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A epidemia de aids
M
Uma breve história da aids
A epidemiologia da aids
Como o HIV é transmitido
Doenças sexualmente
transmissíveis e HIV ercy Makhalemele, uma mulher de 23 anos, de Durban, na África do Sul,
Sintomas e estágios: do HIV descobriu que tinha o vírus da imunodeficiência humana (HIV) quando ficou grávida de
à aids
Como o HIV avança seu segundo filho. Ela sempre foi fiel a seu marido, com quem estava casada havia cinco
Fatores fisiológicos no anos, mas, temendo o que poderia acontecer se seu marido e seu patrão descobrissem,
avanço da aids
guardou o segredo por quase um ano. Quando finalmente compreendeu que seu marido
Fatores psicossociais no
avanço da aids devia ter sido a fonte do vírus e o confrontou com a notícia, ele ficou violento, bateu nela
Intervenções médicas e a jogou contra um fogão quente que queimou seu pulso de forma bastante grave. Ele en-
O regime HAART tão a expulsou de casa, recusando-se a admitir que havia transmitido o vírus. Mais tarde,
Uma vacina preventiva
ele entrou na loja de sapatos em que ela era gerente, gritando na frente de seus colegas de
Intervenções psicossociais
A base para intervenções trabalho e clientes que não queria ter nada a ver com alguém que tivesse aids. Mercy foi
psicossociais despedida naquele mesmo dia.*
Programas educativos
A experiência de Mercy não é uma história isolada. A aids já matou mais de 20
Testes em massa e
aconselhamento para milhões de pessoas e se tornou a principal causa de morte no mundo e de anos perdidos
o HIV de vida produtiva entre adultos de 15 a 59 anos de idade (World Health Organization,
Promovendo a revelação
do status HIV-positivo
2004). Na maioria das cidades africanas, contudo, perguntar se a aids é comum leva a
Manejo cognitivo- uma rápida negação. O estigma social ligado à doença é tão forte que poucos admitem ser
-comportamental do HIV-positivo. Aqueles que o fazem passam a ser repelidos.
estresse
Intervenções no âmbito da A aids causa tanta polêmica por estar associada a dois temas considerados tabus: o
comunidade sexo e a morte. A vergonha que as vítimas da aids sentem e o tratamento que recebem de
Barreiras psicossociais às seus vizinhos, colegas de trabalho e até mesmo de familiares é a maior barreira na bata-
intervenções para aids
lha para impedir a disseminação da doença. Mesmo quando existem exames para aids
Enfrentando o HIV e a aids
O impacto sobre o disponíveis, muitos africanos não querem saber se têm o vírus. Aqueles que sabem portar
indivíduo a doença têm medo e vergonha de admitir, agindo como se houvesse nada de errado, o
O impacto sobre familiares,
parceiros e cuidadores que muitas vezes contribui para a disseminação da aids. De maneira semelhante, muitas
vítimas não vão a clínicas especializadas porque têm vergonha de serem vistas lá, apesar
de o tratamento no começo da doença prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de
vida de forma expressiva entre aqueles que estão infectados.
Essa tendência a “culpar a vítima” por sua sina não está confinada aos países em
desenvolvimento. Muitos norte-americanos também acreditam que os portadores de aids
estão sendo punidos por sua imoralidade (Herek et al., 2003). Devido ao medo da aids e
ao fato de muitas pessoas associarem a ela o uso de drogas e a homossexualidade, os pa-
cientes e suas famílias normalmente se sentem estigmatizados. Temendo que a revelação
de sua doença leve a uma rejeição por parte de amigos, vizinhos e colegas de trabalho,
algumas pessoas se retraem e se tornam reclusas. Dessa forma, afastam o apoio social que
pode desempenhar um papel vital em sua sobrevivência.
* A história de Mercy Makhalemele foi adaptada de Daley, S. (1998). Dead Zones. The Burden of Shame.
