Você está na página 1de 21

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ-UFPI

CENTRO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA-CCN


DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA-DBIO
DISCIPLINA: FLORA REGIONAL
DOCENTE: ROSELI FARIAS MELO DE BARROS

MONOGRAFIA REFERENTE AS AULAS PRÁTICAS DA DISCIPLINA DE FLORA


REGIONAL

Luan Sousa da Costa

TERESINA-PI
2023
1. Introdução
A Taxonomia de Fanerógamas é a ciência que estuda a classificação e a
nomenclatura das plantas com flores (também conhecidas como angiospermas ou
fanerógamas). Esta disciplina é essencial para a compreensão da diversidade das
plantas que compreendem este grupo, além de ter aplicações importantes em áreas
como a ecologia e a conservação da biodiversidade.
As plantas com flores são um grupo diverso de organismos que apresentam
uma grande variedade de características, tais como a forma das folhas, a morfologia
das flores, o tipo de fruto e muitas outras características. Desse modo, a taxonomia
procura organizar e classificar essas plantas em grupos com base nessas
características, de modo a facilitar a sua identificação e compreensão. No mais, esta
área é baseada em princípios científicos e utiliza uma nomenclatura padronizada
internacionalmente, que permite que os pesquisadores de todo o mundo possam se
comunicar e compartilhar informações de forma precisa e eficiente.
Ao longo dos anos, a taxonomia de fanerógamas tem evoluído, e as técnicas
e ferramentas utilizadas pelos taxonomistas também se modificaram. Atualmente,
fundamenta-se em uma ampla gama de evidências, incluindo a morfologia, a
anatomia, ecologia das plantas, e recentemente estudos em genética e biologia
molecular.
No que tange a disciplina de Flora Regional, a taxonomia está intimamente
relacionada, visto que, conhecimento taxonômico é fundamental para o estudo da
flora de uma determinada região. A taxonomia fornece a base para a identificação
das espécies vegetais, permitindo que sejam agrupadas em famílias, gêneros e
espécies, e que suas características ecológicas e evolutivas sejam analisadas.
Desse modo, no decorrer da disciplina foram analisadas variadas espécies
de plantas locais, levando em consideração suas respectivas morfologias, tanto dos
órgão vegetativos quanto de órgãos reprodutivos como flores e fruto, com o objetivo
de identificar caracteres diagnósticos que agrupam as plantas utilizadas em suas
determinadas famílias, subfamílias, identifique gênero e quando possível espécie.

2. Metodologia
A metodologia para as aulas da disciplina de flora regional ocorreu da
seguinte maneira:

1. Durante as aulas teóricas foi abordado a introdução à flora regional, com


explicação dos conceitos básicos de flora regional, como distribuição
geográfica dos principais biomas presentes no estado do Piauí (Cerrado e
Caatinga), suas diversidade e status de conservação.
2. Identificação de espécimes: aula prática em que os estudantes coletam e
identificam espécimes de plantas locais, com auxílio de lupas e chaves de
identificação, além de guias de campo e recursos digitais, como bancos de
dados de espécies vegetais (Flora do Brasil, 2023) e literatura especializada
(BARROSO et al., 1978).
3. Para cada espécie botânica foram analisados o hábito, raiz, caule, folhas,
presença de inflorescência ou flores isoladas e caracteres relacionados ao
cálice, corola, androceu (estames, filetes e anteras), gineceu (ovário e
estigma) e tipo de frutos.
3. Resultados
Durante o período letivo foram analisadas cerca de 31 plantas, com 34
gêneros, distribuídos em 18 famílias, sendo que em alguns casos foi possível
identificar subfamílias, tribos, e o nível específico, que serão abordados de modo
descritivo ainda neste tópico.

3.1 Fabaceae
As plantas da Família Fabaceae compreendem árvores, arbustos,
subarbustos, ervas trepadeiras e lianas e são caracterizadas por folhas geralmente
alternas e compostas (pinadas, bipinadas e trifoliadas) por estípulas laterais, flores
com simetria bilateral, pentâmeras, diclamídeas e hermafroditas, mas com grande
variação na presença e número de elementos por verticilo, podendo ser
monoclamídeas (geralmente sem corola) e unissexuadas. As inflorescências podem
ser do tipo racemo, espiciforme, glomerular, umbela, tirsóide e panículas ou
cimeiras. O androceu pode ser isostêmone, diplostêmone polistêmone, com filetes
livres ou unidos parcialmente, com anteras com aberturas longitudinais e rimosas. O
gineceu é geralmente unicarpelar, com ovário sempre súpero e placentação
marginal. Os frutos leguminosos quando deiscentes, são caracterizados por possuir
duas valvas e uma linha de sutura que se abre em duas partes quando maduro
(Flora do Brasil, 2023).
A família Fabaceae é dividida em três subfamílias principais:
Caesalpinioideae, Mimosoideae e Faboideae (APG, 2016). Cada uma dessas
subfamílias possui características distintas em relação à morfologia das flores, frutos
e sementes. Por exemplo, a Subfamília Caesalpinioideae é composta por cerca de
1500 espécies de árvores, arbustos e lianas, sendo conhecida por suas folhas
bipinadas, paripinadas com folíolos opostos, raramente bifolioladas ou com folíolos
alternos. Inflorescência racemosa, flores vistosas e simetria radial.
A Subfamília Mimosoideae inclui cerca de 4000 espécies de árvores e
arbustos, lianas e herbáceas, são facilmente reconhecidas por suas folhas
compostas, geralmente com muitos folíolos pequenos, e suas inflorescências do tipo
cabeça, que consistem em um grande número de flores agrupadas em uma
estrutura esférica. As flores são pequenas e geralmente de cor branca ou amarela,
e pétalas superiores maiores, pétalas laterais menores e uma estrutura tubular
formada pelas pétalas inferiores. A Subfamília Faboideae é a maior das três, com
cerca de 13000 espécies, caracterizada por flores geralmente papilionadas e
zigomorfas, mas raramente actinomorfas, com pétala adaxial a mais externa no
botão, e se a flor é apétala ou tem apenas uma pétala, então as sementes têm um
hilo lateral e oblongo e o embrião tem radícula curva; sépalas geralmente unidas
formando um cálice gamossépalo, inclui plantas como ervilhas, feijões e trevos.

