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SÔNIA MARIA DE JESUS| BID0588

DIVERSIDADE DE FANERÓGAMOS
• Fique atento! Em 2020 você poderá ser
convocado(a) para realizar a prova do ENADE.
Acesse a trilha ENADE, em seu AVA, e obtenha
maiores informações.
• Seja bem-vindo à disciplina de Diversidade de
Fanerógamos, as plantas com sementes.
• Nesta disciplina, o desafio é fazer com que você
compreenda as características das plantas
vasculares com sementes e seu funcionamento.
Além disso, você conseguirá estabelecer relações de
dependência entre a fauna e a flora de um
ecossistema.
• O estudo dessa disciplina será muito importante,
pois além de um contato aprofundado com essa
área tão fascinante da ciência, você terá subsídios
suficientes para sua atuação enquanto professor de
Ciências e Biologia.
• Você já parou para pensar sobre qual a planta que dá origem ao
café, uma das bebidas mais populares em todo o mundo? Ou
mesmo o vinho, já conhecido da humanidade desde a
antiguidade? Conhece como é e qual a parte da planta usada
pela indústria têxtil para produzir o tão famoso fio de algodão?
Ou sabia que a cana-de-açúcar, além de muito utilizada pela
culinária por conta do açúcar, é utilizada para fabricação de
bioetanol, combustível produzido e exportado pelo Brasil? As
plantas estão ao nosso redor e participam do nosso dia a dia.
Vão muito além das refeições em forma de salada ou
sobremesas saudáveis. Conhecê-las é fundamental!
• É neste mundo que você está convidado a entrar, no mundo da
Botânica! A Botânica é o ramo da ciência que tem como objeto
de estudo as plantas, e tenta descobrir e explicar como estes
organismos são constituídos e funcionam, como estão
organizados e de que maneira interagem, afetam e são
comprometidos pelo meio que ocupam.
• Entender a morfologia das plantas é de suma importância para
que você possa compreender os processos fisiológicos das
mesmas e suas relações filogenéticas.
UNIDADE 1 – E AÍ? COMO É UMA PLANTA?
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • TÓPICO 1 –
MORFOLOGIA EXTERNA
A partir desta unidade, você será capaz de: DOS ÓRGÃOS
VEGETATIVOS
• TÓPICO 2 –
• saber dividir os órgãos das plantas em MORFOLOGIA EXTERNA
vegetativos e reprodutivos; DA FLOR E
• identificar as partes da raiz, do caule, da INFLORESCÊNCIAS
folha, das flores, inflorescências e frutos; • TÓPICO 3 –
• reconhecer os diferentes tipos de raiz, MORFOLOGIA DOS
FRUTOS
caule, folha e flores, inflorescências e
frutos.
TÓPICO 1 - MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS
• Todos dizem que o Brasil é um dos países com maior diversidade
vegetal do mundo, resultado de uma grande variedade de cores,
formatos e tamanhos das nossas plantas. Mas você saberia dizer de que
partes são formadas as plantas? Ou ainda, saberia identificar cada uma
destas partes?
• Frequentemente o conhecimento popular identifica algumas partes
das plantas de forma incorreta. Por exemplo, você sabia que a parte
alaranjada da cenoura, que usamos na culinária, é uma raiz? E a batata-
doce também? E que a batata-inglesa é um caule? E que a parte
comestível da cebola trata-se, na verdade, de folhas modificadas?
• Conheceremos a partir de agora outras curiosidades através do
estudo da morfologia externa das plantas. Esta área da Botânica,
também chamada de Organografia Vegetal, se dedica ao estudo da
morfologia externa, ou seja, da forma e da estrutura, dos órgãos das
plantas, classificando e nomeando as estruturas vegetais e suas
variações. Estar familiarizado com seus conceitos é condição primordial
para estabelecer uma compreensão global da planta e sua interação
com o ambiente que habita, e, posteriormente, conseguir dividir as
plantas em pequenos grupos e reconhecê-los.
RAIZ
• A raiz é o órgão vegetativo que apresenta como
função principal a fixação da planta ao substrato e a
absorção de água e nutrientes. Por conta disso,
normalmente é subterrânea e aclorofilada, ou seja,
não apresenta o pigmento clorofila, que confere cor
verde aos órgãos vegetais. Apresenta, ainda,
geotropismo e hidrotropismo positivos, isto é, seu
crescimento se dá em direção à terra e à água,
respectivamente. Além disso, pode ser um órgão de
reserva, como nas cenouras e nabos, ou ter função de
respiração, como observado em algumas plantas de
mangue, como no mangue-branco.
• Em algas e musgos, a estrutura que apresenta
funções similares não é vascularizada, como nas
outras plantas. Diante desta característica, recebem o
nome de rizoides. As raízes não apresentam folhas,
gemas laterais e apicais, nós e entrenós,
diferenciando-se dos caules.
DESENVOLVIMENTO INICIAL DA RAIZ
• A semente das plantas fanerógamas contém uma
planta em miniatura, um esporófito jovem, o embrião.
Ele tem uma raiz embrionária, denominada radícula,
um eixo caulinar embrionário, chamado hipocótilo –
epicótilo e uma ou duas folhas embrionárias, os
cotilédones. É difícil estabelecer o limite entre a
radícula e o hipocótilo (porção caulinar situada abaixo
do(s) cotilédone(s)). Por essa razão, fala-se em eixo
hipocótiloradicular.
• Ao germinar a semente, a radícula se distende por
divisões e alongamentos celulares formando uma raiz
primária.
• Na porção inicial da raiz primária em crescimento
distinguem-se três regiões ou zonas.
• Coifa: estrutura em forma de capa que reveste o ápice radicular, onde estão localizados
os tecidos meristemáticos. Esses tecidos apresentam células ainda não diferenciadas e
em constante divisão celular. Pode secretar mucilagens que auxiliam na proteção e
penetração do órgão no substrato. É formada por uma região central denominada
caliptrogênio.
• Zona de alongamento ou de distensão: onde ocorre a distensão (observamos os
tecidos meristemáticos) e início da diferenciação dos tecidos primários da raiz. Esta
região é protegida pela coifa. Danos causados a esta região por microrganismos, ou
mesmo pelo atrito com o substrato, poderiam danificar a estrutura radicular e,
consequentemente, o desenvolvimento da planta.
• Zona pilífera ou de absorção: nesta região os tecidos estão totalmente diferenciados.
Pode-se observar a presença de pelos radiculares, que são projeções epidérmicas. Estes
pelos aumentam a superfície de contato do órgão com o substrato, aumentando, por
conseguinte, a absorção de água e nutrientes. Entretanto,
• Zona de ramificação ou suberosa: é a porção mais antiga e longa da raiz. Esta região é
caracterizada por apresentar espessamento e formação de raízes laterais.
As raízes podem ser classificadas de acordo com a sua origem ou morfologia.
Quanto à origem:
• Axial: raízes originadas a partir do desenvolvimento da radícula do
embrião.
• Adventícia: são assim chamadas as raízes que derivam de qualquer
outro órgão, principalmente do caule, e não da radícula do embrião.
A raiz que se origina da radícula logo atrofia e não se desenvolve.

