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Finalidade
Apresentar conceitos, técnicas, condutas e estratégias que possibilitem à equipe multipro-
fissional realizar o controle de sintomas de pacientes que enfrentam uma doença grave,
independentemente do prognóstico.
Objetivos pedagógicos
Ao final desta unidade, você estará apto a:
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Unidade 2
Controle de sintomas
Introdução
Controlar adequadamente os sintomas que causam desconforto, em especial delirium, dor,
dispneia e náusea, é uma parte essencial da assistência de qualidade aos pacientes que en-
frentam doenças graves, independentemente do prognóstico. Além disso, todos os profissio-
nais de saúde têm papel no controle dos sintomas de desconforto dos pacientes.
Como profissionais da área de saúde, somos capacitados a avaliar, com foco curativo, cada
paciente mediante seus sintomas e queixas; porém é de suma importância que possamos
olhar para o paciente como um todo, e não somente para a sua doença. É preciso enxergá-lo
de forma integral, como sujeito que depende de nosso cuidado, independentemente da fase
da doença, a fim de prestar uma assistência de saúde com qualidade.
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Unidade 2
Os pacientes em fase avançada de doença sofrem com uma enorme variedade de sintomas
intensos que causam desconforto, prejudicam muito a qualidade e, por vezes, também a
quantidade de vida. São sintomas que em geral não são amenizados com os tratamentos es-
pecíficos da doença – ao contrário, são piorados nos casos que evoluem mais cedo ou mais
tarde com a esperada piora da doença.
Com o avançar da doença em direção ao final da vida, esses sintomas podem se tornar ainda
mais prevalentes, como mostra o gráfico abaixo, extraído de um estudo que analisou sinto-
mas nos últimos meses de vida de pacientes com doenças avançadas.
60
Ocorrências Mensais, %
50
40
30
20
10
0
12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Já no Gráfico 2, a seguir, você encontra a frequência dos principais sintomas que acometem
pacientes com doenças graves.
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Unidade 2
100
90
80
70
60
50
Dor
Falta de ar
40
Fadiga ou falta de energia
Anorexia
30
Náusea ou vômito
20 Constipação
Ansiedade ou nervosismo
10 Depressão ou tristeza
Boca seca
0 Distúrbios do sono
Câncer Insuficiência DPOC Insuficiência Demência AIDS
Cardíaca Renal
Congestiva Crônica
E este é o objetivo principal desta seção: conhecer ferramentas e estratégias para controlar
sintomas intensos de pacientes com doenças graves e que ameacem a vida.
O primeiro objetivo é aprender a enxergar os dois focos que precisamos ter quando assisti-
mos um paciente: a doença e o sofrimento.
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Unidade 2
Doença
Sofrimento
Ressaltamos mais uma vez que ambos os focos são necessários: oferecer um cuidado huma-
nizado sem um tratamento adequado à doença é uma assistência sem qualidade; e prover um
tratamento adequado da doença, porém sem cuidar adequadamente do sofrimento, também
é uma assistência sem qualidade.
A avaliação inicial de cuidado paliativo começa com uma avaliação dos sintomas físicos que
estão incomodando o paciente.
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Unidade 2
Ao final da avaliação inicial, precisamos ter uma visão clara de quais são os
sintomas físicos que estão causando sofrimento no paciente, sua avaliação de
impacto na qualidade de vida e uma hipótese ou um diagnóstico preciso do motivo
desses sintomas. E então vamos para o próximo passo.
Este curso enfatizará os cuidados ao sofrimento físico, emocional, social e espiritual dos
pacientes, relembrando que a assistência deve ser multiprofissional e individualizada para
cada paciente.
Vamos lá então?
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Unidade 2
Dor total
Entre todas as dimensões de sofrimento que um ser humano enfrenta durante uma doença
grave, o cuidado ao sofrimento físico deve ser sempre o primeiro a ser abordado. Isso porque
a dor, a dispneia ou a náusea não controladas impactam negativamente em todas as outras
dimensões do sofrimento. Além disso, com esses sintomas intensos, fica muito difícil – quiçá
possível – trabalhar e cuidar de forma efetiva das outras dimensões do sofrimento.
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Unidade 2
Essa escala foi submetida a uma tradução e validação transcultural para o português do
Brasil pelo Grupo de Cuidados Paliativos de Barretos. Consiste em dez itens em que o próprio
paciente refere a intensidade de seus sintomas, pontuando de 0 a 10, conforme você pode
conferir na tabela a seguir.
Esta é uma escala de avaliação de sintomas. Você responderá a dez itens com respostas que
variam de 0 (mínima intensidade) a 10 (máxima intensidade). Por favor, circule o numero que
melhor descreve os seus sintomas nas últimas 24 horas:
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Unidade 2
Uma das maiores vantagens de se aplicar uma escala como o ESAS-Br é que, com frequência,
nós, profissionais, estamos focados em um sintoma relacionado com a doença. No entanto, o
sintoma que mais incomoda o paciente pode não se relacionar à doença principal: por exem-
plo, um paciente idoso com DPOC pode sofrer muito com uma dor lombar, e este ser o sin-
toma que lhe cause mais sofrimento. Colher sistematicamente um screening dos principais
sintomas está associado à melhora da qualidade do controle dos sintomas.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10
Unidade 2
Para concluir
Podemos identificar que, para o controle adequado dos sintomas, é imprescindível uma ava-
liação criteriosa do paciente, de forma individual e integral.
Aqui abordamos algumas escalas e sintomas aos quais devemos nos atentar ao avaliar o
paciente.
Lembre-se de que para cuidar é preciso primeiro reconhecer e definir os principais sintomas
a serem manejados e olhar o paciente como um todo.
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Unidade 2
Conceitos de dor
A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) define dor como “uma experiência
sensorial e emocional desagradável, associada a dano real ou potencial, ou descrita em ter-
mos de tal dano”. Entender a dor como experiência sensorial e emocional amplia bastante o
conceito simplista e errôneo de dor como sinônimo de lesão tecidual.
O dano tecidual pode ser mais precisamente associado a um dos possíveis componentes da
experiência da dor: especificamente, seu componente nociceptivo.
O dano tecidual é transformado em sinal elétrico e, pelas vias nociceptivas aferentes, vai da
periferia até o tálamo, conforme é possível observar na imagem esquemática a seguir
Corno
Estímulo Nervo posterior
Ativa Nociceptor
doloroso periférico da medula
Vias
ascendentes
Tálamo 1a sinapse
Ex. o trato
espinotalâmico
A maior parte das medicações analgésicas atua nas vias nociceptivas aferentes, reduzindo
ou bloqueando a intensidade desse sinal. Porém, no tálamo e nas vias e estruturas subse-
quentes envolvidas na transmissão desse sinal (amígdala, parte anterior do giro do cíngulo,
ínsula, hipotálamo, córtex pré-frontal, córtex sensorial primário e secundário), ele será pro-
cessado e integrado.
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Unidade 2
A experiência da dor não é proporcional à lesão que gera a dor. É o resultado do processa-
mento sensório-discriminativo, afetivo e cognitivo da lesão ou da potencial lesão tecidual.
Isso é o que a neurociência nos mostra no século XXI e também o que, através da observa-
ção rigorosa e perspicaz, Cicely Saunders percebeu na metade do século passado, quando
cunhou o termo “dor total”.
Impacto
funcional
Afetivo
e simbólico
Sensório-
discriminativo
Nocicepção
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Unidade 2
Uma mesma origem etiológica – digamos, uma metástase óssea – pode ser sentida por di-
ferentes pessoas como diferentes síndromes dolorosas – nociceptiva ou neuropática, por
exemplo – e responder de forma diversa a diferentes intervenções.
Existem quatro grandes grupos de síndromes dolorosas. Abaixo você pode encontrar as ca-
racterísticas de cada uma delas.
Síndromes Percepção da
Subtipo Origem Descrição
dolorosas localização
Nociceptiva
somática Pele, mucosas Bem localizada –
superficial
Nociceptiva Músculos,
Nociceptiva Bem localizada (pode ser
somática ossos, –
segmentar)
profunda articulações
Lesão ou Queimação,
disfunção de fisgada, choque,
Respeita dermátomo ou
Neuropática – estruturas formigamento,
distribuição do nervo
do sistema coceira, dormência,
nervoso alodinia
Mista –
Fonte: Adaptada de Alves Neto, Dor princípios e praticas, 2009 e Walsh, Palliative Medicine, 2009.
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Unidade 2
E quando o paciente está inconsciente? Ele sente dor? E se sente, como avaliar?
Como veremos a seguir, a nocicepção pode estar preservada quando um paciente está seda-
do ou mesmo quando apresenta uma lesão no sistema nervoso central, ou seja, embora um
paciente com demência ou com sedação possa não se lembrar ou refletir sobre a experiência
dolorosa, o estímulo doloroso pode ainda causar desconforto e gerar sensações desagradá-
veis se estruturas límbicas estiverem funcionantes. Em suma, precisamos também avaliar e
cuidar da dor em pacientes inconscientes.
Duas escalas podem ser úteis nessas situações. Ambas já foram validadas e adaptadas para
o português do Brasil. São elas:
Imagem esquemática das escalas avaliativas em pacientes que estão com dor.
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Unidade 2
Tabela 3. Versão final da Escala de Avaliação de Dor em Demência Avançada – PAINAD-Br – Brasil, 2013
• Careta
• Triste
• Sorrindo ou • Resmungos ou gemidos
Expressão facial • Assustada
inexpressiva altos
• Franzida
• Choro
• Rígida
• Tensa • Punhos cerrados
Linguagem • Andar angustiado /aflito • Joelhos encolhidos
• Relaxada
corporal de um lado para o outro • Puxar ou empurrar para
• Inquietação longe
• Comportamento agressivo
Total
Pontuação: O total de pontos varia de 0-10 pontos. Uma possível interpretação da pontuação é 1-3 = dor,
4-6 = dor moderada, 7-10 = dor intensa. Essas variações são baseadas numa escala-padrão de dor de
0-10, mas não foram comprovadas na literatura para essa avaliação.
