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Rodízio de Ginecologia e Obstetrícia I
OBSTETRÍCIA
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
DIAGNÓSTICO DA GESTAÇÃO__________________________________________________________
Fisiologia da gestação
No final da fase folicular (por volta
do 14° dia do ciclo) o muco cervical se torna
menos viscoso e ocorre a ovulação, na qual,
o oócito secundário é captado pelas
fímbrias e levado da tuba uterina para o
utero. Este transporte dura em média, de 3
a 4 dias. A fecundação ocorre na ampola da
tuba uterina, evitando assim a degeneração
do corpo lúteo.
O ovo fertilizado (zigoto) se divide
repetidamente enquanto se desloca para o
local de implantação no endométrio (em
geral perto do fundo uterino). No momento
da implantação, o zigoto já se tornou uma
camada de células ao redor de uma
cavidade chamada blastocisto. A parede do blastocisto tem 1 célula de espessura, com exceção do polo
embrionário, que tem 3 ou 4 células de espessura. O polo embrionário que se tornará o embrião se
implanta primeiro. Cerca de 6 dias após a fertilização, o blastocisto se implanta no revestimento uterino.
A gonadotrofina coriônica humana (hCG) produzida pelas células sinciotrofoblásticas a partir do
10° de fecundação, mantendo o corpo lúteo funcionante, nas primeiras 8 semanas da gestação (período
embrionário). No final desse período, o corpo lúteo atinge seu pico de vascularização e suas células
apresentam-se hiperplasiadas e hipertrofiadas. Após 8 semanas de gestação, a placenta assume a
produção de progesterona e o decaimento na produção de Hcg leva à involução do corpo lúteo. A
placenta produz esteroides em grande quantidade, tendo inúmeras e importantes funções para o
desenvolvimento da gestação e adaptação do organismo materno ao concepto.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Alterações endócrinas metabólicas: visam garantir o aporte nutricional para o desenvolvimento do feto.
Para que isso ocorra, várias transformações funcionais das glândulas maternas coexistirão com a placenta
– novo órgão que apresenta importante função endócrina.
↑ da resistência insulínica: O aumento de produção de corticoides e da produção placentária de
progesterona causa resistência insulínica e elevação das necessidades de insulina, da mesma
forma que o estresse da gestação e, possivelmente, o aumento dos níveis de lactogênio
placentário humano. Insulínase, produzida pela placenta, também pode aumentar as
necessidades de insulina, de tal modo que muitas mulheres com diabetes gestacional
desenvolvem outras formas mais evidentes do diabetes.
↑: prolactina, GH (a partir do 2o tri), ACTH, MSH (melanina), ocitocina (parto), T3 e T4 total,
calcitonina, cortisol, aldosterona, progesterona, estrógeno, relaxina
↓: TSH (1o tri), FSH, LH, PTH.
Ganho de peso: Com relação às demandas energéticas, o ganho de peso materno decorre, em
grande parte, do acúmulo de componente hídrico intra e extravascular, e em menor proporção,
do acúmulo de componentes energéticos e estruturais. O ganho de peso adequado varia
conforme o peso da mulher no início da gestação de acordo com seu Índice de Massa Corporal
(IMC) pré-gestacional.
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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
A distensão da pele do abdome, das mamas e do quadril pode provocar o aparecimento de estrias
nestas regiões. Os fatores de risco são história familiar e ganho de peso excessivo na gestação.
Sistema Digestório: Náuseas e vômitos são prevalentes no 1° trimestre, devido aos altos níveis de HCG.
Além disso, ocorre alterações no apetite e sede, devido resistência à ação da leptina e às mudanças na
secreção de ADH.
A progesterona tem uma potente ação relaxante sobre as fibras musculares lisa levando a uma
série de alterações no sistema digestório como: relaxamento do esfíncter esofágico inferior, redução do
peristaltismo, diminuição da contratilidade da musculatura lisa do intestino. Como consequência, são
frequentes as queixas de pirose e constipação durante a gestação.
As alterações hepáticas e pancreáticas observadas na gestação são funcionais e relacionadas ao
metabolismo energético. Com o aumento do volume uterino, ocorrem alterações anatômicas que
desviam o estômago e o apêndice para cima e para a direita e os intestinos para a esquerda. O apêndice
cecal pode ocupar o flanco direito, dificultando o diagnóstico clínico de apendicite na gravidez.
Hiperêmese gravídica é uma condição patológica caracterizada pela manutenção e agravamento dos
quadros de náuseas e vômitos (que podem persistir após a 20a semana) associados à perda de peso (>5%),
desidratação, distúrbios hidroeletrolíticos, cetose e cetonúria.
Sistema Respiratório: Ocorre ingurgitamento e edema da mucosa nasal, que leva a um aumento das
obstruções nasais, sangramentos e rinite durante a gestação, podendo representar maior dificuldade para
intubações orotraqueais nessas pacientes. Alterações anatômicas da caixa torácica podem ser notadas já
no início da gestação. Observa-se elevação do diafragma, onde a aamplitude do movimento se reduz ao
longo da gestação devido ao aumento do volume abdominal que ocorre com o crescimento uterino. A
capacidade pulmonar total está reduzida em aproximadamente 200 mL devido à elevação do diafragma
em razão da redução do volume residual.
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Diagnóstico laboratorial: pela identificação da gonadotrofina coriônica humana (β-hCG). Essa iden-
tificação pode ser feita através de teste urinário (qualitativo) ou exame de sangue (quantitativo) da
paciente, sendo que este último representa, atualmente, o exame padrão-ouro para confirmação da
gestação. O β-hCG no plasmático pode ser obtido entre 8 a 11 dias após a concepção (antes mesmo do
atraso menstural). Na prática, níveis menores que 5mUI/mL são considerados negativos e acima de
25mUI/mL são positivos.
1o Trimestre Até 150.000 mUI/mL
2o Trimestre 3.500 a 20.000 mUI/mL
3o Trimestre 5.000 a 50.000 mUI/mL
Diagnóstico clínico: Toda mulher com história de atraso menstrual de mais de 15 dias deve ser orientada
a realizar o teste rápido de gravidez. No entanto, se o atraso menstrual for superior a 12 semanas, o
diagnóstico da gestação pode ser clínico, através dos sinais, sintomas e do exame físico.
Sinais de Presunção:
Atraso menstrual: superior a 10-14 dias; sinal cardinal da gestação precoce.
Alterações clínicas: náuseas, vômitos, tonturas, sialorreia, alteração no apetite, aumento da
frequência urinária e fadiga.
Modificações mamárias: aumento do volume das mamas, hipersensibilidade mamária, tubérculos
de Montgomery (glândulas sebáceas hipertrofiadas que surgem nas aréolas primárias), saída de
colostro pelas mamas, aparecimento da rede venosa de Haller (aumento da vascularização
mamária), sinal de
Hunter (aumento da pigmentação do mamilo, levando à perda da definição areolar).
Alterações Cutâneas: estrias, melasma, linha nigra, sinal de Halban (aumento da lanugem nos
limites do couro cabeludo).
Aumento do volume abdominal
Sinais de Probabilidade:
Sinal de Piskacek: crescimento assimétrico do útero (perceptível durante a palpação abdominal)
Sinal de Jacquemier: hipervascularização da vulva (coloração violácea vulvar)
Sinal de Kluge: hipervascularização da vagina e colo uterino (cianose vaginal e cervical)
Sinal de Osiander: pulsação da artéria vaginal (perceptível ao toque vaginal)
Sinal de Hegar: amolecimento do istmo cervical (de consistência rígida para de mucosa)
Sinal de Nobile-Budin: preenchimento do fundo de saco pelo útero gravídico (perceptível ao
toque bimanual)
Regra de Godel: amolecimento do colo uterino (perceptível ao toque vaginal)
Sinais de Certeza:
Sinal de Puzos: rechaço uterino ao toque vaginal
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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Ausculta de batimento cardíaco fetal (BCF): detectados pelo sonar a partir da 12a semana e pelo
Pinard a partir da 20a semana de gestação.
Diagnóstico ultrassonográfico: Quando indicada, a ultrassonografia precoce (1o trimestre) pode auxiliar
no diagnóstico oportuno das gestações múltiplas, na datação mais acurada da idade gestacional,
reduzindo, assim, o número de induções por gestação prolongada, além de evidenciar a viabilidade fetal.
A via transvaginal é preferível nesta ocasião, pelo fato do transdutor estar mais próximo do feto.
A datação da idade gestacional (IG) por ultrassonografia (USG) deve ser sempre baseada na 1a
USG realizada e nunca deve ser recalculada com ultrassonografias posteriores. A avaliação
ultrassonográfica da IG é mais precisa da 6a até a 1a2 semana de gestação, período em que se emprega
como parâmetro o comprimento cabeça-nádega (CCN) do embrião.
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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
ABORDAGEM DO PRÉ-NATAL__________________________________________________________
A assistência pré-natal é um conjunto de cuidados destinados à mulher e ao feto que tem por
objetivo oferecer o desenvolvimento saudável da gestação e boa evolução do parto. Recomenda-se o
início precoce das consultas, que deve ocorrer o mais breve possível diante do diagnóstico de gravidez.
Consultas
1° Consulta:
Realizar a estratificação de risco
Anamnese e exame físico completos (*História Obstétrica é importante)
Estimar IG e DPP
Estimar ganho ponderal e situação nutricional
Aferir a PA
Prescrever suplementação
Solicitar exames preconizados
Solicitar retorno após 15 dias com exames
Consultas subsequentes:
A avaliação deve ser mais dirigida aos aspectos específicos da gestação;
Sempre estimular a participação do companheiro e/ou pai do bebê;
Reforçar a importância do Aleitamento materno.
Controle de peso Questionar (movimentação fetal, contrações
Controle de PA uterinas e perdas vaginais.
Medir a AU Estar atento a aspectos emocionais
Aferir BCF Estar atento para alterações fisiológicas.
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SEMIOLOGIA OBSTÉTRICA_____________________________________________________________
Determinação da idade gestacional (IG) e data provável do parto (DPP)
IG:
Quantidade de dias do 1° dia da DUM até o dia atual / 7
DPP:
DIA: 1° dia da DUM + 7 Dias
MÊS: mês de DUM – 3; SE DUM foi entre janeiro a março +9
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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Anamnese:
Idade (extremos de idade versus riscos);
Etnia (doenças e anatomia associadas a etnia);
Queixa atual (leucorreia, edema, varizes, entre outras);
Hábitos e antecedentes pessoais (doenças atuais e crônicas, medicamentos, vícios);
Antecedentes ginecológicos e obstétricos.
Via dos partos anteriores;
Antecedentes familiares (doenças hereditárias, por exemplo);
História obstétrica atual.
É necessário investigar doenças ginecológicas (mioma, pólipos, DIP, entre outras).
Nos antecedentes obstétricos, investigar patologias em gestações anteriores (HAS, pré
eclampsia, DM, história de aborto, malformações fetais.
Exame físico:
Inspeção: globoso ou ovoide às custas de útero gravídico; estrias; surgimento da linha nigra (mais
evidente em mulheres de pele escura); cicatrizes.
Palpação obstétrica: avaliar o útero e possíveis alterações de tônus (hipertonia, descolamento
prematuro de placenta) e superfície (irregularidade, miomas).
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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Efeito Poseiro: No 3° trimestre, o decúbito dorsal mais prolongado pode levar à compressão da aorta
e da veia cava inferior (hipotensão supina postural), causando diminuição do fluxo sanguíneo uterino
e da perfusão placentária que pode acarretar uma queda da frequência cardíaca fetal. A lateralização
da paciente para a esquerda deve normalizar essa situação.
Exame ginecológico: Realizar na 1° consulta e reavaliar nas consultas subsequentes, mediante queixa
da paciente.
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Suplementação nutricional
A suplementação rotineira de vitaminas NÃO é recomendada, salvo em casos em que haja
risco nutricional: gestação múltipla, abuso de drogas, vegetarianas estritas, epilépticas ou com
diagnóstico de hemoglobinopatias.
Ácido fólico: 30 dias antes da concepção até a 12° semana de IG.
Dose recomendada: 0,4mg/dia ou 5 mg/dia para DM, HP de defeito no tubo neural.
Sulfato ferroso: após 20° semana de IG até 90 dias após o parto
Dose recomendada: 40mg v.o 1hora antes do almoço (SE Hb >11); 120 a 200mg/dia (SE Hb
entre 8 e 11); Referenciar para hemotransfusão se Hb <8.
Cálcio: para mulheres com risco de desenvolver hipertensão e pré-eclâmpsia. Ressaltando que a
gestante necessita de cerca 30g/dia para garantir uma boa formação do esqueleto fetal.
Dose recomendada: 1,5-2g/dia,
Sintomas comuns
Vacinação
Hepatite B: Gestantes após o 1º trimestre de gestação. 3 doses com intervalo de 30 dias entre
a 1a e a 2a e de 180 dias entre a 1a e a 3a. Na impossibilidade de se realizar a sorologia anti-
HBs, deve-se avaliar o estado vacinal da gestante e vacina-la, se for o caso.
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Exames laboratoriais
Tipagem sanguínea e Coombs indireto: tipagem sanguínea de toda gestante precisa ser conhecida a
fim de possibilitar a prevenção da doença hemolítica perinatal. Se a gestante for Rh-negativo, deve-se
solicitar, além da tipagem, o teste de Coombs Indireto.
Se, Coombs indireto este for negativo, deve-se repeti-lo mensalmente a partir da 24a semana.
Se, Coombs indireto for positivo, referir a paciente para pré-natal de alto risco.
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Sorologia para sífilis: A ocorrência de sífilis durante a gestação está associada a abortamento
espontâneo, parto pré-termo, morte fetal intrauterina, hidropsia fetal, restrição de crescimento,
morte perinatal e sífilis congênita.
Se, o VDRL for negativo, a recomendação do MS é repeti-lo em torno da 32a semana e
novamente na internação para o parto.
Se, o VDRL for positivo, o ideal seria a realização de um teste treponêmico (FTA-Abs), para
excluir falso-positivo (que pode estar relacionado com a própria gestação ou com doenças
concomitantes, como lúpus).
Se o FTA-Abs, for positivo, deve ser prescrito tratamento para sífilis.
Anti-HIV: prevenir riscos de transmissão vertical do HIV. O teste deve ser realizado na 1° consulta de
pré-natal e repetido no 3° trimestre. O pré-natal da paciente HIV-positivo deve ser diferenciado.
Devem ser solicitados VDRL, HBsAg, rastreamento para outras DSTs, teste de Mantoux, anti-HCV,
sorologia para toxoplasmose, CMV e herpes, dosagem de plaquetas, CD4, carga viral e provas de
função hepática e renal. (Acompanhamento concomitante com um médico infectologista). A
amamentação tem contraindicação absoluta.
Sorologia para toxoplasmose: As pacientes com IgG reagente e IgM não reagente já tiveram contato
no passado com toxoplasmose (Essas pacientes estão imunizadas); As pacientes com IgM e IgG não
reagentes são suscetíveis e devem ser orientadas (evitar a ingestão de carne mau cozida, proteger as
mãos se manusear terra, lavar frutas e verduras e evitar contato com os dejetos dos animais). Se, IgM
positivo, levanta-se suspeita de infecção aguda – encaminhar ao pré-natal de alto risco.
Nesses casos, a realização do teste de avidez de IgG até o final do primeiro trimestre pode ajudar
a discriminar as infecções adquiridas no primeiro trimestre (com risco de infecção congênita grave)
das infecções prévias à gestação (sem risco fetal aumentado).
Se, Anticorpos IgG com alta avidez indicam infecção antiga e excluem infecção aguda
Se, Anticorpos com baixa avidez, indicam infecção aguda, mas não são sempre conclusivos.
HBsAg: A transmissão vertical é responsável por parte significativa dos indivíduos infectados e que
esse risco pode ser diminuído por meio da vacina da hepatite B e da imunoglobulina para o RN logo
após o parto. Recomenda-se, portanto, o rastreamento da hepatite B mediante pesquisa do HBsAg
no terceiro trimestre, independentemente de haver fatores de risco identificáveis
Se, a gestante for HBsAg-positivo, deve-se encaminhar a paciente para atenção especializada.
Não há indicação formal de suspensão de aleitamento materno em filhos de mulheres HbsAg-positivo
que tenham recebido profilaxia neonatal.
Urocultura: A infecção urinária, pode evoluir para pielonefrite, situação que cursa com risco de
trabalho de parto pré-maturo. Após 7 a 10 dias do término do tratamento (Nitrofurantoína ou
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Ampicilina), deve-se realizar nova urocultura para controle de cura. Mesmo com urocultura de
controle negativa, devem ser solicitadas novas uroculturas a cada dois meses até o parto. Recomenda-
se antibioticoprofilaxia após dois episódios de infecção do trato urinário (ITU) ou após um episódio
de pielonefrite aguda na gestação atual com Nitrofurantoína 100mg a noite até o fim da gestação.
Triagem para doença de tireoide: O hipotireoidismo está associado a altas taxas de abortamentos
espontâneos de primeiro trimestre. Nas gestações que continuam, está associado a alterações
cognitivo-comportamentais na criança, além de complicações gestacionais, como pré-eclâmpsia, parto
prematuro, descolamento de placenta, hemorragia pós-parto. Já o hipertireoidismo está associado a
abortamento espontâneo, parto prematuro, baixo peso ao nascimento, morte fetal intrauterina, pré-
eclâmpsia e insuficiência cardíaca. Realizar rastreio nos casos suspeitos, HF ou HPP de tireoideopatia.
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ULTRASSONOGRAFIA OBSTÉTRICA_______________________________________________
*Avalia: idade gestacional (IG), n° de conceptos, desenvolvimento fetal, líquido amniótico (LA),
placenta e cordão umbilical, além da anatomia fetal desde o início da gestação, identificação da
respiração, deglutição, movimentos motores amplos e finos e a atividade cardíaca intrauterina.
Quando equipado com Doppler colorido, permite o mapeamento cardiovascular do concepto e o
estudo dos compartimentos vasculares materno, placentário e fetal (avaliação da saúde fetal).
ULTRASSONOGRAFIA DE 1° TRIMESTE
Diagnóstico de certeza gestacional; Viabilidade fetal;
Idade gestacional; Má formações.
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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
A transnucência nucal, tende a desaparecer após 14 semanas e quando aumentada, implica averiguação do
cariótipo fetal, através de biópsia de vilosidades coriônicas ou amniocentese. Segundo a FEBRASGO,
Atualmente, com o surgimento da pesquisa do DNA fetal livre no sangue materno, surgem novas discussões
sobre a propedêutica e o que se observa é uma mudança de paradigmas, visto que o DNAfl possui altíssimas
taxas de detecção associadas à baixas taxas de falso positivo, ou seja, evita procedimentos invasivos.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Avaliação do sexo fetal: diagnóstico e tratamento pré--natal de alguns casos de ambiguidade (p. ex.,
hiperplasia adrenal congênita). A determinação do sexo fetal no 2o trimestre é + segura e baseia-se na
visualização da genitália externa, enquanto, no final do 1o trimestre e início do 2o, estabelece-se pela
posição tubérculo genital: direção para baixo indica feto feminino; direção para cima, feto masculino.
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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Comprimento do colo uterino: realizada preferencialmente na 23a semana, podendo demonstrar risco
de parto pré-termo. Comprimento de colo uterino de 15 mm têm um risco aumentado de um parto
espontâneo pré-termo com menos de 32 semanas. Além da medida do comprimento do colo, deve-se
observar se o orifício cervical interno encontra-se fechado.
Doppler das artérias uterinas: preditora de complicações relacionadas à insuficiência placentária, como
pré-eclâmpsia (PE) e crescimento intrauterino reduzido CIUR. é mais
Avaliação do bem-estar fetal: é feita por meio dos movimentos e do tônus fetal (antes das 26 semanas)
e, a partir de 26 a 28 semanas, mediante o perfil biofísico fetal (PBF). Perfil biofísico fetal (4 parâmetros
ecográficos): Movimentos fetais, Tônus fetal, Movimentos respiratórios fetais, Volume de LA. A
cardiotocografia basal avalia a frequência cardíaca fetal.
Diagnóstico de óbito fetal: O sinal mais importante e definitivo é a ausência de BCF. Outros sinais incluem
ausência de movimentos fetais espontâneos ou provocados (descartar repouso fisiológico), deformação
fetal impedindo a identificação do polo cefálico e tronco fetal (morte fetal com menos de 25 semanas
de gestação). Se a morte fetal ocorreu no 2o ou no 3o trimestre, podem ser visualizados borramento
do contorno do crânio, permeação de líquido na epiderme fetal formando um duplo contorno entre o
couro cabeludo e a calota craniana (sinal da coroa de santo), após 12 horas do óbito
Placenta: Sua localização permite o diagnóstico diferencial entre a placenta de localização tópica
(fúndica, anterior ou posterior) ou heterotópica (prévia – junto ao orifício interno do colo). Sua
importância prática ocorre quando há necessidade de algum procedimento, como a amniocentese, ou
de diagnóstico diferencial no sangramento vaginal de 3o trimestre (placenta prévia e descolamento
prematuro de placenta). E sua espessura média em milímetros é praticamente igual à idade menstrual
em semanas, raramente ultrapassando 40 mm.
Cordão umbilical: consiste em três vasos (duas artérias e uma veia). A alteração detectada mais é a
presença de apenas uma artéria umbilical (cordão com dois vasos), indicando uma avaliação completa
do feto, pois pode haver a presença de malformações fetais associadas, especialmente renais.
USG DO 3° TRIMESTE
Deve ser realizada a partir 34 semanas, com objetivo de avaliar o crescimento fetal, quantidade
de líquido amniótico e a placenta. Quando há suspeita clínica de CIUR no 3o trimestre, podemos
realizar uma US para diagnóstico e classificação
Avaliação do peso fetal: quando há a suspeita clínica ou patologias que levem ao CIUR, doença
hipertensiva ou de patologias que levem à macrossomia, (DM). Os métodos usados são DBP, CA e CF.
Equação de Shepard: DBP/CA
Equação de Hadlock: CF/CA, preferida em gestações avançadas em que há amoldamento da
cabeça ou quando o índice cefálico (IC) estiver anormal (dolicocefalia ou braquicefalia).
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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Diagnóstico de acretismo placentário, por US pode ser difícil, pois os sinais de acretismo são sutis, e a
visualização da interface placenta-miométrio não é boa, principalmente na inserção posterior e central
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VITALIDADE FETAL___________________________________________________________________
A vitalidade fetal significa a capacidade do feto em estar saudável no ambiente uterino, como:
formação de feto sem anomalias, ausência de doenças maternas que estejam associadas a alterações
do metabolismo e, principalmente, circulação uteroplacentária.
As alterações que são detectadas nos fetos podem ser realizadas durante a gestação em
decorrência de doenças maternas, fetais ou de anexos fetais, sendo que, neste caso, as alterações são
classificadas como sofrimento fetal crônico (SFC), habitualmente cursando com mudanças na
velocidade do crescimento fetal, por exemplo, restrição de crescimento fetal (RCF) ou oligoidramnia,
porém, quando as alterações aparecem durante o trabalho de parto, se classificam como sofrimento
fetal agudo (SFA), via de regra, sem alterações do crescimento fetal.
Em relação ao feto, podemos dizer que as alterações do bem-estar podem ser decorrentes de
condições maternas, como: hipertensão arterial, doença vascular de lúpus, diabetes mellitus,
alterações da placenta e do cordão (placenta prévia) e, por último e menos frequente, pelas
alterações próprias do feto, tais como uma cardiopatia fetal.
Métodos clínicos: são aqueles que não necessitam de tecnologias para sua realização.
Medida seriada da altura uterina (AU): permite avaliar desvios do crescimento fetal. Por exemplo, se
estiver > 90% e assim permanecer nas avaliações seguintes pode tratar-se de feto grande para IG e/ou
aumento de líquido amniótico. Entretanto, se estiver < 10% pode tratar-se de restrição do crescimento
fetal ou feto pequeno para idade gestacional, ou ainda pequena quantidade de líquido amniótico.
Mobilograma: é um método obtido a partir da percepção materna dos movimentos fetais (PMMF)
registrados em um formulário de papel. Para isso, a gestante é orientada a fazer a contagem dos
movimentos fetais logo após uma refeição, sentada ou deitada em decúbito lateral, e anotar o horário
do primeiro movimento que ela percebe, seguindo com as anotações até o sétimo movimento e depois
deste último anotar o horário. Se os sete movimentos ocorrerem em até 1 hora (h), isto significa que
o feto está em boas condições de vitalidade. Define-se o limite de sete como normalidade com base
na premissa de que no perfil biofísico fetal (PBF), precisa-se apenas de dois movimentos em 20 minutos
(min) para considerar este parâmetro como normal. Portanto, em 1 h, qualquer valor > 6 é normal.
Métodos biofísicos: são aqueles que necessitam de algum equipamento para sua realização, como os
cardiotocógrafos e o ultrassom. Este último permite a realização de avaliações fetais (crescimento
fetal, avaliação de líquido amniótico (LA), perfil biofísico fetal (PBF), e velocidade de fluxo dos vasos
fetais arteriais e venosos (obtida por dopplervelocimetria).
Cardiotocografia (CTA): aparelho com capacidade de avaliar pressão uterina, como uso de um
transdutor de pressão e um transdutor Doppler para captar os batimentos cardíacos fetais;
De modo geral, define-se como normal aquele exame que apresenta boa variabilidade curta,
duas ou mais acelerações transitórias, relacionadas ou não com movimentos fetais registrados pela
gestante ao apertar um marcador de eventos e sem desacelerações. A grande maioria das vezes, os
traçados apresentam-se normais e isso significa que o feto está com boa capacidade respiratória em
quase 100% dos casos, isso significa que, caso não mudem as condições clínicas da gestante, esse feto
estará bem durante pelo menos 72 h.
As alterações que caracterizam que o exame não está normal tem sequência de eventos que
se altera de forma mais ou menos bem definida: inicialmente, diminuem as acelerações da FCF, depois
reduz-se a variabilidade e, por último, aparecem as desacelerações da FCF.
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Para avaliação da CTG é importante observar a variabilidade curta, que se caracteriza pelas
variações na linha de base da FCF. É importante observar também a frequência cardíaca fetal basal
que, via de regra e, quando normal, deve oscilar entre 120-160 batimentos por minuto (bpm) nas
gestações de fetos com idade gestacional > 28-32 semanas
As acelerações transitórias são variações mais demoradas da FCF e caracterizam-se por
aumentos de pelo menos 30 bpm, com duração de ao menos 30 segundos;
O DIP 1: consiste na desaceleração da FCF que se inicia junto com a contração uterina e tem sua maior
amplitude coincidindo com a intensidade máxima da contração. É mais frequente no trabalho de parto
ou em situações de oligoidramnia intensa; e tem forma de “V” simétrico. Sua fisiopatogenia está
relacionada à compressão cefálica e liberação de estímulo vagal responsável pela desaceleração.
O DIP 2:tem fisiopatogenia diversa, estando associado com hipóxia fetal. É uma desaceleração que se
inicia logo após o máximo da contração uterina com defasagem de cerca de 30 s; a decalagem tem
profundidade variável, duração > 30 s e, via de regra, tem recuperação lenta da FCF, assumindo a
configuração de um “V” com a metade esquerda bem aberta.
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desaceleração da FCF que apresenta decalagem em relação à contração, dura mais de 3 min e tem
intensidade variada. De todas as desacelerações é a mais grave, representando hipóxia fetal.
Ultrassonografia (US): Este exame também é muito importante na avaliação do crescimento fetal e do
líquido amniótico (LA). As avaliações do crescimento fetal devem ser seriadas para se avaliar a evolução
desse parâmetro e, de preferência, considerar sempre que possível a amenorreia. E, assim, pode-se
prever a evolução do ganho ponderal e dos diagnósticos de macrossomia ou de restrição de
crescimento fetal.
Perfil biofísico fetal (PBF): É um exame que, por meio do US, avalia alguns parâmetros do feto e do
líquido amniótico. Com a CTG, o exame compõe um índice de 0-10, no qual 10 é o melhor resultado e
> 6 é ruim. Os parâmetros avaliados no US são:
1. Líquido amniótico.
2. Movimentos corporais fetais.
3. Movimentos respiratórios.
4. Tônus fetal.
A cada um destes parâmetros se atribuem valores de 0-2, perfazendo um total de 8. O quinto
parâmetro vem da CTG, que também varia de 0-2, perfazendo 10, quando todos normais. Este é o
PBF descrito por Maning et al. e aceito até hoje para situações de Restrição do Crescimento Fetal (RCF).
Dopplervelocimetria: é um método de avaliação fetal que considera as variações das ondas produzidas
pela velocidade do fluxo sanguíneo dentro dos vasos. Assim, existem diferentes tipos de ondas:
aquelas positivas, produzidas quando o fluxo é intenso; as negativas, produzidas quando o fluxo é
reverso; e as ondas bifásicas nos vasos venosos. Em geral, a avaliação do fluxo começa pelas artérias
mais periféricas e quando estas estão alteradas se pesquisam as centrais. Desse modo, inicia-se pela
avaliação da artéria umbilical (AU); se estiver alterada, pode ser avaliada a artéria cerebral média
(ACM); e só depois se parte para a avaliação do fluxo venoso e, via de regra, se avalia o ducto venoso.
