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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO GREGÓRIO SEMEDO - LUBANGO

PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMITIDAS SEXUALMENTE

CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS E PREVENÇÃO

Discente: Edna Jandira Mirrado Nunes


Turma:
Sala:
Curso:
Período:

Lubango, 2023
Índice

Introdução ......................................................................................................................... 2
1. - Generalidades ............................................................................................................. 3
1.2 - Diversos tipos de doenças sexualmente transmissíveis............................................ 6
1.2.2 - Prevenção .............................................................................................................. 9
1.2.3 - Detecção de casos................................................................................................ 12
1.2.4 - Consequências das doenças sexualmente transmissíveis .................................... 12
1.2.5 - Tratamento imediato ........................................................................................... 14
Conclusão ....................................................................................................................... 16
Bibliografia ..................................................................................................................... 17

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Introdução

As doenças sexualmente transmissíveis são doenças infecciosas que se transmitem


essencialmente através de relações sexuais não protegidas. Poucas doenças sexualmente
transmissíveis são de declaração obrigatória, sendo apenas, segundo o Ministério da
Saúde, a sífilis, hepatite B e infecção por VIH. Tal facto contribui para que seja difícil
apurar o estado real da situação em Angola.

As autoridades de saúde reconhecem que o tratamento e prevenção destas doenças


é fundamental, já que são uma prioridade de saúde pública, devido aos efeitos trágicos
que têm na saúde feminina e infantil e ao facto de algumas infecções sexualmente
transmissíveis facilitarem a aquisição e transmissão do vírus da SIDA.

O estudo sobre o conhecimento das doenças sexualmente transmissíveis e a sua


epidemiologia são fundamentais para o controlo das DST´s, uma vez que permitem
identificar populações e comportamentos de risco e condições sociais e económicas que
poderão estar na base do aumento da vulnerabilidade de cada indivíduo.

Pela importância que as DST´s acarretam para a saúde, este trabalho reverte-se de
uma pertinência científica e social, procurando colmatar uma lacuna que se verifica no
estudo do conhecimento relativo a estas infecções.

As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) são motivos comuns de procura


aos serviços de saúde. Os profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS)
devem estar preparados para manejar e acompanhar essas situações. Este material traz
informação atualizada sobre a abordagem, diagnóstico e manejo das principais DST

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1. - Generalidades

Doenças Sexualmente Transmissíveis Adler (2004) descreve as doenças


sexualmente transmissíveis como sendo infecções cujo principal meio de transmissão é o
contacto sexual. Westheimer & Lopater (2004) especificam que uma doença sexualmente
transmissível é qualquer doença que pode ser transmitida de uma pessoa para outra
através do contacto sexual, como contacto oral-genital, contacto oral-anal, relações
sexuais anais, ou qualquer outro tipo de comportamento sexual.

Segundo a Associação para o Planeamento da Família (APF), as infecções


sexualmente transmissíveis (IST´s) são o agente que pode desencadear as doenças
sexualmente transmissíveis (DST´s). Muitas vezes estas designações são entendidas
como sinónimos, mas, como destaca a APF, o importante é saber que a principal via de
transmissão são as relações sexuais. Neste sentido, a designação “doenças sexualmente
transmissíveis” (DST´s) reflecte maior expressividade e objectividade. Por outro lado, a
designação “infecções sexualmente transmissíveis” apesar de mais abrangente, revela-se
imprecisa, pois muitos germes podem ser transmitidos causando a infecção, podendo, no
entanto, não mostrar sinais ou sintomas, ou seja, a doença (Rodrigo & Mayer-da-Silva,
2003). A antiga terminologia de “doenças venéreas” é, actualmente, raramente utilizada
(Westheimer & Lopater, 2004).

Na década de 1980 surge a chamada “revolução sexual” que trouxe maior


liberdade e tolerância (Neto, 2000). Segundo Masters, Johnson & Kolodny (1995), nessa
época, a sociedade foi assoberbada por novos desenvolvimentos relativos às doenças
sexualmente transmissíveis, como a epidemia do herpes genital que s diminuiu graças à
imensa cobertura de notícias relativas à SIDA.

