião e não quer levar ninguém para lugar nenhum
não ajuda ninguém a pensar e não desafia ninguém.
Esse sujeito é uma nulidade, um figurante. E ninguém
presta atenção em figurante. Temos de parar de achar
que ser interessante é ser figurante ou figurino. Só não
somos figurantes na vida quando amadurecemos e en-
tendemos que existe a noção da verdade.

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É um fetiche achar que você pode ser interessante para


todo mundo o tempo todo. Isso não existe. Você só vai
fazer isso se usar técnicas de manipulação. Mas aí você
não será uma pessoa interessante, será um aproveitador.
Por exemplo, para fechar um contrato comercial, você
não precisa ser interessante, só precisa ter técnicas de ne-
gociação. É outro processo. Aqui estou falando de uma
realidade verdadeiramente profunda que vai deixá-lo fe-
liz; no fim da vida você vai ter substância.

É preciso amadurecer e entender que você não é a coi-


sa mais interessante deste mundo. Há uma realidade
lá fora que foi criada, que existe, que tem consistência,
que tem verdade. A coisa da sua cabeça muda a toda
hora. Num passo, você passou de um estado de infantili-
dade para um de maturidade e começou a entender que
existe um negócio chamado verdade. Existem coisas rela-
tivas, mas a verdade não é relativa. Quando você quer ser
um homem de verdade, não tem como não ser interes-
sante. As pessoas só têm interesse no que é na realidade;
e a realidade é de verdade. Você não pode ficar fazendo
concessão com tudo o tempo todo; vai precisar de uma
concórdia sem acordo.

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VERDADE E LIBERDADE:
FEITAS UMA PARA
A OUTRA
O livro de Julián Marías que citei é um pou-
co difícil de entender, não é ideal para quem
nunca leu nada dele. Mas quero destacar uma
passagem fundamental. No capítulo intitula-
do “Homens cativos”, ele traz já na primeira
linha: “Não ter liberdade é mal. Mas é muito
mais grave não ser livre”. Em que sentido ele
fala isso? Um homem de fato interessante
é livre; não ser livre é péssimo. Um ótimo
exemplo é Viktor Frankl. Você vai dizer que
ele no campo de concentração não era interes-
sante? Ele era maximamente interessante. Ele
não perdeu o domínio da liberdade. O domí-
nio da liberdade fez com que ele caminhasse
diante da verdade. Ele sempre estava investi-
gando a verdade das coisas. E quando você
está investigando a verdade das coisas, você
tem o domínio da liberdade no coração:
você é um homem livre mesmo que esteja
preso. Você é livre porque em cada situação

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pode escolher o melhor. Mas só escolhe o melhor o


sujeito quem entendeu que a verdade existe. Sem isso,
você pode ser excêntrico, engraçado, curioso, mas in-
teressante você não é.

A pessoa interessante é aquela que os outros olham e têm


interesse: têm interesse em estar perto, em ouvir, em se
mexer daquele jeito. E esse interesse aparece porque o
sujeito melhora. Quem quer ser interessante possui uma
missão: melhorar os outros. Quem quer ser interessante
para benefício próprio quer outra coisa. E muitas vezes
quem quer essa outra coisa não consegue conquistá-la.
Mas o sujeito que está na vida dos outros para melhorá-
-los consegue isso e a afeição deles. Ele consegue mais do
que poderia desejar. Você estava só querendo fazer com
que o outro pensasse melhor, que moldasse um caminho
que o conduzisse à felicidade; no entanto, de lambuja,
ganha certa afeição: os outros gostam de você.

Relacionamento de marido e mulher é isso. Você tem de


acordar todo santo dia desejando ser interessante para o
outro. Você faz isso ajudando o seu marido, a sua esposa
a pensar melhor, servindo a pessoa para que ela caminhe
diante da verdade, e você tratando de amadurecer. A téc-
nica para ajudar o outro a pensar melhor consiste em
aumentar o seu horizonte de consciência por meio da
aquisição de um tipo de cultura. Não dá para escapar

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disso. Vai precisar assinar blogs de notícias que infor-


mem o que está acontecendo. Você vai precisar seguir
pessoas que falem sobre literatura, sobre cinema. Não
tem como ser interessante sem caminhar por aí. Se você
me disser que só gosta de música pop, tudo bem. Mas
conhecimento é outra coisa. Você vai precisar confrontar
as coisas. Conheça e ame as outras coisas porque elas
existem.