CAPÍTULO 11 HIV e aids 313
E
mbora a aids e outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) tenham n doenças sexualmente
sido descobertas há pouco tempo, alguns especialistas em saúde acreditam transmissíveis (DSTs)
doenças que são espalhadas
que elas possam ter milhares de anos. A aids tornou-se um problema global principalmente pelo contato
só recentemente em razão do aumento expressivo na mobilidade da maioria da po- sexual entre duas pessoas.
pulação mundial, que permitiu à doença se espalhar de um continente para outro.
Ainda que o pânico inicial criado pelo surgimento do HIV tenha diminuído nos
países desenvolvidos, onde exames precoces e novos tratamentos farmacológicos
agressivos são motivo de esperança, nos países em desenvolvimento, o quadro é
mais grave do que nunca.
Este capítulo apresenta uma visão detalhada sobre a epidemia de aids. Come-
çamos examinando as origens do vírus que a causa, seu impacto sobre o corpo e a
maneira como se espalha. A seguir, abordamos a questão das intervenções médicas e
psicossociais para o HIV/a aids. O capítulo conclui com uma discussão sobre o papel
da psicologia da saúde no planejamento e na implementação de programas para in-
terromper o avanço das DSTs e ajudar pacientes de aids, seus parceiros e familiares a
enfrentar a doença.
A epidemia de aids
A síndrome da imunodeficiência adquirida (aids) é uma doença fatal causada pelo n síndrome da
vírus da imunodeficiência humana (HIV). O vírus ataca o sistema imune do corpo imunodeficiência
adquirida (aids) os estágios
e o deixa vulnerável a infecções. À medida que a infecção por HIV se transforma em mais avançados da infecção
aids, as vítimas desenvolvem infecções que seriam combatidas com relativa facilidade por HIV, definidos por uma
se o sistema imune não estivesse comprometido. Dessa forma, a aids aumenta a vul- contagem de células T de
nerabilidade a infecções oportunistas, como a pneumonia e algumas formas de câncer, menos de 200 e a ocorrência
pois a infecção não é combatida pelo sistema imune já enfraquecido. de infecções oportunistas
ou certas formas de câncer
relacionadas com o HIV que
Uma breve história da aids se beneficiam de um sistema
imune já enfraquecido.
No final da década de 1970, alguns casos da doença que hoje conhecemos como aids n vírus da imunodeficiência
começaram a aparecer sem serem reconhecidos. Ainda que ninguém saiba exatamen- humana (HIV) vírus
que infecta as células do
te como afetou o primeiro ser humano, o vírus da aids parece ser originário da África sistema imune, destruindo
Centro-ocidental, espalhando-se rapidamente para os países vizinhos. O HIV é uma ou comprometendo seu
família de vírus de primatas, semelhante a um vírus inofensivo encontrado em certas funcionamento.
subespécies de chimpanzés e macacos.
O paciente zero
Sejam quais forem as origens do HIV, o papel das viagens internacionais em sua dis-
seminação na população é ilustrado pelo caso do “paciente zero”, um comissário de
bordo canadense chamado Gaetan Dugas, cujo emprego e hábitos sexuais o tornavam
um portador potencial para espalhar o vírus.
A doença foi notada em seres humanos pela primeira vez em 1980, quando 55
homens (incluindo Dugas) foram diagnosticados com um grupo de sintomas se-
melhantes de causa desconhecida. Os sintomas relacionavam-se com o sarcoma de n sarcoma de Kaposi forma
Kaposi, uma forma rara de câncer encontrada normalmente em pessoas idosas. Os rara de câncer dos vasos
epidemiologistas suspeitaram que a causa da doença inesperada fosse um enfraque- sanguíneos que irrigam
a pele, as membranas
cimento no sistema imune. Visto que a maioria das primeiras vítimas relatadas era mucosas e outras glândulas.
homossexuais masculinos e usuários de drogas intravenosas, parecia que a doença
estava sendo transmitida sexualmente ou pela troca de sangue infectado.
