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1 Nathalia Amaral – Pediatria

Parasitoses, Diarreia e Dor Abdominal da Criança


 Início gradual, com dores abdominais
Amebíase em cólica e aumento da frequência de
evacuações (seis a oito/dia);
 Na maioria dos indivíduos infectados,
 A diarreia frequentemente está
a E. histolytica parasita a luz do trato
associada a tenesmo;
gastrointestinal e causa poucos
 Fezes heme-positivas (não são
sintomas ou sequelas na maior parte
grosseiramente sanguinolentas);
dos indivíduos infectados.
 Sinais e sintomas constitucionais
 As duas formas mais comuns de
generalizados ausentes;
doença causada pela E. histolytica são
 Afeta todas as idades (incidência maior
a colite amebiana, com invasão
em crianças de 1 a 5 anos);
parasitária da mucosa intestinal, e o
 A colite amebiana grave em lactentes e
abcesso hepático amebiano, com a
crianças pequenas tende a ser
disseminação dos parasitas para o
rapidamente progressiva,
fígado
extraintestinal, alta mortalidade;
ETIOLOGIA  Disenteria amebiana = desidratação e
distúrbios eletrolíticos
Entamoeba Histolytica
ABSCESSO HEPÁTICO AMEBIANO:
 Ingestão de cistos
 Cistos são resistentes à acidez gástrica  Em crianças, a febre é o principal
 Formam trofozoítos (intestino delgado) marcador, sendo frequentemente
 Organismos moveis acompanhada de dor abdominal,
 Colonizam intestino grosso distensão e aumento doloroso do
fígado.
 Podem invadir o revestimento mucoso
 Podem também estar presentes
 Trofozoítos degeneram rapidamente
alterações na base do pulmão direito,
fora do corpo
como elevação do diafragma e
EPIDEMIOLOGIA atelectasias ou derrame.

 As duas formas mais comuns de DIAGNÓSTICO


doença causada pela E. histolytica são:
 Sintomas compatíveis
 Colite amebiana - Invasão da mucosa
 Detecção dos antígenos nas fezes ->
intestinal
três exames aumentam a sensibilidade
 Abcesso hepático amebiano -
(excreção de cistos intermitente)
Disseminação para o fígado
 Teste sorológico positivo = diagnóstico
 Terceira maior causa de óbito por
preciso
infecção parasitária no mundo
 Diagnóstico diferencial -> colites
 4% e 10% dos indivíduos infectados
bacterianas, por micobactérias e virais;
desenvolvem colite amebiana
causas não infecciosas (doença
 Menos de 1% dos indivíduos
intestinal inflamatória)
desenvolve doença disseminada
COMPLICAÇÕES
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
 Colite necrosante aguda
 Infecção assintomática em cerca de
 Megacolón tóxico
90% dos casos
 Peritonite
COLITE AMEBIANA:  Propagação extraintestinal
 Perfuração local
 Pode ocorrer em um período de duas
 Ameboma
semanas ou meses pós-infecção;
TRATAMENTO
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Colite Amebiana – Doses Pediátricas intestinal e se transformam em cistos


ovais que contêm quatro núcleos
 Nitroimidazol
 Saem nas fezes
 Metronidazol: 35-50 mg/kg/dia em 3
 Podem permanecer na agua por até
doses por 7 a 10 dias, ou
dois meses
 Tinidazol: 50mg/kg uma vez ao dia
por 3 dias (tratamento mais curto com EPIDEMIOLOGIA
menos efeitos adversos)
 Agente etiológico frequentemente
Amebicida luminal identificado em surtos associados à
água potável (água contaminada com
 Paromomicida: 25-35 mg/kg/dia em 3 cistos);
doses por 7 dias
 A prevalência da giardíase é alta
PROGNÓSTICO durante a infância (declina após
adolescência);
A maior parte das infecções evolui para o  O pico sazonal coincide com o verão
estado de portador assintomático ou para (uso de piscinas comunitárias por
erradicação. crianças mais novas);
PREVENÇÃO  A fervura é eficaz para inativar os
cistos;
O controle da amebíase pode ser alcançado  A disseminação pessoa a pessoa
com a implantação de medidas sanitárias também ocorre particularmente em
apropriadas e da prevenção da transmissão áreas com baixos padrões de higiene,
fecal-oral. contato fecal-oral frequente e
aglomerações.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Giardíase
 Período de incubação = duas semanas;
 Crianças expostas:
 Excreção assintomática do parasita
 Diarreia infecciosa aguda (limitada) –
com ou sem febre baixa, náusea e
anorexia
 Diarreia crônica (falha de crescimento,
 Manifestações clínicas, que vão desde dor abdominal e cólica
a colonização assintomática até  Vários graus de má absorção
diarreia aguda ou crônica e má
 Inicialmente, as fezes podem ser
absorção profusas e aquosas e depois se tornam
ETIOLOGIA gordurosas, com odor fétido, e podem
flutuar na água.
 Protozoário flagelado que infecta o  As fezes não contém sangue, muco nem
duodeno e o intestino delgado leucócitos.
 Infecta os seres humanos após a
ingestão de quantidades mínimas DIAGNÓSTICO
como 10-100 cistos  Deve ser suspeitada em crianças com
 Cada cisto ingerido produz dois diarreia aguda não disentérica,
trofozoítos no duodeno diarreia persistente, diarreia
 Os trofozoítos colonizam a luz do intermitente e constipação, má
duodeno e do jejuno proximal, onde se absorção, dor abdominal crônica em
ligam à borda em escova das células cólicas e sensação de plenitude
epiteliais intestinais e se multiplicam gástrica, e falha de crescimento ou
por divisão binária divisão binária perda de peso.
 Se desligam do epitélio - deslocam-se  Exames das fezes com testes
caudalmente ao longo do trato imunoenzimáticos (EIA) ou de
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anticorpos fluorescentes diretos para  O hemograma geralmente está normal.