Quanto à morfologia:
• Sistema pivotante: observado na grande maioria das gimnospermas
(como as coníferas) e angiospermas (plantas que dão flores e frutos).
Neste sistema é possível observar uma raiz principal e suas raízes
laterais, portanto, na sua grande maioria são formados a partir de
raízes axiais.
• Sistema fasciculado: nas monocotiledôneas, as raízes primárias têm
vida curta. Assim, o sistema radicular deste grupo vegetal é
composto por raízes adventícias e suas raízes laterais. Assim,
nenhuma raiz é mais proeminente que as outras
Tipos especiais de raízes
Podemos classificar as diversas formas de raízes encontradas nas plantas.
Vejamos as principais.
a) Raízes Subterrâneas:
- Tuberosas: são raízes axiais ou fasciculadas que se apresentam
intumescidas pelo armazenamento de substâncias de reserva. Muitas
delas são utilizadas na alimentação humana. Como exemplo, temos as
tuberosas pivotantes, como rabanete, cenoura , beterraba; fasciculadas
tuberosas: mandioca e batata-doce.
b) Raízes Aéreas:
Não se desenvolvem subterraneamente, mas expostas ao ar. São geralmente
adventícias.
- Suportes: são aquelas que aumentam o sistema de fixação de algumas
plantas. Formam-se a partir de galhos e caules e penetram no solo. Ex.:
milho (Figura A), mangue-vermelho.

- Tabulares: são uma variação das raízes suporte. Os ramos radiculares


encontram-se ligados ao caule, como verdadeiras tábuas. São
características de árvores grandes de florestas tropicais e têm como
função aumentar a estabilidade da planta. Ex.: Raízes de figueira.
- Escora (Figura B-C): São raízes que aparecem em certas espécies
de figueiras. Elas descem de ramos caulinares laterais, alcançam o
solo, ramificam-se e começam a absorver água. Por se tratarem de
eudicotiledôneas, elas crescem em espessura e com o tempo
tornam-se tão espessas que passam a substituir o caule em sua
função, pois elas, além de fixarem a ponta no solo e absorverem a
água, conduzem essa água até a copa e sustentam a copa. Quando
já há muitas raízes bem desenvolvidas, o caule pode desaparecer,
ficando a copa totalmente escorada em raízes. Figueiras milenares
na Índia se expandem radialmente alcançando centenas de metros
além de seu ponto de origem.
- Estrangulares (Figura D): são uma variação das raízes escora. São
raízes de vegetais não parasitas, que vivem sobre outros e que os
envolvem, crescendo em direção ao solo, armando uma rede que
vai se espessando, impedindo então o crescimento em espessura da
planta hospedeira, que, muitas vezes, acaba morrendo. As plantas
que apresentam este tipo de raiz são comumente chamadas de
mata-pau. Embora essas raízes costumam ser chamadas de “raízes
estrangulantes”, o termo não é adequado, pois as raízes não
estrangulam (processo ativo), mas simplesmente impedem o
crescimento em espessura do caule da planta hospedeira (processo
passivo). Se a hospedeira for uma palmeira, por exemplo, ambas
podem conviver por muitos anos.
- Sugadoras : caracterizam plantas parasitas. Essas raízes
são também chamadas de haustórios e penetram no
hospedeiro, através de uma estrutura chamada
apressório, até atingirem os tecidos vasculares
(responsáveis pela condução de água e fotoassimilados).
As plantas parasitadas são classificadas em:
• holoparasitas, quando penetram o tecido vascular
responsável pelo transporte de fotoassimilados. Este tecido
é chamado floema. Exemplo: cipó-chumbo, planta quase
completamente aclorofilada, heterótrofa. Geralmente a
planta hospedeira se exaure e morre em pouco tempo.
• hemiparasitas, quando penetram o tecido vascular
responsável pela condução de água e sais minerais. Este
tecido é denominado xilema. Exemplo: erva-de-passarinho,
planta autótrofa e com folhas verdes. Como as
hemiparasitas são autótrofas, hospedeiro e parasita podem
conviver por muitos anos, pois a hospedeira só deve retirar
mais água do solo do que necessita.
- Respiratórias: tipo de raiz presente em muitas plantas subaquáticas; são esponjosas porque são ricas em
aerênquima (tecido com grandes espaços intercelulares cheios de ar) com função de suprimento de oxigênio
para os órgãos submersos. Ex.: Ludwigia sp. – Família Onagraceae.
- Pneumatóforos (A-B): podem ser consideradas um tipo de raízes respiratórias, mas diferem estruturalmente
por serem raízes que apresentam, além do tecido aerenquimático, tecidos condutores de seiva bruta elaborada.
Crescem verticalmente para fora do solo encharcado onde vive a planta. As raízes, assim como os outros órgãos
das plantas, necessitam de oxigênio para a respiração. Por esta razão, a maioria das plantas não pode viver em
solos com drenagem inadequada. Para solucionar esse problema, algumas árvores que crescem em habitats
brejosos, como, por exemplo, o mangue-preto e o mangue-branco, apresentam porções de suas raízes
crescendo para cima da superfície do banhado. Essas raízes servem, portanto, não apenas para fixar a planta ao
substrato, mas também para a aeração do sistema radicular.
- Grampiformes (C): são raízes curtas, semelhantes a grampos, que surgem do caule e têm por função fixar
certas trepadeiras em diferentes superfícies, tais como paredes, e servem também de suporte para o caule
escandente. Ex.: hera-japonesa.
- Cinturas: são adaptações peculiares das plantas epífitas (plantas que vivem sobreoutras plantas). Estas
raízes crescem enroladas ao tronco da planta suporte ou de outro substrato qualquer, como rochas. Ex.:
raízes de muitas orquídeas e bromélias.