As doenças sexualmente transmissíveis são um problema de saúde pública, como


refere Adler (2004), e uma das causas mais comuns no mundo, de doença e até de morte,
tendo também consequências a nível económico e social. Como refere o autor, a maior
parte das DST´s são de fácil diagnóstico e de tratamento acessível. No entanto, as doenças
virais, como é o caso do herpes e do HIV, são de alto custo e incuráveis, e o facto de
muitas permanecerem por diagnosticar resulta em morbilidade a longo prazo, o que
resulta em mais gastos a nível monetário.

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Estas patologias são cada vez mais diversificadas e graves, e ameaçam não só a
fertilidade como também a própria vida (Pereira, Morais & Matos, 2008). Foram já
identificadas mais de 30 doenças sexualmente transmissíveis, como mencionam
Westheimer & Lopater (2004), sendo as mais comuns e, por conseguinte, aquelas a que
estamos mais expostos, a SIDA, o herpes genital, o vírus do papiloma humano (HPV),
hepatites, clamídia, gonorreia, sífilis, entre outras.

As DST´s são causadas principalmente por: bactérias, como a clamídia, a


gonorreia, a doença de inflamação pélvica e a sífilis; por vírus, como a hepatite B, o HIV,
o herpes genital, o vírus do papiloma humano; e por parasitas como por exemplo “chatos”
ou sarna (Adler, 2004; Westheimer & Lopater, 2004). Os três sintomas mais presentes
nas doenças sexualmente transmissíveis são o corrimento uretral, úlceras genitais e
corrimento vaginal (Adler, 2004).

Segue-se uma breve descrição de algumas DST´s, segundo Shoquist & Stafford
(2004):

― Síndrome de Imunodeficiência Adquirida: a SIDA é o último estádio de uma


doença séria causada por infecção pelo vírus de imunodeficiência humano (HIV), que
ataca o sistema imunitário do sujeito, fazendo diminuir o número de células responsáveis
pelo sistema imunitário do organismo;
― Candidíase: infecção superficial pelo fungo Cândida que pode afectar vários
locais, incluindo a vagina;
― Clamídia: infecção transmitida pela bactéria Chlamidia trachomatis, durante o
sexo vaginal, anal e oral;
― Herpes Genital: causado pelo vírus herpes simplex que afecta primeiro a zona
genital. Este vírus nunca é completamente eliminado pelo sistema imunitário;
― Gonorreia: causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, que cresce e se
multiplica em áreas húmidas e quentes do corpo, incluindo os órgãos reprodutivos,
cavidade oral e recto. É tão antiga que vem mencionada na Bíblia. Pode-se espalhar a
outras partes do corpo e ser transmitida pela mulher ao recém-nascido durante o parto,
causando infecção ocular, e se detectada em crianças, nos órgãos genitais, boca ou recto,
pode ser um sinal de abuso sexual;
― Hepatite B: é contraída nas relações sexuais, especialmente anais. É transmitida
por toxicodependentes na troca de agulhas, de forma hereditária (mãe-filho), e em

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ambientes de cuidados de saúde. Não é de propagação fácil e não é contraído na partilha
de casas de banho ou por contacto casual;
― Verrugas Genitais: causadas pelo vírus do papiloma humano, cujo principal
meio de transmissão é o contacto corporal durante relações sexuais.

Carret, et al. (2004) referem que dados da Organização Mundial de Saúde (2001)
indicam que as doenças sexualmente transmissíveis estão entre as cinco principais causas
de procura pelos serviços de saúde.

Segundo Rodrigo e Mayer-da-Silva (2003), a blenorragia, e sífilis, a úlcera mole


venérea e a infecção pelo VIH, incidem em grupos com ritmos elevados de troca de
parceiros sexuais, enquanto que o herpes genital e os condilomas venéreos não necessitam
de grandes trocas de parceiros sexuais para a sua propagação.

