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RESUMO: TERAPIA DE GUERRILHA — Italo Marsili

(Georgia Rizzardi)

1. Pare de fingir que você não tem um corpo e trate de se instalar na realidade.
O dia é o ponto de partida para conquistarmos a capacidade real de estar
presentes dentro da nossa vida.
É uma verdade elementar que a semana é o somatório dos dias, o mês é o
somatório das semanas, o ano é o somatório dos meses — e a vida, o somatório
dos anos. Por isso, para viver uma vida que faça sentido, devemos começar por
essa unidade básica chamada "dia".
A primeira coisa que deveríamos fazer é nos levantar conscientes do nosso
movimento corporal. Isso não é obsessão, é só para marcar que queremos estar
presentes em cada segundo da nossa vida. Se fizer isso com cada ato: ao
escovar os dentes, tomar café... você vai conquistando o sentido de presença, e a
sua produtividade, no médio prazo, vai decolar.
Cuide bem dos seus inícios.

2. A sua capacidade de ser insuportável não tem limites


Existem dois hábitos que são epidêmicos na sociedade brasileira: o hábito
de reclamar de tudo e o hábito de fazer fofoca.
A coisa começa sempre de um modo neutro: "Essa pessoa é muito boa, etc.
e tal, mas...". E do "mas" pra frente é só ladeira abaixo. A fofoca raramente vai dar
em elogio, em exaltação, em reconhecimento das virtudes do outro.
As pessoas que têm a fofoca como hábito vão se tornando cada vez mais
incapazes de perceber que estão vivas, que a vida é boa, que estamos no
mundo para desenvolver nossos talentos, ajudar os outros, crescer, desenvolver
algo para a sociedade, para aqueles que amamos, para a família, para o cônjuge.
E o espírito de queixa rouba de nós a capacidade de amar, de agir, de ser
grato pela vida.
Se queremos demonstrar amor para as pessoas da nossa família,
entregando-lhes nossa personalidade inteira e as fundações com as quais elas
podem construir a sua própria vida, eis aí dois pontos dos quais devemos cuidar: a
reclamação e a fofoca.

3. Essa sua inveja acaba com você


Se você tem mania de ficar olhando para o outro à espera do primeiro
deslize para dar uma estilingada, saiba que você é um invejoso.
Você não ganha nada em ficar apontando os deslizes de alguém que é
melhor do que você. Pelo contrário: você só perde. Agradeça a Deus que
existem pessoas melhores que você em algum aspecto da vida, e você pode
emulá-las. Na hora que isso acontecer, tudo vai começar a melhorar, porque você
vai começar a melhorar.

4. Busque a força primeiro, seja bom depois


Pegue esse exemplo: um sujeito que mal saiu do ensino médio ouviu meia
dúzia de coisas, que já se acha um defensor das causas mais nobres, entra na
faculdade dizendo que vai convertê-la inteira.
Evidentemente, o sujeito vai se frustrar, porque não vai conseguir fazer
nada disso.
Com dezoito, dezenove anos, depois de ouvir só um punhadinho de
coisas aqui e ali, acabou estimando mal suas capacidades verdadeiras do mundo.
E aí está a insegurança: trata-se do sujeito que não sabe até onde a piscina dá pé,
que não mediu a força do seu braço. E cai na frustração.
Em vez de o sujeito continuar lá, submeter-se ao processo e vencê-lo,
escolhe virar um pária, um marginal. Pula fora do processo, fica à margem e ainda
sai bradando: "Eles não me entendem. Eu sou um incompreendido".
E como se resolve isso? Temos de nos olhar sem medo e nos perguntar:
"Será que eu me frustro facilmente?" Quem se frustra facilmente é um fracote. E
não há problema nenhum nisso. É muito melhor nos diagnosticarmos como sujeitos
fracos do que nos justificarmos como sujeitos injustiçados e incompreendidos. Na
maior parte das vezes, somos apenas fracos. Ponto. Não reunimos as
competências e as qualidades morais, físicas e estéticas para estarmos
presentes em uma situação, circunstância ou ambiente e enxergá-los. Ou ao
menos resistir-lhes.
Quando o sujeito começa a ficar um pouco mais forte — moral, psicológica,
física ou espiritualmente —, já não se frustra tanto. Aquele seu estado
motivacional não será constantemente interrompido, uma vez que vai parar de
se meter em brigas só para apanhar. Já não vai mais enfiar-se em circunstâncias ou
situações que não consiga aguentar.
Seja forte, para que um dia você possa ser bom.