Avaliação da vitalidade fetal intraparto: Para a avaliação da vitalidade fetal intraparto, via de regra,
realiza-se a ausculta dos batimentos cardíacos fetais por meio de um equipamento Doppler para
captação do BCF, a CTG intraparto que utiliza os mesmos princípios da CTG anteparto, valorizando a
variabilidade e a presença de desacelerações relacionadas às contrações uterinas. Sabe-se que a
presença de boa variabilidade dos BCF, acelerações transitórias nas contrações uterinas e a ausência
de desacelerações são indicadores de bom prognóstico neonatal.
Elisangela da Silva
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Geralmente o parto eutócico corresponde ao parto dito normal. Quando há necessidade de aplicar
uma ventosa ou um fórceps, o parto passa a designar-se por parto instrumentado ou distócico.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
ASSISTÊNCIA AO PARTO
O parto normal tem como característica um início espontâneo por mecanismo endógeno
(induzido ou conduzido), de baixo risco materno-fetal desde a concepção até o nascimento (gestação
não patológica).
O RN (recém-nascido) pode nascer em diferentes tipos de apresentação, sendo a mais comum delas a
apresentação cefálica e o tempo para o mesmo ser considerado a termo é de 37 a 42 semanas.
O termo NORMAL EM VÉRTICE quer dizer que o parto foi natural, enquanto que SIMPLES se refere a
somente a um único feto. O termo ARTIFICIAL se refere à procedimentos realizados que se distanciam do
parto natural, isto é, utilização de fórceps ou da própria decisão de parto cesáreo. O termo DUPLO se refere
a mais de um feto no mesmo parto.
Elisangela da Silva
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Exame vaginal: com o início do trabalho de parto e depois da dilatação cervical, podemos realizar o
toque vaginal para diferenciar as diversas apresentações possíveis, em vértice, face e pelve. Fazer uma
varredura para identificar as fontanelas apresentadas no canal de carto (se posição cefálica), e
posteriormente definir o plano ou altura em que a parte apresentada se encontra dentro da pelve,
também pode ser estabelecido neste momento (planos de De lee).
Sinais e Sintomas
≥ 2 contrações, cada uma ≥ 40 segundos em um tempo de 10 minutos*
Dilatação cervical ≥ 4 cm*
Formação da bolsa das águas**
Eliminação do tampão mucoso**
* critérios necessários para o diagnóstico
** a perda do tampão mucosa e a formação da bolsa das águas são indicadores menos precisos do trabalho
de parto, na medida em que existem grandes variações individuais entre o aparecimento desses sinais e o
início real do trabalho de parto.
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2° período: Inicia quando a dilatação é completa (10 cm) e termina com o nascimento. O segundo
período é conhecido como período expulsivo ou propulsivo. Nessa ocasião, a descida da
apresentação fetal promove a compressão do períneo, sobretudo dos músculos levantadores do ânus,
e a paciente habitualmente relata sensação semelhante ao desejo de defecar. Esse momento
desenvolve-se com a insinuação e descida do polo cefálico (apresentação mais comum, OAE –
occipitoanterior esquerdo); Algumas vezes, é necessária a ajuda do médico no momento da expulsão,
pela manobra de Ritgen modificada.
A episiotomia é indicação seletiva e é feita quando: o feto não consegue sair, impedimento
causado pela parede muscular ou quando a sua saída poderá levar a lacerações perineais grave (de 3o
ou 4o grau), em caso de sofrimento fetal, distocia de ombros, alguns casos de parto operatório (uso
de fórceps e extrator à vácuo), fetos macrossômicos, período expulsivo prolongado. É realizada a
secção perilateral do músculo levantador do ânus por uma tesoura com aplicação de anestesia local.
Só é realizada se o feto se encontrar em posição OP (occipto
púbico), pois ele precisa da musculatura para defletir e, caso a episiotomia seja realizada em OS
(occipto sacral) ele não conseguirá rodar e haverá uma distorcia no trabalho de parto.
Elisangela da Silva
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4° período: Conhecido como período de Greenberg, o quarto período é o pós-parto imediato, logo
após a dequitação. É um momento de riscos materno, com possibilidade de grandes hemorragias,
principalmente por atonia uterina. Nesse momento, avalia-se a integridade do canal de parto, se há
perda volêmica, o globo de segurança de Pinard (contração uterina fixa para oclusão dos vasos da
porção muscular, de forma definitiva), reparação de eventuais porventura existentes. É nessa hora
também que é realizada a episiorrafia, se episiotomia anterior.
Elisangela da Silva
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Diagnóstico:
GLICEMIA EM JEJUM (solicitada na 1ª consulta):
< 92 mg/dL, Recomenda-se TOTG entre 24 e 28 semanas;
≥ 92 mg/dL e < 125 mg/dL: já dá o Diagnóstico de DMG, não necessitando o rastreio por TOTG
≥ 126 mg/dL: DM prévio, não diagnosticado antes do período gestacional.
TOTG 75G (Solicitado entre 24 e 28 semanas): qualquer alteração, dá o diagnóstico de DMG
0h: < 92 mg/dL
1h: < 180 mg/dL
2h: < 153 mg/dL
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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Complicações: Nos casos de DM prévio, está associado ao risco de malformações fetais (cerca 6-10%),
assim como risco de abortamento, oligodramnia e anomalias congênitas (cardíaca é a mais comum).
Importante que aquelas mulheres que possuem DM previamente a gestação realizem controle
glicêmico periconcepcional buscando reduzir os riscos de complicações. A anomalia congênita mais
cobrada nas provas de residência, apesar de não ser a mais comum, é a síndrome de regressão
caudal. A DMG não causa má formação fetal, MAS, há risco de macrossomia.
Complicações do estado hiperglicêmico na gestação
Materna:
Trabalho de parto prematuro
Aminiorexe prematura
Polidrâminio
Infecções de repetição, candidíase
Pré eclampsia
Atonia uterina
A longo prazo: Obesidade, DM e HAS
Feto:
GIG
Macrossomia
Óbito fetal
Neonatal:
Hipoglicemia
Hipocalemia
Icterícia
Síndrome do desconforto respiratório
Exercício Físico: A prática regular de exercício físico deve ser encorajada. As práticas seguras são:
natação, caminhada, aeróbica de baixo impacto, yoga e pilates (ambos devendo evitar posturas que
dificultem o retorno venoso), treinamento de força e exercícios ergométricos.
Controle glicêmico: deve ser realizada desde o diagnóstico e até o pós-parto, buscando adequada
avaliação da eficácia e adesão terapêutica, bem como obtenção de controle glicêmico adequado.
Sem uso de terapia medicamentosa: 4x ao dia (jejum, pós-café, pós-almoço, pós-jantar)
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Com uso de insulina: 6x ao dia (jejum, pós-café, antes do almoço, pós-almoço, antes do jantar,
pós-jantar).
Após diagnóstico de DMG, é possível tentar o controle glicêmico, adotando MEV (terapia nutricional e
exercício físico). Caso os primeiros 15 dias não sejam suficientes, indica-se a insulinoterapia.
METAS!
Jejum < 95mg/dl
1° hora pós-prandial <140mg/dl
2° hora pós-prandial <120mg/dl
Em uso de insulina: jejum < 70 mg/dL e pós-prandial < 100mg/dL
No trabalho de parto e durante o parto: 70-120mg/dL (nem todas necessitam desse controle)
Antidiabéticos Orais: o uso de antidiabéticos orais (como a Metformina) pode ser considera apenas
nas seguintes situações:
Não acessibilidade à insulina;
Dificuldade na administração da insulina;
Estresse exacerbado decorrente do uso da insulina seguido de restrição alimentar mesmo após
orientação adequada;
Necessidade de altas doses de insulina (> 100UI) sem resposta adequada no controle glicêmico
Ganho de peso excessivo em uso de insulina.
Mulheres com DM prévio a gestação que estavam em uso de antidiabéticos orais devem ser substituídos
pela insulina durante a gestação, retornando com os antiabéticos orais e suas doses logo após o parto.
Seguimento: quinzenal até a 30ª semana e semanal após a 30° semana, assim como deve-se proceder
com a realização trimestral de: função renal e proteinúria, urocultura, fundo de olho.
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Fatores de risco:
Cerca de 75%, ocorre em mulheres nulíparas (HAS pré-existente, troca de parceiro).
Idade materna avançada (>40 anos) Doença renal
Diabetes mellitus Colagenoses
Obesidade Doença trofoblástica gestacional
Gestação múltipla (única situação que S. hipertensivas
Trombofilias podem-se manifestar em mulheres
História familiar de DHEG <20 anos). *
DHEG em gestação pregressa
Sabe-se que gestantes com trombofilias, como a síndrome antifosfolípide e formas hereditárias
(mutação do fator V de Leiden, mutação do gene da protrombina e deficiências de antitrombina)
tem maior chances de ter doenças hipertensivas, pois estas são associadas a manifestações
tromboembólicas venosas, arteriais e da microcirculação que pode predispor a pré-eclâmpsia ou
acelerar a sua evolução.
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Elisangela da Silva
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semanas após o parto. Metade das gestantes podem evoluir para pré-eclâmpsia até o final da
gestação e tem maior risco de desenvolver hipertensão crônica futuramente.
Pré-eclâmpsia: também conhecida como síndrome específica da gestação, associada a vários
fatores de risco específicos, podendo ser divididos alto e moderado risco. Essa doença
costuma ocorrer na segunda metade da gestação, sendo mais frequente no terceiro trimestre.
Elisangela da Silva
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Diagnóstico:
Laboratorial:
Proteinúria (> 300 mg/24 hrs; Na relação proteína/creatinina > 0,3 em amostra isolada);
Ácido úrico (> 6 mg/dL, em gestante com valores antes normais e sem uso de diuréticos),
Ureia e creatinina
Hemograma com contagem de plaquetas (<100.000)
Pesquisa de alterações eritrocitárias (esquizócitos)
Bilirrubinas e Enzimas hepáticas (atualmente apenas o TGO é avaliado) >2x o VR.
Diante de sintomas específicos, como crises convulsivas reincidentes na eclampsia ou sinais
focais, pode ser necessária a avaliação por meio de exames de imagem (TC ou RM cerebral. Esses
exames buscam descartas lesões cerebrais (hemorragia intracraniana), que piora o prognóstico.
Clínico: A maioria dos casos é assintomática ou apresenta sintomas geralmente no final da gestação.
Para o diagnóstico precoce, deve-se investigar FR nas consultas monitorar o ganho de peso e PA.
Elisangela da Silva
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Específico:
Hipertensão crônica: antes da gravidez ou antes de 20 semanas de, não atribuível à doença
trofoblástica gestacional, ou se diagnosticada após 20 semanas e que persiste depois de 12
semanas pós-parto. Recomenda-se, o rastreamento de lesões de órgão-alvo, na 1° consulta de
pré-natal, solicitando, ECG, Ecocardiograma, fundoscopia, USG renal e laboratoriais
(hemograma, função hepática, renal, bilirrubinas, proteinúria, DHL e Ácido úrico). Avaliar a
vitalidade fetal com ultrassonografia com doppler de artéria umbilical, Perfil biofísico fetal e
Cardiotocografia a partir da 28o semana (quinzenal) e a partir da 34o semana (semanal).
Hipertensão arterial crônica com pré-eclâmpsia superajuntada: gestante com hipertensão
crônica associado ao aparecimento de proteinúria. Esse diagnóstico também pode ser dado
quando ocorre aumento súbito na proteinúria ou pressão arterial ou contagem das plaquetas
< 1 00.000 nas mulheres com hipertensão e proteinúria antes de 20 semanas de gestação.
Hipertensão gestacional: o diagnóstico de certeza é dado somente após o parto, quando a
pressão retorna ao normal antes de 12 semanas pós-parto. Além disso, devem ser solicitados
a cada 15 dias exames laboratoriais.
Pré-eclâmpsia: na presença de hipertensão arterial e proteinúria > 300 mg/24 h ou > 1 + em
fita. Deve ser solicitado a cada 15 dias exames laboratoriais, cardiotocografia deve ser feita
uma vez por semana, a partir de 30 semanas e a USG com Doppler de Artéria Umbilical, a cada
15 dias, a partir de 28 semanas.
O edema não entra como critério diagnóstico, mas se, edema generalizado ou ganho exagerado de
peso (> 1.000g/semana).
Eclâmpsia: presença de uma ou mais crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas e/ou coma, que
podem ocorrer na gestação, parto ou puerpério (48 a 72h do pós-parto). Sinais como cefaleia occipital
ou frontal persistentes, visão borrada, fotofobia; dor abdominal em epigástrio ou QSD e estado mental
alterado (iminência de eclâmpsia).
TERAPIA ANTI-HIPERTENSIVA: O fármaco deve ser introduzir caso PAS maior ou igual 150 ou PAD
maior ou igual 100mg, em duas medidas ou quando não há melhora dos níveis tensionais à mudança
de hábitos de vida / ocupacional. A droga mais utilizada é a metildopa na dose de 500 mg a 2g/ dia.
IECA e BRAs devem ser substituídos devido a seus efeitos danosos ao feto. Objetiva-se que para as
hipertensas sem lesão de órgão-alvo a pressão arterial diastólica não deve ser mantida abaixo de 80
mmHg. Já naquelas com lesão de órgão-alvo secundária à hipertensão crônica a terapia anti-
hipertensiva tem como meta níveis tensionais inferiores a 140 x 90 mmHg.
Elisangela da Silva
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TERAPIA NA CRISE HIPERTENSIVA AGUDA: aumento dos níveis tensionais com PAS maior ou igual 160
mmHg ou PAD maior ou igual a 110mmHg, a gestante deve ser internada, posicionada em decúbito
lateral esquerdo, com a administração de terapia anti-hipertensiva. A droga de escolha para esses
casos é a Nifedipina VO, 10 mg a cada 30 min, se necessário e se não houver resposta, pode-se
administrar hidralazina 5 mL EV. Outras drogas como hidralazina e verapamil também podem ser
usadas inicialmente. Outros cuidados necessários são a verificação da pressão arterial materna a cada
5 min por 20 min após a medicação e realização da avaliação fetal com cardiotocografia.
Elisangela da Silva
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Testes laboratoriais:
Teste rápido: A testagem para HIV deve ser realizada no primeiro trimestre, idealmente na
primeira consulta do pré-natal, no início do terceiro trimestre de gestação (> 28°semana), e na
admissão da mulher na maternidade, hospital ou casa de parto, podendo ainda ser feita em
qualquer outro momento em que haja exposição de risco ou violência sexual.
Carga viral: realização imediata do teste de carga viral (CV) do HIV está indicada após a
confirmação da infecção, pois o nível da carga viral do vírus é um dos fatores mais importantes
associados ao risco de transmissão vertical do HIV e auxilia no seguimento e na definição da
via de parto. A taxa de transmissão vertical do HIV é inferior a 1% em gestantes em uso de
antirretrovirais que mantêm níveis de CV-HIV abaixo de 1.000 cópias/mL, sendo, portanto,
muito baixa quando a CV estiver indetectável.
TCD4+: A contagem de linfócitos TCD4+ deverá ser realizada na primeira consulta de pré-natal
e pelo menos a cada três meses durante a gestação para gestantes em início de tratamento e
na 34a semana, para avaliar o controle da doença e via de parto.
Genotipagem: está indicado para todas as gestantes. Esse teste deverá ser solicitado e não é
necessário aguardar o resultado para o início da terapia antirretroviral (TARV).
Etiologia e Fisiopatologia
Os agentes causadores são retrovírus de RNA chamados de vírus da imunodeficiência humana,
HIV-1 e HIV-2, no entanto a maioria dos casos é causada por infecção por HIV-1. A transmissão é similar
ao vírus da hepatite B e a relação sexual é o modo principal. O vírus também é transmitido por sangue
ou produtos contaminados do sangue e as mães podem infectar seus fetos por transmissão vertical ou
através do leite materno. O denominador comum da doença clínica com AIDS é a imunossupressão
profunda que dá origem uma variedade de infecções oportunistas e neoplasias.
A maior parte da transmissão perinatal ocorre no parto, e a terapia antirretroviral (TARV) eficaz
ou parto cesáreo eletivo em pacientes sem supressão viral reduz a transmissão. Uma minoria de
crianças infectadas adquire o vírus intraútero, como caracterizado por uma criança que é PCR positiva
no nascimento.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Quadro clínico
Infecção aguda: A infecção aguda por HIV é acompanhada por um conjunto de manifestações
clínicas, denominado Síndrome Retroviral Aguda (SRA). Os principais achados clínicos de SRA
incluem febre alta, sudorese, cefaleia, astenia, adenopatia ou linfadenomegalia cervical
anterior, posterior, occiptal e axilar, faringite, exantema e mialgia.
Infecção crônica: Podem ocorrer, esplenomegalia, letargia, astenia, anorexia e depressão.
Fase de latência: paciente geralmente está assintomático, mas o exame físico pode apresentar
linfadenopatia, que pode persistir após a infecção aguda. A presença de linfadenopatia
generalizada persistente e frequente e seu diagnóstico diferencial inclui doenças
linfoproliferativas e tuberculose ganglionar.
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS): as infecções oportunistas e neoplasias é
definidor da AIDS. Além das infecções e das manifestações não infecciosas, o HIV pode causar
doenças por dano direto a certos órgãos ou processos inflamatórios, tais como miocardiopatia,
nefropatia e neuropatias, que podem estar presentes durante toda a evolução da infecção
pelo HIV. Entre as infecções oportunistas, destacam-se: pneumocistose, neurotoxoplasmose,
tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite criptocócica e retinite por
citomegalovírus. As neoplasias mais comuns são sarcoma de Kaposi (SK), linfoma não Hodgkin
e câncer de colo uterino, em mulheres jovens. Nessas situações, a contagem de LT-CD4+ situa-
se abaixo de 200 cels/mm3, na maioria das vezes.
Diagnóstico: O exame mais utilizado para diagnóstico do HIV é o teste ELISA, de 4° geração, que
detecta anticorpos HIV-1 e HIV-2 no sangue, em menos de 2 semanas da contaminação. O resultado
positivo definitivo deverá ser sempre confirmado pelo Western blot. Há também o teste rápido, que
apresenta o resultado em menos de 30 minutos.
Os testes de carga viral, TCD4 e genotipagem são auxiliares no seguimento e controle da
doença, bem como, para avaliar a eficácia terapêutica e a via de parto. Como a infecção pelo HIV é de
caráter sistêmico, torna-se necessário, além do exame físico geral, observar atentamente os sinais
clínicos sugestivos de manifestações da doença.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Uma vez que a tuberculose (TB) é a principal causa de óbito em pacientes com HIV, recomenda-
se que seja pesquisada em todas as consultas, inclusive durante o pré-natal, quanto à presença de
sintomas respiratórios e provável contato íntimo com um sintomático respiratório. Deve-se questionar
a gestante sobre a presença de tosse, febre, emagrecimento e/ou sudorese noturna. A existência de
qualquer um desses sintomas pode indicar TB ativa e deve ser investigada. A prova tuberculínica (PT
ou PPD) é importante para auxiliar o diagnóstico da infecção latente de TB e constitui um marcador de
risco para o desenvolvimento de TB ativa, devendo ser realizada em todas as pacientes assintomáticas
para TB e sem histórico prévio da doença.
Para as gestantes infectadas pelo HIV e sintomáticas respiratórias (tosse há mais de 2
semanas), independentemente da contagem de LT-CD4+, devem ser solicitadas 3 amostras de escarro
para realização do teste rápido da TB (se disponível) e pesquisa direta do bacilo de Koch (BAAR).
Tratamento
Uso da TARV durante a gestação: Está indicada para toda gestante infectada pelo HIV,
independentemente de critérios clínicos e imunológicos, e não deverá ser suspensa após o parto,
levando-se em consideração o impacto da supressão da carga viral do HIV na redução da transmissão
vertical dessa infecção.
A TARV deve ser iniciada na gestante antes mesmo de se terem os resultados dos exames de
linfócitos TCD4+, CV-HIV e genotipagem – principalmente nos casos de gestantes que iniciam
tardiamente o acompanhamento pré-natal, com o objetivo de alcançar a supressão viral o mais
rapidamente possível.
O esquema preferencial de tratamento para gestantes deve ser: Tenofovir (TDF) +
Lamivudina (3TC) 1x ao dia + Raltegravir (RAL)
O Raltegravir é o TARV da classe dos inibidores de integrase de escolha para gestantes em início
de Tratamento. Já o Efavirenz, ficou como segunda escolha e o Dolutegravir (DTG), está contraindicado
no período pré-concepção e pré-natal pelo risco de malformação congênita. O uso desta medicação
deve ser retomado 3 meses após o parto.
Elisangela da Silva
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Cesariana eletiva:
Confirmar a idade gestacional, a fim de evitar a prematuridade iatrogênica.
A cesárea eletiva deve ser realizada a partir da 38a semana de gestação, a fim de evitar a
prematuridade, o trabalho de parto e a RPM.
Caso a gestante que tenha indicação para a cesárea eletiva inicie o trabalho de parto antes da
data prevista e chegue à maternidade com dilatação cervical mínima (< 4cm), o obstetra deve
iniciar a infusão intravenosa do AZT e realizar a cesárea, se possível, após 3 horas de infusão.
Sempre que possível, proceder ao parto empelicado;
Uso de TARV como profilaxia do HIV no parto: Para as mulheres já em terapia antirretroviral, os
mesmos devem ser mantidos, mesmo durante o trabalho de parto ou no dia da cesárea programada.
O zidoviduna (AZT) injetável é indicado para a prevenção de transmissão vertical e deve ser
administrado durante o início do trabalho de parto, ou pelo menos 3 horas antes da cesariana eletiva,
até o clampeamento do cordão umbilical para as gestantes infectadas pelo HIV com CV-HIV
desconhecida ou detectável a partir da 34a semana de gestação.
Cuidados gerais no pós-parto para pacientes com HIV: Inibir a lactação com o uso de Cabergolina,
após o parto. A amamentação está contraindicada, deve-se fazer uso de formula.
Incentivar a adesão à TARV após o parto, e orientar sobre a troca do Raltegravir pelo
Dolutegravir no 3º mês após o parto.
Manejo do recém-nascido (RN) exposto: limpar o sangue e secreções visíveis no RN. Se necessário,
aspirar delicadamente as vias aéreas, conteúdo gástrico de líquido amniótico (se necessário).
Iniciar a primeira dose do AZT solução oral (preferencialmente ainda na sala de parto), logo
após os cuidados imediatos ou nas primeiras 4 horas após o nascimento. Quando indicado, administrar
a Nevirapina (NVP) o mais precocemente possível, antes das primeiras 48 horas de vida.
Para mães com carga viral maior que 1.000 cópias/mL registrada no último trimestre ou com
CV-HIV desconhecida, a nevirapina (NVP) deverá ser acrescentada ao AZT de acordo com os cenários
descritos a seguir, e deve ser iniciada até 48 horas após o nascimento.
Excepcionalmente, quando a criança não tiver condições de receber o medicamento por VO,
pode ser utilizado o AZT injetável, nas seguintes doses:
RN com 35 semanas de IG ou mais: 3mg/kg/dose IV 12/12h, por 4 semanas;
RN entre 30 e 35 semanas de IG: 1,5 mg/kg/dose IV 12/12h nos primeiros 14 dias de vida e 2,3
mg/kg/dose IV 12/12h a partir do 15º dia, por 4 semanas;
RN com menos de 30 semanas de IG: 1,5 mg/kg/dose IV 12/12h, por 4 semanas.
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PLACENTA__________________________________________________________________________
É um órgão materno fetal, responsável pela troca de nutrientes e gases entre a mãe e o embrião/feto.
É constituída por dois componentes:
Parte fetal: (que se desenvolve do saco coriônico)
Parte materna: (derivada do endométrio, que corresponde à camada interna do útero).
A placenta e o cordão umbilical formam um sistema de transporte que permite a “comunicação”
entre a mãe e o embrião/feto. Logo, nutrientes e oxigênio passam do sangue materno por meio da
placenta para o sangue do embrião, enquanto os materiais residuais e dióxido de carbono passam do
sangue fetal através da placenta para o sangue materno.
Funções das membranas placentárias e fetais: proteção, nutrição, respiração, excreção de produtos
residuais e produção de hormônios.
Funções da Placenta
Principais funções da placenta
Metabolismo
Transporte de gases e nutrientes
Secreção endócrina
Proteção
Excreção de produtos residuais fetais
A placenta, em especial durante o período inicial da gestação, sintetiza glicogênio, colesterol e
ácidos graxos, responsáveis pela nutrição do embrião. Além disso, os transportes placentários ocorrem
por meio de um dos quatro principais mecanismos de transporte (difusão simples [os gases, a água],
difusão facilitada [glicose], transporte ativo [aminoácidos] e pinocitose).
Outros mecanismos de transporte placentário: hemácias fetais passam para a circulação materna,
durante o parto, através de espaços pequenos na membrana placentária; outro método é como as
células, a exemplo dos leucócitos, atravessam a membrana usando sua “própria força”, geralmente
envolvidas no combate a substâncias estranhas e doenças; o terceiro método é a forma como alguns
patógenos (bactérias e protozoários) infectam a placenta, criando lesões e atravessando a membrana.
Agentes infecciosos que podem atravessar a membrana placentária e causar infecção fetal:
citomegalovírus, rubéola, coxsackie, varíola, varicela, sarampo, herpes, vírus da poliomielite,
Treponema pallidum e Toxoplasma gondii.
Circulação Placentária: Observa-se que as vilosidades coriônicas ramificadas, por possuírem uma
grande área de superfície, permitem que materiais sejam trocados através de uma membrana
placentária muito delgada interposta entre as circulações materna e fetal. O sangue pobre em oxigênio
passa através das artérias umbilicais para a placenta e, no sítio de ligação do cordão umbilical com a
placenta, essas artérias se dividem em várias artérias coriônicas, que se ramificam na placa coriônica
antes de entrarem nas vilosidades. Observa-se que dentro dessas vilosidades, o sangue fetal fica
próximo ao sangue materno e assim ocorrem as trocas necessárias. No geral, não há mistura de
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sangue fetal com o sangue materno. Mas, quando existem defeitos na membrana placentária,
pequenas quantidades de sangue fetal podem entrar na circulação materna.
O sangue materno entra no espaço interviloso através das artérias espiraladas que desaguam
no espaço interviloso através das fendas na capa citotrofoblástica. Por fim, esse sangue retorna, após
ocorrerem as trocas de metabólitos e de gases, pelas veias endometriais para a circulação materna.
O bem-estar do embrião/feto depende da irrigação adequada das ramificações das vilosidades
com sangue materno. Logo, pode-se inferir que a redução na circulação uteroplacentária resulta em
hipóxia fetal e em CIUR. Reduções severas podem ocasionar o óbito do feto.
Membrana Placentária: É uma estrutura que tem como responsabilidade separar o sangue materno
do fetal. Até a 20° semana, consiste em 04 camadas (sinciciotrofoblasto, citotrofoblasto, tecido
conjuntivo das vilosidades e endotélio dos capilares fetais). Percebe-se que as células do
citotrofoblasto desaparecem, após a 20° semana, deixando somente o sinciciotrofoblasto. Dessa
forma, a membrana placentária passa a consistir em 03 camadas, mas em alguns locais, onde ela é
extremamente fina, o sinciciotrofoblasto entra em contato direto com o endotélio dos capilares fetais
para formar a membrana placentária vasculosincicial. Conforme a gestação avança, a membrana
placentária vai se tornando cada vez mais delgada, o que faz com que o sangue fetal fique muito
próximo do sangue materno.
Elisangela da Silva
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ABORTAMENTO___________________________________________________________________
Interrupção da gestação antes de 20/22 semanas ou com concepto pesando menos de 500
gramas ou menor que 16,5cm. Pode ser um evento espontâneo ou provocado, porém estudaremos
apenas o abortamento espontâneo.
O aborto é a complicação mais frequente da gravidez, principalmente no 1º trimestre (antes
de 12 semanas). Cerca de 10-15% das pacientes com gravidez clinicamente aparente abortam e o risco
de abortamento subsequente é maior após algumas interrupções.
Anomalia cromossômica é a etiologia mais associada (responsável por cerca de
61,5% dos casos no 1o trimestre). Porém, alguns fatores frequentemente estão associados, como:
exposição materna a solventes orgânicos, tabagismo, uso de cocaína e ingesta de álcool.
Além da idade materna, a policistose ovariana e alterações espermáticas (elevado índice de
fragmentação do DNA) podem estar relacionadas com abortamentos de repetição
Lei 2848/40: fato típico, ou seja, crime de aborto provocado pela gestante ou terceiro)
Aborto legal do Brasil
Estupro – não necessita de B.O policial
Risco de morte materna
Aneuploidia
Classificação:
Precoce ou tardio: O abortamento é considerado precoce se ocorre até a 12a semana e tardio
se ocorre entre a 13a e 20a semana.
Espontâneo ou provocado: O espontâneo ocorre sem nenhum tipo de intervenção externa,
podendo ser causado por doenças da mãe ou anormalidades do feto. O provocado decorre de
uma interrupção externa e intencional que acarreta na interrupção da gestação. Esta
representa custos altos para o Sistema Único de Saúde em consequência das suas
complicações, principalmente, quando há evolução para aborto infectado.
