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PLANEJAMENTO DE ENSINO
CURSO: ENSINO MÉDIO
DISCIPLINA: BIOLOGIA
SÉRIE: SEGUNDA
CARGA HORÁRIA: 80 horas aula / 67 horas relógio

EMENTA DA DISCIPLINA: OS SERES VIVOS (Introdução ao estudo dos seres vivos; Vírus;
Reino Monera; Reino Protista I; Reino Protista II; Reino Fungi; Reino Plantae; Morfologia das
angiospermas; Introdução aos animais e estudo das esponjas e dos cnidários; Platelmintos e
nematódeos; Moluscos, anelídeos, artrópodes e equinodermos; Chordata I e Chordata II).

OBJETIVO GERAL DA DISCIPLINA: Levar o educando a compreender o mundo que o


cerca, abordando não somente os fatos e princípios científicos, mas oferecer condições para que
ele possa tomar posição com relação a esses fatos e analisar as implicações sociais da Ciência e da
Tecnologia.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

OS SERES VIVOS

• Introdução ao estudo dos seres vivos

1. Os sistemas de classificação
2. O sistema binomial
3. Os reinos dos seres vivos

• Vírus

1. Estrutura e origem dos vírus


2. Bacteriófagos

• Reino Monera

1. Os grupos de Monera
2. Bactérias
3. Cianobactérias

• Reino Protista I

1. Os grupos de Protistas
2. Protozoários
3. Os protozoários e a saúde humana

• Reino Protista II

1. Algas
2. Euglenophyta
3. Dinophyta
4. Bacillariophyta
5. Phaeophyta
6. Rhodophyta
7. Chlorophyta
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• Reino Fungi

1. Os fungos e sua importância


2. Características gerais dos fungos
3. Liquens

• Reino Plantae

1. Origem e classificação das plantas


2. Briófitas
3. Pteridófitas
4. Gimnospermas
5. Angiospermas

• Morfologia das angiospermas

1. Organização do corpo de uma angiosperma

• Introdução aos animais e estudo das esponjas e dos cnidários

1. Características gerais dos animais


2. Origem e evolução dos animais
3. Filo Porifera
4. Filo Cnidaria

• Platelmintos e nematódeos

1. Filo Platyhelminthes
2. Filo Nematoda

• Moluscos, anelídeos, artrópodes e equinodermos

1. Filo Mollusca
2. Filo Annelida
3. Filo Arthropoda
4. Filo Echinodermata

• Chordata I

1. Características gerais
2. Os grupos de cordados

• Chordata II

1. Peixes
2. Anfíbios
3. Répteis
4. Aves
5. Mamíferos
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OS SERES VIVOS
• Introdução ao estudo dos seres vivos
1. Os sistemas de classificação
A distribuição de objetos e seres em grupos de acordo com suas semelhanças
recebe o nome de classificação. O ramo da Biologia que trata da descrição, nomenclatura
e classificação dos seres vivos, é chamado de taxonomia.
Desde a Antiguidade, várias foram as propostas de classificação dos seres vivos,
procurando estabelecer uma ordem na enorme diversidade de organismos.
As primeiras classificações do universo biológico eram artificiais, pois
utilizavam critérios arbitrários que não refletiam possíveis relações de parentesco entre os
seres vivos. As classificações atuais, no entanto, são naturais, pois procuram analisar um
grande conjunto de caracteres, tentando estabelecer relações de parentesco evolutivo entre
os organismos.
Aposto que vocês devem estar achando tudo isso muito esquisito e complicado.
Eu também achava, até que me contaram uma estória muito interessante, e que faço
questão de compartilhar. Ela se chama “A fábula dos parentes”, e a professora Maria
Cornélia Mergulhão costuma contá-la para as crianças que vão visitar o Zoológico de
Sorocaba:

― “Enfim chegou o grande dia do baile na mata. Condição para entrar: estar
acompanhado de um parente próximo. Fácil, pensou o tamanduá, vou com o sapo, pois
temos a língua comprida. A mosca decidiu ir com o beija-flor, pois ambos tinham asas.
Pulga com canguru, pois pulavam.

Quando as portas se abriram, aquela confusão. O porteiro berrava: „Ninguém


está com seu parente próximo‟. O que fazer? Bem, a cobra, que viera com a lombriga,
juntou-se com a minhoca. A pulga trocou seu par pelo morcego hematófogo, já que os
dois gostavam de suco de sangue. Novamente, barrados no baile.

Foi só aí, que o bicho-preguiça, que entendia um pouco de Zoologia, conseguiu


falar. „Calma! – dizia – Vamos separar quem tem ossos – os vertebrados – de quem não
tem – os invertebrados!‟ E assim começou a classificação dos parentescos.

„Agora‟ – prosseguiu – vamos dividir os vertebrados, em cinco Classes:


mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes. Mamíferos, do lado de cá. A baleia nada e
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achava que era peixe. O morcego voa e pensava ser pássaro. Só se convenceram que são
mamíferos com a paciente explicação: para ser desta Classe, basta mamar ao nascer; ter
temperatura constante e, em geral, orelhas e corpo revestido de pelos.

Mas a discussão do parentesco não estava concluída. A preguiça começou a


classificar os mamíferos em Ordens, mostrando que quem tem tromba (como o elefante)
é da Ordem Proboscidea. Mamíferos com dois dentes incisivos em cima e dois embaixo,
que servem para roer (ratos, pacas, capivaras, etc...), são da Ordem dos Rodentia e
assim por diante.

Todos já queriam entrar, mas faltava mais. Calmamente, o preguiça foi


separando as Ordens em Famílias, começando pela Ordem dos carnívoros: „Para cá os
da Família Mustelidae que são mamíferos comedores de peixe, carne, têm hábitos
aquáticos, pés e cauda para nadar‟. Vieram as ariranhas, os furões, as lontras e as iraras.
Foi indo até chegar na Família Felidae, onde entraram os gatos, onças, tigres, leões e
leopardos: todos comem só carne, têm cauda comprida, são ágeis, geralmente sobem em
árvores e enxergam colorido.

Os apressados que esperassem, pois ainda havia mais: Famílias dividem-se em


Gêneros. Por exemplo, entre Felidae, há o gênero Panthera, onde se enquadram os
felídeos grandes, como onças, leopardos, tigres.

Gêneros, por sua vez, subdividem-se em Espécies. Agora sim, os bichos se


agruparam com parentes mais próximos, ou seja, onça fica com onça na espécie
Panthera onca. E assim por diante. O preguiça explicou que, sempre que determinamos
a espécie, devemos usar a palavra precedida do gênero.

Exemplo: Panthera (gênero) leo (espécie), é o leão.

Assim, todos os animais foram separados: mamíferos, aves, répteis, anfíbios e


peixes ficaram sabendo quem era o parente mais próximo, seguindo a chave de
classificação: Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie. E não é preciso dizer: o baile
foi ótimo!” ―

Um grande marco na classificação dos seres vivos foi estabelecido em 1735,


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pelo naturalista sueco Lineu, que desenvolveu um sistema utilizando categorias


hierárquicas.
Lineu acreditava que cada espécie de ser vivo correspondia a um tipo de
organismo criado definitivamente com a forma atual. Esse princípio da imutabilidade das
espécies, denominado fixismo, era uma crença generalizada entre os naturalistas da época
de Lineu.
Lineu e os demais naturalistas da época acreditavam que os organismos eram
criados por uma divindade com sua forma definitiva e que o número dos diferentes tipos
de organismos era constante desde a criação do mundo. Esse era o pensamento
criacionista, que predominava na época em função da grande influência da Igreja em
todos os setores da sociedade, inclusive nas ciências. O criacionismo está especificado na
Bíblia pelo livro do Gênese.
Aristóteles, por exemplo, não aceitava as idéias do transformismo universal de
Anaximandro e Empédocles, que viam o universo em perpétua mudança. As espécies
eram consequentemente fixas. Não havia “evolução” das espécies vivas.
Atualmente, o fixismo não é mais aceito, tendo sido contestado principalmente a
partir dos trabalhos de Darwin, que desenvolveu as ideias sobre a evolução dos seres
vivos por seleção natural.
Em 1858, dois pesquisadores ingleses, Charles Darwin (1809 – 1882) e Alfred
Russel Wallace (1823 – 1913), revolucionaram a Biologia com a divulgação de ideias
sobre evolução por seleção natural, aceitas até hoje. A partir de então, a classificação dos
seres vivos passou a ter um enfoque evolutivo.

Carl Von Linné (Lineu)


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Charles Darwin

Alfred Russel Wallace

Os sistemas atuais consideram um conjunto de caracteres relevantes, os quais


permitem propor e testar hipóteses de relações de parentesco evolutivo e construir as
filogenia ou filogênese dos diferentes grupos de seres vivos, ou seja, estabelecer as
principais linhas de evolução desses grupos. São conhecidos por sistemas naturais, pois
ordenam naturalmente os organismos, visando compreender as relações de parentesco
evolutivo entre eles.
A área da Biologia que se preocupa com a taxonomia e com a compreensão da
filogenia dos grupos é a sistemática.
Uma espécie pode dar origem a outras, formando um conjunto de espécies
semelhantes que são agrupadas em um mesmo gênero. Gêneros semelhantes são
agrupados em uma mesma família; famílias semelhantes são agrupadas em uma mesma
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ordem; ordens semelhantes são agrupadas em uma mesma classe; classes semelhantes
são agrupadas em um mesmo filo; filos semelhantes em um mesmo reino.
Depois da mudança do pensamento fixista para o evolutivo, a base dessa
hierarquia estabelecida por Lineu passou a constituir o sistema natural de classificação,
procurando refletir os diferentes graus de parentesco evolutivo entre os organismos.

Classificação da espécie Canis familiaris

www.youtube.com/watch?v=PUobALG49rc

2. O sistema binomial
O sistema atual de nomenclatura das espécies de seres vivos segue o sistema de
Lineu: é binomial, isto é, composto de duas partes, com os nomes escritos em latim (Obs.:
Catucaba anaterrae), grifados ou em itálico.

 nome do gênero: geralmente é um substantivo e é escrito com letra inicial maiúscula e,


 epíteto específico: geralmente é um adjetivo e é escrito com letra inicial minúscula.
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Por exemplo, pode-se escrever a espécie à qual pertence o cão doméstico do


seguinte modo:

Gênero: Canis ou Canis;


Epíteto específico: familiaris ou familiaris
Canis familiaris ou Canis familiaris

As designações dadas segundo essas regras são chamadas nomes científicos.