c) Raízes Aquáticas
As plantas aquáticas desenvolvem raízes especiais, ricas em tecido aerenquimático, que serve para
armazenar e conduzir o ar, além de auxiliar na flutuação. Ex.: alface-d’água e aguapé.
CAULE
• O caule é a parte do corpo da planta que une as raízes às
folhas, sendo, portanto, mais complexo do que o sistema
radicular. Ele pode apresentar folhas, gemas laterais e
apicais, onde encontramos tecidos meristemáticos
primários (responsáveis pelo crescimento em longitudinal
da planta), e nós e entrenós.
• O nó é o local em que uma ou mais folhas aparecem. As
gemas axilares (ou laterais) também se formam na região
do nó, daí esta região ser também chamada região das
ramificações. O espaço entre dois nós consecutivos
denomina-se entrenó (ou internó). A gema localizada no
ápice do órgão é denominada gema apical ou terminal, e
promove o crescimento em comprimento da planta.
• O caule comumente apresenta fototropismo positivo
(crescimento em direção à luz) e geotropismo negativo, e
pode ser clorofilado ou acumular substâncias nutritivas,
como ocorre na batata-inglesa, gengibre e cará ou
inhame.
As duas funções principais são:
• suporte – serve como suporte mecânico para
as folhas e estruturas reprodutoras, o qual as
coloca em posição favorável aos agentes
polinizadores e dispersores e para obter a
quantidade adequada de luz solar;
• condução – o caule transporta pelo floema os
produtos fotoassimilados produzidos pelas
folhas (e caules fotossintetizantes) para as áreas
que não realizam a fotossíntese. Ao mesmo
tempo, o caule transporta água e sais minerais
ascendentemente das raízes para as folhas, pelo
xilema (tipo de tecido vascular).
TIPOS DE RAMIFICAÇÃO E CRESCIMENTO
a) Sistema monopodial (Figura A-B): neste sistema, o crescimento do caule se dá pela atividade de uma única
gema apical, que permanece por toda a vida do vegetal. Plantas com este crescimento podem não
desenvolver qualquer ramificação lateral, como no mamoeiro. Nas palmeiras (Figura 13A), a ramificação
lateral geralmente se limita à produção de inflorescências na época da reprodução. É importante salientar que
mesmo em plantas com muitos ramos laterais pode-se encontrar um sistema monopodial. É o que
observamos na grande maioria das coníferas (pinheiros) (Figura 13B); o eixo principal é facilmente
reconhecido, pois só ele cresce verticalmente, enquanto os ramos laterais têm crescimento oblíquo e bem
mais vagaroso.
b) Sistema simpodial (Figura C-D): neste sistema, várias gemas participam continuamente da formação de
cada eixo. Isso pode acontecer porque a gema apical cessa sua atividade ou porque o eixo principal perde sua
superioridade sobre os ramos laterais. Como resultado, temos a formação arredondada das copas da maioria
das árvores.
CLASSIFICAÇÃO DOS CAULES
a) Caules aéreos
- Tronco: bem desenvolvido, muito robusto, lenhoso
(caule que produz madeira) e ramificado; característico
da maioria das árvores e arbustos de eudicotiledôneas e
gimnospermas. Ex.: araucária, cedro, limoeiro.
- Estipe: caule geralmente cilíndrico, não ramificado, com
uma coroa de folhas apenas no ápice. Ex.: palmeiras.
- Haste: caule delicado, não lenhoso, ereto, da maioria
das ervas. Ex.:couve (A), hortelã (B), girassol (C).
- Colmo: caules divididos em gomos, com nós e entrenós
bem nítidos. Há colmos cheios, como a cana-de-açúcar
(D) e milho, e ocos, como o bambu (E).
- Volúvel (A): caule que cresce enrolando-se a um suporte. Pode
ser dextrorso, quando o caule se enrola no sentido horário,
como se observa no guaco, ou sinistrorsos, quando ocorre no
sentido anti-horário, como no cará-do-ar.
- Sarmentoso ou caule prostrado ou rastejante (Figura 15B):
através de suas raízes, estes caules ficam presos ao solo em um
ponto. Encontrando um suporte alguns podem subir,
enrolando-se neles, ou formando gavinhas que se enrolam. Ex.:
chuchu, aboboreira.
- Estolho (Figura 15C-D): este tipo de caule também rasteja
junto à superfície do solo, tem entrenós bem alongados e em
cada nó apresenta gemas e raízes, podendo se fixar novamente
nesse ponto. Ex.: morango.
- Cladódio: este tipo de caule modificado tem como função
principal realizar fotossíntese e/ou reservar água. Geralmente,
está presente em plantas afilas (isto é, sem folhas) ou com
folhas reduzidas, comumente transformadas em espinhos. Ex.:
cactos (Figura 15E), carqueja.
b) Caules subterrâneos
- Rizomas (A-B): tem crescimento horizontal, raízes adventícias e ramos aéreos, e são aclorofilados.
Exemplos: íris, espada-de- são-jorge, lírio-do-brejo, bananeira.
- Tubérculo (C): quando armazenam substâncias de reserva, com crescimento limitado. Ex.: batata-
inglesa.
- Cormo (D): sistema caulinar espessado e comprimido verticalmente, geralmente envolvido por
catafilos (folhas modificadas) secos. Um cormo difere do tubérculo por ter a base do seu caule larga e
não o ápice. Difere do bulbo por ter mais tecido caulinar e menos catafilos. Ex.: palma-de-santa-rita.
- Bulbos: são caules subterrâneos com entrenós bastante reduzidos, formando um “disco” basal, de
onde surgem muitas folhas modificadas (os catafilos) que acumulam reservas. Enquanto no cormo as
reservas estão no próprio eixo caulinar, no bulbo estão nos catafilos. Ex.: cebola (E), alho, tulipa, lírios.
c) Caules aquáticos
São caules adaptados à vida aquática. A elódea , por exemplo, apresenta caule do tipo
haste, apesar de ser aquático.

Você já ouviu falar sobre modificações caulinares?


São modificações que ocorrem nos caules para que estes possam assumir outras
funções, além das já descritas, como fixar a planta a algum suporte, proteção, ou
ainda, assumir o papel de órgão fotossintetizador. As gavinhas, por exemplo, são ELÓDEA

estruturas que se enrolam em suportes e sustentam caules


escandescentes. Ex.: uva , maracujá-doce.
Já os espinhos são ramos caulinares curtos, pontiagudos, com função de defesa,
principalmente proteção contra predação. São facilmente observados na laranjeira
e no
Limoeiro.