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Unidade 2
Relaxada 1
Sem movimento 1
Tolera movimentos 1
Adaptação Tosse com movimentos 2
à ventilação
mecânica Briga com o ventilador 3
Total
Com isso, vimos os conceitos essenciais sobre dor. Relembre com a imagem abaixo.
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Unidade 2
Avaliação da dor
Um mesmo tipo de lesão – por
Experiência da dor
exemplo, uma metástase óssea
A experiência da dor não é – pode determinar dores de
determinada somente pela diversos tipos em diferentes
lesão tecidual, mas também é pessoas. Por isso, precisamos
o resultado do processamento avaliar qual síndrome dolorosa
da informação nociceptiva pelo o paciente apresenta, e não só
sistema nervoso central. o que causa a dor.
Experiência Avaliação
da dor da dor
Conceitos
SOBRE DOR
Síndromes Definição
da dor da dor
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Unidade 2
Nosso enfoque principal aqui, por questão de prioridade, será desenvolver conhecimentos
para tratar crises agudas de dor intensa em pacientes com doenças graves e montar um
plano inicial de cuidados pós-crise de dor.
Com o conhecimento que já vimos até agora, sobre avaliação e conceitos essenciais em dor,
fica mais fácil entender quando estamos diante de um paciente com crise de dor intensa.
Isso pode ser definido como uma dor que o próprio paciente classifica com uma nota maior
ou igual a 8, e/ou que o incapacite de realizar qualquer movimento pela dor. Podemos ago-
ra também entender que essa experiência de dor pode ter início em uma lesão tecidual, e o
sinal nociceptivo (originado de lesões como corte, lesão lítica, lesão inflamatória, ou outros
danos) pode ter sido amplificado pelo medo, por exemplo, tornando a experiência de dor in-
tensamente desconfortável.
O primeiro conceito a ter claro é que, diante de um paciente com uma doença grave que se
apresente com uma crise aguda ou agudizada de dor intensa, precisamos agir com inter-
venções que sejam rapidamente eficazes. Isso inclui medicações – que ainda veremos nesta
seção – e outras ações não medicamentosas – que veremos nas duas seções seguintes.
Em relação às medicações, é fundamental saber que numa crise intensa de dor de um pacien-
te que sofra de doença grave, o controle da dor com analgésico simples é exceção, ou seja, o
controle com analgésico simples (como dipirona, paracetamol ou anti-inflamatório) acontece
em crises de dor leve e, eventualmente, dor moderada. Por isso, não é recomendado que a
crise de dor intensa seja tratada somente com analgésicos fracos.
Há quase três décadas, a OMS recomenda utilizar a escala analgésica para guiar a prescrição
de analgésicos para controle da dor, como mostramos na figura a seguir.
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Unidade 2
Dor intensa
Degrau 3
Dor moderada
Degrau 2
Dor leve
Degrau 1
Drogas adjuvantes
Para uma analgesia eficaz e segura de uma crise de dor intensa em um paciente com doença
grave, precisamos de uma droga com início de ação rápida, que seja efetiva e que idealmente
tenha curta duração.
Infelizmente a morfina carrega muitos mitos e as pessoas ficam muito assustadas em pres-
crevê-las, entretanto, ela é a droga mais segura e eficaz para esse tipo de situação. Alguns
conhecimentos de farmacologia nos permitem utilizar essa droga de maneira mais segura.
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Unidade 2
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Unidade 2
A tabela a seguir apresenta a conversão de opioides de acordo com a sua equipotência. Con-
fira detalhadamente:
Morfina 10 mg 30 mg 2h-4h
Oxicodona# – 20 mg 8h-12h
O quadro a seguir demonstra alguns cuidados importantes para se atentar aos pacientes que
estão recebendo opioides. Confira com atenção:
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Unidade 2
Morfina via oral (VO) é eficaz, porém tem início de ação mais lento: seu início de ação se
01 dá em torno de 30 minutos após a ingestão, com pico de ação em 45 minutos a 1 hora. Sua
duração de ação é de 2 a 4 horas.
Morfina endovenosa (EV) também é eficaz, com início de ação mais rápido, mas com duração
mais curta. O início de ação da morfina EV se dá em aproximadamente 3 minutos, com pico
02
de ação em 15 minutos. Sua duração também é de 2 a 4 horas, mas, com maior frequência, a
duração fica mais próxima de 2 horas.
Morfina via subcutânea (SC) também é eficaz, tem início de ação rápido (3 a 5 minutos), pico
03 de ação de 15 a 30 minutos, e duração de 2 a 4 horas, mas com maior frequência perto das 4
horas.
A via SC pode ser usada através de hipodermóclise, conforme discutido mais à frente. A
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hipodermóclise é uma via confortável, segura, de baixo custo e bastante eficaz.
A morfina tem como um dos principais efeitos colaterais a constipação. Todo paciente com
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prescrição de morfina deve ter uma prescrição de laxante. Veremos mais sobre isto adiante.
Cabe sempre perguntar ao paciente ou ao familiar mais próximo sobre o uso prévio da
morfina ou outros analgésicos fortes. Esta pergunta ajuda no cálculo da dose adequada,
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caso o paciente já esteja em uso, e também na identificação de contraindicação em caso de
eventual reação adversa prévia.
Fonte: Organizado e adaptado de UptoDate Acute opioid intoxication in adults. Authors: Andrew Stolbach,
MD, MPH, FAACT, FA- CMT, FACEPRobert S Hoffman, MDS ection Editor: Stephen J Traub, MD Deputy Editor:
Jonathan Grayzel, MD, FAAEM. Contributor Disclosures. All topics are updated as new evidence becomes
available and our peer review process is complete. Literature review current through: Apr 2019. | This topic
last updated: Apr 19, 2018.
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Unidade 2
Reiteramos que intoxicações graves são exceções, com menos de 1% dos casos nas situa-
ções em que opioides são administrados por profissionais capacitados, mesmo assistindo
pacientes muito frágeis. E, mesmo nas raras situações de intoxicações graves, ela pode ser
rápida e seguramente revertida. É comum o paciente ter uma sonolência discreta após as pri-
meiras doses e acordar se sentindo melhor depois de um breve cochilo, efeito que acontece
somente após as primeiras dosagens.
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Unidade 2
A codeína é uma opioide fraco, porém cada vez mais evidências apontam que
sua ação é bastante irregular: até 10% da população não apresenta a enzima
hepática necessária para sua metabolização, condição necessária para sua ação
analgésica. Além disso, a codeína apresenta um perfil de efeitos colaterais maior
Codeína do que o da morfina.
Em um estudo recente, pacientes com câncer e dor moderada foram
randomizados para receber codeína versus morfina em dose baixa. O grupo
morfina em dose baixa apresentou melhor controle de dor e menos efeitos
colaterais que o grupo codeína (Bandieri et al. Journal of Clinical Oncology 2016).
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Unidade 2
Lembre-se de que não precisamos, nem devemos, usar os opioides como única
classe de analgésicos. Essa recomendação é especialmente válida para situações
de dores crônicas.
Vamos ver rapidamente então outras opções de analgésicos adjuvantes que podem auxiliar
nessas situações. Aqui entram os analgésicos simples e os analgésicos adjuvantes.
• Dipirona;
Analgésicos
• Paracetamol;
simples
Essas drogas podem reduzir a dose necessária de opioide para controle de dor. Ressaltamos,
no entanto, que dificilmente são capazes de tirar um paciente de uma crise aguda de dor in-
tensa, e, por esse motivo, não devem ser utilizadas sozinhas nessas situações.
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Unidade 2
• Gabapentina;
• Pregabalina;
• Duloxetina;
• Venlafaxina;
Analgésicos
adjuvantes
• Nortriptilina;
• Carbamazepina;
• Quetamina;
• Canabinoides.
Essas drogas têm um importante papel no uso crônico, para que não depositemos todas as
nossas opções analgésicas nos opioides. Usamos, assim, diversas drogas, com mecanismos
de ação complementares, além de tratamentos não farmacológicos, constituindo o trata-
mento multimodal da dor.
O CDC recentemente publicou o Guidelines Reducing the Risks of Relief – The CDC
Opioid-Prescribing, que está no The New England e em outras revistas também
recomendando como se deve prescrever ou não prescrever opioides. Tem várias
recomendações, mas o que queremos frisar resumidamente é a necessidade de evitar
o uso de opioide para o paciente que tem dor crônica não oncológica.
Opioide para dor crônica não oncológica pode piorar a dor a longo prazo. Por exemplo:
pacientes com lombalgia, com do- res por lesão de esforços repetitivos podem ter
piora da dor a longo prazo com uso de opioide e, portanto, devemos pensar em outras
estratégias, tanto o uso de adjuvantes quanto de medidas não farmacológicas como
acupuntura, TENS, fisioterapia, agulhamento e outras múltiplas estratégias existentes
para dor de medidas não farmacológicas
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Unidade 2
Geralmente acontece nos primeiros dias de uso ou nos primeiros dias após
aumento de dose. Pode acontecer se o paciente desenvolver insuficiência
Letargia, tontura, renal ou outra complicação.
lentidão para pensar/
Se persistir ou piorar:
tomar decisões
Considere reduzir a dose ou compartilhar com o paciente preferência pelo
período em que ele escolha ficar mais alerta, mesmo que com mais dor.
Até aqui abordamos a experiência sensorial da dor. Conforme vimos, a International Asso-
ciation for the Studies of Pain recomenda que a dor não é apenas uma experiência sensorial,
mas também uma experiência emocional, e isso não é uma questão menor. Essa questão
emocional da dor foi percebida pela própria Cicely Saunders na década de 1960. Por isso,
as orientações e cuidados não farmacológicos são tão importantes quanto o que vimos até
agora e a estudaremos a seguir.
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Unidade 2
Além disso, com a redução da dor, o paciente aumenta a sua funcionalidade, melhorando a
sua qualidade de vida.