5. Essa geração soft é uma merda


A geração de hoje, da qual fazemos parte, é uma geração "super soft",
desacostumada a qualquer tipo de intempérie, contrariedade ou incômodo.
Somos a geração da roupa 100% algodão, que precisa de anestesia para
arrancar o siso e lente de correção para não frisar o olhinho um pouco e conseguir
ler o que está à frente.
Somos, enfim, a geração do micro-ondas — a geração dos múltiplos
confortos.
Digamos, por exemplo, que você resolva organizar a casa: logo começa a
suar, passar calor porque passa pano até não acabar mais, sujar as mãos para tirar
o lixo, ficar de cócoras para esfregar o chão da cozinha... você começa a sentir uma
série de incômodos.
O problema é que a nossa geração não tolera incômodos, frustrações
ou qualquer tipo de inconveniência física.
E os planejamentos quase nunca saem do açucarado mundo das ideias e
descem aqui, para o chão sujo, imprevisível e incômodo da realidade.
DO PLANEJAMENTO À AÇÃO EXISTE UM CAMINHO DE DOR.
Eis o pulo do gato: quase todas as pessoas têm boas ideias, conseguem
fazer planejamentos e nunca os tiram do papel, não toleram incômodos físicos e
não conseguem fazer nada para se vencer.
Para que vençam a paralisia, têm de colocar um incômodo nas suas vidas.
Assim mesmo, de caso pensado.
É possível valorizar o incômodo se este o fizer entender que, fisicamente
falando (um pouco de calor ou frio), estar incomodado é menos um problema e
mais um tesouro, que o leva do planejamento à execução.

6. Não é culpa da sua mãe. Amadureça!


Você está sentindo: "Eu preciso perdoar meu pai, minha mãe." Enxergue-se.
Você não acessa pai e mãe perdoando-os. **O que você deve fazer com relação
aos seus pais é agradecê-los pelo dom da vida.

O que você faz a respeito do passado? Nada.** Se houver rejeição, o que você
poderá **acessar** em relação a isso? **Nada**. O que fazemos, então? **Ora,
viramos gente.** Vamos virar seres humanos maduros. **Você vai tocar a sua vida,
vai progredir.**

Você está aqui neste mundo não só para receber amor, mas para dar amor, para se
doar, para fazer algo útil para as pessoas.

E todos nós temos recursos entre as mãos; mesmo o sujeito mais miserável no
campo de concentração tem um recurso nas mãos dele chamado coração. **Ele
tem uma capacidade de amar, de sair de si e se dar para os demais.

O coração pode e deve ser doado para os demais — é uma opção que fazemos na
vida.** Do contrário, só vamos ficar dentro de um círculo de trauma, de culpa, de
vitimismo. E isso não amadurece ninguém.
7. **Eu estou com raiva de você?**
Digamos que você esteja vendo uma das minhas lives e, lá no meio da análise da
situação, eu dê uma bronca e solte um palavrão. Imediatamente, você pensa com
seus botões que a minha motivação é a raiva — e perdi as estribeiras e fico gritando
ali porque sou um hidrófobo com ódio de Deus e do mundo.

**Ocorre que nem com raiva estou.**

O que aconteceu? O problema do indivíduo imaturo é uma **percepção sua,** mais


equivocada impossível: pensa ele que a maior parte das pessoas age ou

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