GAVINHAS

Mas atenção! Não confunda espinhos caulinares com acúleos. Acúleos são
simples formações
epidérmicas, sem vascularização e geralmente sem posição definida no caule. A
rosa apresenta acúleos, que são facilmente retirados quando sob leve pressão.
FOLHA
• É o órgão vegetativo das plantas, geralmente com formato
laminar, cuja principal função é a fotossíntese, uma vez que é
nelas que encontramos o pigmento clorofila em maior
quantidade.
• A folha é uma expansão lateral do caule e tem origem nos
primórdios foliares, que tiveram sua formação a partir da gema
durante a fase de seu crescimento. No processo de
desenvolvimento do primórdio foliar ocorre diferenciação dos
tecidos, que geralmente se organizam em uma estrutura
laminar.
• É um órgão muito bem adaptado à captação de luz e absorção
de gás carbônico. Diante disso, além de realizar a fotossíntese,
as folhas estão diretamente ligadas aos processos de respiração,
transpiração e gutação ou sudação. Quanto à duração, as folhas
podem ser persistentes, como os pinheiros (vegetais
perenifólios) ou caducas, como na grande maioria das árvores
(vegetais caducifólios).
PARTES DE UMA FOLHA COMPLETA
As folhas apresentam uma enorme variedade de tamanho e forma. Por
isso, elas frequentemente servem de ajuda na identificação de plantas e
por esta razão é importante a criação de termos precisos para descrever
seus vários caracteres, como forma do limbo, ápice, base, margem etc.
As folhas das gimnospermas e angiospermas podem apresentar diferenças
entre si, entretanto, uma folha apresenta basicamente as seguintes partes:
• Limbo ou lâmina foliar: porção comumente laminar e verde, na qual são
encontrados os tecidos assimiladores (que participam do processo de
fotossíntese) e as nervuras (formadas pelos tecidos que transportam as
seivas).
• Pecíolo: apresenta forma de pequena haste, sustenta o limbo e o prende
ao caule (se não houver bainha). As folhas que o possuem são chamadas
pecioladas, enquanto que as que não o apresentam são chamadas sésseis.
• Bainha: muito frequente em monocotiledôneas. É a parte basal que
abraça total ou parcialmente o caule. As folhas que as apresentam são
conhecidas como invaginantes.
CLASSIFICAÇÃO DAS FOLHAS
a) Quanto à composição
• Simples (A): quando o limbo é indiviso, ou seja, não está dividido em partes. Ex.:
folha de laranjeira, parreira etc.
• Composta: quando o limbo é dividido em porções laminares, chamadas de
folíolos. Os folíolos podem, também, se subdividir, formando os foliólulos, como
vemos nas folhas bipinadas. Nas folhas tripinadas, os foliólulos voltam a se
subdividir.
As folhas compostas recebem várias denominações de acordo com o número e
disposição dos folíolos. As mais comuns estão listadas a seguir:
- Pinada: com folíolos dispostos oposta ou alternadamente ao longo de um eixo
comum, a raque. Pode ser Paripinada (B): pinada, com um par de folíolos
terminais ou Imparipinada (C): pinada, com um folíolo terminal.
- Bipinada (D): com duas ordens de folíolos, cada uma pinada.
- Tripinada (E): com três ordens de folíolos, cada uma pinada.
- Palmada ou digitada (F): com mais de três folíolos partindo de um ponto comum.
- Bifoliolada (G): com dois folíolos partindo de um ponto comum.
- Trifoliolada (H): com três folíolos partindo de um ponto comum.
b) Quanto à forma do limbo:
O formato do limbo ou lâmina foliar é uma característica muito importante, utilizada, por exemplo, para
distinguir espécies e famílias botânicas. Conheça a seguir as principais formas:
• Linear (A): forma alongada e apresenta uma só nervura. Há ainda uma forma especial de folhas lineares
chamada acicular, onde a folha apresenta forma de agulha;
• Falciforme (B): em forma de foice;
• Cordiforme (C): em forma de coração;
• Hastiforme (D): triangular com dois lobos basais;
• Lanceolada (E): o aspecto lembra uma lança. A folha é mais longa que larga e estreita-se em direção ao ápice;
• Oblanceolada (F): a folha tem a forma lanceolada, mas invertida, isto é, a parte mais larga é a apical;
• Reniforme (G): em forma de um rim;
• Deltoide (H): em forma de delta ou triângulo. O ápice da folhacorresponde ao ápice do triângulo;
• Espatulada (I): folha larga próxima ao ápice e com uma base longamente atenuada. Há uma variação
chamada oboval (K), mas a base não é tão atenuada quanto em folhas espatuladas;
• Oval (J): a folha tem a forma oval, com a parte mais larga voltada para a base;
• Runcinada (L): oblanceolada com margens partidas ou laceradas, e o ápice mostra-se mais desenvolvido;
• Sagitiforme (M): lembra uma seta, triangular-oval com dois lobos basais retos ou ligeiramente encurvados;
• Orbicular (N): a folha tem forma circular;
• Oblonga (O): a folha é mais longa que larga e com bordos quase paralelos na maior parte de sua extensão;
• Elíptica (P): a folha tem um formato elíptico;
• Romboidal (Q): a folha tem forma de um losango ou rombo
c) Quanto à margem do limbo:
Pode-se classificar as folhas e folíolos de acordo com o tipo de margem que apresentam. Seguem os tipos mais comuns:
• Lisa ou inteira (A): como o nome sugere, a margem é lisa, não apresentando reentrâncias;
• Repanda (B): margem levemente sinuosa;
• Crenada (C): margem dividida em pequenos lobos obtusos e arredondados (dentes arredondados);
• Denteada (D): também chamada dentada. Esta margem apresenta lobos comumente agudos que se colocam em
ângulo reto em relação ao meio do limbo. Há uma variedade denominada denticulada, mas esta diferencia-se da
primeira por apresentar lobos muito menores. Importante: não confundir com a serreada, onde os lobos são voltados
para o ápice foliar;
• Serreada (E): ou serrada. Apresenta lobos agudos a ascendentes, ou seja, direcionados para o ápice;
• Erosa (F): é constituída por lobos, ou “dentes”, distribuídos de forma irregular ao longo de toda margem, passando a
impressão de terem sido roídas ou desgastadas;
• Crespa (G): margem excessivamente irregular e ondulada;
• Sinuada (H): margem sinuosa.
d) Quanto à base do limbo:
• Aguda (A): quando os bordos na inserção com o pecíolo formam umângulo agudo;
• Cuneada (B): as margens juntam-se em um ângulo de 45º com a nervura central;
• Obtusa (C): quando os bordos na inserção do pecíolo formam um ângulo obtuso;
• Arredondada (D): a base apresenta-se como um semicírculo;
• Truncada (E): quando os bordos na inserção com o pecíolo parecem ter sido cortados;
• Decorrente (F): quando a base se estende além do ponto de inserção no caule,
tornando-o alado;
• Atenuada (G): quando os bordos na inserção com o pecíolo afinam-se gradativamente;
• Assimétrica (H): também chamada oblíqua. Apresenta base assimétrica;
• Subcordada (I): folha basicamente cordada, mas que apresenta lobos posteriores
menos proeminentes que uma folha cordada típica;
• Cordada (J): quando os bordos na inserção com o pecíolo recurvamse dando à base a
forma de um coração;
• Sagitada (K): quando os bordos na inserção com o pecíolo dão à folha uma forma de
seta;
• Hastada (L): folha com lobos orientados perpendicularmente ao seu eixo principal.
Assemelha-se à folha sagitada, mas se diferencia por apresentar lobos perpendiculares,
não paralelos ao eixo do órgão.
e) Quanto ao ápice do limbo:
Da mesma forma que vimos anteriormente os diferentes tipos de base, encontramos também uma
diversidade grande de ápices foliares. Conheça os principais:
• Acuminado: quando os bordos da lâmina formam no ápice uma ponta aguda e comprida;
• Agudo: quando os bordos da lâmina formam no ápice um ângulo agudo;
• Obtuso: quando os bordos da lâmina formam no ápice um ângulo obtuso;
• Truncado: quando o ápice parece ter sido cortado; por terminar abruptamente;
• Emarginado: quando os bordos da lâmina formam, gradualmente no ápice, uma reentrância;
• Obcordado: quando os bordos da lâmina formam no ápice uma pequena reentrância, parecendo um coração
invertido;
• Cuspidata: ou cuspidada. Forma curta de ápice acuminado;
• Mucronata: ápice que apresenta-se extremamente abrupto, mas continuado por uma porção pontiaguda,
rígida, quase sempre representada pela nervura central. Este tipo de ápice também é chamado aristado.
f) Disposição das nervuras
As folhas podem ser classificadas de acordo com o tipo de venação (ou
nervação), ou seja, quanto à disposição de suas nervuras:
• Pinada ou peninérvea: quando existe uma única nervura primária servindo de origem para as nervuras de ordens superiores.
Há aqui três tipos principais:
- craspedódroma (Figura 28A): quando as nervuras secundárias terminam na margem;
- camptódroma (Figura 28B): as nervuras secundárias não terminam na margem;
- hifódroma ou uninérvea (Figura 28C): quando só existe a nervura primária, estando as outras ausentes;
• Actinódroma ou palmatinérvea (Figura 28D): quando três ou mais nervuras primárias divergem radialmente de um ponto
único;
• Acródroma ou curvinérvea (Figura 28E): quando duas ou mais nervuras primárias ou secundárias muito desenvolvidas
formam arcos convergentes no ápice da folha. Os arcos são recurvados na base;
• Campilódroma (Figura 28F): quando muitas nervuras primárias ou suas ramificações se originam de um ponto comum e
formam arcos muito recurvados antes de se convergirem em direção ao ápice da folha;
• Paralelódroma ou paralelinérvea (Figura 28G): quando duas ou mais nervuras primárias originadas uma ao lado da outra na
base da folha correm paralelas até o ápice, onde convergem.
g) Presença de tricomas:
Os tricomas são projeções da epiderme e podem estar
presentes em qualquer parte do vegetal, assumindo
diferentes funções, que incluem desde a proteção contra
o excesso de radiação solar até o auxílio na dispersão das
sementes.
De forma geral, dividimos as folhas em glabras, quando
os tricomas não estão presentes, e pilosas, quando
possuem tricomas.
h) Cor
As folhas são classificadas em uniforme (A), quando
apresentam uma só cor, geralmente verde; ou variegada
ou maculada (B) quando as vemos com vários tons de
verde, ou ainda com manchas irregulares de outra cor.
MODIFICAÇÕES FOLIARES
Muitas espécies de vegetais possuem folhas modificadas
para realizar funções especiais ou para assegurar a
sobrevivência em condições excepcionais, recebendo
denominações distintas. Os principais exemplos são:
• Cotilédones: são folhas embrionárias com função de
nutrição (reserva), encontradas nas sementes.
• Folhas carnívoras (ou insetívoras): mostram diversas
adaptações para a captura de insetos e outros
organismos. Pode apresentar folhas em forma de urna,
como na Figura A; folhas dotadas de cerdas ou
tentáculos secretores B-C).
• Brácteas (proteção e atração): as folhas podem estar
transformadas em estruturas vistosas ou atrativas, que
auxiliam a polinização. Ex.: bico-de-papagaio (Figura
31D), antúrio (Figura 31E), margarida etc.
• Gavinhas (fixação): tem por função a fixação da planta
em um suporte. Ex.: ervilha. Mas tenha cuidado para
não confundir com as gavinhas caulinares.
• Escamas e catafilos: são folhas, geralmente incolores e
carnosas, que cobrem os bulbos e que protegem as
gemas axilares de muitas plantas. Ex.: cebola.
• Espinhos: é uma estrutura geralmente lignificada, que
apresenta tecido vascular e que corresponde à folha ou
porção desta. Ocorrem espinhos na margem das folhas
do Ilex aquifolium. Em muitas cactáceas, as folhas
podem estar transformadas em espinhos, para reduzir a
transpiração.
TÓPICO 2 - MORFOLOGIA EXTERNA DA FLOR E INFLORESCÊNCIAS
A flor aparece nas gimnospermas com aspecto rudimentar
e são chamadas de estróbilos ou cones, tornando-se mais
especializadas nas angiospermas, o grupo mais derivado
(evoluído) das plantas. Ela é um conjunto de folhas
modificadas que constitui o aparelho reprodutivo desse
grupo vegetal.
De forma geral, uma flor é composta das seguintes
estruturas:
• Verticilos de Proteção
• Verticilos de Reprodução
• Receptáculo
• Verticilos de Proteção (que somados formam o Perianto):
- Sépalas – geralmente verdes ou não muito vistosas, cuja função é a proteção das demais partes da flor no
botão floral. O conjunto de sépalas constitui o Cálice, representado muitas vezes pela letra K.
- Pétalas – geralmente coloridas e muito vistosas, cuja função é a atração de agentes polinizadores. O conjunto
de pétalas é chamado de Corola, e é representado pela letra C.
• Verticilos de Reprodução:
- Estames – seu conjunto é nomeado Androceu. São folhas férteis masculinas, formadas por uma haste, o filete,
e uma parte intumescida, a antera, onde são produzidos e alocados os grãos-de-pólen.
- Carpelos – seu conjunto é chamado Gineceu. Correspondem às folhas férteis femininas, ou seja, o órgão
reprodutor feminino, composto pelo estigma (que recebe o grão-de-pólen), um tubo denominado estilete e o
ovário, onde são encontrados os óvulos. Se a flor for fecundada, ou seja, se o grão-de-pólen chegar até o
estigma do carpelo, o ovário se transformará em um fruto e o óvulo fecundado em uma semente.
• Receptáculo é a porção apical usualmente alargada do pedicelo em algumas plantas, onde estão inseridos os
verticilos florais.
• Pedúnculo ou pedicelo – é o eixo que sustenta a flor.
CLASSIFICAÇÕES GERAIS
a) Quanto à presença do pedicelo ou pedúnculo:
Se a flor presentar esta estrutura, ela é denominada flor pedunculada,
caso contrário é chamada flor séssil.
b) Quanto à disposição do receptáculo:
• Cíclica (A): todos os verticilos formam círculos concêntricos.
Facilmente observada em flores mais derivadas (evoluídas) dentro do
reino vegetal. Nestas flores, o gineceu ocupa a porção central, rodeado
pelo androceu, que por sua vez apresenta-se mais interno que as
pétalas, que são cercadas pelas sépalas. Ex: rosa, maracujá, azaléa,
maçã.
• Hemicíclica: cálice e corola formam círculos concêntricos e o gineceu e
o androceu um espiral. O número de estames e carpelos não é
constante. Ex: fruta-do-conde.
• Acíclica: tanto cálice, corola, gineceu e androceu distribuem-se de
forma espiralada e não têm número definido de elementos. Ex: baguaçu
e todas as magnólias.
c) Flor quanto à simetria:
• Radial ou actinomorfa (A): disposição igual
de todas peças, com diversos planos de
simetria, ou seja, você consegue traçar
vários planos de corte e sempre obtém duas
metades iguais.
• Bilateral ou zigomorfa (B): apresenta um
A
único plano de simetria, ou seja, você só
consegue traçar um único plano de corte
para obter duas metades iguais.
• Irregular: não apresenta nenhum plano de
simetria. Observado com menos frequência.

