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Introdução

O suporte básico de vida e primeiros socorros é de suma importância para o cotidiano de


qualquer cidadão, tendo em vista a necessidade de ter a devida preparação em caso de
situações adversas. Como qualquer pessoa treinada pode prestar os primeiros socorros, é
indispensável o conhecimento que se deve ter em uma emergência, para então prestar os
cuidados à vítima em caso de acidente até a chegada de um socorro avançado.

“Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e
iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção,
de um a seis meses, ou multa.”

Art. 135 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40

Nesse sentido, as doenças cardiovasculares representam as principais causas de morte no


mundo. A SOBRAC estimou que a parada cardiorrespiratória pode acometer 1 em 4 pessoas
ao longo da vida e é responsável pela morte súbita de cerca de 300 mil brasileiros
todos os anos, sendo 100 mil em ambiente extra-hospitalar e 100 mil em ambiente hospitalar.
Portanto, possui considerável mortalidade e, sem o procedimento de RCP, a sobrevida da vítima
diminui de 7-10% por minuto.

Outro incidente a se destacar é o trauma por queimaduras. Anualmente cerca de 130 mil
pessoas sofrem algum tipo de acidente por queimadura, segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS). No Brasil, ocorrem cerca de 100 mil notificações de casos de queimaduras por
ano, com aproximadamente 3.000 mil pessoas que evoluem para o óbito após o trauma
(BARCELLOS LG, et al., 2018). Estes dados evidenciam a necessidade de investimento
constante por parte do sistema de saúde em ações de prevenção e manejo adequado das
vítimas de queimaduras.

Outrossim, a hemorragia é caracterizada por ser uma lesão que pode levar a morte do
acidentado de forma rápida, em menos de 10 minutos, mas podendo ser evitado através de
primeiros socorros. Ademais, as Lesões musculoesqueléticas também são muito comuns.
Pequenos acidentes domésticos, recreativos ou esportivos levam a esse tipo de lesão, na
maioria das vezes, sem maiores consequências.

2 Desenvolvimento
Pode-se definir primeiros socorros como sendo os cuidados imediatos que devem ser
prestados a uma pessoa, vítima de acidentes ou de mal súbito, cujo estado físico põe em
perigo a sua vida, com o fim de manter as funções vitais e evitar o agravamento de suas
condições, aplicando medidas e procedimentos até a chegada de socorro qualificado.

Primeiramente, ao se deparar frente a um acidentado, a pessoa que está fazendo o socorro


deve ter como propósitos primordiais:

I. Ligar para a emergência;


II. Avaliar o local do Acidente
III. prover um atendimento de primeiros socorros;
IV. Proteger o acidentado, prevenindo danos maiores até a chegada da equipe hospitalar.

As funções básicas daquele que está prestando os primeiros socorros a vítima deve estar de
acordo com o plano de ação baseado no P.A.S., que são as três letras iniciais das palavras:

 Prevenir- afastar o perigo do acidentado ou o acidentado do perigo


 Alertar - contatar o atendimento emergencial informando o tipo de acidente, o local, o
número de vítimas e o seu estado.
 Socorrer - após as avaliações

2.1 Ressuscitação cardiorrespiratória (RCR)

2.1.1 Parada respiratória, cardíaca e cardiorrespiratória

A parada respiratória é a parada súbita da respiração, ou seja, a parada dos movimentos de


inspiração e expiração. Com isso, há falta de oxigênio nos tecidos do corpo, principalmente em
órgãos vitais, que necessitam de um maior teor de oxigênio, como o coração e o cérebro. A
falta de oxigênio no coração pode levar ao comprometimento de sua função. Quando isso
ocorre, observa-se um quadro de parada cardíaca. É por isso que, muitas vezes, observamos a
parada cardiorrespiratória, que é a parada respiratória seguida pela parada cardíaca. Em suma,
a parada cardiorrespiratória é a parada dos movimentos cardíacos e respiratórios,
comprometendo as funções vitais do cérebro e coração.