3.1.1 Gêneros da Família Fabaceae trabalhados nas aulas práticas


Ao todo foram trabalhados sete gêneros pertencentes à Família Leguminosae
durante as aulas práticas, são eles: Leucaena, Caesalpinia, Libidibia, Adenanthera,
Hymenaea, Cenostigma e Clitoria.
Leucaena Benth é um gênero de plantas da família Fabaceae, subfamília
Mimosoideae, que inclui cerca de 24 espécies de árvores e arbustos. O gênero é
nativo das regiões tropicais das Américas, África e Ásia, e é amplamente cultivado
em todo o mundo por causa de seu valor econômico e ecológico. Descrição:
árvores; copa fechada; ramo cilíndrico, inerme. Nectário presente no pecíolo.
Estípula caduca, lateral. Folha alterna, bipinada, peciolada, 7-9-pares de juga,
folíolos opostos; foliólulos oblongos, ápice agudo, margem inteira, base assimétrica,
face adaxial e abaxial glabras, nervação actinódroma, raque maior que o pecíolo,
canaliculada. Inflorescência axilar, glomérulo. Flores sésseis, pentâmeras,
actinomorfas, monoclinas, hipóginas, diplostêmone; cálice gamossépalo, lobos 5,
alvo, corola gamopétala, pétalas 5, alva; androceu dialistêmone, estames 10, filetes
maiores que o comprimento da corola, alvos, anteras rimosas; gineceu simples,
ovário súpero, pluriovulado, unicarpelar, unilocular, placentação marginal. Fruto
legume, linear, plano, epicarpo glabro. Semente oboval, plana, testa lisa,
pleurograma aberto, hilo basal, carúncula ausente (Flora do Brasil, 2023). Dentro do
gênero, Leucaena leucocephala foi a única espécie identificada.
Caesalpinia L. é um gênero de plantas com flor da família das Fabaceae,
Subfamília Caesalpinioideae, Tribo Caesalpinieae, nativas principalmente das
regiões tropicais e subtropicais das Américas, África e Ásia. Descrição: arbustos a
pequenas arvores. Estípulas ausentes. Folhas alternas espiraladas, bipinadas, com
folíolos opostos ou alternos. Inflorescência em racemos ou panículas. Cálice com
cinco sépalas e gamossépalo. Corola zigomorfa, pentâmera, dialipétala com
prefloração do tipo imbricada; androceu com estames em número de 10 e desiguais,
diplostêmone, hipóginos, exclusos; filetes dialistêmones; anteras com deiscência
rimosa, extrorsa e com estilete inserido dorsalmente; gineceu com estilete inserido
terminalmente, estigma globoso, ovário súpero, gamocarpelar, unilocular, com
placentação central. Fruto legume, deiscente pelas duas margens (Flora do Brasil,
2023; LEWIS, 2015). Dentro de gênero, Caesalpinia pulcherrima foi a única espécie
identificada, segundo o site Flora do Brasil, trata-se de uma espécie introduzida,
popularmente conhecida como falso-flamboyant.
Libidibia (DC.) Schltdl é um gênero com sete espécies distribuídas pelo
neotrópico, majoritariamente na América do Sul. No Brasil são encontradas apenas
duas espécies, Libidibia ferrea e Libidibia paraguariensis (GIMÉNEZ et al., 2017).
Descrição: árvores com tronco manchado. Estípulas ausentes. Folhas alternas,
espiraladas, compostas bipinadas e folíolos oblongos, ovais ou elípticos.
Inflorescência em panículas ou racemos. Sépala em número de cinco e
dialissépalas. Flores pentâmeras, zigomorfas, bissexuais, dialipétalas, com
prefloração imbricada. Androceu com estames em número de 10, diplostêmone,
heterodínamos, exclusos, hipóginas, anteras com conectivo dorsal, rimosa e
extrorsa. Gineceu com ovário súpero, gamocarpelar, unilocular, estilete inserido
terminalmente e estigma truncado. Fruto legume indeiscente, coriáceo a lenhoso.
Na aula prática a única espécie identificada dentro do gênero foi a Libidibia ferrea,
conhecida popularmente como pau-ferro. Descrição: Inflorescências em panículas
terminais ou axilares; pétalas laterais apresentando glândulas apenas no unguículo.
Adenanthera L. é um gênero de plantas com flores da família das Fabaceae,
Subfamília Mimosoideae, Tribo Adenanthereae, nativas da Ásia tropical e da região
do Pacífico. Possuem hábito arbóreo. Folhas compostas alternas, espiraladas, limbo
obovado, ápice arredondado, base obtusa, margem inteira, nervação peninérvea e
consistência membranácea. Inflorescência em forma de panículas. Flores
bissexuais, diclamídeas, cálice com cinco sépalas e gamossépalo, corola
pentâmera, actinomorfas, dialipétalas e prefloração do tipo imbricada. Androceu
com 10 estames, isodínamos, diplostêmones, hipóginos, exclusos, dialistêmones,
anteras com deiscência rimosa, extrorsa e com conectivo dorsal e glândulas
conectadas no ápice . Gineceu com ovário súpero gamocarpelar, unilocular, com
estilete inserido terminalmente, placentação parietal, muitos óvulos e um estigma
truncado. Fruto do tipo vagem e deiscente com sementes avermelhadas. Como
trata-se de um gênero cultivado, não foi possível chegar à espécie pela literatura
utilizada como suporte.
Hymenaea L. é um gênero pertencente à família Fabaceae, Subfamília
Caesalpinioideae, Tribo Detarieae, nativo da América do Sul (LIMA; PINTO, 2015)..
Possuem hábito Arbóreo. Folhas coriáceas, compostas unijugas, peninérveas,
filotaxia alterna, ápice acuminado, margem inteira e coloração verde. Inflorescência
em panículas, cimeiras ou dicasiais. Flores bissexuais, cálice com quatro sépalas,
dialissépalo, corola pentâmera, actinomorfas, dialipétala, com prefloração do tipo
imbricada. Androceu com estames em número de 10, isodínamos, diplostêmone,
hipóginos, exclusos, filetes dialistêmones, anteras rimosas, extrorsas e com
conectivo dorsal. Gineceu com ovário súpero, gamocarpelar, unicarpelar, bilocular,
placentação parietal, muitos óvulos por lóculos e um estigma. Fruto que forma uma
câmara castanho-escura. Durante a aula prática, o representante escolhido para
análise foi a planta vulgarmente conhecida como pata-de-vaca.
Cenostigma Tul. é um gênero de árvores da família Fabaceae, nativo da
América do Sul, que inclui cerca de cinco espécies reconhecidas. As espécies de
Cenostigma são encontradas principalmente nas florestas tropicais e subtropicais da
região amazônica e do cerrado brasileiro. Possuem hábito arbustivo a arbóreo.
Folhas pecioladas, compostas bipinadas, alternas, espiraladas, folíolos ovais,
elípticos ou rômbicos. Inflorescência em racemos ou panículas. Flores com cinco
sépalas, corola pentâmera, zigomorfas, dialipétala, prefloração imbricada. Androceu
com 10 estames, heterodínamos, diplostêmone, exclusos, dialistêmones, anteras
com deiscência rimosa, posição extrorsa e conectivo dorsal. Gineceu com ovário
súpero, gamocarpelar, unicarpelar, unilocular, estilete terminal, placentação central,
um estigma com forma globosa. Fruto do tipo vagem compressa e com margens
espessadas e deiscentes. Para análise na prática foi utilizada a planta vulgarmente
conhecida como caneleiro.
Clitoria L. é um gênero de plantas da família Fabaceae e Subfamília
Mimosoideae que inclui mais de 150 espécies de plantas encontradas
principalmente nas regiões tropicais e subtropicais da Ásia, África e América.
Algumas espécies são cultivadas como ornamentais e outras têm valor medicinal.
São arvores, arbustos autônomos ou apoiantes, lianas, subarbustos, ervas ou
trepadeiras. Estípulas persistentes, estriadas. Folhas compostas
pinado-trifolioladas, raramente palmado-trifolioladas, unifolioladas ou imparipinadas;
folíolos estipulados. Inflorescência axilar, terminal ou cauliflora. Flores com cálice
infundibuliforme, com cinco sépalas, corola pentâmera com pétalas modificadas em
estandarte e carena. Androceu com 10 estames unidos em tubo mas o estame
vexilar, gamostêmone. Gineceu com ovário súpero, gamocarpelar, unicarpelar,
unilocular, estilete terminal, anteras rimosas e conectivo dorsal. Fruto legume com
deiscência elástica, plano-compresso, e com valvas lenhosas ou túrgido e com
valvas rígido-coriáceas. A planta utilizada como modelo é popularmente conhecida
como sombreiro.