B
d) Quanto aos órgãos de reprodução:
• Bissexuada, monóclina, hermafrodita – a flor apresenta tanto androceu quanto gineceu.
• Unissexuada ou díclina – cada flor apresenta apenas a parte feminina ou masculina, como ocorre no mamão.
Quando encontramos flores díclinas femininas e masculinas em um mesmo indivíduo, o chamamos de
monoico. Da mesma forma, quando o vegetal produz apenas um tipo ou outro de flor díclina, o chamamos de
dioico. Há casos raros onde encontramos flores monóclinas e díclinas em uma mesma planta. Estas são
denominadas poligâmicas.
PERIANTO
a) Quanto ao perianto (cálice e corola):
• Aperiantada nua ou aclamídea: sem perianto. Ex.: amora (A).
• Monoperiantada ou monoclamídea: apresenta apenas ou cálice ou corola (B).
• Diperiantada ou diclamídea: diz-se da flor que apresenta cálice e corola (C).

b) Quanto aos verticilos protetores:


• Heteroclamídea: com cálice e corola distintos.
• Homoclamídea: com cálice e corola semelhantes (tépalas). Ex.: lírio.
Cálice (representado pela letra K)
a) Quanto ao número de sépalas:
• Monossépalo ou monômero: com uma única sépala;
• Dissépala ou dímero: com duas sépalas;
• Trissépalo ou trímero: com três sépalas;
• Tetrassépalo ou tetrâmero: com quatro sépalas;
• Pentassépalo ou pentâmero: com cinco sépalas;
• Polissépalo ou polímero: mais de cinco sépalas.
b) Quanto à união das sépalas:
• Dialissépalo (corissépalo) (Figura 36A): sépalas não concrescidas, livres entre si;
• Gamossépalo (sinssépalo) (Figura 36B): sépalas concrescidas parcialmente ou totalmente. Pode
ser, ainda, inteiro, lobado, fendido e denteado.