O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) por fim, em 1982, en-
controu Dugas, um ano após publicar o primeiro relato da doença. Dugas revelou
314 PA R T E 4 Doenças crônicas e fatais
livremente seus hábitos sexuais. Sem saber que havia infectado diversos homossexuais
masculinos, Dugas estimou até 250 contatos sexuais em um ano típico, até mesmo se
vangloriando de que, em 10 anos, havia facilmente se relacionado com 2.500 parceiros
sexuais (Shilts, 1987). Embora se negasse a acreditar que fosse o portador original,
Dugas cooperou fornecendo os nomes e os números de telefone de todos os seus par-
ceiros sexuais que lembrou. Em abril de 1982, os epidemiologistas tinham certeza de
que 40 dos primeiros homossexuais masculinos diagnosticados com aids poderiam
ser conectados com Dugas: nove em Los Angeles, 22 em Nova York e nove em outras
cidades norte-americanas.
Em 1983, os Institutos Nacionais de Saúde (NIHs) nos Estados Unidos e o Institu-
to Pasteur na França concluíram de forma simultânea que um novo vírus era a provável
causa da doença. Em março de 1984, Dugas morreu. Um mês depois, o Departamento
de Saúde dos Estados Unidos anunciou que havia isolado um novo vírus: o HIV.
A disseminação da aids
Durante a última metade da década de 1980, a aids começou a ameaçar a popula-
ção em geral. Antes limitada principalmente a homens brancos homossexuais, ela
começou a surgir entre outros grupos étnicos. Em janeiro de 1991, a aids levou sua
vítima de número 100 mil. O medo do público aumentou em novembro desse mesmo
ano, quando o lendário jogador de basquete “Magic” Johnson anunciou que era HIV-
-positivo. Esse furor aumentou ainda mais quando, em fevereiro de 1993, o jogador
de tênis Arthur Ashe morreu de aids, contraída em uma transfusão de sangue durante
uma cirurgia cardíaca. Porém, ainda não havia cura à vista; a prevenção permanecia
a única arma contra a doença quando ela levou sua vítima de número 200 mil, em
1993. A doença continuou a crescer de forma exponencial, atingindo 400 mil casos em
1994, com incidência maior entre mulheres e sem medicamento eficaz.
À medida que a virada do milênio se aproximava, novos medicamentos anti-
-HIV estavam finalmente se mostrando eficazes, e as taxas de mortalidade por aids
n pandemia epidemia decaíam com rapidez nos Estados Unidos (UNAIDS, 2007). Todavia, esses medica-
mundial, como a aids. mentos não estavam disponíveis para todos os que necessitavam e, no mundo, a pan-
demia da aids continuava a sair do controle (ver Tab. 11.1). Depois de 30 anos da
epidemia ainda emergente, o HIV atingiu cada canto do mundo, infectando mais de
65 milhões de pessoas (25 milhões das quais já morreram), e com uma taxa de mor-
talidade que cresce a cada ano desde os primeiros casos relatados (Fauci, 2006). Ao
redor do mundo, 11 pessoas são infectadas a cada minuto. Dessas pessoas, 10% têm
menos de 15 anos de idade (UNAIDS, 2007). Podemos apenas supor quantas pessoas
foram expostas ao HIV e, portanto, são portadoras que podem espalhar o vírus sem
saber que o estão fazendo. Infelizmente, embora a prevalência global do HIV tenha
começado a se estabilizar em 2007, a batalha contra a aids ainda não foi ganha em
AP/Wide World Photos
lugar algum. Dois terços de todas as pessoas infectadas com o HIV vivem na África,
onde cerca de 1 em cada 12 adultos está infectado, e um quinto vive na Ásia. Em todo
o mundo, as relações sexuais heterossexuais sem proteção são o modo predominante
de transmissão do vírus (UNAIDS, 2007).
Consciência em relação à aids
Em 7 de novembro de 1991,
o astro da NBA Ervin “Magic”
Johnson chocou o mundo ao
A epidemiologia da aids
anunciar que era HIV-positivo.
