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Introdução 🖋
Antes de irmos ao que interessa, deixo claro que o Método Charlotte Mason é tão
novo pra mim quanto o primeiro dia de aula é para aqueles que nunca foram a uma
escola, sabemos de algo, nos falaram como a escola é, mas ainda não a
vivenciamos. Sou como uma aluna nova, e estou completamente insegura de "pisar
na bola" e falar bobagem, mas buscarei ser fiel às leituras que tenho feito, que visam
justamente conhecer e compartilhar, com vocês, esse método maravilhoso.
Que Deus nos abençoe, e que esse estudo possa edificar e abrir os nossos olhos,
mentes e corações para a educação das crianças, sejam nossos filhos, sobrinhos ou
alunos.
Charlotte Mason, foi uma educadora britânica, ela nasceu em 1842, e foi filha única,
sempre dada a ler, recebeu dos pais educação até os dezesseis anos, pois sua mãe
veio a falecer, e logo depois, o seu pai. O pai de Charlotte, inclusive, era anglicano,
comerciante e um entusiasta dos livros.
"Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se
desviará dele." Provérbios 22. 6
Dizer que os filhos não pertencem aos pais, mas sim ao "mundo", à sociedade, é,
também, reconhecer que há um papel que precisa ser cumprido. A Bíblia fala isso
em Provérbios 22.6, fala sobre o dever de educar. Os pais não têm um "direito"
apenas, mas uma obrigação para com a sociedade na qual estão inseridos, e por
isso devem criar bons cidadãos, a fim de que seja esse seu fruto, e acima de tudo,
isso glorifique a Deus.
"A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos
como plantas de oliveira à roda da tua mesa." Salmos 128. 3
A quem estou entregando nas mãos, o futuro promissor do meu filho, que
além de cidadão terreno é, sobretudo, um cidadão do céu?
"Para a fabricação de calçados ou casas, para a gestão de um navio ou de uma
locomotiva, é necessário um longo aprendizado. Será, então, que o desabrochar de
um ser humano, no corpo e na mente, é um processo tão comparativamente
simples, que qualquer um pode supervisioná-lo e regulá-lo sem qualquer
preparação?
A pergunta que Herbert Spencer faz não é intrigante e inquietante ao mesmo tempo?
Sabendo nós que Deus nos presenteou com tamanha graça de ter filhos, não
deveríamos todos ser extremamente meticulosos em nossos cuidados para com a
educação que eles recebem, por quem a recebem e de que forma a estão
recebendo? E mais, como cristãos, não deveríamos saber que: "Mas, se alguém não
tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do
que o infiel."? 1 Timóteo 5.8
"Ofendendo a Criança" 🖋
"A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma,
envergonha a sua mãe." Provérbios 29. 15
"'Levado!', diz a mãe mais uma vez, quando uma mãozinha é posta dentro da
vasilha de açúcar; e, então, um par de olhos malandros procuram os dela
furtivamente para medir, como fazem infalivelmente, qual o seu limite." Nossa
natureza pecaminosa ecoa para fora de nós desde a mais tenra idade, e como
dizem por aí, as crianças são como espécies de "esponjas", sempre passíveis de
absorver algo, quer bom, quer ruim. A questão que os pais pensam a longo prazo, é
na idade adequada para introduzir bons ensinamentos aos filhos. Acontece, porém,
que pensar dessa forma, não pode ser outra coisa, senão Errônea. O que há, é que
"as crianças nascem pessoas", e pessoas são dotadas, mesmo antes de nascerem,
ou seja, tem inerentes em si, a comunicação. Mesmo aquelas que nascem com
deficiências físicas ou intelectuais. Não importa. Todos são capazes de ler outros
humanos, mas ao invés da fala, lêem as ações.
"'Levado!', diz a mãe mais uma vez, quando uma mãozinha é posta dentro da
vasilha de açúcar; e, então, um par de olhos malandros procuram os dela
furtivamente para medir, como fazem infalivelmente, qual o seu limite. É muito
divertido; a mãe 'não pode deixar de rir'; e a pequena transgressão é permitida:
e, o que a pobre mãe não tinha ideia, uma ofensa, uma causa de tropeço, foi
lançada no caminho de seu filho de dois anos." A partir daí, quando a criança
entende que a linguagem da mãe diz: "Tudo bem, você é tão fofo, faça. Não tem
problemas dessa vez.", ela passará a galgar maiores degraus em seus delitos,
porque é isso que uma natureza pecaminosa faz, e, só tende a pecar, mais e mais.