Apesar do avanço tecnológico e científico, estima-se que a prevalência de doenças


sexualmente transmissíveis entre indivíduos de ambos os sexos, de diferentes classes
socioeconómicas e culturas, e com diversas práticas sexuais seja elevada (Gir et al., 1991).
As diferenças verificadas na prevalência, incidência e morbilidade das doenças
sexualmente transmissíveis, podem ser entendidas, como referem Bastos, Cunha &
Hacker (2008), pela disposição biológica em adquirir determinadas infecções ou doenças,
pelos diferentes comportamentos sexuais que determinam o aumento ou redução no risco
de adquirir tais infecções e pelas dimensões culturais e sociais onde estão inseridos
homens e mulheres.

Rodrigo e Mayer-da-Silva (2003), referem dados da Organização Mundial de


Saúde, que apontam para o aumento da incidência mundial de DST´s curáveis (sífilis,
blenorragia, infecções por clamídia e tricomoníase) de 250 milhões de novos casos em
1990, 333 milhões 5 em 1995 e 340 milhões em 1999. Os autores destacam o facto de a
variação geográfica da incidência das DST´s estar relacionada com características das
populações que determina os comportamentos em que assentam a transmissão destas
infecções. Tendo em conta conjuntos de países com diferentes padrões de
desenvolvimento sociocultural e económico, a incidência de DST´s como a tricomoníase,
as infecções por clamídia, gonorreia e sífilis, em 1999, é: Ásia do sul e sudeste – 150
milhões de doentes; África subsahariana – 69 milhões de doentes; América Latina – 38
milhões de doentes; Europa oriental e Ásia central – 22 milhões de doentes; Ásia de leste

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e Pacífico – 18 milhões de doentes; Europa Ocidental – 17 milhões de doentes; América
do norte – 14 milhões de doentes; África do norte e médio-oriente – 10 milhões de
doentes; Austrália e Nova Zelândia – 1 milhões de doentes. (Rodrigo & Mayer-daSilva,
2003).

1.2 - Diversos tipos de doenças sexualmente transmissíveis

Provocadas por bactérias, fungos ou vírus, as doenças sexualmente transmissíveis


(DST), como o nome indica, transmitem-se através do contacto sexual com um parceiro
infetado. A gonorreia, clamídia, sífilis, VIH/SIDA ou hepatite B, são algumas das mais
comuns.

I - Gonorreia: trata-se de uma da DST mais comuns em todo mundo.

a) Causas: provocada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, é a principal causa


de uretrite, isto é, inflamação da uretra – canal que drena a urina da bexiga. Desenvolve-
se mais facilmente nas áreas quentes e húmidas do trato reprodutivo, incluindo o colo
do útero, o útero, as trompas de Falópio e a uretra, mas também pode crescer na boca,
garganta, olhos e ânus. Além da via sexual, a transmissão também pode ser feita entre
mãe e filho durante o parto. Pode ser transmitida mesmo que a pessoa infetada não
apresente sintomas. Nas mulheres, os sintomas são menos óbvios, o que pode trazer
problemas acrescidos, já que podem procurar tratamento médico, num estado mais
avançado da doença. O período de incubação varia entre 2 a 8 dias.

b) Sintomas: o principal sintoma da gonorreia é a uretrite (inflamação da uretra)


que se caracteriza por corrimento uretral, mucopurulento ou purulento com cheiro,
podendo acompanhar-se por disúria (ardor ao urinar) ou por prurido (comichão) uretral.

c) Tratamento: a gonorreia pode ser totalmente curada, desde que seja


diagnosticada corretamente e tratada. O tratamento é efetuado com recurso a antibióticos.
Porém, quando não tratada, a gonorreia pode levar a complicações como infertilidade e,
nas mulheres, provocar uma doença inflamatória chamada de doença inflamatória
pélvica, que pode ser muito grave.

II – Clamídia: a infecção por Chlamydia trachomatis é uma das DST mais


comuns na Europa e a sua taxa de infeção aumenta todos os anos. Afeta frequentemente
homens e mulheres jovens, com idades entre os 16 e os 25 anos.

