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APRESENTAÇÃO PESSOAL:

Boa tarde a todos, eu me chamo Eliza Clara, sou estudante da terceira série do curso
técnico de enfermagem integrado ao ensino médio da Escola Estadual de Educação
Profissional Júlio França. Fui orientada pela professora Brennda Vasconcelos e irei abordar os
cuidados de enfermagem ao indivíduo com leucemia linfóide aguda.

INTRODUÇÃO:

Introduzindo a temática, a Leucemia linfóide aguda, ou LLA, é uma neoplasia


maligna, ou seja, um câncer derivado da medula óssea, nossa fábrica sanguínea, em que vai
ocorrer uma multiplicação desordenada das células cancerígenas.

Está patologia acomete todas as faixas etárias, desde crianças e adolescentes até
adultos e idosos, porém a LLA em específico, possui uma maior incidência na população
infanto-juvenil, afetando principalmente crianças dos dois ao cinco anos de idade, sendo o
tipo de câncer que mais prevalece nessa mesma faixa-etária.

Apresenta um alto percentual de cura, mas trata-se de uma doença rapidamente


progressiva, ou seja, a doença evolui rapidamente, sendo assim é fundamental uma certa
urgência no tratamento, para que se tenha melhores chances de cura da doença e sobrevida
dos pacientes, sendo assim, é fundamental um diagnóstico precoce, o que na maioria das
vezes não é possível, já que possui sintomas que podem ser confundidos com patologias mais
simples. Os profissionais de saúde nem sempre estão atentos para esses sinais, ou não se sabe
como e quando agir, impossibilidade esse diagnóstico precoce.

Justifico meu estudo a partir de interesse e curiosidade na área oncológica, e a


comoção quando se trata de uma população tão exposta e indefesa a essa doença, que são as
crianças. Também, por possuir uma alta incidência e a necessidade de um diagnóstico
precoce, sendo fundamental orientar e instruir a população, com ênfase nos profissionais de
saúde, que estão sempre em contato com o público afetado, e por se ter uma ignorância
quanto a LLA acabam negligenciando esse diagnóstico, implicando diretamente no tratamento
e chances de cura.

Portanto, o presente estudo trata-se de uma revisão atualizada da literatura acerca da


LLA, e com isso pretende-se contribuir com a comunidade científica e com a melhoria de
práticas e cuidados que são prestados pela enfermagem, que se inicia desde a abordagem e
diagnóstico, até o tratamento.

A metodologia do estudo se dá a partir de uma revisão bibliográfica da literatura, de


caráter qualitativo sobre a LLA, os dados foram coletados através de pesquisas em
plataformas científicas e livros. O trabalho foi realizado no período de abril até junho de 2023.

OBJETIVOS:

Objetivo Geral: Investigar e reunir informações com base em evidências científicas


sobre a Leucemia Linfóide Aguda e os respectivos cuidados de enfermagem direcionados ao
indivíduo com tal patologia.

Objetivos Específicos:

CONCEITO:

De início, é importante entendermos como funciona o câncer no corpo humano.


Bom, de modo geral, ele se manifesta a partir de uma mutação genética devido a uma
alteração no DNA das células, ou seja, as células do corpo vão começar a receber informações
erradas e vão espalhar essas informações para os sistemas.

Dentre os diversos tipos de câncer, tem-se a leucemia, em que uma célula sanguínea
imatura, que não chegou a sua forma padrão, sofre alterações e se transforma em uma célula
sanguínea cancerígena. Existem 4 tipos de leucemias, a leucemia mieloide aguda e crônica, e
a linfóide aguda e crônica.

A leucemia linfoide aguda que está sendo abordada, é uma neoplasia hematológica
heterogênea, que acomete o sistema hematopoiético, o sistema que é responsável pelo sangue.
podemos defini-la como uma disfunção das células da medula óssea, a fábrica de sangue. é
uma doença de início repentino e evolução rápida, porém, é potencialmente curável.
ETIOLOGIA:

Assim como a maioria dos tipos de câncer, a LLA não possui uma causa definida,
sua etiologia ainda não foi devidamente comprovado, tudo que temos são estudos, suposições
e hipóteses que a associam a alguns fatores. como: os efeitos de irradiação, em consequência
do grande aumento de casos no Japão após o ataque de Hiroshima e Nagasaki (bombas
atômicas), um outro fator é a exposição a drogas antineoplásicas, drogas que são utilizadas no
tratamento de neoplasias, e infecções virais, estudos apontam que a leucemia é desencadeada
através de uma infecção tardia que seria comum na infância.

