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UNIVERSIDADE DE UBERABA

Zoologia

Ricardo Baratella

Uberaba – MG
2023
Sobre o Autor

Ricardo Baratella
Doutor em Educação pela Universidade de Uberaba. Mestre em Educação pela Universidade
de Uberaba. Especialista em Filosofia. Especialista em Sociologia. Especialista em Docência
do ensino superior. Especialista em Gestão escolar. Especialista em Educação a Distância.
Especialista em Biologia evolutiva. Docente no Programa de Mestrado Profissional em
Educação (PPGEB Uberlândia): formação docente para a Educação Básica - Linha de
Pesquisa "Práticas Docentes para Educação Básica". Professor colaborador no Programa de
Pós-Graduação em Educação (PPGE Uberaba) - Linha de Pesquisa "Desenvolvimento
profissional, trabalho docente e processo de ensino-aprendizagem". Coordenador do curso de
Pós-Graduação Lato sensu - Especialização em Metodologia do ensino de Biologia.
Presidente da Comissão Permanente de Acompanhamento de Egressos do Programa de
Pós-Graduação em Educação - PPGE da Universidade de Uberaba. Professor da
Universidade de Uberaba. Gestor do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas (2010-
2021). Coordenador referência do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas (2007-2010).
Professor dos cursos de Especialização Lato sensu (Presencial e EaD) da UNIUBE.
Graduado - Licenciatura em Pedagogia. Graduado - Licenciatura em Ciências: habilitação
plena em Biologia. Possui graduação em Licenciatura em Ciências. Tem experiência na área
de Fisiologia animal comparada, Zoologia, Biologia evolutiva e Educação, atuando
principalmente nos seguintes temas: zoologia dos invertebrados; zoologia dos vertebrados;
evolução das espécies; educação ambiental; portfólio; representações sociais; avaliação
formativa; trabalho docente; cultura virtual; subjetividade; educação superior; processo saúde-
doença.
Apresentação
Caro(a) aluno(a)

Você com certeza conhece alguns animais. Já os viu, tocou ou tomou conhecimento de sua
existência por meio de um vídeo ou de um livro...

Existem, aproximadamente, dois milhões de animais vivendo nos mais diversos ambientes.
Muitas espécies existiram nos tempos geológicos e são conhecidas na forma de fósseis.
Atualmente, os animais são encontrados em muitos habitats, desde uma mata fechada até o
jardim de uma casa, desde as poças de água até o mar, passando por lagos e rios.

Acreditamos que o seu contato com os animais é muito importante para conhecê-los. O
medo que criamos deles, mesmo que se trate de um inseto inofensivo, é fruto da falta de
conhecimento sobre a vida do animal. Temos certeza de que, à medida que você for
conhecendo os metazoários e descobrindo a sua beleza e importância nos ecossistemas,
desaparecerá a sensação de medo.

Gostaríamos de despertar em você o gosto pelos animais por meio de um contato com eles.
Você deve pensar nos animais como seres vivos que agem sobre o ambiente em que vivem,
modificando-o e relacionando-o com outros seres vivos, apresentando um comportamento
característico e possuindo uma determinada importância no mundo natural.

Sempre acreditamos que o maior laboratório de Ciências Naturais é a natureza. Em


qualquer local, você pode observar os animais e estudar o seu comportamento. Assim você
estará realmente aprendendo Zoologia!

É provável que, de muitos animais, você conheça a forma externa e de outros, apenas o
nome popular. Talvez você nunca se tenha perguntado como surgiram na Terra. Como
evoluem? Por que a diversidade entre eles é tão grande? Como são classificados? Onde e
como vivem na natureza? Como é a sua morfologia e a anatomia interna?

Neste livro, procuraremos responder a todas estas perguntas, usando uma linguagem
simples, reflexiva, e com um mínimo de termos técnicos, sem perder o rigor científico.

Bons estudos!
1 Por que são importantes?

Ricardo Baratella

Introdução

Os metazoários são organismos heterotróficos, móveis e multicelulares que passam por um


estágio de blástula no curso de seu desenvolvimento embrionário inicial. Embora alguns
deles (tais como as esponjas e os corais) tenham se tornado sésseis, eles ainda retêm
larvas móveis em seu ciclo de vida. Os metazoários constituem quase todos os seres
geralmente considerados como animais. A sua diversidade é enorme, com muitos planos
fundamentais diferentes ou “designs” de corpo. Há cerca de 29 filos de acordo com os
agrupamentos mais largamente aceitos, e somente um (os Chordata) contém animais que
não são invertebrados.

Os animais diferem entre si em tamanho, estrutura, modo de vida e em outras


características. A humanidade já adquiriu, acerca dos animais, conhecimento suficiente para
completar uma grande biblioteca, mas muito ainda resta a aprender e há muitas questões
para serem respondidas.

O que é a vida? Que semelhanças ou diferenças da estrutura, processos internos, e moldes


de vida os animais apresentam entre si? Como realizam suas atividades vitais? Qual o
parentesco dos vários tipos de animais entre si? Como evoluíram? As respostas e muitas
destas perguntas são fornecidas pela ciência da Zoologia, que trata do estudo da vida
animal.

A maioria dos zoólogos concorda que os metazoários possuem um ancestral comum, a


partir de alguns organismos unicelulares. A teoria colonial (Figura 1), na qual os Metazoa
derivam de uma colônia flagelada, é a hipótese clássica e ainda mais largamente sustentada
entre os zoólogos contemporâneos. A teoria colonial sustenta que os flagelados são os
ancestrais dos metazoários; os seguintes fatos são citados como evidência na sustentação
de tal ancestral. Os espermatozoides flagelados ocorrem por todos os Metazoa. As células
monociliadas – células com um único cílio – ocorrem comumente entre os metazoários
inferiores, particularmente entre as esponjas, as hidras, as anêmonas-do-mar e os corais.
Tanto os ovos como o esperma evoluíram em alguns flagelados, tais como o esférico e
colonial Volvox. Embora se utilize frequentemente o Volvox como modelo para o “design” do
ancestral colonial flagelado, esses organismos autotróficos com células semelhantes a
plantas não são provavelmente ancestrais dos metazoários.
Artrópodos

Cordados

Anelídeos

Moluscos
Braquiópodos

Briozoários
Equinodermos Nematodos

Gastrótricos
Nemertinos
Rotífero
s

Vermes chatos
Cnidários

Esponjas

Metazoário ancestral

Protozoário
coanoflagelado

Figura 1: A evolução dos metazoários.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Cilene Castejón (2011 a).

As evidências ultraestruturais apontam para os coanoflagelados, um pequeno grupo de


protozoários monoflagelados e semelhantes a animais, como os melhores candidatos.
Alguns são solitários e outros são coloniais. Os coanoflagelados apresentam mitocôndria e
radículas ciliares muito semelhantes às das células metazoárias. Além do mais, encontra-se
coanócitos-radículas com um anel em forma de colar de microvilos ao redor de um flagelo
como típico dos coanoflagelados – em vários grupos de animais metazoários, notadamente
as esponjas (Figura 2).
Figura 2: Desenho esquemático da parede corporal de uma esponja.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 a).

A teoria colonial sustenta que o metazoário ancestral provavelmente surgiu de um flagelado


colonial, oco e esférico. As células eram monoflageladas na superfície externa; a colônia
possuía um eixo anterior/posterior distinto, nadando com o polo anterior para frente. As
células não reprodutivas (somáticas) foram diferenciadas das reprodutivas. Esse estágio
hipotético foi chamado de blasteia e acredita-se que reflita o estágio blastular que ocorre no
desenvolvimento de todos os animais.

Objetivos

Este capítulo abordará o início do estudo da Zoologia dos Invertebrados; é uma grande
oportunidade para você pesquisar o espetacular conjunto de formas e funções animais, e
para compreender os conceitos frequentemente sutis que unificam a diversidade animal, por
meio de textos produzidos em diferentes linguagens, apresentando as correlações entre a
estrutura, a função e o desenvolvimento dos temas conceituais, assim como estabelecer um
estudo dinâmico da Zoologia, em que a morfologia, a anatomia, seus ambientes, os fósseis,
as cadeias de interligações dos animais, o parentesco e a diferenciação entre os grupos
mostram que a evolução é uma realidade. Nessa perspectiva, depois de estudar este
capítulo, esperamos que você desenvolva as seguintes habilidades:

 reconhecer em diferentes tipos de textos, e mesmo na mídia eletrônica, os termos


próprios do estudo dos invertebrados, empregando-os corretamente ao produzir
textos escritos ou orais;
 aplicar conhecimentos estatísticos e de probabilidade aos processos evolutivos que
envolvem o universo dos invertebrados;
 sistematizar o conhecimento já existente, trabalhando a partir das inter-relações
entre os seres vivos, e despertar uma consciência madura e crítica em todos as suas
manifestações;
 repensar sua postura perante o planeta e sua relação com ele, implicando mudanças
no pensar, agir e conviver e desenvolver o exercício da cidadania, do respeito e da
equidade.

Esquema

1.1 Protozoários
1.2 Poríferos
1.3 Celenterados

1.1 Protozoários

Há, no mundo, um número enorme de seres vivos que vivem nos mais variados ambientes.
Ninguém sabe exatamente quantas espécies diferentes de organismos habitam o nosso
planeta, mas, mesmo se excluirmos as formas microscópicas e as plantas, a estimativa
excede a um milhão. Alguns pesquisadores estimam que devam existir dois milhões de
animais. Muitas espécies agora extintas viveram durante épocas geológicas passadas e
algumas espécies animais são abundantes em termos de indivíduos, ao passo que outras
são raras ou não muito comuns.

Iniciaremos, neste momento, um estudo sobre os protozoários. Você sabe o que são
protozoários? Os protozoários são caracteristicamente microscópicos, a maioria apresenta
uma forma definida, que pode ser oval, esférica, alongada etc., embora alguns não possuam
forma definida, como as amebas (Figura 4).

<ABRIR BOX: Parada para reflexão>


 Os protozoários chamados de heliozários ocorrem no mar e em corpos de água doce parada e
podem ser flutuantes ou localizar-se mais comumente em detritos no fundo.
 Os membros das três classes coletivamente denominadas de radiolários estão entre os
protozoários mais destacados. Eles são inteiramente marinhos e primariamente planctônicos.
Os radiolários são protozoários relativamente grandes: algumas espécies têm vários
milímetros de diâmetro, e algumas espécies coloniais atingem um comprimento de até 20cm.
<FECHAR BOX>

Os protozoários constituem os representantes mais primitivos do Reino Metazoa. Existem


protozoários que possuem membrana extremamente delgada, apresentando
consequentemente uma contínua variação de forma. A existência de membrana
relativamente espessa limita as variações de forma, encontrando-se então as mais variadas
configurações.

Em relação ao habitat, os protozoários podem ser divididos em dois grupos: os de vida livre
e os que vivem associados com outras espécies.
 Protozoários de vida livre: todos os protozoários unicelulares nas suas
manifestações vitais estão ligados ao meio líquido ou ambientes úmidos. Os
protozoários de vida livre são, portanto, seres vivos tipicamente aquáticos e
amplamente distribuídos no mar e na água doce, onde se locomovem isolados
ou em colônias. Existem numerosas formas que se fixam no substrato por meio
de um pedúnculo; outros habitam a terra úmida e substâncias orgânicas em
decomposição. Sob a forma de cistos (formas de resistências) vivem no ar, na
poeira, nas geleiras etc.

 Protozoários em associações dos tipos

 Comensalismo – os protozoários comensais vivem associados a outras


espécies, sem prejudicá-las, ingerindo restos de alimentos. Um exemplo que
vive no organismo humano é a Entamoeba coli.

 Mutualismo – é o tipo de associação da qual resulta vantagens recíprocas para


as duas espécies associadas. É o caso do Trichonympha que vive no intestino
dos cupins, onde digere a celulose.

 Parasitismo – numerosas espécies de protozoários vivem como parasitas


humanos. É o caso do Trypanosoma cruzi (moléstia de Chagas), Plasmodium
vivax (malária) e Entamoeba histolytica (disenteria amebiana ou amebíase).

Figura 3: Protozoários da Classe Sarcodina


(Rhizopoda).
Fonte: WIKIPÉDIA (2011 a). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Polycyttari
a.jpg. Acesso em: 20 de maio de 2011. Origem:
Kunstformen der Natur (1904), plate 51: Polycyttaria.

Você sabe como ocorre o movimento ameboide? No movimento ameboide (Figura 4), a
célula forma pseudópodes (“falsos pés”), que são extensões da massa do organismo, que
muda constantemente. Células como a ameba simplesmente estendem um pseudópode e
então fluem para ele. A ameba pode mover-se, capturar, digerir e assimilar alimento
complexo, eliminar resíduos não digeridos, respirar, produzir secreções e excreções,
responder a mudanças (estímulos) de vários tipos, tanto do ambiente interno como do
externo, crescer e reproduzir-se. Realiza, assim, todas as atividades vitais essenciais e
mostra a especialização fisiológica em vários processos sem ter muitas partes
estruturalmente diferenciadas para fazê-lo (STORER, et al., 2002).

Figura 4: Ameba - protozoário que se locomove por meio de pseudópodes.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 a).

Mas, outros grupos se movem por ação de cílios ou por meio de flagelos. Cílios são
minúsculas organelas semelhantes a pelos que batem de maneira coordenada para mover a
célula para frente ou para trás. Um flagelo eucariótico se move como um chicote; alguns
flagelos “empurram” a célula para frente, outros “puxam” a célula para frente.

Alguns protistas, originalmente classificados como animais são, às vezes, considerados


protozoários, apesar de os biólogos cada vez mais considerarem esse termo incorreto por
agrupar e relacionar grupos de protistas que são filogeneticamente distantes uns dos outros.
Apesar de esses dois termos - protozoários e algas – serem úteis em vários contextos,
eles não correspondem à filogenia natural. Os protistas são extraordinariamente variados
em estrutura, mas não tanto em metabolismo como os procariotos – aliás, algumas das vias
metabólicas mais importantes dos eucariotos foram “emprestadas” das bactérias por meio
da endossimbiose. Ainda assim, os protistas apresentam alguns modos nutricionais. Alguns
são autotróficos, outros são heterotróficos e outros, ainda, alternam com facilidade entre
esses dois modos de nutrição.
Figura 5: Foraminíferos: suas conchas são feitas de proteína endurecida com carbonato de cálcio.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 b).

Segundo Barnes e Ruppert (1996, p. 36), a grande ordem Foraminiferida (Figura 5) é:

primariamente marinha. Os pseudópodos (chamados reticulópodos)


formam uma malha ramificada em forma de zigue-zague. Cada reticulópodo
contém microtúbulos axiais que usa para transportar as vesículas
bidirecionalmente, como unindo escadas rolantes que sobem e descem. Os
foraminíferos constroem uma concha de material orgânico secretado de
partículas minerais estranhas cimentadas ou de carbonato de cálcio
secretado. As conchas calcárias são mais comuns e bem preservadas nos
registros fósseis; 28.000 dos 35.000 foraminíferos descritos são espécies
fósseis. Algumas espécies de foraminíferos vivem dentro de uma concha de
câmara única, mas a maioria das formas tem conchas multicamerais. Os
foraminíferos multicamerais começam a vida em uma câmera única, mas à
medida que o organismo aumenta de tamanho, o citoplasma transborda por
meio de uma abertura grande na primeira câmara e secreta outro
compartimento. O processo é contínuo por toda a vida do foraminífero e
resulta na formação de uma série de muitas câmaras, cada uma das quais
podendo ser maior que a precedente. Como a adição de câmaras novas
segue um padrão simétrico, as conchas possuem uma forma e um arranjo
de câmaras distintos.

<ABRIR BOX: Saiba mais>


Alguns poucos protistas, tais como algumas amebas, são cercados por uma única membrana
plasmática, mas a maioria possui superfícies mais rígidas que mantêm a integridade estrutural da
célula. Muitos protistas possuem paredes celulares, que são geralmente complexas em estrutura.
Outros protistas que não têm parede celular possuem várias maneiras de fortalecer as suas
superfícies. Alguns possuem “conchas” internas, as quais são produzidas pelo próprio organismo,
como nos foraminíferos (Figura 5), ou então são feitas de partículas de areia e espessamentos logo
abaixo da membrana plasmática, como nas amebas (PURVES, et al., 2005).
<FIM DO BOX>.

No corpo unicelular dos protozoários reconhecemos a membrana plasmática, citoplasma,


núcleo e organelas.
 Membrana plasmática: todos os protozoários possuem o corpo revestido por
uma delgada membrana que exerce três importantes funções: proteção,
contenção do protoplasma interno e osmose. Os rizópodes (Figura 3) possuem
membrana extremamente delgada. Os flagelados já apresentam uma membrana
mais diferenciada denominada película. Nos ciliados encontramos uma película
mais complexa, com trabéculas formando mosaicos.

 Citoplasma: o citoplasma fundamental geralmente apresenta-se dividido em


duas partes:

 o ectoplasma – é a parte periférica, mais viscosa e hialina, sendo pouco


granulosa.
 o endoplasma – é a porção mais interna, menos viscosa e de aspecto granuloso.
No endoplasma aparecem o Complexo de Golgi, os vacúolos digestivos e
contrateis, bem como outras estruturas celulares típicas.

 Núcleo: apresenta os mesmos componentes que o núcleo dos metazoários, isto


é, carioteca, cariolinfa, cromossomos e nucléolos. Geralmente os protozoários
são uninucleados. Entretanto, há protozoários binucleados, como a Giardia
lamblia e plurinucleados como a Opalina ranarum. Nos ciliados observamos o
dimorfismo nuclear, com existência de dois núcleos, o macronúcleo com função
vegetativa e o micronúcleo com função reprodutiva e genética. Outros ciliados
possuem macro e micronúcleos em número variado.

 Organelas: nos unicelulares, todas as funções fisiológicas são executadas por


uma única célula, o que determina o aparecimento de diferenciações estruturais
relativas às funções de nutrição, proteção, locomoção etc. Tais diferenciações
comparáveis a órgãos de metazoários são denominados orgânulos ou
organelas e constituem partes de uma célula.

1.1.1 Classificação dos orgânulos

 Organelas de nutrição

a) citóstoma: abertura oral, permanente na membrana, permitindo a ingestão de


partículas alimentares.
b) peristoma: também chamado sulco oral, é uma invaginação no fundo da
qual se encontra o citóstoma.
c) citofaringe: pequeno canal que parte do citóstoma para o interior da célula.
d) vacúolo digestivo: cavidade intracelular no interior da qual são eliminadas
enzimas digerindo o alimento aí contido. Durante a digestão, o vacúolo se
desloca na célula, impulsionado pela ciclose (correntes citoplasmáticas).
e) citopígeo: orifício que elimina escórias não assimiladas pela célula.

 Organelas de excreção e equilíbrio osmótico

Agora, vamos conhecer um pouco dos vacúolos pulsáteis ou contráteis. Elas são
organelas de excreção e equilíbrio osmótico, permanentes, típicas de protozoários de água
doce, possuindo uma parede espessa que se contrai de maneira rítmica. A função primordial
deste vacúolo é a regulação osmótica, auxiliando ainda a excreção.
 Organelas fotorreceptoras

O estigma ou mancha ocelar é uma organela fotorreceptora, responsável pelo


fototactismo, isto é, deslocamento do animal em função da luz. O estigma é constituído por
uma lente biconvexa sobre uma placa pigmentada. É uma organela típica dos
fitomastigíneos, protozoários que fazem a fotossíntese.

 Organelas esqueléticas

a) tecas ou carapaças: são invólucros resistentes, formados por secreção e


posteriormente impregnação de substâncias minerais (carbonato de cálcio,
sílica, sulfato de estrôncio) e orgânicas (celulose e tectina). As tecas formam um
exoesqueleto para dar maior sustentação ao protozoário.
b) axótilo: constitui uma estrutura típica do gênero Trichomonas. É um bastonete
rígido, que percorre longitudinalmente o corpo celular, terminando em uma
extremidade livre e afilada.
c) lórica: é uma espécie de taça quitinosa que envolve a célula de protozoários
flagelados da ordem Crysomonadina.

 Organelas locomotoras

a) pseudópodes: são expansões protoplasmáticas, transitórias, que a célula emite,


para locomoção, funcionando como pés, apoiando-se no substrato. Os
pseudópodes servem ainda para englobar alimento. São típicos dos rizópodes e
podem ser divididos em:

1. lobópodes – pseudópodes curtos e largos formados por ectoplasma, aparecendo


nos amebíneos.
2. filópodes – longos e filiformes, formados apenas por ectoplasma, sendo
encontrados em radiolários.
3. mixópodes – são filópodes entrecruzados que ocorrem em foraminíferos.
4. axópodes – pseudópodes com um eixo central gelatinoso, de origem
endoplasmática, sendo revestidos por ectoplasma. Caracterizam os heliozoários.

b) flagelos: são apêndices longos e filamentosos dotados de movimentos


ondulatórios e serpenteantes, funcionando como hélices e permitindo o
deslocamento da célula. Os flagelos servem ainda para a captura dos alimentos.
O citóstoma, quando presente, está sempre situado na origem de um flagelo,
que produz correntes líquidas destinadas a auxiliar a captura de alimentos.
Normalmente aparecem em pequeno número, geralmente, um, dois, três, quatro
e oito flagelos para cada célula. Em relação à estrutura, o flagelo é formado por
um filamento axial ou axonema, envolvido por delgada bainha citoplasmática.

c) cílios: possuem a mesma estrutura dos flagelos, diferem por serem menores e
aparecem em grande número. Os cílios também se originam de corpúsculos
parabasais, grânulos situados no ectoplasma.

d) membranas ondulantes: aparecem nos tricomonadíneos e tripanosomídeos,


onde um flagelo percorre longitudinalmente a célula, permanecendo ligado a
mesma por meio da dobra protoplasmática. A margem superior da membrana,
percorrida pelo flagelo, é mais longa do que a margem basal, daí formarem-se
pregas que determinam os movimentos ondulatórios da membrana.
e) membranas vibráteis: são delgadas e triangulares, sendo formadas pela fusão
de uma fileira de cílios.

f) cirros: são apêndices cônicos, funcionando como patas, sendo constituídos por
um tufo de cílios aglutinados.

g) mionemas: são fibrilas contráteis, dispostas longitudinal ou transversalmente


entre ectoplasma e endoplasma. Permitem a locomoção por contração e
distensão do corpo celular.

Alguns protozoários têm estrutura muito simples e outros são complexos, com organelas
(órgãos celulares) que executam processos vitais particulares e são funcionalmente
análogas aos sistemas de órgãos dos animais multicelulares. Um total de 50.000 tipos de
PROTOZOA é conhecido e, em número de indivíduos, excedem de longe o de todos os
animais (STORER, et al., 2002).

1.1.2 Conhecendo um pouco mais sobre os protozoários

Para Barnes e Ruppert (1996, p. 25-26), a evolução dos protistas é:

a história da célula eucarionte, e os protistas vivos refletem os diferentes


estágios dessa história. Os primeiros protistas eram provavelmente formas
ameboides que capturavam partículas alimentares por meio de fagocitose.
A maioria, mas não todos os protistas possuem mitocôndrias, que
inicialmente podem ter sido organismos procariontes simbióticos adquiridos
por meio de um engolfamento. Os flagelos também podem ter sido
adquiridos cedo, tanto antes como depois da aquisição das mitocôndrias,
pois elas encontram-se ausentes em alguns flagelados vivos. Muitos
flagelados vivos possuem cloroplastos, que se acredita terem surgido por
meio de uma parceria entre os eucariontes fagocitários flagelados iniciais e
os simbiontes procariontes. Alguns flagelados vivos retêm o seu
fagotrofismo ancestral junto com capacidades fotossintéticas; outros são
somente fotoautótrofos. Contribuindo para o conjunto confuso das linhagens
de protistas, algumas espécies perderam seus cloroplastos e são
heterótrofos secundários, e algumas perderam os seus flagelos e são
ameboides secundários. Então, claramente, amebas, flagelados,
heterótrofos e autótrofos não formam grupos caprichosamente relacionados.
Algumas amebas são provavelmente mais intimamente relacionadas a
alguns flagelados que a outros grupos ameboides.

A endossimbiose é comum entre os protistas, e, em alguns casos, tanto o hospedeiro


quanto o endossimbionte são protistas. Muitos radiolários, por exemplo, abrigam protistas
fotossintetizantes. Como resultado, esses radiolários ficam esverdeados ou amarelados,
dependendo do tipo de endossimbionte que contêm. Essa associação é benéfica para o
radiolário, pois assim ele pode utilizar o alimento produzido pelo seu hóspede
fotossintetizante. O hóspede, por outro lado, pode fazer uso dos metabólitos produzidos pelo
hospedeiro ou simplesmente receber proteção física. Em outros casos, o hóspede pode ser
uma vítima, explorado por possuir produtos da fotossíntese, sem receber nenhum benefício
para si próprio (PURVES, et al., 2005).

Alguns protozoários (especialmente os que vivem no trato digestório dos animais) são
anaeróbios obrigatórios. Os que vivem em água, onde houver uma decomposição ativa de
matéria orgânica, podem ser anaeróbios facultativos, utilizando o oxigênio quando estiver
presente, mas também são capazes de respiração anaeróbia. A disponibilidade mutável de
alimento e de oxigênio associada à degradação resultam tipicamente em uma sucessão
distinta de populações e espécies de protozoários. Devido ao seu tempo de geração curta,
os protozoários podem ser importantes na monitoração da poluição. A sua resposta
relativamente rápida às alterações no ambiente aquático podem ser indicativas de oxigênio
reduzido.

Você já ouviu falar das euglenas? Você conhece as características das euglenófitas? Onde
elas vivem?

Os membros de água doce e marinha do filo Euglenophyta contém clorofila b, bem como
clorofila a. Os gêneros Peranema e Euglena talvez contenham os flagelos mais familiares.
O corpo é alongado com uma invaginação (reservatório) na extremidade anterior. Um
vacúolo contrátil descarrega no interior da cavidade, e dois flagelos “pilosos” surgem de sua
parede.

Figura 6: Euglena - possui exigências nutritivas bem flexíveis.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 c).

No caso da Euglena (Figura 6), um flagelo é muito curto e termina na base do flagelo longo.
Um ponto de pigmento, ou estigma, protege a área basal inchada do flagelo longo, que se
acredita ter uma função fotorreceptora. No caso do Peranema incolor, os flagelos são
longos, mas um deles arrasta-se para trás.

<ABRIR BOX: Importante!>


Euglenozoa é um grupo monofilético de flagelados: organismos unicelulares com flagelos.
Reproduzem-se assexuadamente por fissão binária. Existem dois subgrupos de Euglenozoa:
euglenoides e cinetoplastídios (PURVES, et al., 2005).
<FIM DO BOX>.

Barnes e Ruppert (1996, p. 27-28), afirmam ainda que as espécies verdes (tais como a
Euglena):
são logicamente autotróficas e armazenam o carboidrato como grânulos de
paramito. As espécies heterotróficas incolores podem depender de
compostos orgânicos absorvidos a partir da água circundante ou podem ser
fagotróficas, como o Peranema. No caso do Peranema, a extremidade
anterior do corpo contém dois bastões paralelos, constituindo o assim
chamado órgão-bastão, localizado adjacentemente ao reservatório. A
extremidade anterior do órgão-bastão termina no citóstomo, que está logo
abaixo da saída do canal. O Peranema alimenta-se de uma grande
variedade de organismos vivos, inclusive de Euglena, e o citóstomo pode
distender-se enormemente para permitir um engolfamento de uma presa
grande. Na alimentação, o órgão-bastão protrai-se e é utilizado como
âncora para puxar a presa para dentro, que é engolida inteira, ou o órgão-
bastão pode cortar a vítima, cujo conteúdo será sugado. Após a ingestão, a
presa é digerida no interior de vacúolos alimentares.

Os euglenoides possuem flagelos que podem crescer a partir de uma cavidade na


extremidade anterior da célula. Os euglenoides eram considerados animais pelos zoólogos
e plantas pelos botânicos. Eles são flagelados unicelulares, mas muitos membros do grupo
são fotossintetizantes. A figura 6 descreve uma célula do gênero Euglena. Como a maioria
dos euglenoides, esse organismo comum de água doce possui uma estrutura celular
complexa.

Ele se propulsiona pela água com um de seus dois flagelos, que também pode servir como
uma âncora para manter o organismo no lugar. O flagelo fornece força por meio de um
movimento ondulante que se propaga da base para a extremidade. O segundo flagelo é
geralmente rudimentar (PURVES, et al., 2005).

<ABRIR BOX: Parada obrigatória>


A fantástica adaptação da Euglena
Muitas espécies de euglena são sempre heterótrofas. Outras espécies são totalmente autótrofas na
luz solar, utilizando cloroplastos para sintetizar compostos orgânicos por meio da fotossíntese. Os
cloroplastos das euglenas são envoltos por três membranas (diferentemente dos cloroplastos
vegetais, que possuem apenas duas). Quando mantidas no escuro, essas euglenas perdem seu
pigmento fotossintético e passam a se alimentar exclusivamente de matéria orgânica em
decomposição na água que as envolve.
<FECHAR BOX>

1.1.3 Nutrição

A nutrição holofítica ou autotrófica ocorrem nos fitoflagelados que possuem cromatóforos,


realizando a fotossíntese e vivendo como vegetais, ou seja, elaborando o seu próprio
alimento orgânico, utilizando substâncias minerais como matéria-prima.

A nutrição holozoica é a mais frequente e feita pela absorção ou ingestão de alimento


orgânico. Neste tipo de nutrição podemos considerar diversos sistemas de digestão, em
função dos diversos tipos de complexidade estruturais. Em formas mais simples como os
esporozoários e tripanosomas, o alimento líquido penetra na célula por osmose, sendo
diretamente assimilado pelo protoplasma. Em formas mais evoluídas, a ingestão de
partículas sólidas é feita por fagocitose ou pelo citóstoma,

Nas amebas, a ingestão é feita por fagocitose, isto é, a captura de alimento é realizada por
pseudópodes que envolvem e englobam as partículas alimentares, formando em torno dos
mesmos um vacúolo digestivo que circula pelo citoplasma. Ao ser formado, o vacúolo
apresenta reação ácida, provavelmente devido a uma secreção que mata rapidamente a
presa, no caso de haver ingestão de microrganismos. Posteriormente, a reação torna-se
alcalina, evidenciando a ação de enzimas secretadas pelo endoplasma. Durante a
circulação do vacúolo pelo citoplasma vai se observando a desintegração do alimento que
se liquefaz e vai sendo absorvido pela célula. Uma vez efetuada a absorção, conserva-se no
interior do vacúolo, resíduos não digeridos.

Dirigindo-se para a periferia, o vacúolo entra em contato com a membrana, esta se rompe e
o vacúolo se contrai, realizando-se deste modo a egestão. Em protozoários mais
diferenciados como é o caso do Paramecium, a ingestão é feita pelo citóstoma. O vacúolo
digestivo forma-se na extremidade da citofaringe. A seguir, destaca-se e circula pelo
citoplasma, digerindo o alimento. Para realizar a egestão, o vacúolo entra em contato com o
citopígeo.

A nutrição saprozoica é feita por formas livres comensais, que absorvem substâncias
orgânicas em decomposição.

1.1.4 Regulação osmótica

Os protozoários de água doce vivem em meio hipotônico, isto é, menos concentrado que o
seu protoplasma. Disto resulta uma constante absorção de água por osmose, tendendo a
diminuir o protoplasma. O excesso de água é eliminado por meio de vacúolos contráteis.

Nas amebas, o vacúolo vai sendo formado gradualmente pela fusão de vacúolos menores.
Enquanto o volume do vacúolo vai aumentando, o citoplasma forma em torno do mesmo
uma membrana de condensação protoplasmática. Ao se contrair, o vacúolo elimina o
excesso de água para o meio externo.

Nos paramécios (Figura 7) existem dois vacúolos contráteis, rodeados por 6 a 11


canalículos coletores. A água vai sendo absorvida pelos canais coletores que entram em
distensão. Quando alcançam volume máximo, contraem-se eliminando o conteúdo para o
vacúolo central que dilata (diástole) e depois se contrai (sístole), eliminando o conteúdo por
meio de diminuto poro excretor. Os dois vacúolos trabalham alternando as sístoles em
intervalos de 10 a 30 segundos. A velocidade de contração dos vacúolos contráteis depende
da temperatura ambiente e da quantidade de água contida no protoplasma.

<ABRIR BOX: Ampliando o conhecimento>


Muitos protozoários osmorregulam para remover o excesso de água (regulação do volume) e para
ajustar a concentração e a proporção de seus íons internos (regulação iônica). A água em excesso
entra nos protozoários por meio de osmose quando a concentração osmótica interna excede a da
água circundante. Pode entrar água adicional com o alimento nos vacúolos e nas vesículas
pinocitárias: por exemplo, uma ameba experimentalmente alimentada em uma solução proteica
absorve, por meio da endocitose, uma quantidade de água equivalente a um terço de seu volume
corporal (BARNES; RUPPERT, 1996).
<FECHAR BOX>.

1.1.5 Excreção

Dos processos metabólicos que ocorrem nas células resultam os catabólitos, substâncias
tóxicas que devem ser eliminadas pela célula por meio da função excretora. Na maioria dos
protozoários, os catabólitos são excretados por difusão, por meio da membrana celular.
Quando existem vacúolos contráteis, estes, também servem para coletar catabólitos que
são depois excretados pela sístole vacuolar.
Figura 7: Phylum Ciliophora.
Fonte: WIKIPÉDIA (2011 b). Disponível em:
http://species.wikimedia.org/wiki/File:Haeckel_Ciliata.jpg.
Acesso em: 20 de maio de 2011.
Autor: Ernst Haeckel (1834–1919).

1.1.6 Respiração

Em relação a atividade respiratória, os protozoários podem ser divididos em: aeróbios e


anaeróbios. Os aeróbios vivem em meio contendo oxigênio. Não possuem orgânulos
especiais para a respiração, sendo as trocas gasosas (absorção de O 2 e liberação de CO2)
feitas por difusão, por meio da membrana.

Os anaeróbios vivem em meio desprovido de oxigênio, realizando processos de


fermentação.

1.1.7 Sistema neuromotor

Foi estudado e descrito em ciliados, sendo constituído por uma massa central chamada
motorium, de onde partem fibrilas que entram em contato com grânulos basais dos cílios. O
corte de fibrilas determina a falta de coordenação no movimento ciliar. Função idêntica seria
realizada pelo cinetoplasto dos flagelados.
1.1.8 Sistema sensorial

Funcionam como órgãos sensoriais táteis, os cílios e os flagelos. Como orgânulo


especialmente diferenciado aparece o estigma. Existe ainda um sentido químico permitindo
o reconhecimento do alimento a distância e consequentes reações quimiotáteis.

Os protozoários respondem normalmente às reações do meio por meio de tactismos, isto é,


mudanças na direção de deslocamento. Os tactismos são positivos e negativos, segundo o
animal se dirige ou se afasta do estímulo.

I) Quimiotactismo – exerce considerável importância na captura de alimentos. É


determinada por quimiotactismo positivo que exercem sobre os protozoários, as
substâncias orgânicas que se desprendem das partículas alimentares. O
paramécio possui quimiotactismo positivo em relação a ácidos em fraca
concentração. Em relação ao cloreto de sódio mostram quimiotactismo negativo.
Nas amebas, observa-se tactismo negativo para o cloreto de sódio, ácido acético
e gás carbônico, e positivo para o oxigênio.

II) Tigmotactismo – é determinado por contato. No paramécio, observa-se


facilmente este tipo de tactismo. Quando está em deslocamento, e encontra-se
um obstáculo sólido como um grão de areia; ele para, inverte o movimento ciliar
e retrocede até certa distância, girando então em certo ângulo. Se o obstáculo
não for ainda ultrapassado, o paramécio retrocede, repetindo-se o processo até
que o obstáculo seja ultrapassado. A este comportamento dá-se o nome de “lei
da tentativa e erro”.

Se os objetos que os paramécios encontram não são resistentes, eles não fogem do
obstáculo, mas, se agrupam em torno do mesmo. Daí a razão de se encontrarem
numerosos ciliados entre algas filamentosas. Em laboratório demonstra-se este
tigmotactismo positivo, colocando uma gota de cultura rica em ciliados, entre lâmina e
lamínula onde existem fibras de algodão. Transcorrido certo tempo, observa-se que os
protozoários, antes espalhados na lâmina, agrupam-se agora, entre as fibras.

Barnes e Ruppert (1996, p. 51), destacam que no Paramecium, a direção do batimento ciliar
efetivo é:

oblíqua ao eixo longitudinal do corpo. Isso faz com que o ciliado nade em
um curso espiral e ao mesmo tempo rotacione no seu eixo longitudinal. O
batimento ciliar pode ser revertido, e o ciliado pode mover-se para trás.
Esse movimento para trás associa-se à chamada reação de evitação. Por
exemplo, no Paramecium, quando o ciliado entra em contato com alguma
substância ou objeto indesejável, reverte-se o batimento ciliar. O ciliado
move-se para trás por uma distância curta, vira ligeiramente no sentido do
relógio ou contrário, e move-se para frente novamente. Se ainda encontrar
condições desfavoráveis, a reação de evitação é repetida. Os estímulos
externos são provavelmente detectados por meio da membrana celular,
quando ela se modifica mecanicamente por meio de determinados cílios
longos e rígidos que não exercem nenhum papel no movimento. A direção e
a intensidade dos batimentos são controladas pela alteração dos níveis dos
íons de Ca++ e K+.

Os ciliados (Figura 8) são assim chamados porque possuem caracteristicamente cílios em


forma de pelos. Esse grupo é notável por sua diversidade e importância ecológica. Quase
todos os ciliados são heterótrofos (alguns poucos contêm endossimbiontes
fotossintetizantes), e eles são bem mais especializados, quanto à forma do organismo, do
que a maioria dos flagelados e de outros protistas (PURVES, et al., 2005).

Figura 8: Paramécio - protozoário ciliado.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de
Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 d).

Os ciliados são os protozoários que se movem mais rápido. Os movimentos dos cílios
adjacentes unem-se como resultado dos efeitos da interferência das camadas de água
circundantes. Consequentemente, as forças hidrodinâmicas impõem uma coordenação dos
cílios. O batimento dos cílios individuais, em vez de ser aleatório ou sincronizado, faz parte
das ondas metacronais que deslizam ao longo da extensão do corpo. Não há evidências de
que a infraciliatura funcione como um sistema condutor na coordenação. Ele pode servir
primariamente na ancoragem ciliar e controlar a forma da célula.

Você sabia que os ciliados possuem dois tipos de núcleos? A característica que define os
ciliados é a presença de dois tipos de núcleos, de um a muitos milhares de grandes
macronúcleos e, dentro da mesma célula, de 1 a 80 micronúcleos. Os micronúcleos, que
são núcleos eucarióticos típicos, são essenciais para a recombinação gênica. Os
macronúcleos são derivados dos micronúcleos. Cada macronúcleo contém muitas cópias da
informação genética, empacotada em unidades, cada qual contendo poucos genes; o DNA
macronuclear é transcrito e traduzido para regular a vida da célula.

Barnes e Ruppert (1996, p. 59), descrevem os micronúcleos como:

corpos pequenos e arredondados que variam em número de 1 até mesmo


20, dependendo da espécie. São diploides, com um RNA pequeno. O
micronúcleo é um depósito de material genético responsável pela troca
genética e pela reorganização nuclear, e também dá origem ao
macronúcleo. O macronúcleo é algumas vezes chamado de núcleo
vegetativo, pois não é essencial na reprodução sexuada. No entanto, o
macronúcleo é necessário para um metabolismo normal, para uma divisão
mitótica e para o controle da diferenciação celular, e é responsável pelo
controle genético do fenótipo por meio da síntese proteica. Há centenas a
milhares de vezes mais DNA no macronúcleo devido ao fato das
duplicações seguidas do micronúcleo darem origem ao mesmo. Além do
mais, o DNA macronuclear não é organizado em cromossomos, mas, ao
invés disso, em pequenas unidades subcromossômicas ou do tamanho de
genes. Os macronúcleos incluem numerosos nucléolos, nos quais sintetiza-
se o RNA ribossômico. A amplificação dos genes no macronúcleo
provavelmente aumenta a taxa de síntese de produtos genéticos a serem
usados no grupo de complexas e numerosas organelas de ciliados.

INSERIR MARCADOR PARA QUALQUER ESCLARECIMENTO>


Agora, vamos conhecer um pouco dos cinetoplastídios. Você sabia que alguns cinetoplastídios são
patógenos humanos? Você já ouviu falar da doença do sono?
<FIM DO MARCADOR>

Purves, et al. (2005, p.125) afirmam que os cinetoplastídios são flagelados:

unicelulares e parasitas com uma única e grande mitocôndria. Essa


mitocôndria possui um cinetoplasto, uma estrutura própria contendo DNA e
proteínas associadas. O DNA do cinetoplasto é de dois tipos, chamados
minicírculos e maxicírculos. Os maxicírculos codificam enzimas associadas
com o metabolismo oxidativo, e os minicírculos codificam “guias” que
realizam um tipo extraordinário de edição de RNA dentro da mitocôndria.

Alguns cinetoplastídios são patógenos humanos. A doença do sono, uma das mais temidas
doenças da África, é causada pelo cinetoplastídio parasita Trypanosoma. O vetor
(hospedeiro intermediário) do Trypanosoma é um inseto, a mosca tsé-tsé (Figura 9).

Carregando sua carga mortal, a mosca tsé-tsé pica o gado, animais selvagens, e até mesmo
humanos, infectando-os com o parasita. O Trypanosoma então se multiplica na corrente
sanguínea do mamífero e produz toxinas. Quando esses parasitas invadem o sistema
neural, os sintomas neurológicos da doença do sono aparecem e são seguidos pela morte.
Outros tripanossomas causam leishmaniose, doença de Chagas e febre da Costa Leste.

Figura 9: Mosca tsé-tsé.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 e).
Você conhece exemplos de apicomplexas? Você sabia que os parasitas causadores da
malária são apicomplexas?

Organismos exclusivamente parasitas, os apicomplexas têm o nome derivado de um


complexo apical, uma massa de organelas contidas dentro da extremidade apical dos seus
esporos. Essas organelas ajudam o esporo do apicomplexa a invadir o tecido do
hospedeiro. Diferentemente de muitos outros protistas, os apicomplexas são desprovidos de
um vacúolo contrátil. Como muitos parasitas obrigatórios, os apicomplexas possuem ciclos
de vida complexos, apresentando reprodução sexuada e assexuada por meio de uma série
de estágios de vida bem diferentes. Frequentemente esses estágios estão associados a
dois tipos de organismos hospedeiros (PURVES, et al., 2005).

Figura 10: Mosquito Anopheles.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 f).

<ABRIR BOX: Curiosidades>


Apesar de ter sido quase eliminada nos Estados Unidos, a malária continua sendo um grande
problema em muitos países tropicais. Em termos de número de pessoas infectadas, ela é uma das
doenças mais graves do mundo.
<FECHAR BOX>.

Os apicomplexas mais bem conhecidos são os parasitas da malária do gênero Plasmodium,


um grupo de organismos altamente especializados que passa parte do ciclo de vida dentro
de glóbulos vermelhos humanos.

Mosquitos fêmeas do gênero Anopheles (Figura 10) transmitem o Plasmodium para os


humanos. O parasita entra no sistema circulatório humano quando um mosquito Anopheles
infectado penetra na pele em busca de sangue. Os parasitas percorrem seu caminho até as
células do fígado e do sistema linfático, mudam de forma, multiplicam-se e voltam à corrente
sanguínea, atacando os glóbulos vermelhos. O complexo apical capacita o Plasmodium a
entrar nas células hepáticas e nos glóbulos vermelhos (PURVES, et al., 2005).

Agora, eu lhe pergunto: como esses parasitas multiplicam-se? Converse com os seus
colegas sobre esse questionamento e, em seguida, registre as suas observações.

Os parasitas multiplicam-se dentro dos glóbulos vermelhos, que então explodem, liberando
uma nova geração de parasitas. Se outro Anopheles picar a vítima, tomará algumas das
células parasitas de Plasmodium junto com o sangue. As células infecciosas desenvolvem-
se formando gametas, os quais se unem para formar zigotos que, por sua vez, se
estabelecem no intestino do mosquito, dividem-se diversas vezes e se deslocam para as
glândulas salivares do mosquito, dos quais podem então ser passados para outro
hospedeiro humano. Portanto, o Plasmodium é um parasita extracelular no vetor mosquito e
um parasita intracelular no hospedeiro humano.

1.1.9 Sporozoa

Os SPOROZOA são todos parasitos. O corpo celular simples é arredondado ou alongado,


com um núcleo e sem organelas locomotoras (exceto nos microgametas dos coccídios e da
malária) ou vacúolo contrátil. Alguns movem-se por modificações na forma do corpo. O
alimento é absorvido diretamente do hospedeiro (nutrição saprozoica) e a respiração e
excreção são por difusão simples. A maioria dos esporozoários multiplica-se rapidamente
por divisão assexual múltipla ou esquizogonia; a célula torna-se multinucleada por mitoses
repetidas e então o citoplasma divide-se. Os merozoítos resultantes continuam a
disseminar o esporozoário por meio dos tecidos do hospedeiro. Depois de uma fase de
maturação, os merozoítos produzem macro e microgametas por um processo de
gamogonia; estes reúnem-se em pares de tipos opostos para formar zigotos. Os últimos, em
muitas espécies, produzem esporozoítos por esporogonia, e neste estágio os organismos
são espalhados de um indivíduo hospedeiro para outro (STORER, et al., 2002).

Figura 11: Ciclo vital típico dos coccídeos.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Cilene Castejón (2011 b).

Exemplificando...

Os SPOROZOA são, possivelmente, os parasitos de maior ocorrência. Alguns vivem dentro


das células do hospedeiro e outros nos líquidos ou cavidades do corpo. Podem habitar o trato
digestório, músculos, sangue, rins e outros órgãos. A malária humana, a coccidiose em aves
e coelhos, e a pebrina dos bichos-da-seda são exemplos de moléstias sérias causadas por
esporozoários.

<ABRIR BOX: Saiba mais>


A presença de um ou mais flagelos longos e delicados, em alguns ou em todos os estágios do ciclo
vital, é característica dos MASTIGOPHORA. Os flagelos servem para a locomoção e captura de
alimento, e podem ser receptores sensitivos. O corpo celular é usualmente de forma definida-oval,
longa ou esférica, coberto por uma película firme e com armadura em certos grupos de flagelados.
Muitas espécies contêm plastídios com pigmentos coloridos; aqueles com clorofila podem sintetizar
alimento com o auxílio da luz solar e são frequentemente classificados como plantas. Muitos
flagelados são de vida livre e solitários, outros são sésseis e alguns formam colônias de poucos até
milhares de indivíduos. São abundantes em água doce e salgada, onde com as diatomáceas,
fornecem grande parte do suprimento de alimento para animais aquáticos diminutos. Diversas
espécies habitam o solo. Muitos outros são parasitos do homem e alguns causam moléstias muito
graves (STORER, et al., 2002).
<FECHAR BOX>

1.2 Poríferos

As esponjas (Figura 12), que constituem o filo Porifera, são os mais primitivos dos animais
multicelulares. As esponjas não têm órgãos, mas têm tecido conjuntivo bem desenvolvido,
no qual as células realizam várias funções. Comparadas com os outros metazoários, as
células das esponjas apresentam um alto grau de independência, de forma que o corpo da
esponja lembra uma colônia de protozoários em alguns aspectos. As esponjas são
especializadas em serem sésseis e em ter um plano corporal incomum construído ao redor
de um sistema de canais de água. A sua sessilidade e a falta de movimentos evidentes de
partes do corpo convenceram ARISTÓTELES, PLÍNIO e outros naturalistas antigos de que
as esponjas eram plantas. De fato, foi só em 1765, quando se observou pela primeira vez as
correntes de água internas, que se estabeleceu claramente a natureza animal das esponjas
(BARNES; RUPPERT, 1996).

Figura 12: Morfologia externa de uma esponja.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 b).

As esponjas, segundo Storer et al.( 2002, p. 331):

constituem indubitavelmente um grupo antigo, conhecendo-se fósseis que


datam desde o Cambriano. A origem das esponjas, entretanto, e sua
relação com outros organismos permanecem algo obscuras, em parte
porque nenhum animal metazoário apresenta um nível de organização tão
baixo, com o corpo construído em torno de um sistema de canais ou fatos
tão únicos como os de sua embriologia. Esta lista de aspectos únicos levou
os biólogos a separar as esponjas colocando-as no Ramo Parazoa (= Sub -
reino PARAZOA), fora da linha evolutiva principal dos metazoários. Foram
propostas, pelo menos, duas ideias sobre a origem das esponjas. Segundo
uma delas, as esponjas teriam surgido de um grupo de protistas
coanoflagelados, com células com colarinho. As objeções a esta teoria
baseiam-se principalmente no fato de que, durante a embriologia das
esponjas, as células flageladas não são coanócitos e só adquirem o
colarinho após a gastrulação. Pela segunda teoria, as esponjas surgiram de
flagelados coloniais, provavelmente daqueles que poderiam ter dado origem
ao restante dos Metazoa. Essa teoria baseia-se no fato de que as larvas
das esponjas são semelhantes a colônias de flagelados. A inversão da
larva, quando as células flageladas se tornam internas, também ocorre em
determinadas colônias de flagelados como Volvox. Determinados biólogos
acreditam que tinha existido um ancestral comum a esponjas e metazoários
e que teria sido uma esfera livre-natante de células ciliadas na qual
apareceu uma abertura na massa central. Esta teria dado o espongiocelo no
ramo que originou os Porifera e a cavidade digestiva nos Metazoa.

<ABRIR BOX: Exemplificando>


A classe Calcarea está constituída de, aproximadamente, 500 espécies de esponjas, todas marinhas
de águas rasas, que se fixam em algas, conchas depositadas no fundo ou em outros organismos.
São esponjas de pequeno porte, em média com 1 cm de altura, de forma tubular ou de “vaso”. O
sistema aquífero pode ser de construção asconoide, siconoide ou leuconoide. Calcarea é a única
classe de esponjas que inclui espécies asconoides (RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002).
<FECHAR BOX>.

Uma das esponjas simples é a Leucosolenia (Figura 13), a qual se fixa em rochas de praias
marinhas, logo abaixo da linha de maré baixa. Consiste de um pequeno grupo de tubos em
forma de vaso, alongados, perpendiculares, unidos nas suas bases por tubos horizontais
irregulares. Cada porção perpendicular é um saco de parede fina circundando uma cavidade
central, o espongiocelo (átrio), com uma abertura grande ou ósculo na parte superior.

Figura 13: Corte transversal de uma esponja.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 c).

Segundo Barnes e Ruppert (1996, p.79), a fisiologia de uma esponja:

depende enormemente da corrente de água que flui por meio do corpo. A


água traz oxigênio e alimento, e remove os detritos. Até o esperma entra e
sai e as larvas são liberadas pelas correntes de água. O volume de água
bombeada por uma esponja é incrível. Um espécime de Leuconia
(Leucondra), uma esponja leuconoide de 10 cm de altura e 1 cm de
diâmetro, tem grosseiramente 2.250.000 câmaras flageladas e bombeia
22,5L de água por dia por meio do ósculo e mais lenta por meio das
câmaras flageladas, pois essas duas regiões têm, respectivamente, a
menor e a maior área de corte transversal total das várias vias de
passagem. Por meio da regulação do tamanho do ósculo e do fechamento
dos óstios, o animal pode controlar a taxa de fluxo e mesmo para-la. Em
algumas Demospongiae, o controle do ósculo é facilitado por um tipo
especial de célula mesoílica chamada miócito, que apresenta semelhanças
com uma célula muscular lisa em forma e contratilidade. No entanto, ao
contrário das células musculares verdadeiras, os miócitos que circundam
um ósculo não se tocam.

A corrente de água é produzida pelo batimento planar dos flagelos dos coanócitos, mas
não há nem coordenação nem sincronia dos flagelos em uma câmara particular. Os
coanócitos são orientados em direção à apópila, e cada flagelo bate da base para a ponta,
empurrando água proveniente da câmara flagelada. Como resultado, a água é sugada no
interior da câmara a partir dos canais incorrentes por meio de pequenas prosópilas
localizadas entre as bases dos coanócitos. É depois empurrada para o centro da câmara e
para fora da apópila maior no interior de um canal excorrente.

Figura 14: Esponja - sua superfície é coberta de minúsculos poros.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 d).

Quando uma esponja fica exposta a uma corrente externa, a água flui passivamente por
meio de seu corpo, conferindo determinadas condições estruturais, tais como ósculos
elevados (Figura 14). Esse efeito hidrodinâmico contribui indubitavelmente para a passagem
de água nessas esponjas que vivem em correntes de fortes a moderadas. No entanto,
muitas esponjas atingem o seu maior desenvolvimento em uma água relativamente calma
ou mesmo em espaços confinados.

Algumas esponjas exibem ritmo diurno na propulsão da água por meio de seus corpos,
enquanto outras exibem um fluxo de água errático e endógeno. As condições externas, tais
como a água turbulenta causada pelas tempestades, podem deter o fluxo de água,
independentemente das condições internas.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Coanócitos
Células flageladas e dotadas de gola ou colarinho em forma de funil que forram a cavidade central (átrio ou
espongiocele) dos poríferos ou esponjas (SOARES, 1993).
<Fim do glossário>.

A parede de uma esponja é constituída de:

 uma pinacoderme de células finas e chatas;


 um revestimento interno, contínuo, de células flageladas com colarinho ou
coanócitos, em contato frouxo umas com as outras;
 entre estas duas camadas há um mesênquima gelatinoso, o qual contém células
livres ou amebócitos, de vários tipos e muitas espículas (Figura 15) diminutas de
carbonato de cálcio, em forma de cristais, suportando a parede mole.

Figura 15: Alguns tipos de espículas de demosponjas.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011e).

Algumas espículas são bastonetes delicados (monoaxiais) e outras são tri ou tetrarradiais
(tri ou tetraxiais). A parede é perfurada por muitas aberturas aferentes diminutas ou poros
(óstios), que se estendem da superfície externa até a cavidade central, cada poro sendo um
canal por meio de uma célula tubular ou porócito, da pinacoderme (STORER, et al., 2002).

<ABRIR BOX: Parada obrigatória!>


A maioria das esponjas produzem minúsculas agulhas de calcário ou sílica, chamadas espículas,
que se entrelaçam e formam o retículo, onde se localizam as células.
<FECHAR BOX>.
Fique atento!

Aproximadamente 95% das esponjas existentes são demosponjas. Nessa classe, estão as
maiores esponjas marinhas, que podem atingir 1m de altura. Elas têm forma tubular, ramificada,
arredondada, incrustante massiva ou delgada, mas são melhor descritas como altamente
irregulares e plásticas. A forma frequentemente altera-se, conforme às condições externas de
correntes, turbidez, salinidade etc. A consistência varia desde rígida e firme a macia ou até
gelatinosa, dependendo da natureza e arranjo do esqueleto. Elas desenvolveram também uma
ampla variação de cores, desde tons amarelados e esverdeados suaves a vermelhos e roxos
intensos, provavelmente relacionadas com fotoproteção. As esponjas de água doce, cerca de
160 espécies descritas, também são demosponjas (RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002).

As esponjas alimentam-se filtrando as partículas microscópicas trazidas pela corrente de


água contínua que atravessa as paredes do seu corpo. Os laços de união entre as células
de uma esponja são muito frágeis. Células individuais podem deslocar-se livremente pela
superfície da esponja, como amebas.

Figura 16: Demosponja incrustante com tubos osculares.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 f).

Algumas células das esponjas são dispostas em camadas, mas a maior parte da atividade
vital é realizada por células separadas. As esponjas são assim agregados de células sem
órgãos e é difícil ou impossível decidir o que seja um indivíduo. Exemplares de Leucosolenia
ou de Scypha, cada um com um único ósculo, podem ser assim considerados, mas em
esponjas complexas, com sistemas de canais múltiplos e muitos ósculos (Figura 16), é
impossível definir os limites de um indivíduo.
Para Storer et al.( 2002, p. 329), o funcionamento de uma esponja depende grandemente de
um constante fluxo de água por meio do corpo, pois:

a água fornece uma fonte constante de oxigênio para a respiração e as


substâncias de excreção resultantes do metabolismo são removidas por
este mesmo sistema. O alimento é capturado da água e os gametas e as
larvas são dispersados para fora da esponja pela corrente de água. O fluxo
de água é criado pelos coanócitos, mas não é coordenado por um sistema
nervoso. Aparentemente, o fluxo de água é regulado apenas por uma
redução ou aumento limitados do ósculo pelos miócitos que o circundam.

As esponjas em geral não toleram água estagnada devido à sua dependência do movimento
de água. Frequentemente os ósculos das esponjas elevam-se acima do nível do restante do
corpo da esponja para dirigir a corrente exalante para longe dos óstios inalantes da
superfície do corpo. Esta é uma adaptação para evitar uma recirculação da água da qual já
foram removidos o oxigênio e o alimento e à qual foram adicionados resíduos do
metabolismo durante uma passagem prévia por meio da esponja.

Agora, você fará uma pesquisa na internet. A pesquisa será sobre os três tipos de
organização estrutural dos poríferos: o mais simples, chamado ascon, o intermediário sycon
e o mais evoluído leucon. Após a pesquisa, faça um esquema de cada estrutura.

Após sua pesquisa sobre a organização estrutural das esponjas, responda ao seguinte
questionamento: como ocorre a alimentação das esponjas?