c) Quanto à duração:
• Caduco: se desprende antes da antese (abertura da flor);
• Decíduo: se desprende logo depois da antese;
• Persistente: permanece na flor antes e depois da abertura, podendo ser:
- Marcescente: permanece, mas seca.
- Acrescente: cálice permanece e cresce junto com o fruto, como vemos no tomate.
Corola (representado pela letra C)
a) quanto ao número de pétalas:
• Monopétala ou monômera: com uma única pétala;
• Dipétala ou dímera: duas pétalas;
• Tripétala ou trímera: três pétalas;
• Tetrapétala ou tetrâmero: quatro pétalas;
• Pentapétala ou pentâmera: cinco pétalas;
• Polipétala ou polímera: com muitas pétalas.
b) Quanto à união das peças:
• Dialipétala ou arquiclamídea (coripétala): as pétalas não estão unidas
entre si. Ex.: roseira.
• Gamopétala ou metaclamídea (simpétalas): as pétalas estão unidas
umas às outras. Ex.: azaleia.
ANDROCEU (REPRESENTADO PELA LETRA A)
• O conjunto de estames é denominado androceu
e representa a parte masculina da flor. Os
estames são formados pela antera, onde são
produzidos os grãos-de-pólen, e pelo filete, que é
a haste que sustenta e eleva a antera (Figura 32).
Em casos menos frequentes, o filete pode estar
ausente. Neste caso o estame é denominado
séssil.
• Classicamente o estame é interpretado como um
androsporófilo (=microsporófilo) que porta os
androsporângios (=microsporângios ou sacos
polínicos).
Algumas classificações do Androceu
a) Quanto ao número de estames numa flor:
O número de estames por flor é variável. Existem flores com um só
estame, e flores com mais de cem estames. Quando encontramos de um
até 12 estames, a flor apresenta androceu definido (A,C), enquanto que,
se houver mais de 12, o chamamos de indefinido (B).
b) Quanto ao número de estames “versus” número de peças nos
verticilos protetores:
• Oligostêmone: número de estames menor que o número de pétalas;
• Isostêmone: número de estames igual ao número de pétalas;
• Diplostêmone: número de estames é o dobro do número de pétalas;
• Polistêmone: número de estames maior que o número de pétalas.
c) Quanto à união dos estames:
• Gamostêmone (A): os estames apresentam-se unidos
entre si. Podem estar unidos pelas anteras ou pelos filetes.
• Dialistêmone (B-C): estames livres entre si. Estes estames
podem ser regulares (quando todos apresentam
aproximadamente o mesmo tamanho, como no maracujá;
ou irregulares, quando os estames apresentam tamanhos
diferentes, como no ipê-amarelo (C)).
d) Quanto à união dos estames com as pétalas:
• Livres: os estames estão presos apenas ao receptáculo,
sendo livres desde a base.
• Epipétalos: os estames estão presos às pétalas.
e) Quanto à fixação da antera ao filete:
• Antera apicefixa (A): o filete une-se à antera pelo ápice
(mais raro).
• Antera dorsifixa (B): o filete une-se à antera pelo dorso.
• Antera basifixa (C): o filete une-se à antera pela base.
f) Quanto à abertura da antera para liberação dos grãos-
de-pólen:
• Poricida (D): a liberação do grão-de-pólen se dá através
de poros no ápice da antera. Ex.: quaresmeira, azaleia.
• Longitudinal (E): a liberação do grão-de-pólen se dá
através da deiscência da teca por uma fenda longitudinal.
Ex.: lírio-amarelo.
• Valvar (F) (mais rara): a liberação do grão-de-pólen se dá
através de uma ou duas valvas em cada teca. Ex.: canela e
o abacate.
GINECEU (REPRESENTADO PELA LETRA G)
• É o conjunto de carpelos. Os carpelos são órgãos
reprodutores femininos que formam um ou mais
pistilos.
• Morfologicamente, o gineceu compreende as
seguintes partes: ovário, estilete e estigma. O ovário
é a porção basal, dilatada que contém um ou mais
óvulos localizados dentro de cavidades chamadas
lóculo. O estilete é uma porção geralmente alongada
e cilíndrica que une o ovário ao estigma. O estigma é
a porção mais superior que recebe os grãos-de-
pólen, tendo geralmente uma superfície pilosa ou
rugosa. Quando o carpelo apresenta todas as partes
mencionadas é chamado de completo. Se lhe faltar o
estigma (como no abacateiro) ou o estilete (como no
mamoeiro) é denominado incompleto.
Algumas classificações
a) Quanto ao número de carpelos:
• Unicarpelar: apresenta apenas um único carpelo;
• Multicarpelar: composto por dois ou mais carpelos. Temos:
- Bicarpelar: com dois carpelos;
- Tricarpelar: com três carpelos;
- Tetracarpelar: com quatro carpelos;
- Pentacarpelar: com cinco carpelos.
b) Quanto à união dos carpelos do gineceu multicarpelar:
• Dialicarpelar ou apocárpico (A): todos os carpelos
encontram-se separados. Ex.: magnólia.
• Gamocarpelar ou sincárpico (B): todos os carpelos são
concrescidos. Ex.: mamão, maracujá.
c) Quanto aos tipos de estigma:
• Séssil: estigma diretamente afixado sobre o ovário.
• Viscoso: com substância gelatinosa que prende o grão-de-pólen.
• Bilobado: apresentando dois lóbulos.
• Globoso: em forma de globo.
• Bífido: quando amadurece, se divide, assemelhando-se a duas
folhas pequenas.
• Plumuloso: em forma de pluma.
d) Quanto à sua posição do estilete no ovário:
• Terminal: afixado no ápice do ovário.
• Lateral: afixado na lateral do ovário.
• Basal ou ginobásico: afixado na base do ovário.
e) Quanto ao número de lóculos no ovário:
• Unilocular: ovário que apresenta apenas um lóculo. Todo gineceu dialicarpelar é sempre unilocular. Entretanto, há
casos de gineceu com mais de um carpelo, mas com um único lóculo.
• Bilocular, trilocular, tetralocular, pentalocular: ovário que apresenta dois, três, quatro e cinco lóculos, respectivamente.
• Plurilocular: ovário que apresenta muitos lóculos.
f) Quanto à localização do ovário e dos verticilos protetores:
• Súpero ou livre (A): quando o ovário está situado acima da
inserção de cálice e corola, como ocorre no lírio, por exemplo.
• Ínfero ou aderente (C): quando o ovário está situado abaixo da
inserção dos verticilos protetores.
g) Quanto à posição do ovário (está relacionada à decorrência ou
não do hipanto na flor):
• Hipógina (A): com ovário súpero, cálice e corola afixados abaixo do
ovário, sem hipanto.
• Perígina (B): a parede do ovário está livre, porém ocorre hipanto.
Ex.: rosa.
• Epígina (C): a parede do ovário ínfero está soldada à parede do
hipanto. Ex.: pepino.
h) Quanto à maneira como estão afixados os óvulos na placenta do ovário (placentação):
• Marginal (A): quando a placenta se localiza ao longo da margem do carpelo de um ovário unilocular.
• Parietal (B): se os óvulos estão presos à parede do ovário ou às suas expansões.
• Axial (C): quando os carpelos se unem formando um gineceu bimultilocular, as placentas se arranjam
na porção central.
• Central (D): quando a placenta forma uma coluna na região central de um ovário unilocular.
• Apical (E): quando o óvulo se situa na região apical do ovário.
• Basal (F): quando o óvulo se situa na região basal do ovário.
i) Quanto ao número de óvulos:
Quando o ovário apresenta um único óvulo, podemos chamá-lo de unisseminado. Ovários com dois,
três, quatro, cinco óvulos são chamados bisseminado, trisseminado, tetrasseminado e pentasseminado,