3.2 Euphorbiaceae
Euphorbiaceae é uma grande família de plantas com flor, que inclui cerca de
6.500 espécies diferentes em todo o mundo. É uma das maiores famílias de plantas,
e é caracterizada por ter muitas espécies de arbustos, árvores e plantas herbáceas.
As plantas de Euphorbiaceae possuem uma grande diversidade de características,
incluindo flores masculinas e femininas separadas ou combinadas na mesma planta,
frutos variados como cápsulas, bagas e drupas, e folhas simples ou compostas.
Muitas espécies também produzem látex, um líquido branco ou colorido que pode
ser tóxico ou irritante (WEBSTER, 1994).
As plantas dessa família compreendem ervas, arbustos, subarbustos,
árvores, trepadeiras, lianas, suculentas; monoicas ou dioicas; látex ausente ou
presente, leitoso, variadamente colorido ou incolor; indumento de tricomas simples,
malpiguiáceos (dibraquiados), estrelados, lepidotos, dendríticos, glandulares ou
urticantes. É caracterizada por folhas geralmente simples, digitadas, reduzidas ou
caducas nas espécies suculentas, geralmente alternas, raramente opostas ou
verticiladas. Inflorescências terminais e/ou axilares, raramente caulifloras, às vezes
reduzidas a uma única flor; geralmente tirsos ou dicásios/pleiocásios, às vezes com
eixos reduzidos, que conferem aparência espiciforme ou glomeruliforme, racemos
ou panículas. Flores díclinas, aclamídeas, monoclamídeas ou diclamídeas (às vezes
apenas as flores estaminadas) com número e união das sépalas/pétalas e
prefloração variada; frequentemente com nectários de formato e disposição
variados. Frutos geralmente do tipo cápsula, com deiscência septicida-loculicida
explosiva, denominados tricocas, com mericarpos bivalvados, com uma única
semente em cada um; exocarpo liso a variadamente ornamentado e carpóforo
geralmente persistente; sementes com formato e ornamentação bastante variados,
com ou sem carúncula, endosperma abundante, embrião reto e cotilédones
achatados e amplos.

3.2.1 Gêneros da Família Euphorbiaceae trabalhados nas aulas práticas


Ao todo foram trabalhados três gêneros pertencentes à Família
Euphorbiaceae. São eles: Hura, Ricinus e Jatropha.
Hura L. possui hábito de tipo arbóreo, com caules e ramos repletos de
acúleos, fissuras esverdeadas e látex branco. Folhas simples pecioladas, alternas,
espiraladas, com ápice acuminado e base cordada. Flores unissexuais
monoclamídeas, espiciformes (masculinas). As flores masculinas possuem mais de
10 estames, heterodínamos, hipóginos, exclusos e com filetes sésseis. Anteras
extrorsas e com deiscência rimosa. Nas flores femininas o ovário é súpero,
gamocarpelar, pluricarpelar e multilocular (5-20 lóculos) e óvulos com placentação
axial. Estiletes terminais e unidos em um tubo com mais de 10 estigmas. A planta
analisada durante a prática é popularmente conhecida como assacu e trata-se da
espécie Hura crepitans.
Ricinus L. Arbustos a pequenas árvores com folhas simples, pecioladas,
peninérveas, ápice atenuado, margem serreada, consistência membranácea e de
cor verde. Suas inflorescência são do tipo racemosa com flores monoclamídeas,
monóicas, e diclinas, além disso possuem prefloração valvar. Cálice com cinco
sépalas separadas. Androceu com muitos estames, heterodínamos, epissépalos,
exclusos e gamostêmones. Gineceu com ovário súpero, trilocular, tricarpelar, estilete
terminal com três estigmas laciniados. Fruto sendo cápsula esquizocarpo, globosa,
ovóide, superfície muricada, e três valvas (tricoca). A espécie trabalhada foi Ricinus
communis, vulgarmente conhecida como mamona.
Jatropha (L.) Muell ervas, subarbustos, arbustos e arvoretas com folhas
simples pecioladas, digitadas, palmadas, alternas, espiraladas, com ápice atenuado,
base cordada, margem inteira, consistência membranácea. Inflorescência do tipo
racemosa com cada flor subentendida por brácteas, pentâmeras, diclamídeas.
Flores estaminadas com 6, 8 ou 10 estames hipóginos, exclusos, anteras rimosas.
Flores pistiladas com ovário súpero, trilocular, tricarpelar e fruto cápsula loculicida. O
pinhão foi o exemplar utilizado para aula prática.
Figura 1: A, flor feminina de Hura Creptans; B, flor
masculina da Hura Creptans; C e D, corte transversal do
ovário pluricarpelar; E, corte transversal do fruto da
mamona, evidenciando os três lóculos e F, corte do fruto
de Jatropha, evidenciando três lóculos. Fonte: Autor
(2023).