O alimento das esponjas é constituído por organismos unicelulares, bactérias, detritos


orgânicos e nutrientes dissolvidos na água. Os primeiros são capturados ao longo dos
canais de circulação de água pelos arqueócitos móveis, por meio de fagocitose. Bactérias e
moléculas orgânicas grandes ficam aderidas entre as microvilosidades do colarinho dos
coanócitos. O alimento capturado pelos colarinhos passa ao interior dos coanócitos por meio
da fagocitose ou pinocitose, onde é parcialmente digerido e repassado a um arqueócito no
mesoílo para digestão final. Não há uma cavidade digestiva e toda a digestão é intracelular
(RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002).

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Fagocitose
Processo de englobamento de partículas sólidas pela célula usando o recurso dos pseudópodos. Na maioria das
vezes, objetiva a função de nutrição, e consiste numa forma de obtenção do alimento em bloco, para, só depois ,
processar-se a digestão intracelular, com a participação lisossômica (SOARES, 1993).

Pinocitose
Uma forma de endocitose; a captação de líquidos pelo engolfamento de uma amostra do meio externo dentro de
um bolsão da membrana plasmática seguida pelo englobamento do bolsão para formar uma vesícula intracelular
(PURVES, et al., 2005).
<Fim do glossário>.

Levando-se em conta a organização estrutural e o desenvolvimento embrionário que


apresentam, os poríferos não chegam a ser considerados metazoários típicos. Sua
organização ao nível dos tecidos é rudimentar, com células mais ou menos especializadas
realizando certas funções como nutrição, reprodução, sem, contudo, existir qualquer tipo de
órgão e nem mesmo uma integração funcional como nos tecidos verdadeiros dos demais
pluricelulares.

<ABRIR BOX: Importante>


A estrutura asconoide primitiva impõe limitações de tamanho muito definidas. Um aumento no volume
da espongiocele não se acompanha de uma aumento suficiente na área superficial da camada de
coanócitos para proporcionar o movimento da água. Consequentemente, as esponjas asconoides são
sempre pequenas.<FECHAR BOX>.

Barnes e Ruppert (1996, p.73) afirmam que o esqueleto dos poríferos é:

relativamente complexo e proporciona uma estrutura de sustentação para


as células vivas do animal. O esqueleto pode ser composto de espículas
calcárias, espículas silicosas, fibras de espongina proteicas ou uma
combinação das duas últimas. As espículas existem em várias formas e são
importantes na identificação e na classificação das espécies. Desenvolveu-
se uma nomenclatura extensa por meio do uso dessas estruturas na
taxonomia das esponjas.

O esqueleto de espículas é secretado pelos esclerócitos ameboides. Geralmente envolve-se


de um a vários esclerócitos na secreção de uma única espícula nas esponjas calcárias, e o
processo é relativamente complexo. Por exemplo, uma espícula de três pontas origina-se
em três esclerócitos derivados de um amebócito, chamado escleroblasto.

Os três esclerócitos fundem-se parcialmente para formar um trio de células. Cada membro
do trio então se divide e secreta-se uma ponta ou raio da espícula entre cada par de células-
filhas. As três pontas fundem-se na base. Cada um dos três pares de esclerócitos movem-
se agora para fora ao longo do raio, com uma célula secretando a extremidade e outra
espessando a base da espícula. O esqueleto de espongina é secretado pelos
espongiócitos.

Segundo Storer et al.( 2002, p. 331), as esponjas são raramente atacadas ou comidas por
outros animais, provavelmente devido:

ao esqueleto e às secreções, e odores desagradáveis que produzem.Os


principais predadores de esponjas marinhas são os moluscos
opistobrânquios, especialmente nudibrânquios. Larvas de insetos da Ordem
Neuroptera vivem em esponjas de água doce e delas se alimentam. As
cavidades internas de muitas esponjas marinhas são habitadas por
crustáceos, vermes, moluscos e outros animais. Certas formas de
caranguejos rasgam pedaços pequenos de esponjas vivas, os quais são
mantidos de encontro à carapaça até que se fixem; o crescimento
continuado fornece ao caranguejo uma cobertura protetora de esponja de
odor desagradável, contendo muitas espículas espinhosas. A esponja
Suberites cresce comumente em conchas de caramujos habitadas por
caranguejos-eremitas, absorvendo logo a concha, de modo que o
caranguejo habita realmente uma cavidade na esponja. Outra esponja,
Cliona, cresce em conchas de moluscos e outros substratos de carbonato
de cálcio, perfurando-as e eventualmente destruindo o animal e sua concha.
Algumas esponjas que crescem em moluscos bivalves tornam-se
competidores destes últimos, pois ambos, esponja e molusco, alimentam-se
de plâncton; estas esponjas podem tornar-se um transtorno em cultura de
ostras.

ABRIR BOX: Explicando melhor>


As espécies de Clathrina são as esponjas asconoides mais comuns do litoral brasileiro e podem ser
encontradas fixas em rochas do infralitoral raso, geralmente em superfícies sombreadas de inclinação
negativa, como em tetos de pequenas grutas. São comuns em cores branca ou amarela brilhante
(RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002).
<FECHAR BOX>.
Você sabia que as esponjas podem ser utilizadas para banhos? Pois bem, algumas
esponjas segregam em redor das suas células uma substância macia e flexível, a
espongina, que serve de suporte de sustentação para todo o organismo. Essa estrutura,
depois de eliminadas as células vivas com água fervente, é a esponja que usamos no
banho.

Aprendendo um pouco mais...

Se duas esponjas, por acaso, crescem lado a lado, é possível que, à medida que se
desenvolvem, se unam para formar um único e imenso organismo. Se forçarmos uma esponja a
passar por meio de uma gaze fina, triturando-a e separando todas as suas células, estas
eventualmente reagrupar-se-ão, formando uma nova esponja em que cada tipo de célula se
encontra no seu lugar certo do conjunto. Mais impressionante ainda: se triturarmos duas esponjas
misturando as suas células, estas reconstituir-se-ão numa única esponja de origem mista.

Muitas esponjas possuem poderes de regeneração incríveis. Barnes e Ruppert (1996, p.86-
87), em vista da regeneração que foi empregada na propagação de esponjas comerciais em
áreas superpescadas na costa da Flórida, destacam que:

os pedaços de esponja chamados cortes foram presos a blocos de cimento


e despejados na água. A regeneração e o crescimento de vários anos
produziram uma esponja de tamanho comerciável. O experimento clássico
que demonstra a capacidade regenerativa de esponjas envolve a passagem
forçada de um tecido de esponja viva por meio de uma malha de seda. As
células separadas reorganizam-se rapidamente por meio de uma
associação progressiva de células semelhantes limitadas por pinacócitos,
formando elas mesmas várias esponjas novas. Os arqueócitos são
essenciais para a reagregação, bem como um número mínimo de células.
Os íons de cálcio e magnésio, além de algumas macromoléculas
superficiais celulares, também são necessários para a reagregação. Ainda é
debatido se uma reagregação de sucesso ocorrerá somente com células
dissociadas da mesma espécie. Se por acaso, fatiar um indivíduo de
determinadas esponjas (por exemplo, a Tethya) e inserir um pedaço de uma
outra esponja da mesma espécie no ferimento, o hospedeiro e o enxerto
crescem juntos em um curto tempo. Ao contrário, o hospedeiro rejeita um
enxerto de uma espécie diferente. Também há determinadas esponjas (tais
como as espécies de Halichondria e da Spongilla de água doce) nas quais
os indivíduos em desenvolvimento, após uma sedimentação larval densa,
fundem-se e formam esponjas que são mosaicos genéticos. Por outro lado,
os experimentos de enxertamento com a Callyspongia diffusa tropical
indicam uma imunocompetência em algumas esponjas, ou seja, a espécie
se distingue de outras: um indivíduo aceita enxertos que vêm de si mesmo,
mas rejeita os que vêm de outros membros da mesma espécie.

<ABRIR BOX: Sintetizando>


As esponjas se reproduzem tanto sexual como assexuadamente. A reprodução assexual se dá por
brotamento e fragmentação, e na maioria das espécies, um único indivíduo produz tanto óvulos como
espermatozoides. As correntes de água carregam os espermatozoides de um indivíduo para outro
(PURVES, et al., 2005).
<FECHAR BOX>.

Uma reprodução assexuada por meio da formação de brotos liberados a partir do animal
original não é comum nas esponjas, embora ocorra em algumas espécies. A formação e a
liberação de pacotes de células essenciais é um pouco diferente do brotamento. As
esponjas espongilídeas, bem como algumas espécies marinhas, apresentam tais
agregados, chamadas gêmulas. Nas esponjas de água doce, uma massa de arqueócitos
preenchidos por alimento torna-se circundada por outros amebócitos (espongiócitos) que
depositam um revestimento duro composto de um material semelhante à espongina.
Também são incorporados espículas, de forma que se forma uma concha resistente
espessa. A formação da gêmula ocorre primariamente no outono quando se forma um
grande número desses corpos em cada esponja. Com o início do inverno, a esponja-mãe
separa-se. As gêmulas são capazes de suportar o congelamento e o ressecamento e são
consequentemente capazes de levar a espécie por meio do inverno. Na primavera, as
células do interior sofrem um certo desenvolvimento inicial e o tecido primordial finalmente
emerge por meio de uma abertura (micrópila) na concha. O tecido primordial continua
desenvolvendo-se numa esponja adulta e pode atingir uma grande biomassa no final do
verão.

A reprodução sexuada e o desenvolvimento das esponjas exibem várias características


peculiares. Barnes e Ruppert (1996, p.87), caracterizam as espécies de esponjas:

tanto hermafroditas como dioicas, embora a maioria seja hermafrodita,


geralmente produzindo os ovos e o esperma em momentos diferentes. O
esperma surge dos coanócitos. Por exemplo, os coanócitos de toda a
câmara flagelada perdem seus colares e seus flagelos, e formam
espermatogônios, que sofrem então uma meiose. O grupo fica circundado
por uma parede celular, formando um cisto espermático. Alternativamente,
um cisto espermático pode derivar de uma divisão de uma célula-mãe de
esperma. Os ovos surgem dos arqueócitos ou dos coanócitos. Os ovos
geralmente acumulam suas reservas alimentares envolvendo células-
nutritivas adjacentes e localizam-se geralmente dentro de um grupo de
células circundantes. A produção de gametas parece iniciar-se com
alterações na temperatura da água, no fotoperíodo ou na regressão celular,
dependendo da espécie.

O esperma deixa a esponja por meio das correntes da água exalantes e é levado para
dentro de outras esponjas na corrente inalante. Já foram observadas determinadas esponjas
tropicais liberando o seu esperma subitamente em grandes nuvens leitosas, e a liberação
súbita de esperma pode ser característica da maioria das esponjas. Após o esperma ter
alcançado uma câmara flagelada, ele é engolfado por um coanócito, que transporta o
esperma ao ovo. Ambas as células perdem os seus flagelos. Após o transportador com seu
esperma ter alcançado um ovo (que seria fechado pelo mesoilo circundante), ou o
transportador transfere o núcleo espermático ou o núcleo e o transportador espermáticos
são engolfados pelo ovo. A fertilização ocorre consequentemente no local. Só se conhece
uma espécie de esponja que libera ovos que depois são fertilizados externamente, no lado
de fora do corpo da esponja. Isso é surpreendente, dada a larga ocorrência de fertilização
externa nos outros animais marinhos (BARNES; RUPPERT, 1996).

<ABRIR BOX: Exemplificando>


Na maioria das esponjas, o desenvolvimento dos estágios larvais ocorre dentro do corpo do animal
original. No entanto, entre as Demospongiae, há algumas espécies que liberam ovos fertilizados, que
se desenvolvem na água marinha. A clivagem é completa e geralmente radial. O desenvolvimento
leva a um estágio larval, que exibe graus variados de diferenciação. A larva geralmente encontra-se
no estágio de desenvolvimento de blástula. A maioria das esponjas possui uma larva parenquimelar,
na qual as células monociliadas recobrem toda a superfície externa, exceto, frequentemente, o polo
posterior. As espículas encontram-se frequentemente presentes e o interior das larvas contém
comumente a maioria dos tipos celulares encontrados no adulto, com a exceção comum dos
coanócitos. A larva parenquimelar rompe o mesófilo, sai por meio do sistema de canais excorrentes
do animal original e tem uma existência livre-natante breve. <FECHAR BOX>.
Agora, você fará uma nova leitura deste capítulo ou pesquise outras informações na
internet. Sua pesquisa também poderá ser feita nos capítulos de Fisiologia Animal
Comparada, estudados em etapas anteriores. Após suas observações, análises e estudos,
você deverá completar a tabela, a seguir, com as características gerais dos poríferos.

Características gerais dos poríferos

Revestimento e proteção

Sustentação e locomoção

Nutrição e digestão

Respiração

Excreção

1.3 Cnidários

Os cnidários também conhecidos como celenterados, ao contrário das esponjas, possuem


uma cavidade intestinal revestida por uma endoderme, como a maioria dos outros animais.
No entanto, nos cnidários, ela é referida como celêntero ou cavidade gastrovascular, por
funcionar na circulação além de na digestão.

A cavidade gastrovascular repousa ao longo do eixo polar do animal e abre-se


externamente em uma extremidade para formar uma boca. Nos cnidários, um círculo de
tentáculos (representando evaginações da parede corporal) circunda a boca para ajudar na
captura e na ingestão de alimento.
Segundo Barnes e Ruppert (1996, p.101),com exceção das esponjas:

quase todos os animais possuem uma cavidade intestinal que se abre ao


exterior por meio de uma boca. Uma cavidade intestinal torna possíveis a
utilização de grandes massas alimentares e uma alimentação descontínua.
Primitivamente, a cavidade intestinal é revestida por células fagocitárias, e a
digestão é em parte intracelular, como ocorre em esponjas e protozoários.
No entanto, a digestão extracelular é uma característica da maioria dos
animais metazoários. Determinadas células epiteliais intestinais secretam
enzimas no interior da luz intestinal, e dentro desse espaço confinado, a
concentração de enzimas pode ser alta, de forma que se possam quebrar
as grandes massas alimentares extracelularmente em pequenas partículas
que são fagocitadas ou absorvidas por outras células de revestimento.

Com essa disposição para a digestão podem se alimentar de partículas maiores, o que
mostra um avanço em relação aos protozoários e poríferos. Mas, os cnidários apresentam
um caráter primitivo, embora já possuam traços de especialização que são encontrados nos
metazoários mais superiores.

O filo Cnidaria ou Coelenterata (Figura 17) inclui as famílias hidras, água-viva, anêmonas-
do-mar e corais.

Figura 17: Fragmento de uma colônia de antozoários, os zoantídeos.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 g).

A coloração brilhante de muitas espécies combinada com sua simetria radial é com
frequência incrivelmente bonita. Como a simetria radial é claramente primária (primitiva),
geralmente considera-se isso como uma justificativa para colocar os cnidários dentro de
uma divisão do Reino Animal chamada Radiata (BARNES; RUPPERT, 1996).

Os indivíduos são solitários ou coloniais e de dois tipos: (1) o pólipo, ou hidrante, com um
corpo tubular tendo uma extremidade fechada e fixa e a outra com uma boca central,
geralmente circundada por tentáculos moles e (2) a medusa de natação livre, com um corpo
gelatinoso em forma de umbrela, marginado com tentáculos e tendo a boca em uma
projeção central da superfície côncava. Ambos são diversamente modificados e ambos
aparecem no ciclo vital de muitas espécies.
Figura 18: Água-viva repolho - possui um corpo rígido e arredondado.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 h).

<ABRIR BOX: Comparando>


O ciclo de vida generalizado dos cnidários tem dois estágios distintos, o pólipo e a medusa, mas
muitas espécies não possuem um dos estágios.
 O estágio séssil de pólipo possui um pedúnculo cilíndrico fixado ao substrato, com tentáculos
ao redor de uma boca localizada no lado oposto ao ponto de fixação. Esse estágio é
geralmente assexuado, mas pólipos individuais podem se reproduzir por brotamento,
formando assim uma colônia.
 A medusa é um estágio sexuado e livre-nadador, com a forma de um sino ou de um guarda-
chuva. Tipicamente a medusa flutua com a boca e os tentáculos virados para baixo. As
medusas produzem óvulos e espermatozoides e liberam-nos na água. Um óvulo, quando é
fertilizado, desenvolve-se formando uma larva ciliada livre-nadadora chamada de plânula, a
qual eventualmente se fixa no fundo e se transforma em um pólipo (PURVES, et al., 2005).
<FECHAR BOX>.

A maioria das 11.000 espécies conhecidas de Cnidaria é marinha e as formas


coloniais fixas são as mais numerosas. Suas dimensões variam desde
microscópicas, a exemplo dos pólipos da fauna intersticial psâmica, até 2m de
diâmetro, em algumas águas-vivas, cujos tentáculos podem estender-se a 30m. São
abundantes no plâncton e nos bentos, desde a região entremarés até as grandes
profundidades abissais, do equador aos polos. A maior diversidade, entretanto,
ocorre em águas tropicais rasas, onde se destacam as águas vivas, os corais
pétreos, os zoantídeos e os octocorais. Em águas mais frias, os hidroides e as
anêmonas-do-mar são os mais conspícuos representantes do filo. Em água doce,
são encontradas as hidras e alguns hidroides.

Em Ectopleura warreni (Figura 19), os pólipos possuem longos pedúnculos recobertos pelo
perissarco e originam-se diretamente da hidrorriza.
Figura 19: Ectopleura warreni: pólipos que podem medir 8cm de altura.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 i).

<ABRIR BOX: Saiba mais>


Os filos CNIDARIA e CTENOPHORA são muito relacionados e já foram considerados um único filo, o
dos COELENTERATA, um nome ainda frequentemente usado em conexão com os CNIDARIA. Estes
dois filos compartilham de certos aspectos fundamentais comuns, não encontrados em outros filos.
Ambos os filos compreendem animais diploblásticos de organização do grau de tecidos, sem órgãos
ou sistemas de órgãos, com um padrão de simetria radial ou birradial. Nenhum outro filo invertebrado
apresenta esta combinação de aspectos. As duas camadas de tecidos são separadas por uma
mesogleia não-viva, semelhante a uma gelatina, de espessura variável. Outro aspecto semelhante é
a cavidade gastrovascular central, o único espaço interno. Estes dois filos distinguem-se das
esponjas porque ambos têm camadas de tecidos verdadeiros. Consequentemente, estes são os
primeiros METAZOA. Além disso, sua cavidade interna principal é uma cavidade digestiva (STORER,
et al., 2002).
<FIM DO BOX>.

Apesar dos dois filos serem superficialmente semelhantes, de compartilharem de algumas


semelhanças morfológicas fundamentais, de terem sido agrupados anteriormente em um
único filo, existem diferenças suficientes entre eles para colocá-los em filos separados. Os
cnidários têm nematocistos enquanto os ctenóforos não os apresentam (exceto uma
espécie); os ctenóforos têm fileiras de placas ciliadas, poros anais e um complexo órgão dos
sentidos, todos ausentes nos CNIDARIA. Os cnidários são polimórficos com diversos
estágios de pólipo e medusa, enquanto os ctenóforos têm um desenvolvimento especial do
embrião não encontrado nos cnidários.

Os ctenóforos (filo Ctenophora) foram a linhagem seguinte a se separar da linhagem que


originou todos os outros animais. Para Purves et al (2005, p.235):

os ctenóforos (Figura 20) possuem planos corporais superficialmente


similares ao dos cnidários. Ambos possuem duas camadas celulares
separadas por uma mesogléia espessa e gelatinosa, e possuem simetria
radial e tentáculos para a alimentação. Como os cnidários, os ctenóforos
possuem uma taxa metabólica baixa, pois são compostos primariamente
por uma mesogléia inerte. Entretanto, ao contrário dos cnidários, os
ctenóforos possuem tubo digestório completo. O alimento entra por uma
boca e os resíduos são evacuados por dois poros anais.
Figura 20: Ctenóforo.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das
Dores Duarte Teruel (2010 g).

INSERIR MARCADOR PARA QUALQUER ESCLARECIMENTO>


Os ctenóforos mais primitivos, tais como a comum Pleurobrachia costeira, são esféricos ou ovoides
em forma e variam em tamanho desde o de uma ervilha até o de uma bola de golfe. No entanto,
foram observadas por meio de submarinos algumas espécies de águas profundas do tamanho de
melancias. A maioria dos ctenóforos é transparente, mas alguns são brilhantemente coloridos ou
possuem manchas de pigmentos brilhantes.
<FIM DO MARCADOR>

Registrando...

O filo Ctenophora contém aproximadamente 50 espécies conhecidas, sendo


algumas delas abundantes nas águas costeiras, e muitas outras sendo oceânicas.
Os Ctenophora constituem, assim, um pequeno filo de animais marinhos
planctônicos e quase transparentes, comumente conhecidos como nozes-do-mar
ou águas-vivas-de-pente. Os ctenóforos são tão delicados que são difíceis de ser
coletados nas redes planctônicas. Muito do nosso conhecimento recente baseia-
se em espécimes coletados por homens-rã com jarras manuais.

Na figura 21, está representada uma Discomedusae. Ela pertence a um grupo taxonômico
polimórfico, da classe Scyphozoa. Nessa classe, a medusa é o indivíduo dominante e
evidente no ciclo de vida: a forma polipoide restringe-se a um estágio séssil e pequeno.
Existem cerca de 200 espécies descritas de cifozoários, vivendo em oceanos frios e
tropicais, algumas em grandes profundidades.
Figura 21: Discomedusae.
Fonte: WIKIPÉDIA (2011 c). Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Discome
dusae_8.jpg. Acesso em: 20 de maio de 2011.
Autor: Ernst Haeckel (1834–1919).

Em geral, as medusas cifozoárias (Figura 22) são semelhantes às hidrozoárias. O sino varia
em forma desde um pires raso até um capacete fundo, mas a margem é tipicamente
recortada para formar lobos, denominados lóbulos. Não há a presença de uma vela. O
manúbrio de muitas espécies costeiras comuns prolonga-se em quatro ou oito braços orais
(frequentemente cheios de babados), que portam cnidócitos e ajudam na captura e na
ingestão da presa.
Figura 22: Discomedusae.
Fonte: WIKIPÉDIA (2011 d). Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:
Haeckel_Discomedusae_28.jpg. Acesso em: 20 de maio de 2011.
Autor: Ernst Haeckel (1834–1919).

Os cifozoários adultos alimentam-se de todos os tipos de pequenos animais, especialmente


os crustáceos. Alguns cifozoários alimentam-se de peixes; no entanto, os alevinos de várias
espécies nadam com determinadas espécies de cifozoários para proteção. Como a medusa
nada suavemente ou afunda lentamente, a presa é capturada em contato com os tentáculos
ou braços orais do manúbrio (Figura 23).

Os tentáculos podem contrair-se para trazer a presa às vizinhanças do manúbrio. Algumas


espécies alimentam - se na verdade, de partículas em suspensão, prendendo o plâncton no
muco sobre a superfície subumbrelar ciliada. Os cílios então arrastam o alimento até a
margem do sino, onde é raspado pelos braços orais. Os sulcos ciliados dos braços orais
transportam o alimento para a boca e o estômago (BARNES; RUPPERT, 1996).
Figura 23: Metade da umbrela em vista lateral.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 j).

A umbrela (Figura 23), em forma de pires ou guarda-chuva, tem aspecto gelatinoso e


transparente devido à mesogleia bem mais espessa do que nos hidropólipos. A face
convexa é a exumbrela e a côncava, a subumbrela. Da margem, projeta-se uma dobra
transparente e estreita da epiderme, em direção ao centro da medusa, denominada véu. No
centro da subumbrela, está um curto manúbrio, de forma piramidal, com a boca na
extremidade (RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002).

As cubomedusas (Figura 24), comumente chamadas de caixas-do-mar, são um pouco


cuboides em forma, como o nome sugere. A margem do sino não é recortada, possui uma
estrutura em forma de vela (velário) e porta quatro tentáculos ou grupo de tentáculos.

A mesogleia dos cifozoários e dos cubozoários, segundo Barnes e Ruppert (1996, p.125):

é espessa, gelatinosa e fibrosa, mas ao contrário dos hidrozoários, contém


células ameboides, que se originam da epiderme. Uma faixa de fibras
musculares circulares poderosas (o músculo coronal) e de fibras radiais na
subumbrela produz pulsações natatórias semelhantes às hidromedusas. A
mesogleia proporciona um reenrolamento elástico, e algumas espécies
apresentam áreas ao redor do sino que se “dobram” durante a contração.
Embora as cifomedusas vagueiem com as correntes ou ondas, a maioria
pode nadar vertical e horizontalmente, e alguns cubozoários tropicais e
medusas rizóstomas são nadadores muito rápidos. O flape em forma de
vela de uma cubomedusa aumenta enormemente a força do jato de água
que deixa a cavidade subumbrelar.

ABRIR BOX: Curiosidades>


As cubomedusas são um pouco menores que as cifomedusas. A coloração é sempre extraordinária -
as gônadas e as outras estruturas internas ficam visíveis por meio do sino transparente ou mais
delicadamente tingido.<FIM DO BOX>.
Figura 24: Cubomedusae.
Fonte: WIKIPÉDIA (2011 e). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/FicheiroHaeckel_Cubomedusae.jpg.
Acesso em: 20 de maio de 2011.
Autor: Ernst Haeckel (1834–1919).

ABRIR BOX: Importante>


A classe Hydrozoa (Figura 25) contém cerca de 2700 espécies, mas devido ao seu pequeno tamanho
e à aparência de planta, a maioria das pessoas não sabe de sua existência. Muitas das “plantas” que
crescem e se prendem a rochas, conchas e estacarias de cais, geralmente menosprezadas como
“algas”, são, frequentemente, cnidários hidrozoários. Os poucos cnidários de água doce conhecidos
pertencem à classe Hydrozoa, e incluem as hidras e algumas pequenas águas-vivas de água doce.
<FIM DO BOX>.

A Olindias sambaquiensis é uma das maiores hidromedusas conhecidas, chegando a medir


10 cm de diâmetro, endêmica na costa atlântica sul-americana. São coletadas com
frequência nas redes de pesca de camarão. A forma polipoide é diminuta, solitária e sem
tentáculos, mas não há registro dessa fase na costa brasileira. Os nematocistos dos
tentáculos de Olindias sambaquiensis podem ocasionar irritação cutânea (RIBEIRO-COSTA,
ROCHA, 2002).
Figura 25: Hidrozoários.
Fonte: WIKIPÉDIA (2011 f). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Siphonophorae_7.jpg.
Acesso em: 20 de maio de 2011.
Autor: Ernst Haeckel (1834–1919).

Os hidrozoários Anthomedusae (Figura 26), caracterizam-se pelas suas formas livres


medusoides, as antomedusas. Possuem quatro tentáculos geralmente ramificados, com um
manúbrio (grupo central de tentáculos, em redor da boca) alargado, sobre o qual se
encontram as gônadas desses animais, de origem subepidérmica.

ABRIR BOX: Parada para reflexão >


Em geral, as antomedusas têm ocelos, mas sem estatocistos .São medusas craspédotas, ou seja,
têm véu ou craspédon.
<FIM DO BOX>.
Figura 26: Hidrozoários - Anthomedusae.
Fonte: WIKIPÉDIA (2011 g). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Anthomedusae.jpg.Acesso em:
21 de maio de 2011.
Autor: Ernst Haeckel (1834–1919).

A caravela portuguesa (Figura 27) é o maior e o mais perigoso hidrozoário da costa


brasileira. Seu flutuador colorido, que pode medir até 30 cm de comprimento, pode ser visto
sobre a água a certa distância, mas seus tentáculos distendidos podem atingir mais de 10 m
de comprimento, e tocar a pele de banhistas que não os percebem sob a água. Seus
nematocistos, altamente tóxicos, podem causar queimaduras e lesões graves. Não há,
entretanto, registros de morte causada por esse hidrozoário no Brasil (RIBEIRO-COSTA;
ROCHA, 2002).
Figura 27: Physalia physalis, com seus tentáculos.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 k).

Para Barnes e Ruppert (1996, p.134) os antozoários (Figura 28) são cnidários polipoides
tanto solitários como coloniais, nos quais:

o estágio medusoide encontra-se completamente ausente. Muitos animais


familiares, tais como as anêmonas - do - mar, os leques - do - mar e os
amores - perfeitos - do - mar são membros dessa classe, que é a maior das
classes de cnidários, contendo mais de 6000 espécies. Embora os
antozoários sejam polipoides, eles diferem consideravelmente dos pólipos
hidrozoários. A cavidade gastrovascular é dividida por septos ou
mesentérios longitudinais, no interior de compartimentos irradiantes e nas
bordas dos septos que portam os nematocistos.
Figura 28: Antozoários.
Fonte: WIKIPÉDIA (2011 h). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Hexacoralla.jpg.
Acesso em: 21 de maio de 2011.
Autor: Ernst Haeckel (1834–1919).

Barnes e Ruppert (1996, p.108) complementam as informações sobre os cnidários,


descrevendo que os nematocistos:

são o tipo de cnido mais importante e são encontrados em todos os


cnidários. Os outros dois tipos, os espirocistos e os pticocistos só são
encontrados nos antozoários. Os nematocistos funcionam na captura de
presas, e muitos podem injetar uma toxina. O cordão fica geralmente aberto
na ponta e frequentemente se arma com espinhos. Na descarga, o cordão
perfura o seu caminho no interior dos tecidos da presa e injeta uma toxina
proteica que tem uma ação paralisante. Pelo menos em alguns tipos, os
espinhos ajudam na punção do tegumento da presa. Sob
microcinematografia de alta velocidade, observa-se que a eversão de um
nematocisto farpado (estenotele) de hidras ocorre em duas fases. Na
primeira fase rápida, a pálpebra capsular abre-se, e a região farpada
eversora com três estiletes direcionados para frente perfura um orifício no
tegumento da presa. Na segunda fase, os estiletes viram-se para trás e o
cordão everte-se para o interior do corpo da presa por meio da abertura
criada pelos estiletes.
O efeito tóxico dos nematocistos da maioria dos cnidários não é perceptível pelos humanos.
No entanto, algumas espécies marinhas possuem nematocistos que podem produzir uma
sensação de queimadura dolorosa e uma irritação ou até mesmo morte. Outros
nematocistos, tais como os desmonemas, não possuem quaisquer propriedades tóxicas
conhecidas; pelo contrário, eles funcionam por aderência ou por envolvimento e
enredamento de uma presa pequena. O cordão fecha-se na extremidade e pode ficar
desarmado e enrolado ou pode ter uma longa haste espinhosa. Os espinhos parecem ser
uma adaptação para a aderência à superfície da presa.

<ABRIR BOX: Parada obrigatória>


Em caso de acidente com “águas-vivas”, recomenda-se passar no local um tecido como o feltro, com
certa pressão, em um único sentido, tomando-se o cuidado de não usar a mesma região do feltro
duas vezes. Este processo retira boa parte dos filamentos penetrantes dos cnidoblastos e também
parte da substância urticante que não tenha penetrado na pele. Após essa operação, convém fazer
compressas frias no local e, se possível, passar éter ou uma pomada anestésica.
<FECHAR BOX>

As cercas de seis mil espécies de anêmonas-do-mar e corais (Figura 29) que constituem os
antozoários (classe Anthozoa) são todas marinhas. Diferentemente de outros cnidários, os
antozoários não possuem o estágio de medusa no ciclo de vida. O pólipo produz óvulos e
espermatozoides, e o ovo fertilizado se desenvolve formando diretamente um outro pólipo.
Muitas espécies também podem se reproduzir assexuadamente por brotamento ou fissão
(PURVES, et al., 2005).

Figura 29: Corais.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 l).

As anêmonas-do-mar (Figura 30) são solitárias. Elas são distribuídas em águas oceânicas
tanto quentes como frias. Muitas anêmonas-do-mar são capazes de se arrastar lentamente
sobre os discos por meio dos quais elas se fixam ao substrato. Algumas espécies
conseguem nadar; outras conseguem escavar.

Figura 30: Anêmonas-do-mar.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 m).

Segundo Barnes e Ruppert (1996, p.134), as anêmonas-do-mar são pólipos solitários e são
consideravelmente maiores e mais pesados que os pólipos dos hidrozoários. A maioria das
anêmonas-do-mar:

varia de 1,5 a 10 cm de comprimento e de 1 a 5 cm de diâmetro, mas os


espécimes da Tealia columbiana, da costa do Pacífico Norte dos Estados
Unidos, e da Stichodactyla na Grande Barreira de Recifes Australiana
podem crescer até um diâmetro de mais de 1 m na extremidade oral. As
anêmonas - do - mar são com frequência brilhantemente coloridas e podem
ser brancas, verdes, azuis, alaranjadas ou vermelhas ou uma combinação
de cores. As anêmonas - do - mar habitam águas profundas ou costeiras
por todo o mundo, mas são particularmente diversas nos oceanos tropicais.
Elas vivem comumente presas a rochas, conchas e madeiras submersas,
embora algumas espécies escavem na lama ou na areia. Algumas espécies
são comensais de outros animais, tais como as conchas dos caranguejos-
eremitas. A forma do corpo relaciona-se frequentemente com o habitat no
qual vive a anêmona-do-mar.

A parte principal da anêmona-do-mar é uma coluna espessa, que pode ser lisa ou portar
tubérculos ou até protuberâncias tentaculares. A comum Anthopleura elegantissima intertidal
da costa ocidental dos Estados Unidos prende conchas e seixos aos tubérculos em sua
coluna, proporcionando a si mesma uma capa protetora quando a maré abaixa. Na
extremidade aboral da coluna, há um disco podal achatado para a ligação. Na extremidade
oral, a coluna sobressai-se ligeiramente para formar o disco oral, que possui de oito a
várias centenas de tentáculos ocos, e em algumas espécies, prolonga-se em lobos. No
centro do disco oral, encontra-se a boca em forma de fenda, em um ou ambas as
extremidades, um sulco ciliado chamado sifonoglifo, que proporciona entrada de água na
cavidade gastrovascular. Essa corrente de água funciona para manter um esqueleto fluido
ou hidrostático interno, contra o qual o sistema muscular pode agir, e também proporciona
uma troca de gases por meio da superfície gastrodérmica (BARNES; RUPPERT, 1996).

Os corais, ao contrário, são geralmente sésseis e coloniais. Os pólipos da maioria dos corais
secretam uma matriz de moléculas orgânicas sobre a qual se deposita o carbonato de
cálcio, o esqueleto final da colônia de coral. As formas dos esqueletos de coral são espécie-
específicas e altamente diversificadas (PURVES, et al., 2005).

Você sabia que à medida que uma colônia de corais cresce, os pólipos mais velhos morrem,
mas os seus esqueletos calcários se mantêm?

Com isso, os membros sobreviventes formam uma camada sobre o crescente recife de
restos de esqueletos, formando cadeias de ilhas e de recifes. Os corais são especialmente
abundantes na região do Indo-Pacífico. A Grande Barreira de Recifes ao longo da costa
nordeste da Austrália constitui um sistema de formações coralinas de mais de 2000 km de
extensão e de até 150 km de largura.

Agora, você irá fazer uma pesquisa na internet sobre a classificação dos cnidários. Registre
no quadro, a seguir, todas as suas observações.

Classificação dos cnidários

Aproveite a pesquisa feita anteriormente, e, com base em seus estudos e leituras, complete
o quadro que se segue, com as principais características dos cnidários. Os capítulos de
Fisiologia Animal Comparada, já estudados em outras etapas do seu curso, contêm
informações significativas que poderão auxiliá-lo (a) nessa atividade.
Características gerais dos cnidários

Revestimento e proteção

Sustentação e locomoção

Nutrição e digestão

Circulação e respiração

Sistema nervoso

Sentidos

Importância ecológica

Reprodução
<ABRIR BOX: Saiba mais>
Segundo Barnes e Ruppert (1996, p.119-122),o significado evolutivo do ciclo de vida dos hidrozoários
é um problema fascinante:

o que veio primeiro, o pólipo ou a medusa? Em 1886, W.K. BROOKS


desenvolveu uma teoria de evolução dos cnidários que ainda é sustentada
por muitos zoólogos, atualmente. De acordo com a teoria de BROOKS, a
forma do cnidário ancestral era medusoide. A tendência entre os
hidrozoários tem sido de suprimir o estágio medusoide, de modo que em
formas tais como a Hydra, a medusa desapareceu completamente. Por
outro lado, o pólipo representa uma retenção evolutiva e o desenvolvimento
de uma larva actinular polipoide. A sequência evolutiva pode ter ocorrido da
seguinte maneira: Medusa  Ovo  Plânula  Actínula  Medusa. Os
cnidários ancestrais eram medusoides e o desenvolvimento levou a uma
larva planular planctônica e a uma larva actinular planctônica posterior. A
actínula, na qual as características polipoides fizeram sua primeira aparição,
desenvolveu-se na medusa adulta: Medusa  Plânula  Actínula Presa 
Medusa. Em alguns grupos de tais cnidários medusoides ancestrais, a
actínula assumiu uma existência bentônica presa para dar origem a um
pólipo. Tal condição presa poderia ter sido uma adaptação para explorar um
novo suprimento alimentar, para estender a vida larval ou facilitar a
reprodução assexuada de pólipos adicionais por brotamento. As
hidromedusas podem ter se desenvolvido primeiro por transformação direta
do pólipo actinular preso: Medusa  Plânula  Pólipo  Medusa. A
evolução dos gonóforos (brotamento medusoide) teria tornado possível a
formação de numerosas medusas a partir de um pólipo: Medusa  Plânula
 Pólipo  Medusa presa. A medusa, que primitivamente era livre, ficou
presa: Pólipo  Plânula  Pólipo. Depois a medusa presa foi gradualmente
suprimida, até que desapareceu completamente. Os hidrozoários vivos
exibem ciclos de vida que ilustram estágios diferentes nessa sequência
evolutiva. A colônia hidroide evoluiu por meio da retenção dos pólipos
brotados. O desenvolvimento dos esqueletos e do polimorfismo
correlacionou-se à evolução da organização colonial, mas esses eventos
provavelmente ocorreram independentemente em linhagens evolutivas
diferentes. A supressão medusoide também foi provavelmente repetida
várias vezes, e realizada em graus variados, no grupo dos Hydrozoa. Por
exemplo, é improvável que as hidras tenham evoluído a partir de um
hidroide colonial; elas provavelmente derivam de uma linhagem de
hidrozoários (semelhante ao Gonionemus e à Craspedacusta), na qual os
pólipos sempre foram solitários, mas originalmente liberavam por
brotamento medusas livres-natantes. <FECHAR BOX>

Estamos terminando o estudo desse capítulo, ressaltando os aspectos conceituais por meio
de desenhos e observações científicas. Para aprofundar os conhecimentos a respeito
dessas temáticas, você poderá buscar subsídios em outras indicações bibliográficas ou na
internet. Esperamos que você se sinta realmente preparado(a) para se dedicar à leitura e ao
estudo do capítulo Por que são importantes?

Bons estudos!
Resumo

Os protozoários são microrganismos eucariontes, ou seja, possuem núcleo celular


organizado dentro de uma carioteca. Sua classificação é feita com base nas suas estruturas
locomotoras A locomoção no meio aquático é feita por meio do batimento de cílios
(Ciliados) ou por meio de flagelos (Flagelados); outros protozoários rastejam com
movimento ameboide pela emissão de pseudópodes (Rizópodes ou Sarcodíneos); e
outros protozoários não possuem organelas locomotoras nem vacúolos contráteis, são os
chamados Esporozoários.

Os poríferos têm uma organização simples .Eles são sésseis e sua grande maioria é
marinha. As esponjas não possuem tecidos verdadeiros, pois em sua camada externa e
interna as células não apresentam lâmina basal. As esponjas também não apresentam
músculos, sistema neural e nem órgãos internos.

Os cnidários são os animais aquáticos conhecidos também como celenterados. Fazem


parte desse filo os corais, anêmonas-do-mar, as caravelas, as hidras de água doce,
medusas ou águas-vivas, que são normalmente oceânicas.

Atividades

Atividade 1
Os protozoários são uma reunião diversa de 80.000 organismos de célula única que
possuem organelas celulares conjugadas a membranas típicas (eucarióticas). Como muitos
são semelhantes a animais, sendo móveis e apresentando uma nutrição heterotrófica, esse
grupo foi tratado no passado como um filo único dentro do Reino animal – o filo Protozoa.
Eles são hoje colocados dentro de um número de diferentes filos unicelulares, que junto com
a maioria dos filos de algas, constituem o reino Protista, também chamado Protoctista.
Protozoa é hoje utilizado como um nome comum conveniente para protista móveis
unicelulares. Baseado nas informações do texto e na leitura desse capítulo, quais são as
organelas locomotoras dos protozoários?

Atividade 2
As esponjas variam enormemente em tamanho. Determinadas esponjas calcárias têm
aproximadamente o tamanho de um grão de arroz, mas uma esponja-de-tartaruga grande
pode exceder um metro de altura e diâmetro. Considerando a arquitetura das esponjas,
caracterize as esponjas asconoides.

Atividade 3
Uma característica que distingue os Cnidaria dos outros animais é sua estrutura simples,
que, em princípio, se diferencia pouco após a fase de gástrula. Se você tivesse que justificar
a frase: os cnidários são menos primitivos que os poríferos, que argumentos você faria?
Atividade 4
O filo Protozoa é formado por organismos que são os mais primitivos entre os animais. É um
grupo heterogêneo de organismos unicelulares, geralmente microscópicos, cujos primeiros
exemplares foram descobertos em meados do século XVII por Anton van Leeuwenhoek ao
examinar uma amostra de águas poluídas em seu microscópio. Por que o estudo dos
protozoários é importante para o homem sob o ponto de vista da saúde pública?

Atividade 5
A fisiologia de uma esponja depende enormemente da corrente de água que flui por meio do
corpo. A água traz oxigênio e alimento, e remove os detritos. Até o esperma entra e sai do
animal e as larvas são liberadas pelas correntes de água. Depois de você fazer suas leituras
sobre o filo Porifera, principalmente sobre a fisiologia das esponjas, explique
detalhadamente como o esperma deixa a esponja e é levado para outras esponjas.

Referências

BARNES, Robert D.; RUPPERT, Edward E. Zoologia dos invertebrados. 6. ed. São Paulo: Roca,
1996.

PURVES, William K. Vida: a ciência da biologia; trad. Anapaula Somer Vinagre... [et al.]. 6. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2005.

RIBEIRO-COSTA, Cibele S.; ROCHA, Rosana M. Invertebrados: manual de aulas práticas. Ribeirão
Preto: Holos, 2002.

STORER, T. I., et al . Zoologia geral. 6. ed. São Paulo: Nacional, 2002.


2 As marcas filogenéticas determinando a
história da evolução dos invertebrados

Ricardo Baratella

Introdução

A existência de uma espécie depende de sua capacidade de perpetuar-se. Essa


perpetuação ocorre por meio de diversos mecanismos de reprodução. Ao reproduzir-se, um
organismo faz com que a informação genética seja transmitida para gerações
subsequentes. Todavia, a reprodução, especialmente no caso dos animais, é algo que exige
o desenvolvimento de estruturas corporais, por exemplo, as gônadas, que consomem
tempo, energia e matéria. Existe, portanto, uma série de funções que devem ser realizadas
pelo corpo de um determinado organismo para que ele seja capaz de reproduzir-se.

Organismos vivos, portanto, podem ser vistos como uma grande integração de partes que
se complementam para realizar as funções necessárias à manutenção da vida e, em última
instância, à reprodução. Para que ocorra o desenvolvimento do organismo, o que entra deve
sempre superar o que é eliminado ou perdido e as necessidades do organismo devem ser
supridas no seu todo, independentemente da parte, ou partes, de seu corpo envolvidas no
processo (RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002).

Purves, et al.( 2005, p.215), afirmam que:

organismos unicelulares satisfazem suas necessidades fazendo trocas


diretas com o ambiente externo. Nenhuma das partes do corpo do animal
pode ser mais espessa do que uma pequena camada de células, cada
célula deve ser capaz de lidar com as suas próprias necessidades e o
animal está restrito a ambientes que possam prover todas as suas
necessidades celulares. A evolução do ambiente interno, em distinção ao
ambiente externo, tornou possível o surgimento de animais multicelulares
complexos. O ambiente interno é formado por fluidos extracelulares que
banham cada célula do corpo, fornecendo nutrientes e recebendo dejetos.
Suas características físicas e químicas devem ser mantidas em níveis
favoráveis às células. Dessa forma, as células ficam protegidas do ambiente
externo, tornando possível ao animal ocupar habitats que não seriam
suportáveis se as células ficassem diretamente expostas a ele.

Como o funcionamento de um organismo está intimamente associado ao ambiente no qual


ele vive, uma boa análise da morfologia de um organismo permite “prever” o contexto
ambiental do organismo. Por exemplo, as minhocas, por realizarem as trocas gasosas
necessárias à respiração pela epiderme corporal, têm sua distribuição limitada a ambientes
aquáticos ou úmidos, isso porque as trocas gasosas só ocorrem por meio de membranas
úmidas. Se esses animais não forem capazes de manter a superfície corporal úmida, eles
poderão morrer asfixiados. Esse tipo de raciocínio pode ser estimado sempre que uma boa
análise morfológica for realizada (RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002).

Portanto, na análise morfológica de uma espécie animal, deve-se levar em conta tanto o
ambiente como seu relacionamento filogenético. A filogenia fornece informações sobre as
relações de parentesco entre os grupos e sobre as mudanças que ocorreram no passado. O
ambiente presente e passado nos informa sobre as pressões que orientam as
transformações desta espécie, determinando seu sucesso em sobreviver e se perpetuar. A
essas pressões ambientais que orientam o processo evolutivo, dá-se o nome de seleção
natural.

É importante ter em mente que nem toda a evolução consiste no desenvolvimento de


adaptações por meio de seleção natural; muitos outros fatores, incluindo o acaso,
influenciam a evolução. Mas mesmo que restrinjamos nossa atenção à evolução por meio
da seleção natural, existem numerosos fatores seletivos além daqueles impostos pelo
mundo ecológico externo. Dentre esses fatores, destacam-se as relações internas entre
diferentes órgãos, o que organiza a seleção por exigir que as novas características sejam
compatíveis com o restante da organização interna do organismo.

<ABRIR BOX: Ampliando o conhecimento>


A capacidade de analisar evolutivamente o relacionamento entre o ambiente e o modo pelo qual os
animais realizam suas funções vitais tornou-se possível apenas recentemente, graças a avanços nos
métodos de reconstruir as relações de parentesco entre as espécies. Essa metodologia e seu
embasamento teórico foram propostas por um pesquisador alemão, Willi Hennig, considerado
fundador da escola de Sistemática Filogenética, também denominada Cladismo por alguns
pesquisadores. Essa escola evoluiu mais recentemente com contribuições de inúmeros outros
pesquisadores. Hoje, a enorme maioria das tentativas de compreender processos de coevolução,
biogeografia e a evolução da fisiologia e do comportamento dos seres vivos, sob um ponto de vista
histórico, utiliza as ferramentas propostas por esta escola (RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002).
<FECHAR BOX>.

Objetivos

Este capítulo abordará o estudo da relação dos processos fisiológicos dos platelmintos,
nematelmintos e anelídeos, e a história evolutiva desses filos, de maneira clara, concisa,
harmoniosa e compreensível, mostrando o caminho para uma zoologia não criptológica,
mas aberta, constituindo-se de um aprendizado mais ágil, abrindo novos horizontes, dando
a ideia de que o mundo é dinâmico. Nessa perspectiva, depois de estudar este capítulo,
esperamos que você desenvolva as seguintes habilidades:

 desenvolver uma maneira simples e prática de estudar os platelmintos,


nematelmintos, anelídeos e moluscos, com informações de morfologia, fisiologia,
processos adaptativos e relações evolutivas, de modo a chegar à compreensão da
diversidade animal;
 reconhecer as grandes linhas de evolução orgânica presentes no Reino Metazoa,
enfatizando suas novidades evolutivas;
 classificar os animais estudados em grandes grupos (filos e classes), segundo as
características anatômicas, embriológicas e funcionais;
 relacionar a diversidade das formas de vida animal com a diversidade dos ambientes
da biosfera, incluindo aspectos funcionais relevantes.
Esquema
2.1 Platelmintos
2.2 Nematelmintos
2.3 Anelídeos
2.4 Moluscos

2.1 Platelmintos

De todos os filos bilaterais, os vermes chatos de vida livre do filo Platyhelminthes (Figura 1)
são considerados há muito tempo os mais primitivos. Embora essa suposição seja
sustentada por análises preliminares de sequências genéticas, alguns zoólogos questionam
essa visão, porque atualmente acredita-se que vários atributos dos vermes chatos
anteriormente acreditados como indicativos da primitividade do filo sejam o resultado do
pequeno tamanho do corpo, uma característica geral dos vermes chatos. Tais atributos
incluem a ausência de sistemas circulatórios, o uso de cílios em vez de músculos para a
locomoção e a presença de protonefrídios (BARNES; RUPPERT, 1996).

Figura 1: Planária.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 a).

<ABRIR BOX: Explicando melhor>


Os turbelários de água doce do gênero Dugesia, mais conhecidos como planárias, são as espécies
familiares de vermes achatados. Em uma extremidade, eles possuem uma cabeça com órgãos
quimiorreceptores, dois olhos simples e um cérebro minúsculo composto por um espessamento
anterior dos cordões nervosos longitudinais (PURVES, et al., 2005).
<FECHAR BOX>

Agora, eu lhe pergunto: consultando a literatura, compare a estrutura corporal da planária


com a de uma medusa. Registre no quadro, a seguir, as suas observações.
OBSERVAÇÕES

Os turbelários são representados por cerca de 1.500 espécies conhecidas, muitos são
simbiontes de diversos grupos animais, como equinodermos, crustáceos e peixes. As
espécies de vida livre são principalmente carnívoras e locomovem-se pelo batimento ciliar
da epiderme. A diversidade morfológica desse grupo é bastante grande, sendo que o
tamanho dos indivíduos varia de alguns poucos milímetros até cerca de 30 cm de
comprimento.

Todos os turbelários, exceto poucas espécies parasitas especializadas, são hermafroditas,


se reproduzindo por meio da copulação e da fertilização interna. Como os turbelários são
animais pequenos e como os ovos têm um limite de tamanho inferior de aproximadamente
50 m, os turbelários produzem relativamente poucos ovos, que nunca desovam
imprudentemente (BARNES; RUPPERT, 1996).

Figura 2: Vista dorsal de Girardia sp.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo
Baratella (2011 a).

Espécimes de Girardia sp. (Figura 2) e de outras espécies de planárias aquáticas são


facilmente coletadas em lagos e banhados de todo o Brasil. Elas rastejam sob pedras, sobre
as raízes e folhas de plantas aquáticas. Para obtenção de animais para estudo, deve-se
lavar intensamente as superfícies de pedras e de plantas aquáticas com o auxílio de fortes
esguichos de água de uma pisseta dentro de um balde ou uma bandeja de plástico branco
com água do local. Após alguns minutos, as partículas em suspensão sedimentam e as
planárias, se presentes, devem começar a locomover-se no fundo da bandeja. Planárias são
facilmente identificadas pelo deslocamento suave sobre o substrato, consequência de sua
locomoção ciliar. Os animais devem ser coletados com um pincel fino e mantidos em um
recipiente contendo água limpa do local. Planárias podem ser mantidas nesse recipiente por
um período longo, especialmente se alimentadas periodicamente com pedaços de minhoca
ou fígado. A troca periódica da água é, evidentemente, necessária (RIBEIRO-COSTA;
ROCHA, 2002).

Figura 3: Morfologia externa da planária.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 b).

A morfologia externa e a forma de locomoção de uma planária, pode ser facilmente


observada, colocando-se espécimes em uma placa de petri contendo água sem cloro ou
água proveniente do local de coleta. Planárias (Figura 3) apresentam o corpo com grande
achatamento dorsoventral, simetria bilateral acentuada e cefalização. A cabeça é facilmente
identificável pela presença dos olhos e das aurículas. Os olhos, em número de dois, são do
tipo cálice pigmentar. As aurículas são projeções laterais na cabeça com função
provavelmente quimiorreceptora e conferem ao animal uma morfologia semelhante à de
uma flecha. As células da superfície dorsal desse animal geralmente são desprovidas de
células ciliadas e apresentam pigmentação tão intensa que parece relacionada à proteção
dessa superfície contra raios solares.

<INSERIR MARCADOR PARA QUALQUER ESCLARECIMENTO>


Você sabia que a abertura da cavidade da faringe pode ser observada, virando-se o animal
cuidadosamente?
<FIM DO MARCADOR>.

Com um pincel, vire o animal cuidadosamente, expondo, assim, sua superfície ventral. É
interessante observar que a abertura do trato digestivo não se encontra, como em outros
grupos, na região anterior do corpo. O estudo da morfologia e o funcionamento da faringe
tubular de uma planária é possível por meio de sua alimentação. A oferta de um pequeno
pedaço de minhoca ou de fígado, colocado na placa de petri, facilita o estudo. Uma planária
detecta rapidamente a presença de comida e, ao encontrá-la, everte sua faringe tubular
(Figura 3) para arrancar pedaços do alimento, ingerindo-os (RIBEIRO-COSTA; ROCHA,
2002).

Vamos pesquisar? Você irá pesquisar na internet sobre o ciclo de vida do esquistossomo
e da tênia. Após sua pesquisa, registre no quadro, a seguir, as suas observações.
OBSERVAÇÕES

Agora, converse com os seus colegas, discuta sobre essas aprendizagens e, em seguida,
esquematize nos espaços indicados, os ciclos de vida do Schistosoma mansoni, da Taenia
solium e da Taenia saginata.

Schistosoma mansoni
Taenia solium

Taenia saginata

Depois que você terminar essa atividade, reúna-se com seus colegas e elaborem um texto
que possa resumir as principais características desses ciclos de vida. Agora, eu lhe
pergunto: qual o interesse de relacionar essas aprendizagens com a saúde pública?

O maior interesse dos platelmintos relaciona-se com a saúde pública, devido às parasitoses
que eles causam. Só para você ter uma ideia da gravidade dessas parasitoses, a
esquistossomose mansônica, doença causada pelo Schistosoma mansoni (Figura 4), atinge
mais de 10% da população rural e urbana no Brasil. E em sua região? Há muitos casos
registrados?

ABRIR BOX: Saiba mais>


O Egito parece ter sido o foco inicial da esquistossomose mansônica, pois algumas múmias do tempo
dos faraós mostram indícios da moléstia dessa parasitose. Da África, a esquistossomose alastrou-se
para outros continentes, e o tráfico de escravos contribuiu para a disseminação da doença em nosso
país e em outras regiões da América do Sul.
<FECHAR BOX>

Figura 4: Schistosoma mansoni.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 b).

A classe Trematoda inclui duas subclasses de vermes chatos parasitas intimamente


relacionados, os Digenea e os Aspidogastrea. Para Barnes e Ruppert (1996, p.235-236),
os digêneos (que são algumas vezes chamados de fascíolas):

são endoparasitas comuns de todas as classes de vertebrados: peixes,


anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Alguns causam doenças debilitantes
nos animais domésticos e nos humanos. Há 11.000 espécies de digêneos,
mais do que todos os outros vermes chatos combinados, e eles são os
segundos em diversidade entre os parasitas metazoários. O
desenvolvimento é indireto, e o ciclo de vida sempre inclui, pelo menos, dois
estágios infectivos, o que responde pelo nome Digenea, que significa “duas
gerações”. Existem três famílias de digêneos que habitam o sangue de seus
hospedeiros, mas certamente a mais conhecida das fascíolas sanguíneas
pertence à família Schistosomatidae, que contém espécies que produzem a
doença humana conhecida como esquistossomose.

<ABRIR BOX: Importante>


A subclasse Aspidogastrea inclui um pequeno grupo de trematodos que apresenta semelhanças com
outros vermes chatos parasitas, mas que são mais intimamente relacionados com os Digenea e
consequentemente são incluídos nos Trematoda. A característica distinta é o órgão adesivo, que
consiste ou de uma ventosa septada única que recobre toda a superfície ventral ou de uma fileira
longitudinal de ventosas. O trato digestório contém um único ceco intestinal. O sistema reprodutivo é
essencialmente semelhante ao dos Digenea, mas tipicamente só existe um testículo (BARNES;
RUPPERT, 1996).
<FECHAR BOX>.

Pesquise na internet as características gerais dos platelmintos. Após suas leituras e


estudos, complete a tabela, a seguir. Os capítulos de Fisiologia Animal Comparada, já
estudados em outras etapas do seu curso, contêm informações significativas que poderão
auxiliá-lo (a) nessa atividade. Caso surjam dúvidas em suas análises, leia novamente os
textos, anotando as ideias principais dos textos em seus registros.

Características gerais dos platelmintos

Revestimento e proteção

Sustentação e locomoção

Nutrição e digestão

Circulação

Respiração

Excreção

Sistema nervoso

Sentidos

Reprodução

A grande maioria das espécies de cestoides é parasita intestinal de animais vertebrados


(Figura 5). Todas carecem de trato digestivo e sua nutrição, portanto, é possível apenas
pela absorção, por meio da superfície corporal, de moléculas nutritivas disponíveis no trato
digestivo dos hospedeiros. A neoderme dos cestoides é provida de microvilosidades,
denominadas microtríquios, que aumentam a superfície de absorção e parecem envolvidas
também na inibição das enzimas proteolíticas do hospedeiro (RIBEIRO-COSTA; ROCHA,
2002).

A grande maioria das espécies de Cestoda é hermafrodita, mas algumas poucas são
dioicas. O ciclo vital desses helmintos é muito variável, podendo utilizar dois ou mais
hospedeiros. Espécies de cestoides podem utilizar vertebrados e invertebrados como
hospedeiro intermediário, mas a maior parte das espécies utiliza artrópodes ou anelídeos. O
ciclo vital de cestoides pode ou não envolver reprodução assexuada nas fases
intermediárias.

Figura 5: Cysticercus cellulosae de Taenia solium.