os antígenos da Giardia são os exames
TRATAMENTO
de escolha na maioria das situações.

PROGNÓSTICO  Ovos desenvolvem embriões


 Embriões infectantes – 5 a 10 dias
 Apesar do tratamento adequado, os
 Vermes adultos vivem12 a 18 meses
sintomas podem ser recorrentes em
alguns pacientes, nos quais a infecção EPIDEMIOLOGIA
não consegue ser documentada;
Ocorre globalmente;
 A combinação de medicamentos pode
beneficiar pacientes com infecção  É a helmintíase humana mais
persistente por Giárdia após a terapia prevalente no mundo;
com único fármaco.  Mais comum em áreas tropicais, onde
PREVENÇÃO as condições ambientais são favoráveis
para a maturação dos ovos no solo;
 Lavagem das mãos após qualquer
contato com fezes (especialmente Fatores ligados a prevalência:
cuidadores de crianças que usam  Baixas condições socioeconômicas
fraldas, em creches e pré-escolas, onde  Uso de fezes humanas como
a diarreia é comum e as taxas de fertilizante
portadores de Giardia são altas);  Incidência mais alta em crianças pré́-
 Purificação adequada da água. escolares ou em escolares jovens;
 Os ovos de Ascaris podem permanecer
viáveis entre 5 °C e 10 °C por até dois
Ascaridíase anos.
PATOGÊNESE
 Áscaris lumbricoides
 Os ovos de Ascaris chocam no intestino
delgado após a ingestão pelo
hospedeiro humano.
 As larvas são liberadas, penetram na
parede intestinal e migram para os
pulmões pela circulação venosa.
 Os parasitas causam então a
ascaridíase pulmonar, à medida que
invadem os alvéolos e migram pelos
brônquios, traqueia e faringe.
 Formas adultas habitam o intestino  Subsequentemente são deglutidos e
delgado retornam ao intestino, onde
 Expectativa de vida de 10 a 24 meses amadurecem até se tornarem vermes
 Fêmea pode produzir 200.000 ovos por adultos.
dia  A fêmea do Ascaris começa a depositar
 Ovos eliminados nas fezes ovos em oito a 10 semanas.
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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS  O citrato de piperazina (75 mg/kg/dia