FATORES DE RISCO:

A doença ocorre preferencialmente em crianças dos dois ao cinco anos de idade, com
uma prevalência maior em pessoas do sexo masculino e raça branca. Os fatores de risco dessa
doença podem estar associados à exposição à quimioterapia e radioterapia, isso porque
pessoas que tiveram certos tipos de tratamento com o uso de quimioterapia e radioterapia
podem ter um risco aumentado de desenvolver a LLA. outro fator é os distúrbios genéticos,
como a Síndrome de Down, e embora outras condições genéticas sejam raras,
neurofibromatose, Síndrome de Klinefelter, anemia de Fanconi e Síndrome de Shwachman-
Diamond.

EPIDEMIOLOGIA:

As leucemias agudas representam cerca de 75% a 80% dos casos cancerígenos em


pediatrias, e cerca de 20% dos casos em adultos.

De acordo com dados de Cancer Today, em 2020 foram registrados mundialmente


474.519 mil casos de leucemias, em ambos os sexos e todas as idades, chegando a ocupar a
décima terceira posição de incidência de câncer. Nesse mesmo período a prevalência de caso
corresponde a 1.340.506. Óbitos registrados por leucemias foram 311.594 nesse mesmo
período.

Levando em consideração o Brasil, segundo DATASUS no ano de 2022 1764 casos


de LLA, desses casos, há uma incidência maior em crianças e adolescentes, com 635 casos.
Na mesma plataforma, ao analisar os últimos 10 anos (2013-2023) foram registrado
27.404 casos, com uma incidência maior na faixa etária de 0-19 anos de idade, com 12.714
casos.

Levando em consideração esse mesmo período de 10 anos, ao analisar as regiões do


Brasil, subentende-se uma maior número de casos na Região Sudeste, com 10.706 casos
diagnosticados, seguindo por Região Nordeste com 6.644, Região Sul com 5.308, Região
Norte com 2.515, e Região Centro-Oeste com 2.234.

No Estado do Ceará, durante os últimos 10 anos, foram notificados 1.133 casos de


leucemia linfóide. Levando em consideração os municípios de diagnóstico, em Fortaleza
foram registrados 883 casos, em Barbalha 135 e em Sobral 100 casos, os demais casos estão
espalhados em outros municípios do Ceará.

FISIOPATOLOGIA:

Para entendermos a LLA, é necessário entender seu processo fisiopatológico, como


ela ocorre, para isso precisamos entender que as leucemias designam um conjunto de cânceres
que atingem as células brancas do sangue, que são produzidas pela medula óssea. E o que
seria essa medula óssea? A medula óssea é um tecido líquido gelatinoso que preenche a
cavidade interna de vários ossos, ela é responsável pela produção de células que compõem o
sangue, como as hemácias, leucócitos e as plaquetas, então como já dito antes, a medula óssea
é a fábrica do sangue.

Podemos conceituar as leucemias como uma quebra do equilíbrio e da produção


desses elementos do sangue, isso ocorre pois as células cancerígenas vão ocupar um grande
espaço na medula óssea, isso vai impedir a produção desses elementos sanguíneos.

HEMATOPOIESE:
A origem das leucemias no organismo se dá por uma célula que ainda não atingiu a
maturidade, ela sofre uma mutação genética que a transforma em uma célula cancerígena.
Essa célula anormal, além de não funcionar da maneira adequada, multiplica-se mais rápido e
morre menos do que as células normais, fazendo com que as células saudáveis da medula
sejam progressivamente substituídas. Dessa forma, além de perderem a função de defesa do
organismo, os leucócitos doentes produzidos descontroladamente reduzem o espaço na
medula óssea para a fabricação das outras células que compõem o sangue. Adicionalmente, os
glóbulos brancos não se desenvolvem por completo e caem na corrente sanguínea antes de
estarem preparados, não exercendo assim as suas funções corretamente.

SINAIS E SINTOMAS:

Por se aglomerar na medula óssea, as células cancerígenas leucêmicas dissipam a


ampliação de células geradoras hematopoiéticas normais, ou seja, as células saudáveis, com
isso, no paciente com LLA observa-se mais comumente: exaustão, desânimo, perda de massa,
fadiga, letargia e dor óssea. Outros sintomas também são relatados em alguns casos, como
artrite, mucosite oral, pirexia, palidez e anemias, esses sintomas acontecem devido uma perda
da capacidade do sistema imunológico, se tornando mais sensível. Esses sintomas são
vinculados à falência da medula óssea. Outros sintomas que podem ser encontrados são
hematomas, petéquias e sangramentos da mucosa, que ocorrem devido devido à diminuição
das plaquetas.