respectivamente. Quando há muitos óvulos, podemos denominá-lo de polisseminado.
INFLORESCÊNCIAS
• As flores podem estar organizadas nos ramos de forma
isolada ou agrupada. Este último caso chamamos de
inflorescência.
• De acordo com a sua localização, podem ser denominadas
axilares (quando se originam de uma gema axilar) ou
terminais (quando se originam de uma gema apical).
• Existe uma grande diversidade de inflorescências.
Basicamente são divididas em dois grupos, as inflorescências
racemosas ou indefinidas, quando há um eixo principal
definido, com crescimento indeterminado e com flores que
se abrem da periferia para o centro, ou da base da
inflorescência para o ápice; e as inflorescências cimosas ou
definidas, quando ocorre ao contrário do descrito acima.
• Exemplos de inflorescências racemosas: cacho, panícula,
corimbo, espiga, espádice, capítulo, umbela, sicônio, ciátio.
• Exemplos de inflorescências cimosas: cimeira, dicásio.
TÓPICO 3 - MORFOLOGIA DOS FRUTOS
• Se uma flor for polinizada, seu ovário passará por muitas transformações e se desenvolverá em um
fruto e seus óvulos, se fecundados, nas sementes. Assim, podemos afirmar que o fruto, no sentido
morfológico e estrutural, é o ovário amadurecido de uma flor. Sua função principal é auxiliar na
proteção e dispersão das sementes. O fruto é uma estrutura exclusiva das angiospermas.
• Após a polinização da flor, o fruto começa a ser formado. Ele se desenvolve a partir do ovário, pois é a
parede do ovário (carpelo) que se transforma na parede do fruto, denominado pericarpo.
Didaticamente, distinguimos três camadas que formam o pericarpo: o exocarpo ou epicarpo (que
corresponde à epiderme externa do carpelo), mesocarpo e endocarpo (que corresponde à epiderme
interna do carpelo).
• Quando o fruto está maduro, as demais peças florais, como o cálice, a corola, os estames, podem ou
não continuar presentes, e o pedicelo comumente se espessa para sustentar o fruto.
• Alguns frutos, como o abacaxi (Ananas comosus – Família
Bromeliaceae) e a banana (Musa sp. Família Musaceae)
formam-se sem fecundação prévia. Estes frutos são
chamados de partenocárpicos. Por isso não encontramos
sementes dentro deles.
• A grande heterogeneidade de flores está diretamente
relacionada à ampla diversidade de frutos existentes. Não
apenas as estruturas conhecidas vulgarmente como “frutas”,
como as maçãs, laranjas, melancias, uvas e tantas outras,
mas também as conhecidas como “legumes” (berinjela,
pimentão, jiló, vagens, favas, pepinos, tomates), e os muitos
“cereais”, como o arroz, trigo, milho, centeio, são todos
frutos, de acordo com os conhecimentos botânicos.
• Os frutos podem ser basicamente agrupados em frutos secos
(pericarpo não carnoso) (A) e carnosos (pericarpo suculento)
(B-C). Podem ser ainda deiscentes (quando se abrem na
maturidade para expor suas sementes) (A-B) ou indeiscentes
(quando não se abrem na maturidade) (C).
FRUTOS SIMPLES
São os frutos derivados de um único ovário (súpero ou ínfero)
de uma flor. Podem ser secos ou carnosos, uni ou
multicarpelares (mas neste caso gamocarpelares), deiscentes
ou indeiscentes. Ex.: pêssego, tomate. Os principais tipos de
frutos simples são:
• Frutos secos e deiscentes:
a) Folículo – derivado de um ovário unicarpelar. Abre-se na
maturidade por apenas uma fenda (ao longo da sutura ventral
do carpelo). Ex.: Magnólia e o chichá (A).
b) Legume – também é derivado de um ovário unicarpelar,
mas abre-se na maturidade por duas fendas. Fruto
característico da maioria das espécies da família Fabaceae,
como feijão, ervilha, soja, leucena(B).
c) Síliqua - fruto derivado de ovário bicarpelar, que se abre
por duas valvas laterais, deixando um eixo central (replum)
onde ficam fixadas as sementes. Exemplo: o agrião e a
mostarda (C).
d) Cápsula – fruto originado a partir de um gineceu gamocarpelar,
com dois a muitos carpelos, abrindo:
- por poros no ápice (cápsula poricida), como na papoula;
- por uma fenda localizada ao longo da sutura ou linha de união dos
carpelos (cápsula septícida), como em papo-de-peru e o algodão
(D);
- por uma fenda transversal, liberando uma pequena tampa
(cápsula pixidiária ou pixídio), como no jequitibá (E) e sapucaia ,
ambos pertencentes à família Lecythidaceae;
- por uma fenda localizada na porção mediana dos carpelos (cápsula
loculicida), como no lírio-amarelo;
- pela linha de união dos carpelos, deixando parte dos septos presos
no centro do receptáculo (cápsula septífraga), como observado no
cedro-rosa.
e) Esquizocarpo – derivado de um gineceu gamocarpelar.
Entretanto, na maturidade os carpelos separam-se inteiramente uns
dos outros, formando frutículos livres (denominados mericarpos),
como observado na mamona (F).
• Frutos secos e indeiscentes:
a) Lomento – fruto originado de ovário unicarpelar. Este fruto não
se abre na maturidade, mas fragmenta-se (totalmente)
transversalmente em segmentos unisseminados. Ex: carrapicho-
beiço-de-boi, pega-pega, zórnia (A).
b) Craspédio – derivado de ovário unicarpelar. Semelhante ao
lomento, pois também fragmenta-se transversalmente em
segmentos. Entretanto, após a queda destes, permanece presa ao
receptáculo uma armação formada pela nervura e sutura do
carpelo. Ex: sensitiva (B).
c) Sâmara – apresenta uma ou mais expansões laterais em forma
de asa. Exemplos: tipuana, araribá e bico-de-pato (C).
d) Aquênio – fruto oriundo de um gineceu uni ou bicarpelar, mas
unilocular, contendo apenas uma semente ligada por um ponto à
parede do fruto. Exemplos: girassol e o trigo-sarraceno (D).
e) Cariópse (ou Grão) – fruto típico das espécies da família
Poaceae, como o milho (E), arroz, trigo. Semelhante ao aquênio,
mas neste caso, a única semente fica presa totalmente à parede do
fruto.
f) Noz - contendo uma só semente, totalmente livre da parede do
fruto. Ex: avelã, noz (F), carvalho.
• Frutos carnosos e indeiscentes:
Há basicamente dois tipos de frutos carnosos indeiscentes: as bagas e as drupas. O que as diferencia é a
quantidade de sementes. As bagas contêm várias sementes, enquanto as drupas apresentam uma única
semente, muitas vezes transformada em caroço.
FRUTOS AGREGADOS E MÚLTIPLOS
Frutos agregados e frutos múltiplos representam, na verdade,
conjuntos de frutos simples, que poderão, então, ser identificados
de acordo com suas características específicas. Vejamos:
a) Frutos agregados: são derivados de muitos ovários de uma
única flor (gineceu multicarpelar dialicarpelar), mais ou menos
concrescidos. No morango (A), na fruta-do-conde (B) e na
framboesa ou amora-silvestre (C), muitos ovários amadurecidos
de uma flor estão todos unidos a um receptáculo carnoso comum,
comestível.
b) Frutos múltiplos ou compostos: consistem em ovários
amadurecidos de muitas flores de uma inflorescência que
concrescem, formando uma infrutescência. Como exemplos
podem ser citados o figo (D) e a amora (E).
“ Obrigada!

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