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a) Causas: esta DST é causada por uma bactéria chamada Chlamydia
trachomatis. Assim como na gonorreia, nos adultos e adolescentes a transmissão é
exclusivamente por via sexual. Não existe risco de contágio em casas de banho ou
piscinas, assim como o beijo também não é uma forma de transmissão. A clamídia pode
ser transmitida pela via sexual (anal, vaginal ou oral) ou de mãe para filho, durante a
passagem do bebé pelo canal vaginal, na altura do parto.

b) Sintomas: os doentes infetados por clamídia podem não desenvolver sintomas


durante muitos anos, tornando-se fontes de contaminação. Quando os sintomas surgem,
o quadro clínico é muito parecido com o da gonorreia, sendo impossível distingui-las
apenas pelos sintomas.

Quando não tratada, esta infeção, pode levar a problemas mais graves. No caso
das mulheres, a bactéria pode progredir em direção ao útero, trompas e ovários,
provocando infertilidade e uma grave infeção designada por doença inflamatória pélvica.
Nos homens a complicação mais comum é a prostatite, infeção da próstata.

c) Tratamento: o tratamento é efectuado com recurso a antibióticos.

III - Sífilis: é reconhecida como DST desde o início do seculo XVI. É uma
doença infeciosa complexa que pode infetar quase todos os órgãos e tecidos do corpo.

a) Causas: doença infeciosa transmitida sexualmente, causada pela


bactéria Treponema pallidum, que penetra no organismo através das membranas
mucosas, como as da vagina, da boca ou através da pele. Quando chega aos gânglios
linfáticos, propaga-se por todo o organismo através do sangue. Pode também afetar o feto
durante a gravidez, causando defeitos congénitos ou outros problemas. O período de
incubação dura de 9 a 90 dias (a média são 2 a 4 semanas).

b) Sintomas: inicialmente surge uma úlcera (ferida), em geral única, dura,


tipicamente indolor. A úlcera localiza-se, na mulher, na vagina e, sobretudo no colo
uterino (em regra sem sintomas). No homem, esta úlcera encontra-se, mais vezes, no sulco
balanoprepucial (sobre o pénis).

Seis a oito semanas após a cura da lesão primária surge o período de generalização
da doença. Este período de generalização caracteriza-se por febre, dores articulares, falta
de apetite, suores abundantes, emagrecimento. A pele é o órgão mais atingido em 90%

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dos casos, surgindo uma erupção cutânea muito característica, que atinge as palmas das
mãos e as plantas dos pés.

c) Tratamento: a penicilina, administrada por via intramuscular, é o antibiótico


normalmente utilizado. Havendo outras alternativas para pessoas alérgicas à penicilina.

IV - Hepatite B

a) Causas: o vírus da hepatite B (HBV) é transmitido principalmente através do


contacto com sangue infetado e através de relações sexuais desprotegidas, já que pode
estar presente não só no sangue, mas também no sémen e nas secreções vaginais. Nos
países em desenvolvimento, a transmissão de mãe para filho é também uma forma
importante de contágio durante a gestação, o parto ou a amamentação.

A hepatite B não se transmite pelo suor ou pela saliva (a menos que esta tenha
estado em contacto com sangue infetado). Não existe risco de contágio através de um
aperto de mão, abraços, beijos ou por utilizar pratos ou talheres de pessoas infetadas.
Trata-se de uma doença aguda, mas, na maioria dos casos o vírus é eliminado pelo
organismo.

No entanto, em cerca de 15% a 20% dos casos, o vírus mantém-se ativo e pode
provocar complicações graves no fígado, entre as quais neoplasias hepáticas (cancro).

b) Sintomas: a pessoa infetada poderá sentir apenas alguma debilidade e cansaço,


mas também poderá ter febre, dor abdominal, dor nas articulações e erupções na pele. A
urina fica, normalmente, mais escura e as fezes mais claras.

c) Tratamento: na sua forma aguda, é tratada com repouso e uma dieta livre de
alimentos tóxicos para o fígado, onde se incluem as bebidas alcoólicas. Na sua forma
crónica, o tratamento é feito à base de medicamentos cujo objetivo é interromper a
multiplicação do vírus e estimular a destruição das células infetadas.