Esporádico ou habitual: A separação em aborto esporádico e habitual nos auxilia na melhor
compreensão das etiologias do abortamento.
o Os abortamentos esporádicos têm como principal causa as anormalidades
cromossômicas que chegam a abranger 50-80% dos abortamentos esporádicos, sendo
as aneuploidias aquelas que representam maior frequência seguidas das triploidias e
tetraploidias. Dentre as aneuploidias, a trissomia autossômica possui 52% de
frequência e 19% de síndrome de Turner.
o Chama-se abortamento habitual aquele que ocorre 3 vezes ou mais na mesma
gestante, neste caso, as principais causas são: incompetência istmo cervical e
síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAAF), as quais abordaremos a seguir.
Seguro ou inseguro: seguros, aqueles realizados por um médico bem treinado, com materiais
e ambiente adequados. E, inseguro é aquele aborto realizado sem os recursos médicos
mínimos e/ou sem pessoa capacitada para realizá-lo.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Avaliação Diagnóstica
Idade fértil, com sangramento vaginal, sexualmente ativa e com presença de cólicas?
Podem existir ainda:
- Perda de feto e restos ovulares junto com o sangramento;
- Fraqueza, tonturas, sudorese e perda da consciência;
- Dor abdominal contínua, sangramento de odor fétido, calafrios e febre (infecção).
Exame físico:
Geral: sinais vitais. Se houver grande perda de volume sanguíneo, podem haver sinais de
choque hipovolêmico: palidez, taquicardia, hipotensão arterial, agitação, torpor e choque. Se
houver infecção, pode-se encontrar hipertermia, taquipnéia, dor à palpação uterina e sinal de
Blumberg positivo.
Exame do abdome e pélvico – exame do abdome, especular; toque vaginal bidigital.
Exames complementares:
Teste de gravidez: Deve ser realizado para toda paciente em idade reprodutiva com
sangramento vaginal. Torna-se positivo após 10 dias da concepção, mas pode ser negativo em
abortos retidos.
Beta HCG seriado >2500ml sem presença de SG, suspeitar de ectopia
Hemograma: dosagem de hemoglobina e o hematócrito auxiliam na estimativa da perda
sanguínea; a contagem dos leucócitos indica se há processo infeccioso; e plaquetas informam
sobre possível coagulopatia presente em abortos infectados e retidos.
Tipo sanguíneo e triagem de anticorpos são obrigatórios, pois as chances de necessitar de
transfusão sanguínea são altas. Se gestante for RH-, deve-se realizar a Iso-imunização.
Coagulograma
Exames de imagem: ultrassonografia pélvica deve ser solicitada na ameaça de aborto, para se
avaliar a vitalidade fetal, para confirmação de aborto completo ou não.
Sinais sugestivos na USG:
o Saco gestacional >25mm sem embrião
o Embrião >7mm sem BCF
o Ausência de embrião 1 ou 2 semanas após USG, tem confirmado gestação
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Uso do Misoprostol: Vale ressaltar que o uso do Misoprostol deve ser feito com base no tamanho
uterino e não com base na idade gestacional.
Se abortamento no 1o trimestre: 2 a 3 doses de 800 mcg, via vaginal, no intervalo de 3-12h.
Observação: A dose utilizada em caso de abortamento incompleto no 1º trimestre é 400 mcg,
dose única.
Se abortamento no 2o trimestre: 200 mcg, via vaginal, a cada 4-6h, seguida por tratamento
cirúrgico combinado.
ABORTO INCOMPLETO: Esta forma clínica é a mais frequente, sendo decorrente da expulsão do feto,
mas permanência da placenta ou restos placentários. O sangramento é o principal sintoma, ocorre
redução uterina em comparação com a idade gestacional (IG) e as dores tipo cólica surgem na tentativa
de expulsão do conteúdo intrauterino. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (FEBRASGO), em seu Protocolo sobre Aborto de 2018, recomenda que na conduta, a
paciente deve ser hospitalizada para correção de hipovolemia e anemia (se presentes) e resolução da
gestação:
➢ Se idade gestacional menor que 12 semanas: esvaziamento uterino por aspiração manual
intrauterina (AMIU) ou curetagem.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
➢ Se idade gestacional maior que 12 semanas: aguardar eliminação do feto (pode-se administrar
ocitocina venosa - 10U em 500 ml de soro fisiológico ou soro glicosado 5%, a 20 gotas/minuto) para
ajudar na expulsão dos restos fetais. Se a expulsão não for completa, deve-se realizar a curetagem
uterina em sequência para extrair o conteúdo restante.
➢ O material retirado ou expulso deve ser enviado para o estudo histopatológico.
ABORTO RETIDO: algumas mulheres têm 50-60% de chances de não necessitarem de intervenção em
um período de 2 semanas. Porém, o uso do misoprostol é o tratamento de escolha nessa apresentação
de aborto.
Até 9 semanas, o misoprostol via vaginal (800μg, até 3 doses, de 4/4horas) no geral consegue
expelir o concepto. Entre
9-13 semanas, o misoprostol é geralmente utilizado para preparar o colo para o procedimento
(neste caso, utiliza-se 400μg, 3 a 4 horas antes). O procedimento cirúrgico pode ser feito com
a AMIU (preferência) ou a curetagem.
ABORTO INFECTADO: Esse abortamento resulta da tentativa de esvaziar o útero com uso de
instrumentos inadequados e técnicas inseguras, o que leva a infecções microbianas compreendendo
microrganismos da flora genital e intestinal. O sangramento costuma ter odor fétido e os demais
sintomas variam de acordo com o grau e local de acometimento:
• Endométrio e miométrio: cólicas intermitentes, febre 38oC, dor à mobilização do colo e à palpação
abdominal.
• Peritônio pélvico: febre 39oC, dor mais intensa, comprometimento do estado geral, colo aberto com
saída de conteúdo purulento, sinais de peritonite que dificultam inclusive a tentativa de mobilização
do colo uterino.
O leucograma apresenta perfil de infecção e, na USG em alguns casos nota-se abscesso em
fundo de saco. O tratamento consiste no uso de antibióticos (ATB) e na remoção do foco infeccioso.
O esquema utilizado pode ser associação:
Ampicilina (1g IV, de 4/4horas) ou Penicilina 20 a 40 milhões/dia + gentamicina (1,5mg/kg,
de 8/8horas). Se não houver resposta até 48 horas do início da terapia, acrescentar Clindamicina (800-
900mg IV, de 8/8horas) ou Metronidazol (1g IV, de 12/12horas). Deve-se manter terapia endovenosa
por 48 horas após o último pico febril.
Após isso, iniciar Doxiciclina 100mg, via oral, 2x ao dia, por 10-14 dias. Em seguida, realiza-se
curetagem para remoção do foco infeccioso. Porém, se as medidas acima não forem suficientes ou se
houver suspeita de perfuração uterina/abscesso pélvico/lesão de alça, deve-se proceder para
laparotomia seguida de retirada do foco, inclusive histerectomia se for o caso. Recomenda-se
profilaxia com antitetânica naqueles casos em que para indução do aborto foram utilizados
instrumentos metálicos ou possivelmente suspeitos de levar à infecção com tétano.
ABORTAMENTO INEVITÁVEL: Clinicamente traduz-se pela dilatação do colo permitindo a detecção das
membranas ovulares ou até mesmo do embrião, logo, apesar de não haver ainda expulsão do
concepto, é inevitável que isto ocorra. Além disso, nota-se sangramento importante que chega a
comprometer a hemodinâmica da paciente. Como o feto ainda não foi expulso da cavidade uterina, a
conduta é com Misoprostol + curetagem. Além disso, é importante internar a paciente para
estabilização e cuidados com a mesma.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
INCOMPETÊNCIA ISTMO CERVICAL: diz respeito à incapacidade do colo uterino em reter o produto da
concepção na ausência de sinais e sintomas de contração e/ou parto. É a principal causa de
abortamento habitual tardio ou parto pré-termo extremo. Representa, aproximadamente, 8% dos
casos de abortamento habitual. O quadro clínico é bastante característico já que ocorre dilatação
cervical sem dor até 4-6 cm, feto morfologicamente normal e vivo. As perdas gestacionais costumam
acontecer no 2o trimestre ou início do 3o, com perdas gestacionais cada vez mais precoces do que a
anterior.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
GRAVIDEZ ECTÓPICA________________________________________________________________
É a principal causa de morte materna no 1o trimestre
Denomina-se gravidez ectópica toda gestação cuja implantação e desenvolvimento do ovo
ocorra fora endométrio do corpo uterino. Sendo a tuba uterina o local mais frequente de gravidez
ectópica (95-96% dos casos). No caso da gravidez tubária, o ovo fertilizado pode se alocar em qualquer
posição da tuba uterina, sendo a ampola o local mais frequente.
Localizações extratubárias são raras: somente 3% são ovarianas e outros locais, como abdome
e cérvix uterina, representam em torno de 1% das gestações ectópicas.
Quadro clínico
Tríade clássica: atraso menstrual, sangramento, dor abdominal
O quadro subagudo costuma ocorrer em 70% dos casos e ser decorrente de comprometimento
ampular. Nesses casos, não há a rotura da tuba uterina e os sinais e sintomas da tríade clássica
costumam ser de menor intensidade. Em geral, estes casos evoluem para abortamento tubário.
Já o quadro agudo representa 30% dos casos e está relacionado com rotura tubária. Pode
ocorrer em qualquer localização da tuba uterina, porém, as roturas estão mais relacionadas com
gestações ístmicas. A rotura pode ser espontânea ou ocorrer após algum trauma relacionado a coito
ou exame bimanual. Está fortemente associada a hemorragias intraperitoneais, dor aguda e intensa
na fossa ilíaca ou hipogástrio e choque. O sangramento vaginal está presente na maioria dos casos e
é, em geral, escasso e escurecido, podendo ser contínuo ou intermitente. A paciente pode apresentar
náuseas, vômitos e sinais de descompensação hemodinâmica.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Alguns sinais clínicos (sugestivos de irritação peritoneal) estão presentes no quadro agudo:
Sinal de Laffon: dor referida na escápula, em decorrência da irritação do nervo frênico.
Sinal de Cullen: equimoses em região periumbilical devido a hemorragia retroperitoneal.
Sinal de Blumberg: dor à descompressão súbita na palpação abdominal.
Sinal de Proust: fundo de saco abaulado (devido ao acúmulo de sangue) e doloroso ao toque
vaginal.
Diagnóstico: Além do quadro clínico sugestivo, por ser complementado por exames:
USGTV é indicada quando o β-HCG for positivo para analisar a cavidade uterina. Caso não seja
visualizado o saco gestacional ou restos ovulares na região endometrial, suspeita-se de
gravidez ectópica. Além disso, o exame analisa se há presença de corpo lúteo no ovário, assim
como busca analisar e caracterizar a presença de qualquer massa anexial.
Beta HCG: Quando não é possível visualizar o saco gestacional na USGTV e a dosagem de β-
HCG é positiva, suspeita-se fortemente de gravidez ectópica e torna-se necessária a dosagem
quantitativa de β-HCG. Os valores de β-HCG dobrar a cada 48 horas em uma gestação tópica
viável. Dessa forma, pacientes que apresentarem valores de β-HCG < 2000 mUI/mL,
recomenda-se a avaliação seriada da mesma para investigação de gravidez ectópica.
Progesterona sérica: A dosagem sérica da progesterona é de grande valia para os casos em
que há dúvidas diagnósticas, após dosagem de Beta HCG e USGTV. Valores inferiores a 10
ng/mL estão associados à gestação não evolutiva, porém, não existe valor de referência desse
hormônio indicativo de gravidez ectópica
Tratamento: pode ser realizado de 3 formas a depender da história clínica da paciente: expectante,
medicamentoso e cirúrgico.
Expectante: A conduta expectante ainda não está bem estabelecida no manejo da gravidez ectópica,
porém, pode ser realizada nas gestações com beta-HCG < 2000 mUI/mL e decrescente. Deve-se realizar
dosagem semanal de beta-HCG até zerar.
Metotrexato: é um antagonista do ácido fólico que atua nas células trofoblásticas de divisão rápida,
impedindo sua multiplicação. Existem alguns critérios para indicar seu uso:
Saco gestacional < 3,5 cm;
Beta-hCG < 5.000 mUI/mL;
Ausência de batimentos cardíacos fetais;
Funções renais e hepáticas normais;
Ausência de imunodeficiências e discrasias sanguíneas.
O protocolo principal do MTX é realizado em dose única 50mg/m2, via intramuscular. O
acompanhamento é realizado pela dosagem do beta-hCG no 4o e 7o dia após a administração do
medicamento. Havendo queda no beta-hCG >15% entre os 4o e 7o dias, a paciente pode ser
acompanhada semanalmente quanto aos títulos de beta-hCG até que sejam atendidos os níveis pré-
gravídicos. Caso a redução do beta seja <15%, recomenda-se nova administração do MTX seguindo a
mesmo esquema. Em caso de a redução não ser >15% novamente, indica-se procedimento cirúrgico.
Além disso, o MTX pode ser aplicado diretamente no saco gestacional, guiado por USTV, na
dose de 1 mg/kg. No entanto, o tratamento sistêmico é mais prático e fácil de administrar.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Mola hidatiforme completa: não há elementos embrionários como feto e âmnio. Macroscopicamente,
se mostram como uma massa de vesículas transparentes, de tamanhos variados. Histologicamente, há
degeneração hidrotrópica e edema viloso, ausência de vasos sanguíneos vilosos e proliferação do
epitélio trofoblástico em diferentes graus.
Geralmente são diploides e de origem paterna. 75 a 80% são 46, XX, sendo ambos os conjuntos
de origem paterna – um ovócito “vazio” é fertilizado por um espermatozoide, que duplica seus
próprios cromossomos após a meiose, num evento chamado androgênese. Esse tipo de mola tem
maior potencial maligno.
Mola hidatiforme parcial: há algum elemento do tecido fetal e alterações hidatiformes focais e menos
avançadas. Histologicamente, há edema lentamente progressivo no estroma das vilosidades coriônicas
caracteristicamente avasculares, poupando as vilosidades vasculares com circulação fetoplacentária
funcionante.
São usualmente triploides em sua origem (90%), com dois conjuntos genéticos haploides
parternos e um conjunto haploide materno. Ocorrem, geralmente, a partir da fertilização dispérmica
do ovócito. Os 10% restantes são tetraploides ou em mosaico. O risco de doença trofoblástica
persistente é bem menor nas molas parciais
Fatores de risco:
Extremos da idade materna, adolescentes <18 anos e >36/40 anos
Gravidez molar anterior
O uso de anticoncepcionais orais (ACO’s) e sua duração,
Histórico de abortamento anterior
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Manifestações Clínicas
Amenorreia seguido de sangramento irregular: Na maioria dos casos, há amenorreia de
duração variável, seguida de sangramento irregular, que pode começar antes do aborto molar
espontâneo ou seguir por meses.
Volume uterino maior que o esperado: devido a proliferação desordenada da massa. Na
metade dos casos, o crescimento uterino é mais rápido que o normal, mas há ausência de
batimentos fetais
Hiperêmese gravídica, devido as grandes quantidade de Beta HCG produzidos;
Hipertensão induzida pela gestação: como a pré-eclampsia antes da 20° semana (+precoce)
Eliminação de vesículas e presença de cistos tecaluteínicos: 25% das pacientes podem referir
eliminação de vesículas hidrópicas junto ao sangue. Há ainda presença de cistos tecaluteínicos,
presentes em cerca de 20% dos casos e resultantes da hiperestimulação ovariana pelo efeito
do beta-Hcg em altos
Hipertireoidismo: 5% cursam com hipertireoidismo, que geralmente se resolve após
evacuação. O ẞ-hCG, constantemente produzido, está em alta quantitade e, por possuir efeito
similar à tireotropina, pode ocasionar aumento da tiroxina livre sérica com diminuição do TSH
sérico. No entanto, tireotoxicose clinicamente manifesta é incomum.
Embolização trofoblástica: quantidades variadas de trofoblastos escapam para o sistema
venoso pélvico no momento da evacuação molar. Em algumas pacientes, esse tecido invade o
parênquima pulmonar gerando a doença trofoblástica persistente ou metástase franca. Pode
haver tecido suficiente para produzir edema ou embolia pulmonar aguda.
Diagnóstico
Clinico: amenorreia ou sangramento irregular, BHCG seriado elevado, USG sugestiva.
O sintoma mais comum da MH é o sangramento genital (60 a 90%), que se inicia em pequena
quantidade, a partir da 6ª a 8ª semana de gestação, confundindo-a com abortamento evitável, uma
vez que o colo uterino permanece impérvio e os sinais subjetivos da gravidez se mantêm.
O exame de USG sugestivo associado a altos níveis de ẞ-hCG são utilizados para o diagnóstico.
No entanto, o diagnóstico definitivo só é possível após análise histopatológica do material. Em
pacientes com mola parcial, em 60% dos casos os sintomas se confundem com abortamento
incompleto ou abortamento retido, sendo o diagnóstico firmado após análise histopatológica de
amostra da curetagem. Se não tratado, comumente há evacuação espontânea por volta da 16°
semana.
Beta HCG: Em uma gestação normal o nível sérico de hCG aumenta exponencialmente no 1° trimestre,
duplicando-se a cada dois dias e atingindo o pico em torno da 10ª à 12a semana com valores de
100.000 mUI/mL; a partir daí, o nível de hCG decresce até a 20ª semana, quando representa cerca de
20% dos valores de pico máximo, e assim permanece até o final da gravidez. Após o parto, os níveis
séricos de hCG seguem regredindo, e os resultados dos testes atingem valores normais (inferiores a 5
mUI/mL) em torno de 30 dias. Valores acima de 100.000 falam a favor de Mola completa.
Quando ocorre interrupção de uma gravidez na primeira metade da gestação, os níveis de hCG
atingem tais valores normais em torno de 2 a 3 semanas. para diagnóstico de uma gestação molar no
segundo trimestre, basta um resultado positivo na dosagem qualitativa do hCG, associado a uma
imagem ultrassonográfica típica. No diagnóstico de MH intraútero duas situações merecem destaque:
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
USG: Ao USG, a mola completa aparece como massa uterina ecogênica complexa, com edema
hidrotrópico difuso gerando multiplos ecos anecoicos dentro da placenta, com espaços císticos e
nenhum feto ou saco amniótico.
Na mola parcial, os achados incluem placenta hidrotrópica espessada com tecido fetal, espaços
císticos focais dentro da placenta à semelhança de “queijo-suíço” e aumento do diâmetro transversal
do saco gestacional. Importante ainda ressaltar que, no início de uma gravidez molar, só haverá
aspecto típico ao USG em 33% dos casos.
Tratamento
Complicações clínicas: alto risco para complicações clínicas e neoplásicas. Quando a MH adentra o 2°
trimestre, o sangramento tende a aumentar progressivamente e pode culminar com hemorragia
decorrente de abortamento molar, condição potencialmente ameaçadora à vida materna. A demora
no esvaziamento permite o aparecimento de várias complicações médicas, tais como pré-eclâmpsia e
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Quimioprofilaxia: seu uso é controverso, restrita à pacientes com MH de alto risco para
desenvolvimento de Neoplasia Trofoblástica. soma de pontos ≥ 4, avaliando:
Idade materna > 40 anos = 2 pontos;
útero maior do que o esperado para a idade gestacional = 1 ponto;
hCG > 100.000mUI/mL = 2 pontos;
cistos ovarianos tecaluteínicos > 6 cm de diâmetro = 1 ponto
presença de uma ou mais das complicações médicas associadas – pré-eclâmpsia,
hipertireoidismo, hiperêmese, embolização trofoblástica = 1 ponto.
A quimioprofilaxia com uma dose de actinomicina-D no momento da evacuação das MHC de alto
risco interfere na sua história natural, sendo prevenção primária da evolução para NTG em mais de
50%. Mesmo recebendo QT profilática as pacientes não estarão dispensadas do seguimento pós-molar
rigoroso habitual.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Histerectomia com amostragem linfonodal pélvica tem papel importante no tratamento da doença
confinada ao útero (sobre os 2 ultimos tumores)
Diagnóstico: Sangramento persistente incomum após qualquer evento gestacional indica a dosagem
sérica de ẞ-hCG e considerar curetagem diagnóstica. ẞ-hCG sérico persistentemente alto ou crescente
após o evento gestacional são indicativos de NTG.
O platô do beta-hCG é definido como quatro valores ou mais por pelo menos três semanas
consecutivas; enquanto o aumento do valor do beta-hCG em 10% ou mais por pelo menos duas
semanas consecutivas indica curva em ascensão.Após exame pélvico completo, solicitam-se:
hemograma, provas de função hepática e renal e raio-x de tórax. Nódulos pulmonares sugerem
metástase, devendo ser realizados exames de imagem do cérebro, abdome e pelve. PET-TC também
pode ser útil.
Baixo risco: Para pacientes com doença metastática de baixo risco, a quimioterapia com agente único
é a terapia de escolha. As pacientes são tratadas com metotrexato (MTX)- associado ou não ao ácido
folínico (FA) – ou actinomicina (ACTD). Conforme se segue:
MTX 1 mg/kg de peso IM nos dias ímpares (D1, D3, D5 e D7) e folinato de cálcio 15 mg via oral
(VO) nos dias pares (D2, D4, D6 e D8, 30 horas após o MTX. Os ciclos são repetidos a cada 14
dias até normalização do hCG colhido semanalmente.
Após normalização do hCG, mantém-se a QT de consolidação por 6 semanas, o que
corresponde a 3 ciclos adicionais.
Alto risco: Pacientes com escore FIGO ≥ 7 são consideradas alto risco29,36 para resistência ao
tratamento quimioterápico. O esquema mais utilizado é o EMA-CO, com ciclos repetidos a cada 14 dias
e consolidação durante 6 semanas, equivalente a 3 ciclos adicionais
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Gravidez gemelar molar: A gravidez molar gemelar (GMG) ocorre quando a MH (completa ou parcial)
é encontrada simultaneamente em uma gravidez normal. Decidindo-se pela manutenção da gravidez,
é considerada de alto risco, as consultas de pré-natal deverão ser quinzenalmente, com minuciosa
avaliação da pressão arterial e da propedêutica laboratorial para pré-eclâmpsia, assim como avaliação
fetal. Dosagens periódicas de hCG, naquelas com hCG > 100.000 mUI/mL, deve-se monitorar (ao
menos mensalmente) a função tireoidiana e tratar os casos de hipertireoidismo clínico, pelos riscos de
crise tireotóxica grave. A cada trimestre, radiografia de tórax, com evidente proteção abdominal, deve
ser realizada a fim de afastar metástase pulmonar, que indicaria imediata terminação da gravidez e
início de QT apropriada. A RNM permite visão espacial da localização placentária, bem como do grau
de invasão trofoblástica, e deverá ser complementar à ultrassonografia no momento do diagnóstico e
na proximidade do parto. O parto de preferência nesses casos é a por via cesariana.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
PLACENTA PRÉVIA___________________________________________________________________
É definida pelos achados ultrassonográficos, quando a borda placentária recobrir ou estiver
até 2 cm do orifício interno do colo uterino após a 28° semana de gestação.
Classificação
Placenta prévia: a placenta recobre o orifício interno do colo uterino total ou parcialmente.
Placenta de inserção baixa: a borda placentária se localiza a menos de 20 milímetros (mm) do
orifício interno (OI) do colo uterino.
Fatores de risco: A implantação anômala da placenta está associada a sangramento vaginal na segunda
metade da gravidez e constitui importante causa de morbidade materno e fetal. Os fatores
considerados como de risco para placenta prévia são:
Placenta prévia em gestação anterior. Antecedente de endometrite.
Multiparidade. Idade materna avançada.
Gestação múltipla. Síndrome de Asherman
Antecedente de cesárea anterior. Tabagismo.
Cirurgias uterinas prévias.
Fertilização in vitro.
A placenta prévia (PP) está associada a riscos obstétricos elevados. O impacto da placenta prévia
na gravidez, no parto e nos resultados neonatais tem sido extensivamente estudado. A hemorragia
pós-parto (HPP) em mulheres com placenta prévia é uma grande preocupação em saúde pública.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Diagnóstico
Clínico: deve-se suspeitar nos casos de sangramento vaginal durante a 2° metade da gestação, pela
presença de sangramento vermelho-vivo indolor, imotivado, recorrente e progressivo. Ao exame
obstétrico, o útero apresenta tônus normal, mesmo no intervalo das contrações (se presentes). O
exame especular deve ser cuidadoso, permite avaliar a origem e a intensidade do sangramento. O
toque não está indicado diante suspeita, pelo risco de hemorragia grave pelo risco de contato direto
com a placenta. Mnemônico para o sangramento – PREVIA:
P - progressivo
R - repetição
E - espontâneo
V - vermelho vivo
I - indolor
A - ausência de hipertonia
o Na presença de hipertonia, investigar descolamento prematuro de placenta
ACRETISMO PLACENTÁRIO____________________________________________________________
É caracterizada por aderência anômala da placenta à parede uterina. Com base no grau de
adesão, pode ser classificada em acreta, increta ou percreta.
Acreta: as vilosidades placentárias não estão contidas por células deciduais uterinas, como
geralmente ocorre, mas estendidas para o miométrio.
Increta: invasão das vilosidades coriônicas no miométrio.
Percreta: penetração das vilosidades coriônicas através da serosa uterina.
A hipótese de acretismo placentário deve ser aventada nos casos de PP, sem sangramento
vaginal e que apresentam fatores de risco associados (traumas anteriores endometriais). O diagnóstico
tardio de acretismo pode estar associado ao maior aumento na morbimortalidade materna. Caso o
exame de ultrassonografia transvaginal não seja suficiente para a elucidação diagnóstica, pode-se
recorrer ao exame de RM, onde, é usado como complementação diagnóstica para avaliar a
profundidade da invasão e a extensão lateral, principalmente em casos de placenta com implantação
posterior ou suspeita de invasão parametrial.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Seguimento: O seguimento inclui consultas pré-natais em intervalo menor do que o habitual e exames
ultrassonográficos periódicos. Caso seja detectada a migração placentária e não haja nenhuma outra
complicação associada, a gestante poderá ser reencaminhada ao seguimento pré-natal de risco
habitual. A atividade física e as relações sexuais não são recomendadas, principalmente após a 28°
semana de gravidez. A conduta obstétrica deve ser individualizada e depende de parâmetros como:
idade gestacional, intensidade do sangramento, estabilidade hemodinâmica materna, vitalidade fetal
e localização placentária. A presença de sangramento vaginal requer internação para melhor controle
das perdas sanguíneas e monitoramento das condições maternas e fetais.
Conduta vigilante: ou expectante está indicada nos casos de sangramentos que não comprometam as
condições clínicas maternas e a vitalidade fetal esteja mantida. O sangramento vaginal intenso ou que
curse com instabilidade hemodinâmica indica resolução da gestação por risco materno. O
sangramento vaginal controlado sem repercussão materna, em idade < 37 semanas de gestação, indica
observação, com controle de vitalidade fetal e monitoramento materno. Deve ser avaliada a
necessidade de exames laboratoriais e reserva de hemoderivados a depender da intensidade do
sangramento e da estabilidade clínica materna.
Conduta ativa
Idade gestacional: a idade gestacional para realização do parto em casos de PP não
complicadas é de 37 semanas. A via de parto deve ser a via alta; em alguns casos de placenta
de inserção baixa sem complicações a via de parto vaginal pode ser realizada, sempre com
cuidado na avaliação do sangramento, da vitalidade fetal e dos sinais clínicos maternos. A
condução do parto, deve ser em centro terciário com equipe multidisciplinar e de preferência
habituada ao manejo desses casos.
Risco de hemorragia: O risco de hemorragia maciça associado à necessidade de transfusão em
cesárea é 12X maior, assim, uma reserva de hemoderivados deve estar disponível e a incisão
uterina deve evitar a região de inserção placentária, pelo risco de hemorragia.
Corticosteroide (CE): recomenda-se ciclo único de corticosteroide pré-natal de 34 e 35
semanas de gestação e é apropriado antes das 34 semanas em mulheres com maior risco de
parto prematuro. O uso de corticosteroides está associado à redução dos desfechos
relacionados à prematuridade, incluindo: óbito perinatal, síndrome de angústia respiratória,
hemorragia intraventricular e enterocolite necrosante. A administração de betametasona em
mulheres com gestação única e risco de parto prematuro tardio (>34 semanas) reduz
significativamente a taxa de complicações respiratórias neonatais.
Tocólise: nas gestantes que apresentam trabalho de parto prematuro associado a PP pode ser
administrada por 48 horas para facilitar a administração de CE. Se a antecipação do parto for
por comprometimento das condições maternas ou fetais, a tocólise não deve ser feita.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Momento do parto:
Placenta acreta: Recomenda-se o parto eletivo entre 34 e 37 semanas para mulheres clinicamente
estáveis. Na presença de perda significativa de sangue e possibilidade de histerectomia pós-parto, a
conduta é de resolução entre 34-35 semanas, a fim de evitar parto de emergência. As tentativas de
remoção da placenta estão associadas a uma significativa morbidade hemorrágica.