Devido à fama de Johnson e à Conforme visto no Capítulo 2, o primeiro passo na luta e prevenção de doenças crôni-
estima e ao afeto que seus fãs cas como a aids é dado pelos epidemiologistas, que investigam os fatores contribuintes
lhe dedicavam, essa declaração para a prevalência e incidência de uma patologia em determinada população. Rastrear
foi um importante fator para a distribuição da aids de acordo com seus traços demográficos é tarefa difícil devido à
aumentar a consciência em
relação à aids nos Estados Unidos
fluidez da doença. Contudo, ela tem maior prevalência em determinadas populações.
e no mundo todo. Nos Estados Unidos, a epidemia de aids tem causado mais mortes em homens jovens,
CAPÍTULO 11 HIV e aids 315
Gênero
Desde 1985, a proporção de todos os casos de aids entre mulheres nos Estados Unidos
mais que triplicou, com a maior taxa de crescimento ocorrendo entre as mulheres não
brancas. As afro-americanas e hispânicas, juntas, somam pouco menos de três quartos Aids na África Mathato Notsi,
(68,7%) dos casos de aids em mulheres nos Estados Unidos, embora representem me- de 29 anos, descobriu que ela
nos de um quarto das mulheres nesse país. A aids é a terceira principal causa de morte e seu bebê eram HIV-positivo
seis semanas depois de dar
de mulheres afro-americanas de 25 a 44 anos (CDC, 2010). à luz. Doses pediátricas de
Essas estatísticas são alarmantes, mas a situação em outros locais do mundo medicamentos antirretrovirais
é muito pior. Na África, de 12 a 13 mulheres estão infectadas para cada 10 ho- somente estão disponíveis para 1
mens (UNAIDS, 2008). O que explica essa diferença de gênero? Uma razão é que em cada 4 crianças em Lesotho, na
África do Sul. Felizmente, a filha de
as mulheres muitas vezes são menos capazes de se proteger do HIV, pois são com
Mathato é uma das crianças que
frequência subordinadas aos homens em relações íntimas (Ickovics et al., 2001). recebe esse tratamento que tem
Mulheres que usam substâncias ilícitas normalmente só utilizam a agulha após seu salvo muitas vidas.
316 PA R T E 4 Doenças crônicas e fatais
c ompanheiro. Elas também têm menos controle sobre o uso de preservativos du-
rante as relações sexuais.
Outra razão é que a quantidade do vírus é maior no sêmen ejaculado do que
em secreções vaginais ou cervicais. Após a relação sexual, os linfócitos infectados
no sêmen podem permanecer na vagina e no cérvix por muitos dias, dando ao
vírus mais tempo para infectar a mulher. No entanto, as secreções contaminadas
de uma vagina e um cérvix HIV-positivo são facilmente lavadas do pênis. A trans-
missão do HIV do homem para a mulher por meio de relações vaginais é muito
mais comum do que a transmissão da mulher para o homem (WHO, 2004) (ver
Fig. 11.1).
Outra diferença entre mulheres e homens é que, em média, os níveis de HIV em
mulheres são aproximadamente a metade dos de homens com contagens de linfócitos
semelhantes. As mulheres desenvolvem aids com uma carga viral total menor do que
a dos homens (Farzadegan et al., 1998). Esses achados sugerem a necessidade de uma
especificidade de gênero em tratamentos para HIV/aids, com pontos de corte mais
baixos para determinar a farmacoterapia para mulheres. De fato, quando recebem
Figura 11.1 o tratamento que deveriam, elas têm a mesma taxa de progressão da doença que os
Casos de aids por categoria de homens (Greiger-Zanlungo, 2001).
exposição. A taxa de aids entre Infelizmente, para muitas mulheres jovens pobres, o risco de infecção por HIV
mulheres está aumentando com está ligado a uma forma de sexo usada para obter alimento e abrigo ou para sustentar
velocidade mais rápida do que
o consumo de drogas. Logo, essas mulheres têm muito menos probabilidade de prati-
entre homens. Uma razão para
isso é que a transmissão da aids car sexo seguro (Allen e Setlow, 1991).