Ofender uma criança é extremamente fácil, pois às vezes, isso camuflá-se em ajuda,
em apoio; está por detrás de uma frase como: "Mas só dessa vez!" , ou está no ato
de simplesmente deixar a criança "livre"; está, também, no fato de "Ele é mais velho,
não precisa tanto de mim quanto o outro.", e por aí vai. Ser mãe, pai, cuidar de uma
criança - um ser tão complexo - não é fácil, mas nós, e especialmente nós - que
somos cristãos -, sabemos que sem Deus "nada podemos fazer", e devemos clamar
por justiça amorosa, por mansidão que repreende, por olhares que reprovam, para
que nossos filhos glorifiquem a Deus.
"Desprezando a Criança" 🖋
"Melhor é a criança pobre e sábia do que o rei velho e insensato, que não se deixa
mais admoestar." Eclesiastes 4. 13
Agora, possivelmente é a hora em que aquelas que são mães, ou as que um dia vão
ser dirão: "Eu jamais desprezarei um filho meu! Isso é ultrajante!". Bom, desprezar,
segundo o dicionário, é ter uma ideia baixa de alguém, não ter consideração; e
quando um pai diz coisas como: "Ele é, ainda, muito novo, um dia aprenderá.", esse
pai está desprezando seu filho, pois acredita que ele não tem a capacidade, nem
moral, nem cognitiva de entender que errou, e que por isso, precisa ser punido.
Charlotte diz: " Lide com uma criança em sua primeira ofensa, e um olhar de tristeza
será suficiente para condenar o pequeno transgressor; mas, deixe-a prosseguir até
que um hábito de mal-fazer se estabeleça, e a cura será lenta;".
Que tal aquelas mães que entregam seus filhos aos cuidados de pessoas sem
instrução alguma, com moralidade duvidosa e senso de mundo totalmente
defasado? Isso, por acaso, não é um desprezo sem medida? Refletindo sobre isso,
não acha que as más ações dessa cuidadora, não serão absorvidas pela criança?
Pois, embora você a despreze, ela ainda é uma pessoa totalmente capaz de
aprender com os outros humanos, a questão aqui, é que aprenderá o que é errado,
ao invés de aprender coisas boas, virtuosas e piedosas. "Nós crescemos pessoas
que têm uma opinião extremamente baixa das crianças. Se a mãe não
sub-estimasse seu filho, será que ela o deixaria sob a tutela de uma cuidadora
ignorante durante os seus primeiros anos, quando toda a sua natureza é como a
placa sensível do fotógrafo, recebendo impressões indeléveis a cada momento? De
forma alguma!"
"Impedindo a Criança" 🖋
"Jesus, porém, vendo isto, indignou-se, e disse-lhes: Deixai vir os meninos a mim, e
não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus." Marcos 10. 14
Tanto o ofender, quanto o desprezar, quanto o impedir, têm uma mesma raiz: achar
que a criança é nova demais e, por isso, não entende o que se passa ao seu redor.
No entanto, como já dito antes, caímos num grave erro, e principalmente se esse for
impedir que a criança tenha contato com o seu Criador.
Impedir que a criança tenha contato com o seu Criador é um erro crasso, além de
extremamente nocivo à sua vida em geral. Permitir que seu filho seja ensinado que
as coisas do mundo, da natureza e tudo o que há, estão destituídas de Deus, é
pecaminoso, também. "Todo cuidado é pouco", como diz minha mãe. Precisamos
estar atentos a caminhada cristã de nossos filhos, pois é responsabilidade nossa,
incumbida por Deus. Charlotte era visivelmente arminiana, e por isso acreditava que
a criança se voltava voluntariamente ao seu Salvador, mas sabemos que não é
assim, em Romanos 3. 23 diz: "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória
de Deus." Nossos filhos não estão num grau maior para que estejam livres de pecar,
assim como nós, eles têm em si o DNA pecaminoso, e precisam da graça de Deus
Pai.
"Até a criança se dará a conhecer pelas suas ações, se a sua obra é pura e reta."
Provérbios 20. 11
1. Todo trabalho mental significa uso do cérebro, por isso deve estar nutrido,
descansado e em condições de uso.
2. Exercício, Charlotte fala do homem ou mulher que crescem e se tornam
excêntricos, pois não tiveram disciplina intelectual, nem moral e volitiva; ela
ainda diz que os pais não devem "permitir que as crianças passem um dia
sequer sem esforços i ntelectuais e morais". Que isso se faça para que o
órgão da mente cresça de forma disciplinada, por meio do trabalho.