Logo, a ressuscitação cardiorrespiratória é o conjunto de procedimentos utilizados no


atendimento à vítima de parada respiratória e cardíaca. A agilidade na identificação da parada
respiratória e parada cardíaca é imprescindível para que a vida seja salva, pois a parada
respiratória resolvida a tempo impede a parada cardíaca através do fluxo de ar cerebral e do
miocárdio. Por outro lado, se o coração para primeiro, as complicações serão maiores, pois a
chegada de oxigênio ao cérebro estará instantaneamente comprometida: os músculos
respiratórios perdem rapidamente a eficiência funcional; ocorre imediata parada respiratória
podendo ocorrer lesão cerebral irreversível e morte. A possibilidade de sobrevivência a uma
parada cardiorrespiratória em relação ao tempo decorrido é a seguinte:

 1 min: 98%
 3,5 min: 25%
 5 min: 5%

[colocar gráfico]

2.1.2 Identificação de parada cardiorrespiratória (PCR)

Os seguintes elementos deverão ser observados para a determinação de PCR:

·Ausência de pulso numa grande artéria (por exemplo: carótida). Esta ausência representa o
sinal mais importante de PCR e determinará o início imediato das manobras de ressuscitação
cardiorrespiratória.

·Apneia ou respiração arquejante. Na maioria dos casos a apneia ocorre cerca de 30 segundos
após a parada cardíaca; é, portanto, um sinal relativamente precoce, embora, em algumas
situações, fracas respirações espontâneas, durante um minuto ou mais, continuem a ser
observada após o início da PC. Nestes casos, é claro, o sinal não tem valor.

·Espasmo (contração súbita e violenta) da laringe.

·Cianose (coloração arroxeada da pele e lábios).

·Inconsciência. Toda vítima em PCR está inconsciente, mas várias outras emergências podem
se associar à inconsciência. É um achado inespecífico, porém sensível, pois toda vítima em PCR
está inconsciente.

·Dilatação das pupilas, que começam a se dilatar após 45 segundos de interrupção de fluxo de
sangue para o cérebro. A midríase geralmente se completa depois de 1 minuto e 45 segundos
de PC, mas se apresentar em outras situações. Deste modo, não utilizar a midríase para
diagnóstico da PCR ou para definir que a vítima está com lesão cerebral irreversível. A
persistência da midríase com a RCR é sinal de mau prognóstico. É um sinal bastante tardio e
não se deve esperar por ele para início das manobras de RCR.

2.1.3 procedimento:

1. Avaliar se a pessoa está respirando, colocando o rosto perto do nariz

e da boca para ouvir os sons da respiração e, ao mesmo tempo,

olhando para o peito, para observar se está subindo e descendo:

1. Se houver respiração: colocar a pessoa em posição lateral de

segurança, esperar a chegada da ajuda médica e ir verificando

regularmente a respiração;
2. Se não houver respiração: virar a pessoa de barriga para cima

numa superfície dura e iniciar a massagem cardíaca.

2. Para fazer a massagem cardíaca:

1. Colocar as duas mãos no centro do peito com os dedos

entrelaçados, no ponto médio entre os mamilos;

2. Fazer compressões mantendo os braços esticados e

empurrando o peito para baixo até que as costelas desçam cerca

de 5 cm;

3. Manter as compressões até a chegada da ajuda médica num

ritmo de 2 compressões por segundo.

A respiração boca a boca pode ser feita a cada 30 compressões, fazendo-se 2


inalações para o interior da boca da vítima. No entanto, esse passo não é necessário,
podendo ser ignorado caso a vítima seja uma pessoa desconhecida ou não se sinta à
vontade para fazer a respiração. No caso de não ser feita a respiração boca a boca, as
compressões devem ser feitas continuamente até a chegada da equipe médica.

2.2 Queimaduras

Queimaduras podem ser classificadas de acordo com o dano causado em:


I. Primeiro grau: afeta apenas a epiderme (camada mais externa da pele). Apresentam
vermelhidão, inchaço e dor local suportável, sem a formação de bolhas;
II. Segundo grau: afeta a derme e epiderme. Apresentam bolhas, pele avermelhada,
manchada ou com coloração variável, dor, inchaço, desprendimento de camadas da
pele e possível estado de choque.
III. Terceiro grau: atinge também o tecido abaixo da pele e podem chegar aos ossos.
Apresentam pouca ou nenhuma dor e a pele branca ou carbonizada.

Para lidar com uma vítima de queimadura é preciso primeiramente retirar a pessoa da região
próxima à fonte de calor. Em seguida, avaliar a lesão:

I. Dano leve: lavar o local com água corrente fria com jato suave, por,
aproximadamente, dez minutos, ou colocar compressas de soro fisiológico para
reduzir a temperatura do local. Se houver poeira ou insetos no local, mantenha a
queimadura coberta com pano limpo e úmido.
II. Dano grave: procurar ajuda médica imediatamente. É importante salientar que não se
deve passar no local nenhuma substância caseira nem mesmo medicamentos sem que
sejam recomendados por um médico.