Destacamos a seguir algumas estratégias físicas que podem ajudar no controle da dor. Ana-
lise-as com atenção:
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Unidade 2
A utilização de calor superficial é uma técnica que pode ser aplicada visando
analgesia através da diminuição de espasmos musculares e promoção do
relaxamento muscular. Podem ser usadas para dores nociceptivas viscerais, como
cólicas.
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Unidade 2
A estimulação elétrica se baseia na teoria das comportas; dessa forma, a intensa estimu-
lação elétrica nas lâminas medulares do corno posterior diretamente da periferia faz com
que interneurônios sejam ativados para modular a dor de forma inibitória. É usada como
coadjuvante ao tratamento medicamentoso, é um recurso não invasivo e de fácil aplicação,
que pode ser utilizado em pacientes jovens, adultos e idosos, com possibilidades de induzir
analgesia prolongada.
Não provoca efeitos colaterais, tem poucas contraindicações e não apresenta custo elevado.
Acupuntura
Possui melhor evidência para alguns tipos de dores associadas a doenças graves. Eventual-
mente pode ser associado como estratégia complementar. A acupuntura auricular tem sido
descrita como uma técnica segura, barata e eficaz na redução da dor de pacientes onco-
lógicos. Tal efeito é conseguido graças à restauração da harmonia e do equilíbrio corporal
através de estímulos realizados em pontos específicos do pavilhão auricular que provocam
reflexos sobre o sistema nervoso central.
Terapia manual
Pode ser utilizada para complementar o alívio da dor, diminuindo a tensão muscular, melho-
rando a circulação tecidual e diminuindo a ansiedade do paciente. A massagem terapêutica
inibe a transmissão de estímulos nocivos ao estimular grandes fibras nervosas, alterando a
percepção da dor e produzindo uma resposta de relaxamento, o que diminui o nível de exci-
tação psicofisiológica produzida pelo estresse, criando um estado de calma e melhorando a
capacidade de repouso, além de provocar alterações fisiológicas como a diminuição da pres-
são arterial, da frequência cardíaca, do consumo de oxigênio e da tensão muscular.
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Unidade 2
Mobilidade/Atividade física
Imobilismo causa dor, assim como posturas inadequadas ou sobrecargas de grupos mus-
culares. Avaliação de fisiatras e/ou fisioterapeutas, promovendo exercício (não necessaria-
mente para reabilitação, mas, eventualmente, para analgesia), orientações de postura, uso
de órteses/próteses, entre outros, são medidas que podem contribuir para prevenir a dor.
Também tem sido descrita como uma importante aliada no controle da dor, seja através de
exercícios cardiovasculares, de fortalecimento ou alongamento. Evidências mostram que a
atividade física é capaz de reduzir diversos tipos de dor, como as osteomioarticulares, além
de estar associada ao bem-estar físico e mental, à qualidade do sono, à diminuição da fadiga,
à inclusão social dos indivíduos e à melhora da qualidade de vida.
A dor dificulta as atividades de vida diária e está associada à ansiedade, depressão e distúr-
bios do sono, influenciando fortemente a qualidade de vida dos pacientes. Para o seu manejo
adequado, observe com atenção as informações descritas na imagem esquemática a seguir:
32
Unidade 2
Um paciente com uma doença grave em geral já está numa situação de maior vulnerabilidade.
Se ainda por cima essa pessoa se encontra com dor, sua sensação de vulnerabilidade tende a
aumentar ainda mais. Um profissional que olhe nos olhos e seja capaz de demonstrar com seu
olhar, suas palavras e suas ações que se importa com o paciente e que está ali para ajudá-lo
transmite segurança e pode ajudar o paciente a passar pela crise de dor com menos sofrimento.
Cuidado para evitar os excessos: falar de menos e deixar o paciente angustiado por não saber o
que estão fazendo com ele; ou falar demais e, por ansiedade ou insegurança, dar detalhamentos
técnicos excessivos para um paciente que não está interessado.
A melhor maneira para dosar é ser assertivo e compassivo. Ou seja, ser claro, falar simples e, ao
mesmo tempo, manter sua empatia, compaixão e atenção voltadas ao que o outro possa estar
sentindo. E reagir a essas sensações de forma acolhedora e segura, esclarecendo dúvidas à
medida que elas aparecem.
3. Trabalhe em time
Uma sensação de pesadelo para quem está sendo cuidado é ver que a equipe está batendo
cabeça ou batendo boca entre si. Tenha consciência de que profissionais de saúde precisam jogar
em time. Como qualquer time de alta performance, eventuais desentendimentos fazem parte e
devem ser tratados de maneira profissional e construtiva: conversando com o outro profissional
– fora da presença do paciente – em busca de um objetivo comum. É preciso alinhar, esclarecer
dúvidas, fazer boas perguntas para esclarecer suas dúvidas e buscar uma solução consensual.
Algumas crises de dor são de dificílimo controle, mesmo para especialistas experientes. Não
é demérito nem fraqueza perguntar, pedir ajuda ou solicitar avaliação de outra equipe: pelo
contrário, é sinal de honestidade, integridade e sabedoria.
É importante ressaltar que todas essas técnicas podem ser utilizadas levando-se
em conta o tipo de dor, as indicações e contraindicações de forma individualizada.
33
Unidade 2
Para concluir
A avaliação detalhada da dor do paciente é cuidado importante do manejo – reconhecer tipo
de dor, intensidade, local, fatores que a atenuam e a agravam auxilia na decisão de condutas.
34
Unidade 2
Dispneia
Conceitos
Dispneia é definido pela American Thoracic Society como a “experiência subjetiva de des-
conforto respiratório, que consiste em sensações qualitativamente distintas que variam em
intensidade”.
Assim como a dor, dispneia não é a expressão direta de um evento sensorial, mas sim o pro-
duto de um processamento elaborado pelo cérebro, referente a uma variedade de estímulos
neurais.
É importante ficar atento ao fato de a dispneia não ser igual a hipoxemia ou dessaturação.
35
Unidade 2
(por exemplo, em
Dispneia situações de pessoas
não é igual a hígidas fazendo um O que isso significa?
hipoxemia ou esforço físico extenuante)
dessaturação
A dispneia é um
sintoma, e saturação é
um sinal. Nem sempre
E também é possível não
um sinal é igual a um
ter dispneia e saturar 80%
sintoma.
Em pacientes graves, a dispneia pode ser causada por inúmeras doenças e síndromes, muitas
delas eventualmente passíveis de intervenções específicas.
36
Unidade 2
Dispneia é um dos sintomas mais prevalentes em pacientes críticos e naqueles em fase final
de vida, e, infelizmente, muitas vezes é tratado de forma inadequada. Num estudo america-
no envolvendo mais de 9 mil pacientes, quase todos os pacientes com antecedente de DPOC
queixaram-se de dispneia moderada ou intensa nos três últimos dias de vida. Mesmo em
pacientes sob ventilação mecânica invasiva, a dispneia pode estar presente, com uma preva-
lência de até 47% dos indivíduos.
37
Unidade 2
Em um estudo randomizado, publicado por Higginson et al. no Lancet Respir Med 2014, a
estratégia da paliação da dispneia em pacientes com pneumopatias avançadas, além de me-
lhorar qualidade de vida, aumentou a sobrevida de maneira significativa, conforme é possível
observar no gráfico a seguir:
38
Unidade 2
Gráfico 3. Um serviço integrado de Cuidados Paliativos e respiratórios para pacientes com doença
avançada e falta de ar refratária: um ensaio clínico randomizado
60
40
20
0
0 200 400 600 800 1.000 1.200
Dias de consentimento
Número de risco
Serviço de suporte 53 50 35 24 13 4
de falta de ar
Controle 52 38 28 18 11 4
Pacientes que estão em processo ativo de morte frequentemente apresentam padrões res-
piratórios alterados (por exemplo, respiração Cheyne-Stokes, apneia intermitente ou hiperp-
neia). A presença de taquipneia ou respiração irregular nesses pacientes não deve ser con-
fundida com a sensação subjetiva de dispneia.
39
Unidade 2
Pacientes Doenças
Pneumopatas Cardiopatas
oncológicos neurodegenerativas
sobretudo com como a esclerose
câncer de pulmão lateral amiotrófica
Imagem esquemática dos tipos de pacientes em que a dispneia é potencialmente angustiante e limitante.
Uma busca pela causa subjacente, especialmente quando o grau de dispneia muda
rapidamente, pode ocasionalmente ser apropriada. No entanto, tais investigações
não devem atrasar o tratamento dos sintomas.
Podemos cuidar para que o paciente fique sem dispneia mesmo que não haja possibilidade de
intervenção para a doença que causa a dispneia. Para isso, precisamos compreender o que
está causando a dispneia, reverter o que pode ser revertido e paliar o sintoma que causa
desconforto.
Portanto, abordaremos as intervenções para o controle do sintoma dispneia, que podem ser
oferecidas concomitantes ao tratamento específico da doença, ou até mesmo constituir toda
a assistência oferecida nos casos em que a doença causadora não tiver mais possibilidade de
ser tratada.
40
Unidade 2
Opioides são a principal classe de medicação para o controle de crises intensas de dispneia
em pacientes com doenças graves.
Existem receptores opioides distribuídos tanto no parênquima pulmonar quanto nos núcleso
respiratórios, e os mecanismos de ação sugeridos dos opioides no controle da dispneia são
os seguintes:
41
Unidade 2
Letargia/
Parada
confusão Miose Sonolência Bradipneia Mioclonias
respiratória
mental
em casos graves
Infográfico sobre as informações de estudos prospectivos, randomizados e controlados observaram
a segurança e eficácia do uso de morfina no alívio da dispneia.
Fonte: Organizado pelos autores.
Opioides em doses baixas são medicações seguras e recomendadas por sociedades médicas
e por especialistas para serem utilizadas no controle da dispneia intensa em pacientes com
doenças avançadas, tituladas pela sintomatologia e com reavaliação constante. A tabela a
seguir apresenta as opções medicamentosas com suas respectivas ações no controle da
dispneia. Analise com atenção:
42
Unidade 2
Opções
Ação no controle da dispneia
medicamentosas
Inalação com Diminui a secreção brônquica e melhora batimento mucociliar, com melhora
anticolinérgicos do clearence de secreções. Úteis e eficazes em pacientes com DPOC.