Fonte: WIKIPÉDIA (2011 a). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Finne_bewaffneter_Bandwurm-drawing.jpg. Acesso em: 21 de
maio de 2011.
Autor: Hubert Ludwig. Data: 1891.

Storer et al (2002, p.365-366) afirmam que a tênia (Figura 6):

como parasito interno tem muitas adaptações fisiológicas especiais em


comparação com um animal de vida livre.O tegumento protege-a contra a
digestão pelos sucos digestivos alcalinos do hospedeiro, mas é livremente
permeável à água e nutrientes. Estes são geralmente aminoácidos e
açúcares simples reduzidos de moléculas complexas pelo hospedeiro. Os
adultos são resistentes ao suco pancreático alcalino e a pressão osmótica
interna é mais baixa que a do líquido ou tecido circundantes do hospedeiro.

A tolerância das tênias ao pH é alta : 4 a 11, e os tecidos têm um alto conteúdo de


glicogênio e muito lipídio, porém muito menos proteína. Ácidos graxos são derivados do
metabolismo anaeróbio do glicogênio e os carboidratos na dieta do hospedeiro induzem
crescimento, longevidade e produção de ovos, enquanto que eliminação de proteína tem
pequeno efeito. O oxigênio é usado na respiração, se disponível, mas a respiração
anaeróbia predomina nesses animais.
Figura 6: Tênia - verme endoparasita com o corpo achatado.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 c).

ABRIR BOX: Parada obrigatória>


Um cisticerco ingerido pelo hospedeiro definitivo encontra sucos digestivos ácidos e alcalinos, e sua
vesícula é digerida, mas o escólex invertido (exposto somente ao suco alcalino) não o é; a bílis
estimula a eversão do escólex.
<FECHAR BOX>

Além das adaptações acima, existem algumas adaptações comuns a trematódeos e


cestoides, bem como a endoparasitos em geral: (1) os órgãos dos sentidos geralmente são
muito reduzidos ou ausentes; (2) desenvolvem-se alguns mecanismos para fixação nos
hospedeiros (ganchos e ventosas) e (3) geralmente existe uma grande produção de ovos,
associada com um estágio larval para facilitar a sobrevivência e a infestação de novos
hospedeiros (STORER et al, 2002).

Mais de 1500 espécies de tênias vivem em vários vertebrados, de peixes a mamíferos. O


estágio adulto encontra-se geralmente em um hospedeiro definitivo que caça o hospedeiro
intermediário, consumindo sua carne, a qual contém os estágios infestantes. Larvas de
muitos grupos ocorrem em artrópodes; as da maioria dos CYCLOPHYLLIDEA ocorrem em
mamíferos. Algumas tênias são inofensivas; outras, particularmente no estágio larval,
podem produzir sintomas severos e ocasionalmente a morte. Infestações humanas estão
diminuindo em países industrializados devido ao maior conhecimento de como evitar as
infestações, à detecção e tratamento de pessoas que abrigam tênias, e à inspeção e
refrigeração da carne.

Agora, eu lhe questiono: você sabe o que são asquelmintos? Qual a relação desses
animais com os nematelmintos? Os asquelmintos são um grupo heterogêneo de animais
marinhos e de água doce, tais como os gastrótricos, os rotíferos e os vermes redondos
(nematodos). Embora anteriormente reconhecidos como classes dentro do filo
Aschelminthes, cada uma das sete ou oito classes antigas é hoje designada como um filo
distinto. No entanto, o nome informal de asquelmintos ainda é um termo conveniente para
todo o grupo.

A maioria dos asquelmintos de vida livre é de animais vermiformes pequenos, variando de


um tamanho microscópico até 1 cm de comprimento. Por exemplo, encontram-se ausentes
um celoma bem desenvolvido e um sistema sanguíneo vascular. O tamanho corporal
diminuto também significa que o próprio é composto de relativamente poucas células,
alguns asquelmintos têm apenas cerca de 1.000 células somáticas (BARNES; RUPPERT,
1996).

Segundo Barnes e Ruppert (1996, p.276 - 277), os asquelmintos são um grupo heterogêneo
e:

é um termo conveniente para todo o grupo. Historicamente, os Priapulida


eram incluídos dentro dos Aschelminthes. Os tardígrados ou ursos-d‟água
tradicionalmente não eram agrupados dentro do filo dos asquelmintos, mas,
em vez disso, no dos artrópodos. No entanto, sua relação evolutiva com os
artrópodos permanece obscura, e aspectos de sua biologia são
semelhantes aos de alguns asquelmintos. A maioria dos asquelmintos de
vida livre é de animais vermiformes pequenos, variando de um tamanho
microscópico até 1 cm de comprimento, e o seu pequeno tamanho corporal
está correlacionado a várias características de “design” familiares. Por
exemplo, encontram-se ausentes um celoma bem desenvolvido e um
sistema sanguíneo-vascular. Os cílios são utilizados para a locomoção em
vários grupos, mas nos que têm uma cutícula espessa, predominam as
formas musculares de locomoção. Os protonefrídios são órgãos excretores
típicos. O tamanho corporal diminuto também significa que o próprio é
composto de relativamente poucas células – alguns asquelmintos têm
apenas cerca de 1.000 células somáticas. O rotífero Epiphanes senta, por
exemplo, tem 958 núcleos, e o macho do verme redondo Caenorhabditis
elegans tem 1.031. Era esperada uma correlação entre o pequeno tamanho
corporal e a pequena quantidade de células, mas é notável que muitas
espécies de asquelmintos (incluindo os dois exemplos anteriores) tenham
um número de células invariável e geneticamente fixo – um fenômeno
chamado eutelia. Nos animais eutélicos, a mitose comumente cessa após o
desenvolvimento embrionário, e o crescimento prossegue somente por meio
do aumento no tamanho das células.

<ABRIR BOX: Curiosidades>


Historicamente, os asquelmintos foram descritos como animais pseudocelomados, significando que
tinham uma cavidade preenchida por fluido e revestida por um epitélio celômico, que surgiu como
uma blastocele embrionária persistente. No entanto, a pesquisa ultraestrutural e embriológica nos
últimos 30 anos demonstrou que muitos asquelmintos não têm absolutamente cavidade corporal, ou
seja, são animais acelomados, como seria de se esperar a partir de seu pequeno tamanho corporal.
<FECHAR BOX>.

Ao contrário da maioria dos demais grupos tradicionalmente considerados


pseudocelomados, ao invés de uma cutícula externa, os rotíferos apresentam um esqueleto
periférico, representado por uma lâmina intracitoplasmática densa, mais ou menos espessa,
conforme a espécie. Essa lâmina ou, como chamada por diversos autores, cutícula interna,
é geralmente mais fina nas articulações do corpo do animal. Uma cutícula externa,
extracitoplasmática, pode estar presente, mas ela é geralmente constituída por uma
secreção gelatinosa, sem quitina ou colágeno.
<ABRIR BOX: Explicando melhor>
Os rotíferos representam os menores metazoários conhecidos, sendo, muitas vezes, menores do que
muitos protistas. Existem entre 1.200 e 2.000 espécies descritas, a maioria com menos de 0,5mm de
comprimento. Esses animais são encontrados geralmente em ambientes aquáticos, tanto na coluna
d‟água (plâncton), como associados a alguma superfície. Ocorrem principalmente em água doce,
mas existem dois gêneros marinhos. Algumas espécies podem ocorrer em ambientes terrestres com
altas taxas de umidade, como serapilheira e galerias de cupins de madeira. São encontrados em
todas as
latitudes, com exceção das regiões polares (RIBEIRO-COSTA; ROCHA,
2002).
<FECHAR BOX>.

Embora a parte anterior do corpo porte a boca e os órgãos sensoriais, não há uma cabeça
bem formada. Em alguns filos encontra-se presente uma cutícula externa, mas em outros,
ela está ausente. Em geral, os que apresentam uma cutícula flexível fina ou não têm
cutícula possuem músculos longitudinais e circulares antagonistas que agem no esqueleto
hidrostático. A musculatura circular encontra-se ausente nos asquelmintos que possuem
uma cutícula espessa, e a ação da musculatura longitudinal é antagonizada pela cutícula
elástica. As glândulas adesivas em números variados são características de muitas
espécies e frequentemente se abrem para o exterior do corpo, projetando tubos cuticulares.
O trato digestivo é geralmente um tubo completo que possui uma boca e um ânus, e quase
sempre encontra-se presente uma região faringeana especializada. A maioria dos
asquelmintes é dioica, e a clivagem é fortemente determinada.

Consequentemente, os gastrótricos, a maioria dos nematodos e os quinorrincos, por


exemplo, são protostômios acelomados. Entretanto, alguns asquelmintos (tais como os
rotíferos e os vermes redondos grandes) possuem de fato uma cavidade de tecido
conjuntivo expandida e preenchida por fluido. Tradicionalmente, essa cavidade é chamada
de pseudocele, mas deve ser redenominada, pois o tecido conjuntivo fluido é sangue, ou
hemolinfa, e a cavidade é um seio sanguíneo semelhante à hemocele encontrada, por
exemplo, nos artrópodos e nos moluscos. Nos poucos asquelmintos (tais como os
acantocéfalos e os tardígrados) nos quais a cavidade corporal é volumosa, esta não se
desenvolve como uma blastocele persistente (uma blastocele encontra-se ausente no
desenvolvimento desses táxons), mas em vez disso forma-se de uma outra maneira como
um espaço aumentado no tecido conjuntivo, exatamente como a hemocele se desenvolve
nos artrópodos e nos moluscos. O fluido pseudocélico funciona como um esqueleto
hidrostático e como um meio para o transporte interno, mas encontra-se ausente um
coração e os movimentos corporais circulam o fluido irregularmente ( BARNES ; RUPPERT,
1996).

ABRIR BOX: Curiosidades>


No período em que se processava o desenvolvimento dos primeiros invertebrados marinhos, entre
600 milhões e 1 bilhão de anos atrás, a erosão dos continentes produziu grandes extensões de lama
e areia no fundo do mar, junto às orlas costeiras. Esse ambiente devia conter alimento em
abundância, sob a forma de detritos orgânicos que se depositavam, descendo lentamente pela água.
O lodo oferecia ainda esconderijo e proteção a qualquer criatura que nele habitasse. O formato do
corpo dos platelmintos não era ideal para viver enterrado na lama. A forma tubular, por exemplo, é
muito mais eficiente, e foi adotada por vermes como os nematelmintos. Alguns escolheram uma vida
subterrânea ativa, abrindo túneis na lama em busca de partículas de alimento. Outros preferiram viver
semienterrados no lodo, deixando emergir apenas a boca cercada de cílios vibráteis que filtram os
alimentos da água corrente.
<FECHAR BOX>.
2.2 Nematoda

Os Nematoda são considerados por muitos autores como o grupo mais rico em espécies e
mais abundante na face da Terra. Estima-se que devam existir mais de um milhão de
espécies de nematoides, das quais apenas cerca de 1% estão descritas. (RIBEIRO-COSTA;
ROCHA, 2002).

ABRIR BOX: Exemplificando>


O conhecimento atual de nematoides está em grande parte concentrado no estudo de espécies
parasitas de animais e plantas de importância econômica. À parte dos necessários estudos
taxonômicos do grupo, dificilmente espécies de nematoides são devidamente estudadas em trabalhos
ecológicos. É evidente, portanto, que sua importância no sistema biológico tem sido subestimada.
<FECHAR BOX>.

Os nematodos de vida livre são encontrados no mar, na água doce e no solo, e existem
muitas espécies parasitas. Eles aparecem desde as regiões polares até os trópicos, em
todos os tipos de ambientes, incluindo os desertos, as altas elevações montanhosas e as
grandes profundidades oceânicas. Os nematodos não-parasitas são animais bentônicos e
vivem nos espaços intersticiais de moitas de algas, e especialmente em sedimentos e solo
aquáticos. Encontram-se frequentemente presentes em números enormes. Em uma única
maçã em decomposição, por exemplo, já foram removidos cerca de 90.000 indivíduos
Descreveu-se que 1m2 de lama do fundo da costa holandesa contém cerca 4.420.000
nematodos. Estimou-se que um acre de boa terra de fazenda contém de várias centenas de
milhões a bilhões de nematodos terrestres (BARNES; RUPPERT, 1996).

Figura 7: Ascaris lumbricoides (lombriga) - cosmopolita e possivelmente o parasito humano mais conhecido.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 a).

<ABRIR BOX: Importante>


 A faringe dos nematoda é composta por uma musculatura muito forte e funciona
como uma “bomba”, succionando o alimento e forçando sua entrada no
intestino devido à alta pressão que o líquido pseudocelomático exerce sobre
a parede do trato digestório.
 O reto nas fêmeas abre-se diretamente no ânus, enquanto que nos machos, o
reto recebe os produtos do sistema genital e, portanto, representa uma
cloaca.
<FECHAR BOX>

Barnes e Ruppert (1996, p.283) afirmam que:

as espécies terrestres vivem no filme de água que circunda cada partícula


do solo, e são portanto, na verdade, aquáticas. De fato, algumas espécies
são encontradas tanto no solo como na água doce. Embora os nematodos
existam em números enormes no solo superficial, a população diminui
rapidamente nas profundidades maiores. Além do mais, os números são
maiores nas vizinhanças das raízes das plantas. Além dos habitats
terrestres mais típicos, também foram descritos nematodos provenientes de
acúmulos de detritos nas axilas das folhas e nos ângulos dos ramos das
árvores. Os musgos e os liquens mantêm uma fauna de nematodos
característica, e essas e muitas espécies de solo são capazes de suportar
uma dessecação periódica. Durante tais períodos, o verme passa em um
estado de criptobiose.

<ABRIR BOX: Saiba mais>


Observou-se que os nematodos são animais comuns e numerosos há muito tempo em um aforisma
hoje famoso de um nematologista do início do século XX (N.A. COBB), que dizia que: “Se toda a
matéria do universo exceto os nematodos for erradicada, nosso mundo ainda seria indistintamente
reconhecível, e se, como corpos desencarnados, pudéssemos investigá-lo, deveríamos ainda
encontrar suas montanhas, colinas, vales, rios, lagos e oceanos representados por um filme fino de
nematodos...” Além das espécies de vida livre, existem muitos nematodos parasitas. Os parasitas
exibem todos os graus de parasitismo e atacam virtualmente todos os grupos de plantas e animais.
As numerosas espécies que infestam as colheitas alimentares, os animais domesticados e os
humanos tornam esse filo um dos mais importantes grupos animais parasitários. O filo também
contém um dos animais de laboratório mais intensamente estudados, Caenorhabditis elegans, no
qual todas as células já foram rastreadas por todo o curso de desenvolvimento, e cujo genoma é um
dos melhores conhecidos dentre todos os organismos. <FECHAR BOX>.

Para Barnes e Ruppert (1996, p.284), a cutícula dos nematodos:

tem três camadas principais, que contêm colágeno (bem como outros
compostos) e uma epicutícula. A epicutícula fina, que pode exibir o
bronzeamento da quinona, recobre a camada cuticular externa (córtex)
externamente. A camada externa é tipicamente anelada e algumas vezes
dividida em partes externa e interna. A camada mediana tem diferentemente
uma estrutura granular uniforme ou longarinas, fibrilas ou canais,
dependendo da espécie. A camada basal pode ser estriada ou laminada ou
contém fibras em um arranjo helicoide cruzado. O crescimento nos
nematodos é acompanhado por quatro mudas cuticulares. Começando na
extremidade anterior, a cutícula velha separa-se da epiderme subjacente e
secreta-se uma nova cutícula, pelo menos em parte. Elimina-se a cutícula
velha, algumas vezes em fragmentos. A muda não ocorre mais após o
verme tornar-se adulto, mas a cutícula continua a expandir-se à medida que
o animal cresce. A epiderme, também chamada de hipoderme (porque
repousa por baixo de uma cutícula substancial), é geralmente celular, mas
pode ser sincicial em algumas espécies. Uma característica constante da
epiderme dos nematodos é a sua expansão para dentro para formar cristas
ao longo das linhas meio-dorsal, meio-ventral e meio-lateral do corpo. As
quatro cristas, chamadas de cordões longitudinais, estendem-se por todo
o comprimento do corpo. Os núcleos epidérmicos restringem-se comumente
a esses cordões, e são arranjados tipicamente em fileiras. A epiderme
secreta a cutícula, armazena nutrientes, porta fibras de ligação que ligam a
musculatura à cutícula e, em algumas espécies endoparasitas, é uma
superfície importante para a absorção dos nutrientes do hospedeiro. A
camada muscular da parede corporal é composta completamente de fibras
longitudinais, que se localizam em quatro quadrantes entre os cordões
longitudinais. Cada fibra muscular de nematodo, como as dos gastrótricos,
possui um braço delgado que se estende a partir da fibra para o cordão
nervoso dorsal ou ventral longitudinal, onde ocorre a inervação. Além da
musculatura da parede corporal, os nematodos têm músculos associados
aos órgãos reprodutivos e, algumas vezes, ao intestino.

Não estudaremos neste capítulo, as verminoses causadas pelos nematódeos. Você terá a
oportunidade de aprofundar os conhecimentos sobre essas aprendizagens em outros
momentos do curso, na etapa VI. Mas, enquanto isso, não deixe de pesquisar e conhecer os
ciclos biológicos dos vermes, pois essas pesquisas o auxiliarão a ampliar seus
conhecimentos na sua formação acadêmica. Agora, pesquise as características gerais dos
nematódeos. A seguir, complete a tabela abaixo. Os capítulos de Fisiologia Animal
Comparada já estudados em outras etapas do curso de Ciências Biológicas, contêm
informações significativas que poderão auxiliá-lo (a) nessa atividade.

Características gerais dos nematoda

Revestimento e proteção

Sustentação e locomoção

Nutrição e digestão

Circulação

Respiração
Excreção

<ABRIR BOX: Parada obrigatória>


A pseudocele dos nematodos é pequena ou inexistente na maioria das espécies de vida livre
pequenas, mas pode ser volumosa nas formas grandes (tais como o parasita Ascaris). Quando
presente, a cavidade estende-se da musculatura até a parede intestinal e circunda os órgãos
reprodutivos. O fluido na cavidade é pressurizado e funciona como um hidrostato. O fluido contém
vários metabólitos orgânicos (incluindo a hemoglobina em algumas espécies), mas não células
circulantes. No entanto, algumas células fagocitárias prendem-se permanentemente às paredes da
cavidade e são importantes para a defesa interna. A maioria dos nematodos move-se para frente e
para trás utilizando ondulações do corpo semelhantes às de uma enguia. As ondulações se dão mais
no plano dorsoventral que no látero-lateral como nas enguias, e são produzidas pela contração
alternada dos músculos longitudinais dorsal e ventral. Os anéis na cutícula de muitos nematodos
podem melhorar a flexibilidade, enquanto as fibras helicoides cruzadas impedem o retorcimento e a
herniação à medida que o corpo se flexiona e a pressão hidrostática aumenta. <FECHAR BOX>.

Quando os nematodos são removidos do sedimento, como ocorre durante as observações


laboratoriais, o seu movimento fica errático e assume uma natureza de chicoteamento ou
agitação. Barnes e Ruppert (1996, p. 286-287) lembram que os nematodos de vida livre:

são habitantes predominantemente intersticiais, e os seus movimentos


ondulatórios são efetivos para a progressão somente quando aplicados
contra partículas do substrato ou na tensão superficial dos filmes de água.
Os nematodos movem-se por meio de poros no solo de 15 a 45
micrômetros de diâmetro, e o tamanho do poro que permite um movimento
ideal é de cerca de uma vez e meia o diâmetro do verme. Muitos nematodos
de vida livre são carnívoros e alimentam-se de pequenos animais
metazoários, incluindo outros nematodos. Outras espécies são fitófagas.
Muitas espécies marinhas e de água doce alimentam-se de diatomáceas,
algas, fungos e bactérias. As algas e fungos também são fontes alimentares
importantes de muitas espécies terrestres. Um grande número de
nematodos terrestres perfura as células das raízes das plantas e suga seus
conteúdos. Tais nematodos são responsáveis por somas de
aproximadamente 5 bilhões de dólares de danos a plantas comerciais
anualmente nos EUA. Também há muitas espécies marinhas, de água doce
e terrestres que ingerem partículas do substrato em depósito. No entanto,
os consumidores de depósito e os muitos nematodos que vivem na matéria
orgânica morta (tal como o esterco ou os corpos em decomposição de
plantas e animais) digerem somente as bactérias e os fungos associados.
Isso vale no caso da enguia vinagre comum (Turbatrix aceti) que vive no
sedimento do vinagre não-pasteurizado. Os nematodos são o maior e o
mais comum grupo de organismos que se alimentam de fungos e bactérias
e têm grande importância nas cadeias alimentares lideradas pelos
decompositores. Embora muitos nematodos alimentem-se de fungos,
existem fungos que predam os nematodos. Os vermes são capturados
quando passam por meio de alças de hifas especiais (cordoniformes), que
se fecham com o estímulo e envolvem e digerem a presa.

Você sabia que a maioria dos nematodos é dioica? Os hermafroditas (Caenorhabditis


elegans) não são incomuns. Os machos são frequentemente menores que as fêmeas, e a
parte posterior do macho pode enrolar-se como um gancho ou alargar-se em um auxílio
copulatório em forma de leque, chamado de bursa. O sistema reprodutivo pareado abre-se
em um poro único, a cloaca (que também recebe detritos intestinais) nos machos e a vulva
nas fêmeas. As gônadas tubulares são tipicamente pareadas, mas não se posicionam
bilateralmente dentro do corpo. Ao invés disso, uma gônada geralmente orienta-se
anteriormente, e a outra posteriormente. Em muitas espécies, cada gônada curva-se sobre
si mesma na forma de um “a”, mas em muitas espécies parasitas, cada gônada é longa e
enrolada. A extremidade mais interna de cada gônada contém um sincício que consiste de
um núcleo axial de citoplasma comum (ráquis) e uma crosta de núcleos de células
germinativas, que se encontram parcialmente separadas entre si por meio de membranas
laterais, mas encontram-se em continuidade citoplasmática com a ráquis central. À medida
que as células germinativas amadurecem, elas se movem proximalmente ao longo da
gônada e separam-se entre si e da ráquis. A célula mais interna (distal) de cada gônada (a
célula da ponta distal) secreta uma substância promotora de mitose que provoca a
proliferação dos núcleos das células germinativas. À medida que esses núcleos migram
proximalmente em direção ao gonóporo, escapam da influência da substância mitogênica e
então sofrem uma meiose na preparação para a fertilização (BARNES; RUPPERT, 1996).

Agora, observe atentamente a figura 8. Em seguida, faça uma comparação dos vermes
filárias com as tênias. Existe alguma semelhança? Quais as diferenças morfológicas mais
notáveis entre esses dois vermes?

Figura 8: Filária - verme de corpo cilíndrico e afilado nas extremidades.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 d).

Os nematodos excretam resíduos nitrogenados na forma de íons de amônia que se


difundem pela parede corporal. Barnes e Ruppert (1996, p. 290) afirmam ainda que:

a osmorregulação, a regulação iônica e talvez a excreção de outros


metabólitos residuais parecem associar-se a estruturas excretoras
especializadas exclusivas dos nematodos, seja uma(s) célula(s)
glandular(es) excretora(s), um sistema de canais excretores ou ambos.
Quando uma glândula e um sistema de canais ocorrem juntos, dividem um
poro de saída comum. Nenhum deles lembra um nefrídio de filtração, tal
como um protonefrídio ou um sistema metanefridial, mas em vez disso
podem ser rins secretores exclusivos. Alguns nematodos não têm quaisquer
órgãos excretores.

O sistema nervoso dos nematodos inteiro é intraepitelial em posição, localizando-se dentro


da epiderme, da faringe e do intestino posterior. O cérebro é um anel nervoso
circunfaringiano. A partir do cérebro, os nervos se estendem anteriormente, inervando os
órgãos sensoriais cefálicos e os anfídios. Os nervos dorsais, laterais e ventrais estendem-se
posteriormente a partir do cérebro e correm dentro dos cordões longitudinais. As caudas das
células musculares entram em contato com os nervos dorsais e ventrais; os nervos laterais
associam-se aos canais excretores. O maior desses nervos é o nervo ventral, que contém
neurônios motores que inervam tanto o quadrante ventral como o dorsal dos músculos
longitudinais. Os neurônios motores que inervam a musculatura dorsal deixam o nervo
ventral, passam ao redor da circunferência do corpo até a linha média dorsal e depois se
estendem anterior ou posteriormente dentro do nervo dorsal. Os principais órgãos sensoriais
dos nematodos são as papilas, as cerdas, os anfídios e os fasmídeos, todos portando
dendritos ciliares envolvidos em uma parte especializada na parede corporal (BARNES;
RUPPERT, 1996).

2.3 Anelídeos

O filo Annelida compreende os vermes segmentados e inclui as familiares minhocas e


sanguessugas, além de várias espécies marinhas e de água doce, as quais a maioria das
pessoas desconhece por completo. Formam um grupo muito antigo, presente no registro
fossilífero desde o Cambriano.

Figura 9: Minhoca - anelídeo com poucas cerdas.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 e).

Os anelídeos apresentam simetria bilateral, são triblásticos e protostômios. A maioria das


minhocas (Figura 9) vive em terra úmida e algumas são dulcícolas, vivendo em raízes de
plantas aquáticas. Os vermes marinhos (poliquetos) vivem enterrados na areia das praias ou
em tubos por eles construídos.

<ABRIR BOX: Importante>


O tamanho médio de uma minhoca é de 10 cm, mas existem espécies que medem milímetros e
outras gigantes, como o minhocuçu, que atingem 2 metros de comprimento. Os poliquetos atingem
1,5 cm até 3 m. As sanguessugas são de pequeno porte, variando de 1 a 20 cm.
<FECHAR BOX>.

As minhocas são cavadoras do solo e a eficiência para este hábito é dado por um sistema
esquelético hidrostático, baseado na pressão do líquido celomático, com volume constante,
contido em cada segmento do corpo. O esqueleto hidrostático funciona a partir de
contrações alternadas das musculaturas longitudinal e circular da parede do corpo, que
modificam o comprimento e o diâmetro dos segmentos (RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002).

Os oligoquetos apresentam menor variação morfológica e menor número de espécies,


quando comparados aos poliquetos. São saprófitos e detritívoros, mas há algumas espécies
predadoras. O nome Oligochaeta está relacionado ao fato de possuírem poucas cerdas, as
quais emergem diretamente da parede do corpo, ou seja, não há parapódios. Os
Oligochaeta são hermafroditas, com órgãos reprodutores permanentes. Possuem um
clitelo, que é um anel de tecido glandular que cobre alguns segmentos anteriores, uma
estrutura associada ao sistema reprodutivo, pois secreta um casulo no qual se desenvolvem
os embriões.

A classe Oligochaeta contém cerca de 3.100 espécies de anelídeos, segundo Barnes e


Ruppert (1996, p.537) que incluem:

as familiares minhocas e muitas espécies que vivem em água doce. Alguns


oligoquetas de água doce escavam na lama e nos sedimentos do fundo;
outros vivem entre a vegetação submersa. Foram descritas cerca de 200
espécies marinhas, e até algumas que habitam sedimentos do mar
profundo. Os oligoquetas aproximam-se dos poliquetas em tamanho; no
entanto, as minhocas gigantes da Austrália e de outras partes do mundo
podem exceder 3m de comprimento. Em geral, as espécies aquáticas são
menores que as minhocas. De acordo com algumas autoridades, acredita-
se que os oligoquetas evoluíram diretamente dos anelídeos marinhos
ancestrais escavadores, independentemente dos poliquetas. Os primeiros
oligoquetas eram provavelmente escavadores de sedimentos de água doce.
Podem ter dado origem em uma direção a espécies estritamente de água
doce que invadiram resíduos soltos do fundo e em outra direção às
minhocas que invadiram sucessivamente sedimentos mais secos.

ABRIR BOX: Saiba mais>


Nos oligoquetas, a segmentação é bem desenvolvida, os parapódios encontram-se ausentes e o
prostômio é geralmente um pequeno lobo redondo ou um pequeno cone sem apêndices sensoriais.
Em uns poucos gêneros (tais como a Stylaria), o prostômio prolonga-se em um tentáculo. Os
oligoquetas não têm parapódios, mas com umas poucas exceções, têm cerdas (embora não tão
diversas como as dos poliquetas). As cerdas dos oligoquetas têm comumente pontas simples, bífidas
e pectiniformes ou de outras maneiras diferentes do eixo. As cerdas genitais podem ser mais
complexas. Em geral, as cerdas mais longas são características das espécies aquáticas; as cerdas
das minhocas projetam-se somente a uma curta distância além do tegumento interno e são
comumente sigmoides. Em cada lado de um segmento, existem sacos de cerdas, nos quais elas são
secretadas e a partir dos quais emergem como grupos ou feixes. Dois dos grupos são ventrais, e dois
são ventrolaterais ou dorsolaterais. O número de cerdas por feixe varia de 1 a 25. Em qualquer caso,
são geralmente menos numerosas nesses vermes do que nos poliquetas, daí a origem do nome
Oligochaeta, que significa “poucas cerdas”. <FECHAR BOX>.

Na maioria das minhocas (tais como o Lumbricus) e em algumas famílias aquáticas, as


cerdas limitam-se a oito. Os músculos protratores e retratores encontram-se presos na base
de cada cerda, permitindo que se estenda ou se recolha a cerda. Barnes e Ruppert (1996,
p.538-541) afirmam que:

nos oligoquetas adultos, determinados segmentos adjacentes na metade


anterior do corpo encontram-se espessados e inchados por glândulas que
secretam muco para a cópula e também secretam o casulo. A área
glandular desses segmentos (coletivamente chamada de clitelo) recobre
parcial ou completamente os segmentos, e forma frequentemente uma
cintura evidente ao redor do corpo. A presença de um clitelo e do
hermafroditismo, da postura de ovos em um casulo e da restrição das
gônadas a uns poucos segmentos genitais, distingue os oligoquetas dos
poliquetas. O oligoqueta terrestre constrói o seu buraco ao forçar a sua
extremidade anterior por meio de fendas e por engolir a terra. O material
egestado e muco são emplastrados contra a parede do buraco, formando
um revestimento distinto. Um pouco do material egestado é removido do
buraco como dejetos. O tempo de trânsito intestinal no lumbricídeo
Allolobophora rosea é de 1 a 2,5h. Os buracos podem ser complexos, com
duas aberturas e ramificações horizontais e verticais. O Lumbricus terrestris
sempre liga seu buraco com detritos retirados no interior do orifício. Ainda
não se esclareceu por que um grande número de Lumbricus terrestris deixa
os seus buracos após chuvas fortes, pois certamente resulta uma alta
mortalidade. Além do mais, muitas espécies de minhocas (incluindo o
Lumbricus terrestris) podem sobreviver submersas em terra por meses.

Como foi inicialmente demonstrado por Charles Darwin, as atividades das minhocas têm um
efeito benéfico no solo. Os buracos extensos aumentam a drenagem e a aeração do solo,
mas a mistura e o revolvimento da terra são mais importantes. A terra mais profunda é
trazida para a superfície com dejetos, e o material orgânico é transportado para os níveis
inferiores. Algumas espécies tropicais produzem dejetos enormes. Por exemplo, os dejetos
em forma de torre do Hyperoidrilus africanus podem atingir 8cm de altura e 2cm de
diâmetro.

A maioria das espécies de oligoquetas (tanto aquáticas como terrestres) são consumidoras
de detritos e alimentam-se de matéria orgânica morta, particularmente de vegetação.Barnes
e Ruppert (1996, p.541-542) descrevem que:

as minhocas alimentam-se de matéria em decomposição na superfície e


podem puxar folhas para o interior do buraco. Elas também depositam
alimento, ingerindo o material orgânico obtido a partir da lama ou da terra
enquanto escavam. Os detritos finos, as algas e outros microrganismos são
fontes alimentares importantes para muitas espécies de água doce
pequeninas. A diminuta e comum Aelosoma coleta detritos com seu
prostômio. A superfície ventral ciliada do prostômio é colocada contra o
substrato, e o centro é elevado por meio de contração muscular. O vácuo
parcial desaloja as partículas, que são então varridas para o interior da boca
pelos cílios. Os membros do gênero Chaetogaster (pequenos oligoquetas
comensais em caramujos de água doce) são predadores e capturam
amebas, ciliados, rotíferos e larvas de trematódeos por meio da ação
aspiratória da faringe. O trato digestivo é reto e relativamente simples. A
boca, situada por baixo do prostômio, abre-se no interior de uma pequena
cavidade bucal, que por sua vez se abre em uma faringe mais espaçosa. A
parede dorsal da câmara faringeana é muscular e glandular, e forma um
bulbo ou coxim, que é o principal órgão ingestivo. Nas formas aquáticas, a
faringe é evertida e o disco muscular revestido de muco coleta partículas
com um coxim adesivo. Nas minhocas, a faringe age como uma bomba. As
glândulas faringeanas produzem uma secreção salivar que contém muco e
enzimas. A faringe abre-se em um esôfago tubular estreito, que pode se
encontrar modificado em níveis diferentes para formar uma moela ou, nas
minhocas lumbricídeas, um papo. Em algumas formas, existem duas a dez
moelas, cada uma ocupando um segmento separado. A moela (que é
utilizada para moer partículas alimentares) é revestida com uma cutícula e é
muito muscular. O papo tem uma parede fina e é uma câmara de
armazenamento.

<ABRIR BOX: Exemplificando>


A capacidade das minhocas de revolver a terra pode ser demonstrada em um recipiente preenchido
metade com areia e metade com terra de vaso. Cinco minhocas misturarão completamente 500 mL
de areia e 500 mL de terra em vários meses. Tais formas terrestres vivem no húmus e nos detritos
acumulados nas axilas das folhas e nos ramos das árvores. As espécies aquáticas habitam os
reservatórios de água das epífitas bromeliáceas, que vivem nos troncos e nos ramos das árvores
tropicais. Os membros das famílias aquáticas principais ocorrem por todo o mundo onde quer que
existam habitats adequados. No entanto, muitas espécies terrestres têm distribuição geográfica muito
limitada. Os humanos constituem certamente um agente importante no alastramento das minhocas.
Por exemplo, a fauna de minhocas das maiores cidades chilenas consiste unicamente da espécie
europeia, que expulsou as formas endêmicas (BARNES; RUPPERT, 1996). <FECHAR BOX>.

<ABRIR BOX: Ampliando o conhecimento>


A metade anterior do intestino dos oligoquetos é o principal local de secreção e de digestão, e a
metade posterior é primariamente absortiva. Além das classes comuns das enzimas digestivas, o
epitélio intestinal das minhocas também secreta celulase e quitinase. Os materiais alimentares
absorvidos passam para os seios sanguíneos que repousam entre o epitélio da mucosa e os
músculos intestinais. A área superficial do intestino encontra-se aumentada em muitas minhocas por
meio de uma crista ou dobra (chamada de tiflossolo), que se projeta internamente a partir de uma
parede meio-dorsal. Uma camada de células peritoneais amareladas (chamadas de células
cloragógenas) circunda o intestino e investe no vaso dorsal dos oligoquetas, exercendo um papel
vital no metabolismo intermediário, semelhantemente ao papel do fígado nos vertebrados. O tecido
cloragógeno é o principal centro de síntese e armazenamento de glicogênio e gordura. O
armazenamento e a desintoxicação das toxinas, a síntese de hemoglobina, o catabolismo proteico, a
formação de amônia e a síntese de ureia também ocorrem nessas células. Nas espécies terrestres,
os silicatos obtidos a partir do material alimentar e o solo são removidos do corpo e depositados nas
células cloragógenas como concreções de resíduos. <FECHAR BOX>.

O sistema reprodutivo dos oligoquetas difere do dos poliquetas em vários aspectos incríveis.
Segundo Barnes e Ruppert (1996, p.546-547), os oligoquetas são:

todos hermafroditas, possuem gônadas distintas e vários segmentos


reprodutivos limitam-se a alguns segmentos genitais. O arranjo dos
oligoquetas é indubitavelmente especializado, e a condição dos poliquetas é
provavelmente primitiva. Na maioria dos grupos aquáticos, existe
geralmente um segmento ovariano, seguido por um segmento testicular;
nas famílias terrestres, podem encontrar-se presentes dois segmentos
masculinos. Os segmentos que contêm gônadas situam-se na metade
anterior do verme, e o(s) segmento(s) feminino(s) situa (m)-se por trás do(s)
segmento(s) masculino(s). A localização exata dos segmentos genitais ao
longo do tronco varia em diferentes famílias. Os ovários e os testículos
(ambos são tipicamente pareados) situam-se nos segmentos genitais na
parte inferior do septo anterior e projetam-se para o interior do celoma.
Embora a maturação dos gametas termine no celoma, ela restringe-se
tipicamente a bolsas celômicas especiais (chamadas de vesículas
seminais e ovissacos). Ambos surgem como evaginações dos septos dos
segmentos reprodutivos, mas o número, o tamanho e a posição variam. Os
segmentos reprodutivos, sejam masculinos ou femininos, são providos cada
um com um par de dutos espermáticos ou ovidutos para a saída dos
espermatozoides ou óvulos. Os dutos estendem-se para trás e passam por
meio de um ou mais segmentos antes de se abrirem na superfície ventral do
corpo. Nas minhocas, os dois pares de dutos espermáticos em cada lado do
corpo geralmente se tornam confluentes antes de se abrirem apara o
exterior por meio de um único poro genital masculino comum (que tem uma
borda ou lábios elevados). Em muitas espécies aquáticas, a câmara (átrio)
dentro do gonóporo comum contém um pênis ou uma área eversível da
parede corporal ou da ponta do átrio (pseudopênis). Os tecidos
glandulares (chamados de glândulas da próstata) associam-se
comumente com os gonodutos masculinos. As próstatas encontram-se
ausentes na maioria dos lumbricídeos.

<ABRIR BOX: Sintetizando>


As espermatecas (receptáculos seminais) formam uma parte do sistema reprodutivo feminino, mas
se encontram completamente separadas dos gonodutos femininos. Essas câmaras de
armazenamento são simples pares de sacos, que geralmente se abrem no interior do sulco
intersegmentar ventral adjacente ao segmento que os contêm. O número de espermatecas varia de
um a muitos pares, cada um deles comumente em um segmento separado. Embora eles geralmente
se situem em determinados segmentos anteriores ao segmento ovariano, a posição exata é variável.
O segmento masculino nesse gênero encontra-se dividido de forma que os testículos, o funil do duto
espermático e a abertura das vesículas seminais envolvem-se em um compartimento ventral especial,
chamado de saco testicular. O saco testicular encontra-se completamente separado da porção
restante maior da cavidade celômica. Por essa razão, os testículos não são visíveis na dissecção
dorsal comum. <FECHAR BOX>.

As sanguessugas (hirudíneos) são principalmente dulcícolas (Figura 10), mas há espécies


que habitam a terra úmida. O número de segmentos apresentados só é fixo nas
sanguessugas, com 34; nos demais, é variável: nos poliquetos, há 200 ou mais, e nos
oligoquetos até 200.
Figura 10: Sanguessuga - anelídeo hirudíneo.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 f).

Storer et al.(2002, p.459) descrevem que as sanguessugas (Figura 10) são principalmente:

noturnas, mas podem ser atraídas por alimento durante o dia. Locomovem-
se por movimentos do corpo como uma lagarta-mede-palmos, usando as
ventosas para fixação ou movem-se como os oligoquetos, usando os
músculos da parede do corpo sem empregar as ventosas. Algumas também
nadam com ondulações graciosas do corpo. As sanguessugas são
necrófagas, predadoras ou parasitas; algumas alimentam-se de animais
mortos e outras aprisionam pequenos vermes, insetos, larvas, moluscos etc.

O grupo é melhor conhecido pelo hábito de algumas espécies sugar sangue. Estas fixam-se
externamente ou na cavidade bucal de vários vertebrados, de peixes até o homem, algumas
sendo restritas a uma ou poucas espécies hospedeiras. Uma sanguessuga fixa-se pelas
ventosas e perfura a pele, geralmente sem ser notada, pois não há dor; então o sangue é
sugado pela ação da faringe muscular e armazenado no papo distinguível. Uma enzima
salivar (hirudina) impede a coagulação do sangue. De uma só vez, uma sanguessuga pode
ingerir várias vezes seu próprio peso em sangue. A maior parte do líquido é logo excretada,
mas a parte concentrada de uma tal ”refeição completa” permanece líquida e é lentamente
absorvida durante um período de vários meses. A digestão se faz por enzimas proteolíticas
e por decomposição lenta devido à ação de bactérias (Pseudomonas hirudinis). Devido ao
fato de consumirem grandes quantidades de alimento e ao fato da digestâo ser tão lenta, as
sanguessugas podem resistir a períodos de jejum de até mais de um ano.

ABRIR BOX: Parada para reflexão>


As sanguessugas são muito usadas na medicina devido à produção de substâncias anticoagulantes e
anestésicas, que as auxiliam na obtenção do sangue de suas presas. Esses animais servem para
reduzir hematomas, por sugar o sangue acumulado no local da lesão. Além das espécies
ectoparasitas hematófagas, existem espécies predadoras de pequenos invertebrados.
FECHAR BOX>.
Os poliquetos (Figura 11) formam um importante grupo de animais bentônicos muito comuns
desde a faixa das marés, nas praias e nos costões, até profundidades abissais. São animais
que geralmente apresentam populações numerosas, havendo ampla variação de forma e
cor entre os vários grupos. O estudo da morfologia externa dos poliquetos permite fazer
várias interpretações sobre as adaptações das diferentes espécies aos ambientes, ou seja,
sobre aspectos de sua ecologia. Há formas errantes que se deslocam livremente sobre o
substrato, e formas que habitam permanentemente galerias ou tubos construídos com
diferentes tipos de materiais em fundos arenosos e lodosos. Alimentam-se de matéria
orgânica morta e vegetais, assim como de outros animais e, por sua vez, servem de
alimento para muitos peixes, constituindo importante elo na cadeia alimentar (RIBEIRO-
COSTA; ROCHA, 2002).

Figura 11: Nereis - anelídeo poliqueto.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 g).

Agora, pesquise na internet as características gerais dos anelídeos. Após seus estudos,
complete a tabela, a seguir. Os capítulos de Fisiologia Animal Comparada, já estudados
nas etapas III e IV do curso de Ciências Biológicas, contêm informações significativas que
poderão auxiliá-lo (a) nessa atividade. Leia com muita atenção os capítulos, anotando os
pontos principais de cada leitura em seu caderno de registros.

Características gerais dos anelídeos

Revestimento e proteção
Sustentação e locomoção

Nutrição e digestão

Circulação

Respiração

Excreção

Sistema nervoso

Sentidos

Reprodução

Os poliquetos (Figura 11) somam a grande maioria das espécies conhecidas de anelídeos e
dificilmente constituem um grupo monofilético. O nome poliqueto vem do grego, significando
poly = muitas e chaeta = cerdas. As cerdas são estruturas quitinosas de origem epidérmica,
muito numerosas e presentes em projeções laterais carnosas, chamadas parapódios. Ao
entrar em contato com o substrato, as cerdas fornecem tração para que o animal se
locomova. Além da locomoção, as cerdas também podem apresentar outras funções, como,
por exemplo, a sensorial. Os parapódios repetem-se aos pares em cada segmento.

ABRIR BOX: Explicando melhor>


Você já ouviu falar dos poliquetas perfuradores? Os representantes de várias famílias de poliquetas
diferentes perfuram conchas calcárias de moluscos mortos ou vivos e o esqueleto dos corais para
formar abrigos protetores. Nos recifes coralinos, os radíolos espirais brilhantemente coloridos dos
vermes-árvore-de-natal (o serpulídeo Spirobranchus) podem ser frequentemente vistos na superfície
das cabeças de corais vivos. A perfuração é iniciada por um verme jovem recém-sedimentado, mas
os mecanismos ainda são predominantemente desconhecidos. As espécies do espionídeo Polydora
escavam quimicamente nas conchas das ostras vivas. O verme preenche parcialmente a escavação
com resíduos, abrindo espaço para um buraco em forma de “U”. Quando a perfuração ocorre entre a
borda do manto e a concha, a ostra tenta emparedar o verme com uma nova concha, criando
“bolhas-de-lama” repugnantes e reduzindo o seu valor de mercado.FECHAR BOX>.

Nem todos os poliquetas errantes que possuem mandíbulas são carnívoros. Segundo
Barnes e Ruppert (1996, p. 513-514) os hábitos consumidores de detritos e onívoros
evoluíram em muitos poliquetas. As mandíbulas podem, por exemplo:

ser utilizadas para rasgar pedaços de algas. Esses poliquetas geralmente


pertencem às mesmas famílias que os carnívoros, e são semelhantemente
adaptados. As espécies de Nereis possuem uma faringe eversível muscular
com um par de mandíbulas fortes. Algumas (tais como a Nereis pelagica, a
Nereis virens e a Nereis diversicolor) são onívoras e alimentam-se de algas,
outros invertebrados e até de detritos. A Nereis succinea e a Nereis
longissima alimentam-se primariamente de material de detritos no substrato.
No entanto, a Nereis fucata (um comensal em conchas de caranguejos-
eremitas) é carnívora. A Nereis brandti (que ocorre na costa noroeste dos
Estados Unidos e atinge 1,8m de comprimento) alimenta-se primariamente
de algas verdes.

ABRIR BOX: Saiba mais>


Os poliquetas podem ser errantes (movendo-se livremente) ou sedentários, mas a distinção nem
sempre é precisa. Os poliquetas errantes incluem algumas espécies estritamente pelágicas, algumas
que rastejam por baixo de rochas e conchas, algumas que são escavadoras ativas na areia e na
lama, mas também há algumas que ocupam tubos estacionários. Muitas espécies sedentárias
constroem e vivem em buracos, galerias ou tubos estabilizados de graus variados de complexidade.
As espécies tubícolas obrigatórias geralmente não podem deixar os tubos e só podem projetar as
suas cabeças por meio das aberturas dos tubos. <FECHAR>

2.4 Moluscos

Os moluscos constituem um dos grupos mais dificilmente definíveis do Reino Animal,


graças à extraordinária variabilidade de forma e às adaptações funcionais e ambientais
apresentadas pelos seus representantes. Encontram-se entre os Celomata Bilateria, sendo
a assimetria e a redução do celoma, encontradas em grande número de famílias e ordens,
uma alteração secundária adquirida ao longo da evolução do filo. Os demais caracteres
normalmente destacados nas definições dos filos apresentam em Mollusca tão grande
diversidade que torna indispensável a discussão das exceções, sempre que uma qualquer
característica é mencionada e definida.

Você sabia que quanto ao número de espécies conhecidas cientificamente, mais de 110 mil;
esse ramo só é suplantado pelo filo Arthropoda? Os registros paleontológicos acusam
espécies de moluscos encontradas desde o Pré-Cambriano, sendo notável o
desenvolvimento dos Cephalopoda até o fim do Cretáceo, quando muitas de suas famílias
e ordens foram extintas.
Figura 12: Conchas de moluscos gastrópodes e bivalves.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 c).

Originados no mar, os moluscos conquistaram todos os ambientes naturais, mesmo os mais


especializados micronichos ecológicos. Foram encontradas espécies desde as mais
profundas depressões marinhas até as grandes altitudes montanhosas, em regiões áridas e
desérticas, e até em planícies geladas duramente atingidas pela longa duração do inverno.

De outro lado, encontramos espécies de moluscos adaptadas ao parasitismo com extrema


redução dos órgãos e sistemas. Ainda no aspecto da importância desse filo, deve-se aqui
mencionar a utilização de espécies de moluscos para a alimentação do homem desde a pré-
história até hoje; na confecção de utensílios domésticos e de adorno, nas artes, nas
religiões etc.

ABRIR BOX: Exemplificando>


Os moluscos compreendem os caramujos, os caracóis, as lesmas, os polvos, as lulas, os mariscos,
as ostras etc. <FECHAR>.

Um molusco generalizado é um animal aquático que se move e se alimenta na superfície de


um substrato duro. Seu corpo é bilateralmente simétrico, tem vários centímetros de
comprimento e uma forma um pouco ovoide. A superfície ventral é achatada e muscular
formando uma sola rastejante ou pé. A superfície dorsal é coberta por uma concha oval,
convexa e em forma de escudo, que protege os órgãos internos subjacentes ou a massa
visceral. A epiderme subjacente (chamada de manto ou pálio) secreta a concha do animal,
e a secreção mais ativa ocorre ao redor da borda do manto, embora um pouco de material
novo seja acrescentado às porções mais velhas das conchas. Consequentemente, a concha
aumenta de diâmetro e de espessura ao mesmo tempo (BARNES; RUPPERT, 1996).
Figura 13: Helix aspersa.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 d).

Originário do Sul da Europa, Helix aspersa (Figura 13) encontra-se em nosso território.
Possui coloração parda, com desenhos irregulares em bandas e atinge 3 cm de
comprimento. É um animal herbívoro, com alimentação variada, consumindo frutas,
legumes, vegetais etc. Quando abundantes, podem tornar-se praga, atacando jardins,
hortas, pomares ou outras plantações (RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002).

<ABRIR BOX: Explicando melhor>


Algumas dessas criaturas viviam num tubo protetor. Com o tempo, a parte superior do tubo
transformou-se numa espécie de coleira com aberturas para facilitar a passagem da água pelos
tentáculos. Outras modificações ocorreram e com a mineralização eventualmente apareceram duas
valvas protetoras formando uma concha. Assim surgiram os primeiros braquiópodes. Um deles, do
gênero Linguella, deu início a uma linhagem cujos descendentes vivem ainda hoje praticamente sem
modificações. Esses animais de origem antiquíssima são muitas vezes chamados fósseis vivos.
Exemplos de espécies assim, imensamente longevas, ocorrem diversas vezes na história da vida.
Com o passar do tempo, o ambiente ou as condições em que viviam essas criaturas alteram-se e
alguns descendentes evoluem de forma um pouco diferente, o que lhes permite sobreviver com maior
eficiência nas novas circunstâncias. Mas em alguns lugares, poucos, as condições permanecem
inalteradas e, por conseguinte, perfeitamente adequadas à estrutura original. Não surgem assim
variantes destinadas a tirar partido do meio ambiente com mais eficiência. E a espécie antiga, não
encontrando alteração, também não muda e arrasta-se por meio dos milênios, geração após geração,
ultraconservadora. Descendentes de Linguella, ligeiramente maiores, encontram-se espécies do
gênero Lingula, presentes, hoje, em diversos locais. Entre eles, nas águas costeiras do Japão, onde
vivem enterrados na areia e na lama dos estuários. A sua forma é a de um verme longo com duas
pequenas valvas córneas numa das extremidades. O seu corpo, porém, é bastante complexo: tem
um tubo digestivo terminado num ânus e uma boca cercada de tentáculos. <FECHAR>

Agora, pesquise na internet as características gerais dos moluscos. Após suas leituras e
estudos, complete a tabela, a seguir.
Características gerais dos moluscos

Revestimento e proteção

Sustentação e locomoção

Nutrição e digestão

Circulação

Respiração

Excreção

Sistema nervoso

Sentidos

Reprodução

As classes maiores, mais conhecidas e exploradas em todos os livros didáticos, em todos os


níveis de ensino, são: Gastropoda, Bivalvia e Cephalopoda, sendo a última constituída
por moluscos exclusivamente marinhos, a intermediária por espécies exclusivamente
limitadas ao meio aquático e a primeira, que reúne o maior número de espécies viventes,
habita todos os ambientes.

As cinco classes menores abrangem espécies limitadas ao ambiente marinho. São elas:
Caudofoveata, Solenogastres, Monoplacophora, Poliplacophora e Scaphopoda. O
importante, a nível de classe, é se conhecer e interpretar a relação entre a concha e as
partes moles do animal. Em outras palavras, qual a utilização da concha pelo animal nas
diferentes classes.

Agora, vamos conhecer as características da classe Gastropoda. Ela é o maior e mais


diversificado, e bem sucedido grupo dos Mollusca. São encontrados em todos os habitats
terrestres, de água doce e marinhos, mas são mais numerosos e diversificados em águas
marinhas. Apesar da maioria dos gastrópodes serem animais rastejadores lentos ou
cavadores de substrato, a irradiação adaptativa também produziu formas natantes bem
sucedidas. Os gastrópodes são abundantes em número de espécies e de indivíduos, como
qualquer um que tenha observado caramujos em uma enseada lodosa exposta pela maré
baixa, sobre um costão ou mesmo lesmas em um jardim, pode atestar.

A classe Gastropoda é a maior classe de moluscos. Descreveram-se cerca de 30.000


espécies existentes, devendo-se acrescentar a esse total cerca de 15.000 formas fósseis. A
classe tem registros fósseis ininterruptos desde o início do período Cambriano, submetendo-
se à mais extensa radiação adaptativa de todos os principais grupos de moluscos.
Considerando a larga variedade de habitats que os gastrópodes invadiram, eles constituem
certamente a classe de moluscos de maior sucesso. As espécies marinhas adaptaram-se à
vida em todos os tipos de fundos, bem como a uma existência pelágica. Eles invadiram a
água doce, e os caramujos pulmonados e vários outros grupos conquistaram a terra
eliminando as brânquias e convertendo a cavidade do manto em um pulmão (BARNES;
RUPPERT, 1996).

Storer et al. (2002, p.425) discorrem que:

a maioria dos gastrópodes é constituída por animais sedentários lentos,


intimamente associados com o substrato, mas, dentro desta restrição,
apresenta uma notável radiação adaptativa nos tipos de concha, nos tipos
de alimentação e diversos microhabitats e nichos. As poucas formas
natantes e pelágicas não são nadadores rápidos.

Figura 14: Caracol - molusco gastrópode.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 h).

A maioria dos gastrópodes possui uma rádula que, nesta classe, também apresenta a maior
diversidade de forma. A rádula é o principal órgão de captura de alimento dos gastrópodos e
retém sua estrutura primitiva e o uso nos gastrópodes herbívoros. Ela foi, entretanto,
modificada em muitos gastrópodes avançados onde não é usada para raspar pequenas
partículas do substrato, mas para capturar presas ou para perfurar presas. Em alguns, os
ctenídios são empregados na alimentação. Por este motivo, esta classe também apresenta
a maior diversidade de tipos alimentares encontrada dentre os grupos de moluscos
(STORER et al, 2002).

Interna e externamente, os gastrópodes assemelham-se mais ao molusco ancestral primitivo


ou hipotético já descrito do que qualquer outra classe, exceto que a concha, quando
presente, é geralmente enrolada em espiral e, por isso, a massa visceral também é
enrolada. Isto os torna assimétricos em vez de bilateralmente simétricos (STORER et al,
2002).

Barnes e Ruppert (1996, p.373), postulam que:

a concha de gastrópode típica é uma espiral cônica composta de voltas


tubulares e contendo a massa visceral do animal. Começando no vértice,
que contém as espirais menores mais antigas, outras voltas
sucessivamente maiores enrolam-se por cima de um eixo central (a
columela): a última e maior espiral (a volta corporal) termina finalmente na
abertura, a partir da qual a cabeça e o pé do animal vivo protraem. As
espirais acima da volta do corpo constituem a espiral. Uma concha pode ser
espiralada no sentido horário e anti-horário, ou como se afirma mais
frequentemente, exibe uma espiral para a direita (destra) ou para a
esquerda (canhota). Uma espiral é destra quando a abertura abre-se para a
direita da columela (mantendo-se a concha com a espiral para cima ficando
a abertura de frente para o observador) e canhota quando se abrir para a
esquerda. A maioria dos gastrópodes é destra, alguns são canhotos, e
algumas espécies têm indivíduos tanto destros como canhotos. Uma
concha de gastrópode consiste tipicamente de quatro camadas. O
perióstraco externo é composto de um material proteico córneo e
bronzeado com quinona, chamado de conchiolina ou conchina.

ABRIR BOX: Saiba mais>


A subclasse Pulmonata contém os caracóis muito bem sucedidos, assim como muitas formas de
água doce, e as mais de 16.000 espécies descritas distribuem-se amplamente pelas regiões
temperadas e tropicais em todo o mundo. A característica distintiva da qual o grupo recebe seu nome
é a conversão da cavidade do manto em um pulmão. As bordas da cavidade do manto selaram-se
até o dorso do animal, com exceção de uma pequena abertura no lado direito chamada de
pneumóstomo. A brânquia desapareceu e o teto da cavidade do manto tornou-se altamente
vascularizado. A ventilação é facilitada pelo arqueamento e pelo achatamento do piso da cavidade do
manto (na verdade, o dorso do animal). O pneumóstomo geralmente permanece aberto o tempo todo,
ou se abre e se fecha com o ciclo ventilatório. A troca gasosa por meio de difusão por meio do
pneumóstomo é provavelmente importante na maioria dos pulmonados e predomina nas espécies
pequenas (BARNES; RUPPERT, 1996). <FECHAR

Os pelecípodes ou bivalves são moluscos bilateralmente simétricos limitados ao meio


aquático, cujo corpo inteiro é geralmente envolvido por uma concha formada por duas
valvas articuladas pela região dorsal e com a região cefálica extremamente reduzida sem
apresentar cabeça, tentáculos, olhos e rádula.

As brânquias apresentam, geralmente, um grande desenvolvimento e distribuem-se em


forma de lâminas expandidas sob os dois lobos do manto que forram totalmente a superfície
interna das valvas. Tal expansão das brânquias já valeu à classe o nome de
Lamellibranchia ou Lamellibranchiata, nas classificações mais antigas. Da mesma forma,
a adaptação do pé em forma de cunha para a penetração e estabilização no solo deu à
classe o antigo nome Pelecypoda (do grego, pelekys = machadinha; podos = pé).