Em casos de queimaduras:

– Nunca toque a queimadura com as mãos;


– nunca fure bolhas;
– nunca tente descolar tecidos grudados na pele queimada;
– nunca retire corpos estranhos ou graxa do local queimado;
– nunca coloque manteiga, pó de café, creme dental ou qualquer outra substância
sobre a queimadura – somente o médico sabe o que deve ser aplicado sobre o local
afetado.

II.3 Hemorragia

Hemorragia pode ser definida como a perda de sangue através de um corte ou ferida
traumática, podendo acontecer também por motivos naturais (sangramento em nariz,
ouvido, boca, ânus). Qualquer tipo de sangramento fora dos vasos sanguíneos pode ser
considerado hemorragia, ou seja, elas ocorrem quando os vasos sanguíneos são rompidos.

A gravidade da hemorragia é medida pela quantidade e rapidez que o sangue é perdido.


2.3.1 Classificação

 Hemorragia externa (quando o sangue sai do corpo). Neste caso, pode-se


classificar quanto ao tipo de vaso lesionado :

Até 50% de perda é preciso realizar transfusão de sangue. Acima desse percentual,
dificilmente um paciente sobrevive.

 Nos casos de pequenas hemorragias, basta higienizar e estancar o ferimento.


 Para cortes mais profundos ou grandes perdas de sangue, com a vítima na
horizontal, realize compressas com gaze ou pano limpo aplicando pressão direta
no local do sangramento com pano limpo enquanto aguarda o socorro.
 Em último caso, quando a hemorragia é muito grave ou em casos de amputação
de membro do corpo e as outras técnicas falharem, utiliza-se o torniquete ou
garrote, seguindo as seguintes etapas:
- Amarre um pano limpo com nó simples acima do ferimento, enrolando-o
firmemente duas vezes;
- Em seguida, amarre um bastão sobre o nó do tecido;
-Torça o bastão até estancar o sangramento;
- Marque o horário em que foi aplicado o torniquete.


 Hemorragia interna (algum músculo ou órgão é perfurado por dentro): neste caso
o sangue não é visível, ou seja, todo o sangue perdido se acumula dentro das
cavidades do próprio corpo, tais como: crânio, tórax, abdômen, entre outras.
Para efetuar a verificação se ocorreu uma hemorragia interna é preciso se atentar
para os seguintes sinais
 Trauma forte em região de cabeça, tórax, abdômen, dentre outras
regiões, alertam para o risco de hemorragias
 Pulso rápido e fraco;
 Pele pálida, fria e úmida;
 Fraqueza, tontura, confusão mental;
 Sede;
 Respiração acelerada

Caso a vítima apresente esses sintomas, é necessário efetuar o seguinte


procedimento:

 Mantenha a calma;

 Contate imediatamente o serviço de emergência (SAMU 192);

 Mantenha à vítima consciente e não ofereça água ou alimentos;

 Quanto mais rápido isso for feito, maior a probabilidade de salvar uma vida!

2.3.2 Outros casos de hemorragia

I. Sangramento nasal: Deve-se fazer uma pressão direta na narina com um lenço,
respirar pela boca e manter a cabeça na posição neutra ou ligeiramente inclinada
para frente. Não assoe o nariz! Se continuar a sangrar, aplique compressa de gelo
na base do nariz. Se não resolver, vá ao pronto-socorro.
II. Sangramento no ouvido: As causas mais comuns de sangramento nos ouvidos são:
ferimento devido ao uso de algum objeto pontiagudo como cotonete ou grampo,
infecção, pancada forte na orelha, fratura do crânio, variações muito grandes de
pressão atmosférica, que podem ocorrer em voos e mergulhos e explosões.
Manter repouso e fazer compressão local externa até o atendimento médico!
II.3.3 O que não se pode fazer em primeiros socorros a hemorragia
I. NÃO se retira o objeto que pode estar encravado no local da
hemorragia;
II. NÃO é recomendado lavar a ferida;
III. NÃO forneça água ou comida para a pessoa.

