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Ciências

8o. ano
Volume 4
Livro
didático 7 Diversidade de animais:
os invertebrados 2

8
O projeto gráfico atende aos objetivos da coleção
de diversas formas. As ilustrações, diagramas
e figuras contribuem para a construção correta Diversidade de animais:
dos conceitos e estimulam um envolvimento
ativo com temas de estudo. Sendo assim, fique os vertebrados 30
atento aos seguintes ícones:

Coloração artificial

Coloração semelhante à natural

Fora de proporção

Formas em proporção

Imagem microscópica

Escala numérica

Fora de escala numérica n


leto
idd
mM
Imagem ampliada k/To
toc
ters
hut
Representação artística ©S
7 Diversidade de animais:
os invertebrados
©Shutterstock: Andrey_Kuzmin/Natalia Kuzmina/Dr Morley Read/Arend Trent/Ian Dyball/FMPortella/Dennis Jacobsen/Vladimir Wrangel/Uwe Bergwitz/
Dobermaraner/SJ Travel Photo and Video/Asrul Aqroni/Erlantz P.R/J. T. Chapman/Aquapix/Aleksei Verhovski; ©Wikimedia Commons/Jonathan Wilkins

O reino dos animais abrange uma grande variedade de indivíduos, incluindo nós, os seres humanos.
De um modo geral, podemos separar os animais em dois grandes grupos: vertebrados e invertebrados.
1. Que características identificam um animal?
2. Você saberia dizer quais são as diferenças entre vertebrados e invertebrados?
3. Observe com atenção as imagens acima e circule os animais invertebrados. Por que você fez essas escolhas?

2
Objetivos
• Caracterizar os animais invertebrados.
• Identificar diferentes grupos de animais invertebrados.
• Associar os invertebrados ao seu modo de vida.
• Compreender a importância ecológica dos invertebrados.

Todos os animais têm células eucarióticas, ou seja, suas células apresentam núcleo celular diferenciado; são
constituídos por várias células; e, também, são organismos heterótrofos, isto é, alimentam-se de outros seres
presentes no ambiente.
Os animais podem ser divididos em dois grupos principais: os invertebrados e os vertebrados.
Vamos iniciar o estudo dos animais pelos invertebrados, estudando inicialmente os poríferos e os cnidários.

Poríferos e cnidários
Os invertebrados fazem parte do grupo mais numeroso e variado de animais. Alguns têm o corpo mole,
outros, uma concha ou um esqueleto externo que os protege, mas todos têm como característica o fato de não
terem vértebras (ossos formadores da coluna vertebral).
Há mais de 600 milhões de anos, o nosso planeta era muito diferente do que conhecemos hoje. Os continen-
tes, os oceanos, a atmosfera, o clima e os seres vivos que existiam aqui eram muito diferentes. Atualmente já se
sabe que os primeiros seres vivos sugiram na água e que os primeiros animais eram aquáticos e invertebrados.

Poríferos
Você já viu uma esponja-do-mar? Esse animal faz parte do filo dos
poríferos, um grupo numeroso, que, na sua maioria, vive em ambien-
O filo dos poríferos é assim chamado
te marinho. As esponjas são organismos sésseis e bentônicos, isto é,
por conter animais que apresentam
vivem fixas e no fundo dos oceanos ou dos rios. Elas têm tamanhos va- diversos poros na superfície do corpo
riados, podendo ser muito pequenas, em formas de tubo, ou grandes, (porífero significa “portador de poros”).
como as esponjas-barril, que podem ter mais de um metro de diâ-
metro. Apresentam várias células (multicelulares) que não formam
tecidos verdadeiros.
As esponjas são animais filtradores, isto é, retiram seu alimento da água que circula pelos seus corpos. Essa
circulação de água é fundamental para esses seres vivos, uma vez que não se locomovem. A circulação da água
e a absorção dos nutrientes por filtração acontecem com a participação de células especializadas, denominadas
coanócitos. A água que entra através dos poros sai por uma abertura maior, chamada de ósculo.
©Shutterstock/Richard Whitcombe

Coanócito
Saída da água Flagelo
via ósculo
Ósculo
Jack Art. 2012. Digital.

Partículas
alimentares
entrando no
coanócito

Água e partículas Poro


alimentares entram Espículas
1,5 m

pelos poros

• Esponja-barril, encontrada em mares tropicais Circulação de água através do corpo de uma esponja. No detalhe,
coanócitos, células que auxiliam na circulação e digestão das esponjas.

3
As esponjas têm textura e rigidez variadas. Seu esqueleto mineral é formado por espículas, que são estrutu-
ras microscópicas entrelaçadas. Também podem apresentar uma rede feita de um material proteico, a espon-
gina. Elas apresentam uma grande capacidade de regeneração, refazendo porções perdidas. O fragmento que
se desprende também pode se regenerar, dando origem a um novo indivíduo.
A reprodução dos poríferos acontece de duas formas: assexuada e sexuada.

A reprodução assexuada ocorre, normalmente, pela formação de um broto que se desenvolve e dá origem a uma nova
esponja (brotamento).

Brotamento Broto

Esponja
Esponja recém-formada
• Reprodução assexuada por
brotamento em uma esponja

Ilustrações: Jack Art. 2012. Digital.


Na reprodução sexuada, os gametas masculinos são
a
lançados na água e seguem até uma esponja fêmea, na larv
o da Óvulo
açã
qual passam pelos poros e se fundem às células para L iber

atingir o óvulo. Indivíduos de algumas espécies formam os Larva


dois tipos de gametas (são hermafroditas). A fecundação Assentamento
dá origem a uma larva, que se locomove com a ajuda de da larva e
transformação
cílios. Essa larva se fixa a um substrato e se desenvolve, Espermatozoides
transformando-se numa esponja adulta.
Esponjas adultas
• Reprodução sexuada nos poríferos

Importância ecológica dos poríferos

©Shutterstock/Photobynorman
Os poríferos são fundamentais para o equilíbrio dos
ambientes aquáticos, pois servem de abrigo, alimento e 1m
local para reprodução de diversos seres vivos, como peixes,
crustáceos e moluscos.
Além disso, as esponjas estabelecem uma relação ecológica
com microalgas em que ambos os organismos se beneficiam.
1m

A esponja fornece proteção às algas, que, em troca, fornecem


nutrientes essenciais à esponja. As cores variadas das esponjas • Moreia-pintada em uma esponja
resultam, muitas vezes, dessa associação com microalgas.
Por filtrarem uma grande quantida-
de de água, as esponjas são sensíveis Os bioindicadores são organismos que respondem às alterações ambien-
à poluição dos ambientes aquáticos, tais, pois a qualidade, a quantidade e o comportamento dos indivíduos,
indicando as condições ambientais do bem como a presença de contaminantes em seus tecidos, podem indicar
local. Por esse motivo, as esponjas são o estado de contaminação do ecossistema, fornecendo informações sobre
a situação ambiental, como os efeitos da poluição do ar, da água ou do
importantes bioindicadores.
solo. Os pesquisadores, ao observarem o comportamento dos bioindica-
dores, podem monitorar as condições ambientais e perceber alterações
nos ambientes. São exemplos de bioindicadores: os poríferos, os liquens,
os insetos, os anfíbios, as bactérias, os corais, etc.

4 8o. ano – Volume 4


Organize as ideias
Áscon Sícon Lêucon
Observe a ilustração ao lado.
O grupo dos poríferos é considerado como o
mais simples entre todos os animais. No entanto,
entre as esponjas-do-mar, existem algumas
que são mais complexas que outras. Você seria
capaz de determinar, entre os tipos de esponjas
apresentadas nas imagens, qual é o mais complexo?
E o mais simples? Justifique as suas respostas.

Cnidários
O filo dos cnidários é representado por águas-vivas, caravelas, anêmonas e corais.
Mesmo sendo invertebrados simples, os cnidários apresentam células organizadas em tecidos, isto é, con-
juntos de células especializadas para realizar determinada função, como o revestimento do corpo. Por apresen-
tarem várias células, organizadas em tecidos verdadeiros, os cnidários são considerados pluricelulares.
O nome “cnidário” deve-se ao fato de Cnidoblasto
que os animais desse grupo apresentam
cnidoblastos (células especializadas)

Ilustrações: Jack Art. 2012. Digital.


no interior dos quais existe uma estru- Filamento
tura, o nematocisto, capaz de produ-
zir uma substância urticante, utilizada
como mecanismo de defesa e captura
Nematocisto
de suas presas.
Por causa deles, os organismos perten-
centes ao filo dos cnidários podem provo- Boca Tentáculos
car queimaduras e irritações também na urticantes

pele humana, como as conhecidas quei- Ao receber o estímulo, ocorre a liberação do nematocisto
maduras por águas-vivas, acidentes mui-
• Localização do cnidoblasto em água-viva e esquema
to comuns em algumas praias brasileiras da ação desse tipo de célula para ataque e defesa
em determinadas épocas do ano.
É comum encontrar caravelas e águas-vivas na areia da praia, trazidas pelas correntes marinhas e pela ação
dos ventos. Como elas têm nematocistos capazes de provocar queimaduras, o recomendável é ter bastante
cuidado ao chegar próximo desses animais, evitando, principalmente, tocar em seus tentáculos. Em algumas
espécies, os nematocistos continuam ativos mesmo após a morte do animal.
Os cnidários alimentam-se de peixes, crustáceos, vermes e outros animais. As presas capturadas pela ação
dos nematocistos têm as partes moles do seu corpo digeridas; as partes mais duras são eliminadas pela boca.
Cnidários como as anêmonas, os corais e as hidras são encontrados fixos a um substrato. Essa forma de vida recebe
o nome de pólipo. Já as águas-vivas são capazes de nadar livremente, sendo essa forma chamada de medusa.
Os pólipos apresentam o corpo em forma tubular, uma
©Shutterstock/Natalia Kuzmina

de suas extremidades é fechada e fixa a um substrato; a


30 m

outra extremidade, onde se localiza a boca, é aberta e ro-


deada de tentáculos. Em muitas espécies fixas, a deposição
do esqueleto calcário de diversas gerações forma os corais,
que, ao longo do tempo, podem se tornar muito extensos,
formando os recifes de corais.
A caravela é um exemplo de colônia, ou seja, um conjunto de seres vivos da mesma
espécie que estão unidos. As caravelas são responsáveis por muitos acidentes no
Brasil, pois o contato com seus tentáculos pode causar queimaduras graves.
5
Vivendo sozinhos ou em colônias, todos os cnidários são aquáticos e a maioria vive em ambiente marinho.
©Shutterstock/MattiaATH

©Shutterstock/Tome213
Pólipo Cavidade digestiva Medusa
Boca

Boca

Tentáculos
20 cm

Cavidade digestiva

50 cm
• Estrutura corporal de um pólipo (anêmona) e de uma medusa (cubomedusa)

Os cnidários podem se reproduzir de forma assexuada e sexuada.


Os pólipos, como as anêmonas, geralmente apresentam reprodução assexuada por brotamento,
semelhante ao que ocorre com os poríferos. As águas-vivas, por sua vez, realizam reprodução sexuada.
Elas têm sexos separados e lançam seus gametas na água, onde ocorre a fecundação.
Algumas espécies de cnidários
podem apresentar alternância
de gerações, na qual ocorre tanto
©Shutterstock/Rattiya Thongdumhyu

a reprodução sexuada quanto a Águas-vivas adultas


assexuada. Nesse tipo de ciclo lançam seus gametas
Larva

Jack Art. 2012. Digital.


na água
de vida, estão presentes as duas
formas: pólipos e medusas. A fase
de pólipo gera, assexuadamente, Pólipos com fase
Broto Liberação imatura de
uma forma imatura de medusa, da éfira medusa
(éfira)
que se transforma em uma Fase de pólipo
12 mm

medusa adulta. Esta realiza


reprodução sexuada, gerando • Brotamento em hidra
uma larva que, ao encontrar um (pólipo)
• Ciclo de reprodução com alternância
substrato, origina um pólipo. de gerações em cnidários

Importância ecológica dos cnidários ©Shutterstock/ABC.pics

Os cnidários são animais de grande importância ecológica nos ambientes ma-


rinhos, participando da maioria das teias alimentares marinhas.
Os recifes de corais são fundamentais para o equilíbrio dos sistemas aquáticos
de diversas partes do mundo. Eles propiciam abrigo para muitas espécies de peixes e
de outros animais, atraindo predadores de lugares distantes, que buscam alimento
ali. No nordeste brasileiro, há regiões com recifes de corais, mas a maior dessas for-
mações é a grande barreira de corais existente na Austrália, com cerca de 2 000 km
de comprimento.

Os corais se desenvolvem em águas quentes, com temperatura superior a 18 °C • Trecho da barreira de


durante todo o ano. Vivem em águas rasas com, no máximo, 36 metros de pro- corais australiana
fundidade, uma vez que necessitam da luz solar para o crescimento de algas que
auxiliam na alimentação e na formação do esqueleto da colônia.

6 8o. ano – Volume 4


©Shutterstock/Ekkapan Poddamrong
Muitos corais se associam com algas chamadas de
zooxantelas. Nessa relação, a alga fornece alimento para o
coral, que a retribui fornecendo sais minerais e gás carbônico.
Além disso, essas algas colaboram para a formação do
esqueleto calcário do coral.
O aquecimento global e a poluição dos mares interrompem a relação
dos corais com as algas, causando o fenômeno do branqueamento, que
• Branqueamento dos corais
pode ocasionar a morte dos corais e das espécies que dependem deles.

Atividades
1. Leia atentamente o texto a seguir. 2. Uma característica marcante dos poríferos é a
presença de
Foi Aristóteles quem clas- a) uma substância urticante, utilizada na defesa
©Shutterstock/Floor
sificou as esponjas como e captura de alimentos.
plantas, na Grécia Antiga, b) diferentes tipos de tecido.
mais ou menos em 350 a.C.
c) coanócitos, células com função de filtração.
Nesta época, também come-
çou a utilização de uma espécie de esponja d) muitas espécies na forma de medusa.
para esfregar a pele durante o banho, méto- e) esqueleto, o que possibilita a formação dos
do usado até hoje, mesmo com a industriali- recifes.
zação de esponjas artificiais. A classificação
no reino animal só se deu no século XVIII, 3. Leia atentamente o texto a seguir.
depois dos poríferos terem sua fisiologia es-
tudada e reconhecida como sendo a de um Estes animais, do filo Porifera, alimentam-se
animal. por filtração de água e têm sua fisiologia baseada
apenas em aproximadamente 20 tipos de células.
MUSITANO, Manuela. Esponjas. Disponível em: <http://www.invivo.fiocruz. Sem órgãos nem tecidos desenvolvidos, possuem
br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1021&sid=2>. Acesso em: 14 nov. 2018.
até mesmo características de seres unicelulares.
Sobre algumas características encontradas nesse [...] Por permanecerem fixas no solo, estão ex-
grupo animal, marque C para as afirmativas corre- postas às alterações do ambiente e, graças a sua
tas e I para as incorretas. Converta as frases incor- sensibilidade, conseguem registrar tais alterações.
retas em corretas e registre-as nas linhas a seguir. São excelentes filtradores, chegando a filtrar até
a) ( ) O nome do grupo – poríferos – está 24 mil litros de água, por quilograma, por dia [...].
relacionado com o grande número de poros
existentes no corpo desses animais. MARANHA, Fernanda. Esponjas monitoram poluição do ambiente.
Disponível em: <http://www.usp.br/aun/antigo/exibir?id=5432&ed=
b) ( ) As esponjas são animais com tecidos 964&f=18>. Acesso em: 14 nov. 2018.
complexos e esqueleto formado por espí-
culas ósseas. De acordo com o texto e seus conhecimentos,
responda às questões propostas.
c) ( ) Os poríferos dependem da água para
se nutrir, uma vez que filtram dela pequenas a) O que são bioindicadores?
partículas orgânicas que servem de alimento.
d) ( ) As esponjas adultas são capazes de na-
dar livremente em determinadas épocas do
ano, em busca de parceiros para se reproduzir. b) Quais as características dos poríferos que fa-
zem deles bioindicadores?

Ciências 7
4. Observe as ilustrações e, depois, responda às questões propostas.
a) Quais são os processos realizados pelas esponjas que estão indicados nas letras A e B, respectivamen-
te?

Jack Art. 2012. Digital.


A

Broto

Esponja íntegra Indivíduo unido


b) Explique como ocorre a reprodução nos poríferos.

Esponjas
reconstruídas

Esponja
desagregada

5. Os cnidários são animais aquáticos que apresentam formas diferentes, de acordo com o modo de vida.
Observe as ilustrações que representam essas formas em corte longitudinal.
a) Como são denominadas as formas I e II?

I II

Luis Moura. 2010. Digital.


b) Escreva a seguir quais são os animais representados.

c) Em relação à sobrevivência no ambiente, qual a vanta-


gem que a forma II tem sobre a forma I?

6. Na época do verão, aumenta a frequência de acidentes com cnidários, principalmente águas-vivas. Leia
algumas recomendações para tratar das lesões causadas por esses animais.

• Lavar o local ou fazer compressas com água do mar gelada.


• Aplicar vinagre (lavar o local e fazer compressas ou aplicar uma pasta de vinagre e farinha de trigo).

HADDAD JUNIOR, Vidal. Animais aquáticos de importância médica no Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba,
v. 36, n. 5, p. 596, set./out. 2003.

a) Quais são as células do cnidário responsáveis pelas queimaduras?

b) Qual a importância dessas células na vida dos cnidários?

8 8o. ano – Volume 4


Platelmintos e nematódeos
Leia, com bastante atenção, a tirinha a seguir.