Você sabia que a classe Bivalvia, também chamada de Pelecypoda ou Lamellibranquia,


abrange animais comuns como os mariscos, as ostras e os mexilhões? Barnes e Ruppert
(1996, p.412-413) ao descreverem os bivalves, afirmam que:

são comprimidos nas laterais e possuem uma concha composta de duas


valvas, encaixadas em dobradiça dorsalmente, que envolvem todo o corpo.
O pé, como o restante do corpo, é lateralmente comprimido, daí a origem do
nome Pelecypoda (que significa “pé-machadinha”). A cavidade do manto é
mais espaçosa do que qualquer classe de moluscos, e as brânquias são
geralmente muito grandes, tendo assumido na maioria das espécies uma
função de coleta de alimento além da realização de trocas gasosas. A
maioria dessas características representa modificações que permitiram aos
bivalves tornarem-se escavadores de fundos macios, para os quais a
compressão lateral do corpo é bem adequada. Embora os bivalves
modernos tenham invadido outros habitats, as adaptações originais à
escavação na lama e na areia levaram os bivalves tão longe na rota da
especialização que eles se tornaram predominantemente presos a uma
existência sedentária. Muitos malacologistas acreditam que os bivalves
evoluíram de uma classe extinta de moluscos chamados de
rostrocônquios, que por sua vez derivam provavelmente de
monoplacóforos lateralmente comprimidos. Como os bivalves, o corpo dos
rostrocônquios encerrava-se dentro de duas valvas de concha, mas não
havia nenhuma dobradiça dorsal; ou seja, as duas metades da concha eram
contínuas entre si por meio da superfície dorsal. Em muitas espécies, as
margens ventrais da concha tocavam-se, com exceção de uma abertura
anterior ao pé, e era comum haver uma extensão posterior tubular em forma
de rostro da concha, por meio da qual pode ter passado a água circulante. A
classe Bivalvia contém três grupos principais, distintos pela natureza de
suas brânquias: protobrânquios, lamelibrânquios e septibrânquios. Esses
grupos eram antigamente considerados subclasses. Acredita-se geralmente
que os protobrânquios sejam os mais primitivos dos bivalves existentes. Os
septibrânquios são altamente especializados. Os lamelibrânquios abrangem
a maioria das espécies de bivalves.
Figura 15: Ostra - molusco bivalve que respira por meio de brânquias.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 i).

<ABRIR BOX: Exemplificando>


Devido a ausência total de cabeça, essa classe foi também chamada Acephala. Para fins descritivos
podemos dividir o corpo de um Bivalvia em quatro partes: massa visceral, pé, manto e brânquias. A
massa visceral ocupa toda a região entre os dois lobos do manto e abriga os sistemas de órgãos
digestivos, circulatórios, excretores, reprodutores e nervosos.
<FECHAR BOX>

O tubo digestivo se inicia na boca, que é geralmente precedida por um par de palpos labiais,
dotados de cílios que tem por função orientar as correntes de partículas para a fenda bucal.
Nunca apresenta rádula e o esôfago é curto, sendo o desenvolvimento do estômago e do
intestino bastante variável e relacionado ao hábito alimentar. Um par de glândulas digestivas
envolve o estômago e grande parte do intestino. O ânus pode se abrir diretamente para o
exterior na região posterior ou se alojar junto ao sifão exalante nas espécies mais evoluídas.
O sistema circulatório apresenta uma uniformidade em todos os Bivalvia, com exceção dos
Septibranchia, onde é extremamente simplificado.

Constitui-se de um coração dorsal com um ventrículo e duas aurículas laterais, envolvidos


por um pericárdio que também envolve o reto. O sistema excretor é constituído por um par
de rins tubulares em forma de U, abertos no pericárdio por meio de um conduto ciliado, que
descarrega, além dos excretos nitrogenados, os gametas produzidos em um par de
gônadas. Na grande maioria das espécies os sexos são separados, mas alguns são
hermafroditas, geralmente, apresentando protandria.

Em algumas espécies, as larvas são livres natantes, em outras são parasitas de peixes e
outros organismos aquáticos. O sistema nervoso inclui três pares de gânglios
(cerebropleural, visceral e pedal) com fibras interconectantes, órgãos fotossensíveis, nas
margens de manto e algumas estruturas sensoriais. O pé, que é uma expansão muscular
antero-ventral que pode se estender além das margens ventrais das valvas quando estas
estão afastadas, é usado para a locomoção e perfuração do solo. Nas espécies adaptadas à
vida sedentária, como as do gênero Nitylus, por exemplo, o pé é reduzido, sendo a fixação
ao substrato feita por meio de prolongamentos proteicos, retráteis chamado bissus,
produzido por células especializadas, as glândulas bissógenas. Outras se fixam de forma
definitiva pela cimentação de uma das valvas ao substrato como acontece com as ostras.
Nas espécies adaptadas à perfuração de madeiras ou de rochas, o pé também se apresenta
bastante modificado.

<ABRIR BOX: Parada obrigatória>


Os músculos adutores ultrapassam os limites do manto e se fixam nas faces internas das valvas. As
brânquias oferecem os mais valorosos caracteres para a interpretação sistemática dos Bivalvia a
nível supragenérico. A concha, que pode se modificar muito em casos especiais de adaptação
ambiental, chegando até a ser interna ou faltar na fase adulta de algumas espécies, apresenta um
grande número de caracteres taxonômicos na sua estrutura e na escultura da superfície externa.
<FECHAR BOX>

A classe Cephalopoda contém os náutilos, as sépias, as lulas e os polvos (Figura 16) bem
como os amonoides fósseis. Embora alguns cefalópodos (tais como o polvo) tenham
assumido secundariamente o hábito de viver no fundo, a classe como um todo é adaptada a
uma existência natatória e contém os mais organizados e ativos de todos os moluscos. A
cabeça projeta-se em um círculo de grandes tentáculos ou braços preênseis, que são
homólogos à parte anterior do pé dos outros moluscos. Na evolução dos cefalópodos, o
corpo alongou-se muito ao longo do eixo dorsoventral, e como resultado de uma alteração
na maneira de locomoção, esse eixo tornou-se o eixo anterior/posterior funcional. O círculo
de tentáculos localiza-se consequentemente na parte anterior do corpo, e a corcova visceral
torna-se posterior. A cavidade do manto posterior original é agora ventral (BARNES;
RUPPERT, 1996).

Figura 16: Polvo - molusco cefalópode.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 e).

O Octopus sp (Figura 16), representante típico de Cephalopoda, ocorre em ambientes


bentônicos. Prefere abrigar-se em fendas nas rochas ou construir sua própria “casa” com
pedras e cascalhos, que encontra no fundo do mar. Apresenta comportamento territorial. As
excursões em busca de alimentos, basicamente constituída de crustáceos e peixes, são
realizadas à noite. Em geral, mede cerca de 20 cm. É utilizado na alimentação humana,
podendo ser coletado durante marés extremamente baixas ou por meio de mergulho.
Raramente são encontrados junto a redes de pescadores (RIBEIRO-COSTA; ROCHA,
2002).

Os cefalópodes atingiram o maior tamanho de qualquer invertebrado. Embora a maioria


varie entre cerca de 6 e 70 cm de comprimento, incluindo os braços e os tentáculos,
algumas espécies alcançam proporções gigantes. Barnes e Ruppert (1996, p.451-452)
relatam que:

os maiores cefalópodos são as lulas-gigantes, Architeuthis; descreveu-se


um espécime que media 16m, incluindo os tentáculos. Só os tentáculos
tinham 6m de comprimento, e a circunferência do corpo 4m. Mergulhadores
têm observado polvos gigantes com braços de 10 a 15m no mar do Japão,
mas não se coletou nenhum espécime. O comprimento do manto dorsal do
Octopus dofleini da costa do Pacífico (um dos maiores polvos conhecidos)
geralmente não excede 36cm, embora seus braços mais delgados possam
ter cinco vezes o tamanho do corpo. O recorde é um espécime com uma
extensão de braço de 9,6m Existem somente cerca de 600 espécies vivas
de cefalópodos, porém mais de 7.500 formas fósseis. A classe apareceu
primeiro no período Cambriano e ainda, uma vez durante a era Paleozoica e
outra na era Mesozoica, passando por grandes períodos de
desenvolvimento evolutivo com a formação de muitas espécies. Na
Spirula
(uma sépia de águas profundas comum e mundialmente disseminada) a
concha enrolou-se e é semelhante àquela do Nautilus. Na linguagem
evolutiva que levou às lulas (o maior grupo de cefalópodos – incluindo o
Loligo pealei¸ a lula comum do Atlântico Norte ocidental) a concha reduziu-
se a uma longa placa quitinosa achatada, chamada de pena ou gládio.

A concha externa em Nautilus é bilateralmente simétrica, enrolada planispiralmente,


formada por voltas internamente separadas por septos, que deixam passar pelo seu centro
um canal, o sifúnculo, que estabelece contato entre todas as câmaras e auxilia o
deslocamento vertical do animal pelo controle da pressão interna. As partes moles são
alojadas apenas na última e maior câmara, que por isso é chamada de volta do corpo.

Os Cephalopoda dibranquiados ou não apresentam concha, como os polvos, ou possuem


concha interna, de constituição calcária, como nos gêneros Sepia e Spirula, ou córnea,
como no gênero Loligo (Figura 17).

Figura 17: Lula - molusco cefalópode.


Fonte: WIKIPÉDIA (2011 b).
Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:
Reversa1.jpg, Acesso em: 21 de maio de 2011.
Origem: Die Cephalopoden (1910).
Nesse momento, vamos conhecer as principais características dos monoplacóforos. Os
representantes dessa classe constituem um bom ponto de partida para o nosso estudo, pois
pode ter sido o ancestral dos caramujos, dos bivalves, das lulas e dos polvos.

<ABRIR BOX: Saiba mais>


Como o nome diz, um monoplacóforo possui uma única concha simétrica, como em alguns
caramujos. A concha varia em forma de uma placa achatada e em formato de escudo a um cone
curto. Devido à concha em forma de lapa, os monoplacóforos foram classificados com os
gastrópodos, mas uma concha de gastrópodo tem geralmente duas cicatrizes musculares retratoras
podais, enquanto a concha do monoplacóforo tem de três a oito pares, dependendo da espécie.
Nesse sentido, os monoplacóforos lembram os quítons, com os quais também já foram classificados.
Os espécimes vivos têm de 3 mm a pouco mais de 3cm de comprimento e lembram lapas
externamente. O vértice da concha direciona-se anteriormente. Um sulco palial (a cavidade do manto)
separa a borda do pé chato e largo do manto em cada lado. A boca localiza-se na frente do pé, e o
ânus localiza-se no sulco palial na parte posterior do corpo. Em frente à boca, encontra-se uma prega
pré-oral ou velo (a homologia com o órgão larval é incerta), que se estende lateralmente em cada
lado como uma estrutura maior, ciliada e palpiforme. Outra prega repousa por trás da boca e projeta-
se em cada lado como um par de tentáculos pós-orais. <FECHAR BOX>.

Já a classe Polyplacophora contém os quítons. Embora algumas características da sua


estrutura e do desenvolvimento sejam primitivas, Barnes e Ruppert (1996, p. 364), afirmam
que os quítons:

tornaram-se altamente adaptados para aderir em rochas e conchas. O


corpo oval é bastante achatado dorsoventralmente e é coberto não apenas
por uma placa de concha única, como também por oito placas
sobrepostas. Mais tarde, tentaremos harmonizar essa diferença
significativa do nosso molusco generalizado. Os quítons não têm olhos ou
tentáculos cefálicos, e a cabeça é indefinida. O manto é espesso, e o pé é
largo e chato para facilitar a adesão aos substratos duros. Existem
aproximadamente 800 espécies vivas de quítons, das quais muitas se
encontram ao longo da costa ocidental da América do Norte. O registro
fóssil, que data do final do período Cambriano, é mais esparso. Conhece-se
cerca de 350 quítons fósseis. Os quítons variam de tamanho de 3 mm a 40
cm, sendo o maior deles o quíton-galocha-gigante do Pacífico, Cryptochiton
stelleri. No entanto, a maioria das espécies tem de 3 a 12 cm de
comprimento. Os quítons possuem comumente tons acastanhados de
vermelho, marrom, amarelo ou verde.

<ABRIR BOX: Importante>


Fique atento ao ler sobre a Classe Aplacophora. Compreende cerca de 288 espécies de estranhos e
pequenos moluscos vermiformes. São encontrados por todos os oceanos do mundo até
profundidades de 7.000m. Embora existam espécies de águas rasas, são mais numerosos entre 200
e 3.000 m. Os aplacóforos têm geralmente menos de 5 mm de comprimento. A cabeça é fracamente
desenvolvida, e a concha típica de molusco encontra-se ausente. No entanto, o tegumento interno
(manto) é revestido por uma cutícula e contém escamas ou espículas calcárias incrustadas. O corpo
é vermiforme porque as margens do manto enrolaram-se para dentro ventralmente. As espécies
escavadoras têm um pé reduzido, mas as outras têm um sulco meio-ventral sobre o qual rastejam e
que é homólogo ao pé dos outros moluscos. A maioria das espécies rastejadoras alimentam-se de
cnidários; os escavadores alimentam-se de pequenos organismos e de material depositado. Pode ou
não se encontrar presente uma rádula. Ainda não se compreendeu completamente o sistema
excretor, mas descreveram-se glândulas e dutos pericárdicos (desempenhando ambos um papel na
excreção no caso de outros moluscos). A maioria dos aplacóforos (neomeniomorfos) é hermafrodita,
e os gonodutos estendem-se para a cavidade do manto ou partindo diretamente da gônada ou, mais
comumente, da cavidade pericárdica. No número muito pequeno de espécies estudadas, os ovos são
incubados e desenvolvem-se diretamente ou são desovados e desenvolvem-se em uma larva
trocoforal. <FECHAR BOX>.

Você já ouviu falar na classe Scaphopoda? Ela contém cerca de 350 espécies de moluscos
marinhos escavadores que são popularmente conhecidos como conchas-presa ou dente.
Segundo Barnes e Ruppert (1996, p. 449-450) esses nomes derivam:

da forma da concha, que é um tubo cilíndrico alongado, geralmente com


uma forma semelhante a uma presa de elefante. As conchas da maioria dos
escafópodos têm em média de 3 a 6 cm de comprimento, mas o Cadulus
mayori (encontrado na costa da Flórida), não excede 4 mm de comprimento.
O Dentalium vernedei (encontrado no Japão) é a maior espécie viva,
atingindo um comprimento de 15 cm. No entanto, uma espécie fóssil do
Dentalium tinha uma concha de 30 cm de comprimento com um diâmetro
máximo acima de 3 cm. As conchas da maioria dos escafópodos são
brancas ou amareladas, mas uma espécie de Dentalium das Índias
Orientais é de um verde-jade brilhante. A maioria dos escafópodos escava
na areia em profundidades aquáticas superiores a 6 cm. Os animais vivos,
portanto, não são frequentemente encontrados, mas julgando-se pelo
número de conchas deixado nas praias em algumas áreas, os escafópodos
não são raros.

<ABRIR BOX: Importante>


Os Scaphopoda não apresentam cabeça diferenciada, sendo a região cefálica resumida a uma
massa bucal que contém interiormente o aparelho radular e é circundada por um anel de
prolongamentos finos tentaculiformes, captácula, adaptados à apreensão e transporte de partículas
até a boca, e às funções táteis. O pé é pontiagudo, adaptado à perfuração do solo arenoso. Também
não possuem brânquias, sendo a respiração exercida por uma dobra da parede interna do manto; o
coração é reduzido, sem aurículas, representado apenas por um fraco desenvolvimento do pericárdio.
Apresentam um par de nefrídios lobados que se abrem na cavidade do manto por meio do ânus. Os
sexos são separados e a gônada única, não se prolongando em oviduto ou qualquer órgão de cópula.
A fecundação é externa, e a passagem dos gametas realizada por meio do seu rim direito. São
animais bentônicos, que vivem desde o sublitoral até profundas depressões além de 6.000 metros.
<FECHAR BOX>

Fique atento a essas informações, pois há alguns moluscos que participam do ciclo
biológico de verminoses bastante conhecidas no Brasil. Nos trematódeos Digenea,
encontramos os mais complexos ciclos biológicos do Reino Animal. A presença de um
molusco, principalmente gastrópode, como primeiro hospedeiro intermediário é, quase
sempre, regra geral. Na subclasse Digenea existem milhares de espécies, parasitando
inúmeros vertebrados, sendo que algumas destas espécies são parasitoses de importância
para o homem. No Brasil, duas espécies de trematódeos Digenea podem parasitar o
homem: o Shistosoma mansoni, com milhões de casos, e a Fasciola hepatica, com registro
de apenas poucas dezenas de casos, o que torna esta afecção uma ocorrência de muito
pouca importância em Saúde Pública.

Assim sendo, à evolução do S. mansoni em seus hospedeiros intermediários, apresenta


inegável peso no contexto da Saúde Pública, no Brasil. Os hospedeiros suscetíveis
pertencem ao gênero Biomphalaria, sendo que somente as espécies B. glabrata, B.
tenagophila e B. straminea têm importância epidemiológica no Brasil. A manutenção do ciclo
vital do S. mansoni em seus hospedeiros intermediários sofre influências do ambiente
natural onde ele ocorre, do comportamento biológico do miracídio e dos moluscos
hospedeiros, dos mecanismos de defesa dos caramujos potencialmente transmissores e,
também, dos mecanismos de adaptação do parasito aos hospedeiros intermediários.
Estamos terminando o estudo do capítulo As marcas filogenéticas determinando a
história da evolução dos invertebrados, com o objetivo de despertar no leitor, a
criatividade inata que existe em cada um de vocês. Desse modo, a análise e a reflexão do
conhecimento serão sempre necessárias, fazendo com que, mesmo a distância, você faça
inferências, comparações, estabeleça relações e interpretações, a fim de propiciar o
desenvolvimento de habilidades cognitivas.

Resumo

Os platelmintos são vermes com o corpo achatado dorsoventralmente, em forma de


lâmina, folha ou fita. Em geral, são alongados e o tamanho é variado, desde milímetros até
metros. Apresentam simetria bilateral e são triblásticos, possuindo um terceiro folheto
embrionário, a mesoderme, formada por tecido conjuntivo frouxo, substituindo a mesogleia.

O nematelmintos são vermes de corpo cilíndrico e não segmentado. A simetria é bilateral,


são triblásticos e pseudocelomados. Geralmente são pequenos, alguns são microscópicos,
mas outros atingem 1m de comprimento. Habitam os mais variados ambientes, alguns têm
vida livre no solo, na água ou lodo. Muitos outros são parasitas de plantas, animais e,
inclusive do homem.

Os anelídeos, como quase todos os invertebrados grandes, possuem um tipo de cavidade


corporal chamado de celoma. Embora o celoma possa se encontrar reduzido ou ausente no
adulto, como nos artrópodos, ainda se encontra presente no embrião. O celoma surge
durante o desenvolvimento embrionário como uma cavidade dentro da mesoderme, seja
pela divisão de uma massa de células mesodérmicas (esquizocelia) seja pela revelação do
arquêntero na separação inicial da mesoderme da endoderme (enterocelia). Tipicamente, o
celoma é composto de duas ou mais câmaras pareadas (direita e esquerda), dependendo
do “design” do animal. Os anelídeos, por exemplo, por serem segmentados (metaméricos),
possuem numerosos pares separados por septos transversais. O fluido que preenche o
celoma serve para uma variedade de funções em diferentes grupos celomados. Ele
transporta os gases e os materiais nutritivos, fornece fluido para processar os detritos
excretórios, funciona como um esqueleto hidrotático, e como um lugar para a maturação dos
gametas e a incubação dos embriões.

Os moluscos constituem um dos maiores filos da natureza, quanto ao número de espécies.


A diversidade dos moluscos permitiu a vida desses animais nos mais variados ambientes. A
maioria é marinha, vivendo nas praias ou em águas rasas, e algumas espécies são
pelágicas. Vários caramujos vivem na água dioce ou salobra, havendo espécies que
dominam o ambiente terrestre úmido.

Atividades

Atividade 1
A qual dos animais, a seguir, refere-se a descrição?
“O sangue circula em vasos; no intestino, recebe os alimentos digeridos e os distribui às
células do corpo; na epiderme, absorve oxigênio do ar e desprende gás carbônico;
transporta os excretas nitrogenados a uma série de tubos que se abrem em poros na
superfície do corpo.”

a) Planária
b) Minhoca
c) Gafanhoto
d) Aranha
e) Sapo

Atividade 2
A produção de pérolas requer a introdução artificial de pequenas partículas estranhas no
manto. Este circunda o corpo estranho e secreta camadas sucessivas de nácar sobre ele.
Os animais são mantidos em cativeiro por muitos anos até que as pérolas sejam formadas.
Os animais utilizados nesse processo pertencem, respectivamente, ao filo e à classe:

a) Mollusca e Gastropoda;
b) Arthropoda e Crustacea;
c) Arthropoda e Insecta;
d) Mollusca e Cephalopoda;
e) Mollusca e Pelecypoda.

Atividade 3
Os turbelários são conhecidos tradicionalmente como os platelmintos de vida livre. Dentre
os turbelários mais conhecidos e estudados estão os tricladidos, representados pelas
planárias aquáticas e terrestres. A partir dessas informações e de seus conhecimentos
sobre as planárias, explique o que significa dizer que as planárias têm desenvolvimento
direto?

Atividade 4
Bivalves de água doce vivem em lagoas, lagos e rios, alguns em água calma e outros em
água corrente. Podem migrar para lugares rasos à noite e retirar-se para lugares mais
profundos durante o dia, e podem mudar o seu habitat com as estações. Considerando as
características morfofisiológicas dos moluscos bivalves, explique o funcionamento da
respiração dessa classe de animais, considerando os diferentes habitats em que vivem.

Atividade 5
Um aluno da Universidade de Uberaba escreveu em uma Avaliação de Zoologia que os
nematódeos são vermes não segmentados, de corpo cilíndrico, alongado, com cutícula
resistente e que apresenta simetria bilateral. Você concorda com o estudante? Justifique
sua resposta.

Referências

BARNES, Robert D.; RUPPERT, Edward E. Zoologia dos invertebrados. 6. ed. São Paulo: Roca,
1996.
FUTUYMA, Douglas J. Biologia evolutiva. 2. ed. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética,
1997.

PURVES, William K. Vida: a ciência da biologia; trad. Anapaula Somer Vinagre... [et al.]. 6. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2005.

RIBEIRO-COSTA, Cibele S.; ROCHA, Rosana M. Invertebrados: manual de aulas práticas. Ribeirão
Preto: Holos, 2002.

STORER, T. I., et al . Zoologia geral. 6. ed. São Paulo: Nacional, 2002.


3 A luta pela sobrevivência

Ricardo Baratella

Introdução

Nós vamos continuar neste capítulo os nossos estudos sobre o maravilhoso mundo dos
invertebrados. Agora, iremos conhecer o fantástico desempenho dos filos ARTHROPODA e
ECHINODERMATA nos ambientes em que vivem.

O filo Arthropoda contém a maioria dos animais conhecidos. Inclui os insetos (Classe
Insecta); as aranhas, escorpiões, carrapatos e seus afins (Classe Arachnida); os
caranguejos, camarões, lagostas, cracas e outros crustáceos (Classe Crustacea); as
centopéias (Classe Chilopoda), os piolhos de cobra (Classe Diplopoda) e outros menos
conhecidos e formas fósseis. O filo é um dos mais importantes ecologicamente, pois domina
todos os ecossistemas terrestres e aquáticos em número de espécies ou de indivíduos ou em
ambos.

O filo Echinodermata constituem um dos filos mais distintos e facilmente reconhecidos do


Reino Animal. Incluem as mais bem conhecidas estrelas-do-mar, ofiúros, ouriços-do-mar,
bolachas-da-praia, lírios-do-mar e pepinos-do-mar, além de várias espécies extintas. Todos
são animais grandes e nenhum representante é parasita ou colonial. Juntamente com o filo
CHORDATA, constituem os principais animais deuterostômios.

Objetivos

Este capítulo abordará o estudo dos invertebrados: artrópodes e equinodermos,


determinando a história da evolução desses filos de invertebrados, de forma contextualizada
e crítica, criando espaços de aprendizagem individual e coletiva, incentivando a prática de
encontros para a troca de experiências e realização de projetos interdisciplinares nas
escolas, recorrendo a uma variedade de instrumentos e informações, de acordo com a
natureza das aprendizagens. Nessa perspectiva, depois de estudar este capítulo,
esperamos que você desenvolva as seguintes habilidades:

 identificar o conhecimento científico e a retificação de saberes produzidos pelo homem


como resultado do trabalho de gerações em busca do conhecimento, e para a
compreensão da evolução dos artrópodes e equinodermos;
 posicionar-se de maneira reflexiva, crítica e construtiva em situações vivenciadas na
sala de aula, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e desenvolver, por
meio de diferentes linguagens, a criatividade, a intuição, selecionando procedimentos
e verificando sua adequação na construção do conhecimento científico;
 desenvolver uma atitude de curiosidade, reflexão e crítica frente às características
morfofisiológicas dos artrópodes e equinodermos;
 saber aplicar metodologias e técnicas necessárias a uma intervenção pedagógica que
desenvolva, em você, a capacidade de aprender a aprender.

Esquema

3.1 Arthropoda
3.2 Echinodermata

3.1 Arthropoda

Os artrópodes constituem um agrupamento de animais. Foram descritos pelo menos três


quartos de um milhão de espécies – mais do que três vezes o número de todas as outras
espécies animais combinadas. Para Barnes e Ruppert (1996, p.579), a tremenda
diversidade adaptativa dos artrópodes permitiu-lhes:

sobreviver em virtualmente todos os habitats; são talvez, de todos os


invasores do habitat terrestre, os de maior êxito. Os artrópodes são
protostômios e relacionam-se claramente com os anelídeos, mas não se
sabe se os artrópodes surgiram dos anelídeos ou se ambos surgiram de um
ancestral comum. Entretanto, a relação é demonstrada de várias maneiras.
Os artrópodes, como os anelídeos, são segmentados. A segmentação
torna-se evidente no desenvolvimento embrionário de todos os artrópodes e
é uma característica evidente de muitos adultos, especialmente nas
espécies mais primitivas. Como nos anelídeos, o crescimento nos
artrópodes resulta da adição de novos segmentos na região imediatamente
anterior à seção terminal do corpo (télson). O prostômio e o pigídio dos
anelídeos correspondem, respectivamente, ao ácron e ao télson dos
artrópodos. Existe uma tendência para reduzir a segmentação dentro de
muitos grupos de artrópodes. Em formas tais como os ácaros, por exemplo,
ela quase desapareceu. A perda da segmentação ocorreu de três maneiras:
1. Os segmentos desaparecerem; 2. Os segmentos fundiram-se; e 3. As
estruturas segmentares (tais como os apêndices) tornaram-se estrutural e
funcionalmente diferenciadas das suas contra-partes nos outros segmentos.
Diz-se que as estruturas diferentes em dois ou mais indivíduos que têm a
mesma origem segmentar são homólogas. Consequentemente, as
segundas antenas de um caranguejo são homólogas aos quelípedes
(garras dos escorpiões), porque ambos evoluíram do segundo par original
dos apêndices da cabeça.

Os artrópodes apresentam como característica distinguível, o exoesqueleto quitinoso ou


cutícula, que recobre todo o seu corpo. A cutícula pode ser fina e flexível (como nas larvas
dos insetos), mas é em geral relativamente espessa e rígida. O movimento torna-se possível
por meio da divisão da cutícula em placas separadas. Primitivamente, essas placas
confinam-se a segmentos únicos, e a placa de um segmento conecta-se à placa do
segmento contíguo por meio de uma membrana articular, uma região na qual a cutícula é
muito fina e flexível. Basicamente, a cutícula de cada segmento divide-se em quatro placas
primárias: um tergo dorsal, duas pleuras laterais e um esterno ventral. Esse padrão
desapareceu frequentemente devido ou a uma fusão ou a uma divisão secundárias. Em
todos os artrópodes, ocorreu um certo grau de fusão e de agrupamento das placas
esqueléticas segmentares, dando origem às regiões corporais ou tagmos. Por exemplo, nas
abelhas, o corpo divide-se em três tagmos: cabeça, tórax e abdômen (BARNES;
RUPPERT, 1996).

A cor dos artrópodes resulta comumente da deposição de pigmentos de melanina marrom,


amarela, laranja e vermelha dentro da cutícula. No entanto, os verdes, roxos e outras cores
iridescentes resultam de estriações finas da epicutícula, que causam uma refração luminosa
e dão a aparência da cor. Frequentemente, a coloração corporal não se origina diretamente
na cutícula, mas em vez disso é produzida por células pigmentares subcuticulares
(cromatóforos) ou é causada por pigmentos sanguíneos e teciduais, que ficam visíveis por
meio de uma cutícula fina e transparente.

Apesar das suas vantagens locomotoras e de sustentação, um esqueleto externo representa


problemas para um animal em crescimento. A solução evoluída nos artrópodos foi a
eliminação periódica do esqueleto, um processo chamado de muda ou ecdise.

Os artrópodos surgem no registro fóssil durante o Cambriano, junto com muitos outros
grupos de invertebrados. Segundo Barnes e Ruppert (1996, p.593) poderíamos esperar que:

os artrópodes primitivos exibissem um alto grau de segmentação, ou seja,


que tivessem um corpo composto de muitos segmentos portando apêndices
semelhantes. Um dos grupos mais comuns de artrópodes fósseis de fato
apresenta um plano corporal dessa forma. É o subfilo Trilobita. Os trilobitas
já foram abundantes e largamente distribuídos nos mares paleozoicos.
Alcançaram o seu pico de distribuição e abundância durante os períodos
Cambriano e Ordoviciano e desapareceram no final da era Paleozoica.
Foram descritas mais de 3.900 espécies a partir de espécimes fósseis. A
maioria dos trilobitas variava de 3 a 10cm de comprimento, embora algumas
espécies planctônicas tivessem somente 0.5mm de comprimento. Os
maiores trilobitas tinham um pouco menos de 1m de comprimento. O corpo
um pouco oval e achatado dos trilobitas era dividido em três partes mais ou
menos equivalentes: um céfalo sólido e anterior; um tórax ou região do
tronco intermediário, consistindo de um número variável de segmentos
separados; e um pigídio posterior. Cada uma dessas divisões corporais
dividia-se, por sua vez, em três regiões por meio de um par de sulcos que
corria da extremidade anterior para a posterior formando um lobo axial
mediano flanqueado em cada lado por um lobo lateral. O nome Trilobita
refere-se ao seu trilobamento transversal da superfície corporal dorsal. Na
maioria das espécies só a sua superfície dorsal mais forte foi preservada no
registro fóssil.

As borboletas (Figura 1), moscas, gafanhotos, besouros, abelhas, piolhos etc, constituem a
classe INSECTA. São os animais mais abundantes e espalhados de todos os ambientes
terrestres, sendo os mais importantes invertebrados que podem viver em ambientes secos e
os únicos capazes de voar. Esses hábitos tornaram-se possíveis graças ao revestimento
quitinoso do corpo, que protege os órgãos internos contra danos e perda de umidade, pelas
extensões deste revestimento que formam as asas e pelo sistema de tubos traqueais que
possibiltem os insetos respirar ar. A capacidade de voar auxilia-os a encontrar alimento,
parceiros e escapar de inimigos. Como seus ciclos vitais são geralmente curtos, eles podem
multiplicar-se rapidamente em condições favoráveis. Os insetos abundam em todos os
habitats; exceto no mar; vários tipos vivem em águas doces e salobras, no solo, em plantas
de todos os tipos e sobre ou dentro de outros animais (STORER et al, 2002).

Os insetos alimentam-se de todos os tipos e partes de plantas - raízes, caules ou folhas,


sucos ou flores, sementes ou frutos; e muitos que visitam flores auxiliam na polinização
(Figura 1). Outros utilizam os tecidos, líquidos e excreções de animais, e os insetos
necrófagos consomem plantas e animais mortos.

Figura 1: Borboleta.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 a).

A entomologia é a ciência que estuda os insetos. Devido ao número e às muitas relações


biológicas dos insetos, eles são de grande significância econômica; alguns são úteis e
muitos são prejudiciais aos interesses do homem. Alguns insetos transmitem moléstias -
causadas por vírus, bactérias, protozoários ou outros organismos - a plantas, animais e o
homem.

Os insetos respondem a muitos estímulos que provocam sensações no homem, incluindo


luz, estímulos químicos (cheiro, gosto), tato e som, mas suas percepções diferem em tipo e
magnitude. Eles percebem estímulos químicos excessivamente fracos para o nariz ou
língua humanos e algumas reações aos raios ultravioletas, mas não ao vermelho ou
infravermelho.

ABRIR BOX: Saiba mais>


O Louva-a-Deus (Figura 2) é um inseto predador de médio ou grande tamanho, com um corpo
alongado e por vezes com chamativos coloridos. São conhecidas perto de 2000 espécies, difundidas
principalmente pelos países tropicais. Seu curioso nome deriva da particular forma e posição de suas
patas. A fêmea, que sempre é maior que o macho, é famosa porque durante a cópula devora o
macho, e assim fazendo, dispõe rapidamente de uma notável quantidade de proteínas para a
produção dos ovos e da ooteca. As fêmeas botam ovos no interior de ootecas, envolturas de forma
variável segundo a espécie que a produza. A ooteca, que pode hospedar até mais de 100 ninfas, é
fabricada com uma secreção que, ao contato com o ar, solidifica-se rapidamente, formando um
material com a consistência de um papelão. Elas são excepcionais predadoras e temíveis carnívoras.
São capazes de permanecerem imóveis durante horas de vegetação a espera de uma presa, que é
segurada e bloqueada com as grandes e potentes patas superiores. Têm uma coloração mimética
que lhe permite ocultar-se na vegetação. Este particular tipo de mimetismo é chamado de agressivo,
pois o predador é quem se mimetiza para esconder-se de sua vítima. Apesar da terrível fama, as
fêmeas são absolutamente inócuas e não possuem nenhum veneno. <FECHAR BOX>.

Figura 2: Louva-a-Deus.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 b).

Os insetos são os animais terrestres mais bem sucedidos que vivem hoje em dia, tendo em
vista o enorme número de espécies e a tremenda radiação adaptativa sofrida por eles.
Essencialmente, os insetos ocuparam todos os nichos disponíveis na terra e um número
significativo na água doce. Não tiveram, entretanto, sucesso na penetração dos oceanos.
Não existe um fator que pode ser apontado como o único para este tremendo sucesso,
mas certamente um dos atributos peculiares dos insetos entre todos os invertebrados é a
sua capacidade de voar.

Os insetos se asemelham superficialmente aos crustáceos, por isso foram agrupados com
eles nos MANDIBULATA, mas são bastante diferentes. Os insetos não têm o segundo par
de antenas encontrado nos crustáceos e suas extremidades nunca são birremes, mesmo
nos estágios embrionários (STORER et a., 2002).

Exceto algumas formas degeneradas ou especializadas, os adultos de todos os insetos


são iguais por terem um par de antenas e um par de olhos compostos, uma cabeça
fundida, um tórax de três segmentos com seis pernas (daí serem às vezes chamados
Hexapoda) e um abdome distinto (Figura 3). Dentro destes limites, membros das várias
ordens, famílias e espécies mostram grande diversidade em detalhes de estrutura e
hábitos. Muitos caracteres são bem adaptados a modos de vida particulares.
Figura 3: Bicho - pau.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 c).

ABRIR BOX: Exemplificando>


Os bichos-pau (Figura 3) e os bichos-folha pertencem à família dos fasmatódeos. São conhecidos por
seus excepcionais dotes para camuflar-se (mimetizar-se) na vegetação, entre as folhas, galhos, paus
etc, imitando suas cores (homocromia) ou formas (homotipia). O inseto mais longo do mundo é o
bicho-pau: a fêmea da Pharnacia serratipes. Os bichos-pau podem reproduzir-se por reprodução
sexual (gâmica) ou por partenogênese, na qual a fêmea põe ovos que geram outras fêmeas sem ser
necessário que o macho as fecunde. Entre as características de comportamento mais interessantes
encontramos a tanatose, que é quando o inseto finge estar morto para livrar-se de eventuais
predadores. Os bichos-pau sempre se movimentam lentamente, e principalmente à noite, para reduzir
ao mínimo a possibilidade de serem vistos por seus predadores. Alimentam-se de vegetais, e mesmo
que alguns apresentem um aspecto terrível são absolutamente inofensivos. FECHAR

A cutícula é frequentemente encerada e não facilmente molhável para os insetos; isto é


vantajoso para os insetos, mas causa dificuldade nas tentativas de controlar espécies
perniciosas para pulverização. O corpo é adaptativamente hidrodinâmico em muitos
percevejos e besouros aquáticos, deprimido em baratas (Figura 4). A cobertura peluda de
algumas mariposas noturnas pode ajudá-la no isolamento contra o frio e os pelos de muitas
moscas e abelhas servem de coleta de pólen (STORER et al, 2002).

Figura 4: Barata.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 d).
<ABRIR BOX: Parada obrigatória>
A família dos Pyrrhocoridae compreende mais de 300 espécies difundidas por todo o mundo, porém
presentes principalmente em regiões tropicais e subtropicais. Na Europa, de fato, são conhecidas
duas espécies, e na América do Norte existem oito. São percevejos pertencentes à ordem dos
hemípteros e, apesar de sua coloração, não possuem nada em comum com as joaninhas, que
pertencem à ordem dos coleópteros. Algumas espécies são tristemente conhecidas pelos danos que
infligem às plantações de algodão; sua presença e seu particular modo de alimentar-se impedem a
fibra da planta de desenvolver o capulho de algodão. Durante a Revolução Industrial dos Estados
Unidos causaram enormes prejuízos econômicos. A espécie europeia mais comum, Pyrrhocoris
apterus, se associa às malvas, de tamanho pequeno, e que solta um líquido repugnante usado como
sistema dissuasório. É de fácil reconhecimento pela sua cor vermelha com manchinhas e desenhos
pretos, e pode possuir asas ou ser áptera (sem asas) ou braquíptero (com asas reduzidas).
<FECHAR BOX>.

Todos os insetos têm olhos, exceto algumas larvas que vivem escondidas da luz, alguns
adultos que habitam cavernas ou ninhos de cupins ou formigas (Figuras 5 e 6), alguns
piolhos caçadores e as castas sexuadas de algumas formigas e a maioria dos cupins. As
peças bucais são de dois tipos principais: mastigador e sugador - como no gafanhoto e
abelha, respectivamente. Muitas espécies com peças bucais sugadoras têm meios de
perfurar tecidos, como os mosquitos e pulgas que “picam” outros animais e os afídios que
picam plantas (STORER et al, 2002).

Você sabia que os insetos possuem pernas modificadas? Pois bem, as pernas são
modificadas para correr em besouros cicindelídios, saltar em pulgas, nadar em percevejos
e besouros d‟água, esquiar em gerrídeos, cavar em paquinhas e tecer teias em embiídeos.

Figura 5: Formigueiro.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 a).
Figura 6: Formigas.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 b).

Antes de continuarmos nossos estudos sobre os artrópodes, pesquise na internet as


características gerais desse filo. Após sua pesquisa, complete a tabela, a seguir.

Características gerais dos artrópodes

Revestimento e proteção

Sustentação e locomoção

Nutrição e digestão

Circulação
Respiração

Excreção

Sistema nervoso

Sentidos

Reprodução

<ABRIR BOX: Explicando melhor>


Os insetos e as substâncias deles extraídos, têm sido utilizados como medicamentos em todas as
culturas orientais e também nas ocidentais. Além do aspecto medicinal, estes animais têm cumprido
um papel místico no tratamento de muitas doenças. A ciência tem comprovado a existência de
propriedades imunológicas, analgésicas, antibacterianas, diuréticas, anestésicas e antirreumáticas
nos corpos dos insetos, tanto assim que hoje algumas destas substâncias são usadas e sintetizadas
nos laboratórios farmacêuticos. A China é uma das nações que, graças a sua cultura milenar, tem
desenvolvido mais a vertente da entomologia. Desde o veneno dos escorpiões e das aranhas até às
cigarras. A cigarra de manchas vermelhas é famosa na China por seu uso na medicina tradicional, e
é conhecida com o nome comum de “Chu-ki”. Deste inseto usa-se a exúvia para vários
medicamentos. A exúvia é considerada um antipirético para baixar a febre. O indivíduo adulto é
utilizado principalmente para se tirar o “mau olhado”. Há milhares de anos antes de Cristo, os antigos
chineses consideravam a cigarra como um animal mágico. Pensavam que as cigarras eram um
símbolo de renascimento e imortalidade, do mesmo modo que os antigos egípcios consideravam
sagrados os escaravelhos. Os chineses, certamente, observaram as ninfas das cigarras emergir da
terra, ir até as cortiças das árvores e converter-se em adulto alado. Para eles isto significa a “vida
depois da morte”. Não obstante, os chineses no transcorrer de sua história deram outros significados
à cigarra, como, por exemplo, o de fertilidade, abundância ou boas colheitas. Finalmente, para os
gregos as cigarras eram um prato delicioso. <FECHAR BOX>.

Você sabia que o sucesso evolutivo alcançado pelos insetos pode ser medido por diversas
maneiras? As principais delas são dadas pelo número de espécies existente no grupo, pelo
número de indivíduos em cada ecossistema, além da extensão da distribuição geográfica.
As características adaptativas dos insetos permitiram sua enorme radiação, colonizando
vários habitats e preenchendo novos nichos. Essa diversidade de hábitos foi possível graças
ao revestimento quitinoso do corpo (Figura 7), que protege os órgãos internos contra danos
e perda de umidade, pelas extensões desse revestimento formando as asas e pelo sistema
de traqueias, eficientes para a captação de oxigênio (RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002).

Figura 7: Os artrópodes apresentam um exoesqueleto quitinoso.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 e).

<ABRIR BOX: Exemplificando>


Os insetos normalmente chamados escaravelhos cervos pertencem à família dos Dinástidos e
existem em todo o mundo, em particular nas regiões tropicais e subtropicais. Na Europa vivem
poucas espécies, dentre elas os Oryctes que são os mais famosos e comuns. Trata-se de
escaravelhos caracterizados pelo seu chifre cefálico e pelo relevo protorácico mais ou menos
evidente e desenvolvido. Possuem patas curtas e robustas, úteis para escavar o solo entre as raízes
das árvores e as cavidades na base dos troncos. A espécie local mais famosa e de maiores
dimensões é o Oryctes nasicornis, que mede mais de 4 cm. O macho tem um longo chifre cefálico
que dá origem ao seu nome comum “escaravelho cervo”; a fêmea, contrariamente, não o possui e na
sua cabeça tem apenas uma pequena protuberância. Seus élitros são de cor marrom escuro, já sua
cabeça e tórax são mais escuros. Os adultos voam de maio a junho até o fim de agosto. Deslocam-se
à noite e são atraídos pelas lanternas. As fêmeas, depois do acasalamento, botam os ovos na
madeira apodrecida, em particular nos troncos das árvores caducifólias como os carvalhos e
salgueiros. <FECHAR BOX>.

Ao analisar as figuras 8 e 9, você verifica alguma semelhança entre esses animais? Registre
todas as suas observações no seu caderno de anotações e, em seguida, discuta com os
seus colegas os pontos comuns e mais significativos de seus registros.
Figura 8: Animal que representa o filo Mollusca.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 c).

Figura 9: Animal que representa o filo Arthropoda.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 d).
Que características diferenciam os insetos dos demais artrópodes? Que características
diferenciam os artrópodes dos demais filos de invertebrados?

ABRIR BOX: Curiosidades>


Os insetos comumente chamados de escaravelhos rinocerontes pertencem à família dos
Dynastinae e estão presentes em todo o mundo, porém existem em número maior nas regiões
tropicais e subtropicais. Até pouco tempo considerava-se que faziam parte da família Scarabeidae.
São conhecidas aproximadamente 1500 espécies entre as quais podemos encontrar os maiores
insetos do mundo, como as espécies do gênero Dynastes, que podem chegar aos 17 cm de
comprimento graças ao seu longo corno protorácico. Nas espécies maiores o dimorfismo sexual fica
claro, assim encontramos machos possuindo um grande corno sobre a cabeça e o protórax, porém
nas espécies pequenas este dimorfismo torna-se menos evidente. As larvas alimentam-se de
madeira em decomposição e de húmus, já os adultos o fazem de seiva das árvores e de fruta em
decomposição; são completamente inócuos, independente do aspecto ameaçador de seus cornos.
<FECHAR BOX>.

Você sabe o que são coleópteros? Para definir os coleópteros (Figura 10), que em geral o
povo denomina besouros, basta dizer que são insetos de metamorfose completa
(holometábolos), aparelho bucal mandibulado mastigador, possuindo geralmente dois
pares de asas, um quase sempre córneo, os élitros, anterior, e outro membranoso, posterior,
e asas verdadeiras, que se dobram sobre si mesmas. Dizemos asas verdadeiras porque, no
voo, são elas que vibram os élitros, que apenas se entreabrem.

Figura 10: Coleóptero.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 e).

ABRIR BOX: Ampliando o conhecimento>


Entre os coleópteros aquáticos de maior importância, além dos Dytiscidaes, estão os Gyrinidaes. Os
primeiros, de dimensões variáveis entre 1 e 50 mm, são similares por forma e hábitos aos
Dytiscidaes. São conhecidas aproximadamente umas 2800 espécies distribuídas por todo o mundo,
principalmente nas regiões cálidas e nas águas baixas e ricas em vegetação. Seus representantes
mais conhecidos pertencem ao gênero Hydrous. Salvo poucas exceções são insetos vegetarianos, as
larvas são carnívoras e predadoras. As espécies da subfamília Sphaeridiinae são terrestres e se
alimentam de matéria em decomposição e esterco. A bolha de ar, diferente dos Dytiscidaes, é presa
entre as margens salientes laterais dos élitros e a profunda quilha longitudinal do tórax que dá
continuidade num formato de espinho. Uma característica dos hidrofilideos é a construção similar a
uma barquinha de seda, usada para pôr os ovos, com um periscópio que garante o fornecimento de
ar caso o nível da água suba até o casulo localizado entre a vegetação. A fêmea constrói esta
estrutura embaixo de uma folha ou sob uma superfície de algas flutuantes, usando-se de fios de seda
segregados por duas fileiras móveis sobre seu abdômen. Embaixo do suporte vegetal coloca uma
bolha de ar, que introduz dentro da seda; depois bota entre 50 e 100 ovos, cada um revestido com
seda, acrescenta ar e fecha a barquinha, construindo finalmente o periscópio. <FECHAR BOX>.

Você conhece um lepidóptero? Quais as semelhanças entre um lepidóptero e um


coleóptero? O que diferencia um lepidóptero de um coleóptero?

A ordem dos lepidópteros, depois dos coleópteros, é a que encerra maior número de
espécies. São estes animais que o povo conhece sob o nome de borboletas (Figura 11) e
mariposas. Os lepidópteros são insetos holometábolos, quer dizer, de metamorfose
completa, e, por isso, seu desenvolvimento pós – embrionário comporta três estados
sucessivos: lagarta, crisálida e imago.

Você sabia que os lepidópteros apresentam quatro asas? Essas asas são membranosas,
assim como o corpo e durante o voo exercem um papel respiratório importante, sendo a
sede de trocas gasosas entre o sangue e a atmosfera.

Figura 11: Borboleta – inseto holometábolo da ordem Lepidoptera.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 f).

Agora, você irá fazer uma pesquisa na internet. Você deverá pesquisar e, em seguida,
diferenciar uma borboleta de uma mariposa, considerando as características
morfofisiológicas desses seres vivos. Registre todas essas observações em seu caderno de
anotações. Posteriormente, leia com muita atenção o texto abaixo, que descreve alguns
comportamentos interessantes sobre alguns insetos.

ABRIR BOX: Ampliando o conhecimento>


O nome genérico Pyrops significa “que se parece com fogo” e deriva das palavras gregas “pyr” (fogo)
e “ops” (aspecto). Seu nome provém das antigas tradições, segundo as quais estes insetos eram
capazes de emitir luz durante a noite. Pelo mesmo motivo, o nome da família Fulgoridae significa
“esplendor vivo e intenso”, enquanto que seu nome comum “inseto lanterna”, e em inglês “lantern fly”.
A luminosidade parece ser emitida ou pela sua longa cabeça ou pelo rabo. A cabeça alongada pode
ser considerada um exemplo de automimetismo: o rabo imita a cabeça e vice-versa para confundir
os predadores. São insetos comuns nas selvas tropicais secundárias. Nas selvas sul-americanas
encontramos outro curioso gênero de insetos fulgoridos: o gênero Lanternarias. Estes insetos de
grandes dimensões possuem a cabeça de um pequeno crocodilo. Seu aspecto aterrorizador pode
espantar alguns predadores. Mesmo transmitindo temor, com a forma da sua cabeça, são insetos
absolutamente inócuos e se alimentam da seiva das árvores. Por outro lado cabe destacar que a
cabeça destes insetos fulgoridos, vista de lado, lembra a forma de um amendoim, porém não
podemos dizer que esta semelhança com o fruto lhes tenha proporcionando vantagens evolutivas.
<FECHAR BOX>.

Vamos conhecer os Chelicerata, uma das três linhagens evolutivas dos artrópodes vivos?
O corpo de um quelicerado divide-se em um cefalotórax (ou prossomo) e um abdômen (ou
opistossomo). Os quelicerados não têm antenas. Esta é a característica mais peculiar dos
quelicerados. O primeiro par de apêndices são estruturas alimentares chamadas de
quelíceras. O segundo par é chamado de pedipalpos e encontra-se modificado para
realizar várias funções em classes diferentes. Os pedipalpos são geralmente seguidos por
quatro pares de pernas (Figura 12).

Figura 12: Aranha.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 g).

Existem três classes de quelicerados. Duas pequenas classes (Merostomata e


Pycnogonida) contêm espécies marinhas, mas a maioria dos quelicerados é terrestre e
pertence à classe Arachnida (Figura 12).

ABRIR BOX: Parada obrigatória>


Só a própria imagem das aranhas para muitas pessoas é motivo de medo e repulsa. Esta inquietude
passa se nos afastarmos ou se o visitante morre, voltando toda vez que um animal, etiquetado de
perigoso, cruza nosso caminho. Na verdade falsas lendas e tradições populares alimentam e
consolidam esta aversão, transformando-a num verdadeiro ódio ou fobia. Na realidade quase todas
as espécies de aranhas conhecidas, são inócuas, apenas umas poucas espécies provocam reações
locais se comparadas à picada de uma abelha. Na Europa meridional vivem numerosas espécies de
aranhas, entre as mais famosas temos: a viúva negra mediterrânea, a tarântula e a aranha da
cruz. A viúva negra mediterrânea ou europeia é a única aranha da zona temível pela sua picada, vive
principalmente nos espaços abertos e rurais e são um problema nas regiões onde há colheitas
manuais, porém normalmente costumam se esquivar. É uma aranha de pequenas dimensões, até 1,5
cm, e são reconhecidas facilmente pelo seu corpo preto com 13 manchas vermelhas localizadas em
seu abdômen dorsal. A aranha da cruz é reconhecida pelas enormes teias fabricadas nos jardins e
parques urbanos; são inconfundíveis pela faixa amarela e preta de seu abdômen. A Tegenaria
parietina é a maior aranha, alcança os 16 cm com as patas abertas, prefere lugares frescos e
frequenta porões e velhas habitações. Apesar de seu aspecto terrífico, o efeito da sua picada não
apresenta grandes consequências para o homem. Muitas aranhas, no entanto, não tecem uma teia
para sua alimentação e sim, por serem predadores ativos, para perseguir e emboscar suas presas. A
tarântula ou aranha caranguejeira é conhecida pela dança da tarantela: acreditava-se que a picada
desta aranha provocava a dança conhecida por tarantismo, caracterizada pelo mal-estar geral e uma
sintomatologia psiquiátrica similar à epilepsia. Acreditava-se que era possível neutralizar os efeitos do
veneno pulando e suando: daí a crença popular de que a dança e a música poderiam curar o mal-
estar. Outras espécies que não constroem teias são as da família Salticidae, ou “aranha-saltadoras”,
de cores vivas e olhos particularmente desenvolvidos, ou também as da família dos Thomisidae, ou
aranhas-caranguejo, que se mimetizam com as corolas das flores à espreita de seu inseto favorito.
<FECHAR BOX>.

A aranha (Figura 12) caracteriza-se pela presença de quatro pares de patas e cefalotórax,
não existindo antenas nem asas. A maioria das aranhas, por meio das glândulas fiandeiras,
tece teias sobre árvores e arbustos, onde vivem.

Os aracnídeos são representados pelas aranhas, escorpiões, opiliões e ácaros, entre outros
grupos menos conhecidos. Observe que eles apresentam o corpo bem característico,
dividido em prossoma e opistossoma, quatro pares de pernas locomotoras e um par de
pedipalpos, além do par de quelíceras. A presença de quelíceras é a apomorfia que
justifica a inserção dos aracnídeos nos Chelicerata (RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002).

Agora, você deverá fazer uma pesquisa na internet. Em seguida, preencha a tabela abaixo,
caracterizando as classes de artrópodes indicadas.

CLASSES DE ARTRÓPODES
Características Insetos Aracnídeos Crustáceos Quilópodes Diplópodes

Divisão do corpo

Número de patas

Número de antenas

Pedipalpos

Quelíceras
Depois de completar a tabela acima, faça uma comparação das características encontradas
em cada classe de artrópodes. O que são pedipalpos e quelíceras? Essas estruturas estão
presentes em todas as classes de artrópodes? Elas são encontradas em outros filos de
invertebrados?

Agora, observe atentamente as figuras 13 e 14. Certamente você conhece os animais


abaixo. Não é verdade? Você sabia que esses dois representantes fazem parte da classe
Arachnida?

Figura 13: Escorpião - representante da ordem Scorpionida.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 h).

Figura 14: Aranha - representante da ordem Araneae.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 i).
Considerando as ilustrações acima, quais aspectos externos você consegue identificar
nesses dois animais? Quais as diferenças mais notáveis? Por que os dois representantes
fazem parte da classe Arachnida?

Analisando a figura 15 e comparando-a com as figuras 13 e 14, descreva as características


gerais dos três representantes. Não se esqueça de consultar a tabela que você preencheu
anteriormente ao pesquisar sobre as classes de artrópodes.

Figura 15: Classe Insecta.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 j).

Nesse momento, você deverá analisar cuidadosamente a figura 16. Esses representantes
da classe Crustacea existem na região onde você mora? Quais as relações que existem
entre esses crustáceos e o homem? Os crustáceos apresentam extremidades articuladas
como os insetos e aracnídeos?
Figura 16: Crustáceos.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 f).

O escorpião (Figuras 13 e 17) se encontra entre os mais velhos artrópodes terrestres


conhecidos. Você sabia disso? Segundo Barnes e Ruppert (1996, p.611), os escorpiões do
Siluriano e do Devoniano eram:

aquáticos, possuíam brânquias e não tinham garras társicas. Os escorpiões


terrestres apareceram no Carbonífero superior e acredita-se que tenham
evoluído a partir dos euripterídeos. Os escorpiões são geralmente discretos,
escondendo-se durante o dia sob troncos, cascas de árvores, pedras e em
fendas de rocha ou buracos no solo. Os escorpiões são encontrados
frequentemente próximos a habitações, e o costume do deserto de
chacoalhar os sapatos de manhã é uma precaução sábia. Muitas espécies
habitam regiões desérticas. De fato, a Baixa Califórnia hospeda a maior
densidade de escorpiões no mundo.

Figura 17: Escorpião dourado chinês.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 k).

O corpo do escorpião (Figura 17) consiste de um prossomo revestido por uma carapaça e
de um abdômen longo, que termina em um aparelho do ferrão. No meio da carapaça
encontra-se um par grande de olhos medianos elevados. Além disso, dois a cinco pares de
pequenos olhos laterais encontram-se presentes ao longo da margem lateral anterior da
carapaça. As quelíceras são pequenas e com garras, projetando-se anteriormente para a
frente do corpo. Os pedipalpos bastante aumentados (que são uma característica distinta
dos escorpiões) formam um par de tenazes para capturar presas. O abdômen do escorpião
é composto de um pré-abdômen de sete segmentos e de um pós-abdômen de cinco
segmentos estreitos, de forma que as duas regiões se diferenciam claramente, constituindo
uma característica primitiva. Um par de placas operculares esconde a abertura genital no
lado meio-ventral do primeiro segmento abdominal. Um par de apêndices sensoriais,
conhecido como pectinas (que são peculiares dos escorpiões), é encontrado
posteriormente às placas genitais e preso ao segundo segmento abdominal. Cada pectina é
uma estrutura em forma de “pente” que se projeta em cada lado a partir do ponto de ligação
próximo à linha média ventral. No lado ventral de cada terço por meio de sexto segmento
abdominal encontra-se um par de espiráculos transversais que se abre nos pulmões
laminares (BARNES; RUPPERT, 1996).

Vamos pesquisar novamente? Você mesmo irá escolher as espécies a serem pesquisadas.
Mas, para isso, selecione o nome de três espécies de escorpiões e, em seguida, sintetize no
quadro a seguir, suas observações sobre essas espécies: aspectos gerais e evolução; a
história natural desses representantes; a estrutura, comportamentos e hábitos, e como
ocorre a reprodução.

OBSERVAÇÕES

Aproveite as pesquisas que foram feitas sobre os artrópodes para comparar as suas
informações com o que você já estudou sobre os moluscos. Você conseguiria explicar o que
um escorpião ou uma aranha (Figura 19) possui em comum com um molusco gastrópode?
(Figura 18) Em que aspectos você os diferenciaria? Essas comparações são importantes
para que você consiga compreender como as espécies na natureza evoluíram ao longo do
tempo, e que muitas características morfológicas e fisiológicas podem ser compartilhadas
entre várias espécies, mesmo sendo de filos diferentes.
Figura 18: Molusco gastrópode.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella(2011 a).