Mucolíticos e/ou Para pacientes com secreção abundante podem aliviar o sintoma, mesmo
antibióticos que não possam reverter a doença subjacente.
No quadro a seguir você confere uma sugestão de assistência a um paciente em fase final
de evolução do DPOC, com nova crise de descompensação e queixa de dispneia intensa. Con-
sidere o cenário no qual o objetivo de cuidado é de priorizar conforto na fase final de vida,
permitindo a morte da forma mais natural e menos sofrida possível, sem uso de medidas
invasivas, o que já havia sido previamente alinhado entre paciente e equipe:
43
Unidade 2
44
Unidade 2
Diversas estratégias de ações físicas podem ajudar no controle da crise de dispneia. Conheça
algumas delas a seguir.
45
Unidade 2
46
Unidade 2
Porém, para pacientes em fases avançadas da doença, o papel da VNI não é claro, e as evi-
dências que apoiam seu uso são limitadas. Alguns estudos mostram que pacientes em cuida-
dos visando exclusivamente o conforto submetidos à VNI relatam sono insuficiente, têm baixa
tolerância e não apresentam melhora dos sintomas com o procedimento.
É fundamental que a decisão pelo uso da VNI seja muito criteriosa; caso contrário, corre-se
o risco de aumentar o sofrimento do paciente, da família e de todos envolvidos no cuidado,
uma vez que a VNI dificulta a comunicação, podendo impactar negativamente nesse momento
de despedidas e resoluções de pendências.
Resumindo, a VNI é uma ferramenta que pode ser bem ou mal utilizada de acordo com a fi-
nalidade que se deseja.
Oxigenoterapia
Evidências mostram que o uso de oxigênio não traz benefício para pacientes que não apre-
sentam hipoxemia; no entanto, o oxigênio pode proporcionar alívio para pacientes hipoxêmi-
cos ou para pacientes com DPOC que não apresentam hipoxemia.
Alguns estudos mostram que não houve diferença significativa no alívio da dispneia em
pacientes não hipoxêmicos que receberam oferta de ar comprimido quando comparado
à oferta de oxigênio. Já a terapia de oxigênio com cânula nasal de alto fluxo tem sido
utilizada com sucesso em pacientes com insuficiência respiratória hipoxêmica, porém
ainda não existem evidências que indiquem seu uso no cenário paliativo.
47
Unidade 2
Você sabia?
Exercício físico, treinamento muscular e respiratório com respiração superficial e
hiperinsuflaçao dinâmica, posicionamento adequado, respiração labial, assim como
orientações, podem ajudar significativamente no controle de sintomas, conforme
mostram diversas evidências.
48
Unidade 2
Ações comportamentais
Novamente, o acolhimento e a segurança dos profissionais durante o atendimento podem
ter significativo impacto. Dispneia é intensamente ansiogênico, o que, quando muito intenso,
pode piorar a performance respiratória, gerando mais dispneia e mais ansiedade, num ciclo
de piora.
A família também pode ter um papel crucial. Se o paciente está angustiado com
seu familiar à beira do leito, e o familiar à beira do leito angustiado com o paciente,
entramos no mesmo círculo vicioso. Por isso, é importante acolher o família ao
mesmo tempo que se assiste o paciente. Isso pode ser feito olhando nos olhos
do familiar e explicando de forma clara e compassiva o que está sendo feito para
melhorar a falta de ar do paciente.
Uma estratégia muitas vezes utilizada é manter um ventilador ou nebulização a uma distância
próxima do paciente, a fim de mantê-lo confortável, pois essa estratégia não farmacológica
pode diminuir a sensação de dispneia.
Você sabia?
Pelo menos dois estudos pequenos, porém randomizados, mostram que o uso de
ventiladores portáteis reduzem a sensação de dispneia. As evidências sugerem que
o mecanismo subjacente são mecanorreceptores na face que modulam a percepção
da dispneia.
49
Unidade 2
Para concluir
A dispneia é um dos sintomas mais incapacitantes para os pacientes.
Muitas vezes, gera ansiedade tanto no paciente como naqueles que o cercam.
Por isso, o seu manejo é um dos cuidados que devemos focar, atentando sempre para as
medidas farmacológicas e não farmacológicas para seu controle.
50
Unidade 2
Náusea
Qualquer um que já teve náuseas ou vômitos sabe o quanto esses sintomas impactam na
qualidade de vida.
A boa notícia é que, mesmo para pacientes em fase final de vida, sem nenhuma possibilidade
de tratar a doença, a eficácia do tratamento de controle dos sintomas chega próximo aos
90%, porém com o uso de conhecimentos de Cuidados Paliativos para controle de náuseas
e vômitos. É isso o que aprenderemos a seguir. Começaremos com uma rápida revisão de
fisiopatologia, para depois discutirmos como paliar esses sintomas.
51
Unidade 2
Outra causa do vômito são os movimentos. Você já teve esse reflexo quando
desceu a serra em direção ao litoral ou em uma montanha-russa? Pois bem,
Movimento
essa situação ocorre quando o sistema vestibular é acionado pelo mecanismo
acetilcolina e estamina, o centro do vômito é ativado e então vomitamos.
52
Unidade 2
Manejo farmacológico
Quanto ao tratamento da náusea, todos os medicamentos a seguir são antieméticos. No en-
tanto, às vezes não sabemos ou nos esquecemos de seu efeito antiemético e os subutiliza-
mos no vasto arsenal de que dispomos.
• Pró-cinéticos/benzamidas;
• Neurolépticos;
• Fenotiazinas;
• Anti-histamínicos;
• Corticoides;
• Anticolinérgicos;
• antagonistas de 5HT3;
• Análogos da somatostatina;
• Benzodiazepínicos;
• Antagonistas NK1;
• Canabinoides.
53
Unidade 2
Imagem esquemática das manobras para o controle das náuseas. Fonte: Adaptada
de CALIXTO-LIMA, L. et al . Dietetic management in gastrointestinal complications
from antimalignant chemotherapy. Nutr. Hosp., Madrid, v. 27, n. 1, feb. 2012 .
54
Unidade 2
Existem evidências científicas apoiando o uso do ponto de acupuntura PC6 com diferentes
métodos (invasivos ou não) para o tratamento de náuseas e vômitos de diversas etiologias:
pós-operatório, gestação, quimioterapia entre outros. O ponto PC6 localiza-se no meridiano
do pericárdio, sobre o nervo mediano, entre os tendões dos músculos palmar longo e flexor
radial do carpo no antebraço, a um sexto da distância entre a prega distal do punho e a prega
cubital.
O exato mecanismo de ativação do ponto PC6 pela TENS é ainda desconhecido, mas sugere-se
que a ação deste no controle de náuseas e vômitos seria similar ao que ocorre nos mecanis-
mos de controle da dor, agindo tanto em nível medular quanto no sistema nervoso simpático,
que por sua vez atuaria no trato gastrointestinal e no tronco encefálico, através da liberação
de opioides endógenos.
Você sabia?
Estudos mostram que pacientes submetidos à aplicação de TENS no ponto PC6
apresentaram redução significativa tanto na intensidade da náusea quanto no
número de episódios de náuseas e vômitos no período das 24 horas após a
aplicação.
55
Unidade 2
Para concluir
Reconhecer a náusea como sintoma importante para os pacientes é fundamental em nossa
prática diária, e saber os mecanismos e medicações a que podemos recorrer para seu mane-
jo é parte essencial de nossas assistências.
Cabe ressaltar que o manejo não farmacológico é muitas vezes peça importante para o con-
trole deste sintoma, relembrando, que para que possamos manejar um sintoma, devemos
primeiro ter uma avaliação detalhada e individual do paciente.
56
Unidade 2
Delirium
Introdução
A origem da palavra delirium é atribuída ao latim deliro-delirare, de-lira, que significava “es-
tar fora do lugar”.
É considerada uma condição multifatorial, definida por início agudo, curso flutuante, distúr-
bios da consciência, atenção, orientação, memória, pensamento, percepção e comportamen-
to. Além disso, os efeitos dos diversos fatores de risco parecem ser cumulativos.
Hiperativa
Hipoativa
Mista
Quando o delirium está presente, uma investigação detalhada é essencial para identificar a
causa subjacente, se possível. É importante ter um conhecimento profundo do diagnóstico
principal do paciente, comorbidades, sintomas, atividade anterior, estado cognitivo, estado
nutricional e prognóstico.
A relação entre a mortalidade e o delirium em doentes críticos não está completamente es-
tabelecida:
58
Unidade 2
NÃO SIM
Pare, não há delirium Ir para característica 2
Característica 2: Inatenção
O paciente tem dificuldade para manter a atenção?
SE RASS ≠ 0 SE HASS = 0
Há delirium Ir para característica 4
Teste do comando
Mostre dois dedos ao paciente por alguns segundos e peça para ele fazer o mesmo gesto.
Então, peça para que ele repita, agora com a outra mão.
Caso o paciente esteja impossibilitado de utilizar uma das mãos, peça que ele adicione um dedo à mão
inicialmente testada.
59
Unidade 2
Fonte: Adaptado de White J, Hammond L. Delirium Assessment Tool for End of Life:
CHIMBOP. J Palliat Med. 2008;11(8): 1069.
60
Unidade 2
Manejo farmacológico
Na prática clínica, a agitação psicomotora, normalmente, necessita de manejo farmacológico
devido ao risco de ocorrência de eventos adversos, tais como tração de dispositivos, extuba-
ção ou até mesmo queda do paciente.