Sangramento ativo: A probabilidade de um novo episódio hemorrágico aumenta com o número de
episódios hemorrágicos anteriores, bem como o avanço da idade gestacional. A resolução do parto
por via abdominal está indicada nos casos de hemorragia materna de difícil controle,
comprometimento da vitalidade fetal, idade gestacional > 37 semanas de gestação, e requer
estabilização e preparação para o parto.
Via de parto: As mulheres que apresentam borda placentária a menos de 20 mm do Orificio interno
no 3° trimestre têm maior probabilidade de parto cesáreo quando a borda da placenta for mais espessa
(> 10 mm) ou apresente eco semelhante ao seio marginal. As taxas de sucesso do parto via vaginal,
quando a borda placentária está entre 10-20 mm, varia muito.
Cuidados no parto: Faz parte do planejamento do parto o esclarecimento quanto à via de parto e a
possíveis complicações, como necessidade de uso de hemoderivados e histerectomia. A recusa no
tratamento com hemoderivados deve documentada. A confirmação da efetividade da prevenção e do
tratamento da anemia durante o período pré-natal deve ser realizada antes do parto. A PP pode estar
associada à apresentação anômala fetal, que requer manobras para extração fetal.
Nos casos de PP anterior, a incisão transplacentária está frequentemente associada ao
aumento do sangramento materno. A recomendação para se evitar a incisão da placenta de localização
anterior reduz a necessidade materna de transfusão sanguínea durante e após o parto.21 Caso isso
ocorra, ou ainda, se o acesso à cavidade uterina ocorrer por via transplacentária, o risco de
sangramento é maior, e deve-se proceder à ligadura imediata do cordão umbilical após a ultimação do
parto, para evitar perda sanguínea excessiva pelo recém-nascido (RN). O controle do sangramento
uterino requer ações imediatas e deve seguir a sequência: medidas farmacológicas; tamponamento
intrauterino e/ou técnicas hemostáticas cirúrgicas; e, por fim, técnicas radiológicas intervencionistas.
Complicações: O risco associado ao parto nos casos de acretismo placentário envolve a hemorragia
maciça e suas complicações como: coagulopatia, falência múltipla de órgãos e óbito materno. Em
muitos casos, há necessidade de transfusão sanguínea maciça (8 unidades ou mais de concentrado de
hemácias). Na presença de invasão vesical por tecido placentário, é recomendada a cistoscopia pré-
operatória. O manejo da placenta deixada in situ está associado a complicações graves em longo prazo,
como hemorragia e infecções, incluindo um risco de 58% de histerectomia secundária até 9 meses
após o nascimento. As mulheres que recusam a transfusão de sangue devem ser atendidas em uma
unidade que disponha de serviço de radiologia intervencionista. A cateterização das artérias
hipogástricas por intervencionista vascular tem sido utilizada com resultados satisfatórios. A oclusão
temporária, feita por meio de balão de Gruntzin’s, evita sangramentos que possam comprometer o
campo operatório, bem como o estado hemodinâmico da paciente. O balão deve ser insuflado antes
da histerectomia. Após a finalização do ato operatório, os balões são desinsuflado e os cateteres
removidos após a confirmação de ausência de sangramento. O valor da colocação profilática de balão
nas artérias ilíacas, nos casos de placenta acreta, ainda é controverso, principalmente devido aos riscos
mais altos de complicações, incluindo trombo ou ruptura da artéria ilíaca e lesão do nervo isquêmico.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Descrição e fatores de risco: A separação da placenta é causada pela ruptura dos vasos maternos da
decídua basal, e menos frequentemente a partir das veias feto-placentárias. O sangramento forma
uma camada que separa a decídua do útero, inicialmente de forma parcial e limitada, podendo evoluir
até a separação completa do leito placentário. O comprometimento fetal advém da perda da função
de troca de gases e nutrientes, e é proporcional à extensão da área da placenta descolada.
O sangue coletado entre o útero e a placenta pode descolar as membranas ao longo da
cavidade uterina e exteriorizar-se, com graus variáveis de sangramento genital, ou, menos
frequentemente, ocorrer hemorragia oculta, quando o sangue fica acumulado entre a placenta
descolada e o útero (hematoma retroplacentário). Nesses casos, o sangue pode infiltrar o miométrio
e chegar até a serosa do órgão (“útero de Couvelaire”).
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Quadro clínico e diagnóstico: A apresentação clínica mais frequente é o sangramento genital (em geral
de início abrupto), dor abdominal súbita e intensa, dores nas costas, contrações uterinas com
taquissistolia, hipertonia e dor à palpação do útero. A presença dos sinais clássicos (dor, taquissistolia
e hipertonia) sem sangramento, pode associar-se à hemorragia oculta intensa. Nestes casos, pode ser
observado aumento progressivo da altura uterina. A infiltração miometrial (útero de Couvelaire,
apoplexia uterina) é um achado operatório, com frequente indicação de histerectomia.
O exame físico geral revela descoramento de mucosas, hipotensão, estado de pré-choque e,
nos casos mais graves, choque hipovolêmico e sinais clínicos de coagulação intravascular disseminada.
No início do quadro, a paciente pode apresentar-se com frequência cardíaca normal, o que oculta a
intensidade do sangramento (“pulso paradoxal de Boero”). Nas pacientes hipertensas, pode ser
observada convergência tensional (níveis próximos de pressão sistólica e diastólica). A paciente
assume preferência pelo decúbito lateral, tendendo a deitar-se sobre o lado da inserção placentária.
O exame obstétrico pode revelar sangramento vaginal, dor à palpação uterina, taquissistolia,
hipertonia e aumento do volume uterino; a ausculta fetal pode ser difícil ou ausente. O toque vaginal
pode revelar tensão da bolsa (se colo pérvio). O trabalho de parto tende a ser taquitócico.
A cardiotocografia revela alterações na contratilidade uterina (contrações de alta frequência e
baixa amplitude, taquissistolia com ou sem relaxamento) e são observadas alterações da frequência
cardíaca fetal (taquicardia ou bradicardia persistentes, desacelerações tardias ou padrão sinusoidal.
A ultrassonografia pode ajudar a confirmação ou exclusão do DPP nas placentas anteriores e
posteriores. Podem ser observadas: presença de coleção sanguínea entre a placenta e o miométrio
(hematoma retroplacentário), coleção subcoriônica, aumento da espessura placentária, presença de
debris no líquido amniótico e presença de coágulos no estômago fetal. O hematoma retroplacentário
tem aparência variável, podendo ser hipo, iso ou hiperecogênico. A ultrassonografia é ainda útil para
a diferenciação das outras causas de sangramento (placenta prévia), e também para determinação da
vitalidade fetal e idade gestacional, úteis para decisões terapêuticas. Vale lembrar que o diagnóstico
do DPP é essencialmente clínico.
Diagnóstico diferencial: O diagnóstico diferencial deve ser feito com as outras causas de sangramento
do terceiro trimestre da gravidez, como placenta prévia e rotura uterina. O sangramento da placenta
prévia costuma ser insidioso, repetitivo e, habitualmente, não é acompanhado de dores abdominais
intensas. A ultrassonografia será útil na determinação do diagnóstico da implantação placentária.
A rotura uterina ocorre habitualmente durante o trabalho de parto, sendo mais frequente em
pacientes com cesárea anterior. A palpação revela útero pequeno, desviado para o lado, com um
tumor na vizinhança (feto) e habitualmente não se palpa a apresentação ao exame vaginal. O exame
ultrassonográfico mostra o feto fora da cavidade uterina.
Avaliação laboratorial
O laboratório será útil na avaliação das perdas sanguíneas, do estado da coagulação e da função renal.
A avaliação seriada dos índices hematimétricos é necessária, pois os níveis podem estar normais no
início do quadro, piorando ao longo do tempo. A determinação de ureia, creatinina e potássio
auxiliarão na avaliação da função renal. Na suspeita de coagulação intravascular disseminada, o
coagulograma, o fibrinogênio e os produtos de degradação da fibrina (PDF) devem ser analisados.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Conduta: Na suspeita de DPP, a paciente deve ser hospitalizada e as condutas clínica e obstétrica
devem ser rápidas e simultâneas Enquanto se procede o exame obstétrico e a avaliação fetal, medidas
gerais de suporte devem ser tomadas:
Avaliação do estado hemodinâmico materno: monitoração da pressão arterial e frequência cardíaca.,
sondagem vesical de demora (diurese deve ser > 30 mL/hora (h). Aconselha-se observação de
múltiplos parâmetros, pois em casos de doença hipertensiva, a hipovolemia pode estar oculta.
Cateterização venosa: são recomendados dois acessos venosos periféricos calibrosos e, nos casos mais
graves, acesso venoso central.
Coleta dos exames laboratoriais: para avaliação do sangramento, coagulação e função renal. Os
exames devem ser repetidos para reavaliação ao longo da assistência clínica e obstétrica.
Reposição da volemia: deve ser iniciada com cristaloides (de preferência Ringer lactato) enquanto se
faz a estimativa da perda sanguínea e são aguardados os exames laboratoriais e hemocomponentes.
O objetivo é manter o hematócrito > 30% e a diurese > 30 mL/h.1,14,16
Transfusão de plasma e plaquetas: em pacientes com múltiplas transfusões e coagulação intravascular
disseminada (CIVD), é necessária a transfusão de plasma fresco congelado para reposição de fatores
de coagulação – 1 unidade de plasma (200- 300 mL) eleva o fibrinogênio em 7-10 mg/dL –, de modo
que o objetivo é manter o fibrinogênio > 200 300 mg/dL).16 Quanto às plaquetas, objetiva-se mantê-
las > 50.000-75.000, prevendo-se perda de sangue adicional.16
Administração de oxigênio úmido em cateter nasal ou máscara aberta (5 mL/min).
Manejo da coagulopatia: o diagnóstico da coagulação intravascular disseminada pode ser realizado
clinicamente por meio da observação de sangramento persistente em locais de punção venosa, feridas
operatórias e mucosas (sondas). Também pode ocorrer sangramento vaginal profuso com útero
contraído e choque (desproporcional à perda sanguínea observada).
Conduta obstétrica: deve-se levar em consideração o estado clínico da paciente, a idade gestacional e
a vitalidade fetal.
Em fetos viáveis e vivos: indica-se a cesárea imediata. No ato operatório, o encontro de “útero de
Couvelaire” (infiltração miometrial pelo sangue) exige medidas para controle de atonia uterina, pois
aumenta o risco de sangramento e coagulopatia, trazendo alto risco de histerectomia.
Em fetos inviáveis e vivos: a conduta dependerá da condição materna. Se houver estabilidade
hemodinâmica e sem coagulopatia, indica-se a amniotomia (medida que reduz a pressão intrauterina,
diminuindo a liberação de tromboplastina tecidual e entrada na circulação de fatores de coagulação
liberados no coágulo retroplacentário). Na condução do parto, procede-se à sedação e analgesia, de
modo que se pode recorrer ao auxílio de ocitocina (se houver distocia sem hipertonia). Espera-se que
o parto ocorra em 4-6 h.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Em fetos mortos, independentemente da idade gestacional: conduta será a mesma mencionada para
os fetos vivos inviáveis: condução do trabalho de parto e monitoração materna intensiva, recorrendo
à cesariana se houver instabilidade clínica ou laboratorial materna.
Descolamento prematuro de placenta crônico: quando limitado a uma pequena área placentária e
tem evolução limitada, com estabilidade clínica materna. Em geral, o sangramento, se existente, é
discreto, os exames laboratoriais maternos não mostram perda sanguínea aumentada nem
coagulopatia. Os exames biofísicos fetais mostram alterações placentárias limitadas e discreta
repercussão sobre o concepto. Nestas situações, estando o feto maduro (> 37 semanas), recomenda-
se a interrupção da gestação. Abaixo desta idade gestacional, recomenda-se internação da paciente,
controle clínico e laboratorial materno a intervalos regulares e avaliação diária da vitalidade fetal.
Entre 24 e 34 semanas, pode ser prescrita corticoterapia para aceleração da maturidade pulmonar
fetal. O parto será indicado por piora das condições maternas ou deterioração da vitalidade fetal.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Fatores de risco:
Parto prematura anterior Superdistensão uterina
Baixo nível sócio econômico Doença pulmonar
Colo uterino curto Conização
Baixo IMC Sangramento uterino de 2° e 3°
Tabagismo ou drogas ilícitas trimestre
Cerclagem Fotocoagulação de vasos
Colonização por EGB, Aquecimento ambiental
Subnutrição
Riscos maternos e fetais: O principal risco materno é a infecção intrauterina e suas consequências,
que aumentam com a duração da rotura das membranas ou período de latência, por sua vez,
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
inversamente proporcional à idade gestacional. Até 1/3 das mulheres com RPM pré termo pode
desenvolver infecções potencialmente graves, como corioamnionite e funisite, endometrite ou
septicemia. Aproximadamente 15 a 20% desenvolvem infecções pós-parto. No entanto, apenas 1/3
tem cultura de LA positiva nas corioamnionites.
Os fetos e os recém-nascidos têm maior risco de apresentar morbimortalidade relacionada à
RPMPT do que as mães. As apresentações fetais não cefálicas aumentam o risco de descolamento
prematuro de placenta (DPP), infecção e morte fetal intraútero. As morbidades relacionadas à
prematuridade variam com a idade gestacional e são maiores na presença de corioamnionite. Além de
outros como:
Hipoplasia pulmonar
Sepse neonatal
Aborto
Oligodrâminio – pode evoluir com banda aminiótica
Baixo peso ao nascimento
Uma complicação grave fetal, é a resposta inflamatória no SNC induzida pela RPMPT, com
liberação de citocinas, aumenta o risco de leucomalácia cística periventricular, que causa graves
sequelas neurológicas no recém-nascido, especialmente se o período de latência for maior que 48 hrs.
Quadro clínico: saída de líquido pela vagina, seja como fluxo contínuo, seja em jatos ou intermitente,
na ausência de contrações uterinas. No entanto, muitas vezes a perda é intermitente, em menor
quantidade, gerando dúvida no diagnóstico clínico.
A principal complicação, corioamnionite, pode se manifestar pelo desencadeamento do
trabalho de parto, com saída de líquido amniótico purulento ou odor fétido.
Os critérios diagnósticos da corioamnionite incluem: febre, sensibilidade uterina, descarga
vaginal aumentada e taquicardia fetal. Um sinal precoce é a taquicardia materna, que costuma
preceder a febre.
Diagnóstico: É clínico, pela história materna de perda de líquido pela vagina, seguido de confirmação
da presença de líquido amniótico no fundo de saco posterior ou saindo pelo canal cervical, ou ambos
por exame especular. Diante da queixa de perda de líquido vaginal, o diagnóstico diferencial deve ser
realizado com perda involuntária de urina, perda de muco cervical por dilatação (rolha de Schröder),
cervicites, leucorreias, perda de sangue ou sêmen. O toque vaginal não deve ser realizado, a menos
que a paciente esteja em trabalho de parto, pelo risco de contaminação ascendente.
O teste da nitrazina, detecta a elevação do pH da vagina na presença do líquido amniótico. Há
também o teste da cristalização, que examina uma lâmina ao microscópio contendo esfregaço do
conteúdo vaginal, na qual, o fluido seco, que assume aspecto em “folha de samambaia” .
Pode ser necessário utilizar a “prova do forro”, em que a mulher coloca um forro escuro, sobre
a região vulvar e é solicitada a se movimentar por um período de 30 minutos. Se houver perda de LA,
o forro estará umedecido com odor característico “de água sanitária”, e a prova é considerada positiva.
Quando o diagnóstico permanece incerto, a RPM pode ser diagnosticada com a instilação de
corante índigo carmim (1 mL diluído em 9 mL de solução salina fisiológica) na cavidade amniótica,
seguida de observação da passagem de fluido azul pela vagina. Por ser um teste invasivo da cavidade
amniótica, fica reservado para situações muito específicas.
Outros testes têm sido estudados para dirimir a dúvida no diagnóstico clínico. Os mais
utilizados são os que identificam proteínas da decídua: O teste rápido do IGFBP-1 ou PAMG-1 pode ser
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Gestação de termo: Recomenda-se iniciar indução de parto próximo do momento em que a rotura
ocorreu caso a gestante não tenha entrado em trabalho de parto espontâneo, reduzindo
corioamnionite, febre pós-parto, sepse neonatal e internação em UTI neonatal. A escolha da conduta
expectante por um curto período pode ser oferecida em casos selecionados. O trabalho de parto deve
ser induzido com ocitocina, mas recomenda-se o preparo do colo uterino, caso este esteja desfavorável
para indução ou com reduzido índice de Bishop, o que pode ser feito com misoprostol 25 μg 6/6 horas
por via vaginal. O uso de antibiótico para profilaxia de sepse neonatal precoce por EGB é recomendado
sempre que RPM de termo com mais de 18 horas, febre intraparto, gestante sabidamente colonizada
por EGB por cultura prévia, gestante com infecção urinária por EGB em qualquer momento da gestação
e gestante com antecedente de recém-nascido anterior acometido por EGB.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
34 a 37 semanas
Conduta expectante ou indução do parto/término da gestação
Profilaxia para EGB ou interrupção imediata se EGB sabidamente positivo
Realizar um ciclo de corticosteroides (CE) se gestante não utilizou anteriormente
24 a 34 semanas
Conduta expectante
Profilaxia para EGB
Realizar corticoterapia – sem consenso para dose de resgate/repetição.
Antibióticos (ATB) para prolongar a latência, principalmente até 34 semanas completas – não
há consenso
Evitar tocólise; avaliar uso se houver contrações, apenas para o tempo do CE, em casos
individualizados (por exemplo necessidade de transferência para centro com cuidado neonatal
intensivo)
Se parto < 32 semanas, utilizar MgSO4 para neuroproteção fetal
Antes de 24 semanas
Aconselhamento à paciente
Indução do parto ou conduta expectante, conforme decisão informada da paciente e
familiares
Não há indicação de CE, ATB ou profilaxia para EGB
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
1. Ampicilina 2 g EV 6/6 horas e eritromicina 250 mg EV 6/6 horas por 48 horas, seguidas por
amoxicilina 250 mg VO 8/8 horas e eritromicina 333 mg VO 8/8 horas por 5 dias.
2. Estearato de eritromicina 250 mg VO 6/6 horas por 10 dias (esquema de escolha para
pacientes alérgicas a penicilina).
Alguns centros substituem a eritromicina por azitromicina na ausência da primeira ou se não
tolerada e outros centros a substituem por penicilina. Alguns protocolos limitam seu uso até 34
semanas de gestação. No entanto, não se definiu um esquema universal.
A triagem e tratamento precoce da vaginose bacteriana em mulheres sintomáticas ou com maior
risco de parto prematuro têm sido recomendados, utilizando metronidazol 500 mg, 4 vezes ao dia,
durante 7 dias. Também está indicado seu tratamento se presente em casos de RPMPT.
Sulfato de magnésio: recomendado para neuroproteção fetal quando o parto prematuro é iminente
tem sido indicado. Reduz a mortalidade, a paralisia cerebral e a espasticidade em até 50% dos fetos.
Os guias internacionais sugerem o uso, no parto até 30 ou 32 semanas, com regimes variados em
diferentes instituições. Um esquema que pode ser utilizado é o de Zuspan para iminência de eclampsia,
com doses de ataque de 4 g, por 20-30 minutos, seguido de 1g/h, por 24 horas no máximo.
Tocólise: A tocólise está associada a um risco aumentado de um índice de Apgar de 5minutos inferior
a 7 e a uma maior necessidade de suporte ventilatório. Para mulheres antes de 34 semanas de
gestação, a tocólise aumentou o risco de corioamnionite. Publicações recentes mostraram que,
comparada à ausência de tocólise, a conduta com tocólise não está associada a melhores resultados
neonatais. Em geral o uso deve ser evitado inteiramente ou limitado a 48h de duração para permitir a
administração de corticoides e antibióticos.
Cardiotocografia e perfil biofísico fetal: Nas gestações >28 semanas é aceitável a realização de CTG e
PBF diariamente; nas gestações com <28 semanas, é realizado apenas PBF diário, pois o CTG apresenta
muitos falsos positivos.
Prognóstico: As 3 principais causas de morte neonatal associadas à RPMPT são: prematuridade, sepse
e hipoplasia pulmonar. O oligoâmnio severo e prolongado traz maior risco para deformidades fetais
(de face, articulações e extremidades) e hipoplasia pulmonar. A mortalidade perinatal na RPMPT
abaixo de 24 semanas foi bastante reduzida com as modernas tecnologias de ventilação e terapêutica
maternas (corticoide) e neonatais (surfactante), ainda com elevado percentual de sequelas.
Prevenção: No momento, não se conhecem estratégias para prevenção, mas recomenda-se a terapia
com progesterona até 36 semanas para gestantes com antecedente de parto espontâneo prematuro
e também para aquelas com colo uterino menor que 20 mm entre 18-24 semanas, sem sangramento
ou contrações. Outra medida proposta é a cerclagem do colo uterino, que está indicada para gestantes
com antecedente de perda recorrente em 2° trimestre e diagnóstico de insuficiência istmocervical, ou
com colo uterino de 20-25 mm avaliado pelo ultrassom vaginal entre 16 e 24 semanas de gravidez com
antecedente de parto prematuro espontâneo. No entanto, não se recomenda na RPMPT, e a
ocorrência de rotura das membranas após sua realização deve ser seguida da retirada do ponto. O
pessário vaginal vem sendo testado no colo curto para prevenção do parto prematuro, no entanto,
não está recomendado.
Elisangela da Silva
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HEMORRAGIA PÓS-PARTO___________________________________________________________
É uma das principais causas de morte materna. Ela ocorre em aproximadamente 2% das
puérperas, sendo a segunda causa de MM no Brasil, e está na categoria das mortes que poderiam ser
evitadas. Uma das razões para a ocorrência de morte materna é o secundamento patológico.
Aderência anormal da placenta: Se a placenta está mais aderida ao tecido uterino, pode haver
dificuldade no secundamento, resultando em hemorragia grave. Isso acontece quando as vilosidades
coriônicas se infiltram até a camada basal (acretismo), até o miométrio (incretismo) ou ultrapassam a
serosa, podendo invadir estruturas vizinhas ao útero (percretismo). A etiologia desses quadros se
baseia na anormalidade da mucosa uterina, portanto, decorrente de cesárea prévia, curetagens
anteriores, processos inflamatórios locais, malformação uterina etc.
Quadro clínico: Faz-se o diagnóstico clínico pela não expulsão da placenta ou de parte dela após o
manejo ativo da dequitação, e mesmo após tentativa de descolamento manual pelo plano de clivagem.
Além disso, o secundamento patológico é acompanhado de hemorragia, que costuma ser significativa
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
logo após o parto. Embora 80% dos casos de HPP ocorra nas primeiras 24 horas(h) após o parto,
quando é chamada de primária, ela pode ocorrer até 12 semanas após o parto, quando é chamada de
secundária. Uma das causas de HPP tardia pode ser a retenção de cotilédone placentário. Com o passar
dos dias, forma-se uma camada de fibrina entre ele e a decídua esponjosa, e, geralmente, 7-12 dias
depois do parto, o cotilédone descola, causando hemorragia significativa.
HEMORRAGIA PÓS-PARTO
É definida tradicionalmente como a perda sanguínea que excede 500 mililitros (mL) em um
parto vaginal e 1.000 mL em uma cesariana. Para propósitos clínicos, qualquer perda sanguínea que
tenha potencial para causar instabilidade hemodinâmica deverá ser considerada HPP. Os quadros de
hipotensão, vertigem, palidez cutânea e oliguria são sinais tardios, e só são percebidos após perda
significativa de volemia e redução > 10% de hematócrito.
Frequência
Fatores maiores: descolamento prematuro de placenta, retenção da placenta, inserção baixa
e/ou acretismo placentário, gestação múltipla, síndromes hipertensivas e cesariana de
emergência.
Fatores menores: antecedente de HPP, parto vaginal operatório, parto com necessidade de
episiotomia, trabalho de parto prolongado (> 12 h) e macrossomia fetal (RN > 4 kg).
Cerca de dois terços dos casos de HPP, acontecem sem que haja fator de risco.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Profilaxia
1. Uso de uterotônico após expulsão fetal.
2. Tração controlada do cordão umbilical (manobra de Brandt-Andrews).
3. Massagem uterina após dequitação.
A ocitocina deve ser usada profilaticamente para todas as mulheres durante o terceiro
período, uma vez que pode reduzir em até 60% o risco de HPP. A recomendação é utilizar 10 unidades
internacionais (UI) de ocitocina IM.
Manejo da HPP: não se deve aguardar sinais de instabilidade hemodinâmica. O controle precoce do
sítio de sangramento é a medida mais eficaz no tratamento.
Para avaliação de perda sanguínea de modo mais objetivo recomenda-se a pesagem de
compressas e de frascos coletores. Para avaliar a gravidade da perda volêmica, deve-se verificar a
PA, FC, perfusão periférica e o nível de consciência. O índice de choque, que é a razão entre a FC e
PAS, reflete a adaptação materna à hemorragia. Quando for ≥ 0,9 indica a necessidade de reposição
volêmica de cristaloides e de sangue, inclusive.
Obtenção de 2 acessos venosos calibrosos e infusão de cristaloides,
Manutenção da oxigenação com O2 em máscara facial,
Prevenção de hipotermia,
Observação de diurese com manutenção de sonda vesical de demora
Monitorização contínua dos sinais vitais (PA, FC, FR, T° axilar, diurese), a cada 5-15 min.
A ressuscitação hemostática é realizada avaliando a resposta clínica a cada 500 mL infundidos.
Estima-se que a reposição de cristaloides (soro fisiológico, Ringer) na proporção de 3:1, ou seja, 3 litros
para cada litro de sangue perdido. É importante lembrar que a partir de 1.500-2.000 mL de soro
infundido sem resposta adequada, deve-se considerar a transfusão para evitar coagulopatia dilucional.
Tônus (atonia uterina): Se a causa do sangramento for a ausência ou diminuição do tônus uterino,
deve-se iniciar massagem uterina bimanual em concomitância ao tratamento medicamentoso:
Ocitocina: 5 UI, via endovenosa (EV), lentamente (bolus em 3min) e soro fisiológico (SF) a 0,9%
– 500 mL + 20 UI de ocitocina (4 ampolas), 250 mL/h, via EV.
Metilergometrina: 1 ampola (0,2 mg), via intramuscular (IM), com repetição de 1 ampola em
20 min (se necessário). Importante: não deve ser utilizada em pacientes hipertensas.
Misoprostol: 800 microgramas (mcg), via retal.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Indicações: A indução do trabalho de parto é indicada nos casos em que a continuidade da gravidez
promoverá risco materno e fetal. Por sua vez, o risco relativo com a continuação da gravidez versus a
realização do parto sofre influência da idade gestacional e do grau de gravidade do acometimento
materno/fetal. Didaticamente, pode-se dividir as indicações em três categorias:
Indicações maternas
Pré-eclâmpsia/eclâmpsia. Doença renal.
HELLP síndrome. Doença pulmonar crônica.
Hipertensão arterial crônica. Síndrome antifosfolípide.
Diabetes mellitus. Colestase da gravidez.
Indicações fetais
Doença hemolítica perinatal com anemia.
Crescimento intrauterino restrito.
Óbito fetal.
Malformações fetais incompatíveis com a gravidez.
Contraindicações: quando está contraindicada o parto por via vaginal: Cicatrizes uterinas decorrentes
de miomectomias, cesáreas ou de outras intervenções cirúrgicas sobre o útero.
1. Rotura uterina prévia em gestação anterior.
2. Câncer invasivo do colo uterino concomitante com a gestação.
3. Infecção pelo herpes vírus genital na sua forma ativa.
4. Infecção pelo papilomavírus com lesões extensas e muito volumosas que obstruem o canal do parto.
5. Placenta prévia central total e central parcial.
6. Vasa prévia, uma doença obstétrica extremamente grave para o concepto.
7. Desproporção feto-pélvica: apresentação fetal tem volume maior do que o canal do parto
8. Apresentações fetais anômalas: córmica, pélvica em primigestas, pélvica em modalidade de joelho
ou pé, cefálica com modalidade de face.
9. Prolapso de cordão umbilical com feto vivo ou apresentação de cordão umbilical persistente.
10. Padrão da cardiotocografia, do tipo categoria III, tais como: presença de desacelerações tardias
(DIP II) ou variáveis (DIP III) recorrentes, variabilidade da FC ausente, padrão sinusoidal, e bradicardia
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Elisangela da Silva
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demais ações existentes para realização do parto vaginal, com assistência segura e capaz de garantir o
bem-estar do binômio materno-fetal e de seus familiares.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Método mecânico: Consiste na introdução de um cateter de Foley por meio do orifício interno do colo
uterino, onde enche-se o balão com cerca de 30-60 mililitros (mL) de água ou solução fisiológica a
0,9%. O balão exerce uma pressão sobre o orifício interno, esticando o segmento inferior do útero e
aumentando a liberação local de prostaglandinas. O cateter é deixado até que caia espontaneamente
ou por um período de 24 h.
As vantagens desse método são: ser simples, de baixo custo e evitar o aumento da atividade uterina.
As contraindicações são: hemorragia anteparto, rotura das membranas ovulares e infecção do trato
genital inferior.