3.3 Asteraceae
A Família Asteraceae é uma das maiores famílias de plantas com flores,
composta por mais de 23.000 espécies e 1.600 gêneros. Essas plantas são
encontradas em todo o mundo, tanto em regiões temperadas quanto tropicais. Elas
variam em tamanho, desde pequenas plantas herbáceas até árvores altas. A
característica distintiva da família Asteraceae é a sua inflorescência composta por
cabeças florais, também chamadas de capítulos, que consistem em flores
individuais dispostas em uma estrutura em forma de disco. Essas cabeças florais
podem ser rodeadas por brácteas (folhas modificadas), que podem ter várias formas
e cores, e muitas vezes dão à planta a aparência de uma única flor (ROQUE;
BAUTISTA, 2008).
A Família Asteraceae é composta por várias tribos, cada uma com
características distintas em suas flores, folhas e frutos. Os principais gêneros
identificados durante as aulas foram Zinnia, Centratherum, Emilia, Tridax e Cosmos,
distribuídos nas tribos Heliantheae, Vernonia e Senecioneae.

3.3.1 Descrição dos gêneros para família Asteraceae trabalhados nas aulas
práticas
Zinnia L. Ervas a subarbustos com folhas simples, opostas, cruzadas, ápice
agudo, base truncada, margem inteira, consistência membranácea e coloração
verde. Inflorescência do tipo capítulo héterogamo, flores diclamídeas. Receptáculos
cônico e paleáceo. Presença de pápus. Pétalas trímeras e pentâmeras,
gamopétalas, zigomorfas. Flores do centro feminina e flores do disco bissexuais, às
vezes funcionalmente masculinas. Prefloração imbricada. Androceu com cinco
estames (apenas nas flores centrais), sinânteros, isostêmones, epipétalos e
inclusos. Filetes dialistêmones, anteras rimosas, introrsas e com conectivo basal.
Gineceu com ovário ínfero gamocarpelar, bicarpelar, unilocular com um óvulo por
lóculo e placentação basal. Estilete inserido terminalmente, dois estigmas de
formato foliáceo. Fruto do tipo cipsela enegrecidas, castanhas ou acinzentadas.

Figura 2: A, Capítulo heterógamo, com flores


femininas na periferia e bissexuais no centro. B,
fruto cipsela da Zinnia. Fonte: Autor (2023).

Centratherum Cass. Ervas ou subarbustos decumbentes ou eretos com


folhas simples, elípticas, fasciculadas, peninérveas, ápice agudo, margem serreada,
consistência membranácea de coloração verde. Inflorescência em capítulo
homógamo e terminais com brácteas involucrais, pedunculado, geralmente solitário,
raramente 2–3 capítulos, compostos de flores bissexuais, diclamídeas. Cálice
apresenta muitos pápus unisseriados, modificados e separados (dialissépalo).
Flores pentâmeras, gamopétalas. Prefloração imbricada. Androceu com cinco
estames, isodínamos, isostêmones, epipétalos, inclusos. Filete dialistêmones,
anteras rimosas, extrorsas e com inserção dorsal do filete. Gineceu com ovário
ínfero, gamocarpelar, bicarpelar, unilocular e com placentação basal. Dois estigmas
com formato foliáceo. Fruto do tipo cipsela cilíndrica ou cônica. A perpétua-roxa
planta comum pelas redondezas e a utilizada para análise durante faz parte do
gênero.
Emilia (Cass.) Cass. é um gênero composto por ervas anuais, caule simples
herbáceo, folha simples com formato do limbo runcinado, alternas, peninérvea,
ápice obtuso, base atenuada, margem denteada membranácea, sésseis ou
pecioladas, podendo ser alado. Inflorescência do tipo capítulo, no caso da planta
analisada umbela de capítulos. Capítulos são homógamos e corimbiformes com
invólucro urceolado. Flores mais de 10, com corolas tubulares e leve dilatação
apical, cinco pétalas, gamossépalas, actinomorfas, imbricadas e com coloração
rosa/branca. Androceu com cinco estames, isodínamos, isostêmones, epipétalos e
inclusos. Filetes gamostêmones, com anteras com base obtusas, rimosas, introrsas
e conectivo basal. Presença de pápus persistentes. Fruto do tipo cipisela cilíndrica e
costeladas. A flor-pincel foi a planta escolhida para análise na prática.
Figura 3: A, capítulo com brácteas involucrais verdes
em Emilia; B, flor tubular e C, presença de cálice
modificado em pápus. Fonte: Autor (2023).

Tridax L. Capítulos com uma ou mais série de flores femininas ou neutras,


marginais e flores andróginas ou masculinas por aborto ocupando a região central
(disco). Ramos do estilete truncados ou triangulados no ápice, não papilosos e
planos, pilosidade não prolongada abaixo do ponto de bifurcação. Capítulos com
flores marginais e flores do disco. Flores do disco andróginas. Flores do raio
femininas. Receptáculo paleáceo. Pápus aristado, de páleas lanceoladas sem
arista, coroniforme, de pêlos plumosos ou pápus ausente. Aquênios isomorfos.
Páleas do receptáculo não planas. Aquênios não comprimidos e pápus cerdoso. A
plantinha herbácea picão-branco faz parte deste gênero.
Cosmos Cav. Capítulos discóides, com todas as flores andróginas, com
corola tubulosa, ou capítulos radiais, isto é, com uma série periférica de flores
femininas ou neutras com corola liguliforme ou tubulosa, e de poucas a muitas flores
andróginas ou masculinas. Capítulos não comprimidos lateralmente, com invólucro
campanulado, turbinado ou cilíndrica, com brácteas involucrais dispostas em duas
ou mais séries. Capítulos com flores marginais e flores do disco andróginas. Flores
do raio neutras. Receptáculo paleáceo, com páleas planas e aquênio rostrado.

3.4 Oxalidaceae
Oxalidaceae é uma família de plantas com flores que inclui cerca de 1000
espécies distribuídas em 7 gêneros. Elas são geralmente encontradas em regiões
tropicais e subtropicais de todo o mundo, embora algumas espécies também
ocorram em regiões temperadas (NOVARA, 2021), Entre os principais caracteres
para diagnose da família estão: folhas compostas e geralmente apresentam três
folíolos, inflorescência cimeiras, dicasiais, umbeliformes ou agrupadas em panícula,
flores geralmente são pequenas e apresentam cinco pétalas que podem ser
brancas, amarelas, vermelhas ou rosas, além de possuir cinco sépalas, dez
estames e um pistilo, ovário súpero, 5-carpelar, 5-locular e frutos são do tipo
cápsula ou baga e contêm várias sementes. Durante as aulas foi utilizado para
diagnose a popular carambola, pertencente ao gênero Averrhoa.