Algumas ações indicadas para o manejo farmacológico do delirium estão descritas na tabela
abaixo:
Antidepressivo Escitalopram
61
Unidade 2
62
Unidade 2
Para concluir
Controlar os sintomas físicos é parte necessária na busca da qualidade de vida e cuidado do
sofrimento. Dor, náusea ou dispneia são problemas que impactam na percepção de qualida-
de de vida de qualquer ser humano. Vimos aqui uma abordagem inicial para o controle des-
ses sintomas. Existe muito mais conhecimento ainda disponível para ajudar nesses sintomas.
Além disso, há muitos outros sintomas que podem impactar na qualidade de vida e podem ser
controlados. Nosso objetivo neste curso é oferecer uma abordagem inicial, que possa ser ra-
pidamente aprendida para lidar com a maior parte dos casos, que são aqueles que requerem
os conhecimentos mais essenciais de Cuidados Paliativos. Mas lembre-se: trabalhe em equi-
pe e entre equipes, e peça ajuda ou orientações de especialistas ou profissionais com maior
expertise sempre que possível quando se deparar com situações de maior complexidade que
não respondem às abordagens iniciais.
E o controle de sintomas físicos é necessário, mas não suficiente para uma assistência de
Cuidado Paliativo de qualidade. É só o começo para o adequado cuidado do sofrimento das
pessoas. Afinal, o sofrimento não é só físico, ele é também psíquico, emocional, social e es-
piritual, e essa visão ampliada do que é cuidar do sofrimento e buscar a qualidade de vida é
o que chamamos de Cuidados Paliativos. Nas próximas seções, desenvolveremos os conheci-
mentos para cuidar das outras dimensões do sofrimento.
63
Unidade 2
Nesta seção, veremos como reconhecer e como cuidar de pacientes e familiares que passam
por essa fase da vida.
Estes conhecimentos são essenciais para que profissionais possam assistir de forma adequa-
da um paciente até o último momento de vida. Esses momentos ficam na história da pessoa
que se vai, na memória dos seus familiares e podem também impactar a vida de profissionais
de saúde.
64
Unidade 2
Presenciar uma morte desassistida e sofrida pode ser uma experiência traumatizante. Pre-
senciar uma morte em que tudo é feito para o conforto do paciente e seu familiar, e teste-
munhar uma vida que se encerra de forma natural, serena e pacífica, pode, por outro lado,
ser uma vivência transformadora e de grande aprendizagem para familiares e profissionais,
honrando o fim da vida do paciente. Esse é o grande objetivo desta seção.
Vamos lá?
Como reconhecer que um paciente que tem uma doença em fase avançada ou
final está na fase de morte iminente? Ou: como reconhecer que um paciente
está morrendo de uma situação terminal e irreversível?
Para responder a essa pergunta, precisamos dividi-la em duas perguntas menores. Confira
atentamente no fluxograma abaixo:
65
Unidade 2
Figura 4. Reconhecimento de paciente que está morrendo por uma situação terminal e irreversível
Fonte: Adaptada de Bailey FA, Harman SM. The last hours and days of life. UptoDate, 2019.
66
Unidade 2
O Palliative Prognostic Index é uma ferramenta validada para paciente com câncer
em cuidados de fim de vida para estimar tempo de vida durante a fase final de vida.
Link: https://bpgmobile.rnao.ca/content/palliative-prognostic-index-ppi
Para oferecer um adequado cuidado de conforto durante a fase de morte iminente, precisa-
mos cuidar adequadamente do sofrimento nas suas quatro dimensões.
Há um declínio funcional progressivo que pode estar marcado por uma fraqueza. A evolução
dessa piora na funcionalidade ocasiona um quadro em que o paciente permanece acamado a
maior parte do tempo.
Torna-se importante assim prever o planejamento para ajudar pacientes com suas ativida-
des básicas de vida diária, em especial, trocas e higienizações. Estas últimas, nas fases mais
finais da vida, quase sempre precisam ser realizadas no próprio leito.
67
Unidade 2
Higiene e conforto
Cuidado com o ambiente
O espaço físico onde o paciente está acomodado deve ser um ambiente que favoreça o con-
forto, acolhimento e proteção de riscos externos à sua condição clínica atual. Dessa forma, é
preciso construir um ambiente seguro, que englobe pensar no paciente, familiares, cuidado-
res e profissionais que atuam naquele cenário, naquele cenário, além de adaptar o ambiente
de forma que favoreça conforto, acolhimento e proteção de riscos externos à sua condição
clínica do momento. Algumas condutas são descritas no quadro a seguir:
Uma vez que pacientes que permanecem maior tempo no leito, merecem
Adequação de atenção especial ao colchão ou a espumas que garantam melhora da circulação,
cama e poltrona bem como atentar para possíveis pregas em lençóis, que possam lesionar o
paciente.
68
Unidade 2
Principalmente nestas situações, os cuidados com a higiene do corpo devem ter como foco
contribuir para o conforto do paciente e dos seus familiares. Para tanto, é essencial que a
equipe esteja atenta à presença de sintomas e/ou desconfortos relacionados à manipulação
do paciente. Além disso, a preferência do paciente quanto ao horário para realização dos cui-
dados de higiene corporal deve ser conhecida, respeitada e negociada desde a sua admissão,
buscando conciliá-la com a rotina da equipe de saúde.
Você sabia?
A higiene oral é um aspecto de extrema importância para o bem-estar do
paciente e quando realizada de forma inadequada pode gerar problemas de saúde
secundários como dor, dificuldade de ingestão alimentar e/ou de fala, infecções,
xerostomia (sensação de boca seca) etc.
Há, ainda, a importância em atentar-se para a promoção do conforto, que deve se basear em
encontrar posições confortáveis para o paciente, que já se encontra debilitado e dependente
do próximo para movimentação.
69
Unidade 2
Lesões de pele
Quando pensamos na terminalidade da doença, é importante sabermos identificar sinais e
sintomas que indicam a progressão da doença. Devemos ressaltar que as alterações da pele
também podem aparecer e, em muitos casos, serem inevitáveis, ocorrendo mesmo após a
aplicação de intervenções adequadas.
Você sabia?
A pele, como maior órgão do corpo humano, tem a propriedade de refletir
externamente a situação em que se encontra o organismo. Sendo assim, como
ocorre com os demais órgãos, pode sofrer disfunção quando a pessoa está em
fase final de vida.
Entre os anos de 1990 a 2000, alguns autores citaram a possível ocorrência da disfunção
cutânea no final de vida, denominada como “skin failure”. No ano de 2008, foi proposto o pri-
meiro fórum sobre o tema por um painel internacional, constituído de dezoito especialistas,
em Chicago, para discutir e elaborar um consenso sobre as modificações de pele no final da
vida (Skin Changes At Life’s End – SCALE).
70
Unidade 2
Posicionamento 1
As mudanças fisiológicas que acontecem durante o processo de morte podem afetar a pele e os tecidos
moles, manifestando-se como:
• modificações observáveis (objetivas) na cor, turgor ou integridade da pele;
• ou como sintomas subjetivos, como a dor localizada.
Essas alterações podem ser inevitáveis, ocorrendo mesmo após aplicação de intervenções adequadas
ou excedentes de padrões de cuidado.
Posicionamento 2
Posicionamento 3
Demandas centradas no paciente devem ser avaliadas, incluindo dor e atividades de vida diária.
Posicionamento 4
Posicionamento 5
Expectativas quanto aos objetivos e preocupações acerca do final de vida do paciente devem ser
comunicadas aos membros da equipe profissional e à família do paciente. A discussão deve incluir o
risco para o desenvolvimento de SCALE, além de outras modificações da pele, perda de integridade e
lesão por pressão.
Posicionamento 6
Posicionamento 7
A avaliação completa da pele deve ser realizada regularmente, documentando-se todas as áreas de
risco, de acordo com o desejo e condições do paciente. É importante focalizar as áreas de proeminências
ósseas e sob as cartilagens, como sacro, cóccix, tuberosidades isquiáticas, trocanteres, escápulas,
região occipital, calcâneos, dedos, nariz e orelhas. Devem-se descrever as condições da pele e das
lesões como observadas.
Posicionamento 8
Devem-se definir a(s) causa(s) provável(is) das modificações da pele e o plano de cuidados. Para
Posicionamento 7
A avaliação completa da pele deve ser realizada regularmente, documentando-se todas as áreas de
Unidade 2
risco, de acordo com o desejo e condições do paciente. É importante focalizar as áreas de proeminências
ósseas e sob as cartilagens, como sacro, cóccix, tuberosidades isquiáticas, trocanteres, escápulas,
região occipital, calcâneos, dedos, nariz e orelhas. Devem-se descrever as condições da pele e das
lesões como observadas.
Posicionamento 8
Posicionamento 9
Devem-se definir a(s) causa(s) provável(is) das modificações da pele e o plano de cuidados. Para
estabelecer as estratégias adequadas de intervenção, devem-se considerar os cinco “P”:
1. Prevenção;
2. Prescrição (a cicatrização pode ocorrer mediante tratamento adequado);
3. Preservação (manutenção sem deterioração);
4. Paliação (prover conforto e cuidado); e
5. Preferência (de acordo com os desejos do paciente).
Posicionamento 10
Pacientes, familiares e a(s) equipe(s) devem ser educados quanto às SCALE e ao plano de cuidados.
Você sabia?
No estudo de Maida et al (2008), uma série prospectiva de casos, com 664
pacientes, dos quais 415 (70%) tinham diagnóstico oncológico, 593 (88,5%) foram
acompanhados por equipe de cuidados paliativos desde a primeira consulta até a
morte. Durante o período do estudo, identificaram-se 891 novas feridas, das quais
60,6% eram lesões por pressão.
Quanto à definição e a classificação das lesões por pressão, observe com atenção o quadro
a seguir:
72
Unidade 2
Não classificável Perda da pele em sua espessura total e perda tissular não visível.
Definições adicionais
Relacionadas
Resulta do contato prolongado com utensílios usualmente encontrados no
a utensílios
domésticos domicílio de pacientes cadeirantes ou restritos ao leito.