Como já citado antes, os pacientes acometidos por LLA apresentam sintomas pouco
específicos, que podem ser confundidos com outras patologias comuns na infância, como a
coqueluche, doenças virais, mononucleose infecciosa, processos inflamatórios, entre outros.

Vale ressaltar que alguns sintomas podem interferir no hemograma, fazendo com que
inicialmente apresente resultados normais, e impossibilitando um diagnóstico.

EXAMES E DIAGNÓSTICOS:

O diagnóstico da LLA é um processo bastante complexo, e que possui diversos


fatores que podem influenciá-lo, por apresentar sintomas poucos específicos e semelhantes a
outras patologias e na maioria das vezes são vinculados a outras doenças comuns da idade.
Por consequência disso, é possível que não seja detectado precocemente a LLA no exame
físico, portanto, é necessário exames laboratoriais confirmatórios.
O hemograma é o exame inicial, que vai avaliar a quantidade e a qualidade das
células sanguíneas, o hemograma completo é constituído por uma contagem de plaquetas,
leucograma e eritrograma. Ele possibilita analisar alterações sanguíneas com características
referentes à hemopatia. É frequente encontrar esses valores normais ou inferiores.

Com a suspeita de Leucemia devido ao hemograma, a próxima etapa é a realização


de um mielograma, exame que consiste na avaliação da medula óssea, é realizado uma punção
efetuada no esterno, ossos do quadril e tíbia. É de grande importância no diagnóstico da
patologia, pois a partir da técnica realizada é possível analisar a quantidade de blastos
presentes no tecido, sendo diagnosticado leucemia se estiver presente mais de 25% da
concentração total.

Um outro exame utilizado é a classificação morfológica, foi desenvolvido pela FAB,


e de acordo com a mesma, os blastos encontrados vão ser classificados em 3 tipos: L1, L2 e
L3, sendo o subtipo L1 o mais frequente.

Outro exame que pode ser utilizado é a classificação da imunofenotipagem, onde a


LLA vai ser classificada em linhagem B ou T.

As reações citoquímicas ajudam na identificação entre Leucemia linfoide aguda e


leucemia mieloide aguda. vão ser utilizado exames com o uso de coloração e reações
diferentes.

TRATAMENTO:

O tratamento da LLA vai depender de como se encontra a doença, pois pode incluir
quimioterapia e terapia medicamentosa que eliminam especificamente as células
cancerígenas, os protocolos podem ser modificados de acordo com o caso do paciente. é
dividido em fases: indução da remissão, intensificação-consolidação e manutenção a
remissão.

Após o diagnóstico, todos os pacientes necessitam de tratamento, o mais comum para


a LLA é a quimioterapia a longo prazo. Normalmente dura cerca de 2 a 3 anos, é bastante
intenso, principalmente nos primeiros meses. A quimioterapia é geralmente administrada em
ciclos, cada ciclo consiste em vários dias de tratamento e de descanso para que o corpo se
recupere.
A primeira fase do tratamento é a terapia de indução, é realizada no início da
quimioterapia, medicamentos e dosagem vão de acordo com a idade do paciente, tipo de
leucemia, e estado de saúde em que se encontra o paciente. O objetivo principal é destruir o
máximo de células leucêmicas do organismo. Os efeitos colaterais podem ser severos nessa
fase, podendo levar a internações por um período de 4 a 6 semanas, período de duração da
fase. Ao final da terapia de indução é avaliado se o paciente alcançou a remissão completa

A segunda fase da quimioterapia é a consolidação, essa terapia só pode ser


implementada quando a LLA já está em remissão. Tem como objetivo destruir todas as
células leucêmicas remanescentes no corpo após a terapia de indução. Essa terapia dura de 4 a
6 meses. A combinação de medicamentos e a duração da terapia variam.

A fase manutenção inicia-se após completar de seis a doze meses de tratamento


intensivo, que fará o uso de baixas concede drogas, agindo no aumento ao tempo do tempo de
indução, esta fase pode chegar até dois anos de tratamento, e tem como objetivo prevenir o
retorno da doença.

Não podemos deixar de enfatizar o transplante de medula óssea, que é baseado na


substituição de uma medula óssea doente, condição em que a MO não produz suficientes
células sanguíneas, sendo assim o transplante tem como objetivo a reconstituição de uma
medula saudável, podendo utilizar células do próprio paciente ou de um doador previamente
selecionado por testes de compatibilidade.

EVOLUÇÃO:

Após o tratamento da leucemia linfóide aguda, quando há uma cura satisfatória,


ainda tem um risco de desenvolvimento de um câncer secundário. Mesmo com as chances
sendo baixas de desenvolver um segundo câncer, a uma maior probabilidade em pacientes
tratados com antineoplásicos, devido ser tóxicos para qualquer tecido de rápida proliferação.