©Calvin & Hobbes, Bill Watterson 1992 Watterson/Dist. by An-


drews McMeel Syndication
WATTERSON, Bill. Os dias estão simplesmente lotados. Cambuci: Best News, 1995. v. 1, p. 61.

• Para você, o que é um verme? O que esse termo lembra? Que animais são considerados vermes?
• Discuta esse assunto com seus colegas. Depois, escreva a conclusão a que vocês chegaram.
Apesar de a maioria das pessoas já ter ouvido falar sobre vermes, parece ser um pouco difícil encontrar uma
definição para o que é realmente um verme. Os platelmintos e os nematódeos são exemplos de animais que
popularmente são conhecidos como vermes.
Normalmente, a palavra “verme” faz lembrar alguns animais rastejantes e moles e as doenças a eles relacio-
nadas, chamadas de verminoses. É importante lembrar que muitas espécies não são parasitas, ou seja, muitas
delas têm vida livre.

Platelmintos
Os platelmintos têm o corpo mole e achatado e podem viver livremente nos ambientes aquáticos e ter-
restres úmidos. Há as espécies parasitas, como a tênia e o esquistossomo, e as de vida livre, como a planária.

Planária Região dorsal

Jack Art. 2012. Digital.


A planária é um platelminto de vida livre, isto é, não é
parasita, e pode ser encontrada tanto nos ambientes aquá-
ticos quanto terrestres de grande umidade. Alimenta-se de Boca
pequenos animais e de restos de animais mortos. O corpo Faringe
Poro genital
da planária tem uma coloração que a ajuda a ficar camuflada Região ventral
Ocelos
no ambiente. Na extremidade anterior do corpo, localizam-
• Desenho esquemático das princi-
-se os ocelos, estruturas mais simples que os olhos, com ca- pais regiões do corpo da planária
pacidade de perceber as diferenças de luminosidade.
Na região ventral, há pequenos cílios que a auxiliam na locomoção e abertura da faringe. Para se alimentar,
a planária lança a faringe sobre o alimento, que é parcialmente digerido e segue para o intestino.
A planária é hermafrodita, ou seja, cada animal tem o sistema reprodutor masculino e o feminino. Na
reprodução, duas planárias se unem por seus poros genitais e trocam espermatozoides; por isso, a fecundação
é cruzada. Depois, as duas planárias lançam seus ovos na água, os quais, após algum tempo, ao eclodir, dão
origem a planárias jovens.
As planárias também podem se reproduzir de modo assexuado, quando o corpo se alonga e se divide em
dois. Também apresentam grande capacidade de regeneração.

Ciências 9
Esquistossomo
É o verme responsável por causar uma doença chamada esquistossomose, popularmente conhecida
como barriga-d’água. Essa doença está relacionada à contaminação da água e depende da ação de outro
invertebrado, um caramujo que vive na água doce (Biomphalaria).

Ciclo da esquistossomose
1. Os esquistossomos (Schistosoma

Fotos: ©Wikimedia Commons/Fred A. Lewis/Yung-san Liang/Nithya Raghavan/Matty


mansoni) se alojam no intestino da
pessoa infectada, local onde deposi-
tam os seus ovos, que são eliminados
para o exterior com as fezes, conta-
minando o solo e a água. Na água, os

Jack Art. 2012. Digital.


5

Knight; ©Getty Images/Science Photo Library/NIBSC


ovos liberam pequenas larvas chama-
das de miracídios. 4
2. Essas larvas penetram facilmente
nas partes moles dos caramujos do 3
gênero Biomphalaria, onde se mul- 2
tiplicam e se transformam em outra
larva, chamada cercária. 1

3 e 4. As cercárias saem do caramujo


e nadam até encontrar uma pessoa, • No detalhe acima (5), Schistosoma mansoni ma-
cho, em azul, e fêmea, em rosa (cores artificiais)
na qual penetram através da pele e
iniciam a infecção.
5. As cercárias invadem o corpo, onde se alimentam de sangue e se tornam vermes adultos. Por volta
do vigésimo dia após a infecção, os vermes se reproduzem, as fêmeas novamente botam ovos e
inicia-se um novo ciclo.

O esquistossomo macho, adulto, mede cerca de 1 cm e a fêmea, 1,5 cm. Macho e fêmea vivem unidos, ocu-
pando os vasos sanguíneos do fígado e do baço, o que aumenta o volume da região abdominal, de onde vem
o nome popular da doença: barriga-d’água. A pessoa infectada pode eliminar centenas de ovos diariamente.

Tênia
A tênia, conhecida popularmente por solitária, é responsável por causar a teníase. O corpo da tênia é
achatado, com um formato que parece uma fita, e é dividido em três partes: a cabeça ou escólex; o pescoço
ou colo; e o corpo, formado por anéis chamados de proglotes ou proglótides. Nos seres humanos, a infestação
ocorre principalmente por meio de duas espécies de tênias, a Taenia solium, que tem o porco como hospedeiro,
e a Taenia saginata, cujo hospedeiro é o boi.
Os nutrientes de que a tênia adulta necessita para sobreviver são retirados diretamente do intestino delgado do
seu hospedeiro. As tênias se fixam à parede intestinal por meio de ganchos e/ou ventosas.
A reprodução da tênia é sexuada e ocorre pelo encontro
do espermatozoide com o óvulo no interior da tênia por Se uma pessoa ingerir os ovos da Taenia solium,
que podem estar presentes na água ou em ali-
autofecundação, pois as tênias são hermafroditas e produzem
mentos contaminados, ela adquire a cisticer-
seus próprios gametas femininos e masculinos. Os proglotes cose. Nessa doença, as larvas que eclodem dos
cheios de ovos, localizados na porção final do corpo da tênia, ovos (cisticercos) podem se alojar no cérebro,
são liberados, reiniciando o ciclo de vida das tênias. originando a neurocisticercose.

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Ciclo da teníase Verme ©Fo
Ingestão das larvas na carne to
adulto a

ren
contaminada e malcozida.

a/A
Carne de porco com

lamy/M can
larva de Taenia solium
ons/Ciência e
mm
Co Sa

edis
ia ú

ed
Ingestão dos ovos pelos

de
ik i m

XXI

Divo. 2013. Digital.


porcos, reiniciando o ciclo.

©W
©Shutterstock/Dyoma

Ovo de Taenia solium


observado em microscopia

3m
óptica com aumento de 200x.

Fixação das larvas no


Liberação das proglótides com centenas de intestino delgado e início
ovos juntamente com as fezes do hospedeiro. do desenvolvimento.
1,5 m

Organize as ideias
Analise novamente o ciclo de vida da Taenia solium e pense em algumas formas de se evitar a doença. Ano-
te suas conclusões. Lembre-se de que, para evitar a doença, é preciso quebrar o ciclo.
Dica: o cisticerco presente no músculo morre em contato com altas temperaturas.

Importância ecológica dos platelmintos


O filo dos platelmintos tem uma importância ecológica relevante, principalmente porque parasitam diver-
sos seres vivos, incluindo seres humanos e outros mamíferos, diversas espécies de peixes, aves e insetos. Em
muitos casos, essas doenças parasitárias podem levar à morte de seu hospedeiro.
Muitos platelmintos de vida livre, que vivem no solo e em ambientes aquáticos, alimentam-se de restos
de animais, tendo grande importância na degradação da matéria orgânica. Algumas espécies de vida livre são
bioindicadoras da qualidade ambiental, pois são sensíveis a diversos tipos de poluente.

Nematódeos
Os nematódeos são vermes de corpo cilíndrico, alongado e com as extremidades afiladas (semelhantes a
fios). A maioria deles é encontrada em vida livre, mas alguns são parasitas. Os animais do filo dos nematódeos
apresentam estrutura corporal mais complexa do que os platelmintos. Os nematódeos mais conhecidos são as
lombrigas, os ancilóstomos e as filárias.

Fotos: ©Latinstock/Science Photo Library


Ancilóstomo e necátor A B
O Ancylostoma duodenale e o Necator americanus
são dois nematódeos responsáveis por causar uma doen-
ça denominada ancilostomíase, popularmente chamada
de amarelão pelo fato de os doentes apresentarem a pele
amarelada, resultado de uma forte anemia. Esses vermes • Detalhe da região bucal do verme Ancylostoma duodenale
parasitam o ser humano, fixando-se nas paredes do intes- (A), observado em microscopia eletrônica, com aumento
de 250×, e do Necator americanus (B), observado em
tino. Uma vez fixo, o verme perfura a parede intestinal e se microscopia eletrônica, com aumento de 825×.
alimenta do sangue do hospedeiro.
Os vermes adultos apresentam sexos separados e, normalmente, as fêmeas são maiores que os machos. Eles aca-
salam no intestino do hospedeiro, onde é feita a postura dos ovos que serão eliminados com as fezes.
Em contato com o solo, os ovos se abrem, liberando as larvas que penetram através da pele das pessoas. Uma di-
ferença importante em relação a outras verminoses é a forma de contágio, pois não ocorre a ingestão de ovos, mas,
sim, a penetração de suas larvas pela pele, principalmente quando a pessoa anda descalça sobre o solo contaminado.

Ciências 11
Conexões
Ancilostomíase e Adolfo Lutz
Em 1800, pouco se conhecia sobre os vermes, seus ciclos biológicos e as doenças causadas por eles, que
acometiam grande parte da população brasileira. Alguns médicos acreditavam que os vermes intestinais pode-
riam ser benéficos, separando os resíduos alimentares.
No Brasil, um dos pioneiros nas pesquisas sobre doenças causadas por vermes foi Adolfo Lutz. Ele nasceu
em 1855, no Rio de Janeiro, formou-se médico, foi professor e pesquisador. Em 1885, publicou uma série de
trabalhos relacionados à ancilostomíase, sendo o primeiro a pesquisar sobre o assunto em nosso país.
Abordou os aspectos históricos, geográficos e biológicos, bem como a interferência deles na disseminação
de várias verminoses, contribuindo enormemente para a campanha de saneamento no Brasil.

Lombriga

©Shutterstock/Rattiya Thongdumhyu
Um nematódeo muito comum é o Ascaris lumbricoi-
des, popularmente conhecido como lombriga, causador
25-35 cm
da doença chamada ascaridíase.
As lombrigas parasitam o intestino dos seres humanos,
alimentando-se dos nutrientes que a pessoa consome. No
intestino, tornam-se adultos e se reproduzem.
Diferentemente das tênias, as lombrigas apresentam
sexos separados. Em uma mesma pessoa, podem ser en-
contradas várias lombrigas. A reprodução é sexuada e uma
mesma fêmea é capaz de liberar milhares de ovos por dia, Ascaris lumbricoides, popularmente conhecido como lombriga;
na imagem, uma lombriga fêmea (mede cerca de 35 cm) e outra
que são eliminados com as fezes da pessoa doente. macho (mede cerca de 25 cm).
Observe, neste esquema, o ciclo da ascaridíase.

Ciclo da ascaridíase

As fezes eliminadas no ambiente


As lombrigas adultas se desenvolvem no
podem conter ovos de Ascaris
intestino da pessoa parasitada, absorvendo
lumbricoides. nutrientes. As fêmeas liberam seus ovos, que
são eliminados com as fezes do infectado.
Raqsonu. 2001. Digital.

As pessoas podem beber a água


contaminada (sem tratamento) ou
utilizá-la, por exemplo, para regar
hortas. Assim, os ovos também
podem ser ingeridos nos alimentos
mal-lavados.

12 8o. ano – Volume 4


Importância ecológica dos nematódeos
Os nematódeos estão relacionados a parasitoses de diversos seres vivos.
Além das parasitoses humanas, eles também podem parasitar invertebrados Controle biológico é a tentati-
que são considerados pragas em lavouras. Por esse motivo, acabam sendo va de controlar pragas agrícolas
utilizados como agentes de controle biológico de pragas. Porém, podem com o uso de seus “inimigos”
também ser prejudiciais às lavouras, quando parasitam plantas de interesse naturais, que podem ser preda-
dores ou parasitas, como vermes,
econômico, como cana-de-açúcar, batata e beterraba. Esses parasitas de
fungos, vírus ou bactérias. O
plantas retiram substâncias nutritivas e alguns liberam substâncias tóxicas controle biológico geralmen-
no interior da célula vegetal. te é inofensivo ao ambiente e
Os nematódeos de vida livre são importantes para o solo, pois à saúde da população, sendo
auxiliam na decomposição da matéria orgânica. Também se alimentam uma alternativa mais saudável
de micro-organismos, como bactérias, fungos e algas. Algumas espécies do que o uso de agrotóxicos,
que são altamente poluentes.
de nematódeos são consideradas predadoras, pois se alimentam de
invertebrados, anelídeos e até mesmo de outras espécies de nematódeos.

Atividades
1. A ilustração a seguir não representa a realidade, mas ilustra, de forma lúdica, uma
das fases de uma doença bastante comum no Brasil, a esquistossomose, que che-

Antonio Éder. 2012. Digital.


ga a atingir 7 milhões de pessoas por ano.
a) Sobre o ciclo do esquistossomo, complete as informações.
Os vermes que estão “pegando carona” no caramujo causam a doença conhecida
como esquistossomose ou .
Os ovos presentes na água contaminada dão origem às larvas chamadas , que,
ao encontrar o caramujo do gênero Biomphalaria, penetram em suas partes moles, multiplicam-se,
transformam-se em larvas e retornam à água. Quando um indivíduo entra na água,
as larvas que se desenvolveram no penetram em sua e, por meio
do sangue, atingem o intestino, onde se tornam adultas, acasalam e depositam seus ovos, que são
eliminados com as fezes, contaminando o solo e a água, assim iniciando um novo .
b) Nas regiões em que o caramujo do gênero Biomphalaria não é encontrado, pode ocorrer dissemina-
ção da esquistossomose na população? Justifique sua resposta.

c) Existem alguns peixes que são predadores naturais do caramujo que faz parte do ciclo da esquis-
tossomose. A inclusão desses peixes em lagoas contaminadas pode ser considerada uma forma de
prevenção da doença? Por quê?

2. Em um dos contos do livro Urupês, Monteiro Lobato retrata um caboclo chamado Jeca Tatu. Ele levava
uma vida simples, era representado sempre sem calçados e sofria de cansaço e de fraqueza. A figura de
Jeca Tatu também é associada a uma verminose. Que verminose é essa? Justifique sua resposta.

Ciências 13
3. Você já viu um cachorro na praia? Pois saiba que em muitas

©Shutterstock/Maratr
praias é proibida a presença desses animais. Pesquise um problema
de saúde conhecido popularmente como “bicho-geográfico”, mas
que a medicina chama de “larva migrans cutânea”, e responda às
questões a seguir.
a) Qual é a causa desse problema?
b) Como ele ocorre?
c) Qual é a relação entre a presença de cães na praia e esse problema de saúde?
d) Do seu ponto de vista, esse motivo justifica a proibição de cães na praia? Explique.

Moluscos e anelídeos
Você conhece algum representante do grupo dos moluscos? Já viu algum anelídeo por aí? Reflita bem antes
de responder, pois, se disser que não, provavelmente estará enganado. Você pode até não conhecer esses ani-
mais pelo nome do grupo de invertebrados do qual fazem parte, mas os dois grupos incluem animais bastante
familiares para a maioria das pessoas. Observe, a seguir, alguns representantes desses grupos.
©Shutterstock/Ladthaphon Chuephudee

©Shutterstock/Aleksandar Grozdanovski
©Shutterstock/Martin Pelanek

©Shutterstock/Zhengzaishuru

3m
8 cm

14 cm 6 cm

• Minhoca • Sanguessuga • Caramujo • Polvo

• Agora que você já conhece alguns representantes dos moluscos e dos anelídeos, discuta as questões
a seguir com os seus colegas e o professor.
a) Em quais ambientes podemos encontrar esses animais?
b) Qual é o papel desses animais no ambiente em que vivem?

Moluscos
Os moluscos são invertebrados de corpo mole e úmido, encontrados em ambientes aquáticos e terrestres.
Grande parte das espécies desse filo apresenta cabeça, um pé muscular para a locomoção e concha como
proteção. Na concha, há a massa visceral, que contém os órgãos vitais.
A maioria dos moluscos vive em hábitat marinho, e algumas espécies vivem fixas em rochas ou enterradas
na areia. Elas respiram filtrando a água que passa por suas brânquias.
Os moluscos mais comuns são classificados em gastrópodes, cefalópodes e bivalves.

Gastrópodes
Fazem parte desse grupo: os caramujos, as lesmas e os caracóis. Os
gastrópodes são caracterizados por apresentar o corpo formado por pé, cabeça A palavra gastrópode deri-
e massa visceral, que pode estar protegida por uma concha ou não, como no va da combinação dos ter-
mos “ventre” (gastro) e “pés”
caso das lesmas. Geralmente, alimentam-se de plantas, mas algumas espécies (pode) e inclui os moluscos
podem ser carnívoras e outras se alimentam de detritos. Na boca, eles têm uma que rastejam.
estrutura chamada rádula, que é utilizada para raspar os alimentos.