O nome do gênero pode vir sozinho, quando se refere ao conjunto de espécies
que o compõem. O epíteto específico, no entanto, não pode ser escrito sozinho, devendo
estar sempre acompanhado do nome do gênero.
Por exemplo, podemos utilizar apenas o gênero Canis, quando queremos nos
referir tanto ao cão doméstico (Canis familiaris) quanto ao lobo (Canis lupus) ou ao
coiote (Canis latrans).
Essas e outras regras (Canis familiaris/C.familiaris) para gênero e espécie
constam atualmente dos Códigos Internacionais de Nomenclatura.
Por ser único e universal, o nome científico facilita a comunicação entre pessoas
que falam diferentes idiomas e mesmo entre pessoas de diferentes regiões geográficas de
um mesmo país, pois as espécies de seres vivos recebem nomes vulgares ou populares,
que variam conforme a região e o idioma.

www.youtube.com/watch?v=J_CEoHsc5Q8

3. Os reinos de seres vivos


Desde os tempos de Aristóteles e posteriormente de Lineu até meados do século
XX, costumava-se classificar os seres vivos em dois reinos: o Reino Plantae (Reino
Vegetal) e o Reino Animalia (Reino Animal).
Com os avanços da Biologia, surgiram novas propostas de classificação.
Até o momento não há consenso sobre o número de reinos existentes e, muitas
vezes, sobre quais organismos devem ser considerados em cada reino.
Segundo a proposta apresentada em 1969, por Robert H. Whittaker (1924 –
1980), existem cinco reinos, assim definidos:
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Sistema de cinco reinos de Whittaker

 Reino Monera: organismos procariontes, unicelulares, coloniais ou não, autótrofos ou


heterótrofos. Bactérias e cianobactérias;
 Reino Protista: organismos eucariontes, unicelulares, heterótrofos (protozoários) e
organismos eucariontes autótrofos, unicelulares ou multicelulares (algas);
 Reino Fungi: organismos eucariontes, heterótrofos, geralmente multinucleados ou
multicelulares, com representantes unicelulares, obtendo alimento por absorção. Fungos;
 Reino Plantae: organismos eucariontes, multicelulares, fotossintetizantes. Plantas e,
 Reino Animalia: organismos eucariontes, multicelulares e heterótrofos, obtendo
alimento por ingestão. Animais.
Esse sistema de cinco reinos não inclui os vírus, que são acelulares.

www.youtube.com/watch?v=nduK62ZFp0A
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Cladograma simplificado dos reinos de seres vivos

Exemplo de Cladograma

www.youtube.com/watch?v=GfCfuhTz3is

• Vírus
1. Estrutura e origem dos vírus
São extremamente simples e diferem dos demais seres vivos pela ausência de
organização celular, por não possuírem metabolismo próprio e por se reproduzirem
somente quando estão dentro de uma célula hospedeira.
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São parasitas intracelulares obrigatórios sendo consequentemente responsáveis


por várias doenças infecciosas.
O material genético dos vírus pode ser DNA ou RNA, nunca ocorrendo os dois
tipos de ácidos nucléicos juntos.
No caso dos demais seres vivos, os dois tipos de ácidos nucléicos sempre estão
presentes.
O ácido nucléico dos vírus é envolvido por uma cápsula protéica denominada
capsídeo. O conjunto formado pelo capsídeo e pelo ácido nucléico é denominado
nucleocapsídeo.
Alguns vírus são formados apenas pelo nucleocapsídeo, enquanto outros
possuem um envoltório ou envelope externo ao nucleocapsídeo, sendo denominados
vírus capsulados ou envelopados.
O envelope consiste principalmente de moléculas de proteínas virais, específicas
para cada tipo de vírus, imersas numa bicamada lipídica derivada da membrana
plasmática da célula hospedeira.
Uma vez no interior de uma célula hospedeira, o ácido nucléico viral passa a
comandar a reprodução do vírus. Os ácidos nucléicos virais podem também sofrer
mutações e originar novos tipos de vírus.

Vírus envelopado

Estrutura de um vírus
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www.youtube.com/watch?v=6kCW1spxYOE

2. Bacteriófagos
Os bacteriófagos, ou simplesmente fagos, podem ser vírus de DNA ou de RNA;
não existem formas com envelope.
Os mais estudados são os que infectam a bactéria intestinal Escherichia coli,
conhecidos como fagos T.

Esquema de um bacteriófago

www.youtube.com/watch?v=7RIg7FTY4B8

Existem basicamente dois tipos de ciclos de replicação ou reprodução nos


bacteriófagos: o ciclo lítico e o ciclo lisogênico.
Esses ciclos começam quando o fago adere à superfície da célula bacteriana por
meio das fibras protéicas da cauda. O DNA do vírus é então injetado no interior da
bactéria e a cápsula protéica vazia fica fora da célula.
A partir desse momento começa a diferenciação entre o ciclo lítico e o
lisogênico.
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Ciclo lisogênico: o DNA viral incorpora-se ao DNA bacteriano e não interfere no


metabolismo da bactéria, que se reproduz normalmente, transmitindo o DNA viral aos
seus descendentes.

Ciclo lítico: o DNA viral passa a comandar o metabolismo bacteriano e a formar vários
DNAs virais e cápsulas protéicas, que se organizam formando novos vírus. Ocorre a lise
da célula, liberando vários vírus que podem infectar outras bactérias, reiniciando o ciclo.

Ciclo lisogênico e ciclo lítico

www.youtube.com/watch?v=OTDrD12g5v0

Doenças causadas por vírus


Os vírus são agentes etiológicos de várias doenças humanas, tais como: AIDS,
Catapora ou Varicela, Caxumba, Dengue, Febre amarela, Gripe, Hepatite (A, B, C, D e
E), Herpes simples, Poliomielite, Raiva, Resfriado, Rubéola, Sarampo e Varíola.

ATIVIDADE 1: Fazer uma tabela listando cinco tipos de doenças causadas por vírus,
destacando: 1. Modo de transmissão; 2. Características da infecção e, 3. Medidas
profiláticas.
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• Reino Monera
1. Os grupos de Monera
O Reino Monera compreende os procariontes e atualmente são divididos em dois
grandes grupos: Archaea (ou Arqueobactérias), atualmente com cerca de vinte espécies, e
Eubactérias (ou Bactérias), que reúne os demais procariontes atuais.

Cladogramas - relações de parentesco entre os procariontes e os eucariontes

Grupo Archaea
É formado por cerca de vinte espécies, a maioria vivendo em ambientes onde as
condições são adversas para a maior parte dos seres vivos.

Grupo Eubactérias
Reúne o maior número de espécies. Está representado por todas as bactérias que
não pertencem ao grupo Archaea.
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2. Bactérias
Quando se fala em bactérias, é comum as pessoas associarem esses organismos a
doenças. Embora existam bactérias parasitas, causadoras de doenças, muitas espécies não
causam mal a outros seres vivos.

Esquema de uma célula bacteriana

www.youtube.com/watch?v=SCQsin2INDk

Algumas vivem no corpo de outros organismos numa relação de mutualismo, na


qual tanto a bactéria quanto o outro organismo se beneficiam da associação. Isso ocorre,
por exemplo, com bactérias que vivem no intestino humano e produzem vitamina k.
A maior parte das bactérias obtém seu alimento degradando matéria orgânica
morta. Essas bactérias são denominadas decompositoras e, juntamente com os fungos,
são responsáveis pela decomposição e reciclagem de matéria orgânica nos diferentes
ambientes. São, assim, importantíssimas para o equilíbrio ecológico.
Podem ter, basicamente, uma das seguintes formas:

 esféricas: são os cocos;


 cilíndricas: são os bacilos e,
 espiraladas ou helicoidais: são os vibriões (em forma de vírgula), os espirilos (espiral
longa e espessa) e as espiroquetas (espiral longa e fina).
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Formas mais comuns de bactérias

Os cocos, e mais raramente os bacilos, podem formar colônias, o que não


acontece com vibriões, espirilos e espiroquetas. As colônias de cocos formam arranjos
típicos para espécies particulares de bactérias. Esses arranjos podem ser:

 diplococos: formados por dois cocos (como a bactéria que causa a meningite);
 estreptococos: formados por vários cocos dispostos em fileira (como a bactéria que
causa a cárie);
 estafilococos: formados por vários cocos dispostos em arranjos semelhantes a cachos de
uva (como a bactéria que causa a furunculose) e,
 sarcinas: formados por vários cocos dispostos em arranjos cúbicos (como a bactéria que
causa a septicemia, processo infeccioso generalizado).

Formas mais comuns de colônias de bactérias

www.youtube.com/watch?v=IwTV16YrDNs
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Bactérias patogênicas
Algumas bactérias são agentes etiológicos de doenças, inclusive no ser humano:
Botulismo, Cólera, Coqueluche, Difteria, Febre maculosa, Lepra, Leptospirose,
Meningite, Pneumonia, Sífilis, Tétano e Tuberculose, entre outras.

ATIVIDADE 2: Fazer uma tabela listando cinco tipos de doenças causadas por bactérias,
destacando: 1. Agente etiológico; 2. Modo de transmissão; 3. Características da infecção
e, 4. Medidas profiláticas.

3. Cianobactérias
As cianobactérias (algas azuis ou cianofíceas) formam um grupo especial dentre
as eubactérias. Todas são autótrofas e realizam fotossíntese de forma semelhante à que
ocorre nas plantas e em protistas clorofilados. Essa semelhança provavelmente está
relacionada ao fato de os cloroplastos dos eucariontes terem derivado de cianobactérias
primitivas nos primórdios da vida no planeta Terra.

Esquema de cianobactéria

A cor das cianobactérias é dada por pigmentos contidos dentro da célula. Esses
pigmentos não estão incluídos em plastos, mas associados a um sistema de membranas
citoplasmáticas. Os plastos são ausentes nos procariontes.
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Assim, embora as cianobactérias sejam conhecidas como algas azuis, elas nem
sempre são azuis, já que sua cor depende do tipo e da quantidade de pigmentos que
possuem.