Outra coisa é o interesse real e genuíno por alguém. Você


só adquire isso quando tem presença diante da pessoa.
Presença é estar inteiro, não disperso. Se você estiver
disperso em determinado lugar, sem a posse do corpo,
sem presença, você nunca vai ser interessante, porque
não haverá ninguém na frente do outro. A presença cor-
poral precisa ser conquistada, ela não vem do nada. A
gente faz isso percebendo que está onde está. Perdemos
o fio da meada dos relacionamentos porque não estamos
presentes nas relações. Por não estarmos presentes nas
relações, não nos interessamos e não nos tornamos inte-
ressantes. As duas coisas acontecem: não há ninguém ali
para se interessar e não há ninguém ali para ser objeto
de interesse. A falta de presença corporal, de notar o que
está fazendo, gera uma pessoa desinteressante sempre.
Ela não está ali.

Outra característica da pessoa interessante é uma cer-

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ta energia. Uma pessoa sempre muito apática natural-


mente será desinteressante. Se estiver, na situação, so-
nolento, preguiçoso, fraco, apático, você não dá conta
nem de você mesmo. Energia se gera, ela não aparece do
nada. E a gente gera energia querendo: é preciso que-
rer estar presente, querer entregar. A energia não apa-
rece dentro de você como se fosse um espirro. Você vai
precisar acordar e querer esse negócio; vai precisar que-
rer falar com presença, agir com presença; vai precisar
querer olhar no olho do outro; vai precisar querer falar
algo quando a sua preguiça o faz calar; você vai preci-
sar calar quando a sua espontaneidade louca o leva a fa-
lar. Você só consegue essas coisas por meio da energia. E
como essa energia vem? Querendo! É assim mesmo. Os
atletas sabem disso muito bem. Isso não é pensamento
positivo: é assim que funciona. Você sabe que tem uma
missão e passa a querer cumpri-la. Quando você se fe-
cha, a vida fica um saco, porque você não se torna uma
pessoa interessante. E uma pessoa que não é interessante
não está interessada: não está aí para nada. Se você não é
interessante, ninguém conta contigo, nem para namorar
nem para obedecer. Por isso que ser interessante não é
uma escolha, é uma necessidade de quem quer estar
vivo.

O normal seria que todos nós fôssemos interessantes,


porque somos seres humanos. Somos objetos de amor. O

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ser humano pode ser amado porque é amável. Se estivés-


semos numa sociedade madura, essa conversa seria des-
necessária. Seria natural o sujeito ser interessante a seu
modo. Você não vai ser interessante para todo mundo o
tempo todo, mas ser interessante é uma necessidade de
quem está vivo e é maduro. Todo mundo precisa sair do
infantilismo e ser interessante. Não estou invalidando o
sofrimento de ninguém, mas é óbvio que existem sofri-
mentos mais tolos que outros. São aqueles que não deve-
riam estar aí, são fáceis de resolver. Não é falta de empa-
tia da minha parte. Empatia profunda, na verdade, é eu
não admitir que você seja tão pequeno quanto você acha
que é. Eu acredito que você possa ser maior; é justamen-
te por isso que digo que alguns tipos de sofrimentos são
pequenos mesmo. Sei do que você é feito porque sei do
que eu sou feito; sei que a gente sempre pode melhorar.

Resumindo: música, filme, teatro, um pouco de cul-


tura política, exercício de presença, querer amadure-
cer todo santo dia. Vamos nos acostumar a servir, sem
pensar que estamos sendo feitos de trouxa. Faça cres-
cer em você uma força de maturidade.

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E AGORA?
O QUE FICA É A SUA
PARTE. OS ELEMENTOS
FORAM DADOS.
Se depois de tudo isso você ainda se
contentar em ser mirradinho, sem
importância, não há muito que fazer. Esse
aqui é um trabalho de longo prazo, é aquele
tipo de coisa que a gente faz de pouquinho
em pouquinho para ter um resultado grande
lá na frente. O bom é que o processo é
prazeroso também. É sempre uma alegria
ouvir uma grande composição musical, ler
uma peça clássica do teatro universal, se
colocar no lugar do outro para entender seu
ponto de vista. Habitue-se a fazer dessas
pequenas alegrias a causa de uma alegria
bem maior: ser significativo na vida dos
outros.

49
49 CO
COMMO
O SE
SERR IN
INTE
TERE
RESSAN
SSANTE
TE
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