dos homens para as mulheres
é muito mais comum do que
a transmissão de mulheres Padrões demográficos
para homens. Outra razão é
que as mulheres têm menos Em todo o mundo, foram identificados pelo menos três padrões de transmissão do
controle sobre a decisão de HIV em grande escala. O primeiro é verificado na América do Norte e na Europa
usar preservativos. Uma terceira Ocidental, onde os grupos mais afetados costumam ser os homossexuais masculinos
é que elas em geral usam as e os usuários de substâncias injetáveis. O segundo inclui a África Subsaariana e o Ca-
agulhas intravenosas após seus
parceiros.
ribe, onde o HIV e a aids são em geral encontrados em heterossexuais, distribuídos de
Fonte: Health, United States, by forma semelhante entre homens e mulheres (Cohen, 2006). O terceiro padrão envolve
National Center for Health Statistics, áreas onde as taxas de infecção por HIV ainda são relativamente baixas e não há linhas
1998, Hyattsville, MD: United States
Government Printing Office; HIV/ específicas de transmissão. Esse padrão é verificado na Ásia, no Leste Europeu, no
Aids Surveillance Report, 9, by Centers Norte da África e em alguns países do Pacífico.
of Disease Control and Prevention
(CDC), 1998, http:/www.cdc.gov/hiv. A Figura 11.2, a seguir, mostra os efeitos devastadores da aids sobre as popu-
lações das minorias nos Estados Unidos. Considera-se que
60 as diferenças étnicas e raciais nas taxas de transmissão do
Homens HIV reflitam diferenças socioculturais no uso de substân-
Mulheres
50
cias e na aceitação de práticas homossexuais e bissexuais.
Por exemplo, em comunidades de minorias empobrecidas,
usuários de substâncias em geral compartilham agulhas;
PORCENTAGEM DE CASOS
em cada 4 casos de aids resultavam de contato sexual entre homens. Embora as ta- Nativos norte- Asiáticos/
-americanos/ ilhéus do
xas por uso de substâncias injetáveis e relação heterossexual estejam aumentando, o nativos do Pacífico
contato sexual entre homens permanece sendo a maior categoria de exposição entre Alasca 1%
1%
vítimas da aids nos Estados Unidos. Em 2007 apenas, 22.472 casos da doença foram
diagnosticados como resultado do contato sexual entre homens, em comparação com
3.133 para o uso de substâncias injetáveis e 4.551 em homens e mulheres que adqui- Hispano- Euro-
riram o HIV por contato heterossexual (CDC, 2010). -americanos -americanos
20% 28%
O
HIV ataca principalmente os tecidos linfáticos, nos quais os linfócitos se de-
senvolvem e são armazenados. Como visto no Capítulo 3, os linfócitos são
células imunológicas que ajudam a prevenir o câncer e outras doenças crôni-
cas controlando o crescimento celular. Eles também protegem contra infecções pro-
duzindo anticorpos. O HIV invade e destrói um tipo de linfócito chamado de célula
T, que é essencial na resposta imunológica, pois reconhece micróbios prejudiciais e
desencadeia a produção de anticorpos, sendo também responsável por coordenar a
liberação das células natural killer (NK).
Tabela 11.2
Sobre algumas DSTs
A DST mais comum. A maioria das mulheres não apresenta Mulheres: se não tratada, pode causar
Causada por uma bactéria que normalmente qualquer sintoma. Algumas podem ter um infertilidade, infecção no cérvix, dor pélvica,
infecta os órgãos genitais, o ânus e a leve corrimento vaginal, dor ao urinar, dor doença pélvica inflamatória, gravidez
garganta. Espalha-se por contato com sêmen durante o sexo ou urinação frequente. ectópica ou artrite.
e secreções vaginais contaminados durante A maioria dos homens apresenta sintomas. Bebês podem apresentar pneumonia ou
o sexo vaginal, anal e oral desprotegido. Podem ter corrimento ou uma sensação cegueira.
Tratada com antibióticos, embora algumas de coceira no pênis, dor leve ao urinar ou Homens: se não tratada, pode causar inferti
variantes sejam resistentes. infecção no ânus ou na garganta. lidade, artrite, infecções nos olhos ou urinárias.