 Reino Protista I
1. Os grupos de Protistas
O termo protista significa “primeiro de todos”, refletindo a ideia de que eles
teriam sido os primeiros eucariontes a surgir no curso da evolução, incluindo nele os
protozoários e as algas.
O termo protozoário significa “primeiro animal” e foi criado há muitos anos,
para denominar organismos eucariontes unicelulares.
O termo alga também é empregado como uma designação coletiva, para seres
fotossintetizantes que vivem em ambiente aquático ou terrestre úmido, podendo ser
unicelulares ou multicelulares.

2. Protozoários
São, em função da complexa caracterização, tratados em quatro grupos, sem a
preocupação de situá-los em filos.
Esses grupos são:

● protozoários amebóides: deslocam-se ou capturam alimento por meio de pseudópodes


(pseudo = falso; podo = pé);
● protozoários flagelados: deslocam-se ou obtêm alimento por meio de um ou mais
flagelos;
● protozoários ciliados: deslocam-se ou obtêm alimento por meio de cílios e,
● protozoários esporozoários: não possuem estruturas especiais para deslocamento.

Protozoários e suas estruturas locomotoras


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www.youtube.com/watch?v=BUuDvXITlAg

3. Os protozoários e a saúde humana


Malária
Um importante exemplo de protozoário parasita do ser humano está representado
pelo gênero Plasmodium, um esporozoário causador da malária.
A malária afeta milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente em regiões
tropicais. É transmitida ao ser humano pela picada da fêmea do mosquito Anopheles.
Somente as fêmeas são hematófagas, pois necessitam de sangue principalmente para o
desenvolvimento de seus óvulos.
A malária é uma doença caracterizada por acessos febris cíclicos.
Existem três espécies de Plasmodium no Brasil:

● Plasmodium vivax: acessos febris de 48 em 48 horas (febre terçã benigna);


● Plasmodium malariae: acessos febris de 72 em 72 horas (febre quartã) e,
● Plasmodium falciparum: acessos febris irregulares de 36 a 48 horas (febre terçã
maligna, podendo levar o indivíduo à morte).

Ciclo simplificado de transmissão da malária


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Ciclo de vida do Plasmodium

O ciclo de vida do plasmódio só se completa se houver dois hospedeiros: o


mosquito do gênero Anopheles e o ser humano.
O hospedeiro no qual ocorre a reprodução sexuada do parasita é denominado
hospedeiro definitivo. O hospedeiro no qual ocorre apenas a reprodução assexuada do
parasita é denominado hospedeiro intermediário. Assim, no caso do plasmódio, o
mosquito é o hospedeiro definitivo, e o ser humano, o intermediário.

www.youtube.com/watch?v=xyc4gZsHEGQ

Outras doenças
A seguir, outras doenças humanas causadas por protozoários: Disenteria,
Disenteria amebiana, Doença de Chagas, Giardíase, Leishmaniose visceral americana,
Toxoplasmose, Tricomoníase e Leishmaniose (Úlcera de Bauru).

ATIVIDADE 3: Fazer uma tabela listando cinco tipos de doenças causadas por
protozoários, destacando: 1. Modo de transmissão; 2. Características e, 3. Medidas
profiláticas.
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 Reino Protista II
1. Algas
Adotaremos uma classificação bastante simplificada: Euglenophyta (euglenas),
Dinophyta (dinoflagelados), Bacillariophyta (diatomáceas), Phaeophyta (algas pardas),
Rhodophyta (algas vermelhas) e Chlorophyta (algas verdes).
Por serem fotossintetizantes, as algas são importantes na produção de oxigênio
para os ecossistemas. Além disso, constituem a base da alimentação de animais aquáticos
e algumas espécies são também utilizadas na alimentação humana.

2. Euglenophyta
As euglenas são unicelulares fotossintetizantes, possuem dois flagelos e
reproduzem-se assexuadamente por divisão binária longitudinal. São encontradas tanto
em água doce quanto em ambiente marinho. Possuem uma estrutura denominada
estigma, utilizada nos mecanismos de orientação em direção a uma fonte luminosa.

Estruturas de uma Euglenophyta

3. Dinophyta
Este filo também é denominado Pyrrophyta (algas de fogo), pois muitas são
avermelhadas. Compreende os dinoflagelados, organismos unicelulares com
representantes fotossintetizantes e heterótrofos.
A maioria vive no mar, mas existem espécies de água doce.
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Geralmente têm dois flagelos, e a diversidade de formas no grupo é muito


grande. O gênero Noctiluca é um dos responsáveis pela bioluminescência observada nas
águas superficiais do mar. Também podem provocar um fenômeno conhecido por maré
vermelha.
Reproduzem-se assexuadamente por divisão binária, mas ocorre também
reprodução sexuada com formação de gametas.

Estruturas de uma Dinophyta

Maré vermelha

https://www.youtube.com/watch?v=O5VHtWyWIok

4. Bacillariophyta
Filo representado pelas diatomáceas, muito comuns no plâncton marinho.
Possuem parede celular rígida, denominada frústula ou carapaça.
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São unicelulares, podendo formar colônias, e a reprodução pode ser sexuada ou


assexuada.

Bacillariophyta – Diversidade de formas das carapaças

www.youtube.com/watch?v=3rVhi--x_G4
www.youtube.com/watch?v=7BcN-hJQhiM

5. Phaeophyta
Este filo compreende as algas pardas.
Dentre elas existem representantes de grande porte, que chegam a 60 metros de
comprimento.

Algas pardas de grande porte


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https://www.youtube.com/watch?v=tnV8zCcfvug

Exemplos de algas pardas

6. Rhodophyta
Este filo compreende as algas vermelhas, muito comuns nos mares.
Certas espécies são usadas na alimentação humana. Têm sido usadas também
para combater o escorbuto, graças ao seu alto teor de vitamina C.

Exemplo de alga vermelha

7. Chlorophyta
Representado pelas algas verdes, que podem ser uni ou multicelulares.
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São principalmente aquáticas, podendo ocorrer também em locais úmidos, sobre


rochas e troncos de árvores.

Exemplo de alga verde


 Reino Fungi
1. Os fungos e sua importância
O Reino Fungi abrange os organismos eucariontes heterótrofos, que incorporam
os alimentos por absorção. Popularmente são conhecidos por bolores, mofos, leveduras,
orelhas-de-pau, trufas e cogumelos-de-chapéu.

Exemplos de fungos

Quanto ao modo de vida, podem ser:


● decompositores: obtêm alimento decompondo a matéria orgânica. São importantes em
termos ecológicos pois participam da reciclagem de nutrientes na natureza. Apesar do
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aspecto positivo da decomposição, os fungos também são responsáveis pelo


apodrecimento de alimentos, de madeira utilizada em construções e de tecidos,
provocando sérios prejuízos econômicos;

Exemplos de fungos decompositores

● parasitas: alimentam-se de substâncias que absorvem de organismos vivos, acarretando


prejuízo ao hospedeiro. Esses fungos provocam doenças em plantas e em animais,
inclusive no ser humano.
Nas plantas, eles são a causa da ferrugem do cafeeiro, por exemplo, e de
pequenas manchas negras, indicando necrose em folhas como a do amendoim;

Ferrugem do cafeeiro

Pé-de-atleta
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● mutualísticos: estabelecem associações com outros organismos, nas quais ambos se


beneficiam. Há certos grupos de fungos que podem estabelecer associações mutualísticas
com cianobactérias ou com algas verdes, originando organismos denominados liquens,
que serão estudados mais adiante e,

Fungo mutualístico - liquen

Não é líquen!

● predadores: entre os fungos mais especializados estão os predadores, que se


desenvolveram para capturar pequenos organismos, especialmente nematódeos,
utilizando-os como alimento.
O fungo Arthrobotrys oligospora, que vive no solo, produz hifas dispostas como
uma rede de pequenos anéis, e os nematódeos ficam presos neles e na secreção viscosa.
A seguir o fungo emite hifas adicionais que penetram no corpo do verme e
absorvem seus tecidos. A morte do nematódeo ocorre cerca de duas horas após a captura.
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Nematódeo capturado por um fungo predador

Muitos fungos realizam apenas respiração aeróbia; outros realizam somente


fermentação. Alguns, entretanto, são anaeróbios facultativos. É o que ocorre com
indivíduos de uma espécie de levedura utilizada nos processos de preparação do pão e de
fabricação de bebidas alcoólicas (cerveja e vinho). Nesses casos, o fungo realiza
fermentação alcoólica, ou seja, degrada o açúcar em álcool etílico e CO2.
Alguns tipos são utilizados na alimentação humana; outros são utilizados na
indústria de laticínios. Outros são utilizados na produção do antibiótico penicilina.

Fungos comestíveis e fungos venenosos


Algumas espécies de fungos são utilizados pelo ser humano diretamente como
alimento, como a espécie Agaricus brunnescens, uma das mais amplamente cultivadas no
mundo e popularmente chamada cogumelo ou champignon.
Existem também espécies de fungos venenosos para o ser humano, podendo
inclusive causar a morte. É o caso dos cogumelos brancos da espécie Amanita muscaria e
do gênero Psilocybe. Quando ingeridos pelo ser humano, esses fungos produzem efeitos
alucinógenos semelhantes aos causados pelo LSD, provocando sérios danos ao sistema
nervoso.

Fungo comestível – Agaricus brunnescens - champignon


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Fungo venenoso – Amanita phalloides

Cogumelos alucinógenos – Amanita muscaria e Psilocybe

www.youtube.com/watch?v=WDdpPw2hHXU
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2. Características gerais dos fungos


São organismos eucariontes, heterótrofos, que incorporam alimento por
absorção. Outras características são:

● parede celular: formada principalmente por quitina. Nas plantas, é composta


principalmente de celulose;
● substância de reserva: armazenam glicogênio em suas células, como fazem os
animais. Nas plantas, a substância de reserva é o amido;
● reprodução: sempre ocorre por meio de esporos e,
● organização do corpo: a maioria dos fungos apresenta o corpo formado por filamentos
denominados hifas. O conjunto de hifas recebe o nome de micélio.

Organização do corpo de um fungo

Classificação dos fungos


Uma das propostas mais atuais considera quatro grupos de fungos, cujas relações
filogenéticas estão apresentadas no cladograma a seguir.