As aranhas são de vida livre, solitária e predadoras, alimentando-se principalmente de


insetos. Elas possuem o cefalotórax e o abdômen unidos por uma “cintura” estreita. As
quelíceras são pequenas, com dois artículos e um ducto venenoso que termina em um
aguilhão por onde a aranha injeta o veneno. Nos pedipalpos dos machos encontra-se o
bulbo genital.

Aranhas caçadoras esperam pelo alimento ou perambulam à procura dele, subjugando-o


(Lycosa) ou saltando sobre ele (Salticus). Outras aranhas aprisionam suas presas em teias.
Pequenas presas são agarradas, mortas por uma picada rápida do acúleo que contém o
veneno e “comidas”- realmente, enquanto a presa está sendo segurada, ela é parcialmente
digerida por enzimas despejadas pelo intestino. Peças maiores de alimento podem primeiro
ser circundadas por uma cobertura de seda ou presas na teia e então mortas. O veneno
mata invertebrados rapidamente e o de algumas aranhas grandes (Eurypelma) vence
pequenos vertebrados (STORER et al.,2002).
Figura 19: Aracnídeos.
Fonte: WIKIPÉDIA (2011 a). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Arachnida.jpg.Acesso
em: 25 de maio de 2011.
Autor: Ernst Haeckel (1834–1919).

Vamos pesquisar? Você irá pesquisar as características gerais das seguintes


aranhas: Lycosa erythrognatha (tarântula); Phoneutria nigriventer (armadeira); Loxosceles
rufipes (aranha marrom); Latrodectus mactans (viúva negra) e Lasidiora sp (caranguejeira)
e, em seguida, sintetize no quadro abaixo, as observações mais interessantes dessas
espécies.
OBSERVAÇÕES

As mais de 38.000 espécies de crustáceos incluem alguns dos artrópodes mais familiares,
tais como os caranguejos, os camarões, as lagostas (Figura 20), os lagostins e os
tatuzinhos. Além disso, uma miríade de pequenos crustáceos que vive nos mares, lagos e
lagoas do mundo ocupa uma posição importante nas cadeias alimentares aquáticas.

Os crustáceos são os únicos artrópodes cujos membros são primariamente aquáticos. A


maioria dos crustáceos é marinha, mas existem muitas espécies de água doce. Além disso,
existem alguns grupos semiterrestres e terrestres, mas em geral, os crustáceos terrestres
nunca sofreram uma evolução adaptativa extensa para a vida em terra.
Figura 20: Lagosta.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 b).

A cutícula nos crustáceos é dura, de onde vem o nome Crustacea. Essa cutícula algumas
vezes torna-se calcificada, como as conchas dos moluscos, devido à impregnação de
carbonato de cálcio. A grande maioria dos crustáceos é de vida livre, porém ocorrem
também espécies comensais e parasitas. Os crustáceos têm grande importância ecológica,
pois muitas espécies são elos de várias cadeias alimentares (RIBEIRO-COSTA; ROCHA,
2002).

A classe Crustacea incluem animais que se distinguem dos demais artrópodes pela
presença de dois pares de antenas e por possuírem dez ou mais pares de patas. Você já
sabia dessas informações? O corpo geralmente é conspicuamente segmentado, tendo as
formas primitivas um grande número de segmentos (até 60) enquanto as formas mais
evoluídas têm muito menos, geralmente 19 (MALACOSTRACA).

Por conveniência, os crustáceos são divididos em dois grupos: os crustáceos de pequeno


tamanho chamados coletivamente de ENTOMOSTRACA, e o outro a subclasse
MALACOSTRACA, que compreende os crustáceos maiores e bem conhecidos. Mais de
dois terços de todos os crustáceos pertencem aos MALACOSTRACA (Figura 21) e por isso
é conveniente usar um membro deste grupo para apresentar a anatomia e a fisiologia dos
crustáceos (STORER et al.,2002).

Um exoesqueleto contendo quitina reveste a totalidade do corpo e é endurecido, exceto nas


articulações, onde é fino e mole para permitir os movimentos. O corpo compreende um
cefalotórax anterior rígido e um abdômen posterior articulado.
Figura 21: Lagosta – um representante da subclasse MALACOSTRACA.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 c).

Em oposição às cerdas simples e sólidas da minhoca, a lagosta tem um par de


extremidades articuladas em cada segmento; estas contêm feixes antagônicos de
músculos para seu movimento. As articulações das extremidades torácicas não estão
todas no mesmo plano, de modo que estes membros podem ser movidos em várias
direções. As extremidades dos diferentes segmentos são formadas por partes que diferem
em número, estrutura e função.

As curtas antênulas e longas antenas são estruturas sensitivas móveis que testam e
recobrem estímulos do ambiente. As mandíbulas fortes trituram o alimento, o qual é
manipulado pelas maxilas e maxilípedes. As grandes quelas (pinças) servem par ataque e
defesa, e as outras pernas locomotoras (pereiópodos) são usadas para locomoção,
manipulação do alimento e limpeza do corpo. As pernas abdominais (pleópodos) ajudam
na respiração e carregam os ovos nas fêmeas e os largos urópodos, como o telso, formam
um remo terminal largo para natação e proteção dos ovos (Figura 20).

Agora, observe atentamente as figuras 22 e 23. Você conhece esses dois animais?
Primeiramente, identifique-os e classifique-os. Posteriormente, compare esses dois
artrópodes em relação aos seguintes processos fisiológicos: excreção, respiração,
circulação e reprodução. Seja bastante criterioso (a) em suas observações e se for
necessário, pesquise as suas dúvidas na internet ou leia novamente os capítulos de
Fisiologia Animal Comparada das etapas III e IV do curso de Ciências Biológicas para
obter mais informações desses animais.
Figura 22: Classe Insecta.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das
Dores Duarte Teruel (2011 l).

Figura 23: Classe Crustacea.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 d).
Você já ouviu falar dos cirrípedes (Figura 24)? Eles incluem os animais marinhos familiares
conhecidos como cracas. Os cirrípedes são o único grupo de crustáceos sésseis, além das
formas parasitárias e, como resultado, são um dos grupos mais aberrantes de Crustacea.
De fato, foi somente em 1830 (quando foram descobertos os estágios larvais) que se
reconheceu completamente a relação entre cracas e outros crustáceos, sendo aquelas
removidas do filo Mollusca. As cracas são exclusivamente marinhas. Aproximadamente dois
terços das quase 900 espécies descritas têm vida livre, prendendo-se a rochas, conchas,
corais, madeiras flutuantes e outros objetos. Algumas cracas são comensais de baleias,
tartarugas, peixes e outros animais, e um grande número de cracas é parasita (BARNES;
RUPPERT, 1996).

Figura 24: Classe Cirripedia.


Fonte: WIKIPÉDIA (2011 b). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Cirripedia.jpg.
Acesso em: 25 de maio de 2011.
Origem: Kunstformen der Natur (1904).

Agora, eu lhe proponho outro questionamento: o que são copépodes? Onde eles vivem?

Os copépodes (Figura 25) são a maior classe se pequenos crustáceos, com mais de 8500
espécies descritas. A maioria dos copépodes é marinha, mas existem muitas espécies de
água doce e algumas que vivem em liquens, filmes de água no solo e húmus de folhas.
Também existem muitos parasitários de vários animais marinhos e de água doce,
particularmente peixes. Os copépodes marinhos existem em números enormes e constituem
geralmente o componente mais abundante e evidente de uma amostra de plâncton.

Figura 25: Classe Copepoda.


Fonte: WIKIPÉDIA (2011 c). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Copepoda.jpg.
Acesso em: 25 de maio de 2011.
Autor: Ernst Haeckel (1834–1919).

A ordem DECAPODA (Figura 26) contém os familiares camarões, lagostins, lagostas e


caranguejos, sendo a maior ordem de crustáceos. Barnes e Ruppert (1996, p. 673) afirmam
que:

os aproximadamente 10.000 decápodos descritos representam quase um


quarto das espécies de crustáceos conhecidas. A maioria dos decápodos é
marinha, mas os lagostins, alguns camarões e caranguejos invadiram a
água doce. Também existem alguns caranguejos terrestres. Os decápodos
possuem os primeiros três pares de apêndices torácicos modificados como
maxilípedes. Os cinco pares de apêndices torácicos restantes são pernas,
de onde o nome Decapoda deriva. O primeiro par,ou algumas vezes o
segundo, encontra-se frequentemente mais aumentado e com garras e,
quando se encontra construído de tal forma, o membro é chamado de
quelípede.
Figura 26: Ordem Decapoda.
Fonte: WIKIPÉDIA (2011 d). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Decapoda.jpg.
Acesso em: 25 de maio de 2011.
Autor: Ernst Haeckel (1834–1919).

Você sabia que o relacionamento entre os artrópodes e o homem assume múltiplos


aspectos, que vão desde o alimentar e a utilização como iscas para pescadores até o
emprego em medicina popular?

Portanto, para ampliar suas informações a respeito dessa indagação, você deverá pesquisar
na internet sobre “a importância dos crustáceos na alimentação humana.” Em seguida,
registre todas as suas observações no quadro abaixo.

OBSERVAÇÕES

A partir da observação das figuras 27 a 29, você deverá elaborar um texto, descrevendo as
principais características morfofisiológicas dos animais, a seguir.
Figura 27: Crustáceo decápodo.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011
e).

Figura 28: Crustáceo dioico.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011
f).
Figura 29: O exoesqueleto quitinoso protege o corpo do animal.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011
g).

TEXTO

Estas duas classes (Figuras 30 e 31) eram incluídas em uma única classe, a dos
miriápodos, por possuírem o corpo alongado e inúmeros pares de pés, como o nome
antigo indica. A maioria de seus representantes necessita de ambientes úmidos devido à
ausência de um revestimento ceroso. Existem poucos fósseis dos miriápodes, devido à sua
cutícula pouco resistente, porém alguns dos fósseis mostram que o grupo é bastante antigo,
do Cambriano (RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002).
Você sabe no que os Chilopoda e os Diplopoda se diferenciam? Registre no quadro, a
seguir, as suas observações.

OBSERVAÇÕES

Figura 30: Lacraia.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 m).

Figura 31: Piolho-de-cobra.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 n).
<ABRIR BOX: Saiba mais>
Os piolhos-de-cobra são confundidos, amiúde, com insetos, porém são parte de uma classe de
artrópodes muito diferentes, os diplópodes, que contam entre seus filos com animais de formas
diversas. Possui diferentes dimensões, mas a espécie Agigas ostenta o recorde do piolho-de-cobra
mais longo com 33 cm de comprimento. Apesar de conhecido por mil pés em outros países, a
espécie com maior número de patas é o Illacme plenipes, muito rara, que possui 750 patas; o
restante das espécies tem entre 80 e 400 patas. Devido ao seu grande número de patas e sua
singular estrutura, os piolhos-de-cobra movem-se muito lentamente, mas são excelentes
escavadores. Em qualquer clima os diplópodes são muito importantes na degradação da madeira das
árvores mortas ou em vias, de galhos e folhas em decomposição. Possuem a cutícula incrustada de
sais de cálcio que, no entanto, não oferece grande proteção a estes animais que se defendem por
meio da secreção de glândulas especiais que resultam muito irritantes, provocando o vômito nos
pássaros inexperientes que os bicam e a morte nos pequenos répteis que os ingerem. Não são
animais considerados perigosos para o homem e sua única defesa consiste em enroscar-se sobre si
mesmos. Os olhos dos piolhos-de-cobra são simples e pouco desenvolvidos, e em algumas espécies
estão inutilizados, tornando-os cegos. Os diplópodes estão entre os primeiros animais a colonizar a
terra firme no período geológico Siluriano. Provavelmente alimentavam-se de musgos e de primitivas
plantas vasculares. <FECHAR BOX>.

Acredita-se que cinco grupos de artrópodes relacionados (incluindo as centopeias, os


piolhos-de-cobra e os insetos) tenham tido uma origem terrestre comum. Barnes e Ruppert
(1996, p.780-781) descrevem que esses artrópodes são chamados:

unirremes por causa da natureza não-ramificada aparente dos seus


apêndices. Os apêndices dos crustáceos e os dos quelicerados primitivos,
por outro lado, são compostos de vários ramos (por exemplo, os apêndices
abdominais birremes dos camarões e dos caranguejos). Além do mais, nos
crustáceos, as mandíbulas são apêndices articulados ramificados, nos quais
a peça basal (gnatobase) realiza a função trituradora, mordedora ou
cortadora. A trituração parece ser a função primitiva das mandíbulas dos
crustáceos, que movimentam o alimento para frente em uma boca
posteriormente orientada. O alimento que se move para frente é macerado
pelas gnatobases coxais e também é a condição primitiva nos quelicerados,
tais como os límulos e provavelmente os trilobitas. Nos unirremes, por outro
lado, as mandíbulas não são membros articulados e ramificados e não têm
palpos, e são utilizados para manipular o alimento a partir de baixo, e não
de trás. A característica mais distintiva dos unirremes é a presença de um
único par de antenas, que se acredita ser os apêndices do segundo somito
da cabeça, correspondendo consequentemente às primeiras antenas dos
crustáceos. Os órgãos de troca gasosa são as traqueias, correspondendo
pelo fato que esses animais são algumas vezes chamados de traqueados.
No entanto, o nome não é completamente apropriado, porque muitos
aracnídeos também possuem traqueias. Os órgãos excretores são os
túbulos de Malpighi, mas, como as traqueias, eles se originam
independentemente dos aracnídeos. Embora os zoólogos contemporâneos
concordem que os unirremes constituam uma linhagem evolutiva importante
dos artrópodes, não concordam com relação à origem e ao relacionamento
dos unirremes com os outros membros do filo. Será que os artrópodes são
monofiléticos, significando que todos derivaram de um ancestral artrópode
comum, ou será que são polifiléticos, significando que pelo menos os
traqueados têm uma origem separada de um ancestral não-artrópode? Os
traqueados são animais terrestres, e os artrópodes evoluíram em terra
independentemente dos quelicerados e crustáceos marinhos.

Observe atentamente as figuras 32 e 33. Você identificou alguma semelhança morfológica


nesses animais?
Figura 32: Classe Chilopoda.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 o).

Figura 33: Classe Diplopoda.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 p).

Quais as diferenças mais notáveis entre essas duas classes? Como ocorrem os processos
fisiológicos nessas classes de artrópodes: digestão, respiração, circulação e excreção?
Após os seus estudos, leituras e análises, sintetize no quadro, a seguir, todas as
observações mais significativas das classes Chilopoda e Quilopoda.

OBSERVAÇÕES
3.2 Equinodermos

Você consegue perceber alguma diferença entre o animal da figura 34 e os artrópodes?


Você saberia identificar qual o filo e a classe do animal fotografado (Figura 34)? Quais as
principais características desse animal? Que estruturas são exclusivas desses
representantes?

Figura 34: Estrela-do-mar.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 h).

Os membros do filo Echinodermata encontram-se entre os invertebrados marinhos mais


familiares e os seus representantes, como as estrelas-do-mar (Figura 34), tornaram-se
virtualmente um símbolo da vida marinha. O filo contém cerca de 6.000 espécies conhecidas
e constitui o único grupo importante de invertebrados deuterostômios. Os equinodermos
são exclusivamente marinhos e predominantemente habitantes do fundo. Todos são animais
relativamente grandes, com a maioria tendo pelo menos vários centímetros de diâmetro. A
característica mais incrível do grupo é a sua simetria radial pentameral – ou seja, o corpo
geralmente pode ser dividido em cinco partes dispostas ao redor de um eixo central. No
entanto, essa simetria radial derivou secundariamente de um ancestral bilateral, sendo que
os equinodermos não são intimamente relacionados aos outros filos radiados (BARNES;
RUPPERT, 1996).

O endoesqueleto desses animais é único entre os invertebrados, pois tem origem


mesodérmica e é formado por placas calcárias porosas, preenchidas por tecido vivo,
formando uma estrutura semelhante ao esqueleto dos vertebrados. O sistema ambulacral
dos equinodermos é uma característica única entre os invertebrados. Forma um conjunto
bem organizado de canais que se projetam externamente para realizar captura de alimento,
locomoção, trocas gasosas e eliminação de excretas, entre outras funções (RIBEIRO-
COSTA; ROCHA, 2002).

Neste momento, faça uma pesquisa na internet e, em seguida, complete a tabela abaixo, em
relação às características gerais das classes de equinodermos: Asteroidea; Echinoidea;
Holothuroidea; Ophiuroidea e Crinoidea.

Classes Características

Asteroidea

Echinoidea

Holothuroidea

Ophiuroidea

Crinoidea

A presença de um esqueleto interno é característica de todos os equinodermos. Barnes e


Ruppert (1996, p.900), ao caracterizarem o esqueleto dos equinodermos, escrevem que ele
é:

composto de ossículos calcários que podem articular-se com outros (como


nas estrelas-do-mar e nos ofiúros) ou suturar-se para formar uma concha
esquelética rígida (como nos ouriços-do-mar e nas bolachas-do-mar).
Comumente, o esqueleto porta espinhos ou tubérculos salientes que dão à
superfície corporal uma aparência verrucosa ou espinhosa, daí derivando o
nome equinodermo, que significa “pele espinhosa”. A característica mais
distintiva dos equinodermos é a presença de um sistema exclusivo de
canais celômicos e apêndices superficiais que compõem o sistema
hidrovascular. Primitivamente, o sistema hidrovascular funcionava
provavelmente na coleta e no transporte dos alimentos, mas, em muitos
equinodermos, assumiu uma função locomotora. Os equinodermos
possuem um celoma espaçoso, no qual está suspenso um trato digestivo
bem desenvolvido. Não existem órgãos excretores. As estruturas de troca
gasosa variam de um grupo para outro e parecem ter surgido
independentemente dentro das diferentes classes. Os tratos reprodutivos
são muito simples, pois não há cópula e a fertilização é geralmente externa
na água marinha.
A classe Asteroidea contém as estrelas-do-mar (Figura 35). São equinodermos em forma
de estrela e de movimentos livres, nos quais o corpo é composto de raios ou braços, que se
projetam a partir de um disco central. As 1.500 espécies descritas são animais comuns e
familiares, que rastejam sobre rochas e conchas ou vivem em fundos arenosos ou
lamacentos. São encontradas por todo o mundo, principalmente em águas costeiras, mas o
nordeste do Pacífico (particularmente do Estreito de Puger até as Ilhas Aleutas) possui a
maior concentração de espécies da classe Asteroidea. Setenta espécies são endêmicas
somente da área da Ilha de Vancouver. As estrelas-do-mar são comumente vermelhas,
alaranjadas, azuis, roxas ou verdes ou exibem combinações de cores.

Figura 35: Estrela-do-mar - representante da Classe Asteroidea.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 i).

O sistema hidrovascular, exclusivo dos equinodermos, consiste de canais e apêndices da


parede corporal. Segundo Barnes e Ruppert (1996, p.906) como o sistema inteiro deriva do
celoma:

os canais encontram-se revestidos com um epitélio ciliado e preenchidos


com fluido. O sistema hidrovascular encontra-se bem desenvolvido nas
estrelas-do-mar e funciona como um meio de locomoção. Os canais
internos do sistema hidrovascular conectam-se ao exterior por meio do
madreporito em forma de botão na superfície aboral. A superfície do
madreporito é enrugada com muitos sulcos recobertos pelo epitélio ciliado
da superfície corporal. O fundo de cada sulco contém muitos poros que se
abrem em canais de poros que passam descendentemente por meio do
madreporito. Os canais de poros finalmente levam ao interior de um canal
pétreo vertical, que desce até o lado oral do disco. O canal pétreo é assim
chamado devido aos depósitos calcários em suas paredes. Ao atingir o lado
oral do disco, o canal pétreo junta-se com um canal circular (o canal anelar)
imediatamente no lado interno dos ossículos que circundam a boca.
Você conhece o animal que foi fotografado (Figura 36)? Ele também é um equinodermo.
Mas, quais as características desse animal? Quais as semelhanças entre ele e uma estrela-
do-mar?Que diferenças são perceptíveis? Registre as suas observações no quadro abaixo.

OBSERVAÇÕES
Figura 36: Ouriço-do-mar.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 g).

Os equinoides são equinodermos de movimentos livres comumente conhecidos como


ouriços-do-mar (Figuras 36 e 37), corações-do-mar e bolachas-do-mar. Foram descritas
cerca de 950 espécies. O nome Echinoidea, que significa “semelhante a um ouriço (porco-
espinho)”, refere-se aos espinhos móveis que recobrem os corpos desses animais. O corpo
dos equinoideos não possui braços. Em vez disso, a forma é circular ou oval, e o corpo é
esférico ou grandemente achatado ao longo do eixo oral/aboral. A classe é particularmente
interessante do ponto de vista da simetria porque, embora os ouriços-do-mar sejam
radialmente simétricos, muitos membros da classe que vivem em fundos macios exibem
estágios variados na obtenção de uma simetria bilateral secundária. Uma terceira
característica distintiva da estrutura dos equinoideos é o achatamento e a sutura conjunta
dos ossículos esqueléticos no interior de um estojo sólido (BARNES; RUPPERT, 1996).
Figura 37: Ouriço-do-mar, representante da classe Echinoidea.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 h).

Os ouriço-do-mar (Figura 37) vivem em rochas ou no lodo das praias e no fundo do mar.
Locomovem-se por uso simultâneo dos espinhos e dos pés ambulacrários, e os pés
servem para agarrar objetos no fundo do mar, assim como para segurar pedaços de detritos
contra o corpo do animal para camuflá-lo. As bolachas-da-praia (Figura 38) e ouriços
cordiformes enterram-se superficialmente na areia. Eles não possuem brânquias
peristomiais, mas têm pés ambulacrários especiais modificados em brânquias. Todos os
equinoides limpam seu corpo com movimentos dos espinhos e pedicelárias, e dejeções do
ânus são removidos de modo semelhante. Ouriços comuns alimentam-se variadamente de
plantas marinhas, matéria animal morta e pequenos organismos raspados com a lanterna-
de-Aristóteles.

Bolachas-da-praia (Figura 38) alimentam-se de partículas orgânicas da areia ou do lodo por


meio de ingestão direta do substrato digestivo e vários outros comensais e pássaros vivem
sobre ou no interior do corpo. Peixes, estrelas-do-mar, caranguejos, pássaros e mamíferos
predadores são seus principais inimigos. A maioria dos equinodermos tem pequena
capacidade de regeneração. Gônadas de equinoides, cruas ou assadas na metade da
carapaça, são comidas pelo homem de diversas culturas (STORER et al.,2002).
Figura 38: Classe Echinoidea.
Fonte: WIKIPÉDIA (2011 e). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Echinoidea.jpg.
Acesso em: 25 de maio de 2011.
Autor: Ernst Haeckel (1834–1919).

Os holoturoides são uma classe de cerca de 900 equinodermos conhecidos como


pepinos-do-mar. Como os equinoides, o corpo do holoturoide não dá origem a braços, e a
boca e o ânus localizam-se em polos opostos. Também existem áreas ambulacrais e
interambulacrais dispostas meridionalmente ao redor do eixo polar. No entanto, os
holoturoides distinguem-se dos outros equinodermos por terem o eixo polar bastante
aumentado, o que resulta na forma de um pepino alongado. Essa forma força o animal a
repousar com um lado do corpo contra o substrato. A classe é adicionalmente distinguida
dos outros equinodermos pela redução do esqueleto a ossículos microscópicos e pela
transformação dos pés ambulacrais bucais em um círculo de tentáculos ao redor da boca
(BARNES; RUPPERT, 1996).
Agora, pesquise na internet as características gerais dos equinodermos. Após sua leitura,
estudos e reflexões, complete a tabela, a seguir.

Características gerais dos equinodermos

Revestimento e proteção

Sustentação e locomoção

Nutrição e digestão

Circulação

Respiração

Excreção

Sistema nervoso

Sentidos

Reprodução
Os crinoides são a mais antiga e, em alguns aspectos, a mais primitiva das classes vivas
de equinodermos, os crinoideos presos e com haste, chamados de lírios-do-mar,
floresceram durante a era Paleozoica, e cerca de 80 espécies existem ainda hoje. No
entanto, os modernos lírios-do-mar vivem em profundidades de 100m ou mais e, portanto,
não são comumente encontrados. A maioria dos crinoides vivos pertence a um ramo mais
moderno da classe: a ordem Comatulida. Os comatulideos ou penas-do-mar são de vida
livre, que vivem desde a zona interdidal até grandes profundidades, e alguns ocorrem em
grande número em recifes coralinos. Existem aproximadamente 550 espécies encontradas
primariamente no Indo-Pacífico e nas águas polares. O grupo mais antigo de equinodermos
extintos é o dos Eocrinoidea, conhecido a partir do início do Cambriano até o Ordoviciano.
Os eocrinoideos eram equinodermos com ou sem haste, e com uma teca fechada. Na
extremidade superior ou oral, encontravam-se cinco ambulacros e de cinco a muitos
braquíolos.

A classe Ophiuroidea (Figura 39) contém os equinodermos conhecidos como ofiúros,


estrelas-serpente ou estrelas-cesto. As 2000 espécies descritas tornam essa a maior das
classes de equinodermos. Encontrados em todos os tipos de habitats marinhos, são
frequentemente abundantes em fundos macios em águas rasas e no mar profundo. Os
ofiuroides, como os asteroides, têm braços, mas em outros aspectos as duas classes são
muito diferentes. Os braços extremamente longos dos ofiuroides saem mais precisamente
do disco central. Não existe sulco ambulacral e os pés ambulacrais exercem um pequeno
papel na locomoção, exceto em algumas espécies raras. Além do mais, os braços têm uma
construção relativamente sólida quando comparada com os dos asteroides.

Figura 39: Classe Ophiuroidea.


Fonte: WIKIPÉDIA (2011 e). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Ophi
odea.jpg.
Acesso em: 25 de maio de 2011.
Autor: Ernst Haeckel (1834–1919).
Agora, observe atentamente a figura 40. Você com certeza identificou que é uma estrela-do-
mar. Não é verdade? Para ampliar seus conhecimentos sobre os equinodermos, você
deverá fazer uma pesquisa na internet, e, em seguida, elabore um texto argumentativo com
a temática: A reprodução nas estrelas-do-mar.

Após elaborar seu texto, faça uma comparação morfofisiológica entre os representantes das
figuras 40 e 41.

Figura 40: Estrela-do-mar, um equinodermo asteroide.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 i).

A reprodução nas estrelas-do-mar


Figura 41: Lacraia, um artrópode que apresenta um par de pernas por segmento.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 q).

Comparação morfofisiológica

Neste momento, você irá fazer uma comparação entre as figuras 40 e 42. Seja bastante
criterioso (a) em suas observações e se for necessário, pesquise as suas dúvidas na
internet ou leia novamente os capítulos de Fisiologia Animal Comparada do curso de
Ciências Biológicas para obter mais informações desses animais.
Figura 42: Hipopótamo – mamífero da ordem Artiodactyla.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 j).

Há alguma semelhança entre os representantes das figuras 40 e 42? Registre as suas


observações no quadro, a seguir.

OBSERVAÇÕES

Estamos terminando o estudo do capítulo: A luta pela sobrevivência, ressaltando os


aspectos conceituais por meio de desenhos e observações científicas.

A seguir, vamos lhe propor a realização de atividades. Não tema esquecer algumas
informações, releia os textos e pesquise constantemente, organize o conhecimento a partir
não da lógica que estrutura a ciência, mas de situações de aprendizagem que tenha sentido,
que lhe permitam adquirir um instrumento para agir em diferentes contextos e,
principalmente, em situação de vida.

Antes de realizá-las, sugerimos que crie interesse pelo estudo, independentemente de


vivências, de referências, e coloque a ciência como um meio para ampliar a compreensão
da realidade, refletindo nos problemas, hipóteses e resultados.

Bons estudos e lembre-se de que a busca de informações é um procedimento importante


para a sua aprendizagem, pois estar formado para a vida significa mais do que reproduzir
dados, denominar classificações ou identificar símbolos, significa saber se informar,
comunicar-se, argumentar, compreender e agir.

Resumo

Os artrópodes constituem aproximadamente 60% das espécies animais conhecidas. O filo


inclui diversas e variadas classes como: crustáceos (camarões, siris e lagostas), insetos
(mosquitos, borboletas e besouros), aracnídeos (aranhas, escorpiões e carrapatos),
quilópodes (lacraias) e diplópodes (piolhos de cobra).

A enorme diversidade de adaptação dos artrópodes permitiu que esses animais vivessem
em todos os ambientes. A posse de um exoesqueleto contendo quitina, que evita a perda de
água, possibilitou aos artrópodes a exploração eficiente do ambiente terrestre.

Os equinodermos são exclusivamente marinhos, vivendo nas praias e a grandes


profundidades. São totalmente diferentes dos demais invertebrados no que diz respeito à
formação do celoma, à clivagem radial do ovo, à deuterostomia e à presença de um
endoesqueleto calcário de origem mesodérmica.

A estrutura exclusiva dos equinodermos é o sistema vascular aquífero ou sistema


ambulacrário. Trata-se de uma parte especializada do celoma, responsável pela locomoção
do animal.

Atividades

Atividade 1
Paulo é estudante do Ensino Médio, e passou a manhã toda observando os animais em
uma mata. Indique qual o filo de animais que deveria estar mais representado nas
observações de Paulo e duas características importantes desse filo.

Atividade 2
Faça uma tabela comparando insetos, aracnídeos e crustáceos, em relação às seguintes
características: divisões do corpo, número de patas e de antenas, respiração e excreção.
Atividade 3
Numa aula de Biologia, os alunos classificaram os artrópodes que o professor lhes
apresentou em três grupos, de acordo com características que distinguiam cada grupo dos
demais:

I) aranha e mosca;
II) gafanhoto e escorpião;
III) lagosta e siri.

O professor disse que a classificação estava errada.

a) Reagrupe os animais, corrigindo os erros.


b) Cite uma característica externa exclusiva de cada grupo que você formou.

Atividade 4
Num almoço em que se serviu siri, lagosta, mexilhão, ouriço-do-mar, lula e polvo, pode-se
afirmar que foram servidos:

a) somente moluscos;
b) crustáceos, moluscos e peixes;
c) somente peixes e crustáceos;
d) crustáceos, moluscos e equinodermos;
e) somente moluscos.

Atividade 5
Parapódios, rádula e lanterna-de-aristóteles são estruturas que ocorrem, respectivamente,
em:

a) anelídeos, poríferos e crustáceos;


b) nematelmintos, equinodermos e moluscos;
c) anelídeos, poríferos e equinodermos;
d) moluscos,equinodermos e cnidários;
e) anelídeos,moluscos e equinodermos.

Referências

BARNES, Robert D.; RUPPERT, Edward E. Zoologia dos invertebrados. 6. ed. São Paulo: Roca,
1996.

FUTUYMA, Douglas J. Biologia evolutiva. 2. ed. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética,
1997.

PURVES, William K. Vida: a ciência da biologia; trad. Anapaula Somer Vinagre... [et al.]. 6. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2005.

RIBEIRO-COSTA, Cibele S.; ROCHA, Rosana M. Invertebrados: manual de aulas práticas. Ribeirão
Preto: Holos, 2002.
STORER, T. I., et al . Zoologia geral. 6. ed. São Paulo: Nacional, 2002.
4 As primeiras evidências da existência dos
vertebrados
Ricardo Baratella

Introdução

Neste capítulo, iniciaremos o estudo da Zoologia dos Vertebrados. Abrange, sobretudo, os


aspectos da morfologia e da fisiologia dos cordados, e como eles vivem em seus ambientes.
Estes temas estão organizados de acordo com os principais parâmetros ambientais:
oxigênio, alimento e energia, água e temperatura.

Esta estruturação é importante, pois não há meios de se tornar um bom biólogo sem
entender o funcionamento dos organismos vivos em seu ambiente. O texto contém
referências à literatura científica, que estão organizadas para ajudar estudantes
interessados em satisfazer sua curiosidade, sem ter de procurar informação difícil de ser
obtida.

Agora, vamos começar nossos estudos sobre os vertebrados, desde as alterações


provocadas pelos novos conhecimentos da Biologia até o papel do documento fossilífero do
processo biológico, sempre de acordo com um contexto ecológico, zoogeográfico e
filogenético.

A análise filogenética dos organismos vivos fornece evidências indiretas de muitos


aspectos de sua história evolutiva. A única evidência direta dessa história, entretanto, é
dada pelo registro dos fósseis, mas a raridade de muitas espécies fósseis nos dá uma ideia
do vasto número das quais nós não temos registro. São nas rochas sedimentares
depositadas em épocas passadas que nós encontramos não apenas vestígios ancestrais
dos organismos atuais, mas os traços de inumeráveis outros que atingiram o apogeu, para
desaparecerem completamente.

Na ausência de um registro adequado de fósseis, a história da distribuição atual de um


grupo pode inferir-se, em muitos casos, porém nem sempre, a partir de uma análise
filogenética (FUTUYMA, 2009).

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Filogenética
Refere-se a genealogia das espécies, isto é, a sequência com que surgiram na Terra os seres, no gradativo
processo de especiação.
<FIM DO GLOSSÁRIO>
Figura 1: Um peixe fossilizado que conservou-se em rochas sedimentares.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Cilene Castejón (2011 a).

O ambiente no qual os organismos evoluíram sofreu mudanças muito grandes. A


distribuição dos mares e das massas continentais mudou drasticamente durante o tempo
geológico, por efeito da tectônica de placas. A migração das placas e dos continentes teve
uma forte influência nos níveis oceânicos, correntes oceânicas, climas e principalmente, na
distribuição geográfica dos organismos (FUTUYMA, 2009).

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Tectônica de Placas
Movimentos que se verificam na crosta terrestre, por ação de forças internas, como o vulcanismo e deslizamento
das placas continentais, que condicionam profundas alterações na estrutura da litosfera.
<FIM DO GLOSSÁRIO>.

Muito antes de Darwin ter convencido o mundo científico da realidade da evolução, geólogos
haviam estabelecido a cronologia relativa dos períodos geológicos, isto é, sua ordem
cronológica, com base no principio da superposição – rochas mais jovens são depositadas
sobre rochas mais antigas.

Os estratos podem, muitas vezes, se referir a períodos geológicos, ou a estágios dentro de


períodos, com base no seu conteúdo fossilífero – fósseis índice de espécies que persistiram
por períodos tão curtos que identificam as idades nas quais viveram. Somente a partir do
início do século XX, quando a desintegração radioativa foi descoberta, tornou-se possível
obter a idade absoluta das rochas.

Segundo alguns ecólogos, grandes áreas incluem mais habitats, que mantêm diferentes
espécies e assim, podem abrigar grandes populações, as quais terão menor risco de
extinção que pequenas populações. Apesar de geralmente se estimar que a maioria das
espécies que já viveram estão extintas, pouco se sabe sobre as causas diretas da extinção,
já que as pressões seletivas podem surgir, mesmo que o ambiente permaneça inalterado. A
extinção exerce um papel importante na diversificação da vida e a destruição de habitats
constitui, no momento, a maior ameaça para as espécies. Mesmo sem mudanças genéticas,
algumas espécies sobrevivem a mudanças ambientais. Ao longo dos anos, quase todas as
catástrofes foram sugeridas para explicar extinções em massa, mas frequentemente não há
evidências.

A diversidade aumentou rapidamente e alcançou níveis de equilíbrio mais altos ao longo do tempo
geológico. Muito do aumento na diversidade, a longo prazo, pode ser consequência da exploração
de uma maior variedade de recursos, provavelmente porque muitas espécies constituam recursos
para outras espécies.

Você sabia que a evolução tem um papel central na biologia dos vertebrados? Ela
proporciona o princípio básico que organiza a diversidade dos seres vivos e a estabilidade
das comunidades, assim como ajuda a enquadrar as espécies extintas no contexto das
atuais. As ideias atuais sobre evolução enfatizam a seleção natural atuando ao nível dos
indivíduos como mecanismo predominante na produção de mudanças ao longo do tempo.

Os eventos evolutivos estão intimamente associados às mudanças que ocorreram na Terra


durante a história dos Chordata. Essas mudanças são resultado dos movimentos
continentais e dos efeitos de tais movimentos no clima e na geografia.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Chordata
Animais portadores de um cordão dorsal ou notocorda, em pelo menos uma fase do desenvolvimento da vida.
<FIM DO GLOSSÁRIO>

Os movimentos continentais e as alterações climáticas tiveram uma influência significativa na


distribuição e diversidade dos vertebrados.

Neste momento, observe atentamente a figura 2. Ela propõe a demonstrar à origem dos
equídeos e sua distribuição geográfica.

Figura 2: Os equídeos.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 a).
Todos os continentes já estiveram reunidos, há milhões de anos formando um único,
chamado Pangeia. Desde então, vêm se deslocando uns dos outros sobre a superfície da
Terra, devido as enormes forças subterrâneas, ou seja, movimentos de circulação interna
das rochas situadas nas grandes profundidades do planeta (Figura 2).

Depois de povoarem o continente americano e de se extinguirem no euro-asiático, de onde


procediam, os equídeos (Figura 2) atravessaram outra vez o istmo de Bering e distribuíram-
se pela Ásia, Europa e África, extinguindo-se na América.

Você sabia que os evolucionistas estão sempre invocando mudanças ambientais para
explicar a extinção ou a origem das adaptações dos seres vivos? Em consequência das
contínuas alterações que passaram os continentes, também os seres vivos se alteraram, em
um constante processo de evolução. A compreensão dos princípios e dos processos
evolutivos é essencial à diversidade dos vertebrados, já que esta diversidade é o resultado
direto da evolução.

Objetivos

Este capítulo abordará o estudo da origem, evolução, diversidade e classificação dos


diferentes tipos de vertebrados, de forma contextualizada e crítica, estabelecendo inter-
relações de conhecimentos, por meio de estudos de comportamento, fisiologia e ecologia,
que refletem a extraordinária atividade da Biologia, em um contexto explicitamente evolutivo
das diferentes linhagens de vertebrados. Nessa perspectiva, depois de estudar este
capítulo, você deverá ser capaz de:

 descrever as modificações mais difundidas na ampla adoção de cladística, como


base para determinar as relações filogenéticas entre os organismos;
 relacionar as informações sobre ecologia, comportamento e fisiologia, de modo a
apresentar a interação dos vertebrados com seus ambientes;
 identificar as características básicas dos vertebrados e as modificações progressivas
desses caracteres durante a evolução.

Esquema

4.1 Diversidade, evolução e classificação dos vertebrados


4.2 Classificação dos vertebrados
4.3 O que é um vertebrado?
4.3.1 Subfilo Urochordata ou Tunicata
4.3.2 Subfilo Cephalochordata

4.1 Diversidade, evolução e classificação dos vertebrados

Os vertebrados vivem praticamente em todos os habitats da Terra e são muito


diversificados: as 50.000 espécies atuais variam, em tamanho, de peixes pesando apenas
0,1 gramas quando plenamente adultos até baleias que pesam cerca de 100.000
quilogramas.

Os comportamentos dos vertebrados são tão diversos e complexos quanto suas formas,
como é o caso típico de alguns herbívoros (Figura 3): eles apresentam um conjunto de
especializações para alimentar-se de plantas, estas especializações, incluem dentes
esculturados e tratos digestivos com regiões onde microrganismos mutualísticos digerem
os componentes inacessíveis ao sistema digestório dos vertebrados.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Mutualísticos
Organismos que exercem uma relação harmônica, que resulta em benefícios para ambos os associados.

Figura 3: Búfalos - mamíferos ruminantes.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 b).

A reprodução é considerada por alguns biólogos, um fator crítico na evolução dos


organismos e os vertebrados mostram um conjunto surpreendente de comportamentos
associados ao acasalamento e reprodução.
Figura 4: Cavalo-marinho (Hippocampus punctulatus).
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 c).

A fêmea (Figura 4) deposita os ovos numa bolsa existente no ventre do macho, os ovos se
desenvolvem até o nascimento dos filhotes, nessa ocasião, a fêmea já está bem longe dos
seus descendentes.

Segundo Goslow e Hildebrand (2006), o estudo do dimorfismo sexual pode ser importante,
tanto para a determinação do sexo de um vertebrado quanto para evitar a confusão entre
características sexuais e características específicas e adaptativas de outras naturezas. O
dimorfismo sexual se relaciona, principalmente, às gônadas, à genitália externa e aos
órgãos sexuais acessórios; tais traços podem ser bem distintos ou muito similares em uma
espécie (Figura 5).

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Dimorfismo sexual
Conjunto de diferenças que distinguem a fêmea do macho de determinada espécie, no que refere aos caracteres
sexuais secundários.

Gônadas
Glândulas sexuais ou genitais; produzem os gametas nos animais e também tem por função a secreção e
liberação de hormônios sexuais.
<FIM DO GLOSSÁRIO>.
Segundo Goslow e Hildebrand (2006), o estudo do dimorfismo sexual pode ser importante, tanto para a
determinação do sexo de um vertebrado quanto para evitar a confusão entre características sexuais e
características específicas e adaptativas de outras naturezas. O dimorfismo sexual se relaciona,
principalmente, às gônadas, à genitália externa e aos órgãos sexuais acessórios; tais traços podem ser bem
distintos ou muito similares em uma espécie

Figura 5: Órgãos genitais externos da hiena-pintada fêmea, vendo-se o clitóris peniforme e o falso escroto.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Cilene Castejón (2011 b).

Por que os altos níveis de hormônios andrógenos levariam ao aparecimento de falsos pênis
e escrotos, nas hienas (Figura 5)? Afinal, os animais que os desenvolvem ainda são
geneticamente fêmeas. Como podem genes femininos produzir imitações das estruturas
sexuais masculinas, mesmo em um meio de alta concentração de hormônios andrógenos?
O exame da base do desenvolvimento da anatomia sexual pode resolver esse dilema.

Acredite! Os mamíferos têm em comum um padrão para a embriologia dos órgãos sexuais,
por isso, podemos tomar os humanos como exemplo. O embrião recente é sexualmente
indiferente e contém todos os precursores e estruturas necessárias para o desenvolvimento,
quer dos órgãos masculinos, quer dos femininos.

Depois de cerca de oito semanas de concepção, as gônadas começam a se diferenciar em


testículos e ovários. Os testículos em formação secretam andrógenos que induzem o
desenvolvimento da genitália masculina. Se os andrógenos estiverem ausentes, ou
presentes em baixos níveis, forma-se uma genitália feminina.

Os órgãos genitais externos e internos desenvolvem-se de maneiras diferentes. Com


relação aos internos, o embrião recente tem precursores de ambos os sexos: os ductos de
Muller (que formaram as tubas uterinas e os ovários nas fêmeas) e os ductos de Wolff
(que formaram os vasos deferentes – os ductos que levam o esperma dos testículos ao
pênis – dos machos). Nas fêmeas os ductos de Wolff degeneram e os ductos de Muller se
diferenciam; os machos se desenvolvem pelo caminho inverso.
Os órgãos genitais externos seguem um modelo marcadamente diferente. Os indivíduos não
começam com dois conjuntos distintos de precursores, para depois eliminar um deles e
desenvolver o outro. Em vez disso, os órgãos do macho e da fêmea, embora diferentes,
desenvolvem-se a partir de um mesmo precursor, seguindo caminhos divergentes. O pênis
do macho é o mesmo órgão que o clitóris da fêmea – formam-se do mesmo tecido e são
indistinguíveis no embrião recente, seguindo caminhos diferentes mais tarde. O escroto do
macho é do mesmo órgão que constitui os grandes lábios da fêmea. Esses lábios só
crescem mais, dobram-se para cima e juntam-se ao longo do seu eixo longitudinal,
fundindo-se para formar o saco escrotal.

O curso do desenvolvimento sexual da fêmea, num certo sentido, é biologicamente


intrínseco a todos os mamíferos. É o modelo que se desenvolve na ausência de qualquer
influência hormonal. O caminho do macho é uma modificação induzida pela secreção de
andrógenos pelos testículos em desenvolvimento. O mistério da imitação dos machos pelas
hienas fêmeas podem em grande parte ser solucionado ao compreendermos esses fatos
fundamentais da anatomia do desenvolvimento. As hienas fêmeas mantêm altos níveis de
hormônios andrógenos. Podemos então concluir que as surpreendentes e complexas
peculiaridades da anatomia da fêmea da hiena-pintada na realidade são simplesmente
produzidas quase que automaticamente, por um único e fundamental efeito: a secreção de
quantidades inusitadamente grandes de andrógenos pelas fêmeas.

A natureza automática dos clitóris peniformes e dos falsos escrotos das fêmeas mamíferas
com elevados níveis de andrógeno pode ser ilustrada por padrões incomuns do
desenvolvimento humano. As glândulas suprarrenais também secretam andrógenos, mas
geralmente em pouca quantidade. Em algumas fêmeas genéticas, as suprarrenais se
desenvolvem anormalmente e secretam níveis elevados de andrógenos. Essas menininhas
nascem com um pênis e um falso escroto. Alguns anos atrás, um medicamento destinado a
evitar abortos involuntários foi lançado no mercado. Tinha o infeliz efeito colateral de imitar a
ação dos andrógenos naturais. Os bebês do sexo feminino nasciam com um clitóris muito
aumentado e um saco escrotal vazio, formado pela fusão dos grandes lábios.

Você sabia que a adaptação é um conceito muito importante para a biologia evolutiva dos
vertebrados?

Segundo Goslow e Hildebrand (2006, p.7), a adaptação é:

o processo evolutivo de se tornar ajustado a um modo de vida em um


determinado ambiente.Um exemplo típico de adaptação acontece com
alguns répteis que produzem calor metabólico para elevar sua temperatura
acima da temperatura do ar. A serpente indiana (píton) fêmea (Figura 6)
protege seus ovos resfriando o seu corpo sobre eles. Se a temperatura do
ar diminuir, ela contrai os músculos do seu corpo para produzir calor. A
píton é capaz de manter a temperatura de seu corpo, e consequentemente
de seus ovos, acima da temperatura do ar.
Figura 6: Píton - cobra tipicamente caseira nos Estados Unidos.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 a).

Quando estudamos as relações entre os grupos de vertebrados, é importante


considerarmos todos os traços compartilhados por eles. Para Goslow e Hildebrand (2006,
p.8), a correspondência entre muitas destas partes constitui:

relações evolutivas, enquanto a correspondência entre algumas poucas


características pode resultar de causas distintas. Por exemplo, os cavalos e
os bois apresentam padrões complicados de esmalte dentário, mas seus
estômagos e suas fórmulas dentárias negam um parentesco próximo. As
estruturas comuns evoluíram em resposta a ambientes similares, não se
devendo a uma ancestralidade comum. É importante destacarmos a
presença de órgãos vestigiais em algumas espécies (Figura 7). Os olhos
vestigiais de certos peixes abissais indicam que seus ancestrais podiam
enxergar, e os pequenos ossos das pítons nos indicam que ancestrais
remotos desses animais possuíam membros.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Órgãos vestigiais
Órgãos atrofiados que sugerem terem sido úteis em espécies ancestrais.

Abissais
Relativo às grandes profundidades oceânicas, situadas abaixo de 2000 metros, onde não há penetração da luz.
<FIM DO GLOSSÁRIO>
Figura 7: O tuatara - fóssil vivo. Mantém características de répteis primitivos, como, por exemplo,
um pequeno olho atrofiado na região superior do crânio (olho pineal).
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 b).

Até agora, mostramos alguns aspectos da natureza evolutiva e adaptativa dos vertebrados,
com enfoque na diversidade desses representantes. Sabemos que a história dos
vertebrados é fascinante, proporcionam um número sem fim de detalhes interessantes, e ao
mesmo tempo, intrigantes: o estudo de como se originaram, como evoluíram e como
funcionam suas estruturas.

Nesse momento, iniciaremos um estudo da classificação dos vertebrados, descrevendo a


variedade de espécies e os processos evolutivos e mudanças ambientais que os moldaram.

4.2 Classificação dos vertebrados

Você sabia que o conceito talvez mais fundamental em evolução, especialmente quando se
discutem as relações de parentesco entre espécies, é que, para quaisquer duas espécies,
hipotetiza-se que houve ao menos uma espécie ancestral comum a elas?
Figura 8: Provável filogenia do Reino Metazoa.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Cilene Castejón (2011 c).

Amorim (1997, p.8) afirma que:

para quaisquer três espécies: hipotetiza-se que duas delas têm um


ancestral comum e que não é comum à terceira (exceto se as três foram
originadas simultaneamente). Se aplicarmos esse raciocínio a todas as
espécies, obteremos a imagem de uma enorme sequência de divisões que
fragmentaram desde a primeira espécie ancestral – ancestral de todos os
seres vivos – até as espécies existentes hoje em dia (supondo-se que a
vida na Terra surgiu uma única vez). Ao diagrama que representa essa
história denominamos, genericamente, filogenia (Figura 8). É óbvio que
existe uma e apenas uma história das relações de parentesco entre as
espécies
4.3 O que é um vertebrado?

Você, provavelmente responderia que é um animal que possui coluna vertebral, conferindo-
lhe sustentação do corpo, mas para descrever os vertebrados, devemos utilizar não
somente as características únicas ao grupo, mas também aquelas que os posicionam entre
os grupos relacionados, pois, na análise cladística moderna, o parentesco entre diferentes
grupos taxonômicos só pode ser estabelecido utilizando-se caracteres derivados
compartilhados, como base da classificação.

Desde a edição do livro: A Origem das Espécies, de Charles Darwin, já se falava do


compartilhamento de similaridades funcionais entre as espécies. Grupos de diferentes
espécies evoluíram a partir de um ancestral comum que possuía essas mesmas
características; em geral, quanto mais homologias duas espécies compartilham, mais
próximas, evolutivamente, elas estão.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Charles Darwin (1809-1882)
Evolucionista notável que estudou os animais e as plantas, admitia terem as espécies evoluído pela seleção
natural dos mais aptos, concluindo que as variações adaptativas ou favoráveis contribuem para a adaptação do
indivíduo no meio em que vive, enquanto as variações desfavoráveis tendem a ser extintas.

Homologias
Qualidade que identifica os chamados órgãos homólogos. Órgãos homólogos são aqueles que, nos diferentes
grupos animais, têm a mesma origem embrionária, mostrando que as espécies possuem um ancestral comum,
mas realizam funções diversas, podem ou não ser funções semelhantes. O braço do homem e a asa de uma
ave, por exemplo, indicam que, embora sejam diferentes, tiveram origem comum.
<FIM DO GLOSSÁRIO>.

<ABRIR BOX: Ampliando o conhecimento>


 Órgãos análogos não possuem a mesma origem embrionária, mas suas funções são semelhantes.
É o caso das asas de aves e de insetos.
 Ao olhar um embrião, às vezes é difícil, saber se ele pertence a um anfíbio, ave ou mamífero, pois
a estrutura básica do corpo foi herdada de um ancestral comum a todos eles.
<FECHAR BOX>

Devemos lembrar que VERTEBRATA é um subfilo do filo CHORDATA. Os vertebrados


compartilham algumas características morfológicas com certos invertebrados marinhos,
sendo classificados juntamente com estes no filo Chordata. As estruturas comuns aos
cordados são:

 a notocorda: bastão de consistência gelatinosa, envolto por tecido conjuntivo


fibroso, que percorre o corpo do animal longitudinal e dorsalmente, situando-se entre
o sistema neural e o tubo digestivo, pelo menos em alguma fase da vida do animal.
Em alguns cordados, a notocorda persiste por toda a vida adulta, como é o caso do
anfioxo e da lampreia; em outros, essa estrutura é substituída, durante o
desenvolvimento embrionário, por uma estrutura cartilaginosa e/ou óssea, que
confere proteção ao tubo neural e sustentação do corpo, como, por exemplo, no
tubarão e no homem;

 o tubo neural dorsal: é constituído por um tubo de paredes espessas, estendendo-


se longitudinalmente, situado dorsalmente, logo acima da notocorda;

 as fendas branquiais: as fendas na faringe, também denominadas fendas


branquiais, formam-se da parte anterior do tubo digestivo, que é perfurada por
fendas. Em alguns cordados, aqueles que respiram por meio de brânquias, como é
o caso dos peixes, as fendas permanecem na fase adulta; nos protocordados, as
fendas branquiais servem para filtrar alimentos, como é o caso típico da Ascidea.
Nos cordados terrestres, as fendas branquiais desaparecem quando adultos, mas
da faringe sai um tubo, a traqueia, que leva ar para os pulmões.

Temos agora, as informações mínimas necessárias para se definir um vertebrado. Um


vertebrado é um animal cordado que tem um endoesqueleto cartilaginoso ou ósseo. Os
componentes axiais deste endoesqueleto consistem de um crânio abrigando um encéfalo e
de uma coluna vertebral, pela qual passa o tubo neural. Observe que, nenhum outro animal,
possui este conjunto de características.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Endoesqueleto
Estrutura de sustentação interna.

Axiais
Refere-se aos componentes do esqueleto: cabeça e tronco, tendo a coluna vertebral como eixo principal.
<FECHAR BOX>

<ABRIR BOX: Parada para reflexão>


A notocorda é um caráter primitivo para os vertebrados, pois todos os cordados a possuem.
Quando consideramos as relações evolutivas entre os organismos, o termo primitivo implica uma
condição ancestral, não uma condição de qualidade inferior.
<FECHAR BOX>

O filo Cordados é constituído de um grupo muito heterogêneo de animais, embora não seja,
o grupo mais numeroso entre os filos animais. Observe, ao visitar um zoológico, como os
animais ali presentes nos chamam a atenção e se for classificá-los, perceberá que a maioria
pertence a esse filo.

Os cordados são animais triblásticos, celomados e deuterostômios. Esses termos,


apesar de estarem presentes no glossário desse capítulo, você estará estudando com mais
detalhes no livro: Embriologia e histologia animal.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Triblásticos
O mesmo que triploblásticos. Refere-se aos animais que possuem os três folhetos embrionários (ectoderma,
endoderma e mesoderma). São triblásticos, quase todos os animais, exceto, apenas, os espongiários e
celenterados.

Celomados
São animais que apresentam celoma, uma cavidade do corpo ou espaço entre a parede do corpo e os órgãos
internos, revestido por um peritônio (mesoderma).

Deuterostômios
Animais que durante a evolução embrionária, desenvolveram na porção anterior do arquêntero, um novo orifício,
que passa a funcionar como boca. O ânus, é derivado de uma abertura na superfície do embrião, chamado
blastóporo (ou em um ponto próximo a ele). Pelo fato do blastóporo diferenciar-se em ânus, esses animais são
conhecidos como deuterostômios.
<FIM DO GLOSSÁRIO>

Os cordados apresentam simetria bilateral e o sistema digestório completo, o que significa


que há aberturas separadas para a boca e o ânus. Esses traços são mais do que suficientes
para descrever os vertebrados, mesmo assim, essas características são compartilhadas por
outros cordados e pelos filos: ECHINODERMATA (estrelas-do-mar, ouriços-do-mar,
pepinos-do-mar etc.) e HEMICHORDATA (animais vermiformes, cavadores).
Diagramador, inserir como glossário na lateral.
Simetria Bilateral
Designação dada aos animais em que um plano mediano divide o organismo em duas partes iguais e opostas
(lados esquerdo e direito, extremidades cranial e caudal, superfícies dorsal e ventral).
<FECHAR GLOSSÁRIO>.

<ABRIR BOX: Exemplificando!>


O filo Hemichordata inclui vermes que vivem enterrados em um túnel escavado no fundo lamacento
do mar. O representante típico pertence ao gênero Balanoglossus9Figura
<FECHAR BOX>.

Figura 9: Morfologia externa e interna do Balanoglossus.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 d).

Observe nas figuras 9 e 10 que, mesmo sendo vermiformes, não existe nenhuma
semelhança do Balanoglossus com os vermes segmentados. Apresentam fendas branquiais
na faringe; um tubo neural dorsal curto, e uma bolsa pequena na base de uma probóscide,
que alguns acreditam representar uma estrutura notocordal. Alguns zoólogos, não aceitam
que essa estrutura seja uma notocorda reduzida ou vestigial; e, por essa razão, preferem
tratar os hemicordados como um filo à parte dos cordados.

<INSERIR MARCARDOR PARA QUALQUER ESCLARECIMENTO>


Vamos conhecer algumas características dos hemicordados?
<FIM DO MARCADOR>

Os hemicordados apresentam uma epiderme simples, ciliada e com inúmeras células


secretoras de muco. Não possuem uma estrutura esquelética e, em geral, são animais
sedentários.
Figura 10: Corte transversal de um Balanoglossus.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 e).

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Epiderme
Camada mais externa da pele, não vascularizada, onde a nutrição e a oxigenação ocorrem por difusão a partir
dos tecidos subjacentes.

Muco
Líquido viscoso e semitransparente que lubrifica a superfície do corpo.

Sedentários
Refere-se aos organismos que não se locomovem e vivem presos a um substrato, como por exemplo, as
esponjas e os corais.
<FIM DO GLOSSÁRIO>

O sistema digestório é completo, e a boca, situada na parte ventral do corpo, ingere a água
e areia contendo detritos orgânicos. A água sai por meio de várias fendas na faringe e a
areia é eliminada pelo ânus.

Observe na figura 10, a presença de uma aorta dorsal e uma ventral. O sangue é incolor nos
hemicordados, e não possui nenhum pigmento respiratório, ele é impulsionado por
contração desses vasos sanguíneos (aorta dorsal e aorta ventral), já que não possuem
coração típico.

O glomérulo (Figura 10) é o órgão excretor dos hemicordados. Ele recolhe os catabólitos
trazidos pelo sangue e os lança na cavidade celomática, sendo eliminados para o meio
externo, por meio da abertura da probóscide e por outros poros presentes na superfície
corporal do Balanoglossus.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Catabólitos
Produtos tóxicos que são eliminados pelo sistema excretor, provenientes da degradação das moléculas.
<FIM DO GLOSSÁRIO>

Devemos destacar que os hemicordados não possuem órgãos sensoriais diferenciados;


apresentam somente, algumas células sensoriais dispersas pela epiderme.
Figura 11: Filogenia hipotética dos subfilos de Chordata e seus parentes não-cordados mais próximos.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Cilene Castejón (2011 d).