V - VIH/SIDA: a Síndroma de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é provocada


pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), que penetra no organismo por contacto
com uma pessoa infetada. O VIH ataca o sistema imunitário, destruindo as células
defensoras do organismo, deixando-o mais sensível a outras doenças (as infeções
oportunistas) que, sendo saudável, teria mais facilidade em combater.

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a) Causas: a SIDA é um DST provocada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana
(VIH). A sua transmissão pode dar-se de três formas:

• Relações sexuais;
• Contacto com sangue infetado;
• De mãe para filho: durante a gravidez, no parto ou pela amamentação.

b) Sintomas: a infeção com VIH pode apresentar sintomas que simulam uma
gripe, entre 1 a 4 semanas após o momento do contágio, que passam por:

• Febre;
• Suores;
• Dores de cabeça;
• Dores nos músculos e nas articulações;
• Aumento dos gânglios linfáticos.

Esta é a fase aguda ou de seroconversão que pode durar de 1 a 3 semanas. Sendo


uma fase de grande contagiosidade devido à quantidade elevada de vírus no sangue.

Depois desta fase aguda, os doentes infetados (seropositivos), podem deixar de


apresentar sintomas durante vários anos, sendo que o vírus continua a multiplicar-se no
seu organismo, até que surgem sintomas indicativos de comprometimento do sistema
imunológico, tais como cansaço não habitual, perda de peso, suores noturnos, falta de
apetite, diarreia.

Se nada for feito, a doença continuará a progredir para a fase seguinte, que se
caracteriza por uma imunodeficiência grave, em que surgem manifestações oportunistas
(infeções e tumores) que em circunstâncias normais não surgiriam porque seriam
combatidos pelo sistema imunitário. Esta última fase da doença, designa-se por SIDA.

c) Tratamento: os seropositivos diagnosticados e acompanhados pelos médicos


especialistas fazem, normalmente, tratamento com os fármacos anti retrovíricos, o que
pode evitar chegarem a uma fase sintomática da doença.

1.2.2 - Prevenção

A prevenção, estratégia básica para o controle da transmissão das DST e do HIV,


dar-se-á por meio da constante informação para a população geral e das actividades

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educativas que priorizem: a percepção de risco, as mudanças no comportamento sexual e
a promoção e adoção de medidas preventivas com ênfase na utilização adequada do
preservativo.

As atividades de aconselhamento das pessoas com DST e seus parceiros durante


o atendimento são fundamentais, no sentido de buscar que os indivíduos percebam a
necessidade de maior cuidado, protegendo a si e a seus parceiros, prevenindo assim a
ocorrência de novos episódios. Deve-se sempre enfatizar a associação existente entre as
DST e a infecção pelo HIV. Deve-se, ainda, estimular a adesão ao tratamento,
explicitando a existência de casos assintomáticos ou pouco sintomáticos, também
suscetíveis a graves complicações. A promoção e disponibilização de preservativos deve
ser função de todos os serviços, desta forma, a assistência pode se constituir em um
momento privilegiado de prevenção.

Quando pensamos em doenças sexualmente transmissíveis, logo imaginamos que


essas doenças são transmitidas apenas por contato sexual desprotegido. Apesar de esse
meio de transmissão ser o mais comum, elas podem ser contraídas de outras formas, como
por meio do compartilhamento de objetos e em transfusões de sangue. Assim sendo, é
fundamental estar atento a algumas regras básicas de prevenção.

I - Camisinha

A camisinha, seja a masculina, seja a feminina, é a maneira mais fácil e eficiente


de prevenir-se contra uma doença sexualmente transmissível. Feita de látex, no caso da
masculina, e de poliuretano, no caso da feminina, as camisinhas impedem a passagem de
organismos causadores de doenças, tais como o HIV, além de evitar uma gravidez
indesejada. Estima-se que o risco de transmissão de doenças com o uso de camisinha seja
apenas de 5%.