Método farmacológico: as prostaglandinas são ácidos graxos modificados que dissolvem a rede de
colágeno presente no colo uterino, fazendo-a amolecer e apagar. Essas alterações facilitam a dilatação
do colo quando se utiliza a ocitocina na indução do trabalho de parto.
Prostaglandina E2: A principal utilizada na maturação do colo uterino é a dinoprostone, no entanto no
Brasil, não está liberada pela ANVISA.
Prostaglandina E1: o misoprostol, é um análogo sintético da PGE1, V.O em comprimidos com 25, 100
e 200 mcg. A dose utilizada como agente para amadurecer o colo uterino varia de 25 a 50 mcg, via
vaginal, de 6/6 h, até que o colo apresente um índice de Bishop ≥ 6, em até 24 h. Após 24 h, se o índice
de Bishop não tiver atingido o escore ≥ 6, poderá reiniciar um outro ciclo por mais 24 h, se após 48hrs
não se alcançar a meta deverá ser considerado como falha terapêutica. A SOGC, preconiza 50 mcg, via
oral, ou 25 mcg via vaginal, de modo que ambas as doses podem ser repetidas de 4/4 h.
O misoprostol é mais eficaz do que a PGE2 para proporcionar o parto vaginal, porém é o maior
responsável em provocar taquissistolia uterina, sendo necessária, monitoração do bem-estar fetal
antes de sua administração e durante 30 minutos (min) após, mas na presença de taquissistolia esse
tempo deverá ser de 60 min e o misoprostol, também proporciona uma menor taxa de anestesia
epidural. Tanto a PGE1 como a PGE2 reduzem a taxa de cesárea diante de um colo desfavorável.
A administração das prostaglandinas por via oral e vaginal proporcionam resultados
semelhantes, mas a via oral necessita de mais ocitocina para estimulação, ao passo que o uso pela via
vaginal proporcionará mais taquissistolia uterina. O misoprostol não deverá ser utilizado nos casos de
cesárea prévia devido ao elevado risco de rotura uterina. O uso da ocitocina somente deverá ser
iniciado com um período de tempo sempre superior a 4 h após a última dose do misoprostol.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Efeitos indesejáveis da ocitocina: Os principais efeitos ominosos podem surgir de imediato, ou até
mesmo em longo prazo. São eles:
Taquissistolia (> 5 contrações uterinas, em 10 min, durante 30 min) em concomitante ao
aumento da dose (ação dose-dependente
Conduta: caso haja taquissistolia durante a utilização de ocitocina, a dose deverá ser reduzida
ou descontinuada até que a taquissistolia seja extinta. Este procedimento deverá ser tomado
mesmo que o bem-estar fetal esteja preservado; caso haja alteração do bem-estar fetal, a
conduta deverá seguir o protocolo do serviço.
Hipotensão arterial: por causar relaxamento no vaso e aumentando o leito vascular. Na
prática, episódios de hipotensão têm sido observados em caso de cesárea, mediante dose > 5
UI, via intravenosa, em aplicação rápida (in bolus).
Conduta: dar preferência à administração com bomba de infusão. Nos casos de hipotensão
acentuadas e persistentes, medidas farmacológicas específicas para o tratamento da
hipotensão deverão ser tomadas.
Hiponatremia: a fórmula química estrutural da ocitocina é semelhante à da vasopressina
(hormônio anti-diurético), consequentemente, haverá retenção de água e eliminação de
sódio, com o surgimento de sintomas como: cefaleia, náuseas, vômitos, anorexia, dor
abdominal, letargia, convulsões e lesões neurológicas irreversíveis.
Conduta: restrição de água e administração de solução salina hipertônica.
Rotura uterina: pode ocorrer com ou sem a presença de cicatriz uterina e sabe-se, ser pela
consequência da utilização de dose excessiva de agentes ocitócicos.
Conduta: implementação de medidas preventivas, como: ser rigoroso na indicação,
observando os casos de mulheres com cicatrizes uterinas prévias; diagnosticar partos
obstruídos, seja por desproporção fetopélvica ou por apresentações anômalas; preferir
administrar o fármaco com bomba de infusão e não ultrapassar a dose recomendada de 5 UI.
Embolia do líquido amniótico: pode ocorrer ao uso de ocitócico
Conduta: tratar a embolia em UTI. Por necessitar de medidas urgentes.
Risco de alterações do neurodesenvolvimento da criança: tem sido aventada a possibilidade
do desenvolvimento de autismo pela criança.
Conduta: não há evidências, mas a única conduta é a prevenção (não utilização).
Risco de desenvolver parto pré-termo em gestação subsequente: a possibilidade
Conduta: a única conduta é a prevenção, evitando a indução do trabalho de parto.
Reação alérgica ao medicamento: a reação alérgica é rara.
Conduta: saber o histórico da paciente em relação ao desenvolvimento de reações alérgicas
pregressas a fármacos e, inclusive, ao próprio ocitócico.
Hemorragia pós-parto: mulheres que tiveram o parto induzido apresentaram uma pequena
redução na hemoglobina, no pós-parto, porém, não é considerada como fator de risco
Conduta: a conduta será expectante, sem tomar medidas terapêuticas específicas.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
INFECÇÕES NA GESTAÇÃO____________________________________________________________
T - Toxoplasmose
O - Outros (HIV, HBV, Sífilis, parvovirus, COVID-19, Zyca vírus)
R - Rubéola
C - Citomegalovírus
H - Herpes simples
São infecções que atravessam a barreira placentária, trazendo risco de infecção congênita
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
TOXOPLASMOSE____________________________________________________________________
É uma infecção causada pela ingestão de cistosdo protozoário Toxoplasma gondii. A infecção
humana ocorre por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados crus ou malcozidos,
transfusão sanguínea e transplante de órgãos e também por transmissão vertical (da gestante para o
feto), sendo essa transmissão vertical com acometimento fetal é denominada toxoplasmose
congênita. A frequência da transmissão vertical aumenta conforme a idade gestacional.
Quadro clínico: quanto mais tardia a infecção na gestação, maior o risco de infecção vertical, no
entanto, quando a infecção ocorrer no 1° trimestre de gestação, essa costuma ser mais grave e no 3°
trimestre há maior chances de ser assintomática.
Materno: pode ser assintomática em mais de 80% dos casos (o que dificulta o diagnóstico).
Sintomas inespecíficos semelhantes aos da gripe, como febre, coriza, cefaleia, mialgia,
faringite, rash maculopapular não pruriginoso e linfonodomegalia generalizada.
Fetal: Aproximadamente 85% serão assintomáticos, porém, pode cursar com aborto,
prematuridade, CIUR, infecção congênita, até óbito fetal. A Triade clássica sugestiva é:
coriorretinite, hidrocefalia, calcificações intracraniana, além de outros achados como,
microcefalia, ventriculomegalia, hepatoesplenomegalia, calcificações hepáticas, ascite,
derrame pleural, hidropsia fetal, placentomegalia. No recém-nascido pode ocorrer anemia,
erupção cutânea, icterícia, pneumonite, anormalidades visuais e neurológicas incluindo
epilepsia. Mesmo que não haja alterações ultrassonográficas ou clínicas ao nascimento,
sequelas tardias ocorrem em até 60 a 90% dos bebês infectados.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
O diagnóstico é dado por sorologia IgM, IgA e IgG. Na fase aguda é possível identificar
anticorpos IgM e IgA uma semana após a infecção. Os níveis desses anticorpos se elevam até um mês
após a infecção e começam a declinar, podendo permanecer positivos por 6-12 meses. Os anticorpos
IgG podem ser identificados a partir da segunda semana de infecção, e seus títulos persistem por toda
a vida ou, pelo menos, por muitos anos. Para confirmação de infecção congênita, e redução do uso
desnecessário do esquema tríplice de tratamento, está indicada a amniocentese para a detecção de
DNA de toxoplasma no líquido amniótico (PCR). O diagnóstico e consequente tratamento precoce da
toxoplasmose materna e fetal reduzem significativamente as taxas de infecção congênita.
Resultados
IgG e IgM NÃO REAGENTES: O exame deve ser solicitado trimestralmente e orientar a paciente
quanto aos riscos de se adquirir a infecção no período gestacional, além de recomendações de
higiene e manuseio de alimentos e agua.
IgG REAGENTE e IgM NÃO REAGENTE: Indicam que a infecção é crônica, não necessitando de
novo rastreamento duranto o pré-natal.
IgG e IgM REAGENTES: infecção recente e aguda. O IgG positiva após 3 semanas de infecção.
IgM REAGENTE: Sugere infecção recente e requer investigação adicional. Deve-se solicitar
novo teste em 3-4 semanas ou investigar por marcadores de IgA e IgE e teste de avidez para
IgG. A pres11ença de IgA e IgE, sugerem infecção recente. o teste de avidez avalia a força de
interação entre antígeno-anticorpo
Avidez <15% (baixa avidez): infecção nos últimos 3 meses (em menos de 16semanas)
Avidez >15% (alta avidez): infecção há mais de 6 meses (acima de 16 semanas)
Exemplo: paciente com 12 semanas de gestação, teste IGM positivo e teste de Avidez > de 60%, fala a
favor de infecção ter ocorrido antes do período gestacional.
Diagnóstico fetal: pode ser solicitado uma USG para identificação de alterações no feto, no entanto,
nem sempre podem estar presentes. (Supracitadas no quadro clínico)
Outra alternativa é a realização de Amniocentese acima de 18 semanas de gestação ou após 4
semanas da data estimada para infecção, onde se realiza um teste de PCR do LA colhido. (padrão ouro)
Tratamento: deve ser oferecido para as gestantes sintomáticas e assintomáticas para reduzir o risco
de infecção congênita. Deve-se iniciar imediatamente ao ser confirmado o diagnóstico materno
< 18 semanas: Iniciar tratamento com espiramicina; pois o esquema tríplice tem alta
teratogenicidade
> 18 semanas: se o PCR do líquido amniótico for positivo, deve-se iniciar o esquema tríplice;
caso o PCR seja negativo, permanecer com a espiramicina
Pacientes com idade gestacional acima de 18 semanas devem iniciar o tratamento com
pirimetamina, sulfadiazina e ácido folínico até que haja resultado da amniocentese. Nessa fase o risco
de infecção fetal é maior e a teratogenicidade do esquema tríplice é baixa, justificando seu uso. Se o
resultado do PCR do líquido for negativo, altera-se a terapia para espiramicina.
Nos casos em que não é confirma a infecção fetal, o uso da Espiramicina está recomendado até o
final da gestação, com acompanhamento de USG mensalmente.
As doses recomendadas são:
Espiramicina (3g/dia) 500 mg, 2 comprimidos a cada 8 horas em jejum. No caso de falta do
medicamento, pode-se substituir por Azitromicina 500mg/ dia (mesma classe)
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Esquema tríplice:
Pirimetamina 25 mg, 1 cp 12/12 hrs + Sulfadiazina 500 mg, 2 cp 8/8 hrs + Ácido folínico 15
mg, 1 cp/dia. Deve-se alternar com espiramicina a cada 3 semanas se houver
comprometimento fetal
Nas pacientes que estão realizando o tratamento tríplice, devido à alta toxicidade das drogas
e ao risco de anemia megaloblástica, é necessário controle com hemograma quinzenal. Caso haja
alterações nos exames, o tratamento deve ser substituído pela profilaxia com espiramicina. O ácido
folínico auxilia na prevenção de mielotoxicidade e a sulfadiazina deve ser suspendida após 34 semanas
de gestação, pelo risco de icterícia neonatal.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
SÍFILIS___________________________________________________________________________
Infecção sistêmica causada pela espiroqueta Treponema Pallidum. Na gestação há alto risco
de infecção transplacentária e congênita, que pode causar: abortamento, prematuridade, restrição de
crescimento e óbito fetal ou natimortalidade, além de, sequelas graves se o bebe sobreviver. O período
de incubação varia de 10-90 dias. A transmissão vertical ocorre em até 80% dos casos e é maior nos
estágios primários e secundários, assim como é proporcional ao tempo de exposição fetal.
Há risco de transmissão congênita nos primeiros 4 anos de infecção materna e pode também
ocorrer no momento do parto, caso a gestante tenha alguma lesão.
Quadro clínico: podem ser assintomáticas (sífilis latente) ou apresentar sintomas diversos de acordo
com a fase da doença. O quadro clínico nas gestantes não difere do das não gestantes.
Diagnóstico diferencial: lesões traumáticas, herpes simples, cancro mole, cancro misto de Rollet
(cancro mole e cancro duro), donovanose, farmacodermias e viroses exantemáticas.
Diagnóstico/exames complementares: Necessita correlação entre dados clínicos e exames
laboratoriais. Toda gestante tem de ser testada para sífilis na primeira consulta pré-natal, no início
do terceiro trimestre e no momento da internação do parto.
Exame direto: pesquisa do treponema em amostras coletadas das lesões pela técnica de
microscopia em campo escuro ou por pesquisa direta em material corado realizado quando há
lesão. Se o resultado for negativo, pode significar baixo número de T. pallidum na amostra;
lesão próxima à cura natural ou que o paciente foi tratado.
Testes imunológicos: Testes treponêmicos (FTA-Abs; ELISA; EQL; CMIA; TPHA; TPPA; MHA-TP;
teste rápido): detectam anticorpos específicos contra T. pallidum. São os primeiros a se
tornarem reagentes. No entanto, podem ficar positivos por toda a vida.
Testes não treponêmicos (VDRL; RPR; TRUST; USR): detectam anticorpos anticardiolipina não
específicos para o antígeno do T. pallidum. O resultado é expresso em títulos de diluição (1:2,
1:4,1:8,1:16 etc.). Os testes não treponêmicos podem ser realizados não só para o
diagnóstico como para o controle de cura. A queda da titulação indica eficiência do
tratamento, no entanto, títulos menores que 1:4 podem persistir meses ou anos. Dessa forma,
pacientes sem registro de tratamento prévio, sem infecção conhecida e titulação baixa devem
ser consideradas como tendo sífilis latente tardia e devem ser tratadas.
Na propedêutica, deve-se iniciar pelo teste treponêmico, que é o primeiro a positivar. As gestantes
com teste rápido positivo deverão ser consideradas portadoras de sífilis, e serem tratadas de imediato.
Tratamento: A benzilpenicilina benzatina é a única droga com eficácia comprovada, qualquer outro
tratamento realizado para sífilis na gestante é considerado tratamento não adequado, e o recém-
nascido será notificado e investigado para sífilis congênita. É realizado 7200000UI/ 3 semanas.
Quando a gestante tem alergia à penicilina, o tratamento de escolha é a dessensibilização.
Caso não seja possível, pode ser utilizado o estearato de eritromicina 500 mg, 1 comprimido de 6/6
horas por 14 dias na sífilis recente ou por 30 dias na sífilis tardia. Entretanto, quando a droga utilizada
não é a penicilina, o feto é considerado não tratado.
Avaliar mensalmente com teste de VDRL titulado, para controle do tratamento: se houver
elevação dos títulos, considera-se nova infecção e o esquema terapêutico deverá ser repetido. Se
houver sucesso terapêutico os títulos devem ficar abaixo de 1:8, além de ser recomendado a triagem
trimestral, pós-parto por pelo menos 1 ano.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Reação de Jarish Herxheimer: é a exacerbação das lesões cutâneas, eritema, dor, prurido, febre, mau
estado geral, cefaleia e artralgia causada pela liberação de toxinas das bactérias lisadas. Inicia em 1-2
horas após início do tratamento e regride espontaneamente após 24-48 horas. Pode levar a contrações
uterinas, parto prematuro e alterações na frequência cardíaca fetal. Deve ser tratada com analgésicos,
sem interromper o tratamento da sífilis, pois não se trata de reação alérgica.
Sífilis congênita
Ocorre quando há transmissão do Treponema pallidum para o feto. A contaminação pode ser via
transplacentária ou por contato direto do feto com a lesão materna no momento do parto. A
transmissão vertical pode acontecer em qualquer idade gestacional, em qualquer fase da doença, e
geralmente é reflexo da falta de diagnóstico pré-natal ou do tratamento inadequado. As manifestações
clínicas ao nascimento estão relacionadas ao estado da sífilis materna e resultam de uma resposta
inflamatória ao T. pallidum e são mais pronunciadas após a 20ª semana devido à melhor resposta
imunológica fetal nessa fase. A passagem transplacentária das espiroquetas para a circulação fetal
pode levar a disfunção hepática fetal, infecção do líquido amniótico, anormalidades hematológicas
fetais, ascite, hidropsia fetal. Pode ocorrer também aborto, natimortalidade e prematuridade.
O diagnóstico de infecção fetal pode ser suspeitado por ultrassonografia obstétrica evidenciando
hepatomegalia, placentomegalia, polidrâmnia, ascite e hidropsia. A anemia fetal pode ser identificada
por meio do aumento da velocidade da artéria cerebral média pela dopplervelocimetria. Se a
ultrassonografia for normal, não exclui a infecção fetal.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
PARVOVÍRUS B19____________________________________________________________________
Doença viral causada pelo parvovírus B19. Único membro da família capaz de infectar
humanos. É transmitida através de gotículas respiratórias, transfusão sanguínea ou via
transplacentaria em qualquer trimestre. O principal receptor do parvovírus é encontrado em
precursores eritroides, mas também pode ser identificado no miocárdio e na placenta. No feto o vírus
infecta o fígado, que é o principal local de eritrócitos e a medula óssea, afetando a eritropoiese,
levando o feto à anemia profunda.
Quadro clínico: O período de incubação é de 4-14 dias, e o período de transmissão é de 3-10 dias após
a exposição. As crianças infectadas apresentam erupção facial (bochechas em tapa) e febre, artropatia
e artralgia, assim como trombocitopenia, hepatite, miocardite, vasculite e meningoencefalite,
costumam ocorrer nos adultos.
As gestantes podem ser assintomáticas ou apresentar eritema e artralgia. No primeiro 1° de
gestação, pode levar ao aborto espontâneo. No feto, pode ocorrer a anemia fetal, hepatite,
hipoalbuminemia e miocardite, que podem levar à insuficiência cardíaca e hidropisia fetal. A hidropsia
ocorre em 4 a 13% dos fetos, ocasionando um risco de óbito intrauterino de 50% nos fetos
hidrópicos. A hidropsia pode ter resolução espontânea 1-7 semanas após o diagnóstico. Em casos
graves, podemos ver comprometimento do sistema nervoso central fetal. Pode estar associada ao
óbito fetal e o risco maior de infecção fetal ocorre entre 13-20 semanas.
Diagnóstico/exames complementares: O diagnóstico é dado pela sorologia IgG e IgM específicos para
parvovírus B19 e deve ser pensado quando há relato de exposição materna, quadro clínico sugestivo
ou quando a ultrassonografia evidencia hidropisia fetal.
Tratamento: Monitoração fetal seriada por USG buscando evidências de ascite, cardiomegalia,
hidropsia e Doppler da artéria cerebral média (ACM). O aumento da velocidade do pico sistólico da
artéria cerebral média acima de 1,5 múltiplo da mediana (MoM) para a idade gestacional denota
anemia fetal.
A transfusão fetal deve ser indicada quando houver anemia fetal, ou seja, quando houver
aumento da velocidade da artéria cerebral média ou nos casos de ascite e hidropsia fetal. A transfusão
fetal faz com que a hemoglobina fetal retorne ao nível normal, levando à regressão da insuficiência
cardíaca e hidropisia. Se o sangue transfundido for de um doador soro positivo para IgG, pode
ocasionar certo grau de imunidade fetal.
Quando a ultrassonografia não demonstrar alterações, o prognóstico é bom. Pode ser
considerado o uso de corticoide para a maturação pulmonar nos casos em que se pensa em acelerar
o parto. Os adultos e crianças podem ser tratados com sintomáticos e imunoglobulina.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
ZIKA VÍRUS______________________________________________________________________
O vírus Zika é um arbovírus, RNA, pertencente à família dos Flavivírus, isolado inicialmente em
1947 na África, com transmissão esporádica em humanos. Em 2013 houve epidemia na Polinésia
Francesa que se espalhou pelo Pacífico, chegando à América em 2015-2016. É transmitido através da
picada de mosquitos fêmeas infectadas do Aedes Aegypti, via sexual, via transfusão sanguínea e via
transplacentária. O vírus foi também isolado no leite, no entanto não há relato de transmissão.
Epidemiologia: Até a epidemia de 2013-2016, a infecção por Zika era conhecida como doença leve
com sintomas inespecíficos. No entanto, em 2016 houve um aumento acentuado de microcefalia e
outras condições neurológicas associadas ao Zika.
Quadro clínico: Pode ser assintomática ou pode cursar com erupção cutânea maculopapular, febre
baixa, astenia, prurido, artralgia, cefaleia retroorbitária, mialgia, conjuntivite, hiperemia conjuntival e
edema de extremidades. Raramente a síndrome de Guillain-Barré pode ocorrer.
Os sintomas podem se iniciar a partir do segundo dia de infecção e durar até 2 semanas. Na
gestação, podem ocorrer defeitos congênitos especialmente no sistema nervoso central, como
microcefalia, calcificações periventriculares e ventriculomegalia.
Nas microcefalias relacionadas a infecção por Zika, há uma forma atípica do crânio com um
perfil achatado bem característico. Há também relatos de catarata congênita, microftalmia,
contraturas congênitas como artrogripose, pé torto e hipertonia fetal. Pode haver placentomegalia e
calcificação placentária. A infecção fetal pode ocorrer em qualquer fase da gestação, no entanto,
quando ocorre no primeiro trimestre, costuma ter acometimento fetal mais severo.
Tratamento: Não há tratamento específico nem vacinas. O tratamento é feito com sintomáticos.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
CORONAVÍRUS____________________________________________________________________
O coronavírus, que causa a COVID-19, é um betacoronavírus do mesmo subgênero do vírus da
síndrome respiratória aguda grave (SARS. A fisiopatologia ainda não é totalmente conhecida, e a
transmissão pessoa a pessoa, especialmente por gotículas respiratórias contaminadas eliminadas pela
fala, tosse, espirro ou por meio do contato de uma superfície contaminada com olhos, nariz e boca são
as mais conhecidas. O intervalo preciso no qual um indivíduo pode transmitir a infecção é incerto.
Quadro clínico: O quadro clínico da gestante, até o momento, tem se mostrado semelhante ao da não
gestante. O período de incubação é de 2-14 dias. E o período de transmissibilidade é de
aproximadamente 7 dias após o início dos sintomas.
A sintomatologia inclui: febre baixa (próxima de 38ºC), tosse, dispneia, anosmia, ageusia, dor de
garganta, mialgia, calafrios, cefaleia, rinorreia, náuseas, vômitos, diarreia, fadiga, confusão mental e
dor no peito. Pode ser assintomática.
Para facilitar o manejo do paciente infectado, podemos classificar a infecção de acordo com a
severidade da doença em:
Assintomáticos: pacientes com teste positivo e sem sintomas;
Doença leve: pacientes com qualquer sinal e sintoma acima descrito, sem sintomas
respiratórios como dispneia e exame de imagem do tórax normal.
Doença moderada: evidência de comprometimento pulmonar por avaliação clínica ou de
imagem e saturação de oxigênio acima de 93% em ar ambiente ao nível do mar.
Doença grave: frequência respiratória acima de 30 incursões respiratórias por minuto,
saturação de oxigênio menor que 93% em ar ambiente ao nível do mar e infiltrados
pulmonares no exame de imagem acima de 50%.
Doença crítica: insuficiência respiratória, choque séptico e/ou disfunção de múltiplos órgãos.
Na gestação, os dados ainda são insuficientes para que se tirem conclusões sobre a gravidade
da doença, transmissão vertical e suas complicações peri e neonatais.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
RUBÉOLA_________________________________________________________________________
A rubéola é causada por um RNA vírus da família Togaviridae, gênero Rubivírus. O homem é o
único hospedeiro. O vírus é transmitido através do contato direto com secreções da nasofaringe,
replica-se no tecido linfático do trato respiratório superior e se dissemina por via hematogênica. A
infecção congênita ocorre quando há propagação hematogênica e transplacentária do vírus. O período
de incubação é de 14-18 dias, podendo variar de 12-23 dias. A excreção do vírus pode ser detectada
de 7 dias antes do exantema até 12 dias após o seu início.
Rubéola congênita: A infecção congênita pode levar a aborto espontâneo, defeitos congênitos, parto
pré-termo, natimortos.
A síndrome da rubéola congênita é o nome dado aos defeitos congênitos decorrentes da
infecção que inclui: catarata congênita, déficit auditivo e cardiopatia, as alterações clássicas da
infecção. Ao contrário da maioria das infecções virais na gestação, o risco de infecção fetal diminui
com o aumento da idade gestacional. No primeiro trimestre, a taxa de infecção é de 81 a 90%, 55% no
segundo trimestre, de 12-16 semanas e 45% após 16 semanas. Quanto mais precoce for a infecção,
maior o risco de defeitos congênitos. Após 20 semanas, há pouco risco de síndrome da rubéola
congênita. No terceiro trimestre, eventualmente, pode haver restrição de crescimento. A infecção fetal
é crônica e persiste durante a gestação e após o nascimento no período neonatal.
Vacina: No Brasil, a vacina faz parte do calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS) com o
objetivo de prevenir a rubéola congênita. Mulheres vacinadas devem aguardar um mês para
engravidar. No entanto, caso engravidem antes do período, não há indicação de interrupção.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
CITOMEGALOVÍRUS________________________________________________________________
Citomegalovírus (CMV) é um DNA vírus, membro da família Herpesviridae. É a causa viral mais comum
de infecção congênita.A infecção pode ser primária, quando ocorre pela primeira vez na gestação,
pode ocorrer pela reativação de uma infecção anterior ou pode ser decorrente de reinfecção por uma
cepa diferente.
A imunidade materna pré-concepcional não protege o feto de ter infecção congênita. A
transmissão fetal ocorre por via placentária e é mais frequente em casos de infecção materna primária.
O risco de infecção congênita é menor no início da gestação, no entanto, quando ocorre, costuma ser
mais grave. A placenta pode funcionar como barreira para a infecção, por isso nem todas as infecções
maternas levarão à infecção fetal.
Quadro clínico: O quadro clínico é inespecífico e inclui febre, mal-estar, mialgia, linfadenopatia
cervical, lesões maculopapulares rubéola-like e mais raramente pneumonia e hepatite. A maioria das
mulheres será assintomática, especialmente nos casos de reinfecção.
O diagnóstico de infecção congênita é dado por alterações ultrassonográficas como
ventriculomegalia, microcefalia, calcificações, hemorragia ou cistos periventriculares, hipoplasia
cerebelar, alargamento da cisterna magna, anormalidades corticais, intestino hiperecogênico,
restrição de crescimento intrauterino, derrame pericárdico e hidropsia fetal. O achado mais
característico da infecção fetal por CMV são calcificações periventriculares bilaterais.
A placenta poderá estar espessada (placentomegalia), com calcificações sugerindo placentite.
Os achados placentários precedem os achados de acometimento fetal
Diagnóstico/exames complementares: além de clínico, pode ser dado por sorologia IgM, IgG e teste
de avidez específicos para CMV. A sorologia negativa não exclui a infecção primária
O diagnóstico de infecção fetal é suspeitado pelas alterações ultrassonográficas e confirmado
por PCR do líquido amniótico. O líquido deve ser coletado por amniocentese após 8 semanas da
infecção materna e após 20 semanas.
A ressonância magnética pode ser utilizada como exame complementar à ultrassonografia nos
casos de acometimento do SNC fetal. O diagnóstico de CMV congênito deve ser confirmado após o
nascimento através de amostras de urina ou swab de saliva para CMV PCR.
Diagnóstico diferencial
Gripe e outras infecções virais, toxoplasmose, coronavírus e Zika vírus.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
HERPES__________________________________________________________________________
O vírus herpes simplex (HSV) é um DNA vírus da família Herperviridae. O HSV1 geralmente está
presente em lesões orolabiais, enquanto o HSV2 é encontrado em lesões genitais.
Classificação:
A infecção primária ocorre quando nunca houve contato tanto com HSV1 quanto pelo HSV2.
Tem um período de incubação médio de 6 dias.
Na infecção classificada como primeiro episódio não primário, houve contato com um dos
sorotipos de HSV e há infecção por outro sorotipo, ou seja, paciente previamente infectada
pelo HSV1 apresenta primeiro episódio de infecção pelo HSV2 ou vice-versa.
Infecção recorrente é aquela em que a paciente já apresenta anticorpos para ambos os HSV e
apresenta nova infecção. Os casos de infecção primária, ou não primária, especialmente
próximo ao parto, são os mais preocupantes, pois se trata de um fator de risco importante
para a transmissão neonatal.
A transmissão vertical ocorre na hora do parto por contato do feto com o vírus presente nas
lesões maternas em 85% das pacientes infectadas. A transmissão intrauterina, transplacentária ou
transamniótica do HSV parece ocorrer em 5% dos casos e pode resultar em aborto espontâneo,
anomalias congênitas, parto prematuro e restrição de crescimento.
Quadro clínico: O quadro clínico pode variar se a infecção for primária, primeiro episódio não primário
ou recorrente. A infecção genital primária pode ser assintomática, cursar com sintomas leves ou
apresentar úlceras genitais dolorosas, prurido, disúria, febre, linfadenopatia inguinal e cefaleia.
Eventualmente a paciente pode ter hepatite, pneumonia ou encefalite.
O primeiro episódio não primário tende a ser mais leve e requer isolamento de sorologia e
vírus. Lesões recorrentes tendem a durar e disseminar menos, podem apresentar pródromos como
prurido, queimação ou dor, antes que sejam identificadas. A infecção congênita é representada pela
tríade: vesículas na pele, ulcerações ou cicatrizes, lesões oculares e manifestações graves do SNC,
incluindo micro ou hidranencefalia.
Diagnóstico/exames complementares: O diagnóstico é clínico, mas deve ser confirmado por testes
laboratoriais, como PCR, cultura viral, teste direto de anticorpos fluorescentes, sorologia.
Pacientes sem história pregressa de HSV com úlcera genital na gestação devem realizar teste
viral direto na lesão e sorologia específica.
A sorologia específica é necessária para possibilitar a classificação da infecção como primária,
não primária ou recorrente. Se os testes forem negativos e houver alta suspeição de HSV baseado na
clínica, recomenda-se repetir a sorologia 3-4 semanas depois.
A soroconversão após a repetição confirma o diagnóstico; no entanto, se os exames
permanecerem negativos, o diagnóstico de herpes pode ser descartado. O raspado do fundo da
vesícula com uma lâmina e posterior coloração (método de Tzank) permite a identificação de inclusões
virais, multinucleação e balonização celular. A imunofluorescência direta, o imunoensaio enzimático,
testes de Papanicolaou e Tzank não são considerados bons rastreadores para HSV.
Diagnóstico diferencial: com outras causas de úlceras genitais, como sífilis, cancroide, lesões
medicamentosas e síndrome de Behçet.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Tratamento
O tratamento da primoinfecção é realizado com Aciclovir 400 mg, 3 vezes por dia, por 7-10 dias ou
Aciclovir 200 mg, 5 vezes por dia, por 7-10 dias, ou Valaciclovir 500 mg, 2 vezes ao dia, por 7-10 dias,
ou Fanciclovir 250 mg, 3 vezes por dia, por 7-10 dias.
O Aciclovir pode ser usado em qualquer fase da gestação visando minimizar o risco de
transmissão vertical e complicações neonatais. A terapia antirretroviral supressiva deve ser realizada
a partir de 36 semanas com Aciclovir 400 mg, 3 vezes ao dia, ou com Valaciclovir 500 mg/dia.12 Em
casos refratários pode-se aventar o uso de Foscarnet 40-80 mg/kg intravenoso, assim como o
interferon-beta e o cidofovir 5 mg/kg, uma vez por semana.
A via de parto deve ser cesariana no início do trabalho de parto ou ruptura de membranas,
se as lesões genitais estiverem ativas e houver sintomas prodrômicos.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Internato
Rodízio de Ginecologia e Obstetrícia I
GINECOLOGIA
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
GRAVIDEZ ECTÓPICA
Localização tubária é a mais comum, porém pode se localizar no ovário, cornual ou intersticial,
cervical e abdominal.
Pacientes submetidas a tto de fertilização podem apresentar gravidez tópica e ectópica
associadas, chamada de heterotópica.
Quadro clínico: Dor abdominal aguda, hipogástrica ou fossas ilíacas, associada ao atraso menstrual.
Sangramento genital discreto ou semelhante a menstruação.
Ocorre geralmente em gestações de 6 a 10 semanas.
Fatores de risco:
Antecedentes de DIP
Tabagismo
Dispositivos intrauterinos
Endometriose
Cirurgia ginecológica
Infertilidade
Exame clínico: Sinais de anemia aguda, como taquicardia, descoramento de mucosas e hipotensão –
inclusive postural ou ortostática.
Abdome distendido com sinais de irritação peritoneal.
Útero doloroso à mobilização, pouco aumentado e amolecido com tumoração anexial
associada.
Diagnóstico: beta- HCG quantitativo + USG pélvica transvaginal
Saco gestacional deve ser visualizado por via transabdominal quando beta-HCG acima de 4000mIU/mL
e por via transvaginal quando acima de 1000 a 2000 mil/mL
Tratamento: Cirurgia indicada em pacientes com sintomatologia importante, na rotura ou com
instabilidade hemodinâmica, quando beta-HCG elevados e crescentes ou na falha do tratamento
conservador.
Salpingectomia é indicada nos casos de difícil controle do sangramento, quando o saco
gestacional é maior que 5cm, ou com comprometimento importante na tuba.
Casos contrários, opta-se por abertura da tuba e retirada do tecido trofoblástico e preservação
da tuba.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
TORÇÃO ANEXIAL
Pode ser parcial ou completa sobre o pedículo vascular que irriga a tuba uterina, o ovário ou
ambos, proveniente do infundíbulo pélvico. Mais frequência à direita, pois, acredita-se que o
ligamento útero ovárico longo favoreça esse evento, mas a frequente associação com neoplasias
benignas ovarianas, como cistos e teratomas. É uma complicação importante em gravidez,
principalmente no primeiro e no segundo trimestres.
Quadro clínico: Dor aguda, que pode ser precedida de episódios eventuais de dor com melhora
espontânea ou decorrente de decúbito (torções parciais).
A tração do infundíbulo pélvico pode determinar reflexo vagal, com náusea e vômitos.
O processo inflamatório anexial próximo ao trato urinário pode determinar urgência miccional
ou mesmo retenção urinária.
Quando o tempo de evolução é grande e com necrose tecidual, os sinais inflamatórios e de
irritação peritoneal tornam-se mais intensos.
Exames complementares
USG pélvica endovaginal: importante no diagnóstico precoce diante da pouca especificidade dos sinais
iniciais, com achados como, Edema ovariano, Pontos ecogênicos (focos da hemorragia); A torção
desloca o útero lateralmente e o anexo posiciona-se em sua face posterior
USG com Doppler
Sinal do redemoinho: torção vascular identificada pelo Doppler. Pode haver líquido livre em
fundo de saco; Ausência de fluxo venoso e arterial.
TC: Pode identificar os mesmos achados do USG.
RNM: Identifica a congestão vascular ou a não dispersão de contraste pelo anexo.
Tratamento: É cirúrgico e preferencialmente por laparoscopia, com destorção do anexo, desde que
não esteja necrótico.
Após a destorção, inspecionar o ovário para a possibilidade de neoplasia ovariana associada.
Quando as estruturas envolvidas se encontram necróticas, o tratamento é a sua retirada.
*Pexia do anexo torcido para prevenção de novo episódio pode ser realizada por meio de
encurtamento do ligamento útero ovárico.
LEIOMIOMA UTERINO
As complicações abdominais são raras e incluem:
Rotura de vasos superficiais e hemoperitônio.
Torção do pedículo vascular e isquemia.
Degeneração hemorrágica ou isquêmica.
Conforme o volume, podem provocar compressão de estruturas intra-abdominais causando: retenção
urinária, trombose de vasos mesentéricos ou retroperitoniais
Quadro clínico: dor abdominal aguda, ou sinais de anemia aguda.
Exames complementares: melhor do que a USG para a avaliação.
Tratamento:
Sintomas intensos: procedimento cirúrgico explorador
Pacientes jovens: procura-se preservar o útero, com retirada exclusiva do leiomioma
Mulheres com prole constituída: pode-se considerar a retirada do útero como tto definitivo.
CISTOS OVARIANOS
Cistos ovarianos funcionais (p. ex., foliculares, corpo lúteo) podem ocasionar sangramento para o
interior do parênquima ovariano ou para a cavidade peritoneal. Distensão do ovário pelo sangue,
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
ocasiona dor pela tração e irritação peritoneal. Sangramento pode ser intenso e causar choque
hipovolêmico.
Quadro clínico: A dor ocorre no período intermenstrual ou durante a fase lútea do ciclo, quando o
sangramento é decorrente do processo fisiológico da ovulação, mas pode ser desencadeada por
impactos físicos ou mesmo atividade sexual.
Exame complementares:
Exame ginecológico - Identifica abaulamento de fundo de saco vaginal posterior e tumoração
anexial.
USG - Identifica o sangue livre em cavidade peritoneal e o aumento do ovário com
possíveis sinais de sangramento.
Na ausência de propedêutica auxiliar por imagem e com sinais clínicos de abaulamento do
fundo de saco vaginal, a punção do fórnice vaginal posterior (culdocentese) com aspiração
do conteúdo peritoneal pode diferenciar casos de infecção (pus) e de sangramento (sangue).
Tratamento: Cistos hemorrágicos de origem funcional, o tratamento pode ser realizado por
cauterização ou sutura do leito sangrante;
Casos neoplásicos: a conduta é orientada pela natureza histológica da peça cirúrgica.
ENDOMETRIOSE
Antecedentes sugestivos: dismenorreia, dispareunia, dor pélvica crônica, disquezia e urgência
miccional.
Exame clínico: Limitado pela dificuldade de palpação abdominal, frequentemente desencadeando dor.
Acometimento endometriótico: causa dor à mobilização do útero, presença de tumoração e
espessamento anexial.
Tratamento: A conduta terapêutica vai depender de muitos fatores, entre eles a extensão da doença
e o desejo reprodutivo da paciente.
Objetivo do tratamento é bloquear a menstruação. Pode-se fazer uso de inúmeras
medicações, como análogo de gnrh, progestágenos, anticoncepcionais orais e Danazol.
Em caso de endometrioma > 4 cm, há indicação de abordagem cirúrgica, principalmente
quando há desejo reprodutivo.
A cirurgia de escolha deve ser via laparoscópica, preferencialmente.
Em caso de conduta cirúrgica, avaliar com exame pré-operatório (como a ressonância
magnética) a necessidade de abordagem intestinal ou em outros órgãos, alertando para a
equipe multidisciplinar.
Em torno de 1% das lesões pode malignizar, ocorrendo mais frequentemente em
endometriomas residuais nos ovários. Pode evoluir para carcinoma endometrioide ou
sarcomas estromais.
Clínica: Dor não cíclica localizada na pelve com duração de 3 a 6 meses ou mais.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Exame físico:
A localização da dor referida pela paciente orienta o exame físico:
Dor na região sacral inferior e nádegas com ou sem irradiação para membros inferiores
normalmente envolve lesões no segmento inferior do útero, cérvix, trígono vesical e reto.
A dor na transição abdominopélvica pode ser causada por lesões de fundo uterino, íleo distal,
ceco e apêndice.
A dor originada em qualquer órgão pélvico é sentida na área da pele suprida pelo mesmo nervo
espinal
Exame ginecológico
Inspeção da genitália externa – avaliar presença de cicatriz vulvar, lesões, alterações cutâneas,
inchaço, cistos ou assimetrias na arquitetura vulvar.
Teste do cotonete – o teste do cotonete é sugerido para avaliação dos reflexos
bulbocavernoso, cutâneo-anal e clitoridiano, assim como para mulheres com dor vulvar ou
dispareunia. A extremidade macia e umedecida de um cotonete deve ser usada para
pressionar levemente, começando na lateral, na raiz das coxas, e movendo-se medialmente.
A dor focal ao toque leve do vestíbulo vulvar é o achado marcante da vulvodínia (isto é, dor
vulvar de causa desconhecida).
Exame especular: avaliar doenças cervicais e conteúdo vaginal.
Antes de realizar um exame bimanual tradicional, deve-se palpar o assoalho pélvico, a parede
vaginal anterior, o colo do útero, o útero e o fórnice vaginal com um único dedo bem
lubrificado para avaliar músculos e pontos de gatilho contraídos ou doloridos. Palpa-se
sistemática e suavemente o músculo elevador do ânus e o músculo obturador interno. Para
melhor avaliação do músculo obturador interno, a palpação deve ser realizada com a perna
apoiada sobre o joelho contralateral a ser avaliado.
Toque bimanual: caracterizar bem os órgãos pélvicos, principalmente sua mobilização:
mobilidade diminuída e/ou presença de dor associada a mobilização dos órgãos pélvicos
podem sugerir presença de endometriose profunda.
Exames complementares
Beta-HCG quantitativo: descarte de gestação.
Hemograma: avaliação de anemia e quadros infecciosos, alterações plaquetárias e doenças
como anemia falciforme.
Urina tipo 1 e urocultura com antibiograma: afastar infecção urinária e auxiliar no diagnóstico
de outras doenças do trato urinário como nefrolitíase e, ainda, avaliar sedimentos urinários
anormais.
Pesquisa de Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae direcionada para investigação de
doença inflamatória pélvica.
Ultrassonografia pélvica via abdominal ou transvaginal: avaliação de doenças uterinas e
massas anexiais e pélvicas.
Ressonância nuclear magnética para melhor avaliação de alterações encontradas na
ultrassonografia pélvica, como cistos grandes ou complexos, alterações suspeitas de
malignidade, adenomiose e endometriose.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
CLIMATÉRIO________________________________________________________________________
É o período de vida da mulher compreendido entre o final do período reprodutivo até a
senilidade, considerado o período não reprodutivo (menopausa)
normal (entre 40 e 65 anos – média de 51 anos)
Já a menopausa, corresponde ao último ciclo menstrual espontâneo da mulher, reconhecida após
12 meses consecutivos de amenorreia.
precoce (antes dos 40 anos)
tardio (após os 55 anos)
Fatores influenciadores
Fatores socioeconômicos: Mulheres que têm longas jornadas de trabalho e exercem
atividades estressantes têm mais chances de entrar na menopausa mais cedo;
Paridade: Mulheres nulíparas têm menopausa mais precocemente, enquanto o aumento da
parida de correlaciona-se à menopausa mais tardia;
Tabagismo: nesse caso, a idade da instalação da menopausa é antecipada de 12 a 18 meses.
Essa antecipação em fumantes tem sido explicada pela deficiência estrogênica causada
diretamente pelo tabaco, podendo não só antecipar a menopausa, mas também das doenças
estrógeno-relacionadas, como a osteoporose e doenças cardiovasculares;
Altitude: Mulheres que vivem em países de altitudes maiores;
Nutrição: Deficiência nutricional e baixo peso levam à ocorrência precoce;
Fatores Cirúrgicos e Medicamentosos: quimioterapia, radioterapia pélvica, cirurgias ovarianas
e histerectomia também podem resultar em antecipação da menopausa.
Sintomas do climatério
Ocorrem por variações de hormônios, que odem desencadear alguns sintomas como:
Manifestações menstruais: Com o acelerado amadurecimento dos folículos pode ocorrer uma
diminuição entre o intervalo das menstruações no período da perimenopausa.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Manifestações no Metabolismo Ósseo: É de conhecimento geral que com o avançar da idade ocorre
uma perda progressiva de massa óssea. Dessa forma, a perda óssea e as fraturas osteoporóticas são
bastante comuns nas mulheres na menopausa. A explicação para esse acontecimento é devido à queda
de estrogênio que aumenta a atividade dos osteoclastos e diminui a atividade dos osteoblastos.
Outras alterações: Com relação as mamas no período do climatério, ocorre uma progressiva involução
de todos os tecidos componentes da glândula, exceto o adiposo, onde as mamas terminam ficando
um tanto mais pesadas, flácidas e pêndulas. Com relação a função sexual, a medida que as mulheres
evoluem para a menopausa, surgem mudanças multifatoriais que compreendem domínios biológicos,
psicológicos e sociais.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Pode ser utilizado para reposição hormonal a vida parenteral ou oral, existindo diferenças
sobre elas que veremos a seguir. A via oral é mais difundida pela facilidade de administração, sendo
administrado por essa via, ele é absorvido no tubo digestivo, atinge o sistema porta chegando ao
fígado, no qual os esteroides são parcialmente metabolizados e também exercem influências no
metabolismo. Apenas após essa passagem hepática é que os hormônios da terapia de reposição
hormonal chegarão à circulação sistêmica que os levará aos diversos órgãos e tecidos onde seus efeitos
são desejados. Dessa forma, o estrogênio por via oral eleva os níveis séricos de HDL e diminuiu os de
LDL (ocorrendo uma inversão com a entrada na menopausa). Todavia, faz também com que os níveis
de triglicerídeos sejam aumentados. No entanto, existem também o implante subdérmico, via vaginal
e via intramuscular. Essa administração parenteral faz com que o estradiol administrado atinge
primeiramente a circulação sistêmica e apenas depois chega ao fígado onde será metabolizado. Isso é
mais próximo de como o ovário entrega o estradiol endógeno na circulação (ou via circulação
sistêmica).
Para mulheres as quais haja maior preocupação com o risco de doença tromboembólica venosa, deve-se
evitar a via oral e, caso indicada a terapia de reposição hormonal, deve-se escolher a via transdérmica. Com
relação ao perfil lipídico, o estrogênio por via oral é mais eficaz para melhorar o padrão das frações do
colesterol, já que diminui LDL e aumenta HDL. Todavia, é necessário observar que a via oral aumenta os
níveis de triglicerídeos, assim para mulheres que os apresentem elevados, deve-se escolher a via não oral.
Esquemas de Estrogênios Puros: Esse esquema apresenta indicação exclusivamente para mulheres
histerectomizadas. Pela via oral, podem ser utilizados o estradiol ou os estrogênios conjugados,
enquanto que pela via transdérmica, percutânea ou subdérmica, o estradiol é o esteroide disponível.
O estrogênio deve ser administrado de forma contínua, uma vez que podem ocorrer sintomas
climatéricos nos intervalos de esquemas cíclicos.
Síndrome geniturinária da menopausa: surge muitas vezes após a menopausa e caracteriza-se pela
secura vaginal, irritação e flacidez da mucosa, diminuição da líbido, dores durante o ato sexual e
associação com incontinência urinária de urgência. A principal causa é a diminuição dos estrogénios.
À medida que os estrogénios diminuem, as paredes da vagina ficam mais finas, mais secas e menos
elásticas, provocando frequentemente ardor.
Também pode ocorrer um desequilíbrio da flora vaginal, aumentando o risco de infeções
vaginais e urinárias. A terapêutica utiliza-se de estrogénios locais, com aplicação vaginal na forma de
creme, gel, ou comprimidos, existe também hidratantes vulvovaginais.
Elisangela da Silva
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DISMENORRÉIA_____________________________________________________________________
Dor pélvica que ocorre antes ou durante o fluxo menstrual. A dor cíclica é comum e acompanha
a maioria das menstruações, acometendo particularmente mulheres com menos de 20 anos de idade.
A intensidade da dor é variável e 10% das pacientes tornam-se incapazes de desenvolver suas
atividades habituais em decorrência desse processo álgico, sendo uma importante causa de
absenteísmo escolar e do trabalho, além de comprometer a qualidade de vida.
Classificação da dismenorreia
De acordo com a intensidade: leve, moderada ou grave
De acordo com o agente etiológico:
Primária: (ou funcional) inicia-se após os primeiros ciclos menstruais ovulatórios normais, sem
associação a nenhuma doença identificada e a intensidade da dor parece ser maior naquelas
com menarca precoce, períodos menstruais prolongados, tabagistas e maior índice de massa
corporal. A dor pode sofrer redução significativa ao redor dos 20 anos de idade de forma
espontânea e, em alguns casos, ocorre melhora expressiva após a primeira gestação. Logo, a
paridade parece atenuar os sintomas.
Secundária: pode ter início em qualquer período da vida reprodutiva e está associada a algum
tipo de alteração do sistema reprodutor, por doenças ou anormalidades anatômicas
canaliculares congênitas ou adquiridas que resultem em lesões nos órgãos pélvicos. As
doenças ou situações mais comumente associadas à dismenorreia secundária incluem: a
endometriose, os leiomiomas, a adenomiose, os pólipos endometriais e a obstrução do fluxo
menstrual. Por essa razão, a dismenorreia secundária pode estar associada a outros sintomas
ginecológicos, como infertilidade, sangramento uterino anormal, dispareunia e disúria.
Diagnóstico
A anamnese e o exame físico são, em geral, suficientes para o diagnóstico.
A dor menstrual é do tipo cólica, inicia-se na pelve, podendo sofrer irradiação para a região
lombar e face interna das coxas, causando sensação de peso em região hipogástrica. Pode surgir antes
do fluxo menstrual ou nos primeiros dois dias, quando é, em geral, mais intensa. Mais da metade dos
casos é acompanhada por outros sinais e sintomas como: náuseas, vômitos, palidez, cefaleia, diarreia,
vertigem e desmaio, que são secundários à resposta inflamatória mediada pelas PGs.
O tabagismo também é apontado como elemento predisponente, provavelmente porque a
nicotina está associada a vasoconstrição e hipóxia miometrial. Outro fator importante é a dieta rica
em gorduras contendo ácidos graxos ômega-6, em particular o ácido aracdônico, que são liberados e
iniciam a cascata inflamatória uterina, além da obesidade e do consumo de bebidas alcoólicas.
Os fatores psicoemocionais, a dor pode piorar nos estados de ansiedade e depressão, má
qualidade de vida decorrente do estresse diário e outros fatores que comprometem o bem-estar. A
história clínica e achados negativos para doenças pélvicas norteiam o diagnóstico de dismenorreia
primária. Nas mulheres com cólicas menstruais e nenhum outro sinal ou sintoma associado, não há
necessidade de qualquer avaliação inicial adicional, desde que se tenha excluído a possibilidade de
gravidez, sendo aceito o tratamento empírico. É importante suspeitarmos da dismenorreia secundária
sempre que uma das seguintes anormalidades for encontrada: dismenorreia de forma intensa no
primeiro ou segundo dia menstrual, primeira ocorrência de dismenorreia após os 25 anos de idade,
anormalidades pélvicas durante o exame físico, infertilidade associada, fluxo menstrual irregular ou
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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
aumentado, dispareunia e pequena ou nenhuma resposta ao tratamento clínico conservador com anti-
inflamatório ou anticoncepcional. Diante desse quadro, a Ultrassonografia pélvica deve ser solicitada.
Tratamento
O objetivo é basicamente neutralizar a COX que está envolvida na produção de PGs e
hipercontratilidade uterina, vômitos e aumento da motilidade intestinal.
Analgésicos simples: como paracetamol ou dipirona, podem ser utilizados em casos iniciais ou quando
os anti-inflamatórios não esteroides (AINE) estão contraindicados.
Anticoncepcionais orais (ACO): Outra opção é o emprego de contraceptivos orais que reduzem a
espessura endometrial, diminuindo o sangramento e, por consequência, provocando queda dos níveis
de PGs no soro e no fluido menstrual. O regime de uso na forma contínua pode ser útil nas mulheres
com dor não controlada pelo regime de pausa tradicional.
Contraceptivos contendo apenas progestagênio: As pílulas somente de progestagênio, a injeção
trimestral de acetato de medroxiprogesterona e o implante subdérmico liberador de etonorgestrel
mostram-se também efetivos no tratamento da dismenorreia, com a vantagem de poder ser utilizados
em pacientes com contraindicação ao uso de estrogênios. O sistema intrauterino de levonorgestrel
(SIU-LNG) tem sido utilizado mais recentemente no tratamento da dismenorreia primária e secundária.
Terapias alternativas
Própolis: Um estudo realizado no Irã demostrou que o própolis de abelha, por exemplo, poderia ser
usado como uma alternativa aos antiinflamatórios não esteroides para o alívio da dismenorreia
primária.
Mudanças nos hábitos de vida, como atividade física e adequação de dieta com baixa ingesta de
gordura, parecem ter algum efeito sobre a dismenorreia; principalmente na alimentação com baixa
ingesta de gorduras animais e pro-inflamatórios
A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) e a acupuntura parecem ter efeito modesto no
controle da dismenorreia.
Cirurgia: Casos de dismenorreia refratária ao tratamento conservador são raros e, nessas situações,
pode-se indicar tratamento cirúrgico. A histerectomia é eficaz, a neurectomia pré-sacral tem sido
proposta e realizada durante a laparoscopia indicada por dismenorreia severa.
Elisangela da Silva
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PLANEJAMENTO FAMILIAR____________________________________________________________
O planejamento familiar corresponde ao recurso que permite ao casal a decisão do número de
filhos e intervalo entre as gestações que desejam, de maneira programada e consciente.
Tipos de métodos de acordo com a efetividade: A eficácia de um método contraceptivo diz respeito
à capacidade desse método de evitar gestações em um período de tempo, geralmente no decorrer de
um ano. O escore mais utilizado para identificar a eficácia é o índice de Pearl.
Escolha do método: Para isso, é fundamental que a paciente conheça cada tipo de método, seu modo
de uso, benéficos e efeitos adversos. Essa escolha é individual e deve ser orientada pelo profissional
de saúde, pois leva em conta aspectos clínicos, incluindo idade, fatores de risco e doenças associadas
e aspectos socioeconômicos. Algumas questões como o tabagismo, presença de hipertensão arterial,
amamentação, problemas cardiovasculares, histórico de câncer de mama, problemas hepáticos, uso
de medicações e enxaqueca, devem ser levantadas durante a consulta, visto que são essenciais para a
definição do método contraceptivo.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Tabelinha (método de Ogino-Knaus): Para usar esse método, a mulher deve registrar o número de
dias de cada ciclo menstrual por, pelo menos, seis meses. O ciclo menstrual começa no primeiro dia
da menstruação e termina no último dia antes da menstruação seguinte. Caso a mulher tenha
diferença de dias entre os ciclos maior que 10 dias, esse método NÃO pode ser usado. Para calcular o
período em que se deve adotar a abstinência sexual, basta subtrair 18 da duração do seu ciclo mais
curto para saber o primeiro dia de seu período fértil e subtrair 11 dias do ciclo mais longo, que
corresponde ao último dia de seu período fértil. Por exemplo, a paciente que teve o seu ciclo mais
curto de 25 dias e o mais longo de 30 dias, deverá ficar em abstinência sexual no 7° ao 19° dias do ciclo.
Veja bem, subtraindo 18 do ciclo mais curto (25 dias) temos 7. Já subtraindo 11 do ciclo mais longo (30
dias) temos 19.
Temperatura basal: Nesse método a mulher deve observar as variações da temperatura corporal
basal, buscando identificar o provável dia de ovulação. O princípio se baseia no fato de que após a
ovulação, o aumento da progesterona liberada pelo corpo lúteo atinge o centro termorregulador do
hipotálamo, levando ao aumento da temperatura corporal em 0,2 a 0,5 graus. Para utilizar esse
método, a mulher precisa verificar sua temperatura diariamente, de preferência com o mesmo
termômetro, no mesmo local do corpo e no mesmo horário, preferencialmente pela manhã antes de
sair da cama. O período de abstinência deve ser desde o primeiro dia do ciclo menstrual até três dias
após a elevação da temperatura basal.
Muco cervical (método de Billings): Durante o ciclo menstrual, o colo cervical sofre influência
hormonal. Nesse método, busca-se observar as características do muco cervical sob ação estrogênica,
durante período ovulatório. Nessa fase, o muco cervical torna-se filante, como clara de ovo,
permitindo ao espermatozoide a sobrevivência e locomoção. Após a ovulação, sob ação progestágena
o muco fica espesso e escasso. O período de abstinência vai do primeiro dia de percepção do muco até
o quarto dia de percepção máxima da umidade.
Sintotérmico: combina o método da temperatura basal com o método do muco cervical, associado a
sinais e sintomas que podem ocorrer durante a ovulação, como sensibilidade mamária, dor pélvica e
mudanças de humor.
Coito interrompido: se baseia na retirada do pênis da vagina antes da ejaculação. Por isso, requer
grande atenção do homem durante o ato sexual. Apesar de incomum, o fluido seminal que precede a
ejaculação, pode conter espermatozoides, levando a uma possível gestação indesejada.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
seja exclusiva. No entanto, sabe-se que parte das mulheres ovulam em torno do terceiro mês de pós-
parto, mesmo amamentando.
Preservativos: Sua taxa de falha geralmente está ligada ao uso incorreto. Além do efeito contraceptivo,
é o método mais eficaz de prevenção de ISTs. Além disso, está associado a redução de neoplasias do
colo do útero pela diminuição da transmissão do papilomavírus humano (HPV). Por isso, é indicado o
seu uso em associação com outros métodos.
Diafragma: é um disco de borracha ou látex, colocado na vagina, recobrindo colo do útero para impedir
a entrada de espermatozoides. Possui vários tamanhos, por isso, antes do início do uso, é necessária
uma consulta com o ginecologista para ser indicado o tamanho mais adequado para a paciente.
Geralmente é usado em associação aos espermicidas, que é colocado no centro do dispositivo e
mantido em contato com o colo do útero. Caso o ato sexual demore mais de 2 horas para ocorrer, o
espermicida deve ser aplicado na parte superior da vagina, visando garantir maior proteção. O
diafragma é colocado na vagina até no máximo 1 hora antes da relação sexual, deve ser retirado no
mínimo 6 horas depois e nunca deve ultrapassar 24 horas.
Espermicida: encontrados em forma de tabletes de espuma, geleia ou creme que provocam a ruptura
da membrana das células dos espermatozoides matando-os ou retardando sua passagem pelo canal
cervical. A substância mais utilizada é o nonoxinol-9. É recomendado o seu uso apenas em associação
com outros métodos contraceptivos, como o diafragma. No entanto, não deve ser usada com
preservativos masculinos, pois pode aumentar o risco de contaminação pelo vírus HIV.
Dispositivos intrauterinos: Os DIUs, junto com o implante de etonogestrel, faz parte dos LARCs (Long
acting reversible contraceptives) que são os contraceptivos de longa duração. No Brasil, os dois DIUs
utilizados são o dispositivo intrauterino de cobre (DIU-Cu) e o sistema intrauterino liberador de
levonogestrel (SIU de levonogestrel).
