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Auditor: José Bunga Paulo André.

Turma: C | Sala: 5 | Período: Manhã | INEJ – 2022.


A doutrina de proteção integral à criança

A doutrina de proteção integral à criança consagrada na Convenção Internacional


sobre os Direitos da Criança e da Organização das Nações Unidas (1989) e na Declaração
Universal dos Direitos da Criança (1959), assim como pela constituição da República
Federativa do Brasil e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, designa um
sistema em que crianças e adolescentes, até 18 (dezoito) anos de idade, são considerados
titulares de interesses subordinados, frente à família, à sociedade e ao Estado, cujos
princípios, estão sintetizados no caput do artigo 227 da Constituição Federal.

A teoria de proteção integral parte da compreensão de que as normas que cuidam


de crianças e de adolescentes devem concebê-los como cidadãos plenos, porém sujeitos
à protecção prioritária, tendo em vista que são pessoas em desenvolvimento físico,
psicológico e moral.

É nesse contexto que nos perguntamos se todos esses mecanismos de proteção à


criança e ao adolescente estão sendo efetivamente aplicados no país e em particular no
Estado de Roraima. Por que então nossas crianças continuam sendo violentadas?

Vamos nos deter aqui, apenas no abuso sexual de crianças – entre todos os tipos
de violência contra a criança é sem dúvida o mais cruel – que vem ganhando visibilidade
no conjunto da sociedade, chamando a atenção da mídia e de pesquisadores que têm cada
vez mais discutidos sobre o tema e apresentados uma gama de trabalhos científicos
abordando todos os aspectos deste tipo de violência contra a criança. A imprensa em geral
vem contribuindo na divulgação desses casos e chamando a atenção das autoridades para
o fato. No Brasil a maioria das vezes os casos só vêm ao conhecimento da sociedade e
das autoridades competentes através dos órgãos de impressa.

Em Roraima o Núcleo de Protecção à Criança e ao Adolescente, tem registado um


grande número de ocorrências de crime dessa natureza – o estupro, exploração e abuso
sexual estão entre as principais, sendo sua incidência maior, praticada por integrante da
própria família. Este tipo de crime resulta em danos irreparáveis para o desenvolvimento
físico, psíquico, social e moral. As crianças ou adolescentes submetidos a abuso sexual
estão sujeitos à dependência de drogas, gravidez precoce e indesejada, distúrbios de
comportamento e doenças sexualmente transmissíveis.

Apesar de intensos debates a nível nacional (Fórum, Simpósios, CPIs) sobre o


assunto, nossos profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, assistentes sociais,
psicólogos e outros) e professores ainda não estão suficientemente preparados para
diagnosticar e conduzir os casos de abuso sexual de crianças e adolescentes. Esse é um
fenómeno em expansão na realidade brasileira tornando-se não só um problema de
segurança pública, mas de saúde pública, por isso é necessário maior atenção e
treinamento desses profissionais ainda na sua formação.

O atendimento da criança e adolescente vítima de abuso sexual deve ser


prioritário. As leis reconhecem garantias a esse seguimento social, porém só reconhecer
Auditor: José Bunga Paulo André.
Turma: C | Sala: 5 | Período: Manhã | INEJ – 2022.
os direitos não basta, tem que ser garantida a sua aplicabilidade, desde a abordagem da
vítima, seu acompanhamento e a punição severa do agressor.

“Hoje estou recuperada. Voltei para minha casa, cuido de meus dois filhos
pequenos. Vocês não imaginam o que tive de me submeter. Tenho um corpo de 18 anos,
mas uma alma velha”.

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