por dois dias, com dose máxima de 3,5
 Maioria das pessoas tem carga
g/dia), que provoca paralisia
parasitária leve ou moderada e não
neuromuscular no parasita e sua
apresenta qualquer sinal ou sintoma
rápida expulsão, é o tratamento de
 A migração de larvas através dos
escolha para a obstrução intestinal ou
tecidos pode provocar sintomas
biliar;
alérgicos, febre, urticária e doença
 Uma cirurgia pode ser necessária nos
granulomatosa;
casos de obstrução grave.
 Manifestações pulmonares (sintomas
respiratórios como tosse e dispneia); PREVENÇÃO
 Larvas podem ser observadas no
Melhoria das condições sanitárias, rede de
escarro;
esgoto, a interrupção da prática de usar fezes
 A complicação mais grave ocorre
humanas como fertilizante e a educação
quando uma grande massa de vermes
sanitária são as medidas preventivas mais
leva à obstrução intestinal aguda;
eficazes em longo prazo.
 Crianças com infecções maciças podem
apresentar vômitos, distensão
abdominal e cólicas intensas;
 Em alguns casos, os vermes podem ser Enterobíase
eliminados nos vômitos ou nas fezes.
 Os Ascaris adultos ocasionalmente  A causa da enterobíase ou infecção por
migram para o interior dos ductos oxiúrus (oxiuríase) é o Enterobius
biliar e pancreático, causando vermicularis
colecistite ou pancreatite.  Branco, semelhante a um fio ou com
 A migração de vermes através da forma cilíndrica, que habita o ceco, o
parede intestinal pode levar à apêndice e áreas adjacentes ao íleo e
peritonite. cólon ascendente.
DIAGNÓSTICO  Fêmeas grávidas migram à noite para
as regiões perianais e perineais, onde
 O exame microscópico das fezes pode depositam mais de 15.000 ovos
ser usado para o diagnóstico em razão  Os ovos formam embriões em seis
do alto número de ovos excretados pel horas e permanecem viáveis por 20
 as fêmeas adultas dias.
 É necessário um alto índice de  A infecção humana ocorre pela via
suspeita, dentro de um contexto clínico fecal-oral, tipicamente através da
apropriado, para fazer o diagnóstico de ingestão de ovos embrionados que são
ascaridíase pulmonar ou obstrução do transportados em unhas, roupas,
trato gastrointestinal. roupa de cama ou poeira domiciliar.
 A ultrassonografia de abdome é capaz  Após a ingestão, as larvas
de visualizar vermes adultos na luz amadurecem para formar vermes
intestinal. adultos em 36 a 53 dias.
TRATAMENTO
Ascaridíase gastrointestinal: EPIDEMIOLOGIA
 Albendazol - 400 mg, VO, dose única,  A infecção surge principalmente em
para todas as idades; instituições ou em ambientes
 Mebendazol - 100 mg duas vezes ao familiares que incluam crianças.
dia, VO, por três dias ou 500 mg, VO,  A prevalência de infecção por oxiúrus é
em dose única para todas as idades; mais elevada em crianças de cinco a 14
 Pamoato de pirantel - 11 mg/kg, VO, anos de idade. É comum nas áreas
em dose única; onde crianças vivem, brincam e
dormem juntas e muito próximas,
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facilitando assim a transmissão dos  O tratamento com dose oral única de


ovos. mebendazol (100 mg, VO, para todas
 Considerando-se que o período de vida as idades) repetida em duas semanas
do verme adulto é curto, o parasitismo resulta em taxas de cura de 90% a
crônico deve-se provavelmente a ciclos 100%.
repetidos de reinfecção.  Tratamentos alternativos incluem dose
 Autoinoculação pode acontecer em oral única de albendazol (400 mg, VO,
indivíduos que habitualmente colocam para todas as idades) repetida em duas
seus dedos na boca. semanas ou dose única de pamoato de
pirantel (11 mg/kg, VO, máximo: 1 g).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
 O banho matinal remove uma grande
 A infecção por oxiúrus é inócua e parte dos ovos.
raramente causa problemas médicos  A troca frequente de roupas íntimas, de
graves. dormir e de cama diminui a
 As queixas mais comuns incluem contaminação ambiental com ovos,
prurido e sono inquieto secundário ao podendo reduzir o risco de
prurido perianal noturno. autoinfecção.
 A causa precisa e a incidência do PREVENÇÃO
prurido são desconhecidas, mas pode
estar relacionado à intensidade da  As pessoas que vivem na casa devem
infecção, ao perfil psicológico do ser tratadas ao mesmo tempo que o
paciente infectado e de sua família, ou indivíduo infectado.
a reações alérgicas ao parasita.  Tratamentos repetidos a cada três ou
 A eosinofilia não é observada na quatro meses podem ser necessários
maioria dos casos, porque não há em circunstâncias de exposição
invasão tecidual. repetida, como acontece com as
 A migração aberrante para locais crianças institucionalizadas.
ectópicos pode levar ocasionalmente à  Uma boa higiene das mãos é o método
apendicite, salpingite crônica, mais eficaz de prevenção.
peritonite, hepatite e lesões ulcerativas
no intestino delgado ou grosso. Tricuríase
DIAGNÓSTICO ETIOLOGIA
 Um histórico de prurido perianal  Trichuris trichiura, verme cilíndrico,
noturno em crianças sugere que habita o ceco e o cólon ascendente
fortemente uma enterobíase. de seres humanos.
 O diagnóstico definitivo: identificação  Os principais hospedeiros são os
de ovos ou vermes adultos do parasita. humanos, que adquirem a infecção
 O exame microscópico com o uso de ingerindo ovos embrionados, em forma
fita adesiva de celofane pressionada de barril
contra a região perianal no início da  As larvas escapam da casca no
manhã frequentemente demonstra os intestino delgado superior e penetram
ovos os vilos intestinais.
 Os exames de fezes de rotina  Em três meses inicia a deposição de
raramente demonstram os ovos de ovos
Enterobius.  Ovo serão excretados nas fezes e
TRATAMENTO embrionados

