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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE DIREITO
THALITA MAMEDE
De acordo com Francisco Emerenciano (2011, p. 108) “o art. 36, caput, da Lei nº
9.504/97, determina o dia posterior ao registro como prazo para que os candidatos, partidos e
coligações, iniciem a propaganda eleitoral”.
O autor completa que o propósito da propaganda eleitoral está na divulgação do nome
dos candidatos aos cargos públicos pleiteados, levando os eleitores a optarem por nomes de
sua preferência. Ela acontece somente no decorrer do período eleitoral, configurando ilícito se
for feita fora dele.
Gomes (2018, p. 416) esclarece que diferentes princípios regem a propaganda
eleitoral, entre eles:
- o princípio da legalidade: ao qual ela está subordinada, ou seja, deve seguir fielmente o que
a lei estabelece, inclusive as decisões da Justiça Eleitoral;
- o princípio da liberdade ou da disponibilidade: que se pode optar por qualquer espécie de
propaganda eleitoral dentre as opções lícitas;
- o princípio da responsabilidade: determina uma atuação responsável, de maneira que
qualquer ilícito perpetrado no decorrer da propaganda eleitoral poderá trazer
responsabilização direta dos partidos, dos candidatos ou até de terceiros. Podendo, caso não
seja respeitada a responsabilidade, gerar punições, como multas, anulação do registro, perda
do cargo, inelegibilidade, ou ação criminal;
- o princípio da igualdade: as regras valem para todos, ou seja, não é permitido o
favorecimento de nenhum candidato em se tratando de propaganda eleitoral gratuita;
- o princípio do controle judicial da propaganda: a propaganda eleitoral será controlada pelo
Poder Judiciário, que poderá agir de ofício ou por provocação.
O Direito Brasileiro não possui norma específica sobre fake news. