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2020 / 2023
Vice-Presidente
Alberto Carlos Moreno Zaconeta
Secretária
Mylene Martins Lavado
Membros
Arlley Cleverson Belo da Silva
Carlos Alberto Maganha
Elton Carlos Ferreira
Emilcy Rebouças Gonçalves
Felipe Favorette Campanharo
Inessa Beraldo de Andrade Bonomi
Janete Vettorazzi
Maria Rita de Figueiredo Lemos Bortolotto
Renato Teixeira Souza
Sara Toassa Gomes Solha
Vera Therezinha Medeiros Borges
Descritores
Síndrome de HELLP; Morbidade Materna; Pré-eclâmpsia
Como citar?
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Síndrome
HELLP. São Paulo: FEBRASGO, 2021. (Protocolo FEBRASGO-Obstetrícia, n. 74/Comissão
Nacional Especializada em Gestação de Alto Risco).
Aspectos etiopatogênicos
A síndrome HELLP caracteriza-se por uma situação peculiar na qual
predomina a disfunção endotelial. Seu diagnóstico é, em essência,
* Este protocolo foi elaborado pela Comissão Nacional Especializada em Gestação de Alto Risco e
validado pela Diretoria Científica como Documento Oficial da FEBRASGO. Protocolo FEBRASGO de
Obstetrícia, n. 74. Acesse: https://www.febrasgo.org.br/
Todos os direitos reservados. Publicação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (FEBRASGO).
Diagnóstico diferencial
Várias entidades clínicas podem confundir o diagnóstico, entre as
quais, destacam-se hepatites virais agudas, colecistite aguda, pan-
creatite, lúpus, fígado gorduroso da gestação, púrpura tromboci-
topênica, síndrome hemolítico-urêmica e choque séptico ou hemor-
rágico. Acrescente-se, ainda, a possibilidade de arboviroses, como
febre amarela e dengue hemorrágica, entre outras.
Aspectos terapêuticos
A síndrome HELLP configura condição de deterioração clínica a qual é
indicativa de resolução da gestação. Não é possível afirmar que existam
medidas terapêuticas efetivas, com exceção da antecipação do parto.
A conduta conservadora nos casos de síndrome HELLP deve ser
excepcionalmente praticada e por período não superior a 48 horas.
Somente será adotada se resguardadas condições maternas e/ou fetais
estáveis para esse breve aguardo antes do parto. As justificativas para a
adoção dessa tratativa são a possibilidade de otimizar as condições para
assistência ao parto (remoção para centro especializado) ou qualificar o
prognóstico fetal mediante a administração de corticoides. Se a idade
gestacional está acima do limite inferior de viabilidade e abaixo de 34
semanas de gestação e as condições maternas e/ou fetais, estáveis, su-
gere-se a administração de ciclo de betametasona antes da resolução.
No entanto, recomenda-se que o parto não seja postergado para além de
48 horas, pela possibilidade de rápida deterioração materna.
Um modelo preditor para desfechos maternos graves pode ser
muito útil nessas situações. Para tanto, o modelo PIERS (Preeclampsia
Integrated and Estimated Risks), desenvolvido por Von Dadelszen et
al.,(9) pode ser adotado, levando em conta que, na calculadora de
risco, parâmetros importantes na definição da HELLP têm peso con-
Conduta obstétrica
A conduta conservadora pode ser adotada nos casos com idade
gestacional inferior a 34 semanas, em que a utilização do corticoi-
de antenatal representa redução consistente dos riscos neonatais.
Entretanto, isso não deve retardar a interrupção da gestação quando
houver importante deterioração da saúde materna. Não há razões
aceitáveis para postergar o parto em pacientes com idade gestacio-
Protocolos Febrasgo | Nº74 | 2021
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CNE em Gestação de Alto Risco
Assistência ao puerpério
As primeiras 72 horas do período pós-parto são extremamente
críticas em vista da possibilidade de piora da situação materna
Protocolos Febrasgo | Nº74 | 2021
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CNE em Gestação de Alto Risco
Recomendações finais
• Considerar a hipótese diagnóstica de síndrome HELLP ante a
sintomatologia sugestiva, não esperar hipertensão nem pro-
teinúria para aventar essa hipótese e realizar o diagnóstico.
• Avaliar cuidadosamente as condições fetais por meio de perfil
biofísico e Doppler. Realizar corticoterapia para maturação pul-
monar, se o feto estiver entre 24 e 34 semanas e as condições ma-
ternas permitirem.
• Programar o parto de acordo com a gravidade do quadro mater-
no e as condições fetais. Este nunca deverá ser postergado pe-
rante uma situação materna grave.
• Controlar os níveis pressóricos e prevenir quadros de eclâmpsia
com o uso de sulfato de magnésio.
• Solicitar reserva de hemoderivados conforme a gravidade de
cada caso. Manter plaquetas acima de 50.000/mm3 para cesárea
e 20.000/mm3 para parto normal.
• Orientar a paciente sobre riscos futuros e possibilidade de
recorrência.
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