 Drogas anti-helmínticas devem ser EPIDEMIOLOGIA


administradas aos pacientes  Comum em comunidades rurais com
infectados e aos membros de sua instalações sanitárias inadequadas e
família. solo contaminado com fezes humanas
ou de animais.
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 A taxa mais elevada de infecção ocorre  Apenas os vermes adultos fêmeas


em crianças entre cinco e 15 anos de habitam o intestino delgado
idade.  Reprodução no intestino e liberação de
 A infecção se desenvolve após a ovos com larvas
ingestão de ovos embrionados, por  Larvas se diferenciam em vermes
contaminação direta das mãos, adultos de vida livre
alimentos (frutas e legumes crus  As larvas podem transformar – se em
fertilizados com fezes humanas) ou infecciosas
bebidas.  Larvas penetram na pele e passam
 A transmissão também pode ocorrer para circulação venosa -> entram nos
indiretamente através de moscas ou pulmões, migram pela árvore
outros insetos. brônquica e são deglutidas
 Fêmeas desenvolvem-se no intestino
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
delgado
 A maioria das pessoas abriga uma  Os seres humanos são geralmente
carga baixa de vermes e não apresenta infectados através do contato da pele
sintomas. com o solo contaminado com larvas
 Alguns indivíduos podem apresentar infecciosas.
um histórico de dor no quadrante  A colocação dos ovos começa cerca de
inferior direito ou na região 28 dias após a infecção inicial.
periumbilical.
EPIDEMIOLOGIA
 As manifestações clínicas incluem
disenteria crônica, prolapso retal,  Condição ambiental apropriada (solo
anemia, retardo de crescimento, assim seco e úmido)
como déficits cognitivos e do  Cães e gatos podem ser reservatório
desenvolvimento.  Indivíduos podem ficar infectados por
 Não há eosinofilia significativa, embora décadas
uma porção do corpo dos parasitas
esteja inserida na mucosa do intestino PATOGÊNESE
grosso.  A resposta imune inicial do hospedeiro
DIAGNÓSTICO contra esta infecção é a produção de
IgE e eosinofilia no sangue e nos
Esfregaços de fezes frequentemente revelam o tecidos, o que presumivelmente evita a
ovo característico em forma de barril do T. disseminação e a hiperinfecção no
trichiura. hospedeiro imunocompetente
TRATAMENTO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
 Medicamentos de primeira linha:  Sintomas correlacionados aos três
Albendazol 400 mg, VO, 1 x/dia por 3 estágios de infecção: invasão da pele,
a 7 dias OU Mebendazol 100 mg, migração das larvas através dos
1x/dia por 3 a 7 dias. pulmões e parasitismo do intestino
 Medicamentos de segunda linha: delgado pelos vermes adultos.
Ivermectina 200 mcg/kg, VO, por 3  A larva currens é a manifestação de
dias OU Nitazoxanida 7,5mg/kg/dose uma reação alérgica às larvas
2x/dia por 3 dias. filariformes que migram pela pele,
 A combinação de Albendazol com onde produzem traçados
Ivermectina é o esquema terapêutico urticariformes, tortuosos e
mais utilizado atualmente. pruriginosos
 A doença pulmonar secundária à
migração de larvas através dos
pulmões raramente ocorre e pode se
Estrongiloidíase assemelhar à síndrome de Löffler
 Strongyloides stercoralis. (tosse, sibilos, dispneia e infiltrados
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pulmonares transitórios  Ancylostoma duodenale