73
Unidade 2
A Úlcera Terminal de Kennedy (UTK) é um fenômeno experimentado por pessoas que se apro-
ximam do fim da vida. Ela foi notificada pela primeira vez por Karen Kennedy, em 1983, em
uma unidade de cuidados intermediários do Byron Health Center, Estados Unidos. Seu início é
repentino, e a deterioração do tecido acontece rapidamente, mesmo no decorrer de um único
dia (CARVALHO; AMARAL, 2013).
As UTK são consideradas lesões por pressão que apresentam formato diferenciado (pera,
ferradura ou borboleta), com margens irregulares; tem início súbito, normalmente como
abrasão, bolha ou área escurecida e cuja piora é drástica e ocorre em 48 horas; a coloração
pode ser vermelha, amarela, púrpura ou preta. Estudos demonstram que após o surgimen-
to, a sobrevida encontrada por Kennedy foi de até seis semanas de vida. No quadro a seguir
apresentamos uma comparativo das lesões por pressão e a úlcera terminal de Kennedy,
analise-o com atenção.
74
Unidade 2
Manejo nutricional
Alimentação
Aposto que você algum dia já se viu remetido ao passado, saboreando algo que costumava
comer com grande prazer. O cuscuz, o capuccino da vó, o bolinho de chuva da tia, a papinha
de pão que a mãe fazia, o pudim de leite do tio, um bolo de fubá…
Essas sensações, imortalizadas na nossa memória, têm um forte poder e nos trazem um
conforto inexplicável…
Conforto, isso que buscamos para nosso paciente em tratamento paliativo. Muito mais que
nutrir o corpo, buscamos nutrir sua alma, seu conforto, seu bem-estar, sua tranquilidade.
Alimentar-se, segundo o
Dicionário Aurélio, significa:
Junto com essa fonte de preocupação, ouvimos dos acompanhantes e da equipe de cuidado:
“Ele não está comendo” ou então “Ela está piorando, não está comendo nada”.
75
Unidade 2
É nesse momento que devemos explicar ao acompanhante, ou até mesmo para a nossa equi-
pe multiprofissional sobre a necessidade de priorizarmos a alimentação afetiva, e não a ali-
mentação nutracêutica. Uma alimentação traga conforto, e não a preocupação de ser saudá-
vel ou nutritiva. Devemos ajudar esse paciente a se alimentar de forma que se sinta acolhido,
e não tenha a preocupação de conseguir comer, ou de passar mal.
Hoje, muitos artigos e estudos já mostram que a alimentação enteral não aumenta a sobre-
vida do paciente, por este motivo, é importante pensar em condutas adequadas para esta
situação:
76
Unidade 2
Síndrome de anorexia-caquexia
Em um estudo realizado no Rio Grande do Sul com 213 pacientes do programa de internação
Domiciliar interdiciplinar, foi verificado:
Principal sintoma
apresentado no
73% recebiam
momento da
internação - dieta via oral
anorexia: 63,8%
• Reforço das primeiras refeições do dia, uma vez que a anorexia é geralmente menos in-
tensa no início do dia;
• Comer devagar, com refeições frequentes e em baixo volume e evitar a ingestão de líqui-
dos durante as refeições. Estas medidas visam combater a saciedade precoce e distensão
gástrica, que, quando associadas com perda de apetite, limitam a ingestão de dieta;
77
Unidade 2
Diarreia
• Incentivar a higiene oral antes das refeições para melhorar o paladar;
• Fracionar a alimentação;
• Confort food (desperta conforto e bem-estar ao ser consumida, muitas vezes associada a
uma comida de pessoal especiais e como característica tem a simplicidades);
• Uso de suplementação.
Em paralelo à fraqueza progressiva, neste momento ocorre também uma inapetência pro-
gressiva.
A seguir você confere informações de alimentos que devem ser usados e evitados nos casos
de diarreia, analise atentamente.
78
Unidade 2
Preferir: Evitar:
Líquidos: água de coco, líquido isotônico, água Leite e derivados: creme de leite, requeijão,
filtrada ou fervida, além de chás de qualquer queijo prato, parmesão, muçarela, iogurte,
espécie (como mate, erva-doce, erva-cidreira, manteiga etc.
camomila, hortelã, casca de goiaba etc.) e sucos
(limão, maçã cozida, caju, goiaba coado). Farinhas e derivados de aveia, cevada e
centeio (contém glúten): cereais em flocos,
Sopa de legumes: chuchu, abobrinha, cenoura, achocolatados, sopas em pacote, malte, levedura
batata, inhame, mandioquinha, abóbora. de cerveja, farinha de soja (não contém glúten,
mas alto teor de gordura).
Frutas: maçã sem casca, caju, goiaba, banana-
prata, pera sem casca , maracujá, limão, Bebidas que: contêm cafeína (café em pó ou
pêssego. solúvel); são gaseificadas (refrigerante, água
com gás) ou fermentadas (vinho e cerveja).
Carnes magras (sem gordura): frango e peixe
sem pele assados, grelhados ou cozidos. Oleaginosa: nozes, amendoim, abacate,
castanha.
Outras opções: arroz, macarrão, semolina,
fubá, água de arroz, maisena, cuscuz de tapioca, Vegetais folhosos: alface, agrião, espinafre,
torradas, biscoito maisena, bolacha água e sal, acelga, couve, bertalha.
torradas, pão francês, tomate sem pele e sem
sementes. Vegetais ricos em ácidos estimulantes da
contração vesicular: alcachofra, pimentão,
alho, cebola, alho-poró.
Imagem esquemática dos alimentos que devem ser preferidos e evitados no manejo nutricional em casos de
diarreias.
79
Unidade 2
Obstipação
A obstipação é frequentemente acompanhada por anorexia, desconforto, dor, e distensão
abdominal. Quando prolongada, pode causar náuseas, vômitos, desequilíbrio hidroeletrolíti-
co, formação de fezes secas e duras, que causam dor e podem levar à formação de fecaloma.
Confira na imagem esquemática a seguir os alimentos que devem ser utilizados em casos de
obstipação:
Preferir:
Uma outra opção de manejo nutricional para os pacientes que apresentam obstipação é o
uso do suco laxativo. Confira com atenção o seu preparo no quadro abaixo:
80
Unidade 2
¼ de mamão papaia;
Para 1 copo de
½ copo de suco de laranja;
200 ml, bater:
5 ameixas pretas e sem caroço.
Xerostomia
Em um estudo realizado em Santa Catarina com 86 pacientes, 56% deles apresentaram algu-
ma manifestação oral, das quais a mais frequente foi a xerostomia.
50
46
45
40
35
30
25
20
15
10
5 4
2 1 1
0
Xerostomia Herpes Afta Candidiase Mucosite
simples
81
Unidade 2
• Chupar balas sem açúcar: deve-se evitar o açúcar neste caso, já que a saliva é uma pro-
teção natural para os dentes;
• Comer alimentos mais macios, bem temperados e com molhos: são mais fáceis de se-
rem ingeridos do que alimentos secos;
• Se bem tolerado, ingerir alimentos gelados, utilizar cubos de gelo e picolés para hidrata-
ção, além das águas, chás, sucos, isotônicos, água de coco;
• Ingerir suco de mamão papaia ou mesmo a fruta podem ajudar a tornar a saliva mais
fluida;
Mucosite
Após instalada, o tratamento da mucosite oral é sintomático, dependendo do grau em que se
apresenta, bem como da dor do paciente, a qual é subjetiva e varia de pessoa para pessoa.
Quando necessário, recomenda-se o uso de analgésicos e anestésicos tópicos, além de opioi-
de sistêmico, visando o alívio da dor.
82
Unidade 2
• Hidratação;
Pode-se usar uma receita de gelatina calmante como opção. Confira no quadro abaixo o seu
preparo:
83
Unidade 2
A alimentação é um dos poucos momentos em que a família se sente ativa nos cuidados. Es-
timular que paciente e familiares realizem a refeição juntos, ter mais flexibilidade na rotina
da alimentação, ouvir os medos e receios dos acompanhantes e tranquilizá-los sobre as mu-
danças na alimentação do paciente podem contribuir para deixar este momento menos tenso
para o doente e seus familiares.
84
Unidade 2
Dor e dispneia já foram abordados neste curso – fique atento à essa fase da vida,
pois esses sintomas podem se intensificar e exigir mais cuidados e medicações.
Veremos a seguir algumas opções para amenizar esses e outros sintomas nessa fase da vida.
A respiração ruidosa surge nas últimas horas/dias de vida e decorre da capacidade de deglu-
tição prejudicada associada a eventual sialorreia mais acentuada. O resultado é o acúmulo
de secreção em via aérea superior, que, por sua vez, causa uma respiração ruidosa, gerando
muito desconforto em especial para familiares – o paciente, nesta fase da vida, em geral já
está naturalmente em coma devido a múltiplas disfunções orgânicas, incluindo hipoxemia e
hipotensão.
Este padrão frequente pode ser amenizado utilizando-se medidas que reduzem a secreção de
saliva (incluindo anticolinérgicos). Os principais estão apresentados no quadro abaixo.
85
Unidade 2
Além disso, para pacientes que estão com nível de consciência preservado, a fisioterapia
pode lançar mão de técnicas como as manobras de higiene brônquica e tosse assistida ma-
nualmente. Evidências mostram que a técnica de insuflação-exsuflação mecânica, que con-
siste em ofertar uma pressão positiva ao paciente para inflar os pulmões, seguida por uma
pressão negativa para promover a expectoração, quando bem indicada, pode ser utilizada de
maneira segura em pacientes que estão recebendo Cuidados Paliativos, promovendo contro-
le da secreção de forma não invasiva e com menos desconforto se comparada à aspiração
traqueal.
86
Unidade 2
Extubação paliativa
Quando o paciente encontra-se em ventilação mecânica invasiva, sem reversibilidade do qua-
dro e todas as tentativas de desmame da ventilação são falhas, a manutenção do suporte
ventilatório pode tornar a qualidade de vida do paciente inaceitável, causando ainda mais
sofrimento.