14 8o. ano – Volume 4


A maioria das espécies é hermafrodita e faz fecundação cruzada. Há algumas espécies marinhas com sexos
separados (macho e fêmea).
Concha contendo
Rádula
a massa visceral
Olho

RPS FRMS
Tentáculos Rádula
Cabeça

ars F
Spe

d
avi
/D
es
g
I ma
tty
©Ge

©Shutterstock/Anest
• Partes do corpo de um molusco gastrópo-
8 cm de; no detalhe, rádula com cores artificiais
ampliada 2 500× em microscopia eletrônica

Cefalópodes
A característica que dá nome ao grupo dos cefalópodes é a presença dos pés (ou braços) ligados à cabeça.
Nesse grupo, estão os polvos, as lulas, as sépias e os náutilos.
Os polvos não têm concha; nas lulas, a concha é interna e, nos náutilos, é externa. Os cromatóforos po-
dem ser encontrados em
Polvos, lulas e sépias têm na pele um grande número de células especializadas, espécies de outros grupos
denominadas cromatóforos, que alteram a coloração do animal de acordo com o de animais, como nos
ambiente e com a luminosidade. Pela ação dos cromatóforos, as lulas mudam ra- camaleões e nos lagartos.
pidamente as cores de seus corpos durante os rituais de acasalamento, e os polvos Outras espécies marinhas
se camuflam. também utilizam a ca-
muflagem no ambiente
©Getty Images/Wild Horizon

©Shutterstock/Karla Mtz

como estratégia de defesa


contra seus predadores
naturais, como o lingua-
do, uma espécie de peixe
que se confunde com a
areia no fundo do mar.

25 cm
20 cm

• Casal de lulas mudando suas • Náutilo


cores durante o acasalamento

As lulas são muito rápidas. Pelo sifão, lançam para fora do corpo fortes jatos de água, que as impulsionam,
deslocando-as velozmente pela água e possibilitando-lhes fugir em situações de perigo. Tanto as lulas quanto
os polvos são capazes de lançar uma substância escura na água (semelhante à tinta nanquim) com o objetivo
de confundir os predadores. Também apresentam tentáculos com ventosas que auxiliam a capturar as presas
das quais vão se alimentar.
©Getty Images/Jeff Rotman

5m

A reprodução dos cefalópodes


é sexuada. Na união dos gametas
produzidos por machos e fêmeas,
surgem embriões que ficam abri-
gados no interior de ovos. Os
ovos são deixados no ambiente
e o desenvolvimento do embrião
origina pequenos cefalópodes
parecidos com os adultos. • Polvo gigante do Pacífico expelindo jato de tinta durante fuga

Ciências 15
Bivalves
O grupo dos bivalves tem esse nome porque os animais que o compõem
apresentam concha formada por duas valvas (partes) unidas por fortes mús-
culos e ligamentos. Ostras, vieiras, mariscos e mexilhões fazem parte desse grupo.

©Shutterstock/Studio Grand Web


O pé dos bivalves é adaptado para
Algumas ostras são conhecidas por cavar e rastejar. Muitas espécies vivem
estarem associadas à formação de enterradas na areia, enquanto outras

7 cm
pérolas. A pérola se forma quando se fixam em rochas ou em outras es-
partículas estranhas, como um grão truturas encontradas no mar, como
de areia ou um verme, entram no cascos de barcos e carapaças de ou- • Vieira
manto de uma ostra perlífera. Ocorre, tros animais.
então, a produção de várias camadas
de uma substância chamada madre- Os bivalves apresentam sexos separados. A fecundação ocorre na
pérola (ou nácar), isolando a partícu- água, onde são lançados os gametas masculinos e femininos.
la estranha e formando a pérola. Ao longo de seu desenvolvimento, apresentam vários estágios larvais
até chegar à forma adulta.

Importância ecológica dos moluscos


O acúmulo de substâncias
Os bivalves, assim como os poríferos, são animais filtradores e, por isso, tóxicas nos bivalves faz com
retêm substâncias dissolvidas na água, incluindo as substâncias tóxicas. que eles provoquem intoxica-
Essa característica faz com que eles sejam usados como bioindicadores. ções alimentares nos animais
que se alimentam deles, inclu-
Há uma grande variedade de moluscos que servem como alimento para sive os seres humanos.
muitos animais. Na nossa culinária, ostras, mexilhões, polvos e lulas são
ingredientes de muitos pratos.
Alguns moluscos são hospedeiros intermediários de vermes, como ocorre com o caramujo Biomphalaria,
que hospeda uma fase do Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose. Já as lesmas e caracóis podem
atacar lavouras causando prejuízos aos produtores.
Algumas espécies, como o caramujo gigante Achatina fulica, foram introduzidas, pelos seres humanos, em
regiões diferentes do seu hábitat de origem e se tornaram um problema ao competir com espécies locais.

Anelídeos
Leia a tirinha a seguir.
©Níquel Náusea/Fernando Gonsales

GONSALES, Fernando. Níquel Náusea. Disponível em: <www2.uol.com.br/niquel>. Acesso em: 30 jan. 2017.

• Essa tirinha traz uma característica interessante das minhocas. Qual é essa característica?
• Além de participar das teias alimentares, você conhece outra função importante das minhocas para o
ambiente?

16 8o. ano – Volume 4


As minhocas fazem parte do grupo dos anelídeos, cuja principal característica é o corpo formado por
diversos anéis. Os anelídeos podem ter entre dois e quinze pares de arcos aórticos (a minhoca tem cinco pares),
vasos sanguíneos dilatados que impulsionam o sangue para todo o corpo do animal (semelhantes a corações).
Os animais do filo dos anelídeos podem ser encontrados em diversos ambientes aquáticos, como no mar e
na água doce, além de ambientes terrestres.
Muitas espécies têm cerdas (semelhantes a pelos curtos, mas muito mais resistentes), que são utilizadas como
estruturas auxiliares na locomoção. A presença ou ausência dessas estruturas e a sua quantidade são os critérios
utilizados para a classificação dos anelídeos em três classes distintas: hirudíneos ou aquetas, oligoquetas e
poliquetas.

Hirudíneos ou aquetas
São anelídeos que não têm cerdas em seu corpo, tais como as sanguessugas.
©Shutterstock/Oleksandr Lysenko

6 cm Os aquetas alimentam-se de pequenos animais ou da matéria orgânica em


decomposição. As sanguessugas podem
sugar o sangue de vertebrados, como peixes, Na saliva das sanguessugas,
aves e, até mesmo, seres humanos. existe uma substância cha-
mada hirudina, que é anti-
Têm o corpo achatado, alongado e
coagulante, ou seja, não deixa
bastante flexível, o que lhes possibilita uma o sangue coagular enquanto
• Sanguessuga
movimentação característica, com a fixação ela o suga.
alternada das ventosas (anterior e posterior).
Oligoquetas

Eduardo Borges. 2011. Digital.


Clitelo

Os oligoquetas são anelídeos com poucas cerdas.


As minhocas fazem parte desse grupo. São encontradas em ambientes
terrestres úmidos, seu corpo é cilíndrico e dividido em anéis. No primeiro Boca
anel do corpo, está localizada a boca e, no último, o ânus. Na região mais Arcos aórticos
próxima à boca, ocorre uma dilatação, o clitelo, estrutura que participa
da formação do casulo com os ovos no processo de reprodução. Cerdas

A respiração nas minhocas é cutânea, isto é, feita através da pele. O


oxigênio é levado a todo o corpo pelo sangue. • Anatomia de uma minhoca
©Shutterstock/Erni

10 cm A minhoca é um animal hermafrodita, mas realiza fecunda-


ção cruzada, com troca de espermatozoides entre dois indiví-
duos, com uma minhoca fecundando os óvulos da outra.

• Troca de espermatozoides
entre duas minhocas

Poliquetas
©Wikimedia Commons/Hans Hillewaert

20 cm
Os poliquetas são anelídeos que têm um grande número de
cerdas distribuídas ao longo da superfície do corpo. A maior parte
dos representantes dessa classe vive em ambiente marinho, como o
Nereis sp.
A reprodução ocorre na água, local em que são
lançados os gametas masculinos e femininos. Do
ovo, eclode uma larva que depois se transforma na • Nereis sp.
forma adulta.
Ciências 17
Importância ecológica dos anelídeos
As minhocas são muito importantes para o ambiente. Elas cavam galerias que

©Shutterstock/Morozov Alexey
afofam e arejam o solo. Alimentam-se de animais, folhas ou outros organismos em
decomposição e produzem, como resíduo da digestão, um material conhecido
como húmus de minhoca, que torna o solo fértil e favorece o desenvolvimento
das plantas.
Atualmente, é raro que as sanguessugas sejam utilizadas para tratar
hemorragias, mas, no passado, o uso desses animais já foi comum.
Os poliquetas marinhos apresentam grande importância nas teias alimentares
aquáticas, nas quais são utilizados como alimentos por diversas espécies de peixes.
• Húmus de minhoca

Fazendo Ciência

Eduardo Borges. 2012. Digital.


Composteira
Em grupo, construa uma composteira e observe a C
B
ação das minhocas na produção de húmus.
A
Materiais: fita adesiva larga; pedaço de meia-calça
de náilon; elástico ou barbante; luvas; pequena
quantidade de areia e terra; pequena quantidade de
serragem; minhocas; sobras de alimentos (cascas de
frutas e legumes, cascas de ovos, pó de café e folhas –
5. Em cima da terra, coloque os restos de alimentos.
não use carne de nenhum tipo, materiais gordurosos,
Se as sobras de alimentos utilizados forem picadas
ossos, derivados de leite ou alimentos com muito sal
em pedaços bem pequenos, o processo aconte-
ou açúcar); duas garrafas de plástico (uma delas com
ce mais rapidamente. Intercale camadas de terra
a tampa), que deverão ser cortadas (por um adulto); a
com camadas de sobras de alimentos. Cubra tudo
tampa da parte B deverá ser perfurada (também por
com serragem.
um adulto), como mostram as ilustrações.
Como fazer 6. Tampe a abertura da garrafa com um pedaço de
meia-calça e prenda-a com um elástico ou com
1. Coloque as luvas e dê início à montagem da com- um barbante.
posteira. Utilize somente as partes das garrafas
indicadas pelas letras A e B. As outras partes (des- 7. Deixe a composteira em local protegido da
tacadas com X) devem ir para o lixo reciclável. chuva e ventilado. O processo de produção de
adubo orgânico pode demorar cerca de dois
2. Coloque areia no fundo da parte da garrafa indi- meses.
cada pela letra A. Essa areia vai absorver o líquido
formado na decomposição dos alimentos e evitar 8. Quando perceber que o conteúdo da composteira
o mau cheiro. se parece com uma terra escura, abra-a e utilize
essa terra para adubar vasos ou canteiros. Recolha
3. Feche a garrafa indicada pela letra B com a tampa as minhocas e reinicie o processo.
perfurada e encaixe-a, com a tampa voltada para
baixo, dentro da garrafa A (imagem C). Prenda as Conclusão
duas partes com a fita adesiva. 1. Qual é o papel das minhocas no processo de
4. Coloque uma camada de areia na garrafa B. Em se- compostagem?
guida, despeje uma camada de terra. Afofe a terra 2. Como você poderia explicar a importância ecoló-
e coloque as minhocas sobre ela. gica do processo de compostagem?

18 8o. ano – Volume 4


Atividades
1. Complete o quadro conforme as características principais encontradas em cada um dos grupos de moluscos.
Características Gastrópodes Cefalópodes Bivalves
Em qual ambiente vivem?

De que se alimentam?
Como se alimentam?

Como se locomovem?

2. A concha presente em alguns moluscos é importante, porque


a) ajuda na locomoção. c) facilita a reprodução.
b) permite ao animal que seja mais bem visuali- d) aumenta o peso do animal.
zado. e) protege e sustenta o corpo do animal.
3. Analisando as imagens a seguir, cite duas semelhanças e duas diferenças entre lulas e polvos.

Jack Art. 2012. Digital.


4. As sanguessugas são consideradas parasitas, mas, em alguns locais do

©Shutterstock/Sergei Primakov
mundo, são utilizadas no tratamento de feridas. Isso acontece porque
as sanguessugas conseguem liberar uma substância, a hirudina, que im-
pede a coagulação do sangue. Sobre esses animais, responda às ques-
tões propostas. 6 cm

a) Em qual grupo de animais as sanguessugas são classificadas? • Utilização de sanguessugas


em tratamento medicinal
b) Cite duas características das sanguessugas.
5. Explique como é o processo de reprodução das minhocas. Para isso, monte um esquema.
6. Pode ser que você tenha estranhado o nome de alguns grupos de animais. Você sabia que a maior parte
dos nomes científicos tem origem grega ou latina e indicam características importantes desses seres?
Preencha a tabela a seguir, identificando essas características.
Nome do grupo Característica que deu origem ao nome Exemplos
Moluscos
Gastrópodes
Cefalópodes
Bivalves
Anelídeos
Aquetas
Oligoquetas
Poliquetas

Ciências 19
Artrópodes e equinodermos
Artrópodes
O filo dos artrópodes é o grupo com maior diversidade de animais, com cerca de um milhão de espécies
conhecidas.
Os principais grupos que fazem parte do filo dos artrópodes são: crustáceos, aracnídeos, insetos, quiló-
podes e diplópodes.
Os artrópodes apresentam o corpo formado por segmentos e prote-
O corpo da maioria dos artrópodes gido por um esqueleto externo, chamado exoesqueleto. As pernas são
é formado por cabeça, tórax e abdô- articuladas (daí o nome arthro = articulação; podos = pés, patas) e os
men, mas, em alguns grupos, a cabe- órgãos sensoriais, bem desenvolvidos.
ça e o tórax são fundidos, formando

©Shutterstock/Hadot 760
A presença do exoesqueleto fornece pro-

7-8 cm
o cefalotórax, como nos aracnídeos
e nos crustáceos. Outros podem teção contra os predadores e dificulta a desi-
apresentar o corpo com segmentos dratação. Ele é formado por uma substância
sem diferenciação visual entre o tó- denominada quitina, que é muito resistente,
rax e o abdômen. mas que limita o crescimento do animal.
Para crescerem, os artrópodes abandonam
o exoesqueleto antigo e formam um novo.
Esse processo, chamado de muda ou ecdise,
ocorre diversas vezes até que o artrópode se • Libélula saindo do
esqueleto antigo (exúvia)
torne adulto.
Insetos
Os insetos formam o grupo de seres vivos com maior variedade de espécies. Eles
As antenas apresentam
são encontrados em quase todos os ambientes, exceto nos oceanos e nos mares.
diversas funções, como
Os insetos têm seis pernas e a maioria é capaz de voar – são os únicos inverte- captar odores, sentir os
brados capazes disso. Para tanto, apresentam dois pares de asas, mas alguns, como as ambientes e perceber vi-
moscas, têm somente um par. Outros, como as pulgas, não têm asas. brações do ar. Por exem-
O corpo dos insetos é dividido em cabeça, tórax e abdômen. Na cabeça, há plo, alguns mosquitos
machos captam sons
um par de olhos compostos, os quais são capazes de formar imagens, e um par de produzidos pelas fêmeas.
olhos simples, que percebem o claro e o escuro. Há também um par de antenas.
Carolina Pontes. 2011. Digital.

Abdômen Tórax Cabeça Os insetos realizam reprodução sexuada com


produção de ovos, que são depositados no solo, na água,
em plantas ou no corpo de outros animais. Depois de
saírem dos ovos, os insetos podem se desenvolver de
Asas
Antenas forma direta (sem metamorfose) ou indireta (metamorfose
Pernas articuladas completa ou incompleta).
• Representação ilustrativa da anatomia externa de um gafanhoto
Luis Moura. 2009. Digital.

Ovo Larva Pupa Adulto

Quando o inseto passa pelas fases de ovo, larva, pupa e adul-


to, seu desenvolvimento é com metamorfose completa. A larva
(ou lagarta) é sempre muito diferente do adulto. A pupa é um
estágio da transformação que acontece no interior de um casulo. • Representação ilustrativa da meta-
Moscas, besouros, joaninhas, formigas, abelhas, vespas, mariposas morfose completa de uma mosca
e borboletas apresentam metamorfose completa.

20 8o. ano – Volume 4


Ovo Ninfas Adulto
Outros insetos, como baratas, gafanhotos, grilos,

Ilustrações: Luis Moura. 2009. Digital.


barbeiros, cupins e piolhos, têm metamorfose
incompleta. Nesse caso, do ovo sai uma ninfa, uma
miniatura do adulto, mas sem asas ou com asas
reduzidas. A ninfa passa por diversas mudas até • Representação ilustrativa da meta-
atingir a fase adulta. morfose incompleta do barbeiro

Finalmente, há alguns insetos que já saem dos


Ovo Adulto
ovos com a aparência muito semelhante à adulta.
Esse tipo de desenvolvimento é chamado de
desenvolvimento direto ou sem metamorfose.
Entre os animais que realizam desenvolvimento
direto, estão as traças-do-livro.
• Representação ilustrativa do desenvol-
vimento direto das traças-do-livro

Crustáceos
Existem mais de 30 mil espécies de crustáceos conhecidas. São animais predominantemente aquáticos,
que vivem em água doce ou salgada. Os tatuzinhos-de-jardim são um dos poucos exemplos de crustáceos
terrestres.
Grande parte das espécies de crustáceos apresenta indivíduos machos e fêmeas, mas a craca é um exemplo
de crustáceo hermafrodita. Com a fecundação, formam-se ovos que passam por um ou mais estágios larvais,
dependendo da espécie. Geralmente, essas larvas passam a fazer parte do zooplâncton.
Observe as imagens de algumas espécies de crustáceos.

©Wikimedia Commons/ Thai Natio-


©Shutterstock/Brett Hondow
©Wikimedia Commons/
Hans Hillewaert

18 cm 2 cm 20 cm

nal Parks/Rushenb
• Pitu • Tatuzinho-de-jardim • Caranguejo

O corpo dos crustáceos é dividido em cefalotórax e abdômen. O exoesqueleto, além de quitina, tem
carbonato de cálcio, o que o torna mais duro do que o corpo dos insetos.
Esses animais têm um par de olhos compostos
rax pedunculados, dois pares de antenas sensoriais e vá-
Carapaça Cefalotó
Antenas rios pares de pernas. No siri e no caranguejo, o primei-
en
ro par de pernas é transformado em pinças ou garras,
Abdôm
utilizadas para defesa e captura dos alimentos. No siri,
o último par de pernas, o télson, está adaptado à nata-
ção, funcionando como remo.
Há dimorfismo sexual e a fecundação é interna.
Pinça
Em algumas espécies, a massa de ovos, uma vez fe-
cundada, fica aderida ao corpo das fêmeas.