acompanhados de eosinofilia).  As larvas infectam os seres humanos
 A estrongiloidíase gastrointestinal é penetrando através da pele (N.
caracterizada por indigestão, dores americanus e A. duodenale) ou quando
abdominais em cólicas, vômitos, são ingeridas (A. duodenale).
diarreia, esteatorreia, enteropatia  Larvas penetram na pele ou são
perdedora de proteína, má nutrição ingeridas
proteíno-calórica e perda de peso.  Larvas que penetram a pele fazem
 Edema do duodeno com pregas migração extraintestinal e são
mucosas irregulares, ulcerações e deglutidas
estenoses pode ser observado  Larvas ingeridas fazem migração
radiologicamente. extraintestinal ou permanecem no TGI
 A síndrome da hiperinfestação é  O Necator americanus, é a causa mais
caracterizada por manifestações comum da ancilostomíase clássica
clínicas exageradas que se  Duodenales possuem dentes
desenvolvem em indivíduos  N. Americanus possuem placas
imunocompetentes sintomáticos cortantes
DIAGNÓSTICO  Podem permanecer 1 a 5 anos no
intestino (produção de ovos)
 É diagnosticada pelo exame das fezes
ou do fluido duodenal em busca das EPIDEMIOLOGIA
larvas características;
 Em razão da necessidade de umidade,
 Nas crianças com síndrome de sombra e calor adequados no solo, a
hiperinfecção, as larvas podem ser infecção encontra-se confinada a áreas
encontradas no escarro, no aspirado rurais, com fezes humanas utilizadas
gástrico e raramente em amostras de como fertilizante ou o saneamento é
biópsia de intestino delgado. inadequado.
TRATAMENTO  Está associada ao subdesenvolvimento
econômico e à pobreza presentes nas
 O tratamento visa à erradicação da regiões tropicais e subtropicais.
infecção;
 Ivermectina - 200 μg/kg/dia, VO, PATOGÊNESE
uma vez por dia, por um a dois dias  Principal morbidade: Perda sanguínea
(droga de escolha); intestinal
 É igualmente eficaz e tem menos  Os ancilostomídeos adultos aderem
efeitos adversos que o tiabendazol tenazmente à mucosa e à submucosa
(tratamento tradicional; do intestino delgado proximal usando
 Os pacientes com a síndrome da seus dentes (ou placas cortantes) e seu
hiperinfecção devem ser tratados com esôfago muscular, que cria uma
ivermectina por 7 a 10 dias e podem pressão negativa em suas cápsulas
necessitar de esquemas repetidos de bucais.
tratamento;  No local da fixação, os ancilostomídeos
 Exames de fezes repetidos são inibem a resposta inflamatória do
necessários para garantir a completa hospedeiro, liberando polipeptídios
eliminação do parasita; anti-inflamatórios.
 Os anticorpos dos Strongyloides  A ruptura de capilares na lâmina
diminuem em até seis meses após o própria é seguida de extravasamento
tratamento bem-sucedido. sanguíneo; parte do sangue é ingerida
diretamente pelos ancilostomídeos
Ancilostomíase
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
ETIOLOGIA
 Crianças intensamente infectadas
 Necator Americanus
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 Deficiencia de ferro -> retardo do  Crianças com ancilostomídeos liberam


crescimento físico e déficits cognitivos ovos que podem ser detectados pelo
e intelectuais exame direto das fezes;
 Anemia  Há métodos quantitativos disponíveis
 Desnutrição proteica para determinar se a criança tem uma
 Dermatite (coceira do solo) -> carga maciça de vermes que pode
exacerbadas por infecções repetidas causar a doença por ancilostomídeo.
 As larvas antropofílicas dos TRATAMENTO
ancilostomídeos causam dermatite,
algumas vezes denominada coceira do  Eliminação dos ancilostomídeos
solo, quando penetram na pele adultos com uma droga anti-
humana. helmíntica.
 A formação de vesículas e edema na  Os anti-helmínticos benzimidazólicos,
coceira do solo são exacerbados por mebendazol e albendazol, são
infecções repetidas. altamente eficazes para eliminar os
 A infecção zoonótica com espécies de ancilostomídeos do intestino
ancilostomídeos, especialmente o A.  Segundo a OMS, as crianças devem ser
braziliense, pode resultar em migração estimuladas a mastigar os
lateral das larvas, causando os comprimidos para evitar sufocamento
traçados cutâneos característicos da ou asfixia.
larva migrans cutânea.
 Subsequentemente ocorre tosse na
infecção pelos ancilostomídeos A.
duodenale e N. americanus, quando as
larvas migram pelos pulmões
causando laringotraqueobronquite,
geralmente uma semana após a
exposição.
 A infecção intestinal pode acontecer
sem queixas gastrointestinais
específicas, embora dor, anorexia e Teníase (Taenia saginata e Taenia solium)
diarreia sejam frequentes;
 O verme adulto da tênia do boi (Taenia
 Uma eosinofilia é frequentemente
saginata) e da tênia do porco (Taenia
notada no contexto da infecção
solium)
assintomática;
 O corpo do verme no estágio adulto é
 Principais manifestações clínicas =
uma série de segmentos planos
perda intestinal de sangue;
(proglótides) conectados, e o segmento
 Crianças com infecções maciças mais anterior (escólex) -> ancora o
apresentam todos os sinais e sintomas
parasita à parede intestinal.
de anemia ferropriva e desnutrição
proteica; EPIDEMIOLOGIA
 Em alguns casos, as crianças com
 Ambas as espécies têm distribuição
doença crônica por ancilostomídeo
mundial;
apresentam uma palidez amarelo-
esverdeada, denominada clorose;  A prevalência em adultos pode não
refletir a prevalência em crianças
 Os lactentes afetados apresentam
pequenas, porque práticas culturais
diarreia, melena, déficit de crescimento
podem determinar o quanto a carne
e anemia profunda.
deve ser bem cozida e quanto deve ser
 A ancilostomíase do lactente apresenta
servido às crianças.
mortalidade significativa
PATOGÊNESE
DIAGNÓSTICO
 Quando as crianças ingerem carne
infectada crua ou malcozida, o ácido
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gástrico e a bile facilitam a liberação do busca de proglótides grávidos nas fezes