Cladograma – relações filogenéticas dos quatro grupos de fungos


31

Esquema de um ciclo de vida generalizado de um fungo

https://www.youtube.com/watch?v=Aby7y460-nY

3. Liquens
São associações íntimas entre fungos e algas verdes. Na maior parte dos casos
trata-se de simbiose do tipo mutualismo, caracterizada pela associação obrigatória entre
indivíduos de espécies diferentes, em que ambos se beneficiam.
A identificação das diferentes espécies de liquens é feita principalmente com
base no fungo, sendo que geralmente cada espécie de liquen é formada por uma única
espécie de fungo e de alga.
Nos liquens, a alga, que é autótrofa, realiza a síntese de matéria orgânica
(fotossíntese) produzindo alimento para ela e para o fungo. Este, que é heterótrofo,
oferece proteção à alga, além de reter sais e umidade, necessários a ambos.
Podem ser encontrados em troncos de árvores, rochas, muros e postes.
São muito sensíveis à poluição ambiental. Assim, a presença de liquens sugere
baixo índice de poluição, enquanto seu desaparecimento sugere agravamento da poluição
ambiental.
32

Exemplos de liquens ramificados e crostosos

www.youtube.com/watch?v=jV-OfOl8ehI

 Reino Plantae
1. Origem e classificação das plantas
As plantas são organismos eucariontes, multicelulares, autótrofos, que realizam
fotossíntese.
Em classificações mais recentes, as algas multicelulares têm sido consideradas
em outros grupos, restringindo-se o termo planta aos multicelulares clorofilados com
adaptações ao ambiente terrestre.
Assim, todas as plantas seriam terrestres, embora algumas espécies ocorram em
ambiente aquático, condição considerada secundária, ou seja, essas plantas aquáticas
teriam derivado de ancestrais terrestres.
Acredita-se que as plantas tenham surgido a partir de um grupo ancestral de
algas verdes, pois existem várias características que as aproximam, como a presença de
clorofilas a e b em seus cloroplastos e parede celular composta principalmente de
celulose.
Na passagem evolutiva das algas verdes para as plantas surgiram algumas
características que se mantiveram por seleção natural, pois revelaram ser muito
33

adaptativas para a vida no ambiente terrestre, possibilitando a expansão das plantas nesse
ambiente.

Cladogramas simplificados das plantas

www.youtube.com/watch?v=q9WlmiCnZHg

Tradicionalmente, as plantas têm sido divididas em dois grandes grupos:

● criptógamas (cripto = escondido; gamae = gametas): plantas que possuem as estruturas


produtoras de gametas pouco evidentes. Exs: musgos e samambaias e,
34

Criptógamas – Briófitas e Pteridófitas

● fanerógamas (fanero = visível): plantas que possuem estruturas produtoras de gametas


bem visíveis. Todas desenvolvem sementes. Exs: mangueiras e coqueiros.
35

Fanerógamas

https://www.youtube.com/watch?v=G6Ayy9D_I0k

As criptógamas dividem-se em dois grupos:

● briófitas: não possuem vasos especializados para o transporte de seiva. Ex: musgos e,
● pteridófitas: possuem vasos condutores de seiva. Exs: samambaias e avencas.

Por possuírem vasos, as pteridófitas e todas as fanerógamas são chamadas


plantas vasculares ou traqueófitas.
As fanerógamas também são divididas em dois grupos:

● gimnospermas: possuem sementes, mas não formam frutos. Suas sementes são
chamadas “nuas”, pois não estão abrigadas no interior de frutos (gymnos = nu; spermae =
semente) e,
● angiospermas: possuem sementes abrigadas no interior de frutos (angios = urna;
spermae = semente). Os frutos são resultantes do desenvolvimento do ovário da flor.

O modo como ocorreu a evolução dos processos sexuados e dos ciclos de vida
nas plantas foi de fundamental importância para a conquista do ambiente terrestre.
36

2. Briófitas
As briófitas ocorrem principalmente em ambientes úmidos e abrigados da luz
direta, pois não possuem estruturas adaptadas para evitar a transpiração intensa. Além
disso, elas dependem da água para a reprodução sexuada.
As briófitas formam um grupo de transição das plantas para o ambiente terrestre.
Neste ambiente, os organismos enfrentam problemas diferentes dos existentes em
ambiente aquático, sendo o mais importante deles a redução da quantidade de água
disponível.
Estruturas como raízes, que têm como funções absorver água e fixar a planta ao
solo, foram positivamente selecionadas, propiciando a expansão das plantas para o
ambiente terrestre.
As briófitas apresentam rizóides, estruturas semelhantes a raízes, mas sem
tecidos especializados para a condução de água e nutrientes.
A presença de vasos condutores é uma característica da folha, da raiz e do caule.
Como as briófitas são avasculares, elas não possuem folhas, raiz e caule verdadeiros. Por
essa razão, diz-se que o corpo das briófitas apresenta-se diferenciado externamente em
filóide, rizóide e caulóide.

Corpo das briófitas

Ciclo de vida das briófitas


A reprodução das briófitas depende da água: os gametas masculinos dessas
plantas só alcançam os gametas femininos em meio aquoso. A reprodução de briófitas
que habitam locais mais secos depende da água da chuva ou do orvalho.
37

O ciclo de vida das briófitas é composto de duas gerações, uma sexuada e outra
assexuada, e é denominado metagênese ou alternância de gerações.

Ciclo de vida das briófitas

www.youtube.com/watch?v=ecVxpsIK_wc

3. Pteridófitas
Assim como as briófitas, as pteridófitas também possuem gametas flagelados e,
portanto, dependem da água para a reprodução, o que as restringe a ambientes úmidos.
No entanto, as pteridófitas foram as primeiras plantas vasculares, e o surgimento
de vasos possibilitou-lhes grande expansão no ambiente terrestre. Os vasos permitem o
transporte rápido de água e sais minerais (seiva bruta) até as folhas, e de água e produtos
da fotossíntese (seiva elaborada) para as demais partes da planta.
As pteridófitas também foram as primeiras plantas a apresentar tecidos de
sustentação, permitindo que se mantivessem eretas.
Os tecidos condutores e os tecidos de sustentação propiciaram o surgimento de
plantas de grande porte.

Corpo de uma pteridófita


38

www.youtube.com/watch?v=MrowQ8Wz7Es

4. Gimnospermas
Apesar das pteridófitas, em relação às briófitas, apresentarem mais adaptações ao
ambiente terrestre, elas ainda estão geralmente restritas a ambientes úmidos.
A conquista definitiva do ambiente terrestre pelas plantas ocorreu com o
surgimento de elementos que permitiram a fecundação sem a necessidade de água para o
deslocamento do gameta masculino.
As primeiras traqueófitas que passaram a apresentar essa independência da água
para a reprodução foram as gimnospermas do grupo dos pinheiros e araucárias.

Exemplo de gimnosperma – Araucaria angustifolia

Essa independência ocorreu em função do surgimento dos grãos de pólen, dos


óvulos e das sementes.
Nas plantas, o óvulo não é o gameta feminino, como ocorre nos animais. Ele é
uma estrutura que abriga os elementos formadores do gameta feminino.
Após a fecundação, o óvulo transforma-se em semente. As sementes abrigam o
embrião, protegendo-o contra a dessecação e outros fatores adversos do meio.

www.youtube.com/watch?v=c-c89VU2TjE
39

5. Angiospermas
No curso da evolução, as angiospermas derivaram de um grupo de
gimnospermas. Elas também apresentam grãos de pólen, óvulos e sementes.
Porém, surgiram outras estruturas de proteção do óvulo e da semente: os ovários
e os frutos.
Os ovários abrigam os óvulos. Após a fecundação, os óvulos dão origem às
sementes, e os ovários formam os frutos, que dão maior proteção às sementes e
contribuem para sua dispersão.
Nas angiospermas, os elementos relacionados com a reprodução sexuada
também se encontram reunidos em estruturas de reprodução evidentes (são
fanerógamas). Neste grupo, essas estruturas são as flores.
As flores completas são formadas por pedicelo ou pedúnculo e por um
receptáculo, onde se inserem os verticilos florais:

● cálice: conjunto de sépalas, geralmente verdes;


● corola: conjunto de pétalas, que podem apresentar várias cores;
● androceu: formado pelos estames, constitui o sistema reprodutor masculino e,
● gineceu: formado pelo pistilo ou capelo, constitui o sistema reprodutor feminino.

Esquema de uma flor de angiosperma

O conjunto cálice-corola é denominado perianto.


40

O estame é uma folha modificada em cuja extremidade diferencia-se a antera,


no interior da qual se formam os grãos de pólen.
O pistilo é formado por uma ou mais folhas modificadas, que se fundem dando
origem a duas partes:

● uma porção basal dilatada, denominada ovário, que contém o óvulo e,


● uma porção alongada, denominada estilete, cujo ápice é o estigma.

www.youtube.com/watch?v=TzVt9utSMN0

As angiospermas são divididas em dois grandes grupos: o das


monocotiledôneas e o das dicotiledôneas.
A principal característica que permite distinguir esses dois grupos é o número de
cotilédones presentes na semente. Cotilédones são folhas embrionárias que compõem o
corpo do embrião e podem armazenar nutrientes que serão fornecidos a ele durante os
estágios iniciais do seu desenvolvimento.
Como o próprio nome diz, nas monocotiledôneas há apenas um cotilédone por
semente, enquanto nas dicotiledôneas há dois cotilédones por semente.
Além dessa diferença básica existem outras, como apontadas na figura a seguir.

Principais diferenças entre monocotiledôneas e dicotiledôneas


41

www.youtube.com/watch?v=QvNdEQvi2Dk
https://www.youtube.com/watch?v=IsikQO9ptJ8

 Morfologia das angiospermas


1. Organização do corpo de uma angiosperma
O corpo das angiospermas é formado basicamente por raízes, folhas e caule,
estruturas relacionadas com as funções vegetativas da planta, e pelas flores e frutos,
estruturas relacionadas com a reprodução sexuada.
As raízes são estruturas com funções básicas de fixação da planta ao solo e de
absorção de água e sais minerais que vão compor a seiva bruta. O conjunto de raízes de
uma planta forma o sistema radicular.
As folhas são estruturas adaptadas à realização da fotossíntese e da transpiração.
Por fotossíntese a planta produz seu alimento orgânico, que é transportado como
componente da seiva elaborada. Por transpiração a planta perde água para o meio
ambiente.
O caule tem a função básica de sustentação das folhas e de condução das seivas
bruta e elaborada.