3. Descanso, tão importante quanto o exercício, é o descanso, pois assim como
os demais órgãos, no momento em que está trabalhando o cérebro exige uma
boa quantidade de sangue para fazer o exercício do pensar. É necessário,
então, que a criança descanse para que tenha vigor; uma mudança de
atividade, pode ser bastante útil, desde que seja distinta, e assim, use mais
alguma outra parte cerebral.
4. Descanso após as refeições, bom, esse é realmente um ponto a se levar
em consideração, principalmente na hora de fazer uma rotina de estudos para
a criança. O almoço e o jantar, exigem mais do aparelho digestivo do que o
café da manhã, por exemplo - que é, geralmente, composto por uma refeição
mais leve -, sendo assim, há de se precisar de um tempo maior para que a
criança faça apenas a digestão do alimento, sem que outras atividades
requeiram do seu pequeno corpo mais esforço, e trabalho.
5. Quanto às refeições, a senhorita Mason diz: "Metade das pessoas com
baixa vitalidade que encontramos foram vítimas de alimentação com baixo
teor nutricional durante a infância; e isso, mais frequentemente, porque seus
pais não estavam conscientes de seu dever a este respeito do que por não
estarem em disposição de custear a dieta necessária para o desenvolvimento
físico e mental satisfatório de seus filhos." Outro fator citado por Charlotte é a
questão do que se digere, e ela faz uma sugestão para as famílias. Diz que
uma mesa onde as pessoas comem e conversam - sem exageros - é uma
casa na qual os nutrientes vão ser melhor absorvidos, pois o estado de
alegria e comunhão é capaz de fazer tal coisa. "Nenhuma dor deve ser
poupada para fazer das horas de reunião ao redor da mesa as horas mais
brilhantes do dia. Isto supõe que as crianças devem sentar-se à mesa com
seus pais". Falando ainda de refeições, e quanto à sua variedade, Charlotte
diz o seguinte: "A mãe deve planejar um cardápio para seus filhos que dure
ntes, ela
pelo menos quinze dias, sem que o mesmo almoço se repita." A
também diz: "Uma coxa de carneiro toda terça-feira, requentada na
quarta-feira, e misturada na quinta-feira, pode ser uma comida muito
saudável: mas, a criança que tem essa dieta semana após semana estará
inadequadamente alimentada."
6. A vida ao ar livre, o ar, para Charlotte, principalmente o ar puro, é de suma
importância, pois é capaz de dar maior vitalidade às crianças, purificando o
sangue - ao passar por seus pulmões bem abastecidos -; o ar ainda pode
gerar melhor aprendizado, crescimento… Proporcionar um ambiente
purificado, onde há boa ventilação, é imprescindível, pois mesmo que se saia
em um passeio revigorante pelo parque duas ou três vezes por semana,
manter janelas fechadas durante todo o dia, fará com que o ar fique
estagnado, não havendo renovação desse, e não produzindo resultados
satisfatórios quanto à boa oxigenação.
7. O sol, "...a luz e o sol são favoráveis à produção de glóbulos vermelhos no
sangue, e, portanto - este "portanto" é apenas uma aplicação para as mães -,
os quartos das crianças devem estar no lado ensolarado da casa, com uma
vertente meridional, se possível."
8. Banho diário e vestuário poroso, e minha avó sempre dizia: "Menina essa
tua roupa está te sufocando!", e já se colocava a afrouxar o que ela dizia fazer
mal à saúde. "É surpreendente a constante perda de vitalidade que as
pessoas experimentam por nenhuma outra causa a não ser o caráter
screveu a senhorita Mason; por essa razão, é
inadequado de suas roupas.", e
necessário que as roupas das crianças tenham livre acesso à transpiração, "o
corpo precisa respirar", é o que dizem, e no fim, todas essas questões que
parecem ser tão diminutas e sem tão grande importância, contribuem e muito,
para que uma criança cresça vigorosamente, tendo saúde e bom treino da
mente e do corpo.
Gostaria de finalizar, fazendo uma mui rica observação de algo que a saudosa irmã
Charlotte escreveu. Ela disse que "os pais cristãos não podem requerer de seus
filhos confiabilidade, diligência e honestidade, se são omissos quanto aos
ensinamentos da Ciência Moral", que por si só, não revelam o conhecimento de
Deus, mas assim como tudo no universo, aponta para o Criador.