Nesses casos, a extubação paliativa pode ser uma alternativa de cuidado, permitindo o pro-
cesso de evolução de morte ocorrer de forma natural e sem a presença de recursos in-
vasivos. Normalmente, quando a extubação é realizada por melhora clínica do paciente, o
fisioterapeuta é sujeito ativo durante todo processo, conduzindo o desmame ventilatório e
realizando a extubação propriamente dita; por isso, quando pensa-se em extubação paliativa,
o fisioterapeuta também deve ser incluído desde o início, de forma a participar da comuni-
cação com família e equipe, da tomada de decisão e de todo cuidado antes, durante e após a
extubação paliativa.
87
Unidade 2
88
Unidade 2
Hipodermóclise
Em pacientes idosos ou em fase avançada de doença crônica-degenerativa, deve-se conside-
rar a utilização de vias alternativas para infusão de medicações, uma vez que podem apre-
sentar fragilidade capilar e dificuldade para receberem medicação por via oral. Uma via de
administração de medicação muito utilizada em cuidados paliativos é a hipodermóclise.
Indicações Contraindicações
• Impossibilidade de acesso venoso: pacientes • A velocidade de absorção dos fluidos por via SC
com difícil acesso venoso (veias finas e frágeis) é reduzida na presença de edemas e hematomas
e que tenham o seu sofrimento aumentado pelas no sítio de infusão, já que esta ocorre por difusão
constantes tentativas de punção; situações em capilar.
que o acesso venoso representa impossibilidade
ou limitação para a administração de
medicamentos e fluidos decorrentes de flebites,
trombose venosa e sinais flogísticos.
89
Unidade 2
90
Unidade 2
0,05-0,15 mg/
Midazolam TA: 24h
kg/h
+ + SF 0,9% com
concentração
Sedação
Ondansetrona 8-24 mg final máxima de
0,5 mg/ml
+ +
SR: 24h
Bromoprida 20-60 mg
Náuseas /
Dexametasona 10-20 mg SG 5% TA: 24h
Vômitos
91
Unidade 2
92
Unidade 2
Figura 6. Localização topográfica das regiões do corpo que podem ser escolhidas
como sítio de punção SC
Anterior Posterior
93
Unidade 2
Recomendações:
• Devem ser evitadas as áreas de pele com linfedema, com irradiação recente,
com presença de erupção de qualquer tipo, sobre proeminências ósseas, nas
proximidades de articulações, tumorações, pele lesionada, infectada e sobre ascite.
• Fazer rodízio do sítio de punção respeitando a distância mínima de 5 cm do local
da punção anterior.
• Após a administração de medicamentos, injetar 1 ml-2 ml de SF 0,9% para
garantir que todo o conteúdo do dispositivo seja introduzido no sítio de punção.
• Se for observado edema local persistente, recomenda-se diminuir o gotejamento
ou suspender a infusão.
Sedação paliativa
Cabe mencionar o conceito da sedação paliativa. Recomenda-se que ela seja feita pelo envol-
vimento de um profissional com capacitação específica em sedação paliativa. A sua definição
é uma administração intencional de medicamentos que causa sedação, ou seja, que rebaixa o
nível de consciência do paciente que tem um sintoma intratável em uma condição muito pró-
xima da morte. O quadro a seguir apresenta a medicação de escolha, confira atentamente:
94
Unidade 2
A sedação paliativa é um tratamento que deve ser sempre discutido com o paciente,
caso ele esteja lúcido, e com os familiares, pois é importante que todos estejam na
mesma página sobre como funciona e o objetivo da sedação, que é diminuir o nível
de consciência da pessoa ao mínimo possível para que ela não perceba o sintoma
que a esta incomodando. Além disso, como trata-se de terapêutica instituída na
fase final de vida, é importante avaliar se é o momento para estimular despedidas
É muito importante que esse alinhamento seja feito com a equipe de enfermagem, que parti-
cipa ativamente do cuidado e que também tem várias questões específicas para serem ajus-
tadas nessa fase da vida do paciente. Além de todas essas questões mais técnicas sobre o
tempo e o processo, existe uma série de outras questões que surgem nesse momento.
95
Unidade 2
96
Unidade 2
Quadro 26. Principais causas da ansiedade em pacientes com doenças graves e em pacientes no fim da vida
Você sabia?
Alguns fatores podem ser observados tanto no paciente quanto nos cuidadores
principais, como: apreensão, medo, nervosismo, tensão muscular, inquietação,
aflição, dispneia, insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração, anorexia,
náusea, vômito, palpitação, preocupação intensa.
O medo é uma resposta emocional à ameaça real ou percebida, que pode ser protetor e
parte de um processo de elaboração e tomada de decisão. A ansiedade é a antecipação
de uma eventual ameaça futura. Em ambos, se a experiência é muito intensa, pode
paralisar o indivíduo em seu processo de adaptação à realidade que está posta.
97
Unidade 2
A idade parece ser, na maioria dos estudos, um fator de risco para depressão.
Idade Indivíduos mais novos apresentam maior prevalência de depressão e relatam o
sofrimento psicológico mais frequentemente.
Presença de
Dor é, particularmente, fator de risco maior para depressão e suicídio em doentes
sintomas não
com câncer, principalmente aqueles com câncer metastático.79,86-89
controlados
Preocupações
Preocupações existenciais e espiritualidade perante a doença progressiva e
existenciais e
incurável.
espiritualidade
98
Unidade 2
Esta perda pode ser real (pessoa, animal ou objeto) ou simbólica (planos, objetivos ou expec-
tativas). A tristeza tem um valor de adaptação psicológica, que sinaliza as necessidades do
indivíduo e, consequentemente, orienta-o para escolhas e ações promotoras do seu bem-es-
tar psicológico.
Na tabela a seguir você compara a distinção entre o luto antecipatório e a depressão, anali-
se-a com atenção:
99
Unidade 2
100
Unidade 2
101
Unidade 2
102
Unidade 2
Acima de tudo, devem ser esgotadas todas as tentativas de alívio desse sofrimento, que co-
mumente promove sentimentos de insegurança, discordância e angústia na equipe envolvida
no cuidado. Neste sentido, o modelo interdisciplinar pode ser um elemento protetor, pois
à medida que a equipe consegue manter seu senso de cooperação (canal de comunicação
aberto e claro), cumplicidade (cuidando e apoiando-se) e conexão (mantendo alinhamento
relacionado ao cuidado), temos um direcionamento no sentido do melhor cuidado a ser ofe-
recido ao paciente e seus familiares.105
Entender, cuidar e respeitar o que é sagrado para o paciente é o grande foco desta dimensão.
Se o paciente já fez uma PAC, esses valores podem estar expressos lá e podem ser recupera-
dos. Caso o paciente não tenha tido essa oportunidade, pode-se perguntar para a família. Por
vezes, o sagrado pode ser buscado através da religião. Se for o caso, pergunte à família se
gostariam de envolver um líder religioso neste momento para fazer uma oração ou oferecer
algum rito específico.
Quando este momento chega, muitas emoções intensas estão presentes, porém é importan-
te que resoluções práticas que sustentam os planos de cuidados construídos em benefício
do paciente, sejam realizadas. Lembre-se de perguntar aos familiares, caso o paciente não
tenha expressado desejo previamente, se ele gostaria de ser cremado – nesta situação, é
necessário a assinatura de dois médicos no atestado de óbito.
Os familiares podem providenciar uma muda de roupa para que a enfermagem ou a equipe
da funerária possa realizar a preparação do corpo. Após o atestado pronto, um familiar deve
levar o atestado a um cartório para a emissão da certidão de óbito – alguns cemitérios têm
cartórios especiais que funcionam à noite. Em caso de dúvidas, assistentes sociais podem
ajudar.
103
Unidade 2
O cuidado de conforto em fim de vida é realizado de maneira ética, segundo as normas pro-
fissionais, quando prestado a um paciente em fase terminal, de enfermidade grave e incurá-
vel, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal. E não é uma omissão: são
necessárias diversas ações para garantir o controle dos sintomas e o conforto do paciente e
de sua família nesta fase da vida.
Para concluir
Cuidar dos últimos dias e horas da vida de uma pessoa é uma responsabilidade e uma oportu-
nidade de aprendizado de vida. Aprender a cuidar desta fase torna-se necessário tanto para
que possamos prestar uma assistência de qualidade quanto para que tenhamos capacitação
para estar preparados para aprender também.
Como disse certa vez a médica paliativista Ana Cláudia Arantes, “precisamos cuidar para que
o último capítulo do livro da vida de uma pessoa seja à altura do restante do livro”.
104
Unidade 2
Considerações finais
Reconhecer e saber cuidar de um paciente em fim de vida é uma competência a ser adqui-
rida e trabalhada ao longo da carreira profissional. Muitas vezes aprendemos as técnicas e
a teoria, porém, no dia a dia, quando nos deparamos com um paciente em fim de vida é que
percebemos o quão complexo é este cuidado, o quanto exige preparo de cada um de nós.
Uma vez que o paciente apresenta necessidades que na maioria das vezes vão muito além do
cuidado físico, é preciso mais do que conhecimento, mas habilidade, reflexão e humanização
para reconhecer os aspectos de sofrimento do paciente e da família, melhorando assim sua
qualidade de vida nos dias que restam e promovendo o conforto em fim de vida.
Aprender sobre o manejo dos sintomas físicos, psíquicos, sociais e espirituais é fundamental;
não basta saber as medidas, é preciso entendê-las e saber como e quando usá-las. Só assim
poderemos promover uma qualidade de assistência em fim de vida eficaz e desejável.
105
Unidade 2
Exercícios de Fixação
Você finalizou o conteúdo multimídia. Que tal testar o seu conhecimento sobre
os assuntos discutidos nesta unidade?
A. Dor neuropática
B. Dor total
D. Dor emocional
B. Posicionamento do paciente
106
Unidade 2
A. Está entre os efeitos adversos mais frequentes e é um dos que causam mais ansie-
dade entre os pacientes, podendo contar com o controle da alimentação e psicoedu-
cação para seu controle.