Usuárias de DIU que apresentam sinais clínicos ou culturas sugestivas de infecção por clamídia ou
gonococo devem ser tratadas com antibióticos, mas não é necessário a remoção do DIU. Por outro
lado, na presença de sinais de ascensão endometrial ou tubária, deve-se instituir terapia antibiótica e
retirar o DIU prontamente.
DIU de cobre: sendo o único LARC fornecido pelo SUS no Brasil. Tem formato de T, é feito de um fio
de prata corado com cobre e pode ser eficaz de 10 a 12 anos a depender da literatura. O DIU-Cu age
por meio da indução de uma reação de corpo estranho, levando à inflamação, visto que o cobre induz
a liberação de interleucinas e citocinas que têm ação espermicida. Além disso, leva a mudanças
bioquímicas e morfológicas no endométrio, além de produzir modificações no muco cervical e alterar
a espermomigração e transporte do óvulo.
Contraindicações do DIU de cobre
Gravidez
Alteração da cavidade endometrial
Presença de infecções (sepse puerperal, aborto séptico, DIP*)
Sangramento uterino inexplicada
Câncer cervical ou endometrial
Período de 48horas a 4 semanas após o parto
Alergia ao cobre
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Em relação ao risco de infecção existem divergências na literatura. Novos estudos indicam que os
DIUs de cobre têm efeito protetor para a DIP, porque deixam o útero do colo hostil aos germes que
habitam essa região como clamídia e gonococo. Apesar dos inúmeros benefícios, esse método também
está relacionado a alguns efeitos adversos como aumento da dismenorreia e aumento do sangramento
uterino. Além disso, apesar de raro, existe o risco de perfuração uterina e expulsão. O DIU de cobre
não está relacionado ao aumento de gravidez ectópica.
SIU de levonorgestrel (SIU- LNG): também conhecido pelo nome comercial Mirena, é um dispositivo
de poliuretrano em forma de T que libera 20 mcg levonorgestrel por dia. Tem validade de cerca de 5
anos, apesar de alguns estudos admitirem até 7 anos. Funciona levando ao efeito a atrofia do
endométrio, tornando o muco cervical espesso e dificultando a espermomigração e motilidade tubária.
Além disso, provoca a reação inflamatória de corpo estranho, como o DIU de cobre. Possui o benefício
de reduzir a dismenorreia e causar amenorreia em alguns casos. No entanto, em algumas pacientes
pode levar a cefaleia, mastalgia, acne, depressão, cisto ovarianos funcionais e spotting (sangramento
uterino irregular).
Contraindicações: Além de ter as mesmas contraindicações do DIU de cobre, não é recomendado em
mulheres com câncer de mama atual ou prévio, tumor hepático, trombose venosa profunda ou
tromboembolismo pulmonar atual, LES com anticorpo antifosfolipídeo positivo ou desconhecido. Além
disso, não é indicada a continuidade do uso em pacientes que iniciaram quadro de enxaqueca com
aura. Apesar de raro, pode levar à expulsão, dor ou sangramento, perfuração uterina, infecção e
gravidez ectópica.
O melhor momento para ser inserido é durante a menstruação, pois nesse período o colo do útero está mais
pérvio, facilitando a inserção. A contracepção é imediata e pode ser colocado em qualquer idade, inclusive
em pacientes sem prole constituída. Apesar de muito usado na prática, a USG não é obrigatória para
inserção dos DIUs. Não caia nessa pegadinha!
Contracepção hormonal: sua taxa de falha está relacionada ao uso incorreto do método.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Câncer de mama
Hipertensão arterial sistêmica não controlada
Infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular encefálico
Diabetes mellitus com vasculopatia
Tumor hepático ou Hepatopatias
Doenças da vesícula biliar atual ou colestase
Cirurgia com imobilização
Uso de alguns anticonvulsivantes
Amamentação (menos que 6 semanas)
LES com anticorpo antifosfolípideo positivo ou desconhecido
Contraceptivo oral combinado (COCs): Também são conhecidos como pílulas anticoncepcionais. O
principal estrogênio utilizado é o etinilestradiol. Mas novas formulações podem conter o estradiol e o
valerato de estradiol que são estrogênios naturais. Pela sua composição podem ser classificados pela
dose estrogênica, em pílulas de alta ou baixa dose. As pílulas que contêm doses abaixo de 50 mcg de
etinilestradiol são as de baixa dose, aquelas com quantidade superior a 50 mcg são as de alta dose.
De acordo com o tipo de progestagênios contido, os COCs podem ser classificados em primeira,
segunda ou terceira geração. Os COCs de primeira geração são os que possuem levonorgestrel
(progestágeno) associado a 50 mcg de etinilestradiol. Já as de segunda geração contêm o etinilestradiol
em doses menores, associado ao levonorgestrel. Se a pílula tiver desogestrel ou gestodeno associado
ao progestágeno, são denominadas de terceira geração. Pode ser utilizado de maneira contínua ou
estendida. No uso contínuo, não há interrupção das pílulas e no uso estendido, as pausas acontecem
3 a 4 vezes por ano. Em caso de 1 dia de esquecimento, recomenda-se tomar a pilila esquecida no dia
posterior juntamente com a pílula do dia, para se evitar sangramento por colapso endometrial e nos
casos de esquecimento por até 7 dias, deve-se utilizar um método de barreira associados.
Injetável mensal: Os mais utilizados são o de valerato de estradiol com enantato de noretisterona, e
o cipionato de estradiol com acetato de medroxiprogesterona. É indicado para pacientes que possuem
dificuldade de aderir pílula anticoncepcional. Aplicação é IM em musculo deltoide a cada 30 dias.
Anel vaginal: Esse método contraceptivo combinado que possui o formato de um anel transparente e
flexível e contém 2,7 mg de etinilestradiol e 11,7 mg de etonogestrel. O anel vaginal libera cerca de 15
μg de etinilestradiol/dia e 120 μg de etonogestrel/dia. Deve ser colocado em forma de “8” no fundo
vaginal entre o primeiro e o quinto dia do ciclo menstrual. O dispositivo permanece por três semanas
consecutivas, faz-se uma pausa de sete dias, quando ocorre o sangramento e recoloca um novo
dispositivo ao final da pausa.
Adesivo transdérmico: contém uma camada interna hormonal e uma camada externa resistente à
água. Ele libera diariamente 30 μg de EE e 150 μg de norelgestromina, que, após metabolismo
hepático, se transforma em levonorgestrel. O adesivo deve ser aplicado na pele limpa, podendo ser
colocado nas nádegas, parte externa do braço, abdome inferior ou região superior do dorso, evitando
as mamas. Basta pressionar o adesivo por cerca de 10 segundos. O primeiro adesivo é aplica- do no
primeiro dia do ciclo. Depois disso, o adesivo é trocado uma vez por semana, após a terceira semana
é feita uma pausa, quando ocorrerá o sangramento e ao final da pausa um novo adesivo é colocado.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Contraceptivos apenas de progestogênio (COPs): desse grupo está a pílula de progesterona isolada, o
injetável trimestral, o implante subdérmico e o SIU de levonorgestrel.
O Diabetes mellitus gestacional prévio deve ser destacado por ser uma contraindicação
relativa ao uso de progestágenos isolados como contraceptivo. Isso ocorre pois existe uma relação ao
desenvolvimento de DM tipo 2 nos primeiros dois anos pós-parto com o uso desse contraceptivo.
Contraindicações ao uso dos contraceptivos de progestogênio
Trombose atual
Amamentação (menos de 6 semanas)
Câncer ou adenoma hepático
Cirrose hepática
Câncer de mama
Pílula de progesterona isolada: Esses contraceptivos podem ser compostos por desogestrel, acetato
de noretindrona e levonorgestrel.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Além disso, é vedado a esterilização cirúrgica durante o parto, aborto ou até 42 dias após o
parto (ou aborto), exceto nos casos de comprovada necessidade, como:
• Cesárias sucessivas anteriores (no mínimo 2);
• Doença de base com risco à saúde.
Na vasectomia se faz a ligadura do ducto deferente, podendo ser realizado apenas com
anestesia local. Lembrem-se que esse procedimento não altera o aspecto do sêmen e não afeta o
desempenho sexual. Na ligadura tubária realiza-se a obstrução do lúmen tubário, principalmente o
istmo, seja com fio cirúrgico e/ou secção da trompa, eletrocoagulação ou obstrução mecânica com
clips ou anéis. Com isso, se impede o transporte do óvulo e o encontro dos gametas femininos e
masculinos. Pode ser realizado tanto por via laparotômica, laparoscópica, vaginal ou histeroscópica. É
vedada ao médico realizar histerectomia, ooforectomia ou cesária para fins exclusivos de
esterilização.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Princípios do manejo:
1. Fazer o diagnóstico sindrômico;
2. Iniciar o tratamento imediatamente;
3. Realizar o acolhimento para:
Oferecer os testes rápidos e/ou sorologias disponíveis:
HIV (anti-HIV),
Hepatites Virais (HBsAg, Anti-HBc e Anti-HBS)
Sífilis (VDRL ou teste rápido conforme disponível na UBS);
4. Fortalecer a adesão ao tratamento;
5. Promover o uso de preservativos (masculino ou feminino)
Abordagem Sindrômica:
Inclui a doença dentro de síndromes pré-estabelecidas, baseadas em sinais e sintomas, e
instituir tratamento imediato sem aguardar resultados de exames confirmatórios.
Classificar os principais agentes etiológicos segundo as síndromes clínicas; indicar o
tratamento para os agentes etiológicos mais frequentes; incluir a atenção dos parceiros, o
aconselhamento e a educação sobre redução de risco, adesão ao tratamento e o fornecimento e
orientação para utilização adequada de preservativos; incluir a oferta de sorologias.
Ulcera anogenital
Chlamydia granulomatis LGV
Haemophilus ducrey Cancroide
Herpes simplex Herpes genital
Klebisiela granulomatis Donovanose
Treponema pallidum Sífilis
Corrimento vaginal/uretral
Candida albicans Candidose
Chamydia trachomatis Clamídia
Neisseria gonorrhoeae Gonorreia
Trichomonas vaginalis Tricomoníase
Múltiplos agentes Vaginose bacteriana
Verruga anogenital
Papilomavirus Condiloma acuminado
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Diagnóstico Clínico
Anamnese e o exame físico
Fazer um diagnóstico de presunção das principais síndromes (abordagem sindrômica), a partir
da anamnese.
Sigilo e da postura ética diante de cada caso.
Caso essas condições não sejam garantidas, poderão ocorrer: a omissão de informações
necessárias para a realização do diagnóstico; despreocupação ou superdimensionamento
quanto à gravidade da doença
*É importante lembrar que outras doenças (diabetes, dermatoses, imunodeficiências etc.), o estado
nutricional, as associações entre as diferentes IST (coinfecções) e o uso de medicamentos, podem interferir
tanto no diagnóstico como no tratamento da IST que motivou a consulta.
Exame Físico
Pele e mucosas: avaliar couro cabeludo, orofaringe, palma das mãos, plantas dos pés e genitais. Palpar
os gânglios de todos os segmentos corporais. Quaisquer lesões (ulceradas ou não, em baixo ou alto-
relevo, hiperêmica, hipercrômica, circular, irregular, circinada etc.).
A sífilis é uma doença sistêmica, manifestando-se nos genitais e em outros locais, tais como
orofaringe, couro cabeludo, sistema nervoso central etc.
A gonorréia pode apresentar formas diferentes da enfermidade, abrangendo regiões não-genitais
(faringite, osteoartrite, conjuntivite, periepatite etc.).
O eritema multiforme e a cefaléia podem acompanhar o linfogranuloma venéreo.
Exame genital feminino: No exame estático, deve-se observar a disposição dos pêlos, conformações
anatômicas (grandes e pequenos lábios, clitóris, hímen, Monte de Vênus, períneo, borda anal),
distrofias, discromias, tumorações, ulcerações etc. Para o exame dinâmico, utilizar luvas de
procedimento e realizar o exame especular
As pacientes sintomáticas devem ser tratadas imediatamente, de acordo com a abordagem
sindrômica. Se por ocasião do retorno da paciente para resultado de exames ou controle de cura o
problema persistir, encaminhar a paciente para o serviço de referência mais próximo, ou medicar
segundo o resultado da análise laboratorial quando esta tiver sido realizada na Unidade Básica de
Saúde e avaliar a necessidade de consulta médica e/ou encaminhamento da paciente para o serviço
de referência (GO IST). Realizar a coleta da citologia oncótica sempre que houver indicação e em
tempo oportuno.
Deve-se prestar atenção especial ao septo retrovaginal, aos ligamentos uterossacrais, ao fundo
de saco de Douglas e ao fundo uterino posterior, em busca de massas do fundo de saco.
Exame genital masculino: inspeção, tanto da região inguinal quanto dos órgãos genitais externos.
Observar e palpar cadeias ganglionares e quaisquer outras tumorações, ulcerações, fístulas, fissuras
etc. Notar possíveis desvios do eixo peniano, aberturas anômalas da uretra, assimetria testicular,
processo inflamatório da bolsa escrotal. O toque retal, quando indicado, deverá ser previamente
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explicado ao paciente, e realizado com uso de lubrificante. Facilita o exame pedir ao paciente para
fazer força abdominal (Manobra de Valsalva) durante a inserção do dedo examinador. Palpa-se o canal
anal à procura de tumorações e saliências, além de alterações da próstata.
Pode-se realizar a comunicação por correspondência ou busca consentida, por meio de profissionais
habilitados, por equipe de vigilância epidemiológica ou de saúde da família da área de abrangência
Manejo Clínico das IST
CORRIMENTO VAGINAL: A infecção vaginal pode ser caracterizada por corrimento e/ou prurido e/ou
alteração de odor. Infecções por múltiplos agentes etiológicos podem ocorrer no corrimento vaginal.
As 3 infecções frequentemente associadas são: Vaginose Bacteriana, Candidíase e Tricomoníase.
Vaginose bacteriana: ocorre por um desequilíbrio da microbiota vaginal, devido ao aumento
exagerado de bactérias anaeróbicas (Prevotella sp., Mobiluncus sp.), Gardnerella vaginalis,
Ureaplasma sp., Mycoplasma sp., e outros, associado à ausência ou diminuição acentuada dos
lactobacilos acidófilos, que são os agentes predominantes na vagina normal.
As características clínicas incluem: corrimento vaginal com odor fétido, mais acentuado após
a relação sexual, sem o uso do preservativo, e durante o período menstrual; de coloração
branco-acinzentado, fluido ou cremoso, algumas vezes bolhoso; dor à relação sexual (pouco
frequente). Não se trata de infecção de transmissão sexual, apenas pode ser desencadeada
pela relação sexual em mulheres predispostas, ao terem contato com o esperma, que por
apresentar pH elevado, contribui para desequilibrar a flora vaginal em algumas mulheres
suscetíveis. O uso de preservativo pode ter algum benefício nos casos recidivantes.
Diagnóstico Presença de pelo menos três dos seguintes parâmetros:
Corrimento vaginal homogêneo, acinzentado de quantidade variável;
pH vaginal > 4,5;
Teste das aminas positivo;
Presença de “clue cells” no exame bacterioscópico. O exame mais adequado para este diagnóstico é
o Gram do conteúdo vaginal.
TRATAMENTO
- Metronidazol 400 mg Gestantes e puérperas: Nutrizes: Recorrentes
VO de 12/12 h por 7 d ou - Metronidazol 250 mg, - Metronidazol 2 g, VO, - Metronidazol 250 mg
2,0 g VO DU VO, de 8/8 horas, por 7 DU. VO de 12/12 h por 14 d
-Tinidazol 2,0 g, DU dias (após primeiro Obs: suspender o OU
- Secnidazol 2,0 g, DU trimestre); aleitamento por 24 Tratamento tópico:
- Clindamicina 300 mg, - Clindamicina 300 mg, horas. Metronidazol gel
de 12/12 h por 7 dias. VO, de 12/12 horas, por 7 intravaginal 1X ao dia
OU dias. por 10 dias e seguimento
Tratamento tópico: de 1 aplicação semanal
em 4 a 6 meses.
Elisangela da Silva
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- Metronidazol gel
intravaginal, 2 X/dia por
5 dias;
Clindamicina creme
vaginal a 2%, 1 vez ao dia
durante 7 dias.
Candidíase vulvovaginal: É uma infecção da vulva e vagina, causada por um fungo comensal
que habita a mucosa vaginal e digestiva, que cresce quando o meio se torna favorável. Embora
a candidíase não seja transmitida sexualmente, é vista com maior frequência em mulheres em
atividade sexual, provavelmente, devido a micro-organismos colonizadores que penetram no
epitélio via microabrasões.
As características clínicas incluem: Prurido vulvovaginal (principal sintoma, e de intensidade
variável), Disúria, Dispareunia, Corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto caseoso
(“leite coalhado”), Hiperemia, Edema vulvar, Fissuras e maceração da vulva, Fissuras e
maceração da pele; Vagina e colo. As parcerias sexuais não precisam ser tratadas, exceto os
sintomáticos (uma minoria de parceiros sexuais do sexo masculino que podem apresentar
balanite e/ou balanopostite, caracterizada por áreas eritematosas na glande do pênis, prurido
ou irritação, tendo indicação de tratamento com agentes tópicos).
TRATAMENTO
- Miconazol creme a 2%, 1x/dia por 7 dias; Gestantes e puérperas: Recomendações
- Clotrimazol creme vaginal a 1%,1x/dia APENAS O TRATAMENTO Parceiro: NÃO PRECISA
por 6-12 dias; TÓPICO. TRATAR, apenas em casos
recidivantes,
- Clotrimazol óvulos de 100 mg, 1x/dia por
recomendando-se
7 dias;
tratamento via oral em
- Tioconazol creme a 6,5%, ou óvulos de
dose única.
300mg, dose única
- Nistatina UI, 1x/dia por 14 dias
OU
- Fluconazol 150 mg, VO em dose única
- Itraconazol 200mg, VO 12/12 hs em 1dia
- Cetoconazol 400mg, VO/dia por 5 dias
Elisangela da Silva
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TRATAMENTO
- Metronidazol - 2,0 Gestantes e puérperas: Nutrizes: Recomendações:
g, VO em dose única - Metronidazol 400 mg, - Metronidazol Gel a Parceiro: deve ser tratado, em
ou 500 mg VO de VO, 12/12 horas por 7 dias; 0,75%, 1 aplicador dose única.
12/12 h por 10 dias. - Metronidazol 250 mg, vaginal (5g), 12/12 - Para alívio mais rápido dos
- Secnidazol - 2,0 g, VO, 3 vezes ao dia por 7 horas, por 5 dias; sintomas deve-se associar o
VO DU, dias. - Metronidazol 2 g, tratamento tópico com
- Tinidazol - 2,0 g, Obs: após 1° trimestre. VO, dose única imidazólicos, uma aplicação
VO DU Obs: suspender o vaginal à noite por uma semana.
aleitamento por 24 - Contraindica-se a ingestão de
horas. álcool durante o tratamento
(efeito antabuse) e relações
sexuais durante tratamento.
CORRIMENTO URETRAL: transmitidos por relação sexual vaginal, anal e oral. Os principais agentes
causadores são N. gonorrhoeae e C. trachomatis, além de outros, menos frequentes como
Trichomonas vaginalis, Ureaplasma urealyticum, Enterobactérias, Mycoplasma genitalium, vírus do
herpes, adenovírus e Candida sp. O corrimento uretral, varia de mucoide a purulento, tem volume
variável e está associado a dor uretral, disúria, estrangúria, prurido e eritema de meato uretral.
Uretrite Gonocócica: causado pela N. gonorrhoeae, frequentemente assintomática em
mulheres. O corrimento mucopurulento ou purulento é frequente. Raramente, há queixa de
sensibilidade aumentada no epidídimo e queixas compatíveis com balanite (dor, prurido,
hiperemia da região prepucial, descamação da mucosa e, em alguns casos, material purulento
e de odor desagradável no prepúcio). As complicações no homem ocorrem por infecção
ascendente a partir da uretra (orqui-e-pididimite e prostatite).
Uretrite Não Gonocócica: É a uretrite sintomática cuja bacterioscopia pela coloração de Gram
e/ou cultura são negativas para o gonococo. Vários agentes têm sido responsabilizados por
essas infecções, como C. trachomatis, Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma hominis,
Trichomonas vaginalis, entre outros. Podem reinfectar seu parceiro e desenvolver DIP se
permanecerem sem tratamento. Caracteriza-se, habitualmente, pela presença de corrimentos
mucoides, discretos, com disúria leve e intermitente.
Diagnóstico laboratorial de uretrites: A partir de sinais e sintomas ou achados laboratoriais:
Drenagem purulenta ou mucopurulenta ao exame físico;
Bacterioscopia pela coloração Gram de secreção uretral, apresentando > 5 polimorfonucleares
Teste de esterase leucocitária positivo na urina de primeiro jato ou exame microscópico de
sedimento urinário de primeiro jato, apresentando > 10 PMN por campo.
Se nenhum dos critérios acimas estiverem presentes, a pesquisa de N. gonorrhoeae e C.
trachomatis pode ser realizada pelo NAAT5, um método de biologia molecular.
A cultura para a N. gonorrhoeae em meio seletivo de Thayer-Martin ou similar é fundamental
para estudos sentinela, em razão da possibilidade de realizar testes de susceptibilidade.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
ULCERA GENITAL: manifestam-se como lesão ulcerativa erosiva, precedida ou não por pústulas e/ou
vesículas, acompanhada ou não de dor, ardor, prurido, drenagem de material mucopurulento,
sangramento e linfadenopatia regional. Os agentes mais comuns nas úlceras genitais são: Treponema
pallidum (Sífilis primária e secundária); HSV-1 e HSV-2 (Herpes perioral e genital, respectivamente);
Haemophilus ducreyi (Cancroide); Chlamydia trachomatis sorotipo L1, L2 e L3 (LGV); Klebsiella
granulomatis (Donovanose). Esses agentes podem ser encontrados isoladamente ou em associação
em uma mesma lesão, por exemplo, úlcera genital por Treponema pallidum e HSV-2.
A presença de úlcera genital está associada a um elevado risco de transmissão e aquisição do HIV
e tem sido descrita como a principal causa para a difusão do vírus nas populações de maior
vulnerabilidade, portanto, o diagnóstico e tratamento imediato dessas lesões constitui uma medida
de prevenção e controle da epidemia de HIV.
Sífilis primária e secundária: conhecida como “cancro duro”, ocorre após o contato sexual
com o indivíduo infectado. O período de incubação entre 10 a 90 dias. A primeira manifestação
é caracterizada por uma úlcera, geralmente única, indolor, com base endurecida, fundo limpo,
sendo rica em treponemas, que ocorre no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina,
colo uterino, ânus, boca, ou outros locais do tegumento). Esse estágio pode durar de duas a
seis semanas e desaparecer espontaneamente, independente de tratamento. A sífilis
secundária surge em média entre seis semanas e seis meses após a infecção.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Linfogranumoma Venéreo (LGV): causado pela Chlamydia trachomatis, sorotipos L1, L2 e L3.
A manifestação clínica mais comum do LGV é a linfoadenopatia inguinal e/ou femoral, já que
estes sorotipos são altamente invasivos aos tecidos linfáticos. A evolução da doença ocorre
em três fases: inoculação, disseminação linfática regional e de sequelas:
Fase de inoculação: inicia-se por pápula, pústula ou exulceração indolor, que desaparece sem
deixar sequela. Muitas vezes, não é notada pelo paciente e raramente é observada pelo profis-
sional de saúde. Localiza-se, no homem, no sulco coronal, frênulo e prepúcio; na mulher, na
parede vaginal posterior, colo uterino, fúrcula e outras partes da genitália externa;
Fase de disseminação linfática regional: no homem, a linfadenopatia inguinal desenvolve
entre 1 a 6 semanas após a lesão inicial, geralmente unilateral. Na mulher, a localização da
depende do sítio de inoculação;
Fase de sequelas: O comprometimento ganglionar evolui com supuração e fistulização por
orifícios múltiplos, que correspondem a linfonodos. A lesão da região anal pode levar à proctite
e proctocolite hemorrágica. O contato orogenital pode causar glossite ulcerativa difusa, com
linfadenopatia regional. Pode ser acompanhado de sintomas gerais, como febre, mal-estar,
anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese noturna e meningismo. Os bubões podem ser
aspirados com agulha calibrosa, não devendo ser incisados cirurgicamente. A obstrução
linfática crônica leva à elefantíase genital, que na mulher é denominada estiomene. Além
disso, podem ocorrer fístulas retais, vaginais, vesicais e estenose retal.
Donovanose: É uma IST crônica progressiva causada pela bactéria Klebsiella granulomatis.
Acomete pele e mucosas das regiões genitais, perianais e inguinais. O quadro clínico inicia-se
com ulceração de borda plana ou hipertrófica, bem delimitada, com fundo granuloso, de
aspecto vermelho vivo e de sangramento fácil. A ulceração evolui lenta e progressivamente,
podendo se tornar vegetante ou úlcero-vegetante. As lesões podem ser múltiplas, sendo
frequente a configuração em “espelho”, em bordas cutâneas e/ou mucosas. Há predileção
pelas regiões de dobras e região perianal. Na mulher, a forma elefantiásica é uma sequela
tardia. O diagnóstico diferencial inclui sífilis, cancroide, tuberculose cutânea, amebíase
cutânea, neoplasias ulceradas, leishmaniose e outras doenças cutâneas ulcerativas e
granulomatosas.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Tratamento Observações
HERPES:1° episódio Aciclovir 400mg 3x/dia por 7d. Tratamento deve ser precoce
ou recidiva OU 200mg 5x/dia por 7d Recidivas: iniciar em período prodrômico
Supressão de herpes Aciclovir 400mg 3x/dia por até 6 Surtos repetitivos 6 ou + em 1 ano.
genital meses ou em graves até 2 anos Realizar avaliação periódica de função renal
ou hepática.
Herpes genital em Aciclovir EV 5-10mg/kg 8/8hrs por Nas lesão extensas, que podem estar
imunossuprimidos 5 a 7 dias associadas a imunossupressão (corticoterapia
crônica, transplantados....)
Gestantes Aciclovir 400mg 3x/dia por 7d. Em qualquer período da gestação
OU 200mg 5x/dia por 7d
Cancroide Azi 1gr DU OU Cipro 500mg É recomendado tratamento em parceiros
12/12hrs por 3 dias sexuais
Linfogranuloma Doxiciclina 100mg 12/12hrs por 21 É recomendado tratamento em parceiros
venéreo dias OU Azi 1gr 2cp 1x/semana por sexuais. Se parceito assintomático,
21 dias recomenda-se Azi 1g DU
Donovanose Doxiciclina 100mg 12/12hrs por 21 Não havendo resposta inicial, pode-se
dias oi até resolução do caso OU associar Gentamicina 1mg/kg/dia EV por 3
Azi 1gr 1x/semana por 3 semanas semanas.
ou até resolução do caso OU
SMT+TMT 400/80mg 12/12 hrs por
3 semanas ou até resolução do
quadro
DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP): Todas as mulheres que têm DIP aguda devem ser rastreadas
para N. gonorrhoeae e C. trachomatis e testadas para a HIV. Os fatores de risco para DIP incluem:
IST prévias ou atuais;
Múltiplas parcerias sexuais e parceria sexual atual portadora de uretrite;
Uso de método anticoncepcional – DIU aumenta o risco em 3 a 5X para DIP, se a paciente for
portadora de cervicites;
Sintomas: sangramento vaginal anormal (spotting), dispareunia, descarga vaginal, dor pélvica ou dor
em abdome inferior, à mobilização do colo do útero ao toque podem estar presentes na DIP.
A ocorrência de spotting em usuárias de anticoncepcional de baixa dosagem é comum e pode ser
indicativo de DIP e deve ser investigado. Nas formas sintomáticas de DIP, o diagnóstico diferencial
deverá ser feito com: manifestações uroginecológicas, gastrointestinais e esqueléticas.
Para a confirmação clínica de DIP, é necessária a presença de 3 critérios maiores + 1 critério
menor; OU, 1 critério elaborado.
CRITÉRIOS MAIORES: CRITÉRIOS MENORES: CRITÉRIOS ELABORADOS:
- Dor no hipogástrio - Febre >37,5° - Evidência histopatológica de
- Dor a palpação de anexos - Corrimento anormal endometrite
- Dor a mobilização do colo - Massa pélvica - presença de abcesso de tubo
- >de 5 leucócitos por campo ovariano ou fundo do saco de
- Leucocitose Douglas em estudo de imagem
-PCR +
- Comprovação laboratorial de
gonococo clamídia ou
micoplasma.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Diagnósticos diferenciais: gravidez ectópica, apendicite, ITU, litíase ureteral, torção de tumor cístico
de ovário ou de mioma uterino, rotura de cisto ovariano, endometriose, diverticulite, entre outros.
Diagnóstico laboratorial de DIP: Hemograma; VHS; Proteína C reativa; Bacterioscópico para Vaginose
Bacteriana; Cultura de material de endocérvice com antibiograma ou NAAT para N. gonorrhoeae;
Pesquisa de Clamídia no material de endocérvice, uretra, de laparoscopia ou de punção do fundo de
saco posterior; EAS+urocultura (para afastar hipótese de ITU); Hemocultura; beta HCG.