II.4 Lesões musculoesqueléticas

As lesões musculoesqueléticas (LME) são geralmente definidas como um conjunto de


patologias que afetam os músculos, ossos, ligamentos, meniscos, cápsulas articulares e outras,
esqueleto axial, coluna vertebral e os membros superiores e inferiores. São caracterizadas pela
dor e pela perda de função física do corpo que limitam as atividades dos indivíduos
afetados.Os tipos de lesões musculoesqueléticas são:

2.4.1Fraturas abertas e fechadas


Ocorre interrupção na continuidade do osso. Nas fraturas fechadas à pele está intacta, e nas
fraturas abertas ocorre sobre a lesão de continuidade da pele, que pode ser produzida pelos
próprios fragmentos ósseos ou por objetos penetrantes.

Procedimento: Caso a fratura seja aberta nunca tente realinhar o osso, pois isso pode
agravar a situação, e coloque um pano limpo ou gaze sobre a lesão.
Imobilize a área lesada com uma tala, podendo usar como substituta uma tábua, papelão
ou madeira, envolvendo uma faixa na lesão. Caso a fratura seja acompanhada de
sangramento é necessário fazer uma compressão com pano limpo para cessar a
hemorragia.
Nesses casos, a vítima deve ser encaminhada urgentemente para um hospital equipado
com raio-x para realizar os exames necessários para diagnosticar a extensão das lesões.

2.4.2Luxações

São lesões em que à extremidade de um dos ossos que compõem uma articulação é deslocada
de seu lugar. O dano a tecido mole pode ser muito grave, afetando vasos sanguíneos, nervos, e
a cápsula articular.

Procedimento:

 Não force o membro afetado, nem tente movimentá-lo;


 Faça uma tipoia para impedir a articulação de mexer, utilizando tecido,
uma faixa ou um cinto, por exemplo;
 Aplique uma compressa gelada na articulação afetada.
2.4.3Entorses

São lesões aos ligamentos. Podem ser de grau mínimo ou grave, causando ruptura completa
do ligamento. As formas graves produzem perda da estabilidade da articulação, à vezes,
acompanhada por luxação.

Procedimento: aplicar gelo, imobilizar e estabilizar a região lesada.

2.4.4Distensões
São lesões aos músculos ou seus tendões, geralmente são causados por hiperextensão ou por
contrações violentas. Em casos graves pode haver ruptura do tendão. Apresenta dor intensa
à movimentação e contratura da musculatura atingida.

Procedimento: Evite movimentar a região lesada, aplique compressas


geladas ou saco de gelo no local.

3 considerações finais

Em suma, foi abordado conhecimentos práticos sobre os procedimentos de primeiros socorros


de acidentes mais comuns do cotidiano, o que não apenas diminui a gravidade do acidente,
como também pode salvar uma vida. Em particular, em incidentes domésticos, segundo os
Corpos de Bombeiros, há objetos e situações que podem tornar todas as divisões de uma casa
em um perigo iminente, como por exemplo Chãos molhados ou encerados, Falta de
corrimões nas escadas, Fogões com as chamas acesas, sem a presença de
um adulto por perto, entre outros.
Nessa temática, em 2015 foram registradas 2.441 mortes de crianças de 0 a 14 anos, no Brasil,
devido a acidentes domésticos, de acordo com dados do Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde (MS). No mesmo ano, 1.440 crianças e adolescentes
até 14 anos morreram devido a acidentes de trânsito. Em 2015, segundo o Sistema de
Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), foram 100.559 crianças internadas, na faixa etária
de 0 a 14 anos, devido a causas acidentais. Estudos mostram, no entanto, que 90% dos
acidentes podem ser evitados com medidas simples e eficazes de mudança de comportamento
e de adequação, para a promoção da prevenção.

https://www.youtube.com/watch?v=ER7YrPJp9Dc

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_suporte_basico_vida.pdf

http://proedu.rnp.br/bitstream/handle/123456789/588/Aula_02P-COLOR.pdf?
sequence=2&isAllowed=y

http://www.ccta.ufpb.br/editoraccta/contents/titulos/saude/cartilha-de-primeiros-socorros-
hemorragias/cartilha-hemorragia.pdf

https://bvsms.saude.gov.br/queimaduras/#:~:text=Primeiros%20socorros%3A,com%20pano
%20limpo%20e%20%C3%BAmido.

https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/trauma-
musculoesqueletico/36998#

https://www.sobrac.org/campanha/arritmias-cardiacas-mortes-subita/

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