<ABRIR BOX: Explicando melhor>


 Os hemicordados são animais dioicos, ou seja, de sexos separados (masculino ou feminino) e
de fecundação externa.
 O desenvolvimento é denominado indireto, já que, o indivíduo ao nascer, é diferente do adulto,
apresentando uma forma larvária.
 A larva é ciliada e denominada tornária, semelhante à larva de alguns equinodermos.
 A larva tornária dos hemicordados e a larva bipinária bilateral dos equinodermos asteroides,
são ambas diminutas e transparentes, com faixas ciliadas externas quase idênticas; ambas
têm um poro dorsal.
<FECHAR BOX>

Muitos zoólogos acreditam que os equinodermos e os hemicordados são muito semelhantes


aos cordados, principalmente, se considerarmos, os padrões de desenvolvimento; eles
compartilham os aspectos embriológicos deuterostômios, do blastóporo dar origem ao ânus
e da formação enterocélica do celoma, porém sem evidências conclusivas nas formas
fossilíferas ou nas formas intermediárias de desenvolvimento, o que dificulta provar, se os
equinodermos e os hemicordados são ancestrais dos cordados (Figura 11).

Há três subfilos no filo Chordata:

 Urochordata ou Tunicata;
 Cephalochordata;
 Vertebrata.

4.3.1 Subfilo Urochordata ou Tunicata

O nome Urochordata é devido à presença da notocorda restrita à região caudal (somente


na fase larval, geralmente), onde é cercada por células musculares e o nome Tunicata é
devido à existência de uma túnica espessa que reveste externamente o corpo do animal,
constituída de um polissacarídeo chamado tunicina.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Tunicina
Substância gelatinosa, semitransparente, de composição semelhante à celulose, secretada pela epiderme dos
tunicados.
<FIM DO GLOSSÁRIO>

Figura 12: Ascídia.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 c).

Os urocordados (Figura 12) habitam as áreas costeiras de todos os oceanos, alguns são de
vida livre e outros, após um curto estágio larval de vida livre-natante, fixam-se em
substratos, como em rochas ou cascos de navios. O subfilo é grande e diversificado, são
conhecidas 2000 espécies, aproximadamente. Existem, formas microscópicas, de vida livre;
ou podem formar colônias com até 30 centímetros de diâmetro.
Ainda que um urocordado adulto não mostre nenhuma evidência de notocorda ou de um
tubo neural dorsal, muitas espécies passam por uma fase livre-natante, semelhante a um
girino (ORR, 1999).

As larvas de ascídias movimentam-se com o auxílio da cauda, reforçada por uma haste fina
que se prolonga até ao meio do corpo: a notocorda. A larva, porém, não mantém por muito
tempo esse eixo flexível, precursor da coluna vertebral. Após alguns dias, a larva se fixa a
uma rocha, perde a cauda e instala-se para uma vida sedentária (Figura 13).

Figura 13: Forma adulta de uma ascídia.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 f).

Uma ascídia adulta (Figura 14) e solitária é cilíndrica ou globosa, presa pelo pedúnculo ou
base.

Figura 14: Corte longitudinal de uma ascídia adulta.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 g).

A ascídia (Figura 14) é revestida por uma epiderme uniestratificada, responsável pela
secreção de uma camada elástica e resistente, a túnica. A túnica é forrada por um manto
membranoso, na camada mesodermal, constituído de fibras musculares (que permitem
certos movimentos do animal) e por vasos sanguíneos.
As ascídias nutrem-se de plâncton conduzido pela água que entra pelo sifão inalante
(abertura branquial), na parte superior do corpo. Como se alimentam exclusivamente de
plâncton, as ascídias não necessitam de apêndices para manejar o alimento. No saco
branquial existe o endóstilo, um sulco vertical forrado de células ciliadas e mucosas, que
fixam os seres planctônicos, onde o alimento é separado da água. Em seguida, os alimentos
vão para o estômago, onde são absorvidos. Observe na figura 14, que o estômago dilatado
comunica-se com o intestino; os dois órgãos estão fora do saco branquial. O intestino curva-
se para terminar no ânus, por onde são eliminados os produtos da egestão para o meio
externo, juntamente com a água que banha o saco branquial.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Plâncton
Conjunto de seres vivos, geralmente microscópicos, que vivem em suspensão nas águas dos oceanos ou dos
rios.
<FIM DO GLOSSÁRIO>

A parede do saco branquial apresenta muitas fendas branquiais e células ciliadas que
permitem o fluxo da água do saco branquial para a cavidade atrial, de onde ela sai pelo
sifão exalante (abertura atrial), situado em um dos lados do corpo da ascídia.

 O sistema circulatório da ascídia inclui um coração tubular, envolvido pelo pericárdio,


situado na cavidade visceral, perto do estômago.

 A circulação é do tipo aberta, pois os vasos abrem-se em determinados pontos e o


sangue impulsionado pelo coração, sai dos vasos, banha as lacunas entre os tecidos,
percorrendo todo o organismo e efetuando a troca de substâncias com as células por
difusão e é, então aspirado lentamente pelo coração.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Pericárdio
Membrana fibrosa, epitelial que reveste o coração.
<FIM DO GLOSSÁRIO>

As ascídias são animais com características particulares, mas são consideradas muito
simples em relação aos processos fisiológicos. Não possuem órgãos excretores
especializados, perto do intestino existe uma estrutura sem ducto, considerada por alguns
biólogos, de função secretora. Algumas células, os nefrócitos, têm função armazenadora e
excretora, podendo formar no interior das mesmas, aglomerados sólidos que são expulsos
juntamente com a água pelo sifão exalante.

As ascídias adultas apresentam um delgado gânglio do tronco no manto, situado entre os


dois sifões (inalante e exalante), que se ramificam para várias partes do corpo, como os
músculos e vísceras.

<ABRIR BOX: Ampliando o conhecimento>


 Os urocordados (tunicados) são hermafroditas, e alguns representantes também reproduzem-se
assexuadamente por brotamento.
 A fecundação é externa, pois ocorre fora do corpo do animal e o desenvolvimento é indireto, com a
presença de larvas, móveis e dotadas de cauda.
<FECHAR BOX>

4.3.2 Subfilo Cephalochordata

O subfilo Cephalochordata possui apenas dois gêneros viventes, mas é conhecido por
meio de bons fósseis de até 530 milhões de anos de idade. As formas sobreviventes estão
distribuídas por todo o mundo, especialmente nas áreas costeiras com águas quentes e
rasas (GOSLOW; HILDEBRAND, 2006).

Os cefalocordados são pequenos (Figura 15), medindo de 5 a 7,5 centímetros de


comprimento e possuem a notocorda permanente, estendendo-se da cabeça até a cauda.
Assim como os urocordados, são animais filtradores, possuindo uma faringe branquial
complexa com inúmeras fendas branquiais, circundada pela cavidade atrial. O representante
típico deste subfilo é o anfioxo (Branchiostoma lanceolatum).

Figura 15: O anfioxo - um animal de estrutura simples que se alimenta por filtração.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Cilene Castejón (2011 e).

Uma característica significativa do anfioxo é a locomoção semelhante à de um peixe,


resultado da contração da musculatura, que é bem desenvolvida, promovendo movimentos
bruscos na natação desses animais.

O anfioxo filtra pequenas partículas da corrente de água trazida para a boca e faringe por
meio de movimentos ciliares. A água entra na faringe, a partir da boca e passa por cerca de
150 aberturas faríngeas oblíquas, chegando até o átrio. Os conjuntos de cílios da faringe
movem o bolo alimentar até o trato digestório reto. (GOSLOW; HILDEBRAND, 2006).

<ABRIR BOX: Curiosidades>


Recentemente, foi descoberto um fóssil muito parecido com o Branchiostoma lanceolatum (anfioxo),
na Colúmbia Britânica, que foi denominado pikaia; segundo alguns pesquisadores, ele apresentava
uma idade aproximada de 500 milhões de anos, e pode ser um provável ancestral dos cordados
inferiores.
<FECHAR BOX>.

Observe na figura 16, que a extremidade anterior do anfioxo é denominada rostro e a


posterior é chamada cauda. Na face ventral, próximo ao rostro, encontra-se a boca e
próximo à cauda existem dois poros:
 o ânus, que fica no lado esquerdo;
 o atrióporo.

Figura 16: Morfologia externa do anfioxo.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 h).

O atrióporo (Figura 16) é uma abertura ventral adicional, na frente do ânus, que permite a
saída de água (que penetrou no corpo trazendo alimentos e permitiu a troca de gases),
juntamente com os excretas e gametas.

O sistema digestório dos cefalocordados é completo. O trato digestivo começa com o


vestíbulo (capuz oral), que é circundado por vários tentáculos, aproximadamente 22 cirrus
bucais. A boca é uma abertura circular numa membrana, ou véu, da parte posterior do
vestíbulo. É circundada por 12 tentáculos velares, e formam uma peneira em forma de funil,
que constituem um filtro para impedir a entrada de partículas volumosas (Figura 17).

ABRIR BOX: Importante!>


 Atrás da boca do anfioxo, fica a faringe, que ocupa mais da metade do comprimento do
corpo, com muitas fendas branquiais.
 Os cefalocordados não possuem estômago e, o fígado delgado e saculiforme, provavelmente
secreta líquidos digestivos.
 Os cílios do vestíbulo produzem um aspecto de rotação, sendo chamados de órgãos da roda
(Figura 17).
<FECHAR BOX>.
Figura 17: Corte longitudinal de um anfioxo.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 i).

O sistema circulatório do anfioxo mostra algumas similaridades com o plano de organização


dos vertebrados, mas falta o coração. Compõe-se apenas de alguns vasos dorsais e
ventrais, onde ondas lentas de contração levam o sangue para a frente nos vasos
sanguíneos ventrais, e para trás nos dorsais. Abaixo da extremidade posterior da faringe há
uma bolsa, denominada seio venoso, que tem a função de receber sangue de todas as
partes do corpo, do mesmo modo que o coração dos vertebrados. Você poderá observar,
por meio de seus estudos, que o circuito geral da circulação do sangue no anfioxo é
semelhante ao dos cordados superiores.

<ABRIR BOX: Curiosidades>.


 O sistema excretor dos anfioxos compreende aproximadamente 100 pares de pequenos nefrídios
ciliados, onde cada nefrídio é um tubo oco e curvo, com uma abertura que liga o celoma à
cavidade atrial. Segundo alguns biólogos, os nefrídios provavelmente não são estruturas
homólogas aos rins dos vertebrados.
 O sistema neural dos cefalocordados situa-se acima da notocorda; consiste de um tubo. oco,
situado dorsalmente, com um pequeno canal central. Não há qualquer indício de um encéfalo
complexo no anfioxo; possui apenas uma expansão anterior do tubo neural dorsal, formando uma
vesícula cerebral mediana.
<FECHAR BOX>.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Nefrídios
Órgãos excretores tubulares e, às vezes, tortuosos, que se abrem, por uma extremidade, no celoma.
<FECHAR GLOSSÁRIO>.

Você sabia que os cefalocordados são animais dioicos (sexos separados). Possuem mais
ou menos 25 pares de gônadas enfileiradas em cada lateral do corpo, fazendo saliências
para dentro do átrio. Como as gônadas não possuem canais genitais, ao romper-se,
ovócitos e espermatozoides caem por meio do atrióporo. A fecundação é externa e o
desenvolvimento é indireto, sendo representados por uma larva ciliada de vida livre,
semelhante ao adulto.
Agora, observe atentamente as figuras 18 a 22. Em seguida, pesquise na internet as
características gerais desses animais.

Figura 18: Tigre branco - mamífero carnívoro.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de
Oliveira (2011 a).

Figura 19: Elefante - mamífero proboscídeo.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 b).
Figura 20: Girafa - mamífero Artiodactyla.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 c).

Figura 21: Jacaré – réptil crocodiliano.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de
Oliveira (2011 d).
Figura 22: Patos – aves da ordem Anseriformes.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 j).

Há alguma semelhança entre esses animais (Figuras 18 a 22) e um anfioxo? Quais as


diferenças mais notáveis entre esses representantes? Em seguida, você deverá elaborar um
texto argumentativo para responder a esses questionamentos.

TEXTO

Nesse momento, você deverá responder aos seguintes questionamentos: quais as


características exclusivas dos cordados? Como se classificam os cordados? O que
significam os nomes urocordados e cefalocordados? O que distingue os vertebrados dos
protocordados?

Registre todas as suas respostas, no quadro, a seguir.

OBSERVAÇÕES

Estamos terminando o estudo do capítulo As primeiras evidências da existência dos


vertebrados, ressaltando os aspectos conceituais por meio de desenhos e pesquisas
científicas, privilegiando a evolução, diversidade e fisiologia comparada dos cordados
inferiores.

Faça a releitura deste capítulo, refletindo sobre o que lê, anotando e comparando os pontos
principais e as dúvidas que ficaram. A seguir, vamos lhe propor a realização de atividades.

Antes de realizá-las, sugerimos que crie interesse pelo estudo. Procure conhecer, participar,
opinar e transformar o conhecimento e o sentimento de confiança em si mesmo,
independentemente de vivências, de referências, e coloque a ciência como um meio de
ampliar a compreensão da realidade.

Lembre-se que a busca de informações é um procedimento importante para a sua


aprendizagem, seja persistente na busca, procure ter atitudes de curiosidade, valorize a vida
em sua diversidade e procure se avaliar constantemente, pois aos poucos, as metas de
formação de cada etapa serão alcançadas.
Resumo

O nome Urochordata é devido à presença da notocorda restrita à região caudal (na larva
somente), e o nome Tunicata é devido à existência de uma túnica espessa que reveste
externamente o corpo do animal adulto. Os tunicados adultos pouco se parecem com os
demais cordados. A larva microscópica é que apresenta as características exclusivas dos
cordados, mas, durante, a metamorfose, perde a notocorda e o tubo neural regride a um
gânglio.

Os cefalocordados frequentemente são confundidos com pequenos peixes devido ao seu


corpo fusiforme. A face ventral é mais larga que a dorsal e as extremidades são em forma
de lança, daí o nome anfioxo.

Todos os cordados possuem três características exclusivas: notocorda, tubo nervoso


dorsal e fendas branquiais na faringe, existentes em pelo menos uma fase do
desenvolvimento da vida do animal.

Atividades

Atividade 1
Como ciência, a Biologia tem atravessado muitas mudanças, desde seu início, há milhares
de anos e atualmente, muitos biólogos contribuíram para o esclarecimento dos mecanismos
que geraram mudanças evolutivas dos cordados, principalmente dos vertebrados terrestres.
Escreva quais são os caracteres que, em conjunto, definem os CHORDATA, separando-os
de todos os outros filos.

Atividade 2
Leia com atenção o texto, a seguir.

Depois de algumas horas ou dias de vida livre, a pequena larva


transparente e natante prende-se a uma rocha ou cascos de
navios. Sua cauda contém uma notocorda, que é parcialmente
absorvida e parcialmente perdida e o corpo é revestido por uma
túnica protetora, formada por um composto isômero da celulose.

Agora, responda às seguintes questões:

a) identifique o animal descrito no texto.


b) identifique a que filo e subfilo ele pertence.
c) escreva qual o significado da denominação do subfilo do animal.

Atividade 3
O anfioxo tem interesse zoológico especial, porque mostra de forma simples, aspectos
anatômicos muito importantes para os estudos comparativos dos vertebrados. Se você
tivesse que diferenciar em uma aula prática um anfioxo de um cordado do Subfilo
Vertebrata, qual a estrutura que você pesquisaria inicialmente no corpo do anfioxo? Escreva
qual a função da estrutura indicada.

Atividade 4
Do ponto de vista evolutivo, o bico de um papagaio e de um beija-flor podem ser
considerados homólogos, mas a constatação de que estruturas consideradas homólogas
são diferentes entre si não resolve a questão da reconstrução das relações de parentesco
entre os táxons. Analisando as estruturas homólogas, escreva como podemos inferir sobre a
ancestralidade comum das espécies.

Atividade 5
Os hemicordados são animais de corpo vermiforme que vivem enterrados em um túnel
escavado no fundo lamacento do mar. O representante típico pertence ao gênero Ascidia
sp. Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta.

Referências

GOSLOW, George e HILDEBRAND, Milton. Análise e estrutura dos vertebrados. 2. ed. São Paulo:
Atheneu, 2006, 637 p.

NIELSEN, Knut Schimidt. Fisiologia animal. 5. ed. São Paulo: Livraria Santos, 1999, 600 p.

ORR, Robert T. Biologia dos vertebrados. 5. ed. São Paulo: Roca, 1999, 508 p.

POUGH, F. H.; HEISER, J. B.; McFARLAND, W. N. A vida dos vertebrados. 4. ed. São Paulo:
Atheneu, 2008.

SOARES, José Luís. Dicionário etimológico e circunstanciado de Biologia. São Paulo: Scipione,
1993.

STORER, Tracy I. e USINGER, Robert L. Zoologia geral. 6. ed. São Paulo: Nacional, 2002.
5 A moldura
vertebrados
evolucionária da Zoologia dos

Ricardo Baratella

Introdução

Caro (a) aluno (a), estamos continuando nesse capítulo, o estudo da Zoologia dos
Vertebrados. Esperamos que você ao estudar a evolução dos processos fisiológicos dos
vertebrados, compreenda que a descrição das estruturas desses representantes é
importante na perspectiva histórica, porque o conhecimento precisa preceder a
interpretação.

A humanidade busca, há muito tempo, saber como, quando se originou e de que modo
surgiram as numerosas espécies de animais. Em anos recentes, novas evidências surgiram
da Bioquímica, da Biologia Molecular e da Citogenética, além de outros campos da Biologia.
Existem abundantes provas apoiando a evolução, e admite-se que ela tem sido contínua, e
que os organismos mais recentes derivam de outros mais antigos pela herança de
variações, grandes ou pequenas, induzidas pelo ambiente ou por processos internos dos
organismos.

Mas, agora, imagine se toda a vida nada mais fosse que crescimento, simples sucessão de
células e DNA (Figura 1) autorreproduzido. O que você acha que aconteceria? Reflita sobre
esse questionamento, converse com os seus colegas e dê a sua opinião.
Figura 1: A chave da evolução é o DNA, uma molécula
helicoidal com duas hélices, ligadas por quatro radicais
químicos interpostos.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores
Duarte Teruel (2011 a).

A evolução seria certamente muito lenta. Mas, um tipo especial de divisão celular se
processa no sistema genital da maioria dos animais, a chamada meiose. Esta dá origem a
certas células especiais, como o ovócito e o espermatozoide, cada qual tendo apenas
metade dos genes e metade do DNA dos genitores. Só mediante uma constante
recombinação de genes é assegurada à natureza viva uma escolha de novos tipos de
indivíduos que possam ser testados ante as vicissitudes da evolução e da sobrevivência.

Embora misture constantemente as unidades do “baralho de cartas” do DNA, a reprodução


sexuada não pode criar novos genes. O máximo que lhe é possível fazer é promover novas
combinações dos genes preexistentes; estes criam oportunamente tipos modificados de
indivíduos que podem sobreviver e vicejar durante muito tempo.

Novos genes aparecem, de fato, periodicamente, como mutantes (Figura 2). Parecem eles
derivar de “acidentes” que atingem os átomos, na síntese do DNA. O homem pode provocá-
los mediante o emprego de substâncias químicas ou submetendo seus átomos à ação de
radiações.

As mutações naturais podem ser igualmente drásticas, mas na maioria das vezes sua ação
é menos acentuada ou neutralizada no indivíduo. Ainda que raramente vantajosas, as
mutações promovidas no laboratório deram a conhecer aos investigadores, um fato de vital
importância: é que os genes mutantes são em sua maior parte recessivos. Em outras
palavras, os novos genes são propensos a permanecer quiescentes e acumulam-se nas
células dos indivíduos numa espécie, até que uma modificação no meio ambiente os torne
vantajosos.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Mutantes
Significa portador de mutação – variação hereditária, repentina, espontânea ou induzida, irreversível, que se
manifesta num indivíduo de determinada população ou espécie, em consequência de alteração bioquímica de
um ou mais genes ou de anormalidades numéricas ou estruturais dos cromossomos.

Recessivos
Refere-se aos genes que só se manifestam em homozigose. Na recessividade, um gene, em presença do seu
alelo dominante, não manifesta o seu efeito, ainda que sua individualidade seja mantida no genótipo.
<FECHAR GLOSSÁRIO>.
Figura 2: Uma célula mutante, que foi irradiada.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Cilene Castejón (2011 a).

Observe na figura 2 que alguns cromossomos não alcançam os polos, mas um dos pares
forma uma ponte entre eles. Você sabe explicar por que isso acontece?

Como você pode perceber, a Biologia pode ser visualizada como uma hierarquia na qual as
unidades, desde a menor até a maior, incluem átomos, moléculas, células, tecidos, órgãos,
organismos, populações e comunidades.

ABRIR BOX: Curiosidades>


Você sabia que muitas espécies que viveram no passado, hoje estão extintas? Se voltássemos 4
bilhões de anos no tempo, para o início da origem da vida, acreditaríamos que, provavelmente, todos
os organismos teriam surgido de um ancestral comum, mas a investigação biológica ajuda a sintetizar
as relações hierárquicas entre os organismos e o papel dessas relações no espaço e no tempo.
<FECHAR BOX>.

Como a Biologia é uma ciência evolucionária, os biólogos perguntam, e tentam responder,


questões funcionais: como funciona? Eles também perguntam, e tentam responder,
questões adaptativas: por que evoluiu para funcionar dessa maneira?

Qual das questões é mais básica ou importante? A riqueza das possíveis respostas a
questões aparentemente simples faz da Biologia, um campo complexo, mas também
fascinante. Se estivermos falando sobre células se dividindo, sangue fluindo, cobras
rastejando ou crianças crescendo e desenvolvendo, estamos constantemente colocando
questões de “como” e “por que”. Para responder a essas perguntas, os cientistas geram
hipóteses que podem ser testadas.

Mas, agora, responda: os vertebrados atuais compartilham um conjunto de caracteres


ancestrais com vários grupos de invertebrados e cordados? Por que a evidência fóssil
aponta para o habitat marinho, como o local mais provável da evolução inicial dos
vertebrados? Converse com seus colegas e com o seu professor-tutor e imagine uma
resposta, ouvindo a opinião deles e discutindo com eles a respeito desses questionamentos.
Objetivos

Este capítulo abordará, de forma contextualizada e crítica, o estudo da evolução dos


processos fisiológicos nas classes de vertebrados, por meio de textos produzidos em
diferentes linguagens, apresentando uma visão geral de como as células estão organizadas
em tecidos, os tecidos em órgãos e os órgãos em sistemas, com diferentes funções
fisiológicas. Nessa perspectiva, depois de estudar este capítulo, esperamos que você
desenvolva as seguintes habilidades:

 descrever a morfologia funcional dos vertebrados por sistemas de órgãos e pela


sucessão filogenética dos organismos;
 distinguir e relacionar os principais táxons, destacando as características típicas e as
evidências estruturais de seus parentescos evolutivos;
 compreender que grupos de animais não aparentados, mas frequentemente
convergentes, são reunidos para explicar como a evolução estabeleceu suas
necessidades em comum, como, por exemplo, as principais adaptações locomotoras
e de alimentação nos vertebrados, e que abordam tanto em formas viventes como
nas extintas, a oportunidade de compreender avanços recentes ao conhecimento
clássico.

Esquema

5.1 Classe Cyclostomata


5.1.1 Myxiniformes
5.2 A diversidade da fisiologia dos vertebrados

5.1 Classe Cyclostomata

Os CYCLOSTOMATA (do grego cyklos, circular + stoma, boca) compreendem as lampreias


e as feiticeiras, são as únicas entre os Craniata atuais que carecem de maxilas e,
atualmente, ocupam uma posição importante no estudo da evolução dos vertebrados. Seus
parentes mais próximos são os antigos ostracodermos do Siluriano e do Devoniano, há
400 milhões de anos, na era Paleozoica.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Ostracodermos
Classe de vertebrados agnatas (a = sem, gnathos = maxila) primitivos já extintos, e que constituíram o primeiro
passo da evolução para o aparecimento dos peixes e, por consequência, de todos os demais vertebrados.
<FECHAR GLOSSÁRIO>

Lampreias (Figura 3) e feiticeiras são animais alongados, sem escamas e mucosos, não
possuindo tecidos duros internos. São necrófagos e parasitas, e apresentam
especializações para tais funções.
Figura 3: Lampreia.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 b).

Embora desprovida de mandíbulas, a lampreia devora carne sem dificuldade. A sua boca
(Figuras 4 e 5), semelhante a uma ventosa, apresenta numerosos dentes curtos que lhe
permitem fixar-se aos peixes, tornando-se, então, extremamente difícil desalojá-la de sua
presa. As glândulas existentes na boca segregam uma saliva com propriedades
anticoagulantes para que a ferida, produzida pela ventosa, se mantenha aberta e o sangue
que constitui uma parte importante da alimentação da lampreia, continue a fluir.

Figura 4: A ventosa abrasiva da lampreia.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 c).
À primeira vista, a lampreia se assemelha a uma enguia, a sua estrutura é muito mais
simples que a de qualquer verdadeiro peixe. Com efeito, além de não ter mandíbulas, é
desprovida de membros, crânio, escamas e verdadeiros ossos.

Figura 5: Lampreias - são formas migratórias que vivem nos


oceanos e rios.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte
Teruel (2011 d).

As lampreias nadam impelidas por movimentos ondulatórios do corpo; no entanto, durante


grande parte de sua vida são transportados pelos peixes de que são parasitas.

Você sabia que o conhecimento sobre a evolução e as relações de parentesco dos


primeiros vertebrados têm muito de especulação? Embora os autores proponham
periodicamente, ao longo deste século, a hipótese de que as feiticeiras e os
Gnathostomata são grupos irmãos, esta hipótese tem pequena sustentação atualmente,
por causa da perda de caracteres derivados comuns (Figura 6).

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Gnathostomata
(do grego gnathos „maxila‟; stoma, „boca‟).
Designação dada aos animais vertebrados, portadores de boca bem definida, provida de mandíbula.
<FECHAR GLOSSÁRIO>.
H O A L M
G H O A M L

(b)
(a)
A: Anaspida
G: Gnathostoma
H: Heterostraci
L: Lampreias
M: Myxiniformes (feiticeiras)
O: Osteostraci

Figura 6: Algumas hipóteses sobre o grau de parentesco entre os agnatha (fósseis e atuais) e os gnathostomata.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Cilene Castejón (2011 b).

<ABRIR BOX: Saiba mais>


Os ciclóstomos não possuem estômago. No intestino existem dobras espirais (tiflossolis)
que aumentam a superfície de absorção dos alimentos ingeridos.
<FECHAR BOX>.

Você já parou para pensar como esses animais respiram? Procure registrar todas as suas
observações, conferindo com seus colegas todas as anotações que fez.

A respiração nos ciclóstomos é branquial. Há sete pares de brânquias situadas no interior


de bolsas ou câmaras branquiais, entre o tubo respiratório e a parede do corpo. Quando o
animal nada livremente, a água entra pela boca e, após banhar as brânquias, sai pelas
fendas externas. Quando o animal se encontra fixado no hospedeiro, por meio do funil
bucal, as fendas branquiais externas funcionam para a entrada e saída de água.

<ABRIR BOX: Importante>


O sangue dos ciclóstomos possui hemácias esféricas e nucleadas, contendo hemoglobina como
pigmento respiratório.<FECHAR BOX>.

5.1.1 Myxiniformes

A feiticeira (Figura 7) pertence à subclasse Myxinoidea, é marinha e ocorre em águas


profundas. Na feiticeira, ao contrário da lampreia, a narina abre-se na faringe e a água,
nesse caso, entra pela narina para banhar as brânquias.
Figura 7: Feiticeira.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 e).

As feiticeiras não toleram luz forte e salinidades baixas, são isosmóticas com a água do
mar, e, geralmente, são encontradas nas partes lodosas do fundo do mar. Frequentemente,
migram de um habitat para outro, em busca de locais para desova ou mesmo
acompanhando peixes que elas parasitam.

<ABRIR BOX:Parada obrigatória>


Nas feiticeiras, o desenvolvimento é direto. Em algumas “feiticeiras”, ocorre o fenômeno da
protandria, isto é, num mesmo indivíduo, produzem-se espermatozoides em uma época e óvulos em
outra. <FECHAR BOX>.

Como você pode perceber, os ciclóstomos são vertebrados sem mandíbula e superaram
seus progenitores, os protocordados, devido à presença de diversos traços importantes.

Com algumas dúvidas acerca dos primeiros representantes, todos eles possuíam cabeças
com um crânio e órgãos pareados de visão (vestigiais nas feiticeiras). Há uma notocorda
grande. As vértebras estão, ao menos, representadas na maioria. O esqueleto interno dos
vertebrados sem mandíbula é, principalmente, cartilaginoso; porém, em pequenas
estruturas, similares a dentes, de um grupo extinto de Agnatha e nas escamas duras de
outros grupos, algumas combinações de dentina, esmalte e de osso aparecem pela
primeira vez na história. Os Agnatha extintos que apresentam escamas ósseas são
chamados de ostracodermes, o que significa “pele com casca” (GOSLOW ; HILDEBRAND,
2006).

O cerebelo dos ciclóstomos é pouco desenvolvido, pois estes animais são arrastados pelo
hospedeiro, não precisando ter sensação acurada de equilíbrio.

Nas classificações filogenéticas, as feiticeiras são consideradas como o grupo irmão de


todos os demais vertebrados, os quais chamamos de Vertebrata, o subfilo (Vertebrata mais
as feiticeiras) torna-se Craniata. Sem questionar as relações envolvidas, tentamos manter a
terminologia mais familiar: Vertebrata como um subfilo, Agnatha como uma classe e
Myxinoidea (“myx” = viscoso) para as feiticeiras como a primeira subclasse (GOSLOW;
HILDEBRAND, 2006). Os registros dos primeiros vertebrados estabelecem a antiguidade do
subfilo Vertebrata, mas não fornecem o bastante para indicar suas origens. Com a
descoberta de novos fósseis, talvez, poderemos num futuro próximo, montar o “quebra-
cabeça” sobre a origem dos vertebrados.

Todos os animais que possuem os traços generalizados do subfilo Vertebrata, porém não
apresentam mandíbula, pertencem à classe Agnatha. Estes animais são pouco
conhecidos pela maioria das pessoas, pois todos eles, exceto pelas lampreias e as
feiticeiras, foram extintos há mais de 200 milhões de anos.

<ABRIR BOX: Ampliando o conhecimento>


A larva da lampreia, o amocetes, apresenta traços mais ancestrais do que o adulto. Isso é
particularmente verdadeiro em relação às partes bucais, à faringe, às gônadas e em alguns órgãos
digestórios. Os amocetes se tornam adultos por meio de metamorfose. Sua metamorfose pode durar
de 3 a 7 anos, um período mais longo que a vida do animal adulto. <FECHAR BOX>.

Você sabia que o amocetes é uma larva cega, desprovida de dentes e apresenta ainda
certas características pertencentes ao anfioxo?

Você já deve ter notado que a evolução é um fato, pois os animais estão constantemente se
tornando adaptados ao ambiente em que vivem. Atualmente, à medida que olhamos à
nossa volta, vemos animais, cada um deles produto de uma longa evolução, cada um
ocupando um nicho ecológico no planeta.
Diagramador, inserir como glossário na lateral.
Nicho ecológico
Corresponde à posição funcional ou lugar biológico de um organismo, uma espécie ou uma população dentro de
um ecossistema.
<FECHAR BOX>.

Ao estudar os capítulos do curso de Ciências Biológicas, você estará registrando muitos


exemplos de pré-adaptação, como também do aperfeiçoamento de adaptação a novas
estruturas que surgiram. Observamos, constantemente, que o registro geológico testemunha
que os animais realmente se transformam, e que as exigências para se viver em um mundo
em transformação garantem que os animais devem transformar-se.

Muitas de nossas ideias sobre as causas da transformação evolucionária têm suas raízes no
grande livro de Darwin, A Origem das Espécies pela seleção natural. Ele desenvolveu sua
teoria como resultado das observações feitas em uma viagem de cinco anos ao redor do
mundo. Faremos referência a algumas de suas observações, quando, em capítulos
posteriores, analisarmos as manifestações da evolução.

Agora, vamos conhecer um pouco sobre a alimentação dos vertebrados?

A alimentação dos vertebrados varia desde organismos microscópicos (diatomáceas, algas)


até organismos muito grandes, dos passivos (plantas) aos pouco passivos (maioria dos
moluscos) e até os muito ativos, dos nutritivos (insetos, vermes) aos de baixo valor nutritivo
(talos vegetais), aos indefesos, aos protegidos, e dos amplamente disponíveis aos
altamente restritos.
Figura 8: Leão - mamífero da ordem Carnivora.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores
Duarte Teruel (2011 f).

Embora as células do corpo utilizem energia continuamente, a maioria dos animais não
come continuamente. Os humanos costumam se alimentar com várias refeições por dia, um
leão (Figura 8) pode comer uma vez em vários dias, uma jiboia (Figura 9) pode alimentar-se
uma vez por mês, e animais em hibernação (Figura 10) podem ficar de 5 a 6 meses sem
comer. Portanto, os animais necessitam armazenar moléculas “combustíveis” que podem
ser liberadas, quando necessário, entre as refeições (GOSLOW; HILDEBRAND, 2006).

Figura 9: Jiboia - uma cobra constrictora.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 g).
Figura 10: Urso - um animal que hiberna durante o inverno rigoroso.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 a).

Muitos hibernantes mantêm a temperatura corpórea próxima ao ponto de congelamento


durante a hibernação. A taxa metabólica necessária para sustentar o animal em hibernação
pode ser apenas um quinto da taxa metabólica basal, o que representa uma grande
economia de energia. Muitas espécies de mamíferos, tais como morcegos, esquilos e ursos
(Figura 10), hibernam.

Segundo Goslow e Hildebrand (2006, p.150), a biomecânica da alimentação aquática é:

muito distinta daquela da alimentação terrestre, pois o meio, a água, é 830


vezes mais denso e 80 vezes mais viscoso do que o ar. Isso tem
consequências importantes: o movimento de um predador, quando se
aproxima de sua presa, pode afastá-la para fora de seu alcance. Muita
energia é necessária para remover a quantidade (frequentemente
considerável) de água ingerida com o alimento e existe uma grande
resistência à passagem de água por meio de qualquer filtro de malha
pequena usado para capturar partículas alimentares. Na alimentação por
sucção, a água é introduzida na cavidade buco-faríngea com uma força tal
que a presa é sugada junto. A alimentação por sucção (Figura 11) difere
daquela por filtração quanto ao tamanho da presa, sendo esta sempre
macroscópica e de um tamanho particular.
Figura 11: Tubarão - animal que alimenta-se por sucção.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 a).

Alguns predadores correm, nadam ou voam para capturar suas presas, enquanto outros
simplesmente saltam sobre as mesmas após aproximar-se sorrateiramente ou ficar à sua
espreita. Ainda outros interceptam a presa golpeando-a com a cabeça ou com a língua
(Figura 12). Como estas partes são muito mais leves do que o corpo todo, elas podem ser
aceleradas mais rapidamente. Daí o termo alimentação por projeção.

Figura 12: Salamandra - animal que projeta sua língua para capturar insetos ou vermes.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 h).
Você já deve ter percebido como os vertebrados possuem especializações e adaptações de
estruturas para alimentar-se.

Os carnívoros (Figura 13) desenvolveram força, mandíbulas grandes, dentes afiados e


fortes membros para segurar e apertar suas presas. Os carnívoros também desenvolveram
meios notáveis para detectar a presa.

Figura 13: Os carnívoros possuem dentes caninos bem desenvolvidos.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 a).

Você sabia que os morcegos utilizam a ecolocação, as serpentes (Figura 14) detectam a
radiação infravermelha do calor emitido pelos corpos de suas presas, e certos peixes
(Figura 15) detectam campos elétricos criados na água por suas presas?
Figura 14: As serpentes são sensíveis à radiação infravermelha.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 b).

Figura 15: Tubarões - são capazes de captar vibrações de média e baixas frequências.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 c).
As adaptações para matar e ingerir a presa são diversas e altamente especializadas. Essas
adaptações podem ser especialmente importantes quando a presa é capaz de infringir
danos ao seu predador. Uma cobra (Figura 16), por exemplo, pode atacar com suas presas
venenosas, utilizando seu veneno para imobilizar sua “vítima” antes de ingeri-las.

Figura 16: As serpentes não mastigam quando se alimentam, já que possuem uma mandíbula flexível.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 d).

Você sabe como os anfíbios alimentam-se? Segundo Orr (1999), os anfíbios aquáticos têm
pouca necessidade de glândulas orais, porque, geralmente, sua alimentação provém da
água, mas, os anfíbios terrestres (Figura 17) possuem uma glândula intermaxilar no teto da
boca, que produz uma secreção viscosa, facilitando a captura de suas presas.

Figura 17: Sapo - possui uma língua protátil; ela pode ser dobrada sobre si mesma para trás, quando não está
sendo usada.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ansuene Welida da Silva (2011 a).
Já nos répteis (Figura 18), encontramos uma grande diversidade de adaptações do sistema
digestório. Alguns répteis são herbívoros; outros são carnívoros. Os pequenos répteis
carnívoros alimentam-se, particularmente de insetos e de outros invertebrados, enquanto os
carnívoros maiores alimentam-se, especialmente, de outros vertebrados, desde peixes até
mamíferos (ORR, 1999).

Figura 18: Camaleão - a língua é usada para capturar insetos. A ponta dela é espessa e pegajosa, promovendo
a adesão da presa.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 i).

Você sabia que nas aves (Figura 19) granívoras e carnívoras, existe uma porção do esôfago
em forma de saco, chamada papo, que se destina ao armazenamento temporário de
alimentos?

Figura 19: O intestino delgado das aves forma alças e a maioria delas possuem um ou dois cecos, na junção
dos intestinos delgado e grosso.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 b).
O trato digestório dos vertebrados é um tubo com diferentes segmentos, especializados
para diferentes funções associadas com a digestão e a absorção. A parede do intestino é
ricamente dobrada, com as dobras formando conjuntos de pequenas projeções, chamadas
de vilosidades. Como são projeções microscópicas, são conhecidas como
microvilosidades e apresentam uma enorme área de contato, permitindo uma melhor
absorção de nutrientes.

Há vários aspectos peculiares, que caracterizam o sistema digestório dos mamíferos. Na


maioria dos mamíferos, com exceção das baleias, a língua é muito desenvolvida e capaz de
muitos movimentos, além da extensão e retração, resultado da presença de vários músculos
intrínsecos (ORR, 1999).

Nesse capítulo, fizemos uma descrição de alguns aspectos significativos encontrados nos
animais vertebrados. Como todas as outras funções fisiológicas, o consumo de alimentos
está sob influências genéticas e regulatórias que estão apenas começando a ser
entendidas. Os nutrientes que os animais necessitam para energia, também são importantes
para funções biológicas específicas.

Agora, estaremos estudando alguns aspectos adaptativos e evolutivos da fisiologia dos


vertebrados. Pare um pouco, reflita e pesquise. Não deixe de fazer as anotações dos
aspectos mais significativos dos processos fisiológicos dos vertebrados.

5.2 A diversidade da fisiologia dos vertebrados

Hoje, aproximadamente, 500 milhões de anos após o aparecimento das primeiras criaturas
sem mandíbulas, envoltas em couraças, movendo as caudas às cegas no lodo do fundo do
mar, os peixes diversificaram-se em muitas espécies diferentes. Os peixes, possivelmente,
conseguiram perceber os sons muito cedo, nos tempos primordiais. As primitivas cápsulas
contendo os dois canais semicirculares encontradas nos fósseis de lampreias, foram
consideravelmente aperfeiçoadas pelos peixes mandibulados.

Estes passaram a apresentar um terceiro canal num plano horizontal e, abaixo dele, uma
grande bolsa. Você consegue imaginar qual a função dos três canais e da bolsa? Reflita,
pesquise e, em seguida, ouça a opinião de seus colegas.

Os três canais e a bolsa têm um revestimento ultrassensível e contêm pequenas partículas


calcárias que se movem e vibram. Como o organismo dos peixes possui uma elevada
porcentagem de líquido, o peixe pode receber ondas sonoras que penetram diretamente no
seu crânio e atingem os canais semicirculares, assim, os peixes podem “ouvir” as batidas
das barbatanas e os ruídos borbulhantes de outros peixes.

<ABRIR BOX: Exemplificando>


O sentido de olfato dos peixes é extremamente apurado, as suas narinas sentem as mais delicadas
mudanças na composição da água. Um exemplo são os tubarões, eles podem farejar sangue fresco
a quase meio quilômetro de distância.
<FECHAR BOX>.

Um peixe cartilaginoso, bastante interessante, são as arraias (Figura 20). Elas possuem um
corpo extremamente achatado e as barbatanas peitorais aumentaram e transformaram-se
em imensas abas laterais triangulares.
Figura 20: Arraia - para o processo respiratório, ela apresenta duas aberturas na parte superior da cabeça,
pelas quais a água entra, passando diretamente pelas guelras, e sendo expelida a seguir pelas fendas
branquiais.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2010 j).

Todos os peixes possuem um sentido para o qual não temos paralelo: ao longo dos flancos,
com ramificações na cabeça, apresentam uma linha de textura ligeiramente diferente do
resto do corpo. Consiste num certo número de poros, ligados por um canal situado logo
abaixo da superfície.

Este sistema, chamado linha lateral, permite ao peixe perceber qualquer alteração na
pressão da água. Assim, ao nadar, ele vai criando uma onda de pressão que se desloca à
sua frente. Quando essa onda atinge um objeto, o peixe detecta-o imediatamente por meio
da linha lateral. Percebe também à distância, e os movimentos de outros peixes nadando a
seu lado, uma característica importante para as espécies que se deslocam em cardumes.

Você sabia que a visão surgiu muito cedo nos vertebrados? O ocelo do anfioxo, por
exemplo, serve apenas para indicar a diferença entre a luz e a sombra. Já os peixes sem
mandíbula tinham aberturas especiais para alojar os olhos.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Ocelo
Olho simples, de estrutura rudimentar.
<FECHAR GLOSSÁRIO>.

Os olhos de quase todas as espécies de tubarões e arraias (Figura 20) não possuem
células cônicas, e não conseguem, por isso, distinguir as cores. Os peixes ósseos (Figura
21) em contrapartida, são completamente diferentes. Os seus olhos, providos de células
cônicas, produzem uma visão a cores, na grande maioria excelente.
Figura 21: Bacalhau - peixe ósseo que apresenta células cônicas.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 k).

<ABRIR BOX: Parada para reflexão>


Alguns peixes conseguem ver tanto dentro como fora da água, na superfície. O peixe-arqueiro é um
grande apreciador de moscas e outros insetos que costumam pousar nas plantas ribeirinhas. Ele faz
pontaria, considerando a refração da luz ao passar do ar para a água, e esguicha um jato de gotas
no inseto, que, perdendo o equilíbrio, cai na água, onde é, então, devorado.<FECHAR BOX>.

Há cerca de 350 milhões de anos, num pântano de água doce, ocorreu um episódio que ia
ser decisivo na história da vida dos vertebrados: alguns peixes começaram a arrastar-se
para fora da água e tornaram-se, assim, os primeiros vertebrados a colonizarem o ambiente
terrestre. Os anfíbios (Figura 22) típicos passam a maior parte da vida em terra, mas
regressam à água para se reproduzirem. Ali, nascem os filhotes, que em muitos aspectos
se assemelham a peixes.
Figura 22: Rã - prolifera em maior número nas florestas tropicais úmidas.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ansuene Welida da Silva (2011 b).

Os anfíbios descendem de peixes de água doce de respiração aérea e a constituição


química do seu corpo ainda está adaptada à vida nessas águas; por esse motivo, não
existem anfíbios no mar, e poucos conseguem viver em águas salobras.

<ABRIR BOX: Ampliando o conhecimento>.


Quando termina a estação das chuvas, muitos dos pântanos e margens inundadas dos rios africanos
transformam-se em grandes extensões de lama endurecida e ressequida. Nessa região, vive,
contudo, um peixe dipnoico que consegue sobreviver de uma estação para a outra respirando o ar
fora da água, e que é uma espécie afim da piramboia, do gênero Protopterus. Quando as lagoas
começam a secar, enterra-se na lama do fundo e, cobrindo a cabeça com a cauda, enrola-se como
uma bola e começa a segregar um muco com o qual reveste a “toca”, que lhe serve de abrigo.
<FECHAR BOX>.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Piramboia
Peixe pulmonado – apresenta bexiga natatória transformada em pulmão rudimentar bilobado.
<FECHAR BOX>.

Quando os anfíbios surgiram, havia, é claro, um lugar relativamente seguro para os seus
ovos e filhotes: a terra firme. Naquela época, não existiam outros vertebrados terrestres
para roubar-lhe os ovos e devorar as larvas.

Certas rãs venenosas da América do Sul depositam os seus ovos em solo úmido e o macho
permanece junto deles, guardando-os. Quando eclodem, os girinos serpeiam
imediatamente em direção ao pai e trepam-lhe nas costas. A pele do dorso segrega uma
grande quantidade de muco que fixa os filhotes, protegendo-os, ao mesmo tempo, contra a
desidratação.

Para evitar o problema de prover os girinos com água, algumas rãs produzem filhotes que
completam o seu desenvolvimento dentro da membrana que envolve o ovo. Como é
impossível alimentá-los como os girinos de nado livre, a solução foi provê-los com imensas
quantidades de gema para a sua nutrição; em consequência, a fêmea só pode produzir um
número reduzido de ovos de uma só vez.

Desde o início da sua história, os anfíbios foram predadores, caçando insetos, minhocas e
outros invertebrados que os precederam em terra firme. Assim, se mantêm atualmente,
apesar do aparecimento de predadores mais poderosos e de maiores dimensões que os
obrigaram a um comportamento mais discreto. Na realidade, existem ainda hoje alguns
espécimes assustadores. O sapo-de-chifres, um sapo venenoso da América do Sul, tem a
goela tão grande que é capaz de engolir sem dificuldades filhotes de pássaros e jovens
ratos. Mas, nenhum anfíbio pode ser considerado ágil nos seus movimentos. Assim, para
capturar suas presas, eles precisaram de uma outra arma: a língua. A ponta da sua língua é
simultaneamente viscosa e musculosa. Deste modo, os anuros utilizam-na primeiro para
imobilizar a presa e depois para conduzí-la até à boca.

Os olhos dos anfíbios têm, basicamente, a mesma estrutura herdada dos peixes, seus
ancestrais. Do ponto de vista óptico, funcionam tão bem dentro como fora da água.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Anuros
Anfíbios sem cauda, nos quais se enquadram as pererecas, rãs e sapos.
<FECHAR BOX>.
Você sabia que existe um lugar no mundo onde os répteis ainda dominam: as ilhas
Galápagos, isoladas na imensidão do Pacífico, a 600 milhas da costa sul-americana.

Durante 100 milhões de anos, os répteis (Figura 23) dominaram o mundo. Alguns atingiram
dimensões três vezes superiores às de um elefante e caminhavam pela terra firme,
alimentando-se de vegetação. Outros, com uma envergadura de 10 metros, pairavam nos
céus. Nos mares, outros ainda, grandes como tubarões, perseguiam os peixes. Então, há
63 milhões de anos, a sua sorte mudou e a maioria extinguiu-se.

Figura 23: Jacaré - surgiu muito antes dos dinossauros e, ainda hoje, domina os rios em que vivem.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 c).

Você sabia que as iguanas (Figura 24) conseguem, a maior parte do tempo, manter o seu
organismo a uma temperatura de 37º C, quase exatamente a mesma do corpo humano?
Alguns lagartos conservam o sangue 2 º ou 3º acima.

A designação de animais de sangue frio, tão comumente aplicada aos répteis, é, portanto,
bastante enganosa. Eles são mais bem descritos como animais ectotérmicos, ou seja, que
obtêm calor do ambiente em que vivem, ao contrário dos endotérmicos, como as aves e
mamíferos, que o geram internamente.

A endotermia tem muitas vantagens: torna possível o aparecimento de órgãos complexos e


delicados, que seriam danificados por uma temperatura oscilante; permite que seus
possuidores continuem ativos à noite, quando o calor do Sol já desapareceu e mesmo que
vivam permanentemente nas regiões frias da Terra, onde nenhum réptil conseguiria
sobreviver. Mas o preço de tais privilégios é também muito elevado. Quase 80% das
calorias contidas na nossa alimentação, por exemplo, são gastas na manutenção de uma
temperatura estável no organismo. Os répteis ectotérmicos, retirando o calor de que
necessitam diretamente do sol, sobrevivem com 10% do alimento necessário a um
mamífero do mesmo tamanho. Por essa razão, os répteis conseguem viver nos desertos
onde um mamífero morreria de fome.
Figura 24: Iguana - animal ectotérmico.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 l).

O tuatara consegue a fecundação interna graças a uma forma que é uma reminescência
dos processos utilizados por algumas salamandras e rãs. Quando o par acasala, as suas
aberturas genitais são comprimidas uma contra a outra, para que o esperma do macho
penetre no oviduto da fêmea.

Você sabia que os pitões e as jiboias são serpentes primitivas que conservam diversos
vestígios dos seus antepassados de quatro patas e corpo menos alongado? Pois bem, elas
apresentam, com efeito, vestígios isolados de ossos ilíacos enterrados na carne e
rudimentos das patas posteriores sob a forma de esporões. Nas fêmeas, estes são de
pequenas dimensões, passando despercebidos com facilidade, mas no macho são bem
visíveis e utilizados durante o acasalamento.

Agora, iremos conhecer um pouco mais das características das aves (Figura 25). As aves
renovam com regularidade as penas gastas pelo uso. Na maioria dos casos, a muda ocorre
uma vez por ano.
Figura 25: A muda nas aves sofre influência da luminosidade e
dos hormônios.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de
Oliveira (2011 b).

Porém, as aves que, durante a época da reprodução, ostentam ornamentos especiais


mudam de penas duas vezes por ano, alterando a plumagem nupcial com a não-nupcial. A
muda prolonga-se por dois meses e as penas novas vão surgindo sob as antigas, forçando-
as a cair. Algumas aves, como certos patos (Figura 26), perdem simultaneamente todas as
penas do voo e, por esse motivo, durante algum tempo não podem voar.

Figura 26: Aves que se caracterizam pela presença de quilha ou carena no osso
esterno.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 e).

A explicação para a existência de penas nas asas não é tão simples. Para conseguir voar
batendo as asas, são necessários possantes músculos peitorais, e estes, em todas as aves
voadoras, estão ligados a uma projeção em forma de quilha existente no esterno.
Figura 27: Pato - a ave retira o óleo com o bico e fricciona cada uma das
suas penas individualmente, a fim de mantê-las flexíveis e impermeáveis.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 f).

A maioria das aves tem uma grande glândula secretora de óleo, a glândula uropigial,
localizada na pele, junto à base da cauda (Figura 27). Algumas aves, como as garças, os
papagaios e os tucanos, não possuem essa glândula.

<ABRIR BOX: Exemplificando>


O andorinhão é a ave mais rápida. Uma espécie asiática chega a atingir a velocidade de 170Km/h
em voo nivelado, percorrendo diariamente cerca de 900 km à procura de insetos, que são a sua
única fonte de alimento.
<FECHAR BOX>.

A cor das penas pode resultar da sua estrutura. Alguns filamentos das penas apresentam
paredes tão finas que decompõem a luz como uma película de óleo e mudam de cor
conforme a posição. Algumas contêm, no interior, bolhas de ar microscópicas que refletem
a luz. Se forem mergulhadas num líquido, perdem a cor, mas a recuperam assim que
ficarem secas. Outras, ainda, como as penas de arara (Figura 28), são pigmentadas e
mantêm a cor mesmo quando molhadas e independentemente do ângulo de observação.

Figura 28: Arara – ave da ordem Psittaciformes.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 g).
Qualquer que seja a forma da árvore genealógica, ao menos um grupo de répteis
completou a transição para a condição de mamífero há cerca de 200 milhões de anos. Um
pequeno fóssil, descoberto em 1966, no sul da África, é o mais antigo espécime quase
perfeito de mamífero encontrado até hoje. Era uma criatura semelhante a um mussaranho,
medindo apenas cerca de 10 cm de comprimento. Os seus dentes estavam adaptados para
comer insetos e os cientistas que o examinaram concluíram, que tinha pelagem e sangue
quente. Não ficou ainda esclarecido se punha ovos como o ornitorrinco, ou se dava à luz
filhotes vivos e os amamentava por meio de um seio.

A América do Sul possui um grupo exclusivo de animais insetívoros que se separou dos
restantes numa fase muito primitiva. Os seus antepassados contam-se entre os mamíferos
placentários que, há 63 milhões de anos, emigraram do norte por meio do Panamá e se
misturaram aos marsupiais. A faixa de terra que lhes serviu de ponte, porém não durou
muito tempo e dentro de alguns milhões de anos submergiu no mar. Mais uma vez o
continente sul-americano ficou dividido e a sua fauna evoluiu separadamente.
Eventualmente, o contato foi restabelecido e verificou-se uma segunda invasão dos animais
vindo do norte, em consequência da qual muitas das espécies recentemente surgidas na
América do Sul desapareceram.

Mas, nem todas se extinguiram. O menos especializado dos sobreviventes é o tatu (Figura
29).

Figura 29: Tatu - mamífero terrestre da ordem Xenartros.


Fonte: WIKIPEDIA(2011a).
Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/78/ThreeBandArmadilloLyd.jpg.Acesso em: 10
de junho de 2011.
Autor: Richard Lydekker. Data:1894.

O tatu (Figura 29) é protegido por uma carapaça que deu origem à designação de
armadilho. Essa armadura consiste num amplo escudo abaulado que lhe cobre os ombros,
e outro que protege a cintura pélvica, com um número variável de anéis ou cintas para lhe
dar um pouco de flexibilidade.

Os morcegos (Figura 30) apresentam várias das modificações destinadas, a diminuir o peso
do corpo, que existem nas aves. Os ossos da cauda adelgaçaram-se até se tornarem finos
como palha para darem apoio à membrana voadora ou desapareceram totalmente. Embora
conservem os dentes, a sua cabeça é curta e, muitas vezes, têm o nariz achatado, para
evitar que o focinho pese no ar. Os morcegos, porém, tiveram de resolver um problema que
não existiu para as aves.

Figura 30: Morcegos - mamíferos voadores da ordem Chiroptera.


Fonte:WIKIPEDIA (2011b).
Disponível em:
ttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Chiroptera.jpg. Acesso em:
10 de junho de 2011.
Autor: Ernst Haeckel. Data:1904.

<ABRIR BOX: Ampliando o conhecimento>


Os seus antepassados mamíferos haviam aperfeiçoado a técnica de alimentar os filhotes
internamente por meio de uma placenta. O “relógio” da evolução raramente volta atrás: nenhum
morcego retrocedeu ao processo de pôr ovos. A fêmea é, portanto, obrigada a voar com a pesada
carga do feto em desenvolvimento dentro do seu organismo. Em consequência, morcegos gêmeos
são uma raridade e, em quase todos os casos, apenas nasce uma cria. Os morcegos, na sua
maioria, são extraordinariamente sociáveis. Algumas colônias que vivem em cavernas chegam a
incluir 9 milhões de indivíduos.
FECHAR BOX>.

O fato de os mamíferos dependerem do ar para respirar levanta sérias dificuldades para a


vida na água. Os cetáceos (Figuras 31 e 32), como as baleias, minimizaram esse problema,
passando a respirar de modo mais eficiente do que a maioria dos habitantes de terra firme.
Respirando normalmente, o homem esvazia apenas 15% do ar contido nos seus pulmões.
Ao emergirem, os cetáceos, numa das suas estrondosas exalações em repuxo, libertam
cerca de 90% do ar viciado através das narinas. Em consequência, só precisam de respirar
a intervalos muito longos e têm ainda nos seus músculos uma concentração
particularmente elevada de uma substância chamada mioglubina, que lhes permite
armazenar oxigênio em proveito dos órgãos essenciais. Esse constituinte é responsável
pela coloração escura da carne dos cetáceos.

Figura 31: Baleia - os seus membros anteriores tornaram-se espalmados, como grandes barbatanas, e os
posteriores desapareceram, embora existam alguns ossos pequenos no interior do corpo dos cetáceos,
indicando que estes, um dia, também possuíram pernas.
Fonte: WIKIPEDIA (2011 c). Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Cetacea.jpg.Acesso em: 10 de
junho de 2011.
Figura 32: Golfinho - mamífero da ordem Cetacea.
Fonte: WIKIPEDIA (2011 d).
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Schnabeldelphin-drawing.jpg. Acesso em: 10 de junho de
2011.

Nada na natureza possui uma estrutura tão distinta quanto o corpo dos vertebrados
(Figuras 33 a 37). Desde tempos imemoráveis, a humanidade fascina-se pela função dos
vertebrados. Os animais foram incorporados ao nosso mundo por meio da arte da literatura,
da religião e do entretenimento. Impressionamo-nos com suas proezas atléticas e com a
diversidade de suas habilidades. A contínua observação da forma e da função promete
aumentar o prazer e a expectativa do homem acerca da complexidade, da diversidade e da
quase perfeição do corpo dos vertebrados (GOSLOW e HILDEBRAND, 2006).

Figura 33: Peixes - vertebrados que possuem muitas glândulas mucosas.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 m).
Figura 34: Anfíbios - o esqueleto no adulto é quase totalmente ossificado.
Fonte:WIKIPEDIA(2011e).
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Batrachia.jpg.Acesso em:10 de
junho de 2011.
Autor:Ernst Haeckel. Data: 1904.