Exames de imagem – US transvaginal e pélvica para diagnóstico de complicações relacionadas:
abscesso tubo-ovariano, cistos ovarianos, torção de ovário. O principal achado ultrassonográfico na
DIP é a presença de uma fina camada líquida, preenchendo a trompa, com ou sem a presença de
líquido livre na pelve.
TRATAMENTO
AMBULATORIAL:
Ceftriaxona 500mg IM DU OU Cefotoxima 500mg IM DU+ Doxiciclina 100mg 12/12hrs por 14 dias +
Metronidazol 500mg 12/12hrs por 14 dias.
HOSPITALAR:
Cefoxitina 2g IV 6/6hrs por 14 dias + Doxiciclina 100mg 12/12hrs por 14 dias
OU Clindamicina 900mg EV 8/8hrs por 14 dias + gentamicina IVou IM 3-5mg/kg/dia por 14 dias.
OU Ampicilina/Sulbactam 3G ev 6/6hrs por 14 dias + Doxiciclina 100mg 12/12 hrs por 14 dias.
*Cuidados Importantes: a melhora clínica deverá acontecer nos 3 primeiros dias após o início do
tratamento. Se houver piora, considerar exames de imagem (RM ou TC axial), para diagnósticos diferenciais ou
complicações de DIP.
A paciente deverá retornar ao ambulatório para seguimento na primeira semana após a alta hospitalar
e deverá seguir abstinência sexual até a cura clínica.
As pacientes que usam DIU não precisam remover o dispositivo. Caso exista indicação, a remoção deve
ser realizada somente após as duas primeiras doses do esquema terapêutico.
As parcerias sexuais dos últimos dois meses, sintomáticas ou não, devem ser tratadas.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
SÍFILIS: Causado pelo Treponema pallidum, uma bactéria gram-negativa do grupo das espiroquetas e
apresenta 60% de risco de infecção em um intercurso sexual. A sífilis também é transmitida da mãe
para o filho durante a gestação, o que ocasiona a sífilis congênita, que apresenta até 40% de taxa de
mortalidade fetal e infantil.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Testes não treponêmicos (VDRL) não reagem com componentes celulares dos T.pallidum. O
resultado deve ser expresso em títulos (1:2, 1:4 ...). O teste não-treponêmico torna-se
reagente cerca de 1 a 3 semanas após o aparecimento do cancro duro. Se a infecção for
detectada nas fases tardias da doença, títulos baixos (< 1:4) podem persistir por meses ou
anos. Pessoas com títulos baixos em testes não treponêmicos, sem registro de tratamento e
sem data de infecção, são consideradas sífilis latente tardia, devendo ser tratadas. É também
o teste realizado para monitoramento de cura.
As parcerias sexuais de gestantes com testes rápidos reagente positivo deverão realizar teste não
treponêmico e tratar com esquema de sífilis latente tardia. O não tratamento da parceria sexual
implica em tratamento inadequado da mãe e implica o risco de reinfecção, aumentando assim o
risco de transmissão para sífilis congênita.
Tratamento: A penicilina é a droga de escolha para o tratamento da sífilis.
Estadiamento Esquema terapêutico Alternativa
Sífilis primária, Penicilina G Benzatina 2,4 Doxiciclina 100mg 2x/dia por 15 dias
secundária e latente milhões IM DU (1,2 em cada OU
recente (< 1 ano) glúteo Ceftriaxona 1g IV ou IM 1x/dia por 8 a
10 dias (gestantes ou não gestantes)
Sífilis latente tardia (>1 Penicilina G Benzatina 7,2 Doxiciclina 100mg 2x/dia por 30 dias
ano), ou não milhões: OU
identificada, sífilis 1,2 milhões em cada Ceftriaxona 1g IV ou IM 1x/dia por 8 a
terciária glúteo/semana por 3 semanas. 10 dias (gestantes ou não gestantes)
Neurossífilis Penicilina Cristalina 18-24 Ceftriaxona 2g IV ou IM 1x/dia por 10
milhões EV (3-4 milhões de a 14 dias (gestantes ou não gestantes
4/4horas em infusão contínua
por 14 dias.
*Deve-se convocar o parceiro sexual para tratamento, mesmo assintomático
MANEJO DO HIV/AIDS
A infecção pelo HIV é definida com 2 resultados reagentes em testes rápidos (TR1 e TR2). O
primeiro teste deve ter sensibilidade equivalente ou superior ao segundo teste, mais específico, a fim
de eliminar resultados falso-positivos.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
No caso de resultados discordantes, deve-se solicitar quantificação da carga viral para HIV
para confirmação do diagnóstico. Se carga viral não disponível, os testes laboratoriais devem
ser repetidos em 30 dias, para confirmar ou descartar soroconversão recente.
Síndrome Retroviral Aguda (SRA): 50 e 90% dos indivíduos podem apresentar sintomas da infecção
aguda, entre 2° e 4° semanas após infecção, com manifestações inespecíficas como febre, sudorese,
linfadenomegalia (cervicais anteriores e posteriores, submandibular, occipital e axilar),
esplenomegalia, faringite, astenia, mialgia e cefaleia. Pode ocorrer exantema de curta duração em
face, pescoço ou tórax superior e sintomas digestivos como náusea, vômitos, diarreia e perda de peso.
A SRA é autolimitada e seus sintomas duram cerca de 3 a 4 semanas. Manifestações clínicas
mais intensas e prolongadas da síndrome podem estar associadas com a progressão rápida da doença.
Quando houver sintomas ou não houver supressão viral após 6 meses de tratamento, as consultas
devem avaliar falhas na adesão, resistência viral, manejo dos sintomas e de comorbidades presentes
Nos primeiros seis meses de tratamento espera-se que o indivíduo apresente melhora clínica,
Imunológica e supressão da carga viral. Entretanto deve-se atentar para:
Infecções oportunistas;
Eventos adversos relacionados à medicação
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Avaliação de massa óssea: A infecção pelo HIV e o uso de ARV estão associados a maior perda de
massa óssea, sendo consideradas causas secundárias de osteoporose. Fatores de risco tradicionais
para osteoporose também são mais frequentes entre PVHIV, tais como baixo IMC, sedentarismo,
tabagismo, etilismo, uso de corticoides e hipogonadismo.
Rastreamento das alterações ósseas em PVHIV: Calculadora FRAX Brasil, a cada dois a três
anos ou em caso de surgimento de um novo risco clínico.
Rastreamentos de neoplasias
Câncer de colo: O exame citopatológico deve ser realizado em mulheres com HIV após o início
da atividade sexual com intervalos de 6 meses no 1° ano e, se normal, manter seguimento
anual. Mulheres HIV positivas com contagem de linfócitos CD4 abaixo de 200 células/mm3
devem ter o rastreamento citológico a cada 6 meses até recuperação imunológica.
Câncer de mama: A recomendação é de mamografia bianual dos 50 aos 69 anos.
Câncer de canal anal: (20 vezes mais chance). É recomendado o rastreio de sinais e sintomas
anualmente e com histórico de relação receptiva anal, antecedente de HPV, histologia vulvar
ou cervical anormal. Em indivíduos sintomáticos, proceder com toque retal.
Terapia antirretroviral (TARV) na APS: A TARV está indicada para todas as pessoas vivendo com
HIV/aids, incluindo indivíduos assintomáticos, independente do seu estado imunológico. A primeira
linha de tratamento é:
Tenofovir 300 mg (TDF) + Lamivudina 300 mg (3TC) + Dolutegravir 50 mg (DTG).
*A TARV inicial inclui a combinação de 2 inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos
e nucleotídeos (lamivudina e tenofovir) associados a um inibidor de integrasse (dolutegravir).
Para os esquemas contendo Tenofovir, Lamivudina, Dolutegravir e/ou Efavirenz, os exames laboratoriais
devem ser solicitados na 1° consulta, mas não devem atrasar o início da TARV. Os exames de CD4 e Carga
Viral devem ser coletados antes do início da TARV, porém o paciente deve ser aconselhado a iniciar a
medicação assim que realizar a coleta.
*O monitoramento laboratorial usando o teste de creatinina não é obrigatório para iniciar Tenofovir
(TDF). No entanto, é aconselhável a avaliação em pessoas de alto risco ou história de doença renal.
Elisangela da Silva
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Mulheres em idade fértil: O DTG pode ser coadministrado de forma segura com
contraceptivos orais, visto seu baixo potencial de interação medicamentosa.
Coinfecção HIV e TB: em pacientes virgens de tratamento devem ter genotipagem pré-
tratamento solicitada (se disponível em até 2 semanas): TDF/3TC + efavirenz. Caso a
genotipagem não esteja disponível, o esquema a ser iniciado é a 1° alternativa, TDF/3TC (1
comprimido 1x/dia) associado a DTG 50 mg 1 comprimido de 12/12h. A dose do DTG deve ser
aumentada devido a interação do dolutegravir com rifampicina que reduz o nível sérico do
TARV e pode comprometer a eficácia da TARV quando utilizado na dose habitual.
Insuficiência renal crônica preexistente: Pessoas com TFG < 60 ml/min/1,73m2 têm
contraindicação ao uso de TDF. As possibilidades de tratamento são abacavir (ABC) ou
zidovudina (AZT). Para utilizar o Abacavir, deve ser solicitado o exame de Tipificação do alelo
HLA-B*5701 e encaminhar. O Abacavir está contraindicado para pessoas com HLA-B*5701 +.
Uso de anticonvulsivantes: Nas situações em que há indicação de uso do DTG, poderá ser
utilizado o esquema com DTG 50 mg 2x ao dia (de 12/12 horas) por pacientes em uso
carbamazepina, fenitoína ou fenobarbital, na impossibilidade de substituição destes
medicamentos.
Vacinação: Todas as vacinas do calendário nacional devem ser administradas, desde que não haja
imunodepressão grave. A imunodepressão eleva o risco da administração de agentes vivos e reduz a
resposta imunológica adequada. Portanto, recomenda-se adiar a administração de vacinas com vírus
vivo ou atenuados em pacientes sintomáticos ou com imunodeficiência grave (contagem de LT-CD4 <
200 céls/mm3) até que a reconstituição imune seja obtida com o uso de terapia antirretroviral
(contagem de LT-CD4 ≥ 200 céls/mm3).
Profilaxia pós-exposição (PEP): acidente ocupacional e via sexual (violência ou relação consentida com
risco de infecção), dentre outras situações. A PEP, quando indicada, deve ser iniciada o mais
precocemente possível, tendo como tempo limite 72 h.
Tenofovir (TDF) 300mg 1 cp + Lamivudina (3TC) 150 mg 2 cp + Dolutegravir (DTG) 50 mg 1 cp, por 28 dias
Elisangela da Silva
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Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
CA DE COLO UTERINO_____________________________________________________________
O câncer do colo do útero tem como causa quase exclusiva a infecção pelo Papilomavírus
Humano (HPV), cujo desenvolvimento leva a transformações intraepiteliais progressivas, seguindo 4
etapas (transmissão do HPV, persistência do vírus, progressão de um clone de células infectadas para
uma lesão pré-cancerosa e invasão). Por ser um câncer relacionado à ação de um vírus cuja
transmissão é sexual, os fatores de risco do câncer do colo de útero são a multiplicidade de parceiros
com histórico de infecções, a idade precoce na primeira relação sexual e a multiparidade, além de
outros menos frequentes, como alimentações deficientes em alguns nutrientes, como vitamina C,
folato e betacaroteno, uso de anticoncepcionais e tabagismo. A idade mediana de diagnóstico de
câncer de colo de útero é já tardia, entre 40 e 59 anos.
Sintomatologia: Em relação aos sintomas, a infecção pode ser assintomática nos primeiros anos e, à
medida que for evoluindo, no caso progredir até um câncer, podem ser identificados sangramento
vaginal, dor em relação sexual, secreção vaginal anormal e malcheirosa, dor abdominal associada a
queixas urinárias e intestinais, e compressão de vasos (neural, ureteral, venoso, linfático) conforme o
crescimento do tumor.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Classificação:
*BETHESDA, sugere que a doença intraepitelial cervical não é um processo contínuo, mas um
sistema de 2 doenças descontínuas, como lesões intraepiteliais de baixo grau (LSIL) e lesões
intraepiteliais de alto grau (HSIL). A lesão de baixo grau é de menos provável progressão para
carcinoma invasivo, diferentemente das lesões intraepiteliais de alto grau. Estas são
predominantemente causadas por tipos de HPV oncogênicos, tendo comportamento de lesão
precursora do carcinoma invasivo.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Recomendações: Os 2 primeiros exames devem ser realizados com intervalo anual e, se ambos os resultados
forem negativos, os próximos devem ser realizados a cada 3 anos.
- O início da coleta deve ser aos 25 anos de idade para as mulheres que já tiveram ou têm atividade sexual.
- O rastreamento antes dos 25 anos deve ser evitado.
No Brasil a recomendação da OMS: em mulheres entre 25 e 64 anos, depois de 1 exame
citopatológico do colo do útero negativo, o exame subsequente pode ser realizado a cada 3 anos, com
eficácia semelhante à realização anual.
População-alvo: Em relação à faixa etária, mulheres com menos de 25 anos não tem impacto na
redução da incidência ou mortalidade por câncer do colo do útero, apoiando-se em 2 fatos:
1. Há evidências de que o câncer do colo do útero que é diagnosticado em mulheres muito jovens
é mais agressivo e inclui tipos histológicos mais raros do que no grupo etário 25-29 anos.
2. A citologia com diagnóstico de lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL) em mulheres
com menos de 25 anos corresponderia mais à NIC II do que a NIC III.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
NIC II em mulheres jovens tendem a ter comportamento semelhante à lesão de baixo grau, com
significativas taxas de regressão. Outro fato relevante é de que o tratamento de lesões precursoras do
câncer de colo em adolescentes e mulheres jovens está associado ao aumento de morbidade
obstétrica e neonatal, como parto prematuro, decorrente de procedimentos invasivos, estabelecidos
pelos protocolos de rastreamento, como por exemplo, a colposcopia.
Mulheres com rastreamento citológico negativo entre 50 e 64 anos apresentam uma diminuição
de 84% no risco de desenvolver um carcinoma invasor entre 65 e 83 anos, em relação às mulheres que
não rastreadas. Por outro lado, à medida que aumenta o intervalo desde o último exame, há aumento
discreto do risco de desenvolvimento de um novo carcinoma. Na última edição das Diretrizes
Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero/2011, elevou-se de 59 para 64 anos a
idade da mulher sem história prévia de doença pré-invasiva para encerrar o rastreamento.
Para mulheres acima de 64 anos de idade, que nunca se submeteram ao exame citopatológico,
deve-se realizar dois exames com intervalo de 1 a 3 anos. Se ambos os exames forem negativos,
essas mulheres podem ser dispensadas de exames adicionais.
Adequabilidade da amostra: exame deve ser realizado com espátula de Ayres e escova endocervical.
- Amostra satisfatória para avaliação: Designa amostra que apresente células em quantidade
representativa, bem distribuídas, fixadas e coradas, de tal modo que sua observação permita uma
conclusão diagnóstica.
Células presentes na amostra:
Células escamosas.
Células glandulares (não inclui o epitélio endometrial).
Células metaplásicas (indicador da qualidade da coleta)
- Se amostra insatisfatória para análise: presença de sangue, piócitos, artefatos de dessecamento,
contaminantes externos ou intensa superposição celular. O exame deve ser repetido em 6 a 12 semanas
com correção, quando possível, a correção do problema que motivou o resultado insatisfatório.
Situações especiais:
Gestantes: têm o mesmo risco que não gestantes. a coleta de endocervical não parece
aumentar o risco sobre a gestação quando utilizada uma técnica adequada. Deve seguir as
recomendações de periodicidade e faixa etária como para as demais mulheres, sendo
realizada no pré-natal.
Mulheres na pós-menopausa: devem ser rastreadas de acordo com as orientações para as
demais. Se necessário, proceder à estrogenização previamente à realização da coleta. O
rastreamento citológico em mulheres menopausadas pode levar a resultados falso-positivos
causados pela atrofia secundária ao hipoestrogenismo, gerando ansiedade na mulher e
procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários.
Histerectomizadas: Mulheres submetidas à histerectomia total por lesões benignas, sem
história prévia de diagnóstico ou tratamento de lesões cervicais de alto grau, podem ser
excluídas do rastreamento, desde que apresentem exames anteriores normais. Já, em casos
de histerectomia por lesão precursora ou câncer do colo do útero, a mulher deverá ser
acompanhada de acordo com a lesão tratada.
Mulheres sem história de atividade sexual: o risco de uma mulher que não tenha iniciado
atividade sexual desenvolver essa neoplasia é desprezível.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
ACHADOS NO CITOPATOLÓGICO
Resultado citológico normal, alterações benignas dentro dos padrões de normalidade, com presença
de inflamação, metaplasia escamosas imatura, reparação, alterações decorrentes de radiação:
seguir a rotina de rastreamento no citopatológico
O exame citopatológico não deve ser utilizado para diagnóstico dos processos inflamatórios
ou infecciosos vaginais. Se houver presença de patógenos, como Gardnerella, Tricomonas,
realizar o Manejo das diretrizes para ISTs.
A radioterapia ou a quimioterapia prévia devem ser mencionadas na requisição da coleta
Resultado citológico indicando atrofia com inflamação: é um achado fisiológico após a menopausa, o
pós-parto e durante a lactação. Deve-se seguir a rotina de rastreamento citológico
Se laudo mencionar dificuldade diagnóstica por atrofia, a estrogenização deve ser feita com
creme de estrogênios conjugados 0,5g ou estriol vaginal 1g, toda noite, durante 21 dias.
A nova citologia será coletada entre cinco a sete dias após a parada do uso.
Nas pacientes com história de câncer de mama ou outras contraindicações, o uso de
estrogênios deve ser avaliado para cada paciente individualmente.
Citologia com células endometriais normais fora do período menstrual ou após a menopausa:
Seguir a rotina de rastreamento citológico.
Avaliar indicação de investigação da cavidade endometrial.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Mulheres com JEC não visível ou parcialmente visível, deverá ser feita a avaliação do canal
Mulheres com mais de 30 anos e achados colposcópicos anormais, com história de NIC II/III ou câncer
ou com rastreamento prévio desconhecido, deverão ser submetidas à biópsia.
No caso de colposcopia em que a JEC não for completamente visível e sem achados anormais,
recomenda-se a avaliação do canal endocervical, caso negativa ou o escovado endocervical
mantenha ASC-US, a mulher deverá ser seguida na UBS com novos exames citopatológicos a
cada 6 meses (nas mulheres com 30 anos ou mais) ou anual (nas mulheres com menos de 30
anos) e até 2 exames consecutivos negativos, realizar rastreamento com 3 anos
Considerando-se a baixa prevalência de doença pré-invasiva e câncer nas mulheres com
citologia de ASC-US, o tratamento é baseado no aspecto colposcópico.
Células escamosas atípicas de significado indeterminado, quando não se pode excluir lesão
intraepitelial de alto grau: Recomendam o encaminhamento para a colposcopia, considerando o
maior risco de presença de lesões intraepiteliais ou mesmo invasora em mulheres com diagnóstico
citopatológico ASC-H.
Tanto nos casos especiais (HIV, gestantes, <24 anos) e normais, que sejam sugestivos de NIC II/III,
deve-se realizar biopsia.
Células atípicas de origem indefinida, possivelmente não neoplásicas ou células atípicas de origem
indefinida, quando não se pode afastar lesão de alto grau: devem ser encaminhadas para a unidade
secundária para investigação.
É recomendável a avaliação dos demais órgãos pélvicos com exame de imagem
Nas acima de 35 anos, está recomendada a avaliação endometrial.
Em caso de colposcopia com JEC visível ou não, com achados sugestivos de lesão intraepitelial
ou câncer, realizar biópsia.
Caso não existam achados colposcópicos anormais ou o diagnóstico histopatológico da biópsia
seja negativo ou compatível com NIC I, uma nova citologia deverá ser obtida em 6 meses na
unidade secundária e a mulher deverá retornar à unidade básica após duas citologias negativas.
Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau: Deve-se repetir o exame citopatológico em 6 meses na
unidade de atenção básica.
Processos infecciosos ou atrofia genital identificados devem ser tratados antes da nova coleta.
Se a citologia de repetição for negativa em dois exames consecutivos, a paciente deve retornar
à rotina de rastreamento citológico a cada 3 anos
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Se uma das citologias subsequentes no período de um ano for positiva, encaminhar à unidade
de referência para colposcopia.
À colposcopia, se presentes achados anormais no colo do útero, deve-se realizar a biópsia e se
presente NIC II/III ou câncer, deve-se seguir conduta específica.
Lesão intraepitelial escamosa de alto grau: deve-se encaminhar à unidade de referência para
realização de colposcopia.
Lesão intraepitelial de alto grau não podendo excluir micro invasão ou carcinoma epidermoide
invasor: Devem ser encaminhadas à unidade secundária para colposcopia e nos casos de colposcopia
com achados sugestivos de invasão, realizar biópsia.
Nos demais casos, a mulher deverá ser submetida a um procedimento excisional
Quando o resultado da biópsia for compatível com NIC I, II ou III e JEC visualizada, deverá ser
realizada excisão conforme o tipo de ZT.
A mulher com diagnóstico de carcinoma microinvasor deverá ser encaminhada para unidade
terciária (alta complexidade) numa das seguintes situações
Seguimento após tratamento conservador de carcinoma micro invasor do colo uterino: Mulheres
tratadas conservadoramente para carcinoma microinvasor do colo uterino devem ser acompanhadas
como as mulheres tratadas para NIC II/III e maior risco de recorrência.
Adenocarcinoma in situ e invasor: deve-se encaminhadar para colposcopia na atenção secundária (A).
Essas pacientes terão indicação de excisão tipo 3, exceto se, à colposcopia, forem observados achados
sugestivos de invasão. Nessa situação, a biópsia deve ser realizada.
É recomendável a avaliação endometrial em pacientes com 35 anos ou mais (A). Abaixo dessa
idade, a investigação endometrial deverá ser realizada se presente sangramento uterino
anormal ou condições sugestivas de anovulação crônica.
O resultado de AIS no espécime de excisão indica a histerectomia simples (A), exceto nas
pacientes com prole incompleta, para as quais a conização poderá ser considerada suficiente.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Fatores de risco: estão relacionados à vida reprodutiva da mulher, como menarca precoce,
nuliparidade, idade da primeira gestação a termo acima dos 30 anos, anticoncepcionais orais,
menopausa tardia e terapia de reposição hormonal. Além desses, a idade continua sendo um dos mais
importantes fatores de risco. O câncer de mama é raro antes dos 35 anos, crescendo rápida e
progressivamente com a idade, sendo descoberto, principalmente, entre 40 e 60 anos. Há referência
de que a doença vem atingindo um maior número de mulheres jovens.
Em relação a hereditariedade, são fatores de risco bem estabelecidos a presença de um ou
mais parentes de primeiro grau com câncer de mama antes dos 50 anos, um ou mais parentes de
primeiro grau com câncer bilateral ou câncer ovariano em qualquer idade, parente com câncer de
mama masculino, câncer e/ou doença mamária benigna prévios.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Fisiopatologia: O câncer de mama é um tumor maligno que se desenvolve nos seios, quando as células
adquirem características anormais, células dos lobos mamários, células produtoras de leite ou dos
ductos por onde é drenado o leite, podem causar uma ou mais mutações no material genético da
célula. Podem ocorrer alterações nos genes que passam a receber informações erradas para suas
atividades. Essas alterações podem ocorrer em genes chamados protooncogenes, inativos em células
normais, transformando-os em oncogênes, responsáveis pela cancerização de células normais. As
células cancerizadas multiplicam-se de maneira descontrolada, acumulam-se formando tumor, e
invadem o tecido vizinho. O processo é em geral lento, podendo levar vários anos para que uma célula
prolifere e dê origem a um tumor palpável. Esse processo é composto de vários estágios, quais sejam:
estágio de iniciação, onde os genes sofrem ação de fatores cancerígenos; estágio de promoção, onde
os agentes oncopromotores atuam na célula já alterada; e estágio de progressão, caracterizada pela
multiplicação descontrolada e irreversível da célula. O tempo médio para ocorrer a duplicação celular,
no câncer de mama, é de 100 dias. O tumor pode ser palpável quando atinge 1 centímetro de diâmetro.
Uma esfera de 1cm contém aproximadamente 1 bilhão de células que é o resultado de 30 duplicações
celulares. Portanto, uma célula maligna levará 10 anos para se tornar um tumor de 1cm.
Quadro clínico do câncer de mama: 80% dos cânceres se manifestam como um tumor indolor. Apenas
10% das pacientes queixam-se de dor, sem a percepção do tumor. Quando presente, os principais
sinais e sintomas de câncer de mama são nódulo na mama e/ou axila, dor mamária e alterações da
pele que recobre a mama, como abaulamentos ou retrações com aspecto semelhante à casca de
laranja. Os cânceres de mama localizam-se, principalmente, no quadrante superior externo, e em
geral, as lesões são indolores, fixas e com bordas irregulares, acompanhadas- de alterações da pele
quando em estádio avançado.
Elisangela da Silva
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Elisangela da Silva
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CARCINOMA DE ENDOMÉTRIO_________________________________________________________
É definido como uma transformação maligna do endométrio. Está relacionado com o estímulo
estrogênico sem oposição. Ou seja, em qualquer situação onde se tenha muito estrogênio, sem
oposição de progestágeno, teremos hiperplasia endometrial, processo onde ocorrem mais ciclos
celulares, com maiores chances de ocorrerem mutações e de que essas mutações sejam passadas
pelas fases de desenvolvimento do câncer.
A obesidade é um enorme fator de risco para o desenvolvimento de hiperplasias endometriais,
devido a conversão periférica de colesterol em estrógeno, ou seja, quanto mais tecido adiposo, mais
estrógeno circulante a paciente tem.
Menarca precoce e menopausa tardia também estão relacionadas com o desenvolvimento do
carcinoma de endométrio, uma vez que a paciente terá mais contato com o estímulo estrogênico, ou
seja, mais tempo na menacme, mais tempo realizando ciclos menstruais, culminando em maior tempo
com o endométrio proliferando.
As terapias hormonais são um fator de risco por causa da exposição, de maneira exógena e
exagerada, ao estrógeno, levando a uma hiperestimulação endometrial.
A síndrome dos ovários policísticos também é um fator de risco porque a paciente não produz
progesterona de maneira suficiente, ou seja, o endométrio fica sendo estimulado continuamente pelo
estrógeno, sem o contrabalanço do progestágeno.
A Síndrome de Lynch é uma mutação nos genes MLH1 e MSH2 que acaba impedindo a ação
das enzimas de reparo do DNA, pelo mau funcionamento das mesmas. Dessa forma, células com mau
funcionamento não são reparadas e algumas mutações podem ser passadas adiante.
O uso de tamoxifeno é um fator de risco, pois este é um medicamento que se liga aos
receptores de estrógeno no útero, estimulando-os. A idade avançada sempre é um fator de risco por
estar relacionada a maiores erros no ciclo celular devido ao envelhecimento da célula.
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Caso a paciente tenha o diagnóstico de neoplasia endometrial, essa neoplasia deve ser diferenciada
dentre os tipos histológicos:
Tipo 1 – Adenocarcinoma endometrioide: É o tipo histológico mais comum, correspondendo entre 75%
a 80% dos casos. A sua variante mais comum é a diferenciação escamosa. Esse tumor está relacionado
ao hiperestrogenismo e sua lesão precursora é a hiperplasia atípica.
Tipo 2 – Carcinoma seroso ou de células claras: O adenocarcinoma serosopapilífero soma 10% dos
casos e o de células claras 4%. São menos comuns e assemelham- se aos do ovário e tuba uterina,
podendo apresentar disseminação peritoneal. Esses tumores estão associados a mutação genética
p53, ocorrem em mulheres mais velhas, e frequentemente são diagnosticados em estágios mais
avançados, apresentando pior prognóstico.
Ainda existem outros três tipos histológicos, que são ainda mais raros:
• Mucinosos
• Escamosos
• Indiferenciados
Elisangela da Silva
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Exames que não são considerados para o estadiamento, mas podem ser realizados para planejamento
terapêutico: USG, TC, RNM, PET-TC, cintilografia óssea, laparoscopia, dosagem de ca-125
*exames a serem solicitados de acordo com os sintomas e sinais clínicos
A coleta da colpocitologia cervical, exames hematológicos e realização de raio-X do tórax são
medidas rotineiras. Na suspeita de invasão vesical ou retal indica-se a cistoscopia e
retossigmoidoscopia com realização de biópsia. Se os paramétrios e a vagina não apresentarem
invasão neoplásica, indica-se o estadiamento cirúrgico de acordo com a Federação Internacional de
Ginecologia e Obstetrícia (FIGO).
O tratamento das hiperplasias endometriais é feito a base de hormônios ou cirurgias. Não
estamos falando de cirurgia oncológica, mas sim de uma cirurgia preventiva, para que a paciente não
fique sendo hiperestimulada e não apresente fator de risco para o desenvolvimento de neoplasia.
Elisangela da Silva