3.4.1 Descrição do gêneros para família Oxalidaceae trabalhado nas aulas


práticas
Averrhoa L. Hábito arbóreo, folhas compostas pinadas, imparipinadas com
pelo menos três pares de folíolos, limbo oval, filotaxia alterna, ápice agudo, base
obtusa, margem inteira, membranácea e cor verde. Inflorescência em panículas,
com flores bissexuais, diclamídeas, com cinco sépalas separadas, pentâmeras,
dialipétalas, actinomorfas e prefloração imbricada. Androceu com cinco estames,
isodínamos, isostêmones, hipóginas e inclusos. Filetes divididos, com anteras
poricidas, extrorsas e com conectivo basal. Gineceu com ovàrio súpero
gamocarpelar, pentacarpelar, pentalocular, vários óvulos e placentação axial.
Estilete inserido terminalmente e estigmas em número de cinco, captados. Averrhoa
carambola foi a espécie analisada.

3.5 Rubiaceae
A família Rubiaceae é uma grande e diversa família de plantas com flores,
que inclui cerca de 13.000 espécies distribuídas em cerca de 611 gêneros
(CHIQUIERI; MAIO; PEIXOTO, 2004). Ela faz parte da ordem Gentianales e é
composta principalmente por árvores, arbustos, lianas e algumas ervas.
A principal característica para uma planta estar incluída na família é a
presença de folhas opostas, com estípulas interpeciolares, ou seja, elas estão
localizadas entre o par de folhas opostas. Além disso, as flores são geralmente
pequenas, actinomorfas, e possuem corola tubular, gamopétala com 4 ou 5 lobos. A
maioria das espécies possui inflorescências cimosas ou capítulos, e os frutos são
geralmente drupas, bagas ou cápsulas. Durante as aulas foi utilizado para diagnose
a planta ornamental cafezinho, pertencente ao gênero Ixora.

3.5.1. Descrição do gênero para família Rubiaceae trabalhado nas aulas


práticas
Ixora L. Flores sésseis ou pediceladas, não reunidas em glomérulos, ou se
reunidas em glomérulos, as plantas são herbáceas ou sub-fruticosas, de menos de
2 m de altura. Subarbustos, estípulas interpeciolares. Prefloração da corola
contorcida e ou imbricada. Flores andróginas. Ovário unilocular ou com mais de um
lóculo com até quatro óvulos em cada lóculo por ovário. Fruto drupáceo ou bagáceo,
não esquizocárpico, com sementes cilíndricas, comprimidas ou plano-convexa, com
endosperma farto, parco ou ausente e cotilédones com embrião mais curtos ou mais
longos que o eixo hipocótilo-radícula. Óvulo não-pêndulo. Antera da base sagitada,
suco do pirênio leve ou profundo, não involuto no endosperma da semente.
Inflorescência terminal ou axilar.

3.6. Combretaceae
A família Combretaceae é uma família de plantas com flores, que inclui
aproximadamente 500 espécies distribuídas em cerca de 14 gêneros. Ela faz parte
da ordem Myrtales e é composta principalmente por árvores e arbustos, com
algumas espécies herbáceas (SOARES NETO; CORDEIRO; LOIOLA, 2014).
As Combretaceae possuem folhas simples, alternas, opostas ou verticiladas,
com margens inteiras ou serrilhadas, às vezes com tricomas . As flores são
geralmente pequenas, hermafroditas ou unissexuais por aborto, com corola
gamopétala e possuem 4 ou 5 lobos, actinomorfas e raramente zigomorfas,
hermafroditas ou unissexuais, epíginas ou menos frequentemente semi-epíginas,
tetrâmeras ou pentâmeras. Cálice 4-5 lobado, geralmente inconspícuo. Pétalas 4, 5
ou ausentes, pequenas ou conspícuas, alternissépalas. Prefloração valvar ou
imbricada. Androceu diplostêmone, estames didínamos, exclusos, dialistêmones e
podem ser epipétalos. Anteras rimosas, extrorsas com conectivo dorsal. Ovário
ínfero, unilocular; 2-6 óvulos, apicais, com placentação pêndula. A maioria das
espécies possui inflorescências em espigas ou panículas, e os frutos são
geralmente aquênios ou cápsulas. Durante as aulas foi utilizado para diagnose a
planta ornamental madressilva, pertencente ao gênero Quisqualis L.

3.6.1 Descrição do gênero para família Combretaceae trabalhado em aula


prática
Quisqualis L. este gênero possui apenas uma espécie a Quisqualis indica,
suas folhas são simples e opostas, ovais e de cor verde-escura, e brancas ou
rosa-claras, com corola tubular e cinco pétala e tubo do cálice com mais de 2 cm de
comprimento. Seus frutos são do tipo drupa globosa.

3.7 Bignoniaceae
A família Bignoniaceae é uma família de plantas com flores que inclui cerca
de 800 espécies distribuídas em cerca de 120 gêneros. Ela faz parte da ordem
Lamiales e é composta principalmente por árvores, arbustos e lianas, com algumas
espécies herbáceas (CHAGAS JUNIOR; CARVALHO; MANSANARES, 2010).
As Bignoniaceae possuem folhas opostas ou alternas, compostas ou simples,
com margens inteiras ou serrilhadas. As flores são geralmente grandes, vistosas e
bilabiadas, com corola gamopétala e possuem 5 lobos. O androceu é formado por
quatro estames didínamos, ou seja, dois são mais curtos e dois são mais longos e
epipétalos. Gineceu formado por um ovário súpero, disco nectarífero ou carpopódio,
com dois carpelos fundidos, contendo dois lóculos, que se abrem longitudinalmente.
O estigma é geralmente bífido, ou seja, com duas partes separadas. A maioria das
espécies possui inflorescências em panículas ou racemos, e os frutos são
geralmente cápsulas alongadas ou folículos. Durante as aulas práticas foi utilizado
para diagnose o coité (Crescentia) e o ipêzinho (Tecomaria).

3.7.1 Descrição dos gêneros para família Bignoniaceae trabalhados nas aulas
práticas
Tecomaria Spach. Folhas compostas, pinadas, imparipinadas, bipinadas,
biteradas, digitadas ou, raramente, folhas simples. Plantas escandentes, sem
gavinhas, árvores, arbustos ou subarbustos. Flores com corola amarela, alaranjada
ou coccinea; estames exsertos ou inclusos e cápsula subcilíndrica.
Crescentia L. Folhas imparipinadas, bipinadas, biteradas, digitadas ou,
raramente, folhas simples. Plantas escandentes, sem gavinhas, árvores, arbustos
ou subarbustos. Árvores, caulifloras; folhas fasciculadas, corola campanulada ou
infundibuliforme, geralmente com uma dobra transversal, próximo da fauce; ovário
unilocular, e fruto baga. Ao final da análise foi possível chegar a espécie Crescentia
cujete.
.