escólex imaturo que adere à luz do é um teste sensível (identificação da
intestino delgado; espécie);
 O parasita forma novos segmentos, e  Os ovos, por outro lado, raramente são
após dois a três meses os segmentos encontrados nas fezes e não são
terminais amadurecem, tornam-se capazes de fornecer uma distinção
grávidos e aparecem nas fezes. confiável entre a T. saginata e a T.
solium.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
 Muito raramente causam morbidade
que vá além de sintomas abdominais O prurido anal pode mimetizar os sintomas
inespecíficos; da infecção por oxiúrus ou Ascaris
 Os proglotes dessas tênias podem ser lumbricoides podem ser confundidos com T.
vistos nas fezes ou na roupa de baixo; saginata ou T. solium nas fezes.
 Eles também são móveis e algumas
TRATAMENTO
vezes produzem prurido anal;
 São causas raras de obstrução  As infecções por tênias adultas
intestinal, pancreatite, colangite e respondem ao praziquantel (25 mg/kg,
apendicite. VO, dose única);
 O parasita geralmente é expelido no dia
DIAGNÓSTICO
da administração.
 Identificar a espécie infectante da
PREVENÇÃO
tênia;
 Os portadores de tênias do porco  O cozimento prolongado ou a
adultas têm maior risco de transmitir refrigeração prolongada da carne de
ovos com o estágio intermediário boi e de porco mata os parasitas.
patogênico (cisticerco) para si próprios  O saneamento humano apropriado
ou para os outros; pode interromper a transmissão ao
 Como os proglótides geralmente são evitar a infecção do gado.
eliminados intactos, o exame visual em

Dor Abdominal
INTRODUÇÃO  O tipo e a localização de uma lesão
responsável pela dor podem em geral
 Existe uma variação considerável entre
ser determinados a partir da descrição
as crianças na sua percepção e
clínica
tolerância para a dor abdominal ->
 Dois tipos de fibras nervosas
razão pela qual a avaliação da dor
transmitem o estimulo doloroso no
abdominal crônica é difícil
abdome
 Criança com dor abdominal funcional
 Fibra A -> na pele e no musculo ->
pode sentir –se tão desconfortável
DOR AGUDA LOCALIZADA
quanto uma com uma causa orgânica
 Fibras C -> vísceras, peritônio e
 Dor abdominal orgânica x dor
musculo -> DOR SURDA E
abdominal não orgânica -> abordagem
LOCALIZAÇÃO PRECÁRIA
do tratamento
 Estas fibras aferentes dos corpos
 Crescimento normal -> exame físico
celulares localizados nos gânglios da
sem alterações -> são constatações
raiz dorsal e alguns axônios cruzam a
importantes em criança com suspeita
linha média e sobem para a medula,
de dor funcional
mesencéfalo e tálamo
10 Nathalia Amaral – Pediatria