Pernas locomotoras Os olhos são chamados de peduncula-


• Representação esquemática da estrutura corporal de uma lagosta dos porque se localizam na extremidade
de uma haste (pedúnculo), permitindo ao
animal ampla exploração do ambiente.
zooplâncton: conjunto de organismos que flutuam na superfície da água; não realiza
fotossíntese e sua locomoção depende das correntezas.
dimorfismo sexual: diferença externa entre machos e fêmeas.
Ciências 21
Aguilhão
Aracnídeos 7 cm
Abdômen
Cefalotórax
Essa classe inclui as aranhas, os escorpiões, os carrapatos e os ácaros. A

©Shutterstock/Kaiskynet Studio
Pedipalpo
maioria dos aracnídeos vive em ambiente terrestre, mas há representan- Perna
tes marinhos e de água doce.
O corpo desses animais divide-se em cefalotórax e abdômen. A maio- Quelícera
ria das espécies é carnívora. Sarnas e carrapatos são exemplos de aracní-
deos parasitas. Muitas espécies de aranhas e escorpiões são peçonhentas e
algumas podem causar a morte, principalmente de crianças e idosos. Abdômen Fiandeira

Os aracnídeos têm quatro pares de pernas, um par de quelíceras e um par de Cefalotórax


pedipalpos. As quelíceras são estruturas adaptadas para a captura do alimento e
para a inoculação de peçonha (substância tóxica). Os pedipalpos, além de serem Pedipalpo

©P. Imagens/Vimo-Moacri Francisco


Perna
utilizados como apêndices sensoriais, em algumas espécies, também são utiliza-
dos na alimentação e no acasalamento.
Quelícera
O fio da teia das aranhas é produzido por glândulas fiandeiras que ficam no
fim do abdômen. Essas glândulas produzem um fio de seda, com o qual o animal
tece a teia e envolve as presas. Os aracnídeos são animais dioicos (sexos separados), 5 cm

realizam fecundação interna e produzem ovos dos quais eclodem filhotes imaturos • Anatomia externa de um
semelhantes aos pais (desenvolvimento direto). escorpião e de uma aranha

Diplópodes
Atualmente, são conhecidas cerca de 10 mil espécies de diplópo-
©Shutterstock/Wi6995

des. As mais comuns são os piolhos-de-cobra, também chamados de


embuás ou gongolos.
Esses animais têm dois pares de pernas em cada um dos muitos
segmentos do corpo. Os piolhos-de-cobra podem variar de 2 mm a
30 cm de comprimento. São animais terrestres de ambientes úmidos
e sombrios e vivem embaixo de pedras e de troncos de árvores. Os
15 cm
diplópodes alimentam-se, principalmente, de vegetação em decom-
• Piolho-de-cobra posição e poucas espécies são carnívoras.

Quilópodes
O grupo dos quilópodes tem, aproximadamente, 2 500 espé- ©Shutterstock/Frank60

cies e inclui as centopeias, também conhecidas como lacraias.


10 cm
A maioria das espécies de quilópodes é predadora e pode
ser encontrada embaixo de pedras e troncos úmidos, assim
como os diplópodes.
O corpo dos quilópodes é achatado e pode ter até 170 pa-
res de pernas, um par em cada segmento do corpo. Na cabeça
desse animal, são encontradas forcípulas, que são estruturas
usadas para injetar peçonha. • Lacraia

Os representantes dos quilópodes e dos diplópodes têm o corpo dividido em cabeça e tronco. O tronco
é a união do tórax e do abdômen, que formam uma peça única, segmentada. O número de pernas por
segmento é a maneira mais fácil de diferenciar esses dois grupos de artrópodes.

22 8o. ano – Volume 4


©Shutterstock/Rathaporn Nanthapreecha
Importância ecológica dos artrópodes

2,5 cm
Entre os artrópodes, os insetos têm importante
papel para o ambiente, ajudando nos processos de
decomposição dos resíduos orgânicos. Por exemplo, os
besouros se alimentam de animais e plantas mortas.
Os insetos também participam ativamente das teias
alimentares, servindo como alimento para grande número
de animais, como sapos, lagartixas, tamanduás, tatus e
aves. Também são polinizadores de muitas plantas. Sem a
atividade polinizadora de abelhas, vespas e besouros, por • Aranha se alimentando de uma formiga
exemplo, a produtividade das lavouras seria muito menor.

Muitas espécies têm importância econômica, pois servem de ali-


©Shutterstock/StudioSmart

mento para os seres humanos, como o caso de camarões, caranguejos,


2 cm lagostas e, até mesmo, escorpiões, aranhas e insetos diversos, os quais
são apreciados em algumas culturas. Outros produtos feitos por artrópo-
des são consumidos pelos seres humanos, como o mel. Além disso, as
abelhas produzem geleia real, própolis e cera.
Do casulo das lagartas de uma mariposa conhecida como “bicho-da-
-seda”, é extraído o fio com o qual é produzido o tecido chamado de seda.

Muitas espécies de animais produzem feromônios, substâncias químicas que po-


dem ser percebidas por indivíduos da mesma espécie e que têm por objetivo esti-
• Favo de mel com abelhas mular um determinado comportamento, como acasalamento, alarme, agregação,
coleta de alimentos, defesa, ataque, etc. As abelhas o utilizam para indicar a rota
para o néctar das flores e a volta para a colmeia, bem como a localização de água.
Os insetos são os animais que mais liberam feromônios na natureza.

Alguns insetos, no entanto, como os mosquitos, transmitem doenças como a dengue, a malária, a febre
amarela, a zika e a chikungunya.
Algumas lagartas, também chamadas de taturanas, como no caso da Lonomia obliqua, causam acidentes
graves, pois o contato com elas pode provocar danos que levam à morte.
Assim como essas lagartas, algumas espécies de aranhas e os escorpiões podem provocar acidentes aos
seres humanos. Piolhos, pulgas e carrapatos também podem causar danos aos humanos e a outros animais.
©Shutterstock/Mrfiza
©Shutterstock/Dmitry Naumov

©Fabio Colombini
3 cm

7 cm

1 cm

• Casulo do bicho-da-seda • Mosquito Aedes • Lagarta da mariposa Lonomia obliqua

Os microcrustáceos, como o krill, são importantes componentes do zooplâncton. O krill é o principal alimento
de muitos animais aquáticos, inclusive das baleias-azuis.

Ciências 23
Equinodermos
O nome equinodermo significa “espinhos no corpo”, referindo-se a animais que apresentam, como princi-
pais características, a pele recoberta por espinhos e a presença de um esqueleto interno de calcário (resistente).
São exclusivamente marinhos e incluem as estrelas-do-mar, as bolachas-da-praia, os ouriços-do-mar, os
lírios-do-mar e os pepinos-do-mar.
Os equinodermos têm um sistema de canais internos chamado de
As estrelas-do-mar são organis-
sistema ambulacrário, por onde circula a água do mar. A presença desse mos conhecidos pela sua gran-
sistema é importante para as funções de locomoção, alimentação, respiração de capacidade de regeneração.
e reprodução, além de funcionar como estrutura sensorial. Algumas espécies são capazes
Os ouriços-do-mar apresentam uma estrutura composta de “dentes”, de formar outros indivíduos
chamada de lanterna de Aristóteles; é por meio dela que esses animais apenas com pequenas partes do
seu corpo, ou seja, apresentam
raspam algas presas nas rochas para se alimentarem.
reprodução assexuada, em um
Os equinodermos apresentam sexos separados e reprodução sexuada, processo conhecido como fis-
com gametas masculinos e femininos lançados na água, local onde ocorre a são, em que o disco central da
fecundação e a formação dos ovos. Ao eclodirem, os ovos liberam pequenas estrela se divide ao meio, origi-
larvas que nadam livremente no ambiente, facilitando a dispersão dos novos nando duas novas estrelas.
equinodermos no ambiente marinho.
Na ilustração a seguir, estão representadas as principais classes de equinodermos.

Asteroides
Ofiuroides
Estrelas-do-mar: têm o corpo semelhante
Serpentes-do-mar: têm longos a uma estrela. Geralmente têm cinco
braços presos a um corpo com braços, mas há espécies com mais de
forma de pentágono. Equinoides vinte. Rastejam sobre o fundo dos mares.
Ouriços-do-mar e bolachas-da-praia:
têm corpo arredondado e sem braços.
Os ouriços-do-mar apresentam
espinhos longos e pontiagudos.

Raqsonu. 2019. Digital.

Crinoides
Lírios-do-mar: vivem fixos no fundo
Holoturoides
dos mares, geralmente sobre recifes
de corais. Apresentam longos braços, Pepinos-do-mar: têm o corpo alongado.
com várias ramificações, utilizados Quando se sentem ameaçados, podem
para a captura de alimento. lançar parte do sistema digestório para
fora do corpo.

Importância ecológica dos equinodermos


Exclusivamente marinhos e lentos, os equinodermos geralmente atuam no fundo dos mares. Ao se arrastar
sobre o fundo, ajudam a revolver os sedimentos e, com isso, disponibilizam alimento para outros organismos.
Como têm esqueleto de calcário, eles ajudam a fixar o carbono presente na atmosfera na forma de carbona-
to de cálcio. Isso faz deles importantes participantes do ciclo do carbono na natureza.

24 8o. ano – Volume 4


Os equinodermos fazem parte da dieta de muitos organismos, tais como

©Shutterstock/Tom Middleton
alguns peixes, gaivotas e caranguejos. Embora não sejam usualmente utiliza-
dos na culinária humana, em alguns países do oriente, os pepinos-do-mar e
ouriços-do-mar são considerados iguarias.
Os ovos e as larvas de muitas espécies de equinodermos fazem parte
do zooplâncton e acabam servindo como alimento para outras espécies de
animais. Já as estrelas-do-mar adultas são predadoras de diversos animais.
Os ouriços-do-mar fizeram parte das primeiras pesquisas com gametas,

50 cm
realizadas em 1875. Desde então, esses animais são utilizados em estudos sobre
8 cm
fecundação e desenvolvimento de embriões. Em 2006, a análise do material
genético dos ouriços-do-mar indicou que eles têm mais de 7 000 genes em Os equinodermos apresentam grande
comum com os seres humanos. importância nas teias alimentares marinhas.

Estudos em ecologia apontam que os ouriços-do-mar podem ser indicadores da qualidade da água.

Atividades
1. Leia a informação a seguir e responda às questões propostas.

©Wikimedia Commons/Ricardo Pinto-da-Rocha/


Rafael Fonseca-Ferreira/Maria Elina Bichuette
Existem mais de mil espécies de opiliões no Brasil, mas uma delas

3 cm
ganhou as manchetes de jornais do mundo, pois recebeu o nome de
Iandumoema smeagol, em homenagem ao personagem Sméagol, do
livro O Senhor dos Anéis. O animal, que vive em cavernas, não tem
olhos nem pigmentação e apresenta exoesqueleto e quatro pares de
pernas, sendo o segundo par cinco vezes maior do que os demais.
• Iandumoema smeagol

I. Considerando as características desse animal, é possível concluir que ele pertence ao mesmo filo das
a) planárias e dos esquistossomos. c) hidras e dos corais. e) lesmas e das lulas.
b) aranhas e dos carrapatos. d) minhocas e das sanguessugas.

II. Como você chegou a essa conclusão?

2. Durante um trabalho de campo, um biólogo identificou e registrou vários invertebrados, representados a seguir.
Corel

Separe esses artrópodes em três grupos e cite duas características típicas de cada grupo.

Ciências 25
3. Observe o gráfico. Ele demonstra o crescimento de dois seres vivos.

Tamanho
I • Qual linha representa o crescimento de um artrópode? Justifique
II sua resposta.

Tempo

4. Pensando no modo de reprodução dos equinodermos, como pode ser explicada a grande ocupação do am-
biente marinho por esse grupo que tem representantes sésseis, isto é, que vivem presos ao fundo do mar?

5. As estrelas-do-mar da espécie Pycnopodia helianthoides podem atingir até um metro de diâmetro. São
os maiores equinodermos asteroides conhecidos. Sobre esse animal, representado na foto, assinale as
afirmativas corretas.
©Wikimedia Commons/Ed Bowlby, NOAA/Olym-
pic Coast NMS/OAR/Office of Ocean Exploration.

a) ( ) Têm cinco braços e movimentam-se rapidamente sobre o


substrato.
b) ( ) Podem ser predadores de outros animais.
c) ( ) São caracterizados pela sua grande capacidade de regene-
ração.
1m • Pycnopodia helianthoides d) (
) São seres que vivem junto ao substrato, geralmente em ro-
chas, costões, corais e areia ou lodo no fundo do mar.
6. Os lírios-do-mar se alimentam filtrando pequenas partículas orgânicas da água. São espécies de equino-
dermos indicadores do bom estado dos fundos marinhos. Quais fatores podem afetar, de forma negativa,
as populações desses animais?
7. A imagem mostra o esqueleto da espécie Mellita quinquiesperforata, conhe-

©Shutterstock/Matthew R McClure
cida, popularmente, como bolacha-da-praia. 5-14 cm

a) Qual é a principal diferença entre o esqueleto dos artrópodes e o esque-


leto dos equinodermos?
b) Com qual equinodermo a bolacha-da-praia apresenta maior parentesco?

+ Zoom
ANIMAIS MARINHOS: PREVENÇÃO DE ACIDENTES E PRIMEIROS CUIDADOS
Verão, sol, mar, praia... quase sempre trazem boas recor-
©Shutterstock/ASB63

dações e sensações de prazer. Mas o litoral tem surpresas nem


sempre agradáveis. 7-15 cm

[...] Além de se prevenir contra queimaduras solares, de-


sidratação, infecções e picadas de mosquitos, aquele que se
aventura num mergulho ou numa caminhada ao longo da
praia ou do costão rochoso tem que se preocupar também com
os animais marinhos que ali vivem. [...]
Lembre-se de que um animal pode tornar-se “perigoso” para • Ouriço-do-mar
nós apenas quando invadimos inadvertidamente seu território,

26 8o. ano – Volume 4


©Shutterstock/Laura Dinraths
chegamos muito perto dele ou o manuseamos sem os devidos cuidados.

1m
Se alguns organismos apresentam estruturas ou comportamentos que
potencialmente nos ameaçam, é porque precisam deles na captura de
alimento ou como defesa.
Vários animais oferecem riscos pelo contato com a pele (“queimaduras”),
por meio de mordidas, ferroadas ou arranhões, e ainda pela ingestão [...]. A
primeira regra é não tocar em nenhum organismo, lembrando que mesmo
aqueles que se encontram aparentemente inertes na praia podem manter
venenos ativos depois de mortos, como é o caso das águas-vivas [...]. • Esponjas-do-mar
Em locais rochosos ou com pedras soltas, caminhe sempre

©Shutterstock/Vaklav
com os pés protegidos por um calçado firme de solado antider-

1m
rapante (tênis ou sapatilha). Rochas são, geralmente, cobertas
por cracas e ostras, que têm bordos muito cortantes. Por causa
da presença de bactérias e fungos na superfície desses animais,
é comum a ocorrência de infecções secundárias nos ferimentos.
Cuidado adicional deve ser tomado em locais poluídos, pois
cortes e ferimentos são portas abertas para infecções por bacté- • Água-viva
rias que podem ser graves. Portanto, todo o cuidado é pouco.
Caranguejos e siris possuem pinças ou garras que

©Shutterstock/Aerial-motion
podem causar beliscadas fortes e cortes. Tome cuidado
ao manuseá-los sem conhecer a técnica correta. Evite
colocar as mãos desprotegidas em tocas ou sob rochas.
Os ouriços-do-mar são responsáveis pela maioria
dos acidentes envolvendo organismos marinhos no lito-
ral. Se você não estiver familiarizado com a região, evite
caminhar sobre rochas, especialmente durante marés

3m
baixas. Use um calçado com sola antiderrapante e fique
• Polvo
longe das áreas com grandes populações de ouriços.
[...]
Esponjas-do-mar: [...] Possuem espículas – minúsculas estruturas semelhantes a agulhas –,
que facilmente penetram na pele quando manuseadas. Há também a presença de substâncias
irritantes na superfície de muitas esponjas. [...] Não manuseie diretamente o animal.
Caravelas ou Bexiguinhas [e] Águas-vivas: [...] Não nade quando caravelas e águas-vivas
estiverem por perto. Se souber que houve acidentes nas proximidades, fique alerta e não entre
na água. Os cuidados devem ser redobrados com relação às crianças, que são, particularmente,
mais sensíveis do que os adultos.
Polvos: [...] Não coloque a mão em tocas. Não se aproxime de exemplares grandes. Se ficar
preso por um polvo, mantenha a calma e aperte a cabeça do animal, o que fará com que ele
solte os tentáculos.
Ouriços-do-mar: [...] cuidado ao caminhar no costão rochoso, principalmente sobre pedras
úmidas, que são muito escorregadias. Utilize um calçado firme e forte. Ao mergulhar no mar
agitado, evite locais com ouriços-do-mar.
MIGOTTO, Alvaro E.; HADDAD JUNIOR, Vidal; SOUZA, Shirley P. de. Animais marinhos: prevenção de acidentes e primeiros cuidados. Disponível em:
<http://cebimar.usp.br/images/cebimar/servicos-e-produtos/edicoes/folheto_animais_marinhos.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2018.