Organização do corpo de uma angiosperma

https://www.youtube.com/watch?v=AJSPe1iaR-4
42

Exemplo de ciclo de vida em angiospermas


Quanto às estruturas de reprodução, as flores podem apresentar apenas o
androceu ou apenas o gineceu. Nesses casos, são chamadas flores díclinas, pois os
elementos masculinos e femininos se encontram em flores separadas.
Entretanto, a maioria das flores apresenta tanto o androceu quanto o gineceu,
sendo denominadas flores monóclinas. Estas geralmente desenvolvem mecanismos que
dificultam a autofecundação, o que propicia a fecundação cruzada e consequentemente o
aumento da variabilidade genética.
Nas espécies de angiospermas em que as flores são monóclinas as plantas são
chamadas hermafroditas.
Nas espécies em que as flores são díclinas, podem ocorrer duas situações:

• no mesmo indivíduo podem existir flores pistiladas e flores estaminadas: neste caso as
plantas são chamadas monóicas ou,
• em um indivíduo existem apenas flores pistiladas, e em outro existem apenas flores
estaminadas: neste caso as plantas são chamadas dióicas.

Plantas monóicas e dióicas

www.youtube.com/watch?v=jDx6Z_KBy6w
43

 Introdução aos animais e estudo das esponjas e dos cnidários


1. Características gerais dos animais
O Reino Animal é constituído por organismos eucariontes, multicelulares,
heterótrofos que se alimentam por ingestão e que apresentam desenvolvimento
embrionário, passando pelas fases de mórula e blástula.
Mesmo dentro de critérios tão amplos, podemos encontrar exceções. É o que
ocorre com alguns endoparasitas que perderam a capacidade de ingestão, obtendo seus
nutrientes por absorção direta dos líquidos do corpo dos organismos parasitados.
É muito comum, em Zoologia, falar-se em animais invertebrados e animais
vertebrados.
Invertebrados são todos os animais que não possuem vértebras e,
consequentemente, coluna vertebral. A maior parte dos animais é formada por
invertebrados.
Os vertebrados correspondem a todos os animais que possuem vértebras, caso
dos peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos; o termo vertebrado corresponde a uma
categoria taxonômica: é um subfilo dentro do filo dos cordados. Este filo inclui também
animais invertebrados, como o anfioxo, que vive enterrado na areia, no ambiente marinho.

Diagrama que representa a quantidade relativa de espécies nos diferentes reinos de


seres vivos
44

2. Origem e evolução dos animais


Entender a diversidade do Reino Animal e as relações evolutivas entre os
diferentes grupos é um grande desafio. Várias hipóteses buscam explicar essas relações.
Muitos zoólogos consideram o Reino Animal como monofilético, derivado de
um grupo ancestral formado por protistas flagelados heterótrofos coloniais. Essa hipótese
baseia-se na semelhança verificada entre esses protistas e os animais no que se refere
principalmente à ultra-estrutura do flagelo e dados moleculares, especialmente dos
ribossomos.
Procuram se basear, também, em dados da anatomia e da embriologia
comparada e em dados moleculares para entender as relações evolutivas entre os
animais.
Apresentamos uma das hipóteses no cladograma a seguir, considerando somente
os filos mais representativos.

Embriologia comparada
45

Cladograma mostrando uma das hipóteses filogenéticas

www.youtube.com/watch?v=Vqxnr1KezQg

3. Filo Porifera
O Filo Porifera (poríferos) é constituído pelas esponjas, animais que vivem
fixos ao substrato (sésseis). A maioria vive em ambiente marinho.
São os animais com estrutura corpórea mais simples, não possuindo tecidos e
órgãos diferenciados.
O corpo apresenta numerosos poros, característica que deu nome ao filo (poros
= poro; phorus = portador de). No ápice do corpo elas têm uma abertura maior
denominada ósculo. Internamente, possuem uma cavidade chamada átrio ou
espongiocele (cele = cavidade), que não é uma cavidade digestória, já que esses animais
não apresentam sistema digestório.
46

Corte esquemático de uma esponja do tipo asconóide

São animais filtradores: a água que circunda seu corpo penetra pelos poros,
passa para a espongiocele e sai pelo ósculo. Por meio da circulação da água obtêm o
oxigênio e o alimento de que necessitam e eliminam os restos não-aproveitáveis.
A circulação de água é promovida por células especiais denominadas coanócitos
(coano = funil; cito = célula), que possuem ao redor do único flagelo um colarinho com
aspecto de funil.
Além de ser o responsável pela circulação orientada da água no corpo da
esponja, o coanócito participa da obtenção do alimento.
Diminutas partículas presentes na água que passou pelos poros e chegou até a
espongiocele ficam retidas no colarinho, são incorporadas pela célula por fagocitose e
então digeridas.
Existem elementos esqueléticos de sustentação, representados por espículas e
fibras protéicas de espongina.

Tipos morfológicos de esponjas


Existem três tipos morfológicos: asconóide, siconóide e leuconóide.
A estrutura da esponja asconóide é a mais simples, impondo limitações de
tamanho ao animal. Por serem animais filtradores, as esponjas dependem da água que
fazem circular pelo corpo para a execução de todas as suas funções. No tipo asconóide
47

esse fluxo de água é mais lento? (rápido) que nos demais, pois a espongiocele é ampla
em relação à superfície ocupada pelos coanócitos.
Nos demais tipos morfológicos o fluxo de água é maior? (menor) em função do
aumento da área ocupada pelos coanócitos e da redução do volume da espongiocele.
No tipo siconóide os dobramentos da parede formam numerosos tubos radiais
que possuem em seu interior o canal radial, onde se localizam os coanócitos; a
espongiocele é reduzida em relação ao tipo asconóide.
Nas esponjas leuconóides os dobramentos da parede são mais complexos, sendo
esse tipo morfológico mais especializado. Nesses casos, formam-se inúmeras câmaras
flageladas, onde estão os coanócitos, e a espongiocele se reduz ainda mais.

Tipos morfológicos de esponjas

www.youtube.com/watch?v=HxTPXDjSEAg

Estrutura de um coanócito
48

www.youtube.com/watch?v=nCyPftLBEYk

Reprodução nas esponjas


As esponjas podem apresentar reprodução assexuada e sexuada.
A reprodução assexuada pode ocorrer por brotamento, fragmentação ou
gemulação.
Na reprodução sexuada formam-se espermatozóides que saem da esponja
através do ósculo juntamente com a corrente exalante de água. Eles penetram em outras
esponjas juntamente com a corrente inalante e são captados pelos coanócitos, que os
transferem até os óvulos, ocorrendo a fecundação.
Existem espécies de sexos separados e espécies hermafroditas.

4. Filo Cnidaria
O Filo Cnidaria (cnidários) inclui as hidras, as medusas, as anêmonas-do-mar,
os corais e as caravelas.
O nome Cnidaria (cnida = urtiga) refere-se a uma característica exclusiva desses
animais e que define o filo: um tipo especial de célula denominada cnidócito.
Os cnidócitos derivam de células indiferenciadas chamadas cnidoblastos.
Existem basicamente dois tipos morfológicos de indivíduos: as medusas,
geralmente natantes, e os pólipos, que são sésseis.
Os pólipos e as medusas, formas aparentemente muito diferentes entre si,
possuem inúmeras características em comum e que definem o filo: apresentam boca que
se liga à cavidade gastrovascular, onde ocorre digestão e distribuição do alimento. A
digestão é em parte extracelular e em parte intracelular. Os restos não-aproveitáveis são
liberados pela boca, uma vez que os cnidários não possuem ânus.
Na região oral existem tentáculos, que participam da defesa do animal e da
captura de alimento.
49

Tipos morfológicos de cnidários

Os cnidários são animais carnívoros; alimentam-se de outros animais.


Entre a epiderme, que reveste externamente o corpo, e a gastroderme, que
reveste a cavidade gastrovascular, existe uma camada gelatinosa chamada mesogléia.
Um tipo exclusivo de células presente nos cnidários é o cnidócito, abundante na
epiderme dos tentáculos. São importantes para a sua defesa contra predadores, além de
participarem da captura de presas.
O cnidócito contém o nematocisto, estrutura que possui em seu interior um
líquido rico em substância protéica tóxica.

Cnidócito

www.youtube.com/watch?v=n-vwVxK1XM4
www.youtube.com/watch?v=ENBf0nPVlpI
50

Quando o nematocisto é devidamente estimulado, a cápsula se abre, o filamento


é evertido e, através do canal interno desse filamento, a toxina é liberada. O filamento é
introduzido no corpo da presa como uma agulha bem fina, através da qual o veneno é
injetado.
A respiração e a excreção ocorrem por difusão através de toda a superfície do
corpo e a reprodução pode ser assexuada ou sexuada.
Os cnidários apresentam células nervosas (neurônios) que se dispõem de modo
difuso pelo corpo, o que caracteriza uma condição primitiva entre os animais.

Distribuição dos neurônios em um cnidário

Platelmintos e nematódeos
1. Filo Platyhelminthes
O Filo Platyhelminthes (platelmintos) é constituído pelos vermes acelomados,
com corpo alongado e achatado dorsoventralmente (plati = chato; helminto = verme).
Popularmente, o termo verme é aplicado para qualquer animal invertebrado de corpo
alongado. Alguns animais desse filo são de vida livre, como as planárias; outras são
parasitas, como as tênias.
Como nos cnidários, a cavidade digestória comunica-se com o exterior do corpo
por uma única abertura: a boca. A digestão é parcialmente extracelular e parcialmente
intracelular.
Possuem sistema excretor, ausente nos poríferos e nos cnidários. Eliminam
excretas nitrogenadas principalmente por difusão através da superfície do corpo. O
excesso de água e outras excretas são eliminados pelos protonefrídios, que possuem na
51

extremidade uma célula especializada: célula-flama; se abrem na superfície dorsal do


corpo por meio de poros excretores, os nefridióporos.

www.youtube.com/watch?v=jTX2dz_pWsE

Classe Turbellaria
Platelmintos de vida livre (planárias) que ocorrem no mar, em água doce e em
ambiente terrestre úmido; o processo de cefalização que ocorre nos platelmintos, e que é
ausente nos cnidários, é mais evidente nos turbelários, que são animais de vida livre.
Possuem na região anterior do corpo dois ocelos, estruturas sensíveis à luz.
Orientam-se por quimiorreceptores localizados nas aurículas.
São carnívoras, hermafroditas (fecundação é geralmente cruzada e sempre
interna), com desenvolvimento direto. Podem também se reproduzir assexuadamente
por fissão transversal, com acentuado poder de regeneração.

