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2020 / 2023
Vice-Presidente
Alberto Carlos Moreno Zaconeta
Secretária
Mylene Martins Lavado
Membros
Arlley Cleverson Belo da Silva
Carlos Alberto Maganha
Carlos Augusto Santos de Menezes
Emilcy Rebouças Gonçalves
Felipe Favorette Campanharo
Inessa Beraldo de Andrade Bonomi
Janete Vettorazzi
Maria Rita de Figueiredo Lemos Bortolotto
Patrícia Costa Fonsêca Meireles Bezerra
Renato Teixeira Souza
Sara Toassa Gomes Solha
Vera Therezinha Medeiros Borges
Descritores
Óbito fetal; Óbito neonatal; Mortalidade perinatal; Complicações na gravidez; Hipertensão arterial
na gravidez
Como citar?
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Óbito fetal.
São Paulo: FEBRASGO; 2021. (Protocolo FEBRASGO-Obstetrícia, no 4/Comissão Nacional
Especializada em Gestação de Alto Risco).
Introdução
Óbito fetal (OF) ou morte fetal é a morte de um produto con-
ceptual, antes da sua expulsão ou extração completa do corpo
da mãe, evidenciado pelos seguintes parâmetros: ausência de
respiração ou outro sinal de vida, como batimentos cardíacos,
pulsações do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos mús-
culos de contração voluntária.(1) Não há consenso quanto à idade
gestacional nem ao peso fetal para considerar-se OF, entretanto
sugere-se óbito em fetos acima de 20 semanas ou com mais de
350 gramas (corresponde a peso no percentil 50 para 20 semanas
de gestação).(1,2)
OFs têm sido historicamente negligenciados pelos serviços de
saúde que ainda não incorporaram à rotina de trabalho a análise
nem a investigação de sua ocorrência, tampouco destinaram investi-
mentos específicos no âmbito da saúde para sua redução.(3)
* Este protocolo foi elaborado pela Comissão Nacional Especializada em Gestação de Alto Risco e
validado pela Diretoria Científica como Documento Oficial da FEBRASGO. Protocolo FEBRASGO de
Obstetrícia no 4, acesse: https://www.febrasgo.org.br/
Todos os direitos reservados. Publicação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (FEBRASGO).
Acolhimento
A morte de um filho antes do nascimento representa grande perda
para os pais, especialmente para a mãe, já que é a mulher que viven-
cia as alterações de seu corpo, além de se submeter a procedimen-
tos médicos. Assim, cabe aos profissionais de saúde inseridos nesse
contexto a oferta de assistência adequada, humanizada e holística.
Além da assistência médica, deve-se oferecer suporte emocional
adequado com reconhecimento e compreensão dos aspectos cogni-
tivos e emocionais envolvidos.(6) É necessário assegurar às gestan-
tes: acompanhante durante toda a internação; informações claras e
necessárias para decisão esclarecida sobre as opções no manejo do
parto e do feto após o parto, incluindo autópsia; prevenção de com-
plicações e seguimento pós-natal de qualidade.(4)
Protocolos Febrasgo | Nº4 | 2021
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Óbito fetal
Etiologia
As causas dos OFs são divididas em maternas, fetais ou placentárias.
(4)
As causas fetais são anomalias hereditárias e cromossômicas, in-
fecções congênitas (sífilis, malária, parvovirose, citomegalovírus
etc.), aloimunização Rh e hidropsias não imunes.(5,6) Causas placentá-
rias e anexiais incluem descolamento prematuro de placenta, insu-
ficiência placentária, síndrome da transfusão feto-fetal, corioamnio-
nite, prolapso de cordão e rotura de vasa prévia.(6,7) Causas maternas
incluem hipertensão arterial, diabetes mellitus, diabetes gestacional,
síndrome de anticorpo antifosfolípide, trombofilias hereditárias e
traumas maternos.(8,9)
De acordo com dados oficiais do Sistema de Informação sobre
Mortalidade (SIM), em torno de 40% a 50% dos óbitos são regis-
trados como de causa desconhecida ou não especificada. A figura
1 mostra variações regionais no mundo da prevalência das causas
de OFs agrupadas de acordo com informações demográficas (ida-
de materna superior a 35 anos), infecciosas (sífilis, HIV e malária),
desordens maternas (obesidade e sobrepeso, diabetes e hipertensão
materna preexistente, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, tabagismo) e desor-
dens fetais (gestações acima de 42 semanas e aloimunização Rh).(2)
Nos países desenvolvidos, com taxas de 2 a 5 óbitos/1.000 nascidos
vivos, as principais condições associadas aos óbitos são atribuíveis
a sobrepeso/obesidade, idade materna avançada e hipertensão arte-
rial preexistente. O sul da Ásia e os países da África abaixo do Saara,
por outro lado, são as regiões que concentram mais proporção de
OFs no mundo. A natimortalidade por sífilis, por exemplo, concen-
tra-se no sul da Ásia e a por malária, nos países da África subsaaria-
na. Nesses países, quase 14% dos OFs decorrem de gravidez acima de
42 semanas.(2)
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14
Idade Materna
> 35 anos
Sífilis
HIV
Malária
Sobrepeso
Obesidade
Diabetes
pré-existente
Hipertensão
pré-existente
Pré-eclampsia
Eclampsia
Tabagismo
Pós-termo
> 42 semanas
Autoimunização Rh
Fonte: Lawn JE, Blencowe H, Waiswa P, Amouzou A, Mathers C, Hogan D, et al.; Lancet Ending
Preventable Stillbirths Series study group; Lancet Stillbirth Epidemiology investigator group.
Stillbirths: rates, risk factors, and acceleration towards 2030. Lancet. 2016;387(10018):587–603.(4)
[Reproduzido com autorização do autor].
Manejo
Óbito fetal
Recomendações finais
A prevenção da ocorrência de OF é um desafio coletivo que re-
quer, sobretudo, adequada assistência pré-natal com engajada
equipe de profissionais de saúde, amplo e eficaz acesso aos servi-
ços de saúde e harmônico funcionamento dos serviços de gesta-
ção de baixo e alto riscos. OF é potencialmente evitável na maioria
das vezes, sobretudo nos acima de 28 semanas de gestação (mais
de 1.000 g), por meio de adequadas assistências pré-natal e intra-
parto, incluindo:
1. Recomendar o uso de ácido fólico antes da gravidez para preve-
nir malformações do tubo neural.
2. Em mulheres com antecedentes de OF, no intervalo interpartal,
pesquisar trombofilias adquiridas (anticorpo anticardiolipina,
anticoagulante lúpico e β2- glicoproteína 1). Se OF foi associado
Protocolos Febrasgo | Nº4 | 2021
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CNE em Gestação de Alto Risco
Referências
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Manual dos comitês de prevenção do óbito infantil e fetal. Brasília (DF): Ministério
da Saúde; 2005.
4. Lawn JE, Blencowe H, Waiswa P, Amouzou A, Mathers C, Hogan D, et al.; Lancet
Ending Preventable Stillbirths Series Study Group; Lancet Stillbirth Epidemiology
Investigator Group. Stillbirths: rates, risk factors, and acceleration towards 2030.
Lancet. 2016;387(10018):587–603.
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