Para não perder a sua eficiência, no entanto, a camisinha deve ser armazenada em
locais que não possuem calor intenso. Portanto, não deve ser colocada em bolsas, bolso
de calças ou ser deixada em porta-luvas de carros. Vale destacar também que a camisinha
masculina não pode ser usada ao mesmo tempo que a feminina para evitar que elas se
rompam com o atrito.

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Para prevenir-se de doenças, além dos cuidados acima, deve-se observar
atentamente o modo correto de usar. O uso incorreto pode causar o rompimento e,
consequentemente, expor os indivíduos a doenças e à gravidez.

II - Parceiros sexuais

O grande número de parceiros sexuais pode favorecer a contaminação por alguma


doença sexualmente transmissível, uma vez que expõe os indivíduos a uma maior
quantidade de pessoas sexualmente ativas. Sendo assim, uma forma de prevenir-se de
doenças é ter poucos parceiros sexuais.

III - Uso de drogas

O uso de drogas é um grande responsável pela transmissão de doenças


sexualmente transmissíveis. Isso porque muitas pessoas compartilham seringas, agulhas
e outros objetos que favorecem a contaminação. Além do risco de transmissão em virtude
do uso de objetos com material biológico, o uso de drogas favorece a contaminação por
DST porque pode levar a um comportamento de risco, como a relação sexual
desprotegida. Assim sendo, pode-se evitar DSTs não utilizando drogas e não
compartilhando objetos perfurocortantes.

IV - Transfusão de sangue

A contaminação por transfusão de sangue, apesar de não ser um meio de


transmissão de doenças muito comum nos dias atuais, pode ocorrer quando o controle de
qualidade do sangue e dos derivados não é feito de maneira adequada. No nosso país,
várias políticas garantem um sangue de qualidade para procedimentos médicos, o que nos
protege contra DSTs e outras infecções.

V - Gravidez e amamentação

Durante o parto ou até mesmo no momento da amamentação, muitas doenças


podem ser transmitidas ao bebê. Esse problema pode ser evitado com um pré-natal de
qualidade que garantirá um parto adequado e informará as mães sobre as medidas que
devem ser tomadas para evitar a contaminação da criança após o nascimento.

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VI - Tatuagens e salões de beleza

Assim como já ressaltado no caso de uso de drogas, pode ocorrer contaminação


por intermédio do compartilhamento de material perfurocortante. Dessa forma, é
importante observar se os produtos usados por tatuadores e salões de beleza estão
devidamente esterilizados ou se são descartáveis. Uma dica importante é sempre levar
seu próprio material para os salões.

1.2.3 - Detecção de casos

Tão importante quanto diagnosticar e tratar o mais precocemente possível os


portadores sintomáticos é realizar a detecção dos portadores assintomáticos. Entre as
estratégias que poderão suprir essa importante lacuna estão os rastreamentos de DST
assintomáticas, especialmente sífilis, gonorréia e clamídia em gestantes e/ou
adolescentes, em serviços que executam atendimento ginecológico, em especial os de
planejamento familiar, de pré-natal e os serviços de prevenção do câncer ginecológico.

Algumas mudanças na orientação dos profissionais de saúde para que passem a


fazer assistência integral aos usuários são de fundamental importância pois, com isso,
pessoas em situação de risco teriam oportunidade para diagnóstico e/ou aconselhamento.

1.2.4 - Consequências das doenças sexualmente transmissíveis

As conhecidas doenças sexualmente transmissíveis (DST) são doenças causadas


por vários tipos de agentes, se manifestam por meio de feridas, corrimentos, bolhas ou
verrugas, e podem resultar complicações graves. A principal forma de transmissão – e
não a única – é o contato sexual sem uso de camisinha com pessoas infectadas.

São contraídas durante a relação sexual, na maioria das vezes sem proteção. As
DSTs podem ser causadas por micro-organismos diferentes e são divididas em três
grupos: bacterianas, como a sífilis, gonorreia e a clamídia; virais, como herpes, HPV e o
HIV; e parasitárias, como a tricomoníase.