Turbelário de vida livre

Sistema excretor de um turbelário


Classe Trematoda
Todos são parasitas (existem formas endoparasitas e ectoparasitas). Como
exemplo do grupo, citamos a espécie Schistosoma mansoni, parasita que pode ser
52

encontrado no sangue humano e que provoca a esquistossomose (barriga-d‟água),


moléstia muito comum no Brasil.
Ao contrário dos demais platelmintos, que são hermafroditas, os esquistossomos
são animais de sexos separados com dimorfismo sexual.

Schistosoma mansoni durante a cópula

O seu ciclo de vida é apresentado a seguir.

Ciclo de vida de Schistosoma mansoni


Classe Cestoda
Nesta classe existem apenas animais endoparasitas, que não possuem sistema
digestório e o alimento é incorporado através da superfície do corpo.
53

Como exemplos do grupo citamos duas espécies de tênias, parasitas do intestino


humano: Taenia solium e Taenia saginata.
A tênia pode atingir cerca de 10 metros de comprimento e geralmente existe
apenas uma no corpo do hospedeiro, razão pela qual é popularmente chamada solitária.
O ciclo de vida de Taenia solium, cujo hospedeiro intermediário é o porco,
está representado a seguir. Este ciclo é semelhante ao da Taenia saginata, diferindo
apenas quanto ao hospedeiro intermediário, que é o boi.

Ciclo de vida de Taenia solium

2. Filo Nematoda
O filo Nematoda (nematódeos) é constituído por animais pseudocelomados com
corpo alongado, cilíndrico e fino, com as extremidades afiladas (nema = fio).
A grande maioria é de vida livre, mas existem espécies parasitas, como a
lombriga, parasita intestinal.
Possuem boca e ânus, estrutura inexistente em cnidários e platelmintos.
A digestão é em parte extracelular e em parte intracelular.
Não possuem sistema circulatório e as trocas gasosas são realizadas através da
superfície do corpo.
O sistema nervoso é formado por um anel nervoso ao redor da faringe.
A grande maioria dos nematódeos apresenta sexos separados, com dimorfismo
sexual: o macho é em geral menor que a fêmea.
54

A excreção nitrogenada é eliminada através da superfície do corpo.

Organização interna de um nematódeo

www.youtube.com/watch?v=DJ9CfGfFAkU

Nematódeos parasitas do ser humano

Ascaris lumbricoides (lombriga)


● Doença: ascaridíase.
● Modo de transmissão: ingestão de ovos de lombriga em verduras mal-lavadas e água
contaminada.

Ciclo de vida de Ascaris lumbricoides

Ancylostoma duodenale e Necator americanus


● Doença: ancilostomose, necatoríase, opilação ou amarelão.
55

● Modo de transmissão: penetração ativa de larvas do parasita na pele humana.

Ciclo de vida de Ancylostoma duodenale

Ancylostoma braziliensis
● Doença: dermatite conhecida por bicho-geográfico ou larva-migrans.
● Modo de transmissão: penetração ativa da larva do parasita na pele humana.

Wuchereria bancrofti (filária)


● Doença: filariose, que pode levar à elefantíase.
● Modo de transmissão: picada de mosquito do gênero Culex que seja portador de
larvas infectantes da filária.

Oxyurus vermicularis ou Enterobius vermicularis


● Doença: oxiurose ou enterobiose (mais comum em crianças).
● Modo de transmissão: ingestão de ovos do parasita.

 Moluscos, anelídeos, artrópodes e equinodermos


1. Filo Mollusca
Este filo reúne lesmas, ostras, polvos, lulas, caracóis e outros animais de corpo
mole, de onde vem o nome do filo (mollis = mole).
O corpo dos moluscos é dividido em três regiões: cabeça, pé e massa visceral.
56

Corpo de um molusco

Nos moluscos, o pé é uma estrutura muscular usada na locomoção. Na cavidade


bucal existe uma estrutura exclusiva do grupo: a rádula, que corresponde a um
conjunto de pequenos dentes quitinosos, usados na obtenção de alimento.
Embora o corpo de todos os moluscos seja mole, muitos secretam uma concha
externa formada de material calcário, constituindo o exoesqueleto, que abriga e protege
o animal.
Alguns moluscos, no entanto, possuem concha interna reduzida e outros não
possuem concha.
A concha é produzida por uma estrutura típica dos moluscos, o manto. Em
muitos moluscos, o manto delimita entre ele e o corpo uma cavidade denominada
cavidade do manto ou cavidade palial.
Nessa cavidade geralmente localizam-se uma ou mais brânquias (respiração em
ambiente aquático) ou o pulmão (respiração aérea). Algumas espécies efetuam as trocas
gasosas através da superfície do corpo.
Nos animais dos filos estudados anteriormente não existem estruturas
especializadas para as trocas gasosas nem sistema circulatório, ambos presentes nos
moluscos.
A circulação sanguínea na maioria dos moluscos é do tipo aberta, caracterizada
pelo fato do sangue não circular sempre dentro de vasos; em alguns grupos, no entanto,
o sistema circulatório é fechado.
A excreção é feita por meio de metanefrídios.
Possuem sistema digestório com boca e ânus.
57

A digestão é inicialmente extracelular, no estômago, sendo finalizada


intracelularmente, nas glândulas digestivas; em alguns, entretanto, a digestão é
exclusivamente extracelular.
O sistema nervoso é ganglionar (vários pares de gânglios unidos por cordões
nervosos).
Podem ser de sexos separados ou hermafroditas. Há grande diversidade de
padrões reprodutivos, com fecundação interna ou externa.
Muitas espécies apresentam desenvolvimento embrionário indireto, com
formação de larvas; em outras o desenvolvimento é direto.

www.youtube.com/watch?v=JRo1el3GETg

As principais classes de moluscos são:

● Polyplacophora: representada pelos quítons, cuja concha é formada por oito placas
dorsais; vivem nos costões rochosos dos mares;

Polyplacophora - quíton

● Gastropoda: classe mais numerosa e diversificada, com representantes marinhos, de


água doce e terrestres. A concha, que pode faltar em alguns, é formada por uma única
valva. Exs: caramujos e lesmas;
58

Esquema de um gastrópode

● Cephalopoda: são moluscos marinhos com a cabeça bem desenvolvida e pés


modificados em tentáculos que partem da região cefálica, característica responsável
pelo nome cefalópode (cephalo = cabeça; podos = pé). Os olhos são grandes e o
sistema nervoso apresenta acentuada cefalização. Possuem espécies com concha
externa, com concha interna e sem concha e,
59

Exemplos de cefalópodes

● Bivalvia: os bivalves ocorrem em água doce ou no mar; têm o corpo achatado?


lateralmente e possuem concha externa formada por duas valvas, característica que deu
nome à classe.

Bivalvia

Morfologia interna de um bivalve


60

Em muitos bivalves, as células das brânquias promovem não apenas a circulação


da água na cavidade do manto, mas também atuam na seleção de partículas de alimento.
Assim, as brânquias atuam tanto nas trocas gasosas quanto na obtenção de alimento.
Não possuem cabeça diferenciada, mas apresentam boca na região anterior.
Algumas espécies podem produzir pérolas de valor comercial.

2. Filo Annnelida
Os anelídeos são animais celomados com metameria. Mesmo externamente,
pode-se notar a segmentação do corpo, formado por vários anéis, característica que deu
nome ao filo. Estão representados pelas minhocas, poliquetos e sanguessugas.
Possuem sistema digestório com boca, faringe, moela, intestino e ânus.
O sistema circulatório é fechado.
O sistema excretor é formado por metanefrídios.
A respiração é cutânea ou por meio de brânquias.
O sistema nervoso é ganglionar, composto de diversos gânglios ligados entre si
por cordões nervosos ventrais.

www.youtube.com/watch?v=dGi3lxDrLWg

Há três classes de anelídeos:

● Oligochaeta (oligo = pouco; chaeta = cerda): poucas cerdas no corpo. Possuem


clitelo. Existem oligoquetos que vivem enterrados em solos úmidos, como as minhocas,
espécies marinhas e de água doce. São hermafroditas, com fecundação cruzada e
desenvolvimento direto;

Oligochaeta
61

● Polychaeta (poly = muito): muitas cerdas inseridas em projeções laterais do corpo,


denominadas parapódios; não possuem clitelo. A maioria é de sexos separados;
desenvolvimento indireto, com fases larvais. Principalmente marinhos e,

Polychaeta

● Hirudinea: sem cerdas e com ventosas ao redor da boca e na região posterior do


corpo; clitelo pouco desenvolvido. São hermafroditas, com fecundação cruzada e
desenvolvimento direto. Ex.: sanguessuga.

Hirudinea
62

Fecundação cruzada

3. Filo Arthropoda
Todos os animais que o compõem possuem pernas articuladas (arthros =
articulação; poda = pé). Também são articulados todos os demais apêndices, como as
antenas e as peças bucais.
Constituem o mais numeroso grupo animal da Terra. Exs: moscas, aranhas e
caranguejos.
Possuem exoesqueleto quitinoso que envolve totalmente o corpo. O
crescimento ocorre por meio de mudas ou ecdises. Em função disso, sua curva de
crescimento difere da curva dos outros animais.

Gráfico das curvas de crescimento dos artrópodes e dos demais animais

Além das características mencionadas existem outras, comuns a todos os


artrópodes:
63

● O sistema circulatório é aberto;


● Os órgãos excretores recebem nomes específicos dependendo do grupo e filtram
excretas do sangue;
● O sistema nervoso apresenta, em geral, gânglios cerebrais bem desenvolvidos, de
onde partem os cordões nervosos ventrais e ganglionares. Os órgãos dos sentidos
também são bem desenvolvidos e,
● Apresentam metameria.