Agora, responda às questões propostas.


1. Por que é aconselhável caminhar nos costões rochosos usando calçados firmes e
antiderrapantes?
2. Quais invertebrados são citados no texto? A qual grupo cada um pertence?

Ciências 27
Hora de estudo
1. Alguns estudos apontam que os ouriços-do-mar são responsáveis por cerca da metade dos acidentes aquá-
ticos no Brasil. Na outra metade das causas dos acidentes, estão alguns peixes (como bagres e tubarões) e as
águas-vivas.
a) Em que grupo são classificados os ouriços-do-mar? E as águas-vivas?
b) De que modo as águas-vivas podem causar acidentes com os banhistas?
c) Como agir em caso de acidente com água-viva?
2. Deve-se tomar bastante cuidado com a origem dos alimentos e da água que consumimos. O consumo
de carne contaminada com as larvas da tênia causa a teníase, mas essa não é a única doença que a Taenia
solium (do porco) pode causar.
Ao se alimentar de vegetais e até mesmo ingerir a água contaminada pelos ovos da Taenia solium, pode-
-se adquirir a cisticercose. Nessa doença, a larva (cisticerco) se aloja principalmente no cérebro, podendo
provocar diversos sintomas, como dor de cabeça, convulsões, confusão mental, vômitos e até morte.
A cisticercose tem a mesma forma de prevenção da teníase? Como a cisticercose pode ser evitada?
3. Leia atentamente o texto a seguir.

Em outubro de 2015, vários jornais publicaram notícias sobre os ganhadores do Prêmio Nobel de
Medicina daquele ano. Eles desenvolveram terapias inovadoras no tratamento de algumas doenças
parasitárias utilizando a avermectina, um medicamento cujos derivados diminuíram a incidência da
oncocercose (também conhecida como “cegueira dos rios”) e da filariose linfática (elefantíase).

Faça uma pesquisa sobre as doenças destacadas no texto e responda às questões propostas.
a) Em qual grupo de vermes são incluídos os causadores da oncocercose e da filariose?
b) De que modo esses vermes são transmitidos aos seres humanos?
c) Quais são as consequências das infestações causadas por esses vermes?
d) Por que a filariose linfática também é conhecida como elefantíase?

4. (OBC) O ciclo biológico do Schistosoma mansoni, que causa


no homem a esquistossomose e tem como hospedeiro inter-
mediário um molusco, está representado na figura a seguir.
As figuras 1, 2, 3 e 4 ilustram medidas profiláticas para doen-
ças causadas por parasitos.
Assinale a opção que apresenta medidas profiláticas corretas
para a esquistossomose e as formas do parasito que conta-
minam, respectivamente, o molusco e o homem:
a) 1 e 2; miracídio e ovo.
b) 2 e 4; cercária e miracídio.
c) 1 e 3; cercária e ovo.
d) 2 e 3; ovo e cercária.
e) 1 e 4; miracídio e cercária.

28
5. Leia a notícia a seguir e depois responda ao que se pede.

A produção nacional em cativeiro de ostras, vieiras e mexilhões corre riscos devido à infestação
de um verme anelídeo da classe Polychaeta, chamado Polydora hoplura, uma espécie invasora na-
tural do oceano Pacífico.

MOON, Peter. Verme ameaça a produção de ostras, vieiras e mexilhões. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/verme-ameaca-a-
producao-de-ostras-vieiras-e-mexilhoes/>. Acesso em: 20 nov. 2018.

a) Em qual grupo de moluscos as ostras, as vieiras e os mexilhões são classificados?


b) Quais as principais características desse grupo?
c) Quais as características dos poliquetas? Em que categoria de ambiente eles vivem?
d) Faça uma pesquisa sobre as espécies invasoras e escreva um texto explicando o que são elas.
e) Quais os riscos representados pelas espécies invasoras?
6. Em uma excursão à praia, alunos de uma escola, sob a supervisão de seus professores, coletaram orga-
nismos que foram colocados em baldes e identificados como esponjas, cracas, gastrópodes, mexilhões,
ouriços-do-mar, caranguejos e estrelas-do-mar.
a) Organize os animais coletados por filos.
b) Agora, organize os animais coletados de acordo com a mobilidade (fixos ou os que se deslocam).
7. Relacione as colunas identificando os anelídeos.
( 1 ) Poliquetas ( ) Anelídeos marinhos. ( ) Têm poucas cerdas.
( 2 ) Oligoquetas ( ) Sanguessugas. ( ) Não têm cerdas.
( 3 ) Hirudíneos ( ) Minhocas. ( ) Têm muitas cerdas.
8. Uma empresa dedetizadora publicou o seguinte anúncio:
Analisando a propaganda da empre-
Estamos preparados para livrar a
sa, notam-se alguns erros relevantes
sua casa de todos os tipos de insetos:
quanto aos grupos de animais rela-
baratas, mosquitos, carrapatos, ácaros,
cionados. Cite quais são esses erros e formigas e escorpiões!
justifique sua resposta.
9. Agora você já sabe mais sobre a diversidade e a importância de cada grupo de invertebrados. Também já
aprendeu que muitas vezes o nome científico está relacionado a uma característica importante do ser vivo.
Relembre os grupos que estudou até aqui completando o quadro com a característica principal de cada um.

Animais invertebrados Característica principal


Poríferos
Cnidários
Platelmintos
Nematódeos
Anelídeos
Moluscos
Artrópodes
Equinodermos

29
8 Diversidade de animais:
os vertebrados

©Marco Zwinkels
• Animaris Plaudens Vela,
2013, artista Theo Jansen
Desde 1990, tenho me ocupado em criar novas formas de vida.
Nem pólen ou sementes, mas tubos amarelos de plástico são usados como material
básico desta nova natureza. Faço esqueletos que são capazes de andar no vento e não
precisam comer.
Com o passar do tempo, esses esqueletos têm se tornado cada vez melhores, resistin-
do a elementos como as tempestades e água e, finalmente, quero soltá-los na praia, assim
poderão viver suas próprias vidas.
JANSEN, Theo. Strandbeest. Disponível em <http://www.strandbeest.com/>.
Acesso em: 20 nov. 2018. Tradução nossa.

1. Por que o artista considera as obras dele como uma forma de vida?
2. Entre os animais, há uma variedade de esqueletos internos e externos. Para esses seres, que funções o
esqueleto desempenha?

30
Objetivos
• Caracterizar os animais vertebrados.
• Reconhecer os principais grupos de vertebrados.
• Associar as diferentes características dos grupos de vertebrados ao seu modo de vida.
• Compreender a importância ecológica dos vertebrados.

Peixes
Os peixes foram os primeiros vertebrados que habitaram o planeta, há, aproximadamente, 500 milhões de
anos. Atualmente, são conhecidas mais de 25 mil espécies – número maior que a soma de todas as espécies
dos outros vertebrados conhecidos.

©S
hu
tte
Os animais vertebrados têm, como principal característica, a presença de coluna vertebral, na

rst
oc
k/
maioria dos casos, e de crânio. Por isso, também são classificados como craniados. Esse grupo

Wa
lle
n
roc
está incluído no filo dos Cordados (Chordata) e inclui peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. O

k
esqueleto interno desses animais, além de proteger partes vitais do corpo, dá sustentação a ele e, em
conjunto com os músculos, possibilita-lhes a movimentação.
Os vertebrados estão distribuídos em todos os ecossistemas, ocupando ambientes aquáticos e terrestres.

O formato do corpo da maioria dos peixes, chamado de hidrodinâmico, colabora para o seu deslocamento
na água. As nadadeiras também são muito importantes para a locomoção. Além da função locomotora, em
alguns peixes, a nadadeira pode abrigar ferrões, auxiliar no acasalamento ou, até mesmo, ajudar a planar sobre
a água, como ocorre com o peixe-voador.
Os seus corpos são, normalmente, recobertos por escamas e muitos produ-
zem uma espécie de muco que facilita o deslizamento na água. Em relação à Os vertebrados que de-
temperatura do corpo, os peixes são ectotérmicos, ou seja, dependem do calor pendem do calor exter-
do ambiente para regulá-la. no (do ambiente) para
manter sua temperatura
Para perceber o ambiente, eles contam com órgãos sensoriais capazes de detec- corpórea são denomi-
tar variações no seu entorno. Os olhos têm a função de formar imagens e perceber nados ectotérmicos e
variações de luminosidade. As narinas têm bolsas olfatórias que detectam substân- são representados pelos
cias químicas dissolvidas na água. Além disso, eles também têm órgãos auditivos peixes, anfíbios e répteis.
que captam as vibrações sonoras e indicam a posição do corpo do animal na água. Aves e mamíferos são
animais endotérmicos
Há ainda uma estrutura denominada linha lateral, que capta as vibrações da porque produzem calor
água causadas pela presença de outros animais. e mantêm a temperatu-
A alimentação dos peixes é bastante variável. Eles podem ser carnívoros, herbí- ra do corpo constante.
voros ou, ainda, filtrar pequenos organismos que ficam dispersos na água.

Classificação
Os peixes são classificados de acordo com os tipos de esqueleto: ósseo ou cartilaginoso.

Peixes ósseos (osteíctes)


Os peixes ósseos têm o esqueleto formado por ossos e apresentam bexiga natatória, um órgão que
funciona como um flutuador e os auxilia no deslocamento vertical na água. Quando a bexiga se enche de ar,
a densidade do animal diminui e ele se desloca para cima. Quando a quantidade de ar na bexiga diminui, a
densidade do animal aumenta e ele afunda.
31
Os peixes ósseos representam mais de 90% das Nadadeiras dorsais
Linha lateral
espécies de peixes. Por isso, eles formam o maior Opérculo Nadadeira

Jack Art. 2012. Mista.


grupo de vertebrados existente. Nesses peixes, Olho caudal
Narina
a boca fica na extremidade anterior do corpo (na
frente), e as brânquias estão protegidas por uma
placa óssea, o opérculo.
São exemplos de peixes ósseos o lambari, o dou-
Nadadeira anal
rado e a sardinha. Boca Nadadeira peitoral
Nadadeira pélvica

• Morfologia externa de um peixe ósseo


Peixes cartilaginosos (condrictes)
Os peixes cartilaginosos têm o esqueleto formado, principalmente, por cartilagem. Apresentam a boca na
região ventral (voltada para baixo), com diversas fileiras de dentes, não têm opérculo e as brânquias ficam
expostas nas fendas branquiais. Além da linha lateral, os tubarões apresentam pequenos orifícios na cabeça,
denominados ampolas de Lorenzini, que detectam salinidade, temperatura, pressão e campos elétricos na
água. Os condrictes não apresentam bexiga natatória, mas muito óleo no fígado, o que os ajuda a controlar a
flutuabilidade.
São exemplos de peixes cartilaginosos o tubarão e a arraia.
Fendas branquiais O tubarão tem várias
Nadadeiras dorsais
Nadadeira caudal
fileiras de dentes. Quan-
Divo. 2008. Digital.

Linha lateral do algum se quebra ou


se desgasta é automa-
ticamente substituído.
Narina
Assim, o tubarão pode
Olhos
ter, durante toda a vida,
Boca
milhares de dentes.
Nadadeira pélvica Nadadeiras peitorais

• Morfologia externa de um peixe cartilaginoso

Reprodução
A maioria dos peixes ósseos libera seus gametas na água, na qual ocorre a fecundação. Portanto, na maioria
dos peixes, a fecundação é externa. Dos ovos, surgem as larvas, que se desenvolvem em peixes adultos.

Salmão novo Quando adultos,


migram do rio As larvas dos peixes podem ser chamadas de
para o mar
alevinos, ainda que esse nome tenha surgido so-
mente para as larvas de peixes que apresentam
uma reserva nutritiva, como os salmões e as trutas.

Os tubarões e as arraias têm fecundação


Formas jovens interna, o macho deposita os espermatozoides
no órgão reprodutor da fêmea com o auxílio de
uma nadadeira modificada chamada clásper.
Jack Art. 2012. Lápis de cor.

A fecundação dos gametas ocorre dentro do


corpo da fêmea, originando ovos. A maioria das
Alevinos Ovos
No período reprodutivo, espécies de tubarões pode reter os ovos no in-
retornam ao rio
terior do corpo, onde os filhotes se alimentam
• Ciclo de vida do salmão
das substâncias armazenadas no ovo.

32 8o. ano – Volume 4


Importância ecológica dos peixes
Certos grupos de peixes podem ser usados como bioindicadores da qualidade do ambiente, pois esses ani-
mais estão permanentemente expostos à qualidade das águas. Quando há poluição, as espécies podem ocupar
outros ambientes, reduzir a população e até mesmo apresentar mudanças no crescimento dos indivíduos.
Os peixes se alimentam, basicamente, de micro-organismos, plantas e

©Shutterstock/Joe McDonald
outros animais, representando um elo muito importante nas teias alimenta-
res aquáticas. Também fazem parte da alimentação humana, chegando, em 1,1 m

algumas localidades, a ser a principal fonte de proteína de uma dieta diária.


A ação dos peixes no fundo dos rios e oceanos pode movimentar sedi-
mentos acumulados, liberando compostos que estavam imobilizados. Por
exemplo, uma espécie que se alimenta de animais bentônicos revira o fun-
do submerso, colocando nutrientes e restos de seres vivos na água corren-
te. Isso favorece o desenvolvimento das algas e de organismos filtradores,
como as esponjas e alguns moluscos.
Os resíduos corporais dos peixes também podem agir como fertilizantes, Os peixes fazem parte de diversas teias
favorecendo o desenvolvimento das algas, que são a base das teias alimen- alimentares.
tares aquáticas.

Atividades
1. Os peixes são animais hidrodinâmicos. Essa característica está relacionada à
a) respiração branquial. d) forma de perceber o ambiente.
b) presença de ovos sem casca. e) relação da temperatura corporal com o am-
c) forma do corpo, adaptada aos ambientes biente.
aquáticos.
2. Cite duas diferenças entre os peixes ósseos e os peixes cartilaginosos.

3. Os olhos dos peixes não têm pálpebras. Explique por que essa estrutura é desnecessária nesses animais.

4. Nos peixes cartilaginosos, as brânquias se abrem em fendas branquiais. E, nos peixes ósseos, de que modo
as brânquias se apresentam?

5. Os peixes de fecundação externa produzem muitos descendentes, e os de fecundação interna produzem


poucos descendentes. Por quê?
6. De outubro a março, a pesca em determinadas regiões é controlada por causa do período da piracema.
A pesca usada sem fins comerciais (pesca de subsistência) continua permitida. Mesmo assim, é comum
que haja desrespeito à lei, o que prejudica o desenvolvimento de espécies. Sobre esse fato, responda: O
que é piracema?

bentônicos: relativos ao fundo do mar, dos rios e dos lagos.

Ciências 33
Anfíbios
Os anfíbios são considerados os primeiros vertebrados a habitar o ambiente terrestre, evoluindo provavel-
mente de um grupo de peixes que tinham nadadeiras com estrutura de sustentação óssea.
Apesar de serem encontrados no ambiente terrestre, eles são
dependentes da água para a reprodução. Além disso, a vida fora da O nome dos anfíbios é derivado da
água exige adaptações que não existem nos animais exclusivamente palavra grega que significa “vida du-
aquáticos, como a presença de pulmões, que nos anfíbios são bem pla” (amphi = duplo; bio = vida), pois
primitivos e com pequena capacidade de realizar trocas gasosas. Por passam uma fase da vida no ambien-
isso, esses animais também têm respiração cutânea, isto é, através da te aquático, como girinos, e outra no
ambiente terrestre, como adultos.
pele. Para que as trocas gasosas possam acontecer, a sua pele é fina
e úmida. As larvas apresentam respiração branquial (por brânquias).
Assim como os peixes, os anfíbios são animais ectotérmicos. Na pele de alguns deles, como na dos sapos
e das pererecas, pode haver glândulas de veneno, que são um mecanismo de defesa. Se um predador tentar
comer esses animais, ficará intoxicado. Muitos ainda apresentam cores fortes, como o azul, o amarelo ou o ver-
melho, que servem de advertência para predadores.
Quando pensamos em anfíbios, normalmente nos lembramos de sapos, rãs e pererecas. Analise os quadros
a seguir e verifique a diferença que existe entre esses animais.
©Shutterstock/Sam Fraser-Smith

Sapo 20 cm

Caracteriza-se por hábitos terrestres e tem a


pele enrugada, com a presença de glândulas
paratoides (localizadas atrás dos olhos, produzem
veneno). As pernas traseiras são mais curtas que
as das rãs e pererecas e suas patas têm dedos
alongados e sem membrana entre eles.
©Shutterstock/Oleg Kovtun Hydrobio

12 cm

Passa boa parte da vida dentro da água,
apresenta pernas traseiras alongadas,
com uma membrana entre os dedos, o
que facilita a natação. Essa membrana é
chamada de membrana interdigital.
©Shutterstock/Kevin Wells Photography

10 cm
Perereca
As pererecas podem ser encontradas em
árvores, em galhos e no interior de plantas,
como as bromélias. Elas têm discos adesivos na
ponta dos dedos que lhes possibilitam escalar
até mesmo superfícies bastante escorregadias.

34 8o. ano – Volume 4


Classificação
Os anfíbios são classificados em três grupos: anuros (Anura), urodelos (Urodela ou Caudata) e ápodes (Apoda
ou Gymnophiona).

Anuros

r
us Ulrich Muelle
É um grupo de anfíbios em grande diversidade e ampla distribuição
geográfica. O nome do grupo se deve ao fato de que esses animais não
têm cauda na fase adulta. Os sapos, as rãs e as pererecas são exemplos

©Shutterstock/Kla
de anuros.
O Brasil tem centenas de espécies de anuros, que habitam princi-
palmente a Mata Atlântica e a Amazônia.