Figura 35: Répteis - o esqueleto é totalmente ósseo e bem diversificado.


Fonte:WIKIPEDIA(2011 f).
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Crocodylidae-drawing.jpg. Acesso em:10 de
junho de 2011.
Figura 36: Aves – o esqueleto é resistente, ocorrendo fusões ósseas para formar uma
armadura esquelética mais firme. Possuem ossos ocos.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 c).

Figura 37:Mamíferos - possuem músculos especializados e bem desenvolvidos, principalmente


na região da cabeça, pescoço e membros.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 d).
Você deve ter observado pelas figuras acima, a diversidade que encontramos nas classes
de vertebrados. Para ampliar seus conhecimentos a respeito do estudo da Zoologia dos
Vertebrados, você deverá fazer uma pesquisa na internet sobre as características
anatômicas e comportamentais desses representantes e, em seguida, escreva na tabela
abaixo, as observações mais interessantes de cada uma das classes de vertebrados.

OBSERVAÇÕES

Estamos terminando o estudo desse capítulo, ressaltando os aspectos conceituais por meio
de desenhos e pesquisas científicas, privilegiando a evolução e os processos fisiológicos
dos vertebrados. Muitos outros exemplos poderiam ter sido citados e explicados, mas o
intuito desse capítulo é motivá-lo à pesquisa e à curiosidade.

Faça a releitura deste capítulo, refletindo sobre o que lê, anotando e comparando os pontos
principais e as dúvidas que ficaram. A seguir, vamos lhe propor a realização de atividades.
Não tema esquecer algumas informações, releia sempre os textos e pesquise
constantemente.

Antes de realizá-las, sugerimos que crie interesse pelo estudo. Procure conhecer, participar,
opinar e transformar, desenvolva o conhecimento e o sentimento de confiança em si
mesmo, independentemente de vivências, de referências, e coloque a ciência como um
meio de ampliar a compreensão da realidade, possibilitando a percepção de um mundo em
transformação e sua explicitação científica permanentemente, pois aos poucos, as metas
de formação de cada etapa serão alcançadas.

Resumo

Os vertebrados constituem um subfilo de animais do fio Chordata. O filo Chordata se


divide em dois grandes grupos: Acrania (protocordados) e Craniata (vertebrados).

Os vertebrados compreendem os animais ágnatos, os peixes cartilaginosos e ósseos, os


anfíbios, os répteis, as aves e mamíferos. Possuem como características a presença de
uma coluna vertebral e de um crânio que lhes protege o cérebro.

Outras características adicionais podem ser evidenciadas, como por a presença de um


sistema muscular e de um sistema nervoso central (SNC), formado pelo cérebro e pela
medula espinhal. Eles estão localizados dentro da parte central do esqueleto (crânio e
coluna vertebral). Os vertebrados são divididos em: Agnatha (sem mandíbulas) e
Gnathostoma (com mandíbulas).

Gostaríamos de incentivá-lo a ter mais contato com os animais.Procure ser observador e


pesquisador, ame inteligentemente a natureza e todos os seres vivos que ali existem, e
goze de suas belezas, compreendendo-as.

Atividades

Atividade 1
As linhas de evolução das lampreias e feiticeiras divergiram muito cedo e provavelmente
tiveram origens diferentes entre seus ancestrais ostracodermos. Esses animais não
possuem mandíbulas, mas possuem uma boca circular com vários dentes, por isso são
conhecidos como agnatos, também chamados de ciclostomados.

Explique por que esses representantes recebem dessas denominações.


Atividade 2
Nos ciclóstomos, a notocorda persiste por toda a vida como esqueleto axial: é um bastão
delgado, gelatinoso e envolvido por tecido conjuntivo rijo.
Quais são os outros elementos que constituem o esqueleto dessa classe?

Atividade 3
A lampreia apresenta um epitélio liso, contendo muitas glândulas; o conjunto de cabeça e
tronco ou corpo cilíndrico e a cauda é totalmente comprida. Pesquise na internet essas
informações e escreva detalhadamente sobre a estrutura da lampreia.

Atividade 4
O coração dos ciclóstomos situa-se na extremidade posterior, em forma de taça, dentro de
um saco pericárdico. A partir dessas informações, escreva do que consiste o coração
desses representantes e, em seguida, explique a função do sistema venoso.

Atividade 5
Para responder essa atividade, observe primeiramente as figuras 38 a 49. Em seguida,
pesquise na internet as características comportamentais e evolutivas de cada um desses
representantes.

Após a realização dessas pesquisas, registre no quadro a seguir, todas as anotações mais
significativas para a sua aprendizagem. Posteriormente, nos encontros presenciais,
socialize suas observações com os seus colegas, e a partir das anotações de cada um dos
animais, elabore um texto argumentativo sobre uma das espécies pesquisadas.

ANOTAÇÕES
Figura 38: Mamíferos da ordem Carnivora.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 n).
Figura 39: Mamíferos com olhos geralmente dirigidos para frente e grande
desenvolvimento cerebral.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 o).

Figura 40: Mamíferos artiodáctilos - possuem número par de dedos.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 e).
Figura 41: Mamífero terrestre.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 f).

Figura 42: Ave carenata.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 g).
Figura 43: Pinguim - ave da ordem Sphenisciformes.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 h).

Figura 44: Esqueleto de um ofídio.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 i).
Figura 45: Tartarugas - são aquáticas e possuem membranas entre os dedos, para a natação.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 h).

Figura 46: Anta - mamífero da ordem Perissodactyla.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 j).
Figura 47: Zebra - mamífero que possui número ímpar de dedos.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 k).

Figura 48: Leoas - possuem dentes incisivos pequenos.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 l).
Figura 49: Moreia - peixe ósseo com o corpo longo e cilíndrico.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 m).

Referências
GOSLOW, George e HILDEBRAND, Milton. Análise e estrutura dos vertebrados. 2. ed. São Paulo:
Atheneu, 2006, 637 p.

NIELSEN, Knut Schimidt. Fisiologia animal. 5. ed. São Paulo: Livraria Santos, 1999, 600 p.

ORR, Robert T. Biologia dos vertebrados. 5. ed. São Paulo: Roca, 1999, 508 p.

POUGH, F. H.; HEISER, J. B.; McFARLAND, W. N. A vida dos vertebrados. 4. ed. São Paulo:
Atheneu, 2008.

SOARES, José Luís. Dicionário etimológico e circunstanciado de Biologia. São Paulo: Scipione,
1993.

STORER, Tracy I. e USINGER, Robert L. Zoologia geral. 6. ed. São Paulo: Nacional, 2002.
6 Estranhos e maravilhosos seres vivos

Ricardo Baratella

Introdução

Nesse capítulo, continuaremos nossos estudos sobre a Zoologia dos Vertebrados. Você
sabia que o maior avanço na história dos vertebrados foi a evolução dos processos
fisiológicos que possibilitaram a construção de um esqueleto composto por fosfato de cálcio
(osso)? Primeiramente, esta capacidade ficou limitada à superfície do corpo, aos tecidos
dérmicos, mas posteriormente estendeu-se aos tecidos esqueléticos, provavelmente de
origem mesodérmica. Os tecidos ósseos fossilizaram mais facilmente do que os tecidos
moles, e o registro fóssil dos vertebrados é extenso após a evolução do osso. Os fósseis
mais antigos dos vertebrados datam do Cambriano superior e médio Ordoviciano, entre 40 e
125 milhões de anos antes do período no qual os fósseis de vertebrados tornaram-se
abundantes (POUGH, 2008).

O registro fóssil dos primeiros vertebrados estimula nossa curiosidade sobre mais
informações. Segundo Pough (2008, p.125) estes fósseis revelam muito pouco sobre o
curso da evolução desde:

os primeiros vertebrados do Cambriano até o repentino aparecimento da


ampla variedade de Agnatha e formas mandibuladas do Siluriano Superior.
Estes fósseis não esclarecem sobre a evolução da organização dos
vertebrados a partir de um ancestral invertebrado. Também não esclarecem
a evolução dos vertebrados mandibulados a partir de seus predecessores
Agnatha. Muitos biologistas admitem que os vertebrados foram o último
grupo animal a aparecer. A ausência de fósseis de vertebrados em rochas
mais antigas que as do Cambriano Superior permite apenas especular
sobre a história dos primeiros vertebrados. Muitos outros filos animais
apareceram 50 milhões de anos antes, e fossilizaram em rochas
cambrianas e não sofreram distorções causadas pelas forças geofísicas, o
que permitiu a existência de bons materiais fósseis. A hipótese mais aceita
é a de que os primeiros vertebrados eram, com certeza, animais pequenos,
de corpo mole e cuja existência não foi registrada, pois as condições
necessárias para a fossilização dos tecidos moles eram raras. Talvez a falta
de fósseis mais antigos de vertebrados esteja relacionada a um tipo
particular de habitat onde viviam os vertebrados, e que era impróprio para a
fossilização. Muitos pesquisadores, que estudam a evolução dos
vertebrados, propuseram que os vertebrados evoluíram em cursos de água
doce. Estes ambientes límnicos sofrem erosão, e não ocorre deposição de
sedimentos, e são consequentemente impróprios para uma boa
fossilização.
Você já deve ter estudado que a análise da estrutura dos fragmentos ósseos, por meio da
difração por raios-X, indica que estes vertebrados fossilizaram exatamente no mesmo local
onde são encontrados atualmente.

Acredite! As análises espectrográficas determinam, de maneira precisa, os elementos


químicos incorporados ao material fossilizado. O boro é um elemento químico importante na
determinação da salinidade do ambiente durante a sedimentação.Reconstruções ecológicas
adicionais por meio da antiga análise estratigráfica, comparam os fósseis existentes em uma
formação com outros e talvez com coleções melhor conhecidas de fósseis de outros
lugares.

Temos que responder a uma questão: por que os vertebrados apareceram tão tarde no
relato fóssil? A hipótese mais aceita, mas a mais difícil de comprovar é a de que os
primeiros vertebrados e sua diferenciação evolutiva ocorreram num ambiente que impediu a
fossilização dos tecidos moles.

Objetivos

Este capítulo abordará, de forma contextualizada e crítica, o estudo da diversidade dos


vertebrados: aspectos evolutivos e adaptativos, por meio de textos produzidos em diferentes
linguagens. Nessa perspectiva, depois de estudar este capítulo, esperamos que você
desenvolva as seguintes habilidades:

 apresentar, de forma organizada, o conhecimento sobre os vertebrados, por meio de


desenhos, esquemas, gráficos, tabelas, textos etc.;
 desenvolver posturas e valores pertinentes às relações entre os seres humanos,
entre o ser humano e o conhecimento, contribuindo para uma educação que formará
cidadãos conscientes dos processos e regularidades do mundo e da vida;
 selecionar e utilizar metodologias científicas adequadas para resolução de
problemas, fazendo uso, quando for o caso, de tratamento estatístico de dados
coletados da biologia dos vertebrados;
 compreender que os avanços tecnológicos exigem dos cidadãos, crescimento
constante e que, para não ficar à margem da sociedade, será necessário
desenvolver o gosto pela cultura e a habilidade de promover seu próprio
conhecimento, formulando diagnósticos e propondo soluções para problemas
apresentados, utilizando elementos sobre a diversidade dos vertebrados.

Esquema

6.1 Vertebrata
6.1.1 Pisces
6.2 Tetrápode
6.1 Vertebrata

Os vertebrados são, como todos os cordados, em princípio, animais segmentados e de


simetria bilateral. Externamente esta simetria fica quase sempre rigorosamente conservada,
enquanto a disposição dos órgãos internos pode se tornar mais ou menos assimétrica. A
segmentação manifesta-se nitidamente durante a embriogênese, atenua-se, porém, no
estado adulto cada vez mais, manifestando-se, no entanto, em relação a certos órgãos até
nas classes mais superiores. Por outro lado, falta por completo uma segmentação externa.

Os vertebrados distinguem-se dos outros cordados, sobretudo nos seguintes aspectos:

I) Além da corda dorsal que só nos ciclóstomos e num pequeno número de peixes se
mantém durante toda a vida, possuem os vertebrados um esqueleto interno, muito
aperfeiçoado, de natureza cartilaginosa ou óssea (Figura 1). A sua parte axial
compõe-se da coluna vertebral, que é desde início segmentada e que substitui
gradualmente a corda dorsal do crânio.

Figura 1: Surubim - peixe que possui um endoesqueleto ósseo.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 a).

II) Existem dois pares de extremidades. Elas faltam ainda nos ciclóstomos e podem ser
reduzidas secundariamente em vários outros vertebrados.

III) O corpo divide-se em cabeça, tronco e cauda. Nos vertebrados terrestres (Figura 2)
acresce ainda um pescoço, reduzindo-se neles, por outro lado, muitas vezes a
cauda.
IV) A parte anterior do sistema nervoso central é sempre transformada num encéfalo
altamente diferenciado. Os órgãos dos sentidos superam muito os dos outros
cordados (Figura 3).

V) Os órgãos excretores apresentam primeiro a forma e a disposição típica de


metanefrídeos (Figura 4). Ligam-se às gônadas formando o sistema urogenital.

Figura 2: Macaco - vertebrado terrestre.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 a).

Figura 3: Tucanos - possuem um cerebelo bastante desenvolvido.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 a).
Figura 4: Iguana - possui rins do tipo metanefro e excreta ácido úrico (uricotelismo).
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 b).

Na realidade, há mais no mundo do que animais de qualquer outro grupo de vertebrados, tanto
em termos individuais, como em número de espécies. O número total supera o número de todos
os outros grupos de vertebrados juntos, o que não nos espanta se considerarmos que
aproximadamente quatro quintos da superfície terrestre é coberta por água.

6.1.1 Pisces

O corpo dos peixes é em geral fusiforme, um pouco comprimido lateralmente. O tegumento


compõe-se de duas camadas: a epiderme, de origem ectodérmica, e a derme, que deriva
da mesoderme.

Diagramador, inserir como glossário na lateral.


Fusiforme
(Do lat. fusus, „fuso‟, „peça pontiaguda, de uso das fiandeiras‟; forma, „forma‟). Que tem a forma de um fuso
(SOARES, 1993).
<FECHAR BOX>

Os peixes cartilaginosos aparecem, pela primeira vez no registro fóssil, cerca de 30 milhões
de anos antes dos peixes ósseos, não sendo ancestrais de nenhuma outra classe. Todavia,
os peixes cartilaginosos retêm alguns traços não especializados de seus ancestrais, mais
primitivos do que os equivalentes nos peixes ósseos. Exemplos disso são a estrutura do
coração e do encéfalo e a musculatura da faringe.

Você sabia que os tubarões, raias (Figura 5) e quimeras da Classe CHONDRICHTHYES (gr.
chondros, cartilagem + ichthys, peixe) são os vertebrados mais inferiores que têm vértebras
completas e separadas, mandíbulas móveis e extremidades pares. Todos são predadores e
praticamente são habitantes dos oceanos. O grupo é antigo e representado por muitos
fósseis, especialmente dentes, espinhos das nadadeiras e escamas. Os tubarões são de
grande interesse biológico, porque algumas de suas características anatômicas básicas
aparecem em embriões jovens dos vertebrados superiores.

Figura 5: Raia - peixe cartilaginoso.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 b).

Os peixes cartilaginosos mostram mudanças em relação aos ciclóstomos. Segundo Storer et


al.(p.585 - 586), os CHONDRICHTHYES apresentam:

escamas cobrindo o corpo; dois pares de nadadeiras laterais; mandíbulas


móveis articuladas com o crânio; dentes cobertos de esmalte na mandíbula
e na maxila; três canais semicirculares em cada ouvido; e órgãos e ductos
reprodutores pares. Diferem dos peixes ósseos apresentando: (1) esqueleto
de cartilagem, sem osso verdadeiro; (2) escamas placoides; (3) fendas
branquiais separadas; (4) um par de espiráculos comunicando-se com a
faringe; e (5) ausência de bexiga natatória. Diversas teorias têm sido
propostas para a origem das nadadeiras pares nos peixes. A de Balfour e
outros derivam as nadadeiras pares de dobras longitudinais lateroventrais
sustentadas por raios paralelos. Como prova, (1) o anfioxo apresenta tais
dobras contínuas (metapleuras) unindo-se à nadadeira ventral caudal; (2)
um pequeno peixe do Devoniano, † Climatius, tinha cinco pequenas
nadadeiras acessórias entre as nadadeiras peitoral e pélvica em cada lado;
(3) † Cladoselache, um tubarão do Devoniano Superior, tinha nadadeiras
pares com bases expandidas, sustentadas por muitos raios paralelos; (4)
embriões de alguns tubarões atuais têm dobras cutâneas laterais
precedendo o aparecimento das nadadeiras pares. Outras evidências da
embriologia, anatomia e paleontologia favorecem essa teoria.
MARCADOR USADO PARA QUALQUER ESCLARECIMENTO>
A pele dos tubarões (Figura 6) é áspera ao tato, porque da sua superfície projetam-se inúmeras
pequenas escamas constituídas por uma base óssea e uma ponta aguçada de dentina revestida de
esmalte.
FIM DO MARCADOR

Figura 6: Tubarão.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 c).

O tubarão (Figura 5) respira absorvendo água pela boca, água essa que passa em seguida
pelas brânquias situadas de ambos os lados da cabeça e imediatamente à frente das
peitorais.

Para você, o que é um tubarão?


Muitas pessoas acham que os tubarões (Figura 7) são peixes extremamente ferozes e
ameaçadores, com seus focinhos pontudos, dentes assustadores e um olhar fixo. Na
verdade, os tubarões são hábeis predadores, e poucos representantes oferecem perigo ao
homem. Você sabia que existem aproximadamente 375 espécies de tubarões de tamanhos
variados, indo de espécies minúsculas, de 20 cm de comprimento, até o tubarão-baleia, de
12 m de comprimento?

ABRIR BOX: Explicando melhor>


Mas, a metade desses peixes cartilaginosos não chegam a 1 m. Nem todos os tubarões têm o corpo
fusiforme como o tubarão galha-preta, por exemplo. Há os de corpo achatado e os de cabeça
rombuda, além de outras espécies, de formas longas e flexíveis. Como já foi mencionado nesse
capítulo, todos os tubarões pertencem a uma classe de peixes chamados condrictes, cujo esqueleto
é cartilaginoso. Os tubarões vivem no mar, embora haja alguns que habitam rios ou lagos.
<FECHAR BOX>

Ao classificar um grupo de animais, os cientistas procuram juntar os que possuem mais


características em comum. Mas nem sempre é possível determiná-las, de modo que alguns
tubarões são agrupados simplesmente por conveniência. A classificação, com certeza, pode
mudar com a descoberta de novas espécies ou quando os pesquisadores revelam novas
relações filogenéticas entre as espécies.

Figura 7: Tubarões - surgiram nos mares há 400 milhões de anos atrás.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 d).

ABRIR BOX: Exemplificando>


Uma graciosa arraia-jamanta, batendo suavemente as asas enquanto desliza na água, não tem a
menor semelhança com um tubarão. No entanto, as arraias e seus primos – quimeras, cações-viola e
peixes-serra- pertencem ao mesmo grupo em que estão os tubarões, o grupo dos elasmobrânquios.
São peixes de esqueleto cartilaginoso, com uma estrutura flexível como uma borracha, e fendas
branquiais em lugar de opérculos, estruturas protetoras das guelras, encontradas nos peixes ósseos
e nas quimeras (peixes cartilaginosos). As arraias possuem nadadeiras peitorais em forma de asa
unidas à cabeça, e as fendas branquiais são encontradas na parte inferior do corpo. <FECHAR
BOX>.

Os primeiros tubarões surgiram nos mares 400 milhões de anos atrás, cerca de 200 milhões
antes dos dinossauros. Naquela época não havia répteis, pássaros ou mamíferos. Partes
desses tubarões pré-históricos foram fossilizados ao caírem no fundo do mar, sendo
cobertos por camadas de areia e outros sedimentos. As partes duras, como espinhos e
dentes, fossilizavam-se com mais facilidade que as partes moles, que acabavam por
apodrecer.
Em alguns casos, tudo que restou foram impressões dos tubarões nas pedras. Dentes
fossilizados de tubarão são comuns porque, desde aquela época, os tubarões trocam os
dentes várias vezes em sua vida. Os esqueletos, compostos de cartilagem, não se
preservam tão bem quanto os de peixes ósseos. Fósseis de tubarão são geralmente
encontrados em rochas terrestres que, na pré-história, ficavam no fundo do mar. Os
cientistas sabem a idade dos fósseis pela idade das rochas em que eles foram encontrados.
Os grupos mais antigos de tubarões se extinguiram, mas alguns descendentes deles, que
surgiram há 200 milhões de anos, vivem até hoje.

Os tubarões detectam vibrações emitidas por animais em movimento na água, um sentido


chamado “toque à distância”. É difícil saber como o tubarão vê seu mundo, mas os estudos
sobre seu comportamento e sua sensibilidade podem dar uma ideia disso.

Os tubarões possuem um sistema de linhas laterais de cada lado do corpo e da cabeça. São
constituídas por pequenos canais com poros minúsculos, sob os quais há células com cílios.
Essas células se espalham por todo o corpo e, assim como a linha lateral, captam as
vibrações do som.

ABRIR BOX: Curiosidades>


Os tubarões possuem os mesmo cinco sentidos que os seres humanos: visão, audição, olfato,
paladar e tato. Todavia, eles possuem um sexto sentido que lhes permite detectar sinais elétricos, de
baixa potência, gerados por suas presas. Este “eletro-sentido” também os ajuda a navegar naquele
mundo submarino tão diverso do nosso. Com a profundidade, o nível de luz se reduz e as cores se
tornam azuis. <FECHAR BOX>

Dependendo da quantidade de luz, a íris dos olhos do tubarão se contrai ou dilata, alterando
o tamanho da pupila. Uma camada de células no fundo do olho, chamada tapetum, reflete a
luz na retina, onde as imagens são focalizadas, aproveitando ao máximo a luz existente. É
por isso que o tubarão enxerga na penumbra. Em dias ensolarados, o tubarão protege o
tapetum com uma camada de pigmento. Assim como no homem, a retina do tubarão tem
dois tipos de células – bastonetes, sensíveis a mudanças de luz, e cones, que permitem
distinguir os detalhes e possivelmente as cores.

Encontrar um parceiro ou parceira para acasalamento pode significar uma longa viagem,
pois tubarões machos e fêmeas vivem em diferentes partes do oceano. Quando eles se
encontram, o macho persegue a fêmea, mordendo-a para convencê-la a se acasalar.
Quando o macho insere um de seus claspers na cloaca da fêmea, a água do mar existente
numa bolsa de seu corpo passa por um canal do clasper, forçando a entrada do esperma na
cloaca. É dessa maneira, dentro do corpo da fêmea, que ocorre a fertilização. Ao contrário,
nos peixes ósseos a fertilização se dá fora do corpo, ou seja, os ovos e o esperma são
lançados na água. A fertilização nem sempre ocorre de imediato, pois algumas fêmeas
podem armazenar esperma até estarem preparadas para reproduzir. Na maioria dos
tubarões, os ovos fertilizados se desenvolvem no útero da fêmea, e seus filhotes nascem
por um processo de parto. Em outros tubarões, os ovos fertilizados são envoltos em uma
casca coriácea e depositados pela fêmea no leito do mar. Depois disso, ela vai embora, e os
ovos se desenvolvem sozinhos. Esses tubarões são ovíparos: os filhotes nascem de um ovo
fora do corpo da mãe, como nas aves e peixes ósseos.

A larga boca dos peixes cartilaginosos é marginada com fileiras transversais de dentes
pontiagudos. Storer et al (2002, p.587) afirmam ainda que os dentes desenvolveram-se de
escamas placoides e que:

estão implantados na carne e não ligados à mandíbula e maxila como nos


peixes ósseos e nos vertebrados superiores. Dentes de substituição se
desenvolvem continuamente em fileiras atrás dos dentes funcionais e
movem-se para frente para substituir aqueles que foram perdidos. O dente
serve para agarras presas, como pequenos peixes, que são frequentemente
engolidos inteiros. Uma língua achatada adere ao assoalho da boca. Nos
lados da larga faringe há aberturas que vão ter as fendas branquiais
separadas. O esôfago curto conduz ao estômago em forma de J, que
termina num esfíncter, músculo circular, a válvula pilórica. O intestino segue
e une-se diretamente à cloaca e ao ânus. No intestino há um septo disposto
em espiral, a válvula espiral, coberto com uma membrana mucosa, que
retarda a passagem do alimento e oferece maior área para a absorção. O
grande fígado, com dois lobos, prende-se na extremidade anterior da
cavidade do corpo. A bílis do fígado é coletada na vesícula biliar
esverdeada e daí passa por meio do ducto biliar para a parte anterior do
intestino. O pâncreas bilobado situa-se entre o estômago e o intestino,
desembocando seu ducto no último, logo abaixo do ducto biliar. Em alguns
cações, o óleo de fígado perfaz cerca de 20 por cento do peso do corpo e
fornece uma considerável flutuabilidade. Não há bexiga natatória nos
cações.

Agora, você deverá fazer uma pesquisa na internet sobre o comportamento dos peixes
cartilaginosos. Em seguida, descreva no quadro abaixo, as informações mais significativas
sobre essa classe de animais.

OBSERVAÇÕES

ABRIR BOX: Exemplificando>


Os cações (Squalus) medem até 90 cm de comprimento e a maioria dos tubarões não atinge 2,50
metros de comprimento, mas o grande anequim (Carcharodon carcharias) cresce até 6 metros e o
Cetorhinus maximus até 12 metros; o tubarão-baleia (Rhincodon typus) atinge 18m. Estes são os
maiores vertebrados viventes com exceção das baleias. A maioria das raias tem de 30 a 90 cm de
comprimento, mas a maior jamanta (Manta birostris) mede até 5 metros de comprimento e 6 metros
de envergadura. As quimeras têm menos de 1m de comprimento. <FECHAR BOX>

Você sabia que o grande conteúdo de sais das águas dos oceanos representa um problema
na regulação osmótica interna para muitos animais marinhos?

Storer et al.(2002, p.588), elucidam que para combater o desequilíbrio osmótico:

os cações e as raias retém cloreto e ureia (um produto de excreção do


metabolismo proteico) no sangue em concentrações de 2,0 a 2,5% (contra
0,01 a 0,03% na maioria dos outros vertebrados), de tal forma que seu
sangue e os líquidos do corpo são ligeiramente hipertônicos em relação ao
mar. Pouca ureia é perdida por meio das brânquias ou dos rins. Eles
absorvem um pouco de água por meio das brânquias e da bucofaringe, não
precisando beber água. A eliminação de urina é pequena.

Nesse momento, você deverá continuar suas pesquisas sobre os peixes cartilaginosos.
Após todas as suas pesquisas, observações e anotações, complete a tabela abaixo.
Características gerais dos CHONDRICHTHYES

Revestimento e proteção

Sustentação e locomoção

Nutrição e digestão

Respiração

Circulação

Sistema nervoso

Sentidos

Reprodução

INSERIR MARCADOR PARA QUALQUER ESCLARECIMENTO


O sentido do olfato dos peixes é extremamente apurado. As suas narinas sentem as mais delicadas
mudanças na composição química da água. Quando a corrente é favorável, os tubarões podem
farejar sangue fresco a quase meio quilômetro de distância.
<FIM DO MARCADOR

Você já deve ter lido algum texto informando que a maioria dos peixes se encontra no mar,
mas há muitas espécies que são encontradas na água doce. Entre estas, os maiores são os
peixes-espátula, certos bagres e os esturjões. Segundo relatos, o grande peixe-espátula do
rio Yangtze, na China, pode atingir quase sete metros de comprimento e alguns bagres da
Europa e da Ásia chegam a medir até pouco mais de três metros. Já os esturjões do rio
Volga podem ter até mais de quatro metros de comprimento e chegam a pesar pouco mais
de uma tonelada. Até na costa do Pacífico dos Estados Unidos, foram observados esturjões
com quase quatro metros de comprimento. Não existe nenhum peixe de água doce na
Groenlândia nem na Antártica, por causa do gelo que recobre, permanentemente, a maior
parte destas terras (ORR, 1999).

<ABRIR BOX: Saiba mais>


Embora a maioria dos peixes esteja confinada à água, alguns como Periophthalmus, podem caminhar
na terra e até mesmo subir em galhos mais baixos das árvores; outros, como certos dipnoicos, podem
cobrir-se de lama e viver meses sem água; outros, ainda, como os peixes voadores, conseguem
planar no ar.
<FECHAR BOX>.

Várias espécies de animais que vivem na água são chamados peixes desde os peixes-boi
até as estrelas-do-mar, mas o termo se aplica propriamente a vertebrados aquáticos
inferiores. Os gregos conheciam os peixes como ichthytes, sendo ictiologia o estudo
científico dos peixes; o nome comum peixe deriva do latim, pisces. Os peixes mais típicos
ou peixes ósseos têm esqueleto ósseo, são cobertos com escamas dérmicas, geralmente
têm corpo fusiforme, nadam por meio das nadadeiras e respiram por brânquias. Várias
espécies habitam todos os tipos de água, doce, salobra, salgada, quente ou fria. Os peixes
têm sido um armazém de alimento proteico para a humanidade desde a antiguidade e
muitas espécies fornecem recreação agradável para pescadores amadores (STORER et al.,
2002).

Os peixes produzem sons de diversas maneiras dependendo da espécie. Storer et al.(2002,


p.603), ressaltam que os peixes ósseos podem:

mover as nadadeiras contra partes do corpo, atritar os dentes faríngeos,


libertar gás pelo ducto da bexiga natatória ou vibrar suas paredes com
músculos especiais. Os sons podem servir para reunir indivíduos para a
reprodução ou para a alimentação. Em algumas espécies, eles são emitidos
durante o comportamento agressivo ou defensivo e eles podem ser
importantes no comportamento territorial. Em muitas espécies, os sons
parecem ser transmitidos por meio do corpo para o ouvido interno. Em
alguns teleósteos, entretanto, o ouvido interno está ligado à bexiga natatória
cujas paredes vibram com os sons subaquáticos como em um hidrofone. A
ligação pode ser direta, por meio de uma conexão semelhante a um
estetoscópio até a cápsula auditiva (tarpão, bacalhaus de profundidade,
arenques) ou indireta, por meio de diversos ossos pequenos, os ossículos
de Weber (caracídeos, peixes semelhantes à carpas e bagres).

<ABRIR BOX: Parada obrigatória>


Você sabia que a bexiga natatória assemelha-se a pulmões em alguns peixes ósseos?Certas
espécies de peixes ósseos têm estruturas acessórias que lhes permitem respirar em águas rasas e
sujas.
<FECHAR BOX>.

<ABRIR BOX: Curiosidades>


O peixe-cachorro (Figura 8) é um peixe endêmico da bacia do São Francisco; o corpo é alongado,
coberto de escamas e percorrido por faixa longitudinal clara; apresenta mancha no pedúnculo caudal
que às vezes, cobre os raios medianos da nadadeira caudal. FECHAR BOX>
Figura 8: Peixe-cachorro.
Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 e).

Você sabia que o endoesqueleto dos peixes ósseos consiste no crânio, coluna vertebral,
costelas, cintura peitoral e de muitos pequenos ossos acessórios (pterigióforos) que
sustentam os raios das nadadeiras?

Em relação ao esqueleto dos peixes ósseos, Storer et al. (2002, p.596-597) descrevem que
encontramos nesses representantes um:

crânio que compreende a caixa craniana encerrando o encéfalo, as


cápsulas para os órgãos pares de sentido especial (olfativo, óptico, auditivo)
e o esqueleto visceral, que fornece as mandíbulas e os suportes para a
língua e o mecanismo branquial. O crânio tem uma articulação dupla com a
coluna vertebral e é tão solidamente unido que um peixe não consegue virar
a cabeça (Figura 9). Dentes ocorrem geralmente nos ossos pré-maxilar,
dentário, vômer e palatino.

Figura 9: Salmão – vertebrado que não consegue movimentar a cabeça.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 c).

O salmão (Figura 9) reúne-se nos estuários antes de se lançarem na árdua viagem, subindo
o rio onde nasceram. Iniciada a viagem, deixam de alimentar-se. Quando por fim alcançam
as águas pouco profundas, acasalam e depositam os ovos no areão. Em seguida, terminada
a reprodução, morrem.

Agora, você irá fazer uma pesquisa sobre os peixes ósseos. Após todas as suas
observações, reflexões e anotações, complete a tabela a seguir.
Características gerais dos OSTEICHTHYES

Revestimento e proteção

Sustentação e locomoção

Nutrição e digestão

Respiração

Circulação

Sistema nervoso

Sentidos

Reprodução

Ao terminar de completar as tabelas acima, identifique se há diferenças entre as


informações pesquisadas das duas classes: CHONDRICHTHYES e OSTEICHTHYES.
Quais as semelhanças nas características morfofisiológicas dessas duas classes foram
identificadas? Registre no quadro, a seguir, as suas observações.
OBSERVAÇÕES

<ABRIR BOX: Parada para reflexão>


Os peixes tóxicos são encontrados em todas as águas mais quentes do mundo, mas são mais
abundantes no Oceano Pacífico tropical e no Caribe. O mais conhecido talvez seja o baiacu
(Arothron hispidus). O índice de mortalidade por ingestão de carne desta espécie é estimado em
cerca de 60%, e sabe-se que houve casos em que a morte ocorreu em 20 minutos. Em regiões
tropicais, foram registrados envenenamentos por ingestão de espécies comestíveis como
palombetas, vermelhos, labros, atuns e cavalas. Estas toxinas, mais frequentemente, concentram-se
em órgãos viscerais, como o fígado e gônadas, e, em algumas espécies, sua presença parece
relacionada com a estação de reprodução (ORR, 1999).
<FECHAR BOX>

Você sabia que a maioria dos peixes de zonas temperadas reproduz-se na primavera ou no
começo do verão, mas algumas trutas o fazem no outono ou no inverno? Storer et al.(2002,
p.606) afirmam que:

espécies tropicais de água doce reproduzem-se principalmente na estação


chuvosa quando os rios sobem ou transbordam, mas alguns “peixes anuais”
desovam em poças que estão secando e os ovos sobrevivem por baixo da
dura crosta de barro até a próxima estação chuvosa. A maioria dos peixes
tem uma cria anual, mas os guaru-guarus (Gambusia) podem produzir até
seis. Os peixes são principalmente ovíparos, mas muitas espécies isoladas
e todos os representantes de alguns grupos são vivíparos. Guaru-guarus e
as percas vivíparas (EMBIOTOCIDAE) dão à luz somente alguns filhotes de
cada vez, enquanto que a maioria dos peixes ovíparos produz muitos ovos.
A truta-comum põe de 80 até mais de 5.600, de acordo com o tamanho, o
salmão do Atlântico até 17.000, o bacalhau até mais de 6.000.000 e o peixe-
lua até 300.000.000 de ovos. O corpo das fêmeas está frequentemente
inchado com os ovos em maturação um pouco antes da ovipostura.
Mudanças de cor ou de outros caracteres, como as mandíbulas em gancho
do salmão, podem ocorrer nos machos durante a estação da reprodução.
Rituais de corte precedem a desova em várias espécies de peixes. Alguns
peixes de água doce fazem ninhos; os da truta e do salmão são depressões
rasas, limpas de detritos finos e cobertas de cascalho ou
areia após a ovipostura. O macho da esganata (Gasterosteus) faz um ninho
globular de finas fibras vegetais unidas entre si por meio de uma secreção
viscosa dos rins; mais tarde ele cuida dos ovos e dos filhotes pequenos. As
percas vivíparas e os guaru-guarus retêm os ovos para o desenvolvimento
nos ovários; o macho (Figura 10) do cavalo marinho (Hippocampus) carrega
os ovos numa bolsa incubadora; e os machos de alguns bagres marinhos e
de ciclídeos de água doce da África carregam os ovos na boca. Muitos
peixes ósseos, tanto marinhos como de água doce apresentam cuidado à
prole. Os ovos são geralmente pequenos e o tempo necessário para o
desenvolvimento varia de acordo com a espécie e a temperatura da água.
Ovos de alguns peixes marinhos eclodem como pequenas larvas
transparentes em algumas horas e os da maioria das espécies tropicais da
água doce eclodem em 20 a 48 horas. Em contraste, os ovos da truta-
comum necessitam aproximadamente de 44 dias a uma temperatura de 10
a 11ºC, e 90 dias ou mais a uma temperatura de 4,5ºC. Os jovens de alguns
peixes vivíparos assemelham-se aos pais quando nascem; outros jovens
são larvas quando nascem e gradualmente assumem a forma do adulto.
Linguados e solhas (HETEROSOMATA), quando nascem, têm simetria
bilateral, com um olho em cada lado, mas cedo um olho começa a “migrar”
para o lado oposto, lado este superior quando o peixe se deita sobre o
fundo. Os jovens de guaru-guarus (Gambusia) podem amadurecer e
reproduzir-se antes de 4 meses de idade, enquanto o salmão-rei do rio
Yudon requer 5 ou 6 anos para desovar.

Figura 10: Cavalo-marinho - é um gênero de peixe pertencente à


família Syngnathidae, que vive em águas temperadas e tropicais.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 f).
<ABRIR BOX: Ampliando o conhecimento>
Bactérias luminosas vivem em órgãos especiais situados sob os olhos de alguns peixes, produzem
uma luz semelhante à de uma lanterna elétrica de fraca potência e permitem ao peixe ver à noite,
comunicar com outros peixes e atrair as presas.
<FECHAR BOX>

Agora, observe atentamente a figura 11.

Figura 11: Piau: peixe ósseo.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Ricardo Baratella (2011 g).

Você identifica alguma semelhança morfofisiológica entre os representantes ilustrados nas


figuras 10 e 11? A partir de suas observações, elabore um texto argumentativo sobre os
peixes ósseos, caracterizando as duas espécies de peixes. No quadro a seguir, você irá
registrar todas as informações e curiosidades que achou mais interessante.

OBSERVAÇÕES

Você irá pesquisar na internet as principais características comportamentais do baiacu


(Figura 12). Ele é classificado como um peixe ósseo ou cartilaginoso? Onde os baiacus
vivem? Após conhecer o nicho ecológico do animal, caracterize o bioma onde eles são
encontrados. Há alguma semelhança entre as características desse bioma com a região
onde você mora?
Figura 12: Baiacu - peixe comum na fauna fluvial da América do Sul e, mais especificamente, do Brasil.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 h).

Registre no quadro a seguir todas as respostas dos questionamentos acima.

QUESTIONAMENTOS

6.2 Tetrápodes

Os tetrápodes são, simplesmente, vertebrados com quatro patas (membros), ao menos em


sua ancestralidade. Os primeiros vertebrados a possuir patas, em vez de nadadeiras, foram
um grupo de anfíbios do Devoniano Superior, os quais eram, provavelmente, aquáticos,
assim como seus ancestrais entre os peixes. Provavelmente utilizam seus membros para
andar sobre o fundo de água rasa, para remar onde a água era mais profunda e para
rastejar na região da margem. Todavia, a maioria dos tetrápodes é terrestre ou possuem
ancestrais terrestres, de forma que vale considerar as modificações que permitiram a vida
terrestre aos descendentes dos peixes.
<ABRIR BOX: Explicando melhor>
Fora da água, já não há mais o benefício de um corpo hidrodinâmico. Um pescoço se torna
vantajoso, já que agora a cabeça pode girar facilitando a alimentação e a visão, sem afetar os
mecanismos de locomoção. Nadadeiras medianas não são mais úteis. Sem a sustentação da água, o
corpo deve ser sustentado pelos membros, o que exige apêndices fortes, cinturas firmemente
associadas ao esqueleto axial e uma coluna vertebral mais resistente à torção e à gravidade.
<FECHAR BOX>

<INSERIR MARCADOR USADO PARA QUALQUER ESCLARECIMENTO>


Vamos pesquisar novamente?
<FIM DO MARCADOR>

Pesquise na internet sobre as características gerais das classes de vertebrados –


superclasse Tetrapoda.

Superclasse TETRAPODA

Antes de tornarem-se totalmente livres da água ou de ambientes úmidos para a reprodução,


os tetrápodes tiveram de realizar o “milagre” de evoluir ovos com cascas e membranas
fetais, para a proteção dos embriões do ressecamento, dos danos mecânicos e dos dejetos
metabólicos. Algumas outras modificações estruturais, fisiológicas e comportamentais
também foram necessárias para a conquista do meio terrestre. Portanto, não surpreende
que os primeiros tetrápodes, os anfíbios (Figura 13), não foram capazes de realizar,
completamente, todas essas modificações.

Figura 13: Rã.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 d).
<ABRIR BOX: Curiosidades>
Em certas regiões dos trópicos, as florestas são tão úmidas e tão regularmente encharcadas por
chuvas torrenciais que a superfície das folhas se mantém continuamente molhada e as rãs (Figura
13) podem viver nelas permanentemente. <FECHAR BOX>

Os anfíbios evoluíram a partir de ancestrais de nadadeiras lobadas cerca de 50 milhões de


anos após o aparecimento dos peixes ósseos. A classe atingiu seu ápice após mais 75
milhões de anos, no Carbonífero Superior, mas continuou abundante até o final do Triássico.
Relativamente poucos tipos de anfíbios sobreviveram até o presente, mesmo assim,
distribuindo-se em áreas tropicais e temperadas de todo o mundo, seus hábitos e habitats
são diversos.

Os anfíbios adultos possuem bocas amplas e uma língua carnosa que, nos animais
viventes, está fixada na região rostral da maxila inferior. Um dos ossos que sustentavam as
mandíbulas do ancestral pisciforme se converteu em um ossículo da orelha, contribuindo
para a audição no ar. Geralmente há pulmões e ocorre alguma respiração por meio da pele
e por áreas da mucosa bucal e faríngea. Desenvolveram-se pálpebras e glândulas para
umedecer os olhos.

<ABRIR BOX: Comparando>


Uma diferença fundamental entre os anfíbios modernos e os demais tetrápodes refere-se a
ocorrência de um ovo amniótico nesse último grupo. O ovo amniótico é referido, algumas vezes,
como o “ovo terrestre”, mas trata-se de um termo errôneo. Muitas espécies de anfíbios e alguns
peixes atuais possuem ovos anamnióticos que se desenvolvem com sucesso na terra, e os
invertebrados terrestres também depositam ovos anamnióticos. Mesmo as diferenças nos requisitos
de umidade de ovos anamnióticos e amnióticos não são grandes. Ambos exigem condições
relativamente úmidas para evitar o dessecamento. Não obstante, o ovo amniótico é um caráter
derivado que separa os dois principais grupos de tetrápodes – amniotas e anamniotas (POUGH,
2008).<FECHAR BOX>.

Uma rã (Figura 14) consegue manter-se imóvel horas a fio sobre uma folha, confundindo-se
com o ambiente que a rodeia. Quando por fim surge um inseto, como por exemplo, uma
libelinha, lança subitamente um ataque a dois tempos, saltando com um poderoso impulso
das patas traseiras e, no ponto extremo do salto, projetando a língua viscosa.

Figura 14: Rã - um salto para alimentar-se.


Fonte: Acervo do autor. Desenho de Cilene Castejón (2010 b).
Todos os anfíbios atuais adultos são carnívoros e, dentro de cada ordem, relativamente
poucas especializações morfológicas estão associadas a hábitos alimentares diferentes. Os
anfíbios alimentam-se de quase tudo que são capazes de capturar, mastigar e deglutir. Nas
formas aquáticas, a língua é larga, achatada e relativamente imóvel, mas alguns anfíbios
terrestres podem protraí-la a partir da boca para capturar a presa (POUGH, 2008).

<ABRIR BOX: Importante!>


A maioria dos anfíbios caudados modernos tem quatro membros relativamente frágeis, que não são
adaptados para a movimentação rápida na terra. Geralmente, as pernas anteriores têm quatro dedos
e as posteriores, cinco. Entretanto, algumas espécies mostram uma redução acentuada dos
membros. As espécies do gênero Siren do sudeste dos Estados Unidos e do vale do Mississipi
possuem apenas os membros peitorais. O gênero Pseudobranchus, próximos a ele, não tem os
membros posteriores, e os dedos anteriores encontram-se reduzidos, de quatro para três. Em certas
salamandras do sul dos Estados Unidos, os membros são extremamente pequenos em relação ao
tamanho de seu corpo, e os dedos podem ser reduzidos a dois ou três. Apesar da maioria das
salamandras (Figura 15) serem terrestres ou aquáticas, algumas espécies são arborícolas (ORR,
1999).<FECHAR BOX>.

Figura 15: Salamandra - anfíbio caudado.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ansuene Welida Silva (2011 a).

Os AMPHIBIA incluem sapos, rãs e pererecas (Ordem ANURA), salamandras (Ordem


CAUDATA), cobras-cegas alongadas e desprovidas de pernas, tropicais (Ordem
GYMNOPHIONA) e várias formas fósseis do Devoniano em diante. Para Storer et al.(2002,
p.618 e 620) o nome da classe (gr. amphi, duas + bios, vida) indica apropriadamente que a
maioria das espécies:

vive parcialmente na água doce e parcialmente na terra. Tanto na estrutura


como na função, os anfíbios situam-se entre os peixes e os répteis, sendo o
primeiro grupo de cordados a viver fora da água. Alguns caracteres “novos”
os adaptam para a vida terrestre, como pernas, pulmões, narinas
comunicadas com a cavidade bucal e órgãos dos sentidos que podem
funcionar tanto na água como no ar. Os anfíbios são importantes
predadores de insetos e de outros invertebrados pequenos, e muitos são os
principais vertebrados predadores em pequenas aberturas úmidas
encontradas em troncos caídos, embaixo de pedras e casca de árvores, no
folhiço e no chão. São importantes para o ciclo de nutrientes entre a água
doce e os ambientes terrestres porque os nutrientes dos lagos,
incorporados em suas larvas, são transportados para a terra por meio da
dispersão e morte de indivíduos metamorfoseados. Servem de alimento
para vários vertebrados, inclusive para o homem e muitas espécies são
usadas no ensino e na pesquisa de Biologia. Os pulmões e as nadadeiras
lobadas de peixes crossopterígios foram aspectos-chave na transição dos
vertebrados da água para o ambiente terrestre. A respiração pulmonar
tornou-se de longe a mais importante quando as brânquias foram perdidas
nos adultos com o advento da vida terrestre, e tal respiração aumentou pela
transformação da pele com escamas dos peixes na fina membrana
respiratória dérmica dos anfíbios. Isto exigiu a perda das escamas, aumento
do componente aquoso das secreções dérmicas e grandes modificações no
sistema circulatório. Pela primeira vez apareceu uma separação entre o
fluxo sanguíneo pulmonar e o fluxo sanguíneo sistêmico, característica de
todos os tetrápodos. Os arcos aórticos que passavam entre as brânquias
foram eliminados, exceto o último, usado para a passagem do sangue até
os pulmões, e o quarto, usado para transportar sangue para o corpo.
Começou a divisão do coração em quatro câmaras para acomodar o fluxo
“duplo” de sangue, mas esta não é completa nos anfíbios.

Novamente, você irá fazer uma pesquisa. Mas, agora a sua pesquisa é sobre as
características morfofisiológicas da classe AMPHIBIA. Após todas as suas pesquisas,
observações, reflexões e anotações, complete a tabela a seguir.

Características gerais dos AMPHIBIA

Revestimento e proteção

Sustentação e locomoção

Nutrição e digestão

Respiração

Circulação

Sistema nervoso
Sentidos

Reprodução

Figura 16: Anfíbio da ordem Anura.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 e).

As nadadeiras lobadas, com suas robustas sustentações esqueléticas, modificaram-se em


perna (Figura 16). Neste estágio primitivo da evolução de pernas, o cotovelo e o joelho
moveram-se para a frente e para trás em um arco horizontal e os pés sitiavam-se bem para
os lados do corpo como nas salamandras e em alguns répteis com pernas. Os movimentos
ondulatórios laterais, característicos dos peixes, foram retidos (exceto nas rãs), assim como
os músculos segmentares do tronco e da cauda, que eram responsáveis por tais
movimentos.

<ABRIR BOX: Parada obrigatória>


A saída para o ambiente terrestre trouxe o problema do dessecamento e maiores riscos de extremos
térmicos. No entanto, também houve maior oportunidade para adaptação a temperaturas mais altas
com a vantagem competitiva de uma taxa metabólica mais elevada, eventualmente para chegar, por
meio dos répteis, até as aves e os mamíferos endotérmicos. A adaptação a um ambiente quente e
seco foi, entretanto, limitada pelo papel respiratório da pele e por sua função na manutenção dos
níveis de água por meio de absorção cutânea de água<FECHAR BOX>.
Os anfíbios, de pele mole, geralmente pequenos e não protegidos por armas como
espinhos, garras e dentes afiados, evoluíram um elaborado sistema de glândulas cutâneas
que secretam veneno como proteção contra os predadores. Storer et al.(2002, p.620)
afirmam que a vida no ambiente terrestre exigiu uma mudança na excreção nitrogenada. Os
crossopterígios ancestrais provavelmente:

excretavam amônia como os atuais peixes de água doce e as larvas dos


anfíbios. A amônia é tóxica, mas quando a água é abundante ela pode ser
rapidamente eliminada e dissipada. No ambiente terrestre, entretanto, onde
a economia de água é necessária, a excreção nitrogenada transformou-se
em uma substância menos tóxica, a ureia. A evolução de uma língua
musculosa, rápida, viscosa e protrátil, usada primariamente parra a captura
de presas foi favorecida pela vida no ambiente terrestre. Seu esqueleto
derivou da treliça hioide que sustentava as brânquias e a faringe dos peixes.
A densidade da água foi o impedimento para um tal desenvolvimento na
água. Confrontados com a seca e com partículas no ar, desenvolveram-se
glândulas e pálpebras móveis para a lubrificação, limpeza e proteção dos
olhos, além de um ducto lacrimal para eliminar as secreções supérfluas.

<ABRIR BOX: Explicando melhor>


Apesar de suas muitas adaptações para a vida no ambiente terrestre, os anfíbios, como grupo,
limitaram sua expansão para os ambientes secos devido à sua dependência da respiração cutânea,
incapacidade de produzir uma urina concentrada e devido à incapacidade de produzir um ovo
terrestre resistente à dessecação. <FECHAR BOX>

Nesse momento, analise o vertebrado terrestre que está representado na figura 17. Com
certeza, você o identificou. Agora, primeiramente, descreva as características desse animal
sem realizar qualquer consulta na internet ou em livros didáticos.

Figura 17: Cobra – representante da classe


Reptilia.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo
Baratella (2011 i).
CARACTERÍSTICAS

Após as suas primeiras anotações, pesquise na internet as principais características das


cobras. Em seguida, registre no quadro abaixo, as informações mais interessantes que você
pesquisou sobre esses animais.

INFORMAÇÕES

Você percebeu alguma diferença nas anotações que fez nos quadros acima, nessas duas
situações? Quais foram essas observações? Qual o filo e a ordem do animal representado
na figura 17?

Após responder a todos esses questionamentos, vamos conhecer um pouco mais dos
répteis? Muitas informações sobre essa classe de animais já foram estudadas nas etapas III
e IV do curso de Ciências Biológicas, nos capítulos de Fisiologia Animal Comparada. Vale
a pena fazer uma nova leitura desses capítulos!

Os répteis evoluíram a partir dos anfíbios antracosauros, cerca de 60 milhões de anos após
o aparecimento destes últimos. Desde o Permiano e ao longo do Cretáceo, eram os
vertebrados mais abundantes. Esta foi a primeira classe de tetrápodes com todas as
estruturas necessárias para a vida no meio terrestre, incluindo membranas fetais e um
tegumento resistente ao ressecamento (GOSLOW; HILDEBRAND, 2006).

A Classe REPTILIA inclui lagartos e cobras (Ordem SQUAMATA), tartarugas e jabutis


(Ordem CHELONIA), crocodilos e jacarés (Ordem CROCODILIA) e a tuatara da Nova
Zelândia (Sphenodon punctatus, Ordem RHYNCHOCEPHALIA). Estes representam apenas
4 das 16 ordens conhecidas que floresceram durante o Mesozoico, a era dos répteis,
quando foram os animais dominantes. O nome da classe refere-se ao modo de locomoção e
o estudo dos répteis é chamado de herpetologia.

Segundo Storer et al.(2002,p. 643 - 644) os répteis foram o primeiro grupo de vertebrados a
adaptar-se à vida em lugares secos no ambiente terrestre. Algumas das características que
possibilitaram este fato são:

maior resistência da pele à perda de água (quando comparada com a dos


anfíbios). As glândulas cutâneas, importantes para a respiração cutânea
dos anfíbios, perderam importância à medida que os pulmões assumiram o
papel primário na respiração e as glândulas de veneno foram substituídas
por outros métodos de defesa. A pele aumentou a proteção contra o atrito e
a perda de água nos ambientes secos. Entretanto, pequenas áreas de pele
fina permaneceram entre as escamas dos répteis, dando flexibilidade às
partes que, se não fosse por isto, teriam se tornado uma armadura dérmica
rígida. Garras que protegem a extremidade dos dedos e artelhos e que
auxiliam na locomoção sobre superfícies ásperas. Um órgão copulador
(ausente ou incomum nos vertebrados inferiores) para a transferência direta
de espermatozoides para o trato reprodutor da fêmea. Ovos com casca
resistente à perda de água e contendo uma câmara cheia de líquido, a
cavidade amniótica que protege o embrião em desenvolvimento contra a
dessecação e lesões mecânicas. Redução da perda de água pela urina por
meio de uma mudança para a produção de urina hipertônica e excreção de
ácido úrico (principalmente em espécies terrestres de zonas áridas) como
produto de excreção nitrogenada. Um aumento e um estreitamente gerais
da amplitude de temperatura selecionada para a atividade, permitindo uma
maior exploração das partes mais quentes do ambiente térmico; provável
alcance da endotermia em alguns grupos fósseis, inclusive em alguns
dinossauros. Ação da língua no transporte de informações químicas do
ambiente externo para os órgãos de Jacobson na ausência de transporte
aquático, como ocorre nos anfíbios.

Você já ouviu falar dos icitiossauros (Figura 18)? Eles constituíam uma ordem que
surgiram no início do Triássico Inferior, e que extinguiram-se antes dos dinossauros.

Figura 18: Os icitiossauros.


Fonte: WIKIPEDIA (2011 a).
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ichthyosaur_hharder.png. Acesso em: 10 de junho de 2011.
Autor: Heinrich Harder (1858-1935). Data: 1916.

Agora, observe atentamente a figura 19. Você, com certeza já identificou e conhece esses
animais. Não é verdade?

Primeiramente, indique três características desses animais (Figura 19). Agora, eu lhe
questiono: em que época esses animais viveram? Quais eram seus hábitos alimentares?
Em seguida, registre todas as suas observações no quadro abaixo.
Figura 19: Dinossauros.
Fonte: WIKIPEDIA (2011 b).
Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hadrosaur.jpg?uselang=pt.Acesso em: 10 de junho de
2011.
Autor: Heinrich Harder (1858-1935). Data: 1916.

OBSERVAÇÕES

Os répteis são cobertos por escamas córneas (Figura 20). Exceto por formas muito
especializadas, tais como as serpentes, a maioria deles possui garras, costelas utilizadas
para trazer ar aos pulmões (os anfíbios utilizam a boca e a garganta como bombas para
sugar o ar), e uma coluna vertebral mais diferenciada em certas regiões e mais firmemente
presa à cintura pelvina do que nos ancestrais anfíbios. Nenhuma destas características é
única à classe, mas há traços do coração e dos vasos sanguíneos associados encontrados
somente entre os répteis.
Figura 20: Lacertílios – répteis que possuem escamas córneas.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 b).

Você sabia que assim como nos lagartos (Figura 20), a pele das cobras (Figura 21)
apresenta fileiras de escamas, lisas ou carenadas?

A superfície ventral de todas, com exceção das TYPHLOPIDAE e LEPTOTYPHLOPIDAE,


apresenta uma fileira de grandes placas transversais (ventrais ou gastrostegitos) da boca
até o ânus e uma ou duas fileiras (caudais ou urostegitos) na cauda. Cobras-cegas, algumas
serpentes marinhas e outras não possuem grandes escamas ventrais (STORER et al.,
2002).
Figura 21: Cascavel – ofídio que possui numerosos músculos segmentares.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 a).

Vamos pesquisar novamente? Nesse momento, você deverá pesquisar na internet as


diferenças entre as serpentes peçonhentas e não peçonhentas. Posteriormente, registre no
quadro a seguir essas informações.

DIFERENÇAS

Storer et al. (2002,p.649) descrevem que os olhos das cobras são:

cobertos com cutícula transparente; nas TYPHLOPIDAE e


LEPTOTYPHLOPIDAE os olhos vestigiais estão por baixo de escamas
opacas. Não há membrana ou abertura externa do ouvido. O crânio é
delicado e alguns de seus ossos podem mover-se uns em relação aos
outros. Dentes inclinados para trás ocorrem na maxila e mandíbula e nos
ossos do teto da boca; servem para segurar o alimento enquanto este é
deglutido. Cobras peçonhentas têm um par de dentes especializados, as
“presas”, nos dois ossos maxilares, as quais conduzem o veneno usado
para matar a presa; são fixas na Naja e seus parentes e nas serpentes
marinhas, mas dobradas para trás quando não são usadas, nas cascavéis e
outras víboras. As presas são ocas. Nas cobras opistóglifas as presas são
rígidas e sulcadas. O veneno é injetado por ação capilar e às vezes por
meio de movimentos mastigatórios. A língua é estreita, flexível, semelhante
a uma fita, com extremidade bífida e pode sair da boca por uma chanfradura
da mandíbula quando a boca está fechada. Os odores dos alimentos e do
parceiro são levados pela língua para o órgão de Jacobson, duas pequenas
câmaras sensitivas com ductos que se abrem na parte anterior do palato.
Estes órgãos permitem à cascavel perceber a presença de uma
Lampropeltis e responder com movimentos defensivos. O trato digestivo é
essencialmente um tubo reto, da boca até o ânus; praticamente todos os
outros órgãos internos são alongados; e o pulmão esquerdo é geralmente
vestigial. Os machos têm hemipênis, como nos lagartos. Em cobras longas
existem de 200 a 400 vértebras. Os músculos do corpo, numerosos e
segmentares, são delgados, ligando vértebras a vértebras, vértebras a
costelas, costelas a costelas, costelas à pele e pele à pele. Muitos
estendem-se de um segmento do corpo a outro, mas outros ligam
segmentos distantes por meio de tendões. Este arranjo torna possíveis os
graciosos movimentos sinuosos de uma cobra.