Figura 4: Flor do coité. A, ovário


circundado por disco nectarífero; B e C,
quatro estames didínamos e anteras
dorsais e D, corte transversal do ovário
unilocular. Fonte: Autor (2023).

3.8 Acanthaceae
A família Acanthaceae é uma família composta por cerca de 250 gêneros e
2.500 espécies de plantas herbáceas, arbustos e árvores, distribuídas
principalmente nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, com maior
diversidade na América do Sul e na África.
As plantas da família Acanthaceae possuem folhas simples, opostas ou
verticiladas, com margens inteiras ou dentadas. Suas flores são geralmente
grandes, vistosas e apresentam cores vibrantes, como vermelho, rosa, amarelo,
laranja ou roxo. Elas são bilabiadas, o que significa que apresentam duas pétalas
superiores fundidas e três pétalas inferiores fundidas, formando uma corola tubular
ou em forma de funil. O androceu é composto por quatro estames didínamos, ou
seja, dois estames são mais longos e dois são mais curtos. Os estames são
inseridos na base da corola, dialistêmones, anteras com deiscência rimosa,
extrorsas e conectivo basal. Gineceu formado por um ovário súpero, com dois
carpelos fundidos, contendo dois lóculos, que se abrem longitudinalmente na
maturidade para liberar as sementes. O estigma é geralmente bífido, foliáceo com
duas partes separadas.

3.8.1 Descrição dos gêneros da família Acanthaceae trabalhados nas aula


práticas
Ruelia L. Flores com quatro estames. Todas as anteras bitecas. Cálice
geralmente bem desenvolvido. Sépalas ou lacínios do cálice iguais, ou quase iguais
entre si. Arbustos, subarbustos ou ervas. Flores em espigas ou inflorescência
tirsiformes ou paniculiformes. Estilete dividido em dois ramos, um deles mais longo
que o outro. Filetes unidos dois a dois. Prefloração da corola contorcida. Flores em
inflorescências laxas. Parede da cápsula lenhosa com eixo seminífero persistente e
preso a valva. Flores geralmente coloridas e com mais de 1 cm de comprimento.
Justicia L. Flor com dois estames. Anteras bitecas, com dois lóculos férteis.
Flores isoladas ou agrupadas, em número de duas a quatro, dispostas na axila de
brácteas curtas, menores do que os botões florais e ordenadas em inflorescências
laxas, ramificadas, ou densas, espiciformes ou tirsiformes. Lóculos da antera
divergentes, alongados, providos ou não de um esporão na base, separados por
conectivo largo, mais ou menos membranoso.
Pachystachys Nees. Flor com menos de cinco estames. Flor com dois
estames. Anteras bitecas, com dois lóculos férteis, flores isoladas ou aglomeradas,
mas não involucradas; se involucradas, as brácteas são menores do que os botões
florais. Flores isoladas nas axilas de uma das três brácteas foliáceas ou petalóides,
formando espiga bracteata, densa. Planta não reptante. Brácteas e bractéolas da
inflorescência não-lineares. Cálice com sépalas iguais ou quase iguais entre si.
Corola distintamente bilabiada. Anteras com lóculos não calcarados. Flores
vermelhas, róseas ou alvas, com a corola muito exserta das brácteas da espiga.

Figura 5: A, corola
infundibuliforme, B estames
didínamos e ovário de Ruelia. D,
inflorescência e E, corola e ovário
e estilete de Justicia. Fonte: Autor
(2023).

3.9 Solanaceae
Os membros da família Solanaceae são geralmente plantas herbáceas,
arbustos ou árvores pequenas. Eles variam muito em tamanho, forma e hábito de
crescimento. As folhas geralmente são simples e alternadas, mas podem ser
compostas em algumas espécies.
As flores são geralmente solitárias ou agrupadas em inflorescências e têm
simetria radial. Elas são geralmente grandes e vistosas, com cinco pétalas unidas
para formar uma corola em forma de sino ou funil. As cores das flores variam de
branco a amarelo, laranja, rosa, roxo ou azul. O androceu da família Solanaceae é
composto por 5 estames, epipétalos, hipóginas, isostêmones, isodínamos, com
anteras extrorsas, rimosas ou loculicidas e conectivo basal ou dorsal. O gineceu é
formado por um ovário súpero, que é constituído por 2 carpelos fundidos,
gamocarpelar, bilocular e bicarpelar. Frutos do tipo baga ou drupa. Durante as aulas
práticas foi utilizado para diagnose a pimenta-de-cheiro (Capsicum) e o camapu
(Physalis).

3.9.1 Descrição dos Gêneros para Família Solanaceae trabalhados nas aulas
práticas
Capsicum L. Androceu com cinco estames férteis, estaminódios ausentes.
Flores com menos de 8 cm de comprimento. Antera com deiscência poricida, com
poros às vezes prolongados em fenda. Folhas inteiras. Corola rotácea,
campanulada, ou largo-campanulada. Cálice truncado, 5-dentado ou 5-lobado.
Fauce da corola profundamente lobada. Filetes filiformes, glabros, soldados na
base, formando um anel aderente à corola, geralmente com um par de apêndices
dentiformes.
Physalis L. Androceu com cinco estames férteis, estaminódios ausentes.
Flores com menos de 8 cm de comprimento. Antera com deiscência rimosa. Folhas
inteiras. Corola rotácea, campanulada, ou largo-campanulada. Cálice truncado,
5-dentado ou 5-lobado. Fauce da corola inteira ou levemente lobada. Ervas inermes,
cálice muito ampliado depois da antese, vesiculoso.

Figura 6: A, flor campanulada de Physalis com estames


exclusos e B, fruto com cálice desenvolvido sobre o fruto.
C, flor de Capsicum. Fonte: Autor (2023).

3.10 Annonaceae
As plantas da família Annonaceae podem ser árvores, arbustos, lianas ou
herbáceas. Muitas espécies têm casca lisa e folhas verdes escuras e brilhantes, que
geralmente são alternadas e simples. As flores da família Annonaceae são
bissexuais, diclamídeas, dialipétalas, dialisépalas, geralmente grandes e solitárias,
ou agrupadas em inflorescências. Elas têm simetria radial e são compostas por três
sépalas e três pétalas. As pétalas são geralmente carnosas e podem ter cores
vibrantes, como amarelo, verde, marrom ou vermelho e possuem prefloração valvar.
O androceu da família Annonaceae é composto por muitos estames,
geralmente mais de 20, dispostos em espiral ou em grupos. Os estames são curtos
e largos, heterodínamos, polistêmones, dialistêmones e possuem anteras grandes,
com deiscência rimosa, introrsas e que produzem muito pólen. O gineceu é
composto por um ovário súpero, que contém muitos óvulos, e um estigma grande e
globular. Os frutos da família Annonaceae variam em forma e tamanho, mas
geralmente são grandes e carnosos.
A família Annonaceae é dividida em duas subfamílias: Annonaceae e
Monodoroideae. Para o Brasil só ocorrem representantes da primeira subfamília.
Durante as aulas práticas foi utilizado para diagnose apenas a ata (Annona)
pertencente a tribo Unoneae.