Todas elas oferecem algum risco para a saúde das pessoas. Se não forem tratadas,
algumas podem progredir e levar a complicações, como é o caso da sífilis.

Essa DST pode causar problemas cardiológicos e neurológicos. A clamídia e a


gonorreia causam inflamação nas trompas e a paciente corre o risco não conseguir

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engravidar. O HPV propicia o aparecimento do câncer do colo do útero, de vulva, de
vagina e de ânus. O herpes, caracterizada por pequenas lesões na pele, caso passe para o
recém-nascido através da mãe provoca doenças graves e, muitas vezes, fatais.

As DSTs apresentam grupos de sintomas diferentes. O primeiro grupo tipifica-se


pela presença de úlcera genital, que pode ser dolorosa ou não, secretante ou não e variar
de tamanho. O segundo engloba a presença de bolinhas, lesões ou verrugas na genitália.
Essas lesões podem ser únicas ou múltiplas, de tamanhos variados. Em relação ao terceiro
grupo de sintoma, ele se caracteriza pela presença de corrimento. Algumas doenças
transmissíveis causam secreções que variam na sua coloração, aspecto e cheiro,
provocando ardência, dor e coceira na paciente.

Porém, muitos pacientes são assintomáticos o que pode ser muito perigoso porque
se a paciente não sabe que tem a doença, ela pode transmiti-la para o parceiro e não irá
procurar o médico.

Muitas DST têm tratamento fácil e rápido. Outras, no entanto, têm um tratamento
mais complicado e podem persistir ativas, causando complicações para a saúde e sequelas
irreversíveis no organismo de quem é contaminado. Existem várias consequências
resultantes das DST quando não tratadas, porém, nos propusemos apresentar 7 (sete)
complicações graves causadas por DST.

1. Existe o risco de morte quando a DST compromete o sistema imunológico, como


no caso do HIV;
2. Tanto em homens quanto em mulheres, o HPV aumenta o risco de
desenvolvimento de tumores malignos;
3. Tumores malignos também têm mais riscos de aparecer em pessoas com Hepatite
B;
4. A sífilis coloca gestantes em risco iminente de parto prematuro, aborto ou
comprometimento da formação do bebê;
5. Quando a gonorreia não é tratada, a bactéria pode subir pelo canal cervical até a
região do útero, onde fica alojada causando inflamação nos órgãos da pelve. As
consequências são infertilidade ou aborto espontâneo;
6. A clamídia pode deixar homens e mulheres inférteis;

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7. Em mulheres grávidas, a herpes pode causar parto prematuro, infecção do útero e
também pode atingir o sistema nervoso do bebê.

1.2.5 - Tratamento imediato

Cada infecções sexualmente transmissíveis (IST) tem um tipo de tratamento


específico, dependendo muitas vezes do tipo de infecção que se trata. As ISTs podem ser
causadas por bactérias, fungos ou vírus, e muitas delas não apresentam sintomas. Desse
modo, é fundamental realizar exames de rotina, além de usar o preservativo para prevenir
a contaminação.

Entre as gestantes, o não tratamento de ISTs pode gerar abortos espontâneos,


natimortos, baixo peso ao nascer, infecção congênita e perinatal. Nas mulheres com
infecções por gonorreia ou clamídia que não são tratadas, 10 a 40% desenvolvem doença
inflamatória pélvica (DIP), aumentando 6 a 10 vezes as chances de desenvolver a
gravidez ectópica. O HPV está relacionado ao câncer de colo de útero, vagina, vulva e
ânus. Desse modo, prevenir e tratar as ISTs é fundamental para evitar complicações das
doenças.

Para saber qual é o procedimento indicado no caso de qualquer doença, é preciso


que ela seja identificada por um médico. O diagnóstico precoce pode ser muito útil para
o processo de cura, sendo recomendado consultar um especialista assim que aparecer
qualquer sintoma, além de realizar os exames de rotina.