Fonte: http://www.vaughns-1-pagers.com/medicine/std-chart.htm.
CAPÍTULO 11 HIV e aids 319
parasita que ataca os pulmões e é a causa da morte de 60% das vítimas de aids.
Durante o estágio 4, o número de células T cai de uma contagem saudável de 1.000
para 200 ou menos por mililitro cúbico de sangue, e quase toda a imunidade natural
é perdida. Neste ponto (contagem de células T abaixo de 200), o HIV transformou-se
em aids. À medida que os níveis de células T caem abaixo de 100, o equilíbrio de poder
no sistema imune muda em favor do vírus invasor. Os níveis de HIV sobem muito, e
os microrganismos que o sistema imune normalmente destruiria começam a proliferar O vírus da aids Visão aumentada
com facilidade. Sem tratamento, a morte costuma ocorrer em 1 ou 2 anos. do vírus da aids. O HIV é
classificado como um retrovírus
porque destrói os linfócitos
O impacto neurológico da aids injetando uma cópia de seu
próprio material genético no DNA
O HIV afeta muitos sistemas do corpo, incluindo o sistema nervoso central. Quan- da célula hospedeira.
do migra para o cérebro e ataca as células cerebrais, ele desencadeia uma variedade
320 PA R T E 4 Doenças crônicas e fatais
Concentração de células T
Concentração de HIV
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ANOS
HIV, apresentam uma progressão muito mais lenta dos sintomas. Os pesquisadores
também encontraram diferenças raciais e étnicas na resposta a medicamentos anti-
-HIV. Por exemplo, Andrea Foulkes e colaboradores (2006) observaram que pacientes
afro-americanos submetidos à terapia antirretroviral eram menos propensos a ter de-
pósitos adiposos nas artérias do que pacientes euro-americanos e hispano-america-
nos submetidos ao mesmo tratamento.
quais 40% eram HIV-positivo e 10% já haviam desenvolvido aids. Conforme outros A infecção por HIV é
estudos já verificaram, homens com aids, sobretudo aqueles com os níveis mais baixos uma doença bastante
estigmatizante, pois é
de satisfação com suas redes sociais, apresentaram níveis notavelmente mais altos de difícil escondê-la à medida
depressão do que os HIV-positivo sem aids e os HIV-negativo em um grupo de con- que avança, perturba a
trole. Porém, enquanto os homens com aids que não possuíam animais de estimação vida e os relacionamentos
tiveram 300% mais probabilidade de relatar sintomas de depressão do que os que das pessoas e pode causar
não tinham aids, os portadores da doença que possuíam um animal de estimação desfiguramento físico
como parte de seu curso
demonstraram apenas 50% mais probabilidade de relatar sintomas de depressão. Os degenerativo. Os estigmas
benefícios de ter um cão ou um gato foram mais fortes para homens que sentiam relacionados com a aids
mais apego por seu animal de estimação, dormindo com eles no quarto, por exemplo, resultam em discriminação,
e brincando com eles de modo frequente. preconceito e isolamento, e
são fatores importantes que
Entender como os fatores psicossociais afetam o curso da aids pode aumentar
limitam o apoio social e a
as chances da pessoa de sobreviver à infecção por HIV. Os resultados desses estudos assistência para o indivíduo
também ajudam a adquirir uma perspectiva sobre a interação entre fatores biológi- que está enfrentando o HIV.
cos, psicológicos e sociais na saúde e na doença e, assim, a refinar a compreensão das (American Psychological
conexões entre mente e corpo. Association. Public Interest
Directorate. Principais tópicos
e questões relacionadas com
HIV/aids [www.apa.org/pi/
Intervenções médicas aids]).
A
té pouco tempo atrás, a infecção por HIV quase sempre era uma doença pro-
gressiva e fatal. As intervenções médicas concentravam-se quase exclusiva-
mente no tratamento da pneumonia e de outras doenças oportunistas que
resultavam da deficiência imunológica, e não em eliminar (ou mesmo controlar) o