Os grupos que vamos estudar são: insetos, crustáceos, aracnídeos e os


miriápodes (quilópodes e diplópodes), podem ser identificados por algumas
características de sua morfologia externa.

www.youtube.com/watch?v=6yUFhAS-m6w

Insetos
São os artrópodes com maior número de espécies e são os únicos invertebrados
com representantes voadores. A maioria possui quatro asas, mas alguns possuem apenas
duas asas (Ex.: mosquitos) e outros não as possuem (Ex.: pulgas).
O corpo é dividido em três regiões: cabeça, tórax e abdome.
A cabeça forma uma peça única, com os segmentos que a compõem
completamente fundidos. Nela estão presentes um par de antenas, um par de olhos
compostos, três olhos simples, além de apêndices bucais, dentre os quais se destaca um
par de mandíbulas.

Vista geral de um inseto


64

No tórax localizam-se as asas e as pernas; no abdome não há apêndices


locomotores.
O sistema digestório é constituído de boca, papo, estômago, intestino e ânus.
A excreção é feita pelos túbulos de Malpighi.
A respiração é realizada por traquéias, que se comunicam com o ar atmosférico
por orifícios denominados espiráculos.

Respiração de um inseto

Têm sexos separados e a fecundação é interna. São ovíparos, podendo apresentar


três tipos de desenvolvimento:

● direto, sem metamorfose: desenvolvimento ametábolo (a = sem; metábolo =


mudança). Ex.: traça-dos-livros;
● indireto, com metamorfose gradual ou incompleta: desenvolvimento
hemimetábolo (hemi = meio). Ex.: gafanhoto e,
● indireto, com metamorfose completa: desenvolvimento holometábolo (holo =
total). Ex.: borboleta.

Ametábolo
65

Hemimetábolo

Holometábolo

Butterfly House

Crustáceos
Representantes no mar, em água doce e também em ambiente terrestre úmido.
O nome Crustacea deriva do fato de muitas espécies desse grupo possuírem
exoesqueleto enriquecido com carbonato de cálcio, formando uma crosta. Ex.: siris. No
entanto, a característica mais marcante dos crustáceos é a presença de dois pares de
antenas na região cefálica.
O corpo pode estar dividido em cabeça, tórax e abdome, ou em cefalotórax
(fusão da cabeça com o tórax) e abdome.
66

Morfologia externa de um crustáceo

Na cabeça, além dos dois pares de antenas, estão presentes dois olhos
compostos, geralmente pedunculados. Ao redor da boca há um par de mandíbulas e
outros apêndices acessórios utilizados na obtenção de alimento.
A respiração é realizada por brânquias localizadas geralmente na base das
pernas.
A excreção é feita pelas glândulas verdes ou antenares e pelas glândulas
maxilares.

Crustáceo – localização das glândulas verdes

A maioria é de sexos separados, mas existem espécies hermafroditas. A


fecundação é cruzada, envolvendo cópula mesmo nas formas hermafroditas.
67

Aracnídeos
A classe Arachnida inclui aranhas, escorpiões, ácaros e carrapatos.
O corpo é geralmente dividido em cefalotórax (ou prossomo) e abdome (ou
opistossomo).

Morfologia externa de um aracnídeo

Nos escorpiões, o abdome encontra-se diferenciado em pré-abdome, mais


alargado, e pós-abdome, alongado e muitas vezes denominado cauda, na extremidade
da qual existe um aguilhão, que abriga o veneno.

Anatomia externa de um escorpião

Nos ácaros não se percebe a divisão entre cefalotórax e abdome, que formam
uma estrutura única.
Diferem dos outros artrópodes por não possuírem antenas nem mandíbulas.
Como estruturas envolvidas com a manipulação do alimento ao redor da boca possuem
68

quelíceras. Além das quelíceras, possuem ao redor da boca um par de pedipalpos,


estruturas que podem atuar como órgão sensorial ou órgão de cópula no macho.
Possuem olhos simples.
A respiração é feita por filotraquéias (ou pulmões foliáceos) que se comunicam
com o exterior do corpo através de um orifício chamado estigma.
A excreção é feita por túbulos de Malpighi e também por glândulas localizadas
na base das pernas, denominadas glândulas coxais.
Os sexos são separados, a fecundação é interna e o desenvolvimento direto.

Quilópodes e diplópodes
Sob o nome miriápodes, estão agrupados animais que possuem muitas pernas
articuladas, como é o caso dos quilópodes e dos diplópodes.
Apresentam o corpo dividido em cabeça e tronco, e possuem um par de antenas
e olhos simples.
Os quilópodes apresentam um par de pernas por segmento, sendo o primeiro par
transformado em uma estrutura denominada forcípula, na extremidade da qual se abre
uma glândula de veneno; são carnívoros predadores.

Morfologia externa de um quilópode


69

Os diplópodes são animais herbívoros ou detritívoros e não possuem forcípula.


A parte anterior de seu tronco é formada por quatro segmentos, dos quais o primeiro
não possui pernas e os outros três possuem um par de pernas cada um. Os demais
segmentos do tronco possuem dois pares de pernas.

Morfologia externa de um diplópode

Quadro comparativo dos principais grupos de artrópodes

4. Filo Echinodermata
Os equinodermos apresentam características que os aproximam dos vertebrados,
por serem deuterostômios e possuírem esqueleto interno de origem mesodérmica.
Possuem “espinhos na pele” (echinos = espinho; derma = pele). Em alguns os
espinhos são atrofiados (pepino-do-mar) e em outros são fortes e bem desenvolvidos
(ouriço-do-mar).
70

A organização do corpo dos adultos é baseada em cinco raios, que lhes conferem
simetria pentarradiada. Essa simetria, no entanto, é a secundária, pois a simetria
primária, que se observa na larva, é bilateral.
São exclusivamente marinhos.
São animais de sexos separados (dióicos), sem dimorfismo sexual, com
fecundação externa e desenvolvimento indireto.
Há uma região oral, onde se situa a boca, e uma oposta a ela, a região aboral.
Possuem um sistema exclusivo relacionado com a locomoção: o sistema ambulacrário
ou hidrovascular; na região aboral em contato com o meio externo existe a placa
madrepórica, que é toda perfurada e por onde há entrada de água no sistema. Essa
placa se comunica com o canal pétreo, que se liga ao canal circular, de onde partem
os canais radiais, um para cada braço da estrela. Estes formam canais menores que se
ligam às ampolas e aos pés ambulacrários, que são musculares.

Esquema de um Echinodermata

www.youtube.com/watch?v=lBjsb3hWf7g

Estão divididos em cinco classes: Asteroidea (estrelas-do-mar), Echinoidea


(ouriços), Ophiuroidea (serpentes-do-mar), Crinoidea (lírios-do-mar) e Holoturoidea
(pepinos-do-mar).
71

Asteroidea

Echinoidea

Ophiuroidea
72

Crinoidea

Holoturoidea

Pepino-do-mar
73

https://www.youtube.com/watch?v=tkCA0IFA3MY

 Chordata I
1. Características gerais
Na evolução dos deuterostômios, uma linhagem derivou para o grupo dos
equinodermos e outra para o grupo dos cordados, representados por anfioxos e
vertebrados.
Na evolução dos cordados surgiu a metameria, evento que também ocorreu na
linhagem evolutiva dos protostômios dando origem aos anelídeos e artrópodes.
A metameria é um processo de segmentação do corpo que ocorre durante o
desenvolvimento do embrião e que envolve o mesoderma. Ela persiste em diferentes
graus no adulto, sendo mais evidente em algumas estruturas do corpo do que em outras.
O filo Chordata (cordados) reúne animais que possuem em comum as seguintes
características exclusivas, que ocorrem em pelo menos uma fase da vida do indivíduo:

● notocorda: estrutura que deriva do mesoderma do embrião e que corresponde a um


bastonete maciço, flexível, situado na linha mediana dorsal do corpo;
● sistema nervoso dorsal: origina-se da invaginação do ectoderma dorsal do embrião,
formando um tudo neural oco. Nos animais não-cordados o sistema nervoso também é
de origem ectodérmica, porém, apresenta posição ventral ou difusa;
● fendas faringianas: (ou fendas faríngeas): formam-se na região lateral da faringe
durante o desenvolvimento do embrião, podendo persistir no adulto e,
● cauda pós-anal muscular: prolongamento do corpo, posterior ao ânus, que
geralmente contém musculatura esquelética metamérica semelhante à do tronco,
contribuindo primitivamente para a locomoção por ondulação lateral do corpo.

Esquema de um embrião de cordado


74

Além dessas quatro características exclusivas, os cordados apresentam outras,


comuns a todos eles, mas que não são exclusivas: são animais triploblásticos,
celomados, com simetria bilateral, segmentados (metaméricos) e deuterostômios.

www.youtube.com/watch?v=hsHk0UEmsM4

2. Os grupos de cordados
Os cordados são classificados em três subfilos: Urochordata (urocordados),
Cephalochordata (cefalocordados) e Vertebrata (vertebrados).

Cladograma mostrando a provável relação evolutiva entre os subfilos de cordados


e o grupo dos equinodermos

Os urocordados e os cefalocordados são também chamados protocordados


(proto = primeiro), por possuírem características consideradas mais primitivas no grupo.
Nos urocordados a notocorda está presente apenas na região caudal das larvas
(uro = cauda), sendo geralmente ausente nos adultos.

Urocordados
75

São também denominados tunicados, pois possuem uma túnica resistente


revestindo o corpo.
Os representantes mais conhecidos são as ascídias, comuns nos costões rochosos
nos mares. Existem representantes solitários e coloniais.
Todos são marinhos e a maioria é séssil.
Nos cefalocordados (cephalo = cabeça) a notocorda persiste no adulto,
estendendo-se desde a cabeça até a cauda.
Estão representados por animais conhecidos como anfioxos, todos vivendo em
ambiente marinho.
A denominação anfioxo vem do fato de esses animais terem o corpo afilado em
duas pontas (anfi = dois).

Anfioxo

Os vertebrados compreendem cerca de 50 mil espécies atuais, com


representantes adaptados aos ambientes aquático, terrestre e aéreo.
76

O corpo é sustentado por um endoesqueleto cartilaginoso ou ósseo, composto


basicamente de duas partes:

● esqueleto axial: compreende o crânio, a coluna vertebral e as costelas e,


● esqueleto apendicular: compreende as cinturas escapular e pélvica e o esqueleto
das nadadeiras ou dos membros.