Com relação às ISTs, muitas vezes o paciente interrompe os cuidados assim que
os sintomas desagradáveis desaparecem, acreditando que se livrou do problema.
Entretanto, é fundamental seguir à risca as recomendações médicas, até que você receba
a liberação do tratamento. Interromper a medicação ou tomar atitudes contrárias ao que
foi recomendado pode gerar complicações no seu quadro de saúde, retrocedendo as
conquistas do tratamento.

Para que se rompa a cadeia de transmissão da IST, é importante envolver seu


parceiro sexual no tratamento, mesmo que ele não apresente sintomas. Isso serve para a
maioria das doenças, exceto corrimento por vaginose bacteriana e candidíase. O médico
ginecologista deverá orientar a respeito. Se você tiver qualquer dúvida, aproveite a
oportunidade e pergunte. Buscar informações na internet ou com amigos pode trazer ainda

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mais dúvidas, então é importante manter um canal de comunicação aberto com seu
médico.

O tratamento deve ser instituído no momento da consulta, preferencialmente com


medicação por via oral e em dose única, ou com o menor número possível de doses. A
utilização de alguns fluxogramas desenvolvidos, testados e já validados, provê a
possibilidade de tratamento imediato e a ruptura imediata da cadeia de transmissão. Nesta
abordagem, são pesquisados os sinais e sintomas que, agrupados, forneçam o diagnóstico
de uma síndrome. O tratamento visará, então, aos agentes etiológicos mais comuns na
síndrome em estudo. Para que esse tipo de assistência seja adequadamente implementado,
pode incluir ainda a coleta de material que permita a realização do diagnóstico etiológico
em laboratório local ou de referência, aconselhamento para redução de risco, tratamento
de parceiros, orientações para adesão aos tratamentos fracionados, promoção e
disponibilização de preservativos.

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Conclusão

Em guisa de conclusão, vale destacar que nos últimos anos, principalmente após
o início da epidemia de AIDs, as DST readquiriram importância como problemas de
saúde pública. Entretanto, alguns fatos negativos têm sido percebidos no contexto da
atenção às DST no nosso país:

― São escassos os dados epidemiológicos relativos às DST; apenas a aids, a sífilis


congênita e a sífilis na gestação são de notificação compulsória;
― Os portadores de DST continuam sendo discriminados nos vários níveis do
sistema de saúde;
― Populações prioritárias como adolescentes, profissionais do sexo, homo e
bissexuais, travestis entre outros, têm pouca acessibilidade aos serviços;
― O atendimento é muitas vezes inadequado, resultando em segregação e
exposição a situações de constrangimento. Tal fato se dá, por exemplo, quando usuários
têm que expor suas queixas em locais sem privacidade (recepções) ou a funcionários
despreparados. Essas situações contribuem para afastá-los dos serviços de saúde;
― A irregularidade na disponibilização de medicamentos específicos contribui
para que desacreditem os indivíduos com DST, dos serviços de saúde;
― Pouquíssimas unidades são capazes de oferecer resultados de testes
conclusivos, no momento da consulta.
― A consequência mais evidente dessa situação de baixa resolutividade dos
serviços é a busca de atendimento em locais nos quais não seja necessário se expor, nem
esperar em longas filas, ou seja: as farmácias comerciais.

As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são causadas por vários tipos de


agentes e são transmitidas principalmente por contato sexual sem o uso de camisinha com
uma pessoa que esteja infectada. As DSTs são frequentes e recorrentes, consideradas um
problema de saúde pública em todo o mundo. Causam grandes efeitos na saúde sexual e
reprodutiva e são um dos cinco principais motivos de procura da população para o
atendimento em saúde.

A prevenção é fundamental para evitar a transmissão das DSTs. O uso correto e


consistente da camisinha é uma das formas mais eficazes de prevenção. Além disso, é
importante fazer exames regularmente para detectar precocemente as DSTs e iniciar o
tratamento adequado.

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Bibliografia

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Transmitidas. Rev bras Coloproct, 2004; 24(1):70-72;

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