Você sabia que as cobras nunca mastigam ou dilaceram seu alimento, mas o engolem
inteiro? Elas podem comer presas de diâmetro maior que o de seu corpo devido a uma série
de modificações adaptativas que incluem: (1) união das duas mandíbulas na parte anterior
por um ligamento elástico; (2) quadrado frouxamente articulado, tanto com a mandíbula
como com o crânio; (3) e movimento dos ossos do palato. Em consequência, a boca pode
ser largamente distendida. Outras modificações são (4) os delicados dentes apontando para
trás, na maxila, mandíbula e palato, evitando que o alimento escorregue para frente uma vez
começada a deglutição; (5) ausência de esterno e costelas livres de qualquer articulação
ventral, para que o corpo possa dilatar-se; (6) presença de pele mole, elástica, entre as
escamas no dorso e nos lados do corpo, permitindo larga distensão; (7) paredes finas e
elásticas do esôfago e do estômago; e (8) posição bem anterior da glote, entre as
mandíbulas e logo atrás da chanfradura para a língua delgada, o que permite respiração
durante a deglutição do alimento. Durante a deglutição, a glote pode ser projetada para
frente para auxiliar a respiração e as maxilas e mandíbulas flexíveis avançam
alternadamente em um movimento de “andar” sobre a presa (STORER et al, 2002).

Observe atentamente a figura 22. Em seguida, analise as características anatômicas desses


animais. Se for preciso, pesquise na internet essas informações.

Diante desses registros obtidos na pesquisa, anote no quadro a seguir, as características


dos lagartos ou sáurios. Você sabia que os lagartos ou sáurios (do latim científico Sauria,
chamados ainda de Lacertilia) constituem uma vasta subordem de répteis escamados?
Figura 22: Lagartos ou sáurios.
Fonte: WIKIPEDIA (2011 c).
Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Lacertilia.jpg. Acesso em: 10 de junho de 2011.
Autor: Ernst Haeckel (1834-1919). Data: 1904.

Lagartos ou sáurios

Agora, observe atentamente a figura 23. Em seguida, analise as características anatômicas


dos Testudinata (Chelonioidea). Se for preciso, pesquise na internet essas informações.

Diante desses registros obtidos na pesquisa, anote no quadro a seguir, as características


desses representantes. Você sabia que os quelônios estão representados pelas tartarugas
(as marinhas e as de água doce), pelos cágados (de água doce) e pelos jabutis
(terrestres)?
Figura 23: Testudinata (Chelonioidea).
Fonte: WIKIPEDIA (2011 d).
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Haeckel_Chelonia.jpg,
Acesso em: 10 de junho de 2011.
Autor: Ernst Haeckel (1834-1919). Data: 1904.

Testudinata (Chelonioidea)

Agora, você irá fazer uma pesquisa sobre os répteis. Após todas as suas observações,
análises e anotações, complete a tabela a seguir.
Características gerais dos REPTILIA

Revestimento e proteção

Sustentação e locomoção

Nutrição e digestão

Respiração

Circulação

Sistema nervoso

Sentidos

Reprodução

Nesse momento, é importante que você analise com muita atenção a morfologia de todos os
animais representados nas figuras 24 a 28.
Figura 24: Répteis com corpos alongados; membros pares, geralmente presentes.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 j).

Figura 25: Quelônios que apresentam corpos envolvidos por duas conchas ósseas, uma carapaça
dorsal e um plastrão ventral.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 k).
Figura 26: Répteis com corpo muito alongado, sem membros; língua extensível e bífida distalmente.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 b).

Figura 27: Ordem Chelonia – possuem um pescoço geralmente retrátil com oito vértebras cervicais.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 c).
Figura 28: Jacaré - apresenta um focinho relativamente largo e não demarcado nitidamente do crânio.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 d).

Nas ilustrações acima, podemos verificar que há uma grande diversidade nas características
morfológicas dos répteis. Com certeza, se observarmos esses representantes com os “olhos
de um pesquisador”, é possível notarmos algumas semelhanças entre eles. Depois de
identificar essas semelhanças, escreva essas características no quadro a seguir.

CARACTERÍSTICAS

Segundo Orr (1999, p.407-408), muitos répteis e anfíbios da América do Norte passam o
inverno hibernando e algumas espécies estivam durante o verão, especialmente nas regiões
quentes e áridas. Não é surpreendente que:

tenham sido usados locais bastante diversos para a hibernação. Muitas rãs
hibernam na água, frequentemente no lodo ou em entulho, no fundo de
lagoas e lagos. Outros permanecem em tocas subterrâneas. Observou-se a
rã verde (Rana clamitans) em ambas as circunstâncias no inverno. Muitos
sapos e salamandras usam tocas abandonadas de roedores para este fim.
Alguns sapos (Scaphiopus), pelo menos em muitos casos, parecem cavar
suas próprias tocas, fazendo uso dos membros posteriores e, quando a
temperatura do solo é muito baixa, ou no verão, quando a umidade é baixa,
muitas salamandras movem-se abaixo da superfície do solo ou recorrem a
outras situações que lhe ofereçam proteção contra o congelamento ou
dessecação. Algumas servem-se de fissuras ou fendas do solo ou de tocas
de outros animais; outras entram em troncos podres ou ficam embaixo da
casca de árvores; outras, ainda, foram encontradas em cavernas ou túneis
de minas. Membros do gênero Ensatina, frequentemente, encontram refúgio
dentro de ninhos de ratos silvestres (Neotoma fuscipes) ou embaixo deles.
Tocas de animais, fendas de rochas, cavernas, túneis de minas e até
formigueiros abandonados frequentemente são usados por cobras durante
os períodos de quiescência, no inverno ou no verão. Foi sugerido que a
presença de locais disponíveis para a hibernação possa ser um fator crítico,
que controlaria a abundância de ectotérmicos em certas regiões. A
ocupação de cavernas por vários indivíduos, em tais situações, é uma
ocorrência bastante comum. Algumas vezes, a ocupação de cavernas não
se limita a membros de uma espécie ou uma classe. Existe um registro de
257 cobras, sendo 8 Thamnophis radix¸101 Storeria occipitomaculata, e 148
Opheodrys vernalis¸ que foram encontradas num único formigueiro, em
Manitoba. Num outro formigueiro, escavado em Michigan, em fevereiro,
foram encontradas 62 cobras, representando sete espécies, e 15 anfíbios,
pertencendo a três espécies. Durante uma escavação em Mercer Country,
em Pensilvânia, nos meados de janeiro de 1939, foi descoberto um
hibernáculo com 21 indivíduos, representando sete espécies de répteis e
duas espécies de anfíbios. Estudos mais extensos durante um período de
vários anos mostraram que os répteis frequentemente retornam ao mesmo
local para hibernar, ano após ano. Muitas tartarugas hibernam na água. Os
estudos recentes, feitos num pântano em Michigan, também revelaram
cobras não venenosas, hibernando em tocas de lagostins de água doce;
elas pareciam estar completamente submersas.

Agora, você irá observar detalhadamente as figuras 29 e 30. Após as suas primeiras
observações, responda aos seguintes questionamentos: quais os aspectos evolutivos,
morfológicos e adaptativos que diferenciam essas duas classes de cordados? A que ordem
pertencem cada uma dessas espécies? Dê exemplos de animais que apresentam
características morfofisiológicas semelhantes aos vertebrados representados nas figuras 29
e 30.
Figura 29: Os pulmões dos répteis são
intermediários entre os pulmões dos anfíbios
pulmonares adultos e os dos vertebrados superiores.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo
Baratella (2011 l).

Figura 30: Cordados que apresentam penas e bico


córneo.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo
Baratella (2011 m).
Orr (1999, p.455-456) afirma ainda que:

as tartarugas marinhas e terrestres são ovíparas e geralmente enterram


seus ovos na areia, barro ou solo. Os ovos tendem a ser esféricos ou ovais,
e seu número varia com a espécie, idade e tamanho da fêmea. Geralmente,
eles são envoltos por uma casca dura, mas, em algumas espécies, a casca
pode ser bastante fina. A fêmea da tartaruga comum (Chelydra serpentina)
pode atravessar mais de uma milha a partir da lagoa ou rio onde vive até
encontrar um local disponível para por seus ovos. Eles são depositados
numa cavidade, que ela cava com seus membros posteriores. Depois de
cobrir os ovos, ela volta para a água. Os ovos eclodem em 12 a 16
semanas. O cágado (Clemmys marmorata) põe de 5 a 11 ovos, que são
enterrados num buraco que a fêmea cava com seus membros posteriores.
Para isso, são escolhidos locais ensolarados e abertos. A tartaruga Caretta
caretta, geralmente, vem até a praia à noite para por seus ovos. Os ovos,
em número de 50 a 100, são depositados num buraco cavado com os
membros posteriores na areia, acima da maré alta. Imediatamente depois
dos ovos terem sido cobertos, a fêmea retorna para o mar. Os ovos
eclodem em aproximadamente 2 meses ou um pouco mais. As observações
feitas sobre a tartaruga do deserto (Gopherus agassizi) em cativeiro,
mostraram que a fêmea cava um buraco com seus pés, usando um de cada
vez, durante um a quatro dias antes da postura. Depois de dois a nove ovos
terem sido postos, os membros posteriores são novamente empregados
para cobrir o buraco. A escavação e a postura foram observadas no fim da
tarde e algumas vezes, até durante a noite. Os ovos incubados
artificialmente eclodiram em 80 a 118 dias, após a postura. As fêmeas de
algumas espécies de tartarugas são capazes de manter espermatozoides
viáveis em seu trato reprodutor durante muito tempo. Foi descrito que a
tartaruga Malaclemys terrapin põe ovos férteis durante quatro anos, após
um único acasalamento. Todos os crocodilianos põem ovos, que são
depositados num buraco ou num ninho. O ninho de um aligátor americano
(Alligator mississipiensis), consiste de um montículo de ramos úmidos,
musgos e entulho, de aproximadamente 1,5 m de diâmetro por 60 cm de
altura. O período de incubação é de aproximadamente 9 a 10 semanas.
Algumas vezes, as fêmeas retornam ao ninho durante a incubação. Apesar
da maioria dos lacertílios e cobras serem ovíparas, existem algumas que
são ovovivíparas e até mesmo algumas que são definitivamente vivíparas.
Os ovos dos lacertílios ovíparos são brancos ou de cor de creme e,
geralmente, têm uma casca flexível, mas resistente. Em algumas lagartixas,
a casca dos ovos é dura. O tamanho dos répteis parece ser um fator
determinante no que se refere ao número de filhotes de uma ninhada. As
grandes cobras e os lacertílios tendem a ter mais filhotes do que as
espécies pequenas. As cobras são mais prolíficas do que os lacertílios;
geralmente, têm 2 a 16 filhotes de uma só vez, enquanto a maioria dos
lacertílios, tem apenas 2 filhotes por ninhada. Entretanto, sempre existem
exceções: algumas cobras, especialmente as jiboias e pítons, põem de 80 a
100 ovos, segundo se sabe, e alguns lacertílios iguanídeos grandes podem
produzir ninhadas de 30 até 60 filhotes.

<ABRIR BOX: Curiosidades>


Tanto as tartarugas marinhas como as de água doce podem alterar o peso específico de seus corpos
a fim de permanecer em certos níveis na água. Um cágado pode flutuar sobre a superfície ou mover-
se até o fundo do lago. Ele provavelmente, o consegue, mudando o volume de ar dos pulmões e
aumentando ou diminuindo a quantidade de água armazenada na cloaca.
<FECHAR BOX>.

Após as observações das figuras 29 e 30, e analisando criteriosamente a citação de Robert


T. Orr (1999), escreva um texto argumentativo comparando as características fisiológicas
das classes Reptilia e Aves.
TEXTO

<ABRIR BOX: Parada obrigatória>.


Durante a “era dos répteis”, os diferentes gêneros variavam de pequenos a gigantes, de herbívoros a
carnívoros, e de animais lentos a muito rápidos. Independentemente, diversos grupos voltaram para a
vida aquática, tornando-se nadadores habilidosos; e um grupo invadiu, até mesmo o meio aéreo.
Nenhuma classe de vertebrados havia estado em tantos habitats; desde então, somente os
mamíferos se aproximaram deles neste aspecto. Atualmente, os répteis ainda constituem uma parte
importante das faunas, nas regiões tropicais e temperadas, mas são menos numerosos do que os
peixes ósseos, do que as aves e do que mamíferos.
<FECHAR BOX>.

Figura 31: Cascavéis.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 c).

As cascavéis (Figura 31) e outros membros da família das víboras de fossetas loreais
possuem cavidades sensoriais de cada lado da cabeça. A presença destas cavidades já era
conhecida no século XVII, mas só foi a partir de 1937 que Noble e Schimdt apresentaram
uma teoria satisfatória para explicar sua função. Fazendo experiências com cascavéis, que
tiveram todos os seus outros órgãos sensoriais importantes destruídos ou bloqueados,
descobriram que estes répteis podiam localizar exatamente e atacar objetos aquecidos, isto
é, objetos cuja temperatura era maior que a do meio circundante, ou objetos que eram muito
frios. Estas fossetas faciais ou loreais são anteroventrais aos olhos e possuem a abertura
dirigida para a frente (ORR, 1999).

<ABRIR BOX: Exemplificando>


Você sabia que os crocodilianos são capazes de caminhar em terra e nadar na água? Embora possa
existir uma membrana entre os dedos em algumas espécies, os movimentos rápidos na água são
efetuados pelo movimento ondulatório lateral do corpo. Entre os répteis viventes, os melhores
adaptados à vida aquática são as tartarugas marinhas. Nestes répteis, os membros são modificados
em nadadeiras e as unhas são reduzidas ou ausentes. Os jabutis terrestres, por outro lado, possuem
pernas muito fortes e patas capazes de levantar e mover o corpo proporcionalmente pesado.
Contudo, são incapazes de deslocar-se com qualquer grau de rapidez. Dependem mais de um
pesado casco do que de locomoção para proteção contra inimigos.
<FECHAR BOX>.

Nenhuma outra adaptação locomotora requer tantas especializações quanto o voo; e todas
as aves voam ou são descendentes de animais voadores. Em contraste aos répteis, as aves
são a classe de tetrápodes mais homogênea e distintiva. Entretanto, mesmo com todas as
características únicas dentre a fauna vivente, elas não são muito diferentes dos répteis a
partir dos quais evoluíram. Ainda não se sabe quais eram estes répteis, mas, de qualquer
forma, eram provavelmente carnívoros ou insetívoros, pequenos e esguios, com braços,
pernas, pescoço e caudas longos e com traços cranianos e da pélvis tendendo à condição
das aves.

Figura 32: As aves possuem um esqueleto delicado, forte, totalmente ossificado.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Ricardo Baratella (2011 n).

<ABRIR BOX: Saiba mais>


As penas têm importância especial, já que as aves são os voadores mais habilidosos e os únicos
vertebrados a obter uma combinação, altamente bem sucedida, de voo e de bipedalismo. Tal voo é
mecanicamente dependente das penas. Além disso, voos longos provavelmente requerem uma taxa
metabólica mais alta possível, levando à elevação da temperatura corpórea. Contrariamente ao que
se pensava, muitos répteis têm um controle considerável da temperatura de seu corpo; as penas
podem ter surgido para a termorregulação. Não temos a pretensão de dizer que os répteis não eram
capazes de manterem-se no ar por muito tempo, mas é improvável que pudessem se igualar as aves
que os substituíram durante o Cretáceo (GOSLOW; HILDEBRAND, 2006).
<FECHAR BOX>.

Você sabia que de todos os vertebrados, as aves são os mais bem conhecidos e os mais
facilmente reconhecidos porque são comuns, ativas durante o dia e facilmente vistas?
As aves para Storer et al.(2002,p.668-669) são:

singulares na posse de penas que revestem e isolam o corpo tornando


possível a regulação da temperatura e ajudam no voo; nenhum outro animal
possui penas. A capacidade de voarem possibilita às aves ocuparem alguns
habitats negados a outros animais. A coloração distintiva e as vozes das
aves chamam a atenção dos olhos e ouvidos humanos, e muitas espécies
de aves são de importância econômica por causa de seus hábitos
alimentares. Certas espécies são caçadas por esporte e as poucas
espécies domesticadas contribuem para o suprimento alimentar humano.
Os antigos nomes clássicos para as aves (lat. Avis, gr. ornis) estão
perpetuados no nome da classe e no termo ornitologia, o estudo das aves.
As aves parecem ter se originado de répteis um tanto delgados, de cauda
longa e andar bípede. Estes animais provavelmente corriam rapidamente
com suas pernas posteriores, tendo os membros anteriores levantados e
livres para darem origem às asas. Lagartos bípedes atuais usam a cauda
como contrapeso para equilíbrio e quando mudam de direção. Assim a
cauda pré-ave pode ter sido pré-adaptada para direção e voo. Os fatores
seletivos na evolução das penas não são bem esclarecidos. Uma teoria
afirma que apareceram escamas móveis, semelhantes a penas antes do
surgimento da endotermia e, no início, não tinham relação com o voo. Elas
formavam um revestimento isolante que prolongava a atividade endotérmica
no sol quente, diminuindo as taxas de aquecimento e resfriamento. Seu uso
em retardar a perda de calor gerado internamente no corpo apareceu mais
tarde. Em um ambiente mais frio, elas podem ter evoluído junto com a
endotermia como um mecanismo para conservar o calor do corpo, de
acordo com uma teoria alternativa. Planar deve ter precedido o voo e as
pré-aves podem ter primeiro planado a partir de lugares altos (barrancos,
vegetação) ou quando corriam em grande velocidade. As vantagens
seletivas de uma alta velocidade e da penetração em um nicho aéreo,
pouco ocupado, parecem ter iniciado o curso da evolução das aves. A
grande atividade e a demanda de energia do voo requereram a endotermia
que evoluiu independentemente da dos mamíferos, e adquiriu o maior nível
entre os vertebrados. Isto permitiu a expansão das aves para áreas de
extremos térmicos e o seu poder de voar tornou possível o uso temporário
de tais áreas quando as condições eram as mais favoráveis. Muitas
espécies são capazes de ocupar áreas polares e de altas montanhas e
desertos quentes.

Todas as aves são ovíparas e a maioria delas constrói ninhos de um tipo ou de outro, em
que os ovos são postos. Entretanto, existem algumas espécies que não põem seus ovos em
ninhos, e outras que não incubam seus próprios ovos.
Figura 33: A fecundação é sempre interna e todas as aves botam ovos com muito vitelo e uma
casca calcária dura.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 e).

Você já observou que a maioria das aves constrói algum tipo de ninho, em que os ovos são
postos e incubados por um dos pais ou por ambos? Os locais dos ninhos são bastante
variados. A maioria das procelárias e cagarras constrói seus ninhos em buracos no chão ou
sob rochas. Alguns martins-pescadores e andorinhas fazem seus ninhos em buracos à
margem de rios.

<ABRIR BOX: Parada para reflexão>


Existem poucas aves parasitas, que põem seus ovos nos ninhos de outras aves e deixam o problema
da incubação e do cuidado com os filhotes para o hospedeiro. O molotro (Molothrus ater) é uma
espécie norte-americana bem conhecida, que apresenta este hábito. Em relação aos hábitos de
procriação, são notáveis os megapodídeos, que vivem em regiões da Austrália e Índias Orientais.
Estas aves enterram seus ovos em morros de vegetais em decomposição ou em cinzas vulcânicas
quentes; é o calor do próprio ninho, que incuba os ovos.<FECHAR BOX>.

Em geral, entre as aves, tende a existir uma correlação entre o tamanho do corpo e o
tamanho dos ovos. Os beija-flores produzem os menores ovos e o avestruz, os maiores.
Entretanto, os ovos das espécies, cujos filhotes eclodem em estágios avançados de
desenvolvimento, geralmente são maiores que os de outras espécies, de tamanhos
semelhantes, cujos filhotes dependem inteiramente de seus pais, quando nascem. Os ovos
das aves, que fazem seus ninhos em buracos, geralmente, são brancos ou esbranquiçados.
A maioria das aves, mas não todas, que fazem ninhos abertos, tendem a ter ovos coloridos.
Os ovos podem ter uma cor única ou serem decorados com manchas, pintas ou linhas.

Entre as aves, que incubam seus próprios ovos, um dos adultos mantém-se presente em
quase todos os instantes para manter os ovos aquecidos, com exceção da ordem dos
Procellariformes. Algumas destas espécies oceânicas, como a procelária, podem deixar os
ovos sozinhos por até uma semana, sem que o embrião morra. Parece que isto é uma
adaptação à vida oceânica, onde a busca de alimento pode dar-se a uma distância
considerável do ninho, e os fatores climáticos podem impedir o pronto retorno ao ninho. A
negligência deste tipo pode prolongar o período de incubação, proporcionalmente ao
número de dias em que os ovos foram negligenciados.

Agora, observe atentamente a figura 34. Você percebe alguma relação dessa imagem com
as aves atuais? Você já ouviu falar em Archaeopteryx?

O Archaeopteryx (Figura 34) é uma espécie fóssil de ave primitiva. Você sabia que alguns
estudiosos acreditam que as aves são um grupo de dinossauros terópodes que evoluíram
na era Mesozoica?

Em seguida, pesquise na internet se as aves compartilham características do esqueleto com


os dinossauros. Registre no quadro abaixo as informações que foram obtidas em sua
pesquisa.

Figura 34: Archaeopteryx, Berlim.


Fonte: WIKIPEDIA (2011 e). Disponível em:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d6/SArchaeopteryx
Berlin2.jpg. Acesso em: 15 de junho de 2011.
Autor: Owen, Richard. Data: 1863.
INFORMAÇÕES

Nas figuras 35 a 40, você conhecerá algumas espécies de aves extintas. É importante que
você pesquise sobre as características delas e a partir de suas pesquisas, estabeleça
estudos comparativos com as aves atuais, quanto à anatomia, fisiologia, evolução e
ecologia comportamental.

Figura 35: Porzana palmeri.


Fonte: WIKIPEDIA (2011 f). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Laysanralle.jpg. Acesso em: 15 de junho de 2011.
Autor: John Gerrard Keulemans. Data: 1893 - 1900.
Figura 36: Pombo passageiro.
Fonte: WIKIPEDIA (2011 g). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ectopistes_migratoriusMCN2P28CA.jpg. Acesso em: 15 de junho de 2011.
Autor: Hayashi and Toda (artists), Charles Otis Whitman. Data: 1920.

Figura 37: Sceloglaux albifacies.


Fonte: WIKIPEDIA (2011 h). Disponível em:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/22/Keulemans_Laug
hing_Owl.jpg. Acesso em: 15 de junho de 2011.
Autor: John Gerrard Keulemans. Data: 1875 - 1878.
Figura 38: Xenicus lyalli.
Fonte: WIKIPEDIA (2011 i). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Xenicus_lyalli.jpg. Acesso em: 15 de junho de 2011.
Autor Buller, Walter Lawry, A History of the Birds of New Zealand Supplementary Notes to the
'Birds of New Zealand'. Vol. II. Data: 1905.

Figura 39: Rhodacanthus palmeri.


Fonte: WIKIPEDIA (2011 j). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Telespiza_palmeri1.jpg. Acesso em:15 de junho de 2011.
Autor: John Gerrard Keulemans. Data: 1893-1900.
Figura 40: Huia-de-Buller.
Fonte: WIKIPEDIA (2011 k). Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Huia_Buller.jpg. Acesso em: 15 de junho de 2011.
Autor: John Gerrard Keulemans. Data: 1888.

Você perceberá que as aves herdaram diversos aspectos dos répteis e que contribuíram
para seu sucesso como voadoras pela redução do peso. Segundo Storer et al.(2002) os
ovos desenvolvem-se totalmente fora do corpo materno e os produtos de excreção
nitrogenada são excretados sem o peso de uma abundante urina aquosa. Outras reduções
de peso foram conseguidas pela perda da bexiga urinária, tornando o seu esqueleto mais
leve.

<ABRIR BOX: Explicando melhor>


As modificações viscerais relacionadas com a endotermia incluem um coração com quatro câmaras,
separação completa das circulações venosa e arterial e aperfeiçoamento da respiração. Os sacos
aéreos internos, que se abrem para o exterior por meio do trato respiratório, auxiliam a respiração e a
dissipar o calor gerado pelo elevado metabolismo. O voo requer um corpo compacto, aerodinâmico e
rígido, adquirido nas aves pela fusão, perda e reforço de ossos. Muitas modificações ocorreram no
esqueleto para diminuir a massa total do corpo. As pernas localizam-se abaixo do corpo e podem ser
retraídas entre as penas do ventre (STORER et al, 2002).
<FECHAR BOX>.
Além das aves apresentarem uma percepção visual acurada para objetos próximos, muitas
espécies, principalmente as aves de rapina, possuem uma visão notável para objetos
distantes. A águia e o grande falcão (Figura 41) dependem muito desta capacidade para
procurar a presa que, muitas vezes, está a uma distância longa. Urubus do Novo e Velho
Mundo podem descobrir carniça a uma distância considerável e, também perceber, de
longe, um amontoado de urubus ao redor de um animal morto. A visão notável dessas aves
de rapina parece ser resultado de aumento dos cones na retina (ORR, 1999).

Figura 41: Falcão.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 d).

Vamos ampliar os seus conhecimentos sobre a biologia dos vertebrados?

Para que isso ocorra, você deverá realizar uma pesquisa detalhada sobre as características
anatômicas, fisiológicas e comportamentais das aves, considerando principalmente os
aspectos relacionados na tabela, a seguir. Após todas as suas pesquisas, observações,
reflexões e anotações, complete-a, de forma criteriosa, ressaltando os aspectos conceituais
e adaptativos dos representantes das diferentes ordens das aves carenatas e ratitas.
Características gerais das AVES

Revestimento e proteção

Sustentação e locomoção

Nutrição e digestão

Respiração

Circulação

Sistema nervoso

Sentidos

Reprodução

As aves representam uma importante fonte de alimentos, principalmente galinhas, perus,


patos e gansos. Além disso, prestam importantes serviços à agricultura, destruindo insetos e
ervas daninhas, e auxiliando a polinização das plantas e a dispersão das sementes; o
excremento das aves constitui um excelente fertilizante para a lavoura.

Algumas aves são úteis ao homem, destruindo cobras peçonhentas, roedores prejudiciais e
moluscos.
Nesse momento, iremos refletir sobre a diversidade das aves modernas. Você com certeza
conhece muitas aves, como por exemplo, as representadas nas figuras 42 e 43. Mas, seria
possível você classificá-las em todos os níveis taxonômicos? A que ordem e família
pertencem? Há características similares entre essas duas espécies?

Primeiramente, analise atentamente os flamingos (Figura 42) e o pavão (Figura 43). Você irá
encontrar diferentes comportamentos e adaptações entre esses representantes, mesmo
sendo animais pertencentes de uma mesma classe. Para completar essas informações,
pesquise na internet as características desses animais e em seguida, registre no quadro
abaixo as suas observações.

Figura 42: Os flamingos pertencem a ordem Ciconiiformes.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 f).

REGISTRO
Figura 43: O pavão pertence a ordem Galliformes.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 g).

Continuando suas pesquisas, descreva as principais ordens de aves e exemplifique.

Em seguida, eu lhe proponho alguns questionamentos: qual a diferença entre as aves


carenatas e ratitas? Quais as adaptações mais notáveis que caracterizam as aves? O que
significa o termo homeotermo? Quais as características que distinguem as aves dos outros
tetrápodes? Como é a reprodução das aves?

Você percebe alguma semelhança entre as aves e um elefante (Figura 44)? Você sabia que
há algumas características fisiológicas comuns nas classes: Aves e Mamíferos?

Figura 44: Elefante – mamífero de orelhas largas e achatadas.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 h).
Os elefantes costumam ser chamados, entre outras coisas, “obra-prima da natureza” e
“habilidosos engenheiros”; mas também são tidos como “pestes que acabam com as
plantações”, “moleques” ou ainda “o maior desafio dos caçadores”. São os maiores e mais
pesados seres da superfície terrestre e os mais inteligentes dos animais amestráveis; o
nariz, o período de gestação e os dentes da frente – e talvez até a memória – são os
maiores do Reino Animal. Já viveram em todas as partes do mundo, exceto na Austrália e
na Antártida, em regiões que variam de desertos ao nível do mar a altitudes de mais de
3600 m, e de florestas úmidas a inóspitas geleiras. Se não fosse pelos seres humanos, os
elefantes estariam entre as espécies mais bem-sucedidas da Terra.

<ABRIR BOX: Saiba mais>


O nome científico do elefante asiático, Elephas maximus, significa “o maior elefante”, mas ele é
apenas a segunda maior espécie entre os animais terrestres. O elefante asiático macho pode pesar
até 5400 Kg e ter, em pé, ao nível dos ombros, 3,2 m de altura. As fêmeas são menores, pesam até
4160 Kg e têm até 2,5 m de altura. O comprimento total do corpo do elefante asiático macho,
incluindo a tromba e a cauda, pode alcançar 8 m. Existem três subespécies (variedades originárias de
regiões diferentes) de elefante asiático: a do Sri Lanka, a da Índia e a de Sumatra.<FECHAR BOX>.

ABRIR BOX: Comparando>


O elefante africano, Loxodonta africana, pertence à maior espécie animal terrestre da atualidade.
“Loxodonta” significa “dentes em losango”, numa referência ao formato das arestas de seus molares.
Um elefante africano adulto chega a pesar até 6048 kg, e em pé, atinge 4 m de altura ao nível dos
ombros. As fêmeas são menores: pesam no máximo 3232 kg e medem 2,6 m de altura. Há duas
subespécies de elefantes africanos, Loxodonta africana africana (elefante da savana ou planície) e
Loxodona africana cyclotis (que significa “orelha redonda”), encontrado no centro e no oeste da
África. Ele é menor do que o elefante da savana, tem presas marrons viradas para baixo e orelhas
menores e arredondadas. Da extremidade da tromba até a ponta da cauda, o elefante africano macho
chega a medir 9 m. Os elefantes africanos têm orelhas maiores do que os asiáticos<FECHAR
BOX>.

Você sabia que na sociedade constituída pelos elefantes, machos e fêmeas não vivem
juntos nos mesmos grupos? Os machos passam a maior parte do tempo sozinhos ou na
companhia de outros machos, enquanto as fêmeas ou filhotes andam em grupos familiares.
Estes grupos são liderados por uma fêmea mais velha, conhecida como matriarca, que
pode ser já avó ou bisavó.

Os elefantes são diferentes de qualquer outro grupo de animais existente nos dias de hoje.
Para descobrir a relação de parentesco entre os elefantes e outras ordens de mamíferos, a
Zoologia tradicional compara o formato dos ossos dos animais vivos com o de fósseis de
seus ancestrais. A linhagem é traçada até que se encontre um fóssil que possa ter sido o
ancestral comum dos dois. Recentemente, foram criadas novas técnicas capazes de
confirmar (ou às vezes confundir) a visão tradicional. Os cientistas analisam e comparam as
moléculas do corpo dos animais. Se elas forem muito semelhantes, os animais dos quais se
originam são provavelmente parentes. Uma dessas técnicas, o radioimunoensaio, verificou
que três grupos muito diferentes de mamíferos – elefantes, hiracoideos e sirênios – são
relacionados. Seu ancestral comum viveu há cerca de 55 milhões de anos.

ABRIR BOX: Curiosidades> A ausência de presas é normal nas fêmeas de elefantes asiáticos,
mas elas têm dois dentes incisivos, que são conhecidos como colmilhos e parecem pequenas
presas que crescem tão devagar que passam despercebidas. Nos zoológicos, algumas fêmeas
desenvolvem presas bastante longas, de até 30 cm de comprimento.
<FECHAR BOX>.

Nenhum outro animal tem os dentes iguais aos do elefante. Eles são diferentes em
tamanho, forma, e no modo pelo qual crescem. As presas são os únicos dentes frontais dos
elefantes. Nunca param de crescer e normalmente não se desgastam. Mas os dentes
internos, no entanto, que trituram os resistentes alimentos dos elefantes, costumam se
desgastar e são substituídos seis vezes durante a vida do animal. Os seres humanos, como
a maioria dos mamíferos, têm duas dentições. Quando para de se desenvolver, mais ou
menos aos 20 anos de idade, o homem já tem a segunda dentição completa (embora os
últimos molares, ou dentes do siso, às vezes demorem mais tempo para nascer). Aos 20
anos, porém, um elefante deverá estar em sua quarta dentição. Os elefantes têm dois
dentes de cada lado do maxilar. À medida que crescem, nascem novos grupos de dentes,
sempre um pouco maiores do que os anteriores. Os dentes não nascem de cima para baixo,
no maxilar superior, ou de baixo para cima, no maxilar inferior, como nos seres humanos,
mas percorrem o osso do fundo para a frente. À medida que avança, cada dente vai se
desgastando; e quando os últimos fragmentos caem, ele já foi substituído pelo dente que
vem atrás.

ABRIR BOX: Exemplificando> Os elefantes gastam cerca de três quartos de todo o seu tempo,
tanto de dia como de noite, selecionando, preparando e ingerindo os alimentos. O elefante selvagem
adulto ingere de 100 a 200 kg de vegetação por dia, dependendo do local onde vive e de seu
tamanho. São animais herbívoros, mas não conseguem digerir a celulose, substância da qual é
composta grande parte de cada planta. Ao contrário dos ruminantes, como bois e outros animais que
remoem o bolo alimentar, os elefantes não têm câmaras adicionais no estômago para auxiliar a
digestão. Porém, têm um ceco muito grande – órgão em forma de saco na junção do intestino grosso
com o delgado, onde vivem milhões de protozoários (organismos unicelulares) e bactérias. Estas se
alimentam dos vegetais parcialmente digeridos. Mesmo assim, as fezes dos elefantes são repletas de
fibras e sementes das plantas que passaram praticamente intactas pelo seu corpo.<FECHAR
BOX>.

A dieta dos elefantes (Figura 45) consiste de 30 a 60 por cento de ervas e capim (eles
comem menos na época da seca e mais na estação chuvosa). Os elefantes que vivem nas
florestas saem de seu habitat para buscar alimentos nas clareiras cobertas de capim. Os
pântanos, como os que ocorrem no parque nacional de Sumatra, são locais onde
conseguem fazer excelentes refeições.

Figura 45: Elefante – possui uma longa tromba formada pelo lábio superior fundido com
as narinas.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 f).
Nas florestas, onde as árvores frutíferas são escassas, a procura de frutas maduras às
vezes toma muito tempo dos elefantes (Figura 46). Por isso os pomares devem parecer para
eles um verdadeiro banquete. Uma família de elefantes é capaz de devorar uma plantação
de bananas ou de cana-de-açúcar num piscar de olhos. Eles não só comem muito, mas
também pisoteiam as plantações e derrubam as árvores. Por isso, para um lavrador da
África ou da Ásia tropical, a chegada de um bando de elefantes às vezes significa colheita
perdida e fome. O problema se agrava em áreas cujo cultivo é mais recente. Se a terra
começou a ser plantada há apenas 20 ou 30 anos, é provável que elefantes adultos ainda
se lembrem dela como pasto de sua juventude.

Figura 46: Elefante – mamífero de pescoço curto, corpo enorme e pernas semelhantes a pilares.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 i).

Os mamíferos constituem o grupo “mais desenvolvido” do Reino Animal. Incluem as


toupeiras, os morcegos, roedores, gatos, macacos, baleias, cavalos, veados, o homem e
outras formas vivas, além de muitas espécies e ordens extintas. Todas são mais ou menos
cobertos com pelos e são de sangue quente. O termo distintivo mamífero refere-se às
glândulas mamárias das fêmeas, que fornecem leite para amamentar os filhotes. O cuidado
à prole é mais desenvolvido nesta classe e alcança o seu clímax na espécie humana. Vários
mamíferos vivem em todas as espécies de habitats desde as regiões polares aos trópicos e
desde o mar até as florestas mais densas e os desertos mais secos. Muitos têm o hábito de
se esconder ou são noturnos e raramente são vistos, mas, junto com os artrópodos,
dominam os habitats terrestres do mundo atual. Certas espécies selvagens são caçadas por
esporte e outras por causa de sua pele. Alguns roedores e carnívoros causam danos às
colheitas e às criações do homem e algumas espécies são reservatórios de doenças. Os
mamíferos domésticos fornecem alimento, vestuário e transporte ao homem (STORER et
al., 2002).
Orr (1999, p.409-410) descreve que mamíferos como os ursos pretos:

frequentemente, escolhem suas tocas em bases de árvores, cepos


destruídos por incêndios, fendas sob grandes rochas ou montes de pedras,
para passar seu período de hibernação parcial, durante o inverno. Nenhum
tipo de forro para dormir é trazido para estes locais. Por outro lado, os
esquilos-do-chão, geralmente, têm tocas mais elaboradas em que passam o
período de hibernação. Os estudos detalhados sobre Citellus columbianus
mostraram que a abertura do local de hibernação é tampado com lodo. A
toca, uma câmara esférica, é revestida com vegetais secos e outros
materiais em tiras e é feita uma drenagem na parte inferior desta. O lodo da
drenagem é usado para bloquear a entrada do hibernáculo. Foi descrito que
a marmota (Marmota monax) abandona os prados no outono para dirigir-se
para tocas ou outros locais, como fileiras de cerca-viva, árvores ou rochas
com declive que permita uma exposição para o sul. Foram observados
alguns indivíduos, hibernando em montes de feno, em vez de tocas. O
camundongo do campo (Zapus hudsonius) parece mostrar uma preferência
para situações elevadas em que passa para o inverno. Foram encontrados
hibernáculos do tamanho de uma bola de beisebol aproximadamente, com a
forma de ninhos redondos, em outeiros e, em muitos casos, em montes de
madeira de freixo. A escolha destes locais parece reduzir o perigo de
inundações. Foram encontrados roedores da espécie Tamias striatus
enrolados em ninhos de folhas em tocas subterrâneas ou sob seixos,
quando estavam hibernando. Algumas vezes, pode-se encontrar um
armazenamento de alimento nas suas proximidades. Como estes animais
não se tornam acentuadamente gordos durante o outono e também não
armazenam alimento nesta estação, é possível que, apesar deles
hibernarem em certas regiões, durante o inverno, eles também se
alimentem durante os períodos de vigília.

Considerando todos os mamíferos citados no texto de Robert T.Orr (1999, p.409-410),


pesquise na internet outras características desses animais, escrevendo em seguida, no
quadro abaixo, seus comportamentos, seus hábitos e classificando-os na ordem de
mamíferos a qual pertencem.

PESQUISA

Orr (1999, p.410-411) afirma ainda que existem poucas informações sobre os aspectos da
hibernação de roedores:

do gênero Eutamias, ainda que alguns ninhos tenham sido encontrados


ocupados. Os hibernáculos das espécies arborícolas, que têm sido
encontrados, geralmente são bolas de vegetais secos, folhas, musgos ou
liquens, situados em buracos nos troncos. Os animais, que hibernavam,
estavam enrolados nos centros destes materiais de ninhos. Muito se
aprendeu nos últimos anos a respeito da hibernação de certas espécies de
morcegos da América do Norte. Na região leste do continente, a maioria das
colônias dos morcegos se agrega em cavernas ou túneis durante o inverno,
ainda que as necessidades de umidade e temperatura pareçam variar com
a espécie. Eptesicus fuscus é mais tolerante ao frio e à seca. Nas cavernas
ou túneis de hibernação, estes morcegos frequentemente são encontrados
agrupados em fendas próximas à entrada das cavernas onde existe um
movimento considerável de ar. A temperatura do ar, perto dos morcegos
que estavam hibernando, foi registrada e encontraram-se valores de até -
5ºC. O morcego Myotis subulatus é quase tão tolerante ao frio e à seca
quanto Eptesicus fuscus, enquanto o morcego Myotis keenii mostra
preferência por fendas protegidas em que haja frio e umidade. Os
morcegos Myotis lucifugus e Pipistrellus subflavus escolhem situações que
sejam relativamente quentes, úmidas e sem vento. A maioria das cavernas
e túneis mostra um aumento da temperatura e umidade, quando se passa
da entrada para dentro. Consequentemente, isto regula, com frequência, as
posições relativas das diferentes espécies de morcegos, que estão
hibernando. O fato de que os morcegos se possam mover periodicamente
nas diversas regiões de uma mesma caverna, ou para outras cavernas,
durante o inverno, pode ser o resultado de alterações da temperatura e
umidade.

Agora, você deverá relacionar as características dos animais descritos por Robert T.Orr
(1999, p.410-411) com os animais representados nas figuras 47 a 51.

Figura 47: Hipopótamo – mamífero ungulado de dedos pares.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 g).
Figura 48: Macaco – mamífero de braços longos e o primeiro dedo oponível em cada pé.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 h).

Figura 49: Leão - FELIDAE que apresenta dentes caninos bem desenvolvidos.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 i).
Figura 50: Mamífero CERVIDAE.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 j).

Figura 51: Rinoceronte – possui pele grossa e encouraçada.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 l).
Agora, registre no quadro a seguir, os resultados da proposta dessa atividade que lhe foi
sugerida para sua pesquisa, anteriormente.

ATIVIDADE

A presença de um revestimento externo de pelos, associado a numerosas glândulas


cutâneas, forneceu aos mamíferos distintas vantagens em relação a seus ancestrais répteis.
O pelo serviu de isolante contra o calor e frio, ajudando, portanto, a manter uma temperatura
interna constante. As glândulas sebáceas associadas secretam substâncias que lubrificam o
pelo e impermeabilizam-no, enquanto as glândulas sudoríparas secretam água e
substâncias de excreção, auxiliando tanto a excreção como a regulação térmica. A
capacidade de manter uma temperatura interna constante não permitiu apenas que os
mamíferos penetrassem em muitos habitats, mas tornou possível o desenvolvimento de
mecanismos fisiológicos mais sensíveis e eficientes no organismo. O grande aumento de
tamanho do encéfalo dos mamíferos, especialmente do cérebro e do cerebelo, juntamente
com a temperatura interna constante e mecanismos fisiológicos eficientes, de ação rápida,
permitiu que os mamíferos se tornassem organismos alerta e inteligentes (Figura 52), com
potencial de movimentos rápidos (STORER et al.,2002).

Figura 52: Macaco - possui movimentos rápidos.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 e).

Resposta rápida e movimento, marcas registradas dos mamíferos (Figura 53), requerem
membros eficientes. Para isso, as pernas e os braços, originalmente salientes para os lados
nos répteis e anfíbios, voltaram-se para o centro de forma que o corpo se localizasse acima
deles e não entre eles. Nesta posição eles não apenas sustentam melhor o animal, mas
também podem impulsioná-lo mais eficientemente e mais rapidamente para frente.
Figura 53: Macaco - possui mãos e pés frequentemente grandes, cada um com cinco dedos
distintos.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 j).

O sucesso reprodutivo foi aumentado nos mamíferos mais avançados pela eliminação de
postura de ovos e pela retenção dos filhotes no trato reprodutivo da fêmea durante um
período de tempo mais longo de desenvolvimento, permitindo um período de maturação
mais seguro. Apesar deste método reprodutivo geralmente significar a produção de menos
filhotes de uma vez, ele é compensado pelas grandes chances de sobrevivência de cada
filhote.

Os mamíferos suportam grandes variações climáticas. Ocupam todos os ambientes do


globo: das regiões polares ao trópico, desde o mar até as florestas e desertos.

ABRIR BOX: Ampliando o conhecimento>


Muitos mamíferos se comunicam entre si. A presença de cordas vocais na laringe permite a emissão
de sons que servem para: reunir os sexos para a reprodução, localizar e reunir indivíduos
desgarrados, advertir de perigo ou intimidar inimigos. A comunicação sonora é mais desenvolvida
entre os primatas (Figura 54), conduzindo à linguagem na espécie humana.<FECHAR BOX>.
Figura 54: Mamíferos primatas.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 m).

Os mamíferos vivem em grupos numerosos (manada, matilha, rebanho), embora alguns


indivíduos, como certas onças (Figura 55), prefiram uma vida solitária. Muitos são de hábito
noturno ou vivem permanentemente escondidos de seus inimigos naturais.

Figura 55: Onça pintada - vive solitária geralmente, mas é oportunista na seleção de
presas.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte Teruel (2011 k).
Você sabia que os mamíferos possuem excelente mecanismo termorregulador, sendo,
portanto, homeotermos como as aves (Figura 56)?

Como estas também são amniotas (Figura 57). A presença de placenta (ausente nos
mamíferos mais primitivos) permite que o embrião em desenvolvimento realize trocas
metabólicas com o organismo materno.

Figura 56: Aves-vertebrados que apresentam homeotermia como os mamíferos.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 n).

Figura 57: Mamíferos placentários.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 o).
A velocidade alcançada por um mamífero depende, entre outros fatores, da impulsão do
corpo proveniente das contrações musculares, flexibilidade da coluna vertebral, pouca
resistência ao ar e redução da superfície que se apoia no solo.

Quanto a este último fator, o guepardo como os demais felinos, corre apoiado na ponta dos
dedos (animais digitígrados). Observe a seguir, um exemplo de animal digitígrado (Figura
58).

Figura 58: Tigre branco - animal digitígrado.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 p).

Outros mamíferos como o coelho (Figura 59), o homem, o urso, apoiam-se na planta dos
pés (animais plantígrados).
Figura 59: Coelho - mamíferos lagomorfos, plantígrados.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Vanessa das Dores Duarte
Teruel (2011 l).

Os animais que possuem dedos protegidos pelos cascos (ungulados) podem apoiar-se no
solo com um número par de dedos (artiodáctilos) ou com um número ímpar de dedos
(perissodáctilos). Observe os exemplos dessas ordens de mamíferos nas figuras 60 e 61.

Figura 60: Dromedário - mamífero da Ordem Artiodactyla.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 q).

Figura 61: Zebra - mamífero da Ordem Perissodactyla.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 r).
Há ainda os mamíferos arborícolas, como os macacos (Figura 62) que se deslocam pelas
copas de árvores com grande velocidade, graças a um movimento de balanço dos braços.
Outros arborícolas, como a preguiça (Figura 63), utilizam as garras para lentamente, se fixar
e se locomover.

Figura 62: Macaco - mamífero arborícola.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 s).
Figura 63: Preguiça - mamífero que utiliza as garras para se locomover.
Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Andréia Marega Luz (2011 f).

Agora, você deverá fazer uma pesquisa detalhada sobre as características anatômicas e
fisiológicas dos mamíferos, considerando principalmente os aspectos relacionados na
tabela, a seguir. Após as suas pesquisas, observações e anotações, complete-a, de forma
bastante criteriosa, ressaltando os aspectos conceituais e adaptativos das diferentes ordens
de mamíferos.

Características gerais dos Mammalia

Revestimento e proteção

Sustentação e locomoção

Nutrição e digestão

Respiração

Circulação

Sistema nervoso

Sentidos

Reprodução
Você já sabe que os mamíferos possuem glândulas mamárias que fornecem alimentação
aos filhotes.

As glândulas sebáceas e os pelos auxiliam na homeotermia. Há diversos tipos de pelo


(cabelo, crina, lã) bem como pelos modificados (cerdas, espinhos, vibrissas) em algumas
espécies (baleia, boto, peixe-boi, elefante, rinoceronte), os pelos são muito escassos, quase
ausentes. Observe na figura a seguir um exemplo de mamífero de pelos escassos (Figura
64).

Figura 64: Rinoceronte - possui pelos muito escassos.


Fonte: Acervo do autor. Fotografado por Henrique Suriani de Oliveira (2011 t).

Estamos terminando o estudo do capítulo Estranhos e maravilhosos seres vivos,


ressaltando os aspectos conceituais, por meio de desenhos, observações e pesquisas
científicas. Faça, agora, uma releitura do capítulo, refletindo sobre o que lê, anotando as
aprendizagens mais significativas e as dúvidas que ficaram.

Releia os textos constantemente e não se limite a nomeações, estabeleça relações entre a


teoria e a atividade experimental. Antes de realizar as atividades, crie interesse pelo estudo,
a vida é uma escola e a gente vive aprendendo, construímos ativamente nossos
conhecimentos em nossas interações com pessoas e objetos, de acordo com nossas
possibilidades e interesses.

Resumo

Os gnathostomatos incluem os vertebrados que já possuem um crânio verdadeiro e


mandíbulas. Compreendem as classes mais importantes do filo Chordata. A classe
Chondrichthyes são vertebrados inferiores que têm vértebras completas e separadas,
mandíbulas móveis e extremidades pares. Todos são predadores e praticamente são
habitantes dos oceanos.

Em relação ao esqueleto dos peixes ósseos, encontramos nesses representantes um


crânio que compreende a caixa craniana encerrando o encéfalo, as cápsulas para os órgãos
pares de sentido especial (olfativo, óptico, auditivo) e o esqueleto visceral, que fornece as
mandíbulas e os suportes para a língua e o mecanismo branquial. O crânio tem uma
articulação dupla com a coluna vertebral e é tão solidamente unido que um peixe não
consegue virar a cabeça. Dentes ocorrem geralmente nos ossos pré-maxilar, dentário,
vômer e palatino.

Os Amphibia incluem sapos, rãs e pererecas (Ordem ANURA), salamandras (Ordem


CAUDATA), cobras-cegas alongadas e desprovidas de pernas, tropicais (Ordem
GYMNOPHIONA) e várias formas fósseis do Devoniano em diante. O nome da classe (gr.
amphi, duas + bios, vida) indica apropriadamente que a maioria das espécies vive
parcialmente na água doce e parcialmente na terra. Os sapos, rãs e pererecas ainda
dependem da água para a reprodução, embora alguns sapos conseguem reproduzir-se fora
d‟água, em lugares úmidos. A “cobra-cega” vive enterrada no solo úmido.

A Classe Reptilia inclui lagartos e cobras (Ordem SQUAMATA), tartarugas e jabutis (Ordem
CHELONIA), crocodilos e jacarés (Ordem CROCODILIA) e a tuatara da Nova Zelândia
(Sphenodon punctatus, Ordem RHYNCHOCEPHALIA). Estes representam apenas 4 das 16
ordens conhecidas que floresceram durante o Mesozoico, a era dos répteis, quando foram
os animais dominantes.Os répteis formam um grupo de animais com hábitos e
comportamentos diversos e bem peculiares.O nome réptil refere-se ao modo de locomoção,
isto é, rastejam (reptação).

As aves mais antigas, conhecidas somente por meio de registros fósseis, pertencem ao
gênero Archaeopterix. Essas aves apresentavam características de répteis primitivos dos
quais se originaram, sendo conhecidas como “aves-lagarto”. Possuíam três dedos com
garras nas asas, dentes reptilianos e uma cauda reptiliana coberta de penas. As aves são
singulares na posse de penas que revestem e isolam o corpo tornando possível a regulação
da temperatura e ajudam no voo; nenhum outro animal possui penas. A capacidade de
voarem possibilita às aves ocuparem alguns habitats negados a outros animais.

Os mamíferos constituem o grupo “mais desenvolvido” e de maior complexidade do Reino


Animal. Incluem animais que apresentam grande diversidade morfológica como as
toupeiras, os morcegos, coelhos, cangurus, macacos, golfinhos, cavalos, veados, o homem
e outras formas vivas, além de muitas espécies e ordens extintas. Todas são mais ou
menos cobertos com pelos e são de sangue quente. O termo distintivo mamífero refere-se
às glândulas mamárias das fêmeas, que fornecem leite para amamentar os filhotes.

Atividades

Atividade 1
Os representantes da Classe são vertebrados que têm vértebras completas e separadas,
mandíbulas móveis e extremidades pares. Normalmente, apresentam de 5 a 7 pares de
fendas branquiais, dependendo do gênero e da espécie.
A pele dos tubarões, por exemplo, é protegida por escamas placoides, com dentículos
dérmicos, que lhes conferem uma superfície muito áspera. A partir dessas informações e de
seus conhecimentos sobre esse assunto, é possível afirmar que as escamas dos tubarões
são homólogas:

a) às escamas dos outros peixes;


b) aos dentes dos outros cordados;
c) aos pelos dos mamíferos;
d) às escamas dos répteis;
e) às penas das aves.

Atividade 2
Os vertebrados são, como todos os cordados, em princípio, animais segmentados e de
simetria bilateral. Externamente esta simetria fica quase sempre rigorosamente conservada,
enquanto a disposição dos órgãos internos pode se tornar mais ou menos assimétrica.

Se analisarmos o sistema circulatório dos vertebrados, você irá perceber que ele é
responsável por conduzir elementos essenciais para todos os tecidos do corpo, como por
exemplo, oxigênio para as células, hormônios para os tecidos, transporte de dióxido de
carbono para ser eliminado nos pulmões, “coleta” de excreções metabólicas e celulares,
condução de excreções nos órgãos excretores, como os rins, e tem importante papel no
sistema imunológico, na defesa contra infecções, entre outras funções.

Das alternativas a seguir, referentes ao sistema circulatório, assinale a única que NÃO é
válida para todos os vertebrados:

a) circulação fechada;
b) hemoglobina em glóbulos sanguíneos;
c) dupla circulação (geral e respiratória);
d) propulsão por um motor central (coração) e não por vasos com pulsações peristálticas;
e) pressão arterial maior que a pressão venosa.

Atividade 3
Os AMPHIBIA atuais são descendentes dos primeiros vertebrados. São os primeiros
cordados que mudaram de habitat, ou seja, eles iniciaram a saída das águas para o
ambiente terrestre; apresentam um menor número de adaptações morfológicas do que os
outros tetrápodes e um exemplo que ilustra essa situação são os sapos adultos.

Os anfíbios apresentam uma epiderme muito fina, sem escamas, rica em vasos sanguíneos
e com glândulas mucosas que mantêm a pele sempre lubrificada . Nesse contexto, podemos
verificar que a respiração cutânea nos anfíbios compensa a:

a) falta de hemoglobina no sangue;


b) falta de irrigação sanguínea na pele;
c) falta de respiração pulmonar;
d) pequena superfície dos pulmões;
e) mistura de sangue arterial e venoso nos átrios.

Atividade 4
A Classe REPTILIA inclui lagartos e cobras (Ordem SQUAMATA), tartarugas e jabutis
(Ordem CHELONIA), crocodilos e jacarés (Ordem CROCODILIA) e a tuatara da Nova
Zelândia (Sphenodon punctatus, Ordem RHYNCHOCEPHALIA). Estes representam apenas
4 das 16 ordens conhecidas que floresceram durante o Mesozoico, a era dos répteis,
quando foram os animais dominantes.

Considerando a evolução dos vertebrados, qual das afirmativas a seguir é a melhor


explicação para o domínio dos REPTILIA durante o Mesozoico (a era do éon Fanerozoico
que está compreendida entre 251 milhões e 65 milhões de anos atrás, aproximadamente),
incluindo, por exemplo, o aparecimento dos dinossauros e sua ampla distribuição em
diversos nichos ecológicos dos ecossistemas terrestres?

a) prolongado cuidado com a prole, até se tornarem adultos, garantindo a proteção contra os
predadores;
b) aparecimento de ovo com casca, capaz de evitar o dessecamento;
c) vantagens sobre os peixes e anfíbios na competição pelo alimento;
d) extinção dos predadores naturais e consequente explosão populacional de todas as
classes de cordados;
e) abundância de alimento nos ambientes aquáticos abandonados pelos ciclóstomos, peixes
e anfíbios.

Atividade 5
Nenhuma outra adaptação locomotora requer tantas especializações quanto o voo; e todas
as aves voam ou são descendentes de animais voadores. Em contraste aos répteis, as aves
são a classe de tetrápodes mais homogênea e distintiva. Entretanto, mesmo com todas as
características únicas dentre a fauna vivente, elas não são muito diferentes dos répteis a
partir dos quais evoluíram.

A partir dessas afirmações e de seus estudos sobre os vertebrados, assinale a alternativa


que NÃO é correta em relação às aves:

a) o órgão do canto é denominado siringe;


b) a glândula uropigiana é a única presente na pele, produzindo secreção oleosa;
c) o esterno pode ou não ter uma quilha, cuja função é auxiliar no voo;
d) sob as duas pálpebras há uma fina e quase transparente membrana denominada
nictitante que protege os olhos durante o voo;
e) as hemácias são anucleadas.

Referências

GOSLOW, George e HILDEBRAND, Milton. Análise e estrutura dos vertebrados. 2. ed. São Paulo:
Atheneu, 2006, 637 p.

NIELSEN, Knut Schimidt. Fisiologia animal. 5. ed. São Paulo: Livraria Santos, 1999, 600 p.

ORR, Robert T. Biologia dos vertebrados. 5. ed. São Paulo: Roca, 1999, 508 p.

POUGH, F. H.; HEISER, J. B.; McFARLAND, W. N. A vida dos vertebrados. 4. ed. São Paulo:
Atheneu, 2008.
SOARES, José Luís. Dicionário etimológico e circunstanciado de Biologia. São Paulo: Scipione,
1993.

STORER, Tracy I. e USINGER, Robert L. Zoologia geral. 6. ed. São Paulo: Nacional, 2002.

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