3.10 Descrição do gênero para família Annonaceae trabalhado em aula prática


Annona L. Pétalas externas tão grandes, ou maiores, que as internas e bem
distintas das sépalas. Às vezes com 3 pétalas unisseriadas. Pétalas livres entre si,
sem apêndices. Carpídios unidos em massa carnosa, formando um fruto
estrobiliforme.

Figura 7: A, flor trímera e


carnosa de Annona L e em B, o
ovàrio. Fonte: Autor (2023).

3.11 Família Punicaceae

As plantas da família Punicaceae são arbustos ou árvores pequenas, com


altura variando de 2 a 10 metros. As folhas são simples, opostas ou alternas, e
geralmente são brilhantes e de cor verde-escura. Suas flores são bissexuais,
diclamídeas, dialipétalas, gamopétalas, actinomorfas, grandes e vistosas,
geralmente com cinco pétalas e muitos estames. Elas são solitárias ou agrupadas
em inflorescências e podem ser de várias cores, como vermelho, rosa, branco e
amarelo.
O androceu é composto por muitos estames, geralmente mais de 20,
dispostos em espiral ou em grupos. Os estames são curtos e largos,
heterodínamos, polistêmones, episépalos, inclusos e possuem anteras grandes e
rimosas que produzem muito pólen. O gineceu é composto por um ovário ínfero,
gamocarpelar e contém muitos óvulos, e um estigma grande e globular.
O fruto da Família Punicaceae é uma baga globular ou ligeiramente
alongada, com um diâmetro médio de cerca de 10 cm. A casca do fruto é grossa e
dura, de cor amarelo-avermelhada ou vermelho-escura, e contém muitas sementes
comestíveis envolvidas em uma polpa suculenta e adocicada. As sementes são
cobertas por uma camada dura e amarga, chamada de arilo. A Punica L. foi o único
exemplar utilizado para diagnose.
Figura 8: A, ovário e estilete. B, ponta
das sépalas. C, pétalas. D, receptáculo e
E, muitos estames contidos nos
receptáculo. Fonte: Autor (2023).

3.12 Cucurbitaceae
As plantas da família Cucurbitaceae possuem caule geralmente trepador,
ramificado ou não, com folhas membranáceas, alternas, simples ou compostas,
com estípulas livres e de limbo cordado. As flores são geralmente unissexuais,
diclamídeas, pequenas e semelhantes em forma a um funil, com cinco pétalas e
cinco sépalas, e possuem de três a cinco estames.
O androceu é composto por estames, geralmente em número de três ou
cinco, isostêmones, isodínamos, hipóginas, com anteras introrsas (ou seja, que se
abrem para dentro). O gineceu é formado por um ovário ínfero, gamocarpelar, com
um ou mais carpelos, e um estigma com três lobos. Os frutos da família
Cucurbitaceae são geralmente carnosos e muitas vezes comestíveis, sendo um dos
principais alimentos em diversas culturas. Eles podem ser globosos, alongados e
cilíndricos.

3.12 Descrição do gênero para família Cucurbitaceae trabalhado em aula


prática
Cucurbita L. Anteras com lóculos conduplicados ou flexuosos. Filetes livres
entre si. Muitos óvulos, dispostos horizontalmente. Corola de pétalas livres, ou
simpétala, com lobos profundos. Cálice da flor masculina campanulado ou
urceolado. Flores isoladas e gavinhas ramificadas. Planta rasteira com raízes
adventícias.

3.13 Labiatae
As plantas da família Labiatae têm folhas opostas, simples ou compostas,
geralmente com margens dentadas ou serrilhadas, e frequentemente são
pubescentes ou glandulares. As flores são geralmente zigomórficas, com lábios
distintos formados pelas pétalas, e dispostas em inflorescências que variam de
acordo com o gênero.
O androceu é composto por quatro estames didínamos (ou seja, dois mais
longos e dois mais curtos), que se projetam para fora da flor. O gineceu é formado
por dois carpelos fundidos, com um único estigma e um ovário súpero. O fruto da
família Labiatae é geralmente uma drupa ou um aquênio, com uma ou quatro
sementes, e pode ser seco ou carnoso.

3.14 Turneraceae
As plantas da família Turneraceae são subarbustivas e herbáceas,
geralmente com folhas simples, alternadas e sem estípulas. Suas flores são
bissexuadas, diclamídeas, com pétalas livres ou unidas na base e actinomorfas.
Cálice tubuloso ou dialissépalo. Prefloração imbricada contorcida. Corola com cinco
pétalas livres entre si. Estames geralmente em número de cinco a dez, hipóginos e
dialistêmones e podem apresentar heterostilia. Anteras bitecas, basifixas ou
dorsifixas e apresentam deiscência longitudinal ou por poros apicais. Gineceu com
ovário súpero, unicarpelar, unilocular, pode apresentar placentação axial ou basal, e
conter de um a vários óvulos. O estilete é geralmente delgado, e o estigma é
pequeno e terminal.Os frutos podem ser cápsulas trivalvar, bagas ou drupas. A
Chanana (Turnera L.) foi a única planta utilizada para diagnose nas aulas.

3.14.1 Descrição do gênero para família Turneraceae trabalhado em aula


prática
Turnera L. Flor sem corona. Pedicelo, via de regra, concrescido com pecíolo
e folhas estipuladas.

3.15 Anacardiaceae
A família Anacardiaceae é formada por árvores ou arbustos com ramos
inermes ou espinhosos. Folhas alternas, imparipinadas ou simples. Inflorescência
em cimas curtas ou em panículas axilares ou terminais. Flores de tamanho
diminutos, de cor pálida, actinomorfas, andróginas ou unissexuadas, por aborto.
Cálice com quatro ou cinco pétalas, prefloração valvar ou imbricada. Corola com
quatro a cinco pétalas livres entre si ou presas ao tubo do hipâncio, geralmente
glabras e levemente pilosas.