 Dor -> giro pós – central -> recebe o Ela pode ser relatada em diversas
impulsos de ambos os lados do corpo intensidades e em qualquer delas deve
 No intestino, o estimulo usual que ser valorizada.
provoca a dor é a tensão ou distensão o A dor abdominal aguda é uma
 As lesões inflamatórias podem reduzir manifestação clínica de uma
o limiar da dor diversidade de patologias.
 Os metabolitos teciduais, liberados o A anamnese e o exame físico cuidadoso
próximos as terminações nervosas, são fundamentais
provavelmente são responsáveis pela
ANAMNESE
dor causada pela isquemia
 A percepção destes estímulos  As informações dos pais ou
dolorosos pode ser modulada pelos responsáveis são essenciais para
estímulos de origem cerebral e colaborar com o diagnóstico.
periférica  A caracterização da dor é importante,
 Os fatores psicológicos são porém nem sempre possível em
particularmente importantes Pediatria.
DOR QUE SUGRE ETIOLOGIA ORGÂNCA Algumas doenças:
POTENCIALMENTE GRAVE
 Apendicite;
 < 5 anos, febre, perda de peso  Pancreatite;
 Dor nas costas ou no flanco ou em um  Intussuscepção;
local diferente do umbigo  Torção de ovário;
 VHS, leucócitos ou PCR elevados
 Peritonte;
 Vomito biliosos ou sanguinolento
 Gastrite.
 Acordar com dor
 Anemia, edema
 Icterícia, hepatoesplenomegalia
 Dor que irradia para virilha, ombro ou
costas
 Forte história familiar de doença
inflamatória intestinal ou doença
celíaca

DOR ABDOMINAL AGUDA

o São consideradas agudas aquelas


dores abdominais que se iniciaram a
menos de três meses.
o Pode ser uma dor única ou recorrente,
ANAMNESE
quando o paciente apresenta mais de
três episódios neste período.
11 Nathalia Amaral – Pediatria

EXAME FÍSICO
 A dor abdominal aguda é um sintoma muitas vezes inespecífico.
 Dores difusas, mal localizadas e intensas estão relacionadas a quadros mais graves de
infecção abdominal.
 Inspeção (assimetria, abaulamentos);
 Ausculta (ruidos hidroaéreoas diminuidos ou aumentados);
 Palpação superficial e profunda;
 Percussão (sons timpânicos e maciços).
 Irritação peritonial: Sinal de Bloomberg (ponto de McBurney);
 Sinal de Rovsing; Sinal do Obturador.
EXAMES COMPLEMENTARES

 Exames laboratoriais são utilizados para auxiliar no diagnóstico ou no seguimento dos


quadros em observação (leucograma, TGO, TGP, amilase, lipase)
Exames de imagem

 RX (evidencia a distribuição de gases pelo trato gastrointestinal; nos casos de ingestão de


corpo estranho radiopaco);
 US (é utilizada na suspeita de líquido livre na cavidade abdominal; localizar e caracterizar
massas abdominais);
 TC (avaliação da parede abdominal e toda a cavidade abdominal, incluindo vísceras
parenquimatosas e ocas; contraste oral e endovenoso ajuda na avaliação de estruturas
vasculares).

Causas de Dor Abdominal Aguda:


 Causas relacionadas a trauma;
 Causas com urgência cirúrgica;
 Causas abdominais não cirúrgicas;
 Causas extra-abdominais.
12 Nathalia Amaral – Pediatria

ANALGESIA
13 Nathalia Amaral – Pediatria

DOR ABDOMINAL CRÔNICA

 ORGÂNICAS: 5 a 10% - febre, vômitos, sangue nas fezes, histórico de ITU ou mais de três
sinais de alarme
 Gastrointestinal, genitourinária, metabólica, musculoesquelética, neurológica, outras...

EXAME FÍSICO: emagrecimento ou falta de  Constipação,


crescimento; icterícia; dor costovertebral ou  Esofagite eosinofílica,
dor nas costas com sintomas neurológicos  Doença da vesícula biliar,
nos membros inferiores; aumento do fígado,  Gastroenterite / colite,
baço ou rim; uma massa abdominal; ou  Doença do refluxo gastroesofágico,
sensibilidade localizada no exame abdominal.  Infecção por Helicobacter pylori,
 Hérnia de hiato,
GASTROINTESTINAL:  Doença inflamatória intestinal,
 Doença celíaca,  Síndrome do intestino irritável,
 Gastrite química,  Pancreatite,
14 Nathalia Amaral – Pediatria

 Úlcera péptica OUTRAS:

GENITOURINÁRIA:  Febre familiar do Mediterrâneo


 Alergia alimentar mediada por
 Endometriose,
imunoglobulina E
 Hímen imperfurável
 Envenenamento por chumbo
 Cólicas menstruais,
 Linfoma
 Mittelschmerz,
 Abscesso / tumor peritoneal
 Cisto no ovário,
 Pneumonia
 Doença inflamatória pélvica,
Poliarterite nodosa / vasculite
 Infecção recorrente do trato urinário,
 Doença falciforme
 Dor testicular,
 Obstrução da junção ureteropélvica, IMAGEM:
 Urolitíase / cálculo renal
 RX (obstrução e constipação);
METABÓLICA:  USG (investigar: icterícia, febre
persistente, sintomas urinários, perda
 Crise adrenal, de peso acentuada, dor lombar ou em
 Cetoacidose diabética, flanco, vômito, exame abdominal
 Porfiria alterado, dor fora da linha média,
MUSCULOESQUELÉTICA: sangramento gastrintestinal);
 Esofagogastroduodenoscopia
 Compressão do nervo cutâneo anterior (esofagite por refluxo, esofagite
eosinofílica, gastroenterite eosinofílica,
NEUROLÓGICA: infecção por H. pylori, doença celíaca,
 Tumor espinhal úlcera péptica, hérnia hiatal, esofagite
 Mielite transversa erosiva, doença de Crohn, gastrite
química)
15 Nathalia Amaral – Pediatria

NÃO ORGÂNICAS: Síndrome de dor abdominal funcional

 Dor abdominal funcional não especificada


 Síndrome do intestino irritável
 Dispepsia funcional
 Enxaqueca abdominal
DIAGNÓSTICO

TRATAMENTO

 Tranquilizar pais e criança


 Evitar “ganho secundário”
 Detecção de fatores psicológicos (bullying, abuso, violência)
 Pro-biótico + pré-biótico + terapia
16 Nathalia Amaral – Pediatria

Diarreias
 A diarreia pode ser definida pela ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas ou
líquidas nas últimas 24 horas. A diminuição da consistência habitual das fezes é um dos
parâmetros mais considerados. Na diarreia aguda ocorre desequilíbrio entre a absorção e a
secreção de líquidos e eletrólitos e é um quadro autolimitado
 Diarreia aguda aquosa: diarreia que pode durar até 14 duas e determina perda de grande
volume de fluidos e pode causar desidratação. Pode ser causada por bactérias e vírus, na
maioria dos casos.
 A desnutrição eventualmente pode ocorrer se a alimentação não é fornecida de forma
adequada e se episódios sucessivos acontecem
 Diarreia aguda com sangue (disenteria): é caracterizada pela presença de sangue nas
fezes. Representa lesão na mucosa intestinal. Pode associar-se com infecção sistêmica e
outras complicações, incluindo desidratação. Bactérias do gênero Shigella são as principais
causadoras de disenteria
 Diarreia persistente: quando a diarreia aguda se estende por 14 dias ou mais. Pode
provocar desnutrição e desidratação. Pacientes que evoluem para diarreia persistente
constituem um grupo com alto risco de complicações e elevada letalidade

AVALIAÇÃO CLÍNICA

 A anamnese da criança com doença diarreica deve contemplar os seguintes dados:


 Duração da diarreia
 Número diário de evacuações
 Presença de sangue nas fezes
 Número de episódios de vômitos
 Presença de febre ou outra manifestação clínica
 Práticas alimentares prévias e vigentes
 Outros casos de diarreia em casa ou na escola
 Deve ser avaliado, também a oferta e o consumo de líquidos, além do uso de medicamentos
e o histórico de imunizações
 É importante, também, obter informação sobre a diurese e peso recente, se conhecido
AVALIAÇÃO DO ESTADO DE
HIDRATAÇÃO PARA
CRIANÇAS COM DOENÇA
DIARREIA
17 Nathalia Amaral – Pediatria

TRATAMENTO

 Se o paciente está com diarreia e está hidratado deverá ser tratado com o Plano A. Se está
com diarreia e tem algum grau de desidratação, deve ser tratado com o Plano B. Se tem
diarreia e está com desidratação grave, deve ser tratado com o Plano C. É fundamental para
o tratamento adequado a reavaliação pediátrica contínua.
 Plano A: tratamento no domicílio. É obrigatório aumentar a oferta de líquidos, incluindo o
soro de reidratação oral (reposição para prevenir a desidratação) e a manutenção da
alimentação com alimentos que não agravem a diarreia

 O PLANO B DEVE SER REALIZADO NA UNIDADE DE SAÚDE


 OS PACIENTES DEVERÃO PERMANECER NA UNIDADE DE SAÚDE ATÉ A REIDRATAÇÃO COMPLETA E REINÍCIO DA
ALIMENTAÇÃO
18 Nathalia Amaral – Pediatria

 AVALIAR O PACIENTE CONTINUAMENTE. SE NÃO HOUVER MELHORA DA DESIDRATAÇÃO,


AUMENTAR A VELOCIDADE DE INFUSÃO

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