D. O controle do ambiente não está associado com um melhor manejo do delirium nos
pacientes.
107
Unidade 2
5. Quanto à importância do conhecimento para o cuidado aos paciente em fim de vida, vale
ressaltar que:
A. Não é importante que o profissional saiba reconhecer quando a fase final de vida
se aproxime, uma vez que seu reconhecimento não irá alterar sua forma de prestar
assistência.
C. Muitas vezes as informações que podem parecer óbvias para profissionais de saúde
não são necessariamente óbvias para os familiares. Por isso, é preciso validar as
informações que são transmitidas a eles.
108
Unidade 2
Gabarito
Questão 1:
Alternativa Correta: B
Comentário:
Dor total é aquela que apresenta-se como um sintoma constituído de dimensões emocionais,
sociais e espirituais. Ou seja, mesmo que os mecanismos físicos que levam à dor sejam os
mesmos em todos os pacientes, o impacto que a dor provoca em cada um deles é único, pois
o contexto em que ela acontece é individual. Como exemplo, uma dor de cabeça para uma
pessoa saudável, com emprego e financeiramente saudável pode não ter o mesmo impacto
que uma dor de cabeça para uma pessoa que acabou de se divorciar e perder o emprego.
Questão 2:
Alternativa Correta: D
Comentário:
Quando ao manejo da dispneia, é preciso que saibamos lançar mão de outras ações não
farmacológicas que podem agir isoladamente, de formas complementares entre si ou
complementares às medidas farmacológicas.
O posicionamento adequado do paciente no leito muitas vezes proporciona uma maior
expansão da caixa torácica, permitindo o aumento da troca gasosa e melhora dos sintomas.
A ventilação não invasiva, se bem tolerada, é indicada para controle dos sintomas da
insuficiência respiratória.
A oxigenioterapia permite que o paciente apresente uma melhor saturação e melhor conforto ao
receber maior aporte de oxigênio. Por vezes, o paciente pode receber esta indicação mesmo que
não apresente baixa de saturação, em caso de apresentar desconforto respiratório.
Há ainda medidas como manter ambiente calmo, controle de ansiedade, entre outros, que
podem favorecer para que o paciente fique mais tranquilo e consiga controlar melhor o
desconforto causado pela dispneia.
A psicoeducação e as técnicas de relaxamento permitem que o indivíduo entenda a natureza de seu
sofrimento e receba orientações para lidar com sintomas psíquicos desconfortáveis. As técnicas de
relaxamento, podem resgatar a sensação de prazer e bem-estar relacionada ao corpo.
109
Unidade 2
Questão 3:
Alternativa Correta: A
Comentário:
A náusea e o vômito estão presente em até 70% dos pacientes oncológicos com doença
avançada e até 50% nas demais doenças avançadas. A eficácia para o controle deste sintoma,
se realizado de forma adequada pode chegar a até 90%, tanto com o uso de medidas
farmacológicas, levando em consideração os diferentes mecanismos de ação a fim de não
repetir medicações com mesmo mecanismo, o que não trará qualquer benefício para seu
controle, quanto para o cuidado não farmacológico, por exemplo estratégias para alimentação
como comer antes de sentir náusea e em pequenas porções; indicar alimentos mais ácidos
e gelados, como exemplo o picolé de limão; combinar horário de antieméticos com horário
da alimentação, como controle da ansiedade; uso de TENS e acupuntura, que podem agir no
centro do vômito; entre outros.
Questão 4:
Alternativa Correta: C
Comentário:
É preciso reconhecer que o delirium é uma síndrome multifatorial e, embora muitas vezes
subdiagnosticado, é um sintoma frequentemente presente nos pacientes e de difícil manejo; no
entanto, podemos encontrar estratégias que auxiliam em seu controle.
É primordial que aconteça uma avaliação criteriosa do estado mental do paciente para definir
se este se encontra confuso. Então é preciso encontrar e eliminar possíveis causas físicas que
podem estar associadas a seu quadro, para tratá-los individualmente.
Além disso, é possível lançar mão de estratégias de manejo de ambiente para auxiliar no
delirium do paciente. Entre alguns dos cuidados para o controle deste sintoma, recomenda-
se trazer para perto dele objetos de uso pessoal e familiares próximo. Relógios e calendários
podem servir para auxiliar na orientação do paciente, bem como mostrar a ele as diferenças
entre dia e noite.
110
Unidade 2
Questão 5:
Alternativa Correta: C
Comentário:
Aquelas informações que são passadas por nós para os pacientes e familiares podem gerar
diversas interpretações e diferentes graus de entendimento. Diante disso, é preciso validar
as informações que são transmitidas, buscando entender a compreensão daqueles que estão
sendo cuidados.
Somente assim adquirimos o conhecimento tanto para cuidar quanto para manejar aquilo que
é necessidade do paciente naquele momento.
111
Unidade 2
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substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.
53. Brasil. Anvisa. Portaria n. 344 de 12 de maio de 1998. Dispõe sobre as normas para a prescrição
e venda de psicofármacos.
115
Unidade 2
54. Brasil. Anvisa. Resolução RDC n. 202 de 18 de julho de 2002. Determina que a Notificação de
Receita “A” não será exigida para dispensação de medicamentos à base das substâncias morfina,
medatona e codeína, ou de seus sais, a pacientes em tratamento ambulatorial, cadastrados no
Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos, do Sistema Único de Saúde e dá
outras providências. Diário Oficial da União. 2002 jul. 22.
55. Brasil. Anvisa. Resolução RDC n. 58 de 05 de setembro de 2007. Dispõe sobre o aperfeiçoamento
do controle e fiscalização de substâncias psicotrópicas anorexígenas e dá outras providências.
56. Brasil. Anvisa. Resolução RDC n. 67 de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de
Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias.
57. Brasil. Anvisa. Resolução RDC n. 27 de 30 de março de 2007. Dispõe sobre o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Produtos Controlados – SNGPC.
58. Brasil. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA). Resolução n. 41
de 13 de outubro de 1995. Aprova em sua íntegra o texto oriundo da Sociedade Brasileira de
Pediatria, relativo aos Direitos da Criança e do Adolescente hospitalizados.
59. Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM n. 1.805 de 2006. Na fase terminal de
enfermidade graves e incuráveis é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos
e tratamentos que prolonguem a vida do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários
para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na perspectiva de uma assistência integral,
respeitada a vontade do paciente ou de seu representante legal. Diário Oficial da União. 2006
nov. 28; seção I, p. 169.
60. Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM n. 1.995 de 2012. Dispõe sobre as diretivas
antecipadas de vontade dos pacientes. Diário Oficial da União. 2012 ago. 31; seção I, p. 269-70.
61. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 19 de 3 de janeiro de 2002. Institui, no âmbito do
Sistema Único de Saúde, SUS, o Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos.
62. Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM n. 2.156 de 28 de outubro de 2016.
Estabelece critérios de admissão e alta em unidade de terapia intensiva. Diário Oficial da União.
2016 nov. 17.
63. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 1.319 GM/MS de 23 de julho de 2002.
Regulamenta o credenciamento de Centros de Referência em Tratamento da Dor Crônica.
64. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS n. 472 de 24 de julho de 2002. Estabelece as
normas para Cadastramento de Centros de Referência em Tratamento da Dor Crônica.
116
Unidade 2
65. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS n. 859 de 4 de novembro de 2002. Aprova o
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Uso de Opiáceos no Tratamento da Dor Crônica –
Codeína, Morfina, Metadona.
66. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 3.150 MS/GM de 12 de dezembro de 2006.
Institui a Câmara Técnica em Controle da Dor e Cuidados Paliativos, e revoga a Portaria GM/MS
n. 19 de 3 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União. 2002 jan. 8.
67. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 2981 de 26 de novembro de 2009. Aprova o
Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.
68. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 4.217 de 28 de dezembro de 2010. Aprova as
normas de financiamento e execução do Componente Básico da Assistência Farmacêutica.
69. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 2488 de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política
Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização
da atenção básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS).
70. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2012.
71. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS n. 1083 SAS/MS, de 2 de outubro de 2012. Aprova
o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Dor Crônica e revoga a Portaria SAS/MS
n. 859, de 4 de novembro de 2002.
72. Brasil. Ministério da Saúde. Caderno de atenção domiciliar. v. 2 Brasília: Ministério da Saúde;
2013.
73. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 874 GM/MS de 17 de maio de 2013. Institui
a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das
Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
74. Brasil. Ministério da Saúde. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: Rename. 8. ed.
Brasília: Ministério da Saúde; 2013. Disponível em: http://u.saude.gov.br/images/pdf/2014/
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75. Brasil. Presidência da República. Lei n. 8.069 de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e
Adolescente.
76. Brasil. Presidência da República. Lei n. 10.289 de 20 de setembro de 2001. Institui o Programa
Nacional de Controle do Câncer de Próstata.
117
Unidade 2
77. Brasil. Presidência da Republica. Lei n. 13.257, de 8 de março de 2016. Dispõe sobre as políticas
públicas para a primeira infância e altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Criança e do Adolescente), o Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo
Penal), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de
maio de 1943, a Lei no 11.770, de 9 de setembro de 2008, e a Lei no 12.662, de 5 de junho de
2012.
78. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 140 de 27 de fevereiro de 2014. Redefine os
critérios e parâmetros para organização, planejamento, monitoramento, controle e avaliação
dos estabelecimentos de saúde habilitados na atenção especializada em oncologia e define
as condições estruturais, de funcionamento e de recursos humanos para a habilitação destes
estabelecimentos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
79. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 483, de 01 de abril de 2014. Redefine a Rede de
Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)
e estabelece diretrizes para elaboração das suas linhas de cuidado.
80. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.141 de 29 de outubro de 2014. Inclui procedimentos
de Atenção Domiciliar no Sistema de Gerenciamento da Tabela Unificada de Procedimentos
(SIGTAP).
81. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.130 de 05 de agosto de 2015. Institui a Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
82. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 825 de 25 de abril de 2016. Redefine a atenção
domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e atualiza suas equipes habilitadas.
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