3.15.1 Descrição do gênero para família Anacardiaceae trabalhado em aula


prática
Mangifera Burm. Receptáculo não-hipantóide, geralmente com disco carnoso,
aneliforme ou cupuliforme. Pétalas livres; estames de cinco a 10, com só um estame
fértil e os demais modificados em estaminódios. Ovário com um lóculo, com um
óvulo basal. Estiletes livres ou concrescidos entre si. Folhas simples e pétalas com
apêndices palmatissectos e fruto drupa carnosa.
Figura 9: A, inflorescência em Mangifera e B, flores com
ovário súpero. Fonte: Autor (2023).

3.16 Apocynaceae
As plantas desta família são caracterizadas por terem folhas opostas ou
verticiladas, flores geralmente pentâmeras com corola tubular e um ovário súpero, e
um látex branco ou amarelo que é produzido a partir de vasos laticíferos nas folhas,
flores e caules.

3.16.1 Descrição para os gêneros da família Apocynaceae trabalhado em aula


prática
Thevertia (L) Juss. Anteras totalmente férteis. Folhas alternas geralmente
aglomeradas no ápice. Corola infundibuliforme. Ovário súpero. Fruto drupáceo.
Catharanthus G. Don. Anteras totalmente férteis. Folhas verticiladas. Folhas
opostas. Conectivo não prolongado em apêndice. Ovário apocárpico. Anteras de
base cordados. Lacínios da corola não prolongados lateralmente. Ovário com disco
nectarífero corniculado e folículos cilíndricos.

3.17 Rutaceae
A família é composta por árvores, arbustos, subarbustos ou ervas. As folhas
podem ser simples, imparipinadas, bipinadas, trifoliadas, digitadas e unifoliadas.
Estípulas ausentes. Inflorescências racemosas, tirsóides, espiciformes ou panículas.
Flores hermafroditas. Cálice cupuliforme, dialissépalo e com sépalas imbricadas.
Corola tetrâmera ou pentâmera. Estames de quatro a cinco férteis, que podem ser
livres entre si ou concrescidos em tubo unido à corola. Ovário súpero, constituídos
de quatro a cinco carpelos, com quatro a cinco lóculos. Os frutos das plantas da
família Rutaceae são geralmente do tipo cápsula ou bago, mas também podem ser
drupas, hesperídios ou samaras. A Laranja foi a única planta da família utilizada nas
aulas práticas.

3.17.1 Descrição do gênero da família Rutaceae trabalhado em aula prática


Citrus L. Pétalas livres entre si. Botões florais de globosos a ovóides ou
elipsóides. Pétalas erguidas na antese. Folhas unifoliadas, com pecíolo alado; mais
de cinco estames com filetes largos, unidos em feixes. Ovário com mais de dois
óvulos em cada lóculo. Fruto sucoso.

3.18 Myrtaceae
As plantas da família Myrtaceae são geralmente árvores ou arbustos (com
tronco manchados), de folhas simples, opostas ou alternas. Elas são geralmente
verdes e brilhantes, e muitas vezes têm glândulas de óleo visíveis, que produzem
um aroma característico quando as folhas são esfregadas ou amassadas. As flores
são geralmente solitárias ou agrupadas em inflorescências terminais ou axilares.
Elas são geralmente pequenas, com cinco pétalas brancas ou coloridas e
numerosos estames, geralmente mais de 20, que são livres ou unidos na base. O
gineceu é composto por um único carpelo, que é ínfero (localizado abaixo do
hipanto) e contém de um a vários óvulos, com placentação axial ou parietal. O
estigma é geralmente pequeno e simples. Frutos podem ser bagas, cápsulas e
drupas. A goiabeira (Psidium) foi a única representante da família utilizada para
diagnose durante as aulas.

4. Conclusão
No decorrer da disciplina e diante de todas as análises dos gêneros
botânicos aqui citados, é evidente que para cada planta há um rearranjo de
caracteres diagnósticos que iram separar ou incluí-las em diferentes níveis
taxonômicos. No mais, essa escalação pode contribuir para entender a história
evolutiva das plantas e em como elas estão adaptadas ao meio ao qual se inserem,
por meio de adaptações morfológicas, que garantam por exemplo, maior resistência
à estiagem, ou formato da corola específico para determinado polinizador. Além
disso, ao conhecer a flora local, é possível identificar as espécies que podem ser
utilizadas de forma sustentável, garantindo que os recursos naturais sejam
utilizados de forma consciente e sem comprometer a preservação da flora.
5. Referências

ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP et al. An update of the Angiosperm


Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG
IV. Botanical journal of the Linnean Society, v. 181, n. 1, p. 1-20, 2016.

BARROSO, Graziela Maciel et al. Sistemática de angiospermas do Brasil. São


Paulo: Universidade de São Paulo, 1978.

CHAGAS JUNIOR, José Magno das; CARVALHO, Douglas Antônio de;


MANSANARES, Mariana Esteves. A família Bignoniaceae Juss.(Ipês) no município
de Lavras, Minas Gerais. Cerne, v. 16, p. 517-529, 2010.

CHIQUIERI, Abner; MAIO, Fernando Régis Di; PEIXOTO, Ariane Luna. A


distribuição geográfica da família Rubiaceae Juss. na Flora Brasiliensis de Martius.
Rodriguésia, v. 55, p. 47-57, 2004.

Fabaceae in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de


Janeiro.Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB115>. Acesso em: 29 mar.
2023.

GIMÉNEZ, Ana M. et al. Ecoanatomia del ébano sudamericano:“guayacán”(Libidibia


paraguariensis, Fabaceae). Boletín de la Sociedad Argentina de Botánica, v. 52,
n. 1, p. 45-54, 2017.

HUGHES, Colin E. et al. Uma nova classificação de subfamília de Leguminosae


com base em uma filogenia taxonomicamente abrangente. Taxon , v. 66, n. 1, pág.
44-77, 2017.

Lewis, G.P. 2015 Caesalpinia in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim


Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil2015.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22840>.

Lima, H.C. de,Pinto, R.B. 2015. Hymenaea in Lista de Espécies da Flora do


Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
(http://floradobrasil2015.jbrj.gov.br/FB22971)

NOVARA, Lázaro Juan. OXALIDACEAE. Aportes Botánicos de Salta-Serie Flora


del Valle de Lerma, v. 11, 2021.

ROQUE, Nádia; BAUTISTA, Hortensia Pousada. Asteraceae: caracterização e


morfologia floral. Salvador: EDUFBA, 2008. 71 p. ISBN 9788523205393.

SOARES NETO, Raimundo Luciano; CORDEIRO, Luciana Silva; LOIOLA, Maria


Iracema Bezerra. Flora do Ceará, Brasil: Combretaceae. Rodriguésia, v. 65, p.
685-700, 2014.
WEBSTER, Grady L. Classification of the Euphorbiaceae. Annals of the Missouri
Botanical Garden, p. 3-32, 1994

Você também pode gostar