Os anuros podem caçar insetos em pleno voo, utilizando a língua pegajosa 5 cm


presa na parte da frente da boca. Quando esticada, a língua desses animais
alcança uma grande distância, auxiliando-os na captura da presa. A cor chamativa do Dendrobates azureus serve
para afastar os predadores, pois apresenta um
veneno na pele.

Urodelos
Os animais da ordem dos urodelos apresentam cauda na fase adulta e seu corpo é alongado e com pernas
curtas. Vivem, principalmente, em ambientes aquáticos ou úmidos. Seus representantes mais conhecidos são
as salamandras e os tritões, mais comuns no Hemisfério Norte, em regiões frias.
No Brasil, já foram descritas cinco espécies de salamandras, todas da Região Amazônica.
Alguns urodelos não completam a metamorfose e mantêm as brânquias até a vida adulta, vivendo sempre
em ambiente aquático. É o caso da salamandra Ambystoma mexicanum, também chamada de axolote.
©Wikimedia Commons/AmandaSofiarana

A B
©Sh
utte
r sto
ck/
Ma
rc

oM
agg
e si
23 cm
Em (A), Axolote – animal que permanece em estado 14-20 cm
larval por toda a vida. Em (B), salamandra-de-fogo.

Ápodes
©Getty Images/Science Source/Dante Fenolio

Os ápodes são animais que apresentam corpo


alongado e sem pernas. Seu principal representante 45 cm
é a cecília, também chamada de cobra-cega, pois
seus olhos são pouco visíveis. A maioria vive em
redes de túneis no solo úmido de regiões tropicais,
mas algumas espécies são aquáticas. Por viverem
enterrados, são pouco observados.
A cobra-cega é um anfíbio encontrado em
muitas regiões da América do Sul.

35
Reprodução
Os anfíbios são animais de 1. Casal de rãs-leopardo.

sexos separados e sua repro-


dução acontece na água ou
em lugares úmidos (fecundação
6. Ao término da metamorfose,
externa), mesmo que nem todos estão prontos para sobreviver
os adultos vivam em ambiente no ambiente terrestre úmido.
aquático. A maioria deles tem ci-
2. No período reprodutivo, o macho emite sons para guiar a
clo de vida com metamorfose, fêmea até ele. A fecundação é externa, o macho realiza o
incluindo uma larva chamada amplexo e a fêmea libera os óvulos. Em seguida, o macho
elimina os espermatozoides, ocorrendo a fecundação.
girino, que passará por muitas
transformações até a fase adulta. 3. Após a fecundação, os ovos ficam
5. Os girinos sofrem
A maioria das salamandras protegidos em um aglomerado de
metamorfose, com o
espuma próximo da água, evitando que
apresenta fecundação interna. A desenvolvimento de
ressequem, pois não apresentam casca.
pulmões, pernas e a
fecundação da cobra-cega tam- redução da cauda.
bém é interna e muitas delas
apresentam desenvolvimento 4. De cada ovo, sai
direto, ou seja, sem estágio lar- um girino, que se
alimenta de
val. Existem algumas espécies plantas e algas.
que colocam ovos, e os filhotes
• Ciclo de vida da rã-leopardo Luis Moura. 2009. Digital.
passam um período com a mãe
após nascerem.

Importância ecológica dos anfíbios


Os anfíbios são importantes bioindicadores das condições ambientais, porque sua pele fina os torna muito
sensíveis à presença de poluentes. Por exemplo, se em um lago ocorre o declínio no número de rãs, podemos
supor que ele esteja contaminado por um poluente prejudicial aos seres vivos.
Eles também apresentam papel importante nas teias alimentares, sendo predadores de diversas espécies
e também servindo de alimento para outras. As fases larvais, como os girinos, servem de alimento para alguns
animais, e os adultos são predadores de grande variedade de invertebrados, especialmente de insetos, sendo
muito importantes no controle das populações de mosquitos transmissores de doenças, como o Aedes sp.
Algumas espécies de rãs são utilizadas na alimentação humana.
Os anfíbios estão entre os animais mais ameaçados de extinção. A poluição de rios, de brejos, as demais
regiões alagadas, as mudanças climáticas e a perda do hábitat são fatores responsáveis pela extinção de
várias espécies de anfíbios em todo o mundo.
O Brasil apresenta grande riqueza na diversidade de anfíbios, com cerca de 800 espécies. A Mata Atlântica
abriga cerca de 370 delas. Dessas, 90 são endêmicas, ou seja, não são encontradas em outros lugares. Infeliz-
mente, muitas dessas espécies estão ameaçadas de extinção.
©Shutterstock/FloridaStock
©Shutterstock/Cathy Keifer

1m

Os anfíbios participam das


10 cm teias alimentares como
predadores ou presas.

36 8o. ano – Volume 4


Atividades
1. A seguir estão citados alguns exemplos de anfíbios. Considerando as características de cada animal, nu-
mere a segunda coluna de acordo com a primeira.
( 1 ) Cobra-cega ( ) Urodelo com quatro patas e cauda.
( 2 ) Sapo ( ) Não apresenta pernas.
( 3 ) Perereca ( ) Anuro com discos adesivos nos dedos.
( 4 ) Salamandra ( ) Anuro que apresenta adaptações ao nado em suas patas.
( 5 ) Rã ( ) Anuro com pele enrugada e dedos alongados.
2. Dos animais citados a seguir, identifique o tipo de respiração usando B para branquial, P para pulmonar
e C para cutânea. Você poderá incluir mais de um tipo de respiração em cada item.

a) Minhoca: b) Peixe: c) Sapo: d) Polvo:


3. Sobre os anfíbios, marque as alternativas corretas.
a) Suas larvas se chamam alevinos.
b) Passam os primeiros estágios de vida na água e, quando adultos, podem viver no ambiente terrestre,
mas sempre em locais úmidos.
c) Algumas espécies não têm pernas e se locomovem por rastejamento.
d) Apresentam o corpo coberto por escamas e placas dérmicas.
e) Apresentam respiração branquial por toda a vida.
4. Analise os três biomas a seguir e assinale aquele em que há maior probabilidade de existir uma fauna rica
em anfíbios.
©Shutterstock/Troutnut

©Shutterstock/PhotoMagicWorld

©Shutterstock/STILLFX
( )Tundra ártica ( ) Deserto quente ( ) Floresta tropical

5. Por que o ambiente assinalado na questão anterior é melhor para esses animais?

6. “Não chegue perto de um sapo, porque ele espirra veneno dentro do seu olho!”. Pode ser que você já
tenha ouvido um alerta desse tipo. Essa afirmação é verdadeira? Justifique sua resposta.

Ciências 37
Répteis

ndrickx
O nome “réptil” refere-se à forma como muitos dos

ns/Christophe He
seus representantes se locomovem (do latim reptum =
rastejar). Os primeiros estudiosos desses animais acre-
ditavam que todos eles rastejavam, o que não é ver-

mo
dade, pois há répteis com pernas bem desenvolvidas.

©Wikimedia Com
Durante muito tempo, esses vertebrados terrestres
formaram um grupo dominante em toda a Terra, pe-
ríodo que ficou conhecido como “Era dos Répteis”. Esse
fato pôde ser comprovado com a observação de, por
exemplo, diversos registros fósseis de dinossauros e de

4m
outras espécies. 12,8 m
A maioria dos répteis é carnívora. Algumas espé-
cies, como jacarés, apresentam garras e dentes fortes
para agarrar, rasgar e mastigar a presa; outras, como al- Esqueleto fóssil do dinossauro Sue, o mais completo Tyrannosaurus rex
gumas espécies de serpentes, apresentam dentes para já encontrado. Sue faz parte do acervo do Museu de Chicago. O animal
media mais de 12 m de comprimento e tinha cerca de 4 m de altura.
inocular peçonha; além disso, existem as espécies que
não têm dentes, como as tartarugas.
Os répteis foram os primeiros vertebrados que se adequaram totalmente ao ambiente terrestre. Isso foi possível
por causa de algumas adaptações que diminuíram o risco de desidratação, como:
• ovos com casca, que protege o embrião e reduz a perda de água;
As escamas que revestem o corpo dos rép-
• fecundação interna; teis podem ter formas de espinho, servindo
• pele seca, sem glândulas, coberta por escamas, placas ou cara- como defesa. As escamas são trocadas de
paças queratinizadas, o que confere resistência e reduz a perda tempos em tempos, à medida que o animal
de água corporal; cresce, em um processo chamado de muda
ou ecdise. Processo semelhante ao que
• respiração exclusivamente pulmonar (os pulmões dos répteis têm ocorre com o exoesqueleto dos artrópodes.
muitas dobras internas e são mais eficientes que os dos anfíbios).
Os répteis são animais ectotérmicos. Para se tornarem mais ativos, costumam se expor ao calor do sol. Eles
têm pernas adaptadas para correr, nadar, rastejar e escalar (há casos de pernas ausentes ou vestigiais).

Classificação
Pela diversidade de características apresentadas, os répteis estão distribuídos em três grupos principais: tes-
tudíneos ou quelônios, crocodilianos e escamados.

Testudíneos
Nesse grupo, estão incluídos os cágados, as tartarugas e os jabutis.
Os testudíneos são répteis que apresentam uma carapaça em que se A porção inferior da carapaça
fundem vértebras e costelas, formando uma estrutura leve e resistente, que dos testudíneos é chamada de
facilita o nado. Além disso, a carapaça os protege de possíveis predadores. plastrão.
Eles são onívoros e não têm dentes.
Embora o termo “tartaruga” seja aplicado a diversos animais que apresentam uma carapaça em volta do
corpo, como o caso dos jabutis, das tartarugas e dos cágados, é possível diferenciá-los por algumas outras ca-
racterísticas e pelo ambiente em que vivem.

38 8o. ano – Volume 4


©Shutterstock/Blue-sea.cz

©Shutterstock/Meet Poddar

©Wikimedia Commons/TomCatX
Ilustrações: Jack Art. 2012. Lápis de cor.

Tartarugas Jabutis Cágados 28 cm


1,4 m 35 cm

As tartarugas são aquáticas, Os jabutis são terrestres, Os cágados vivem tanto em ambiente terrestre
apresentam as pernas têm carapaça arredondada quanto na água doce. Caracterizam-se pela
modificadas em nadadeiras, e membros com dedos carapaça oval e pela membrana entre os dedos,
que as auxiliam na locomoção curtos e unhas adaptados que os auxiliam no deslocamento aquático.
na água. Seu corpo pode para se locomoverem no Algumas espécies podem ficar imóveis um
atingir grandes dimensões. Há ambiente terrestre e para período muito longo; outras ficam imersas na
muitas espécies de tartarugas, escavar. São, geralmente, maior parte do tempo, apenas com as narinas
algumas são carnívoras, outras herbívoros. fora da água. A dieta dos cágados é carnívora,
herbívoras. mas podem ser onívoros.

Crocodilianos
Os jacarés, os gaviais e os crocodilos são animais bastante fortes, com gar-

©Shutterstock/Vaclav Sebek
ras, dentes, cabeça alongada e cauda comprida. Eles têm hábitos alimentares
carnívoros, alimentando-se principalmente de peixes, mamíferos, aves e outros 2m

répteis. As pernas dos crocodilos são curtas, com membranas entre os dedos, o
que os auxilia em seu deslocamento na água.
Os jacarés diferenciam-se dos crocodilos pelo menor porte físico, além
do focinho mais largo e curto. No Brasil, existem jacarés nativos, com desta-
que para o jacaré-de-papo-amarelo, o jacaré-açu (presente na Amazônia)
• Jacaré-de-papo-amarelo
e o jacaré-do-pantanal.

Escamados
Nesse grupo, estão os répteis que apresentam a pele escamosa e rígida, a qual é substituída em razão do
crescimento do corpo. Os escamados alimentam-se, geralmente, de animais menores, como sapos, roedores e
pássaros, e podem ou não ser peçonhentos.
São divididos em dois grupos: lacertílios e ofídios.
Os lacertílios têm quatro membros locomotores e são representados por lagartos, lagartixas, camaleões e
iguanas. Os ofídios, representados pelas serpentes, apresentam o corpo alongado e não têm pernas.
As serpentes encontram-se distribuídas em várias regiões do planeta, com exceção dos polos e de lugares com
temperaturas muito baixas. Os olhos não têm pálpebras móveis, dando a impressão de estar sempre abertos. Esses
ofídios percebem facilmente os odores ao seu redor, pois têm a língua bífida (bifurcada), que usam para reconhe-
cer os cheiros e encontrar as presas ou evitar predadores. Podem ser carnívoras e insetívoras, mas são incapazes
de mastigar ou dilacerar suas presas, que são engolidas inteiras. Apresentam adaptações nos ossos do crânio e da
mandíbula, os quais se desarticulam, o que lhes permite engolir presas com
©Shutterstock/Reisegraf.ch

tamanho maior que seu próprio corpo.


Os lacertílios são semelhantes às serpentes quanto à constituição interna
do corpo, à reprodução e ao modo de vida. Externamente, diferenciam-se das
serpentes pela presença de membros locomotores e olhos mais desenvolvidos.
Apesar de existirem espécies ápodas (sem pernas) que vivem no solo, a
maioria dos lacertílios tem membros desenvolvidos para correr, nadar e escalar.
Algumas espécies, como o teiú, apresentam uma língua longa e bipartida, • Lagarto teiú 1,4 m

utilizada para capturar alimentos.


Ciências 39
Conexões
Serpentes peçonhentas
Algumas serpentes produzem substâncias capazes de paralisar e, até
O termo “venenoso” é utilizado para
mesmo, matar as presas que lhes servem de alimento. Essas serpentes
designar os organismos que produzem
têm dentes especializados, capazes de injetar a peçonha e, por isso, são uma substância tóxica, mas que são in-
chamadas de peçonhentas. capazes de injetá-lo, tal como os sapos.
Muitas serpentes peçonhentas, como as cascavéis e as jararacas, Já as serpentes inoculam a substância
apresentam, entre os olhos e as narinas, uma estrutura que detecta va- tóxica (peçonha) usando os dentes, por
riações de temperatura ao seu redor, a fosseta loreal, fundamental para isso são chamadas de peçonhentas.
a localização das presas, especialmente à noite.
No Brasil, são registrados cerca de 20 000 acidentes ofídicos por ano e a maioria acontece nos meses quentes
e chuvosos. Os acidentes ocorrem em todas as regiões e são causados, principalmente, por quatro gêneros:
Micrurus (coral verdadeira), Crotalus (cascavel), Lachesis (surucucu) e Bothrops. O gênero Bothrops está relacio-
nado à maioria dos acidentes, ele é composto por diversas espécies, das quais, as mais populares são: jararaca,
jararacuçu, urutu-cruzeiro, caiçaca, etc.

©Getty Images/Science Source/Photo


©Wikimedia Commons/Leandro Avelar

Os dentes inoculadores de
peçonha da cascavel são 1,8 m
1,5 m
especializados e semelhantes
a uma agulha de injeção. A
substância tóxica escorre por

Researchers
um canal dentro dele e escoa
Fosseta loreal para a presa.
• Jararacuçu • Cascavel

Como se prevenir de picadas de serpente


• Olhe sempre com atenção as trilhas na mata ou no meio da lavoura e utilize bota de cano
alto ao caminhar por esses locais.
• Não coloque as mãos em tocas ou buracos existentes no solo e nas árvores. Use luvas
grossas nas atividades rurais ou de jardinagem.
• Evite o acúmulo de lixo, entulho, pedras, tijolos, telhas e madeiras, bem como mato alto ao redor das
casas, pois oferecem abrigo às serpentes e suas presas (ratos).
• Preserve os predadores naturais das serpentes peçonhentas, tais como: corujas, gaviões, seriema, cachor-
ro-do-mato, gato-do-mato e muçurana (serpente não peçonhenta).
• Nunca manuseie uma serpente, nem viva nem morta. Nos animais mortos, ainda há peçonha nas presas
e, portanto, há risco de acidente.

Em caso de acidente com serpentes peçonhentas


• mantenha o acidentado deitado, em repouso, evite que ele ande ou corra;
• leve a pessoa imediatamente a um serviço de saúde, onde ela receberá o atendimento necessário;
• o soro antiofídico, quando indicado, deve ser específico, por isso, sempre que possível, é importante
informar o nome da serpente que causou o acidente.

40 8o. ano – Volume 4


Reprodução

©Shutterstock/David Evison
Os répteis apresentam sexos separados, a reprodu- 1,4 m

ção é sexuada, com fecundação interna, e o desenvol-


vimento dos embriões ocorre em ovos com casca. A
maioria dos répteis coloca os ovos na areia ou na terra,
onde são chocados pelo calor do sol. Em algumas es-
pécies de serpentes, o desenvolvimento dos ovos com
os embriões ocorre no interior do corpo das fêmeas.
Em algumas espécies, pode haver um ritual de
acasalamento.
Entre os jacarés e os crocodilos, na época da repro-
dução, as fêmeas são responsáveis pelo cuidado com os
ovos, que são depositados em ninhos construídos com
galhos e barro perto da água, enquanto os machos de-
fendem ativamente o território em que vive sua família. A tartaruga-verde coloca seus ovos em um buraco na areia da praia.