Embora o nome Vertebrata derive da presença de vértebras, essa característica


não ocorre em todos os animais tradicionalmente chamados vertebrados. A
característica mais geral do grupo é o crânio, que surgiu evolutivamente antes das
vértebras. O crânio protege a extremidade anterior do tubo neural, que nesses animais se
desenvolve muito, originando o encéfalo.
Além das características já mencionadas, os vertebrados diferenciam-se dos
demais animais por apresentarem a pele formada por duas camadas: a epiderme, mais
externa, e a derme, mais interna. A epiderme é sempre multiestratificada, isto é,
composta de várias camadas de células, enquanto os demais animais apresentam sempre
epiderme uniestratificada. A derme é típica dos vertebrados: um tecido rico em vasos
sanguíneos e em estruturas sensoriais.

Pele de um vertebrado
77

A classificação dos vertebrados adotada baseia-se na hipótese filogenética


representada no cladograma abaixo.

Hipótese simplificada sobre as prováveis relações evolutivas entre os cordados

 Chordata II
1. Peixes
Os animais conhecidos como peixes não formam um grupo monofilético, pois
não compartilham um ancestral comum exclusivo.
Dois grandes grupos são reconhecidos com base na ausência ou na presença de
maxilas: os ágnatos, que não têm maxilas, e os gnatostomados, que possuem maxilas
e compreendem a maioria dos peixes atuais.
Atualmente, os gnatostomados constituem dois grupos: o dos condrictes,
dotados de esqueleto cartilaginoso (tubarões e arraias), e o dos osteíctes, dotados de
esqueleto ósseo (pescadas e atuns).

Condrictes
A boca ocupa posição ventral, e os olhos, sem pálpebras, estão localizados nas
laterais da cabeça.
78

O corpo é envolvido por uma pele resistente e coriácea, dotada de escamas


placóides (semelhantes à dentina).

Escama placóide de um tubarão

A percepção de longa distância é possível, além do olfato altamente


desenvolvido, devido à presença da linha lateral, sistema formado por órgãos
receptores de vibração; a percepção sensorial de curta distância é realizada pela visão e
pela captação de sinais elétricos emitidos pela atividade muscular de suas presas.
São peixes de sexos separados e podem ser ovíparos, ovovivíparos ou vivíparos.

Anatomia externa de um tubarão


79

Anatomia interna de um tubarão

Disposição das ampolas de Lorenzini na cabeça de um tubarão


80

São nadadores eficientes, embora existam espécies que vivem no fundo do mar,
assentadas sobre a areia ou em tocas, como ocorre com certas arraias e tubarões.
Há algum tempo acreditava-se que o nado ativo desses animais estava
relacionado à necessidade de se manterem na coluna de água sem afundar, pois eles não
possuem bexiga natatória, estrutura que contém gás e que está presente nos osteíctes.
Essa bexiga participa dos mecanismos de controle de densidade dos peixes
ósseos, permitindo que eles fiquem parados na coluna de água, sem precisarem nadar.

Bexiga natatória

Os condrictes não possuem esse mecanismo de controle de densidade de seus


corpos, mas conseguem controlar sua densidade por meio dos altos teores de óleo
presentes no fígado.

Osteíctes
Grupo que constitui mais de 95% das espécies atuais.
Distinguem-se dos condrictes por muitas outras características, como o tipo de
escamas e de nadadeira caudal e a presença de um opérculo, espécie de cobertura
óssea móvel que protege as aberturas branquiais.
81

Opérculo e abertura branquial

As escamas crescem em anéis concêntricos, cuja espessura varia com o ritmo de


crescimento, o que pode ajudar a avaliar a idade do peixe.

Escama com anéis concêntricos de um peixe ósseo

Anéis concêntricos árvores


82

De acordo com o tipo de nadadeira podem ser classificados como


actinopterígeos (com nadadeiras raiadas) ou sarcopterígeos (nadadeiras pares lobadas
ou carnosas).

Actinopterígeo

Sarcopterígeo

Anatomia interna de um peixe ósseo


83

2. Anfíbios
Foram os primeiros vertebrados que conquistaram o ambiente terrestre.
Evoluíram a partir de um grupo de peixes que possuíam nadadeiras pares carnosas e
lobadas, e narinas comunicando-se com a faringe através de coanas.

Acanthostega

Esses peixes podiam respirar por meio de brânquias e provavelmente por meio
de pulmão. Podiam respirar o oxigênio do ar nadando até a superfície ou, quando em
águas rasas, elevando a cabeça até a superfície, apoiando-se nas nadadeiras e engolindo
ar.
As nadadeiras pares carnosas desses animais deram origem aos membros
anteriores e posteriores dos tetrápodes, estruturas muito mais eficientes para o
deslocamento em terra.

https://www.youtube.com/watch?v=Qw0d4JKBo3I

A presença de pulmões e membros permitiu a esses animais abandonar a água e


explorar um novo ambiente, onde havia maior disponibilidade de alimento e
praticamente não se verificavam predadores.
84

Ciclo de vida de uma rã


3. Répteis
Origem e evolução
Provavelmente se originaram de um grupo de anfíbios que vivia no Devoniano e
esses primeiros répteis passaram a apresentar uma série de características que lhes
permitiram explorar o ambiente terrestre sem depender da água para reprodução ou
respiração.
A independência da água para a reprodução está relacionada com o surgimento
do ovo amniótico. Esse tipo de ovo é revestido por uma casca e, assim, o embrião fica
isolado do meio externo; esse isolamento não prejudica as trocas gasosas, pois a casca é
porosa.
Nesse tipo de ovo estão presentes os anexos embrionários: âmnio, vesícula
vitelina, cório e alantóide.
Do ovo eclode um jovem, sem passar por estágio larval: o desenvolvimento é
direto.
Outra importante adaptação está no controle da temperatura do corpo, que foi
conseguida por meio de mecanismos termorreguladores, que podem ser de dois tipos:
ectotermia e endotermia.
A ectotermia ocorre em outros vertebrados, como peixes e anfíbios, e se
manteve na generalidade dos répteis atuais.
A endotermia ocorreu independentemente em duas linhagens evolutivas
distintas: aves e mamíferos.
Os animais ectotérmicos aquecem seus corpos por meio de fontes externas de
calor.
Os animais endotérmicos dependem da produção de calor pelo seu metabolismo
para elevar a temperatura de seus corpos e mantê-la constante.
85

Cladograma simplificado dos amniotas


4. Aves
Surgiram na Era dos Répteis, a partir de dinossauros bípedes, predadores que se
deslocavam rapidamente sobre o solo utilizando as pernas traseiras.
Os cladogramas a seguir mostram as hipóteses filogenéticas para a origem das
aves.
86

Cladogramas sobre a origem das aves

A característica mais marcante que define o grupo é a pena, que surgiu


provavelmente por modificações sucessivas das escamas dos dinossauros.
A substância que forma as penas é a queratina, com grandes propriedades de
isolamento térmico.
As penas, que já eram importantes para a homeotermia, mostraram-se
extremamente úteis para o vôo. A importância das penas para o vôo veio associada a
uma série de modificações no corpo. Uma delas foi a transformação dos membros
anteriores em asas.
O esqueleto é formado, em grande parte, por ossos ocos (ossos pneumáticos),
que são leves e delicados.
O osso esterno, que une ventralmente as costelas, apresenta uma projeção
anterior, denominada quilha ou carena, onde se inserem os potentes músculos
peitorais, responsáveis pelo batimento das asas.
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Esquema do esqueleto de ave

O bico é desprovido de dentes, o que contribui para a redução do peso.


Os pulmões são compactos, mas expandem-se em bolsas de ar, os sacos aéreos,
que contribuem para reduzir o peso.
Todas as aves são ovíparas.

Esquema dos pulmões e dos sacos aéreos em ave

Esquema mostrando a estrutura das penas de aves


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5. Mamíferos
Receberam esse nome em função da característica mais marcante do grupo: as
glândulas mamárias. Elas estão presentes em machos e fêmeas, sendo, no entanto,
desenvolvidas e funcionais somente nas fêmeas, produzindo o leite do qual os filhotes
se alimentam ao nascer.
Apresentam outras estruturas epidérmicas exclusivas e que são anexos de sua
pele: os pêlos, as glândulas sebáceas e as glândulas sudoríparas.
Os pêlos formam uma camada protetora contra a perda de calor para o ambiente,
o que é importante para um animal endotérmico.
As glândulas sebáceas estão geralmente associadas à base dos pêlos, produzindo
uma secreção oleosa que lubrifica os pêlos e a pele.
As glândulas sudoríparas produzem o suor que, além de outras substâncias, é
rico em água, participando da termorregulação.
Sob a pele existe uma camada de tecido adiposo, que atua como excelente
isolamento térmico.

Esquema da pele de mamífero

É característica do esqueleto a presença de sete vértebras no pescoço.


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Vértebras no pescoço dos mamíferos

A reprodução é um aspecto muito importante e, em função dela, esses animais


são classificados em três grupos:

• Prototheria ou Monotremata
Mamíferos primitivos que botam ovos semelhantes aos dos répteis e das aves.
Estão representados pelo ornitorrinco e pela equidna e restritos à Austrália e à Nova
Guiné.

Monotremata – ornitorrinco
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• Metatheria ou marsupial
Mamíferos vivíparos, cujos embriões passam por um curto período de gestação
no útero da fêmea e nascem ser estar completamente formados.
Estão restritos à região australiana e ao Novo Mundo. Estão representados pelo
canguru, coalas e lobo da Tasmânia, entre outros.
No Brasil, os marsupiais mais comuns são a cuíca e o gambá.

Exemplo de marsupial do Brasil – gambá


• Eutheria
Mamíferos vivíparos que passam por um período de gestação suficientemente
longo para nascerem completamente formados. Também são chamados de mamíferos
placentários, pois durante o desenvolvimento embrionário forma-se no útero da fêmea
uma placenta, através da qual o embrião recebe nutrientes e oxigênio da mãe e passam
para o corpo materno os resíduos do seu metabolismo. Os metatérios também formam
placenta, mas esta é muito reduzida.

Placenta
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É o grupo mais diversificado dos mamíferos.

Mamíferos placentários (?)

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