O prognóstico dos pacientes com LLA dependem de diversos fatores, que incluem o
sexo, idade, leucometria inicial, anormalidades citogenéticas, imunofenótipo e a resposta ao
tratamento, os quais permitem separar os pacientes em diferentes grupos de risco: baixo,
intermediário e alto.
A qualidade de vida dessas crianças após o tratamento e cura é diferente quando
comparado a qualidade de vida de crianças saudáveis, as mesmas vão apresentar dificuldade
no crescimento normal, déficit de atenção, dificuldade de enxergar e de ouvir, podem
apresentar desânimo e até depressão.

ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO E PROMOÇÃO A SAÚDE:

Por não possuir uma causa comprovadas, não é possível ter métodos de prevenção a
leucemias, mas existem fatores que podem ser mudados e assim ser alterado a incidência de
casos.

Por exemplo orientar a adoção de hábitos saudáveis, tanto os adultos e idosos que
podem ser afetados, como as crianças, que deve ser orientado conforme a saúde da criança,
principalmente quanto a sua alimentação, já que a criança está no processo de crescimento, e
uma alimentação considerada “perigosa” com o uso de alimentos industrializados podem
trazer diversos problemas à saúde das crianças.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer, a alimentação e a nutrição inadequadas são


classificadas como a segunda causa de câncer que pode ser prevenida. similar a isso o
ministério de saúde informa que a prática de hábitos alimentares saudáveis na infância é
essencial para o bom crescimento e o desenvolvimento da criança, mantendo, assim, a saúde.
Quando isso não acontece pode ocorrer agravos à saúde, pois a nutrição desempenha um
papel importante na iniciação, promoção e progressão do câncer.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

O cuidado à criança com leucemia é bastante complexo, pois envolve muitos


aspectos em relação ao tratamento adequado, por isso é importante que o profissional de
enfermagem vincule o conhecimento técnico e científico, contemplando um diferencial no
que se refere à afetividade em oferecer um cuidado buscando a promoção da saúde, a
qualidade de vida da criança, o conforto e o bem-estar.

Com o aumento da gravidade da leucemia, é necessário que as crianças sejam


acompanhadas rotineiramente, realizando exames específicos para detecção precoce de
algumas complicações da doença.
A enfermagem tem como objetivo oferecer às crianças segurança e confiança,
identificando obstáculos que o paciente pode possuir para tomar conduta correta e realizar
uma boa assistência.

Deve atuar de modo a auxiliar no processo da doença, tanto a criança quanto a


família, através de uma assistência integral. Por estar em contato constante com o paciente e
sua família, os profissionais de enfermagem desenvolvem a sensibilidade de perceber e
reconhecer sinais de alerta para o agravamento da doença.

Enfermagem também vai estar presente nos cuidados paliativos com o paciente caso
seja necessário, pois sabemos que mesmo com um bom prognóstico, o câncer pode evoluir e
ter menores chances de cura, assim a enfermagem sempre vai estar auxiliando tanto a família
quanto ao paciente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

O estudo relata sobre a Leucemia linfóide aguda, tipo de câncer de início abrupto e
evolução rápida, porém altas chances de cura e tratamento. Ainda não possui uma causa
específica para o início da doença, somente suspeitas e hipóteses, isso dificulta com que possa
evitar a proliferação e a prevenção da mesma.

É de extrema importância o diagnóstico precoce da doença, já que a mesma pode ter


uma evolução rápida, podendo levar o paciente a óbito em pouco tempo. Suas manifestações
clínicas iniciais são facilmente confundidas com outras patologias mais simples, implicando
em um diagnóstico tardio.

O tratamento da neoplasia deve ser iniciado o mais rápido possível, quanto antes for
iniciado o tratamento maiores serão as chances de cura e de menos efeitos colaterais, a cura e
o tratamento estão relacionados com o tempo em que a doença foi descoberta, e trará uma
melhora na qualidade de vida desses pacientes.

O resultado obtido com o estudo e pesquisa mostrou-se satisfatório, já que foi


possível cumprir com os objetivos que foram traçados. Foi perceptível a presença da
enfermagem em todas as etapas da doença, seja desde o diagnóstico até os cuidados paliativos
caso seja necessário. A equipe de enfermagem tem papel fundamental na prevenção da
mesma, orientando a população, é de extrema importância no diagnóstico da mesma, e sempre
deve estar atenta aos sintomas do paciente, auxiliando no diagnóstico precoce.

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