Importância ecológica dos répteis


Os répteis são predadores de vários animais, incluindo outros répteis, anfíbios, aves, insetos e pequenos
mamíferos, como os roedores, ajudando a controlar as populações desses animais.
Como também transmitem doenças, a redução da população dos roedores evita o aparecimento de epi-
demias, como no caso da leptospirose, causada por uma bactéria presente na urina de ratos contaminados.
A presença dos répteis nos ecossistemas é de extrema
©Shutterstock/Frantic00

importância ecológica, pois participam de várias teias ali-


mentares. No entanto, as principais causas de ameaça para
1,2 m
os répteis brasileiros são os desmatamentos e as queima-
das, que provocam a redução ou degradação de seu há-
bitat. A introdução de espécies invasoras, a retirada direta
de indivíduos da natureza, a poluição e algumas doenças
também contribuem para a redução das populações.
Jacarés já são criados para a finalidade de produzir car-
ne para a alimentação humana, como fonte de proteínas.
O couro de alguns répteis de cativeiro também pode ser
As serpentes são importantes predadores naturais de muitos animais.
utilizado para a confecção de roupas, sapatos e acessórios.
Alguns répteis são alvo de biopirataria, tornando-
-se visados, principalmente, por indústrias farmacêuticas
que utilizam como fonte de matéria-prima as substâncias
ideto999
©Shutte rs to ck /H que são produzidas naturalmente por esses animais. Por
exemplo, a toxina produzida pela jararaca deu origem
a medicamentos para controlar a pressão arterial, e um
10 cm
medicamento com ação analgésica foi obtido da toxina
da cascavel. A conservação das serpentes peçonhentas
As lagartixas domésticas podem estar presentes em muitas
residências. Elas fazem o controle natural de vários animais, como
brasileiras também preserva o potencial farmacêutico e
aranhas, escorpiões e baratas. socioeconômico de suas toxinas.

biopirataria: exploração fraudulenta de recursos biológicos – ou de conhecimentos científicos – de um país, contrariando as regras
internacionais da Convenção de Diversidade Biológica de 1992.

Ciências 41
Atividades
1. Assinale uma característica que possibilitou, aos répteis, sucesso no ambiente terrestre.
a) Respiração branquial. c) Pele fina. e) Reprodução assexuada.
b) Ovo com casca. d) Apenas fase larval aquática.
2. No Pantanal Mato-Grossense, os jacarés aquecem-se no calor solar às margens dos rios durante o dia
e, como a água esfria mais lentamente que a terra durante a noite, submergem. Essa estratégia dos
crocodilianos está relacionada ao fato de eles
a) alimentarem-se exclusivamente de peixes.
b) serem ectotérmicos, dependendo de fontes externas de calor para a regulação da temperatura do corpo.
c) dependerem da água para a fecundação e para o desenvolvimento dos ovos.
d) apresentarem o corpo revestido por placas córneas, que evita a dessecação.
e) necessitarem de água para realizar a respiração branquial.
3. Leia um trecho do poema A tartaruga, de Pablo Neruda. Depois, descreva as estruturas que protegem as
g
tartarugas.

©Shutterstock/Shane Myers Photography


A tartaruga
[...]
a tartaruga
blindada
contra
o calor
e o frio,
contra
os raios e as
ondas
CÓRDAVA, Isabel (Ed.). Pablo Neruda
para niños. Madrid: Ed. de la Torre,
1996. p. 103-104. Tradução nossa.

4. Existem câmeras de vídeo especiais que são capazes de detectar o calor (como
©Shutterstock/Dario Sabljak

representado na imagem ao lado). Por isso, elas são utilizadas em filmagens


noturnas e para analisar como ocorrem as perdas de calor no ambiente, por
exemplo. As serpentes têm um órgão com a mesma capacidade. Qual é esse
órgão? Qual é a função dele?

5. Em todo o Brasil, anualmente, milhares de pessoas sofrem acidentes provocados por serpentes peço-
nhentas. No ano de 2017, segundo o Sinan, foram 28 636 acidentes, dos quais 106 resultaram em mortes.
Cite as medidas a serem tomadas em casos de acidente com serpentes peçonhentas.
6. A composição da toxina produzida pelas serpentes peçonhentas varia entre as espécies, bem como os sinto-
mas ocasionados pela sua picada. Sem atendimento médico rápido, a picada pode levar à morte em horas.
Pesquise como é produzido o soro antiofídico utilizado em pessoas que foram picadas por serpentes
peçonhentas.

42 8o. ano – Volume 4


Aves
A América do Sul é o continente com o maior número de
aves em todo o planeta. Das cerca de 9 700 espécies conhecidas
no mundo, aproximadamente 3 200 são encontradas nesse

r
phen_Turne
continente. Destas, mais de 1 800 espécies vivem no Brasil.
As aves apresentam enorme diversidade de tamanhos,

mmons/Ste
formas de bico, de pés e de cores. São animais endotérmicos,
isso significa que apresentam temperatura corporal constante

Co
©Wikimedia
e controlada internamente. Isso possibilita a elas que ocupem
grande variedade de ambientes.

45 cm
O udu-de-coroa-azul é uma ave encontrada
na Mata Atlântica e no Pantanal. Seu canto é
semelhante ao de uma coruja.

Não apresentam dentes nem bexiga urinária. Apresentam asas e corpo recobertos por penas. O formato do
bico é bastante variável. Apresentam papo para armazenar alimentos e moela para triturá-los. A respiração é
pulmonar.
Apresentam várias características relacionadas ao voo, seja pela redução do peso, seja pela aerodinâmica.

Entre essas características, podemos


Penas
citar:
• corpo coberto por penas;
• ausência de dentes e de bexiga
urinária; Pulmão

• membros anteriores modificados Ossos


pneumáticos
em asas;
• esqueleto leve, com presença de Moela

ossos pneumáticos (ocos), po- Rim


dendo haver sacos aéreos ligados
ao sistema respiratório; Papo

• o osso do peito, denominado es- Intestino


Divo. 2011. Digital.

terno, na maioria delas, apresen-


ta uma carena (quilha) onde se Coração
prendem os músculos peitorais, Cloaca

que movimentam as asas, permi- Esterno com


Fígado

tindo-lhes o voo. carena (quilha)

Ciências 43
Classificação
De acordo com a capacidade de voar, as aves podem ser divididas em dois grupos: as paleognatas,
espécies com asas atrofiadas (não voam) e sem quilha no osso esterno; e as neognatas, com maior número de
representantes, têm asas desenvolvidas e quilha no osso esterno.

Paleognata
As aves desse grupo caracterizam-se pelas asas
©Shutterstock/Janusz Pienkowski

pequenas e pela incapacidade de voar. Compensam a


ausência de voo com a grande agilidade para correr.
Apresentam asas reduzidas ou ausentes e osso esterno
achatado, sem carena ou quilha. Os músculos dos membros
posteriores são bem desenvolvidos, possibilitando a elas
que fujam dos predadores. Nesse grupo, estão a ema, o
avestruz, o inhambu, o casuar, o quivi e o emu australiano.
Ema, maior
ave brasileira,
1,7 m

originária da

©Shutterstock/Ricardo de Paula Ferreira


25 cm
América do Sul.

Neognata
O voo é a característica mais marcante desse grupo, que
compreende a maioria das aves. O osso esterno em forma de
quilha contribui para a aerodinâmica, bem como os ossos ocos,
que apresentam redução significativa de peso.

Sabiá-laranjeira, pode ser encontrada


em ambientes urbanos e rurais de
várias regiões do Brasil.

Conexões

Jack Art. 2012. Digital.


As aves têm uma estrutura denominada siringe, localizada
no final da traqueia, na bifurcação que dá origem aos brônquios.
Com a vibração do ar dentro da siringe, são produzidos os mais
diversos sons das aves. Traqueia
Essa capacidade de produzir sons é utilizada para atrair
indivíduos da mesma espécie, comunicar-se com os filhotes,
delimitar o território, servir de atrativo sexual e espantar preda-
dores ou concorrentes. Geralmente, é o macho que canta, mas
as fêmeas também podem cantar.
Cada espécie tem uma vocalização própria, como também
Siringe
há algumas espécies incapazes de emitir sons.
Na natureza, os papagaios usam o canto para trocar infor-
mações. Quando são colocados em cativeiro, eles compensam
Brônquios
a falta de comunicação da natureza reproduzindo sons domés-
ticos e palavras repetidas pelas pessoas. • Localização da siringe em uma ave

44 8o. ano – Volume 4


©Shutterstock/Ondrej Prosicky
Reprodução

1,6 m
Todas as aves são ovíparas, põem ovos com cas-
ca dura, no interior do qual o embrião se desenvolve,
fora do corpo da fêmea. A reprodução é sexuada e a
fecundação é interna.
As aves são animais que apresentam diversas es-
tratégias reprodutivas. De modo geral, os machos
disputam a atenção de uma fêmea com seu canto e
sua plumagem colorida. Algumas espécies chegam
a fazer movimentos coordenados e ritmados, cha-
• Ninho de tuiuiús
mados de cerimoniais, como parte de um ritual de
pré-acasalamento.
Certas aves, como as andorinhas-do-mar, chegam a voar cerca de 20 000 km, de um polo a outro, só para
encontrarem o ambiente ideal para a construção de seus ninhos.
Para que os embriões possam se desenvolver, é necessário que os ovos sejam chocados, mantendo a
temperatura em torno de 40 °C. Quando o desenvolvimento do embrião está completo, ocorre o rompimento
da casca e o nascimento dos filhotes, que, em muitas espécies, ainda será completado no ninho.
Como forma de proteger melhor os ovos e os filhotes, as aves constroem ninhos em locais protegidos, com
estruturas diferenciadas e com a utilização de diversos materiais, como barro, folhas, gravetos, penas, entre outros.
Observe, na ilustração a seguir, a estrutura interna de um ovo de ave.
Casca – É rígida e tem poros que
permitem a passagem do oxigênio. Clara – Atua como um
amortecedor, protegendo Vasos
o embrião. sanguíneos

Divo. 2011. Digital.


Disco Câmara de ar –
germinativo – Contém a reserva
Dará origem de ar necessária
ao embrião. para que o embrião
possa respirar.

Calaza – Responsável pela


sustentação da gema, mantendo-a
Embrião – Recebe os
Gema – Formada afastada da casca e evitando,
nutrientes e o oxigênio
por substâncias nutritivas assim, que ela fique aderida à
por meio de finos vasos
que alimentam o embrião. membrana interna da casca.
sanguíneos.

Importância ecológica das aves


©Wikimedia Commons/Dario Niz

As aves participam de diversos elos nas teias alimentares, sendo


imprescindíveis para a manutenção da vida de diferentes espécies
60 cm

de animais e de plantas. Por exemplo, as espécies insetívoras, como


as andorinhas, auxiliam no controle populacional de mosquitos e
de outros insetos. Gaviões e corujas se alimentam de roedores e
de serpentes, auxiliando no controle da população desses animais.
Outras espécies se alimentam de frutos e acabam eliminando
nas fezes as sementes, contribuindo para a dispersão das plantas.
O carcará é uma ave onívora, podendo se
alimentar de animais vivos ou mortos e
também de frutos e sementes.

Ciências 45
©Shutterstock/Magu22
Ao se alimentar de néctar, muitas espécies de beija-flores polinizam

90 cm
as flores, de modo semelhante ao que fazem os insetos.
Os urubus e carcarás alimentam-se de carcaças e detritos
diversos, contribuindo para que os restos de matéria orgânica não
fiquem acumulados no ambiente.
Algumas aves marinhas produzem fezes ricas em nutrientes, o
guano, que é utilizado como fertilizante para o solo.
As aves são muito utilizadas na alimentação humana, assim como os
Patola-dos-pés-azuis; a parte branca nas rochas é o
seus ovos (fonte de proteína). Além da alimentação, os ovos são utilizados guano, fezes ricas em nitrogênio que contribuem para
na pesquisa científica, principalmente para estudar vírus e produzir vacinas. a fertilização do solo.

Atividades
1. Sobre as aves, responda às questões propostas.
a) Quais características externas classificam um animal como uma ave?

b) Em que grupo estão classificadas as aves que voam?

c) Como ocorre a reprodução das aves?

2. Que adaptações permitem às aves que voem?

3. No século XIX, o poeta brasileiro Gonçalves Dias (1823-1864) escreveu o poema Canção do exílio, cuja
estrofe mais conhecida é:

Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

DIAS, Gonçalves. Primeiros cantos. Disponível em: <http://www.


dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000115.pdf>. Acesso em:
21 nov. 2018.

a) Que estrutura existente no sistema respiratório das aves permite a elas que produzam sons tão variados?

b) Qual o uso que as aves fazem dos sons que produzem?

4. Imagine uma situação de derramamento de petróleo em que as aves aquáticas ficaram encharcadas do produ-
to. Resolveu-se, então, dar um banho nas aves com detergente para limpá-las e reabilitá-las. Logo após lavá-las,
um ajudante menos avisado colocou uma das aves para nadar. Qual a consequência que isso pode trazer?

gorjeiam: emitem sons melodiosos.

46 8o. ano – Volume 4


Mamíferos
Observe a foto, ela nos mostra uma das principais características dos mamíferos. Você consegue identificar
essa característica?

ov
©Shutterstock/Rashid Valit
55 cm

A característica mais marcante dos mamíferos, da qual derivou o nome do grupo, é a presença de glândulas
mamárias, que produzem leite para alimentar os filhotes.
Outra característica desses animais é a presença de pelos. Há espécies, no entanto, que não apresentam
essa característica, pois, ao longo da evolução, a perda ou redução de pelos foi vantajosa, a exemplo dos golfi-
nhos, adaptados para a vida aquática.
Os mamíferos também são os únicos animais que têm glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas.
As glândulas sudoríparas auxiliam no controle da temperatura do animal. Em algumas espécies, esse
controle é realizado por meio da respiração, como no caso dos cães e gatos. Por sua vez, as glândulas sebáceas
produzem uma secreção oleosa que lubrifica a pele e os pelos, evitando o ressecamento.
Alguns mamíferos também apresentam glândulas odoríferas, que são usadas para demarcar seu território
ou para afastar predadores.
A diversidade de mamíferos e a sua presença em variados ambientes estão relacionadas à endotermia. Ela
é vantajosa para os animais porque possibilita a eles que sejam ativos em qualquer temperatura. Para auxiliar
na manutenção da temperatura corporal, os mamíferos têm uma camada adiposa (gordura) abaixo da pele
que funciona como um isolante térmico. Nas espécies de ambientes frios, essa camada é mais espessa, o que
garante um melhor isolamento do frio do ambiente.
Em todos os mamíferos, a respiração é realizada por meio de pulmões, inclusive nos mamíferos aquáticos
(como os golfinhos e as baleias), que precisam subir periodicamente à superfície para respirar.
Eles também apresentam os órgãos dos sentidos bastante desenvolvidos devido a um sistema nervoso
muito eficiente.
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• Elefante-marinho no lito-
ral das Ilhas Malvinas
6m

Ciências 47
Conexões

©Shutterstock/Lightpoet
Hibernação
Para enfrentar o inverno, com pouca disponibilidade de alimento, muitos
animais têm uma estratégia de sobrevivência bem interessante. Eles hibernam, ou 24 cm

seja, entram em um período de letargia, isto é, de sonolência e inatividade. Nesse O ouriço-cacheiro, encontrado no
período, as funções vitais são reduzidas ao mínimo necessário à sobrevivência. Brasil, é um mamífero hibernante.
A respiração e os batimentos cardíacos são reduzidos, a temperatura do corpo diminui, ocorrendo economia
de energia. Alguns animais armazenam gordura antes da hibernação para garantir a energia necessária para a
sua sobrevivência no inverno. Outros acordam de tempos em tempos para comer e defecar. Entre os mamíferos
que hibernam, estão os ouriços-cacheiros, os esquilos e os ursos-negros. Os ursos-polares, durante seu período de
descanso, em que ficam dormindo e sem comer, não reduzem a temperatura nem os ritmos cardíacos e respiratórios,
como ocorre com os animais hibernantes.

Classificação
A forma de desenvolvimento dos filhotes é o principal critério utilizado para separar os mamíferos em três
grupos principais: eutérios (placentários), metatérios (marsupiais) e prototérios (monotremados).

Eutérios
São mamíferos cujo desenvolvimento do filhote ocorre totalmente no útero, ou seja, dentro do corpo da
fêmea. Os filhotes se desenvolvem geralmente por um período longo, chamado de gestação, até que estejam
completamente formados. A manutenção da vida do filhote em desenvolvimento é mantida pela placenta;
por isso, os animais desse grupo também podem ser chamados de placentários.
A placenta é o órgão responsável pelas trocas de substâncias, como oxigênio e nutrientes, entre a mãe e o
feto, o qual se liga à placenta pelo cordão umbilical.
Observe alguns exemplos das principais ordens de mamíferos eutérios.
©Shutterstock / Kittichai
©Shutterstock/Kris Wiktor

Carnívoros

Características: são animais que, quando adultos, são predadores e se alimentam de outros
animais. Para isso, têm dentes especializados em perfurar e rasgar a carne da presa. Como são
caçadores, seu olfato é bastante desenvolvido. Como o nome sugere, a maioria é carnívora,
mas há espécies onívoras.

Exemplos: tigre, hiena, gato, cachorro, urso, lobo, onça, lontra, jaguatirica, etc.
1,8 m

• Onça-pintada e filhote
ha_spb
©Shutterstock/Evdo

Roedores 1,2 m

Características: a ordem dos roedores é a maior em número de espécies, com


mais de duas mil conhecidas. São, principalmente, herbívoros e, para compensar
o desgaste dos dentes, seus incisivos (“dentes da frente”) crescem continuamente.

Exemplos: rato, esquilo, paca, cutia, castor, capivara, etc.


• Capivara e filhotes
o
48 8 . ano – Volume 4
©Shutterstock/Elizaveta Kirina
Lagomorfos

Características: mamíferos com quatro dentes incisivos no maxilar superior e dois


no inferior, que crescem continuamente assim como os dos roedores. As orelhas
são longas, como também as pernas traseiras, usadas para saltar. Alimentam-se
principalmente de ramos, folhas e cascas.
40 cm Exemplos: coelho, lebre, tapiti, etc.
• Tapiti (coelho-brasileiro)

Pictures/Theo Allofs
Artiodáctilos

Características: animais que têm dedos em número par, transformados em

©Getty Images/Minden
cascos. São todos herbívoros. Também são chamados de ungulados.
Os ruminantes, como o boi, têm estômago formado por quatro partes com
funções específicas.

1m
Exemplos: girafa, veado, camelo, cabra, porco, etc.
• Veado-campeiro e filhote
©Shutterstock/Vladislav T. Jirousek

Perissodáctilos
Características: animais herbívoros que apresentam cascos formados
com um número ímpar de dedos.
Pertence a essa ordem o maior mamífero terrestre brasileiro: a anta, que
está ameaçada de extinção.

2,4 m Exemplos: cavalo, burro, rinoceronte, etc.

• Anta e filhote

nesOehl
©Shutterstock/Johan
Xenartros 70 cm

Características: mamíferos desdentados, que apresentam dentição incompleta ou que não


têm dentes. O tamanduá-bandeira, o tatu-canastra e a preguiça-de-coleira são xenartros que
habitam o Cerrado e as florestas úmidas no Brasil e estão ameaçados de extinção.

Exemplos: bicho-preguiça, tatu, tamanduá, etc.

• Bicho-preguiça e filhote
©Shutterstock/Ivan Kuzmin

Quirópteros
Características: são os únicos mamíferos voadores; seus membros dianteiros
têm uma grande membrana que liga os dedos à lateral do corpo e permite-lhes
o voo. Têm hábitos noturnos e a maioria se alimenta de frutos, insetos e peixes.
Poucas espécies se alimentam do sangue de vertebrados.
7-9 cm

Exemplo: morcego.
25-30 cm
• Morcego e filhote

Ciências 49
©Shutterstock/Eric Gevaert

26 cm
Primatas

Características: são os mamíferos que apresentam o cérebro mais complexo entre os


animais. Têm pés e mãos diferenciados, com cinco dedos e com grande capacidade de
agarrar, pinçar e manipular objetos. Seus olhos são localizados na frente da cabeça, o
que permite a visão de profundidade.

Exemplos: lêmure, macaco, chimpanzé, sagui, mico, gorila, orangotango, ser humano.
• Mico-leão-dourado e filhote

©Shutterstock/Liquid Productions, LLC


Sirênios
2,5 m
Características: são mamíferos aquáticos de água doce ou salgada. Seus
membros anteriores são transformados em nadadeiras e não apresentam
membros posteriores, mas têm uma cauda transformada em nadadeira. São
herbívoros e se alimentam de algas e plantas. Têm poucos pelos no corpo.

Exemplos: peixe-boi.
• Peixe-boi e filhote
z
©Shutterstock/Martin Prochazkac

Cetáceos
15 m
Características: são animais aquáticos, podendo ser marinhos ou de água doce.
O corpo é alongado, os membros anteriores são transformados em nadadeiras e
a cauda é forte, o que lhes permite um eficiente deslocamento dentro da água.
Esses animais quase não apresentam pelos no corpo; por isso, sua camada
adiposa é bem espessa.

Exemplos: baleias, golfinhos, orcas e botos.

• Baleia-jubarte e filhote

©Shutterstock / Kittichai

Metatérios
Fazem parte desse grupo o canguru, o coala e o diabo-da-tasmânia. São mamíferos que apresentam uma bolsa,
denominada marsúpio, na qual os filhotes se desenvolvem. Por isso, também são conhecidos como marsupiais.
A gestação no canguru é muito rápida. Ao nascerem, após aproximadamente 30 dias, os filhotes,
de 2 a 5 cm, arrastam-se para dentro do marsúpio, onde ficam os mamilos da mãe, e ali permanecem até
completar seu desenvolvimento.
©Shutterstock/Kjuuurs

©Shutterstock/Leonardo Mercon

Existem, aproximadamente, 280 espécies


1,4 m

de marsupiais – a maioria está na Austrália e


há algumas na América do Sul. No Brasil, os
marsupiais mais conhecidos são o gambá e
a cuíca.

Os marsupiais presentes no Brasil não têm um


marsúpio verdadeiro. Os gambás e algumas cuí-
cas maiores têm dobras abdominais; já as espé-
cies menores não têm nenhum tipo de prote-
40-50 cm
ção para os mamilos e não saem das tocas até
que os filhotes estejam menos frágeis. • Filhotes de canguru dentro • Gambá
da bolsa (marsúpio) da mãe

50 8o. ano – Volume 4


Prototérios
Também conhecidos como monotremados, são ovíparos (botam ovos) e não têm placenta, ao contrário
dos demais mamíferos. Os prototérios apresentam pelos e glândulas mamárias, mas a fêmea não tem mamilos,
e os filhotes sugam o leite por meio de poros existentes entre os pelos.
Nesse grupo, estão cinco espécies de ornitorrincos e uma espécie de equidna, que são encontradas na
Tasmânia, na Austrália e na Nova Guiné. O ornitorrinco nada ativamente nos rios, nos quais procura insetos,
crustáceos e moluscos, remexendo a lama com seu bico, que é semelhante ao de um pato.
©Shutterstock/Worldswildlifewonders

©Shutterstock/Paul Looyen
45 cm 40 cm
• Ornitorrinco • Equidna

Organize as ideias
Analise novamente as imagens dos exemplos de mamíferos. Conseguiu perceber que a maioria dos animais
apresentados está sempre em dupla? Que dupla é essa? Relacione esse cuidado com a forma de alimentação
do filhote. Escreva suas conclusões.

Importância ecológica dos mamíferos


Os mamíferos têm papéis importantes nas teias alimentares de todos os ecossistemas, aquáticos e terres-
tres. As diferentes espécies de mamíferos podem ocupar vários níveis tróficos, pois há indivíduos herbívoros,
insetívoros, carnívoros e onívoros. Apresentam, assim, um papel de destaque no equilíbrio das diferentes
populações animais e vegetais.
Muitas espécies são dispersoras de sementes e, por isso, são indispensáveis nos ambientes florestais. Ao
espalhar as sementes, elas ajudam a regenerar áreas degradadas das florestas. Já algumas espécies de morcegos
atuam como polinizadores de plantas.
Para os seres humanos, muitos mamíferos são utilizados como fonte de alimentos, ao fornecer carnes e leite,
movimentando uma grande indústria (pecuária). Também são importantes como companhia e na obtenção de
matéria-prima para confecção de vários produtos, como os derivados de couro e lã, por exemplo.
©Shutterstock/Aleksei Verhovski

©Wikimedia Commons/João Medeiros

13 cm
O lobo-guará é um animal do
Cerrado que se alimenta da fruta-
-de-lobo, uma planta da família dos
tomateiros. As pequenas sementes
passam pelo sistema digestório
90 cm

do lobo sem sofrer alterações que


impeçam sua germinação e são
eliminadas com as fezes do animal.
• Lobo-guará • Fruta-de-lobo

Ciências 51
Atividades
1. A(s) característica(s) que distingue(m) os ma- d) ( ) Os micos são exemplos de primatas
míferos dos demais vertebrados é (são) que ocorrem no Brasil.
a) a presença de endotermia e placenta. e) ( ) Muitos morcegos se alimentam de
frutas e de insetos.
b) a presença de placenta e respiração pulmonar.
3. As redes de pesca representam um risco real
c) a endotermia e os filhotes que se desenvol- para os golfinhos, que podem morrer afogados.
vem dentro do útero.
Por que isso acontece já que o golfinho é um
d) a presença de pelos e de glândulas mamárias. animal adaptado à vida aquática?
e) a ectotermia e a presença de placenta. 4. Assim como nós, seres humanos, muitos mamífe-
2. Os mamíferos são animais presentes em todos ros são animais placentários. No momento do par-
os ambientes e apresentam as mais variadas for- to, a placenta é eliminada com o cordão umbilical.
mas. Sobre eles, analise as afirmativas a seguir e Sobre o assunto, responda às questões a seguir.
assinale V para as verdadeiras e F para as falsas. a) Qual é a função da placenta?
a) ( ) Os cangurus e gambás têm em co- b) Todos os mamíferos são placentários? Justifi-
mum o fato de seu desenvolvimento que sua resposta.
terminar no marsúpio.
5. (UFG – GO) Os mamíferos surgiram a partir da
b) ( ) Os mamíferos marinhos, como as ba- evolução de um grupo de répteis primitivos en-
leias e os golfinhos, e os de água doce, tre 245 e 208 milhões de anos atrás. Atualmen-
como o boto, têm respiração feita por te, ocupam os mais diversos ambientes e estão
brânquias. distribuídos em três grupos: prototérios, meta-
c) ( ) Os mamíferos monotremados põem térios e eutérios. Com base no desenvolvimento
ovos. embrionário, explique a diferença entre esses três
grupos, citando um exemplo de cada grupo.

+ Zoom
HOMEM É PRINCIPAL AGENTE NO PROCESSO DE EXTINÇÃO DE ESPÉCIES
O processo de extinção está relacionado ao desaparecimento de espécies ou
©Shutterstock/LaryLitvin

grupos de espécies em um determinado ambiente ou ecossistema. Semelhante


ao surgimento de novas espécies, a extinção é um evento natural: espécies sur-
gem por meio de eventos de especiação [...] e desaparecem devido a eventos
de extinção (catástrofes naturais, surgimento de competidores mais eficientes).
83 cm

Normalmente, porém, o surgimento e a extinção de espécies são eventos


extremamente lentos, demandando milhares ou mesmo milhões de anos para O mutum-do-nordeste está
ocorrer. extinto na natureza desde
2001, por consequência do
[...] desmatamento e da caça
Ao longo do tempo, porém, o [ser humano] vem acelerando muito a predatória. Restam poucos
taxa de extinção de espécies, a ponto de ter-se tornado, atualmente, o prin- indivíduos em cativeiro.
cipal agente do processo de extinção.
Em parte, essa situação deve-se ao mau uso dos recursos naturais, o que tem provocado um novo
ciclo de extinção de espécies, agora sem precedentes na história geológica da terra.
Atualmente, as principais causas de extinção são a degradação e a fragmentação de ambientes
naturais, resultado da abertura de grandes áreas para implantação de pastagens ou agricultura

52 8o. ano – Volume 4


convencional, extrativismo desordenado, expansão urbana, ampliação da malha viária, poluição,
incêndios florestais, formação de lagos para hidrelétricas e mineração de superfície.
[...] Outra causa importante que leva espécies à extinção é a introdução de espécies exóticas,
ou seja, aquelas que são levadas para além dos limites de sua área de ocorrência original.
Estas espécies, por suas vantagens competitivas e favorecidas pela ausência de predadores e pela
degradação dos ambientes naturais, dominam os nichos ocupados pelas espécies nativas. [...]
Espécies ameaçadas são aquelas cujas populações e hábitats estão desaparecendo rapida-
mente, de forma a colocá-las em risco de tornarem-se extintas.

©Shutterstock/Edwin Butter
A conservação dos ecossistemas naturais, sua flora, fauna e
os micro-organismos, garante a sustentabilidade dos recursos
naturais e permite a manutenção de vários serviços essenciais
à manutenção da biodiversidade, como, por exemplo: a polini-
zação; reciclagem de nutrientes; fixação de nitrogênio no solo;
dispersão de propágulos e sementes; purificação da água e o

26 cm
controle biológico de populações de plantas, animais, insetos e 24 cm

micro-organismos, entre outros. O sauim-de-coleira e o mico-leão-dourado


Esses serviços garantem o bem-estar das populações huma- são espécies encontradas em algumas matas
brasileiras, mas ambas constam na lista
nas e raramente são valorados economicamente. vermelha de espécies ameaçadas.

HOMEM é principal agente no processo de extinção de espécies. Disponível em: <http://www.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2015/03/homem-e-


principal-agente-no-processo-de-extincao-de-animais>. Acesso em: 23 nov. 2018.

Após a leitura do texto, reflita e responda às perguntas a seguir.


a) Na sua região, há situações que reduzem as áreas preservadas? Quais são elas?
b) Por que a perda da diversidade nas regiões tropicais é particularmente importante?
c) O que você, como cidadão, pode fazer para preservar as espécies da sua região?

Hora de estudo
1. Qual é a diferença entre animais endotérmicos e Apoda. Assinale a alternativa correta que con-
ectotérmicos? tém, respectivamente, os animais classificados
2. (UFPI) A maioria dos peixes ósseos apresenta como anfíbios e pertencentes a essas ordens.
sacos similares a pulmões, que permitem o con- a) Salamandra, sapo, cobras-cegas (cecília).
trole da flutuação e da profundidade em que
pode ficar na água, sem gastar energia. Marque a b) Jacaré, sapo, tartaruga.
alternativa que contém a estrutura em questão.
c) Perereca, jiboia, salamandra.
a) Nadadeira ventral.
d) Sapo, salamandra, cobras-cegas (cecília).
b) Nadadeira lobada.
e) Cobras-cegas (cecília), tartaruga, sapo.
c) Nadadeiras pélvicas.
d) Nadadeiras peitorais. 4. Algumas serpentes peçonhentas, como as jara-
racas e as cascavéis, apresentam órgãos sensíveis
e) Bexiga natatória. ao calor, como o que é irradiado pelos animais
3. (UDESC) Os anfíbios são classificados em três endotérmicos. Que órgão é esse? Qual a vanta-
ordens: Urodela, Anura e Gymnophiona ou gem que isso traz para a serpente?

53
5. A termografia é uma técnica fotográfica que Sobre as adaptações existentes nos pinguins para
registra a radiação infravermelha emitida pelos que eles sobrevivam em ambientes muito frios, as-
corpos e relaciona essa radiação com uma escala sinale V nas afirmativas verdadeiras e F nas falsas.
de cores. Na figura a seguir, quanto mais próxi- a) ( ) Apesar de ser uma ave, o pinguim não
mo dos tons avermelhados, maior a temperatu- usa suas asas para voar. Elas são adap-
ra da região fotografada. tadas para nadar.

Aumento da temperatura
b) ( ) Assim como as demais aves, os pinguins
Jack Art. 2012. Digital.

apresentam estruturas características


do grupo, como asas, bico e penas.
c) ( ) Seu bico pontudo é utilizado para pes-
car pequenos peixes, que servem de
a) Por que os tons de amarelo e vermelho pre- alimento.
dominam na mão da pessoa, enquanto, no d) ( ) Como são animais típicos de regiões co-
anfíbio, não há cores? bertas de gelo, são animais ectotérmicos.
b) O calor produzido pelo corpo dos animais
endotérmicos é perdido pela pele. No caso 10. Quais são os únicos mamíferos voadores? É cor-
das aves, de que modo essa perda é reduzi- reto dizer que todos esses animais se alimentam
da? E no caso dos mamíferos? de sangue? Justifique sua resposta.

6. (UFES) Os répteis constituem um grupo de te- 11. (UEA – AM) Em uma das cenas do filme A era do
trápodes que apresenta novidades evolutivas gelo III (Fox Filmes, EUA, 2009), dirigido pelo brasilei-
importantes no que diz respeito à ocupação do ro Carlos Saldanha, uma doninha é engolida inteira
ambiente de terra firme pelos vertebrados. Des- por um dinossauro e, na sequência, é cuspida e sai
creva duas dessas novidades evolutivas dos répteis viva das entranhas do grande réptil, sendo recebida
e explique como cada uma ajudou na ocupação pelos seus amigos de aventura: um mamute, um
do ambiente de terra firme por esses vertebrados. tigre-dentes-de-sabre, dentre outros. Por se tratar
de obra ficcional, todas as situações são permitidas.
7. Identifique, na ilustração, as partes de um ovo Contudo, a professora de Biologia explorou esse tre-
de ave. cho do filme para perguntar aos alunos o que, do
ponto de vista biológico, não se apresentava correto.
Pedrinho respondeu que os répteis, mesmo os atuais,
©Shutterstock/Designua

não são predadores de mamíferos, e, sim, o inverso.


Marcos respondeu que répteis e mamíferos não
vivem no mesmo hábitat, razão pela qual não po-
dem fazer parte de uma mesma cadeia alimentar.
8. Você já deve ter apreciado o canto de um pássa- Mônica disse ser improvável que mamíferos car-
ro ou admirado a perfeição de um ninho. Real- nívoros, como os tigres, estabeleçam relações
mente, as aves são encantadoras por muitos harmônicas com mamíferos herbívoros e de
motivos! Entretanto, de tudo que as aves podem menor tamanho, como as doninhas.
fazer, o mais extraordinário é o voo. Sobre o as- Jonas respondeu que a cena apresenta espécies que
sunto, identifique três importantes adaptações se extinguiram em diferentes épocas no passado.
do corpo das aves ao voo. Paula alegou que nenhum mamífero existia à
9. Analise este texto sobre os pinguins: época dos dinossauros.
Sérgio alegou que os mamutes são os ancestrais
As penas têm a função de manter o cor- dos elefantes e que viveram na África antes das
po dos pinguins aquecido. Impermeáveis e grandes glaciações; portanto não faziam parte
curtas, elas ficam bem próximas umas das da fauna da era do gelo.
outras, retendo uma camada de ar em volta Apresentaram respostas corretas
do corpo do animal, o que ajuda a protegê-
-lo do frio até debaixo da água. a) Pedrinho e Marcos. d) Jonas e Paula.
b) Marcos e Mônica. e) Paula e Sérgio.
MOIÓLI, Julia. No mundo dos pinguins. Recreio, São Paulo, n. 482, p. 12,
4 jun. 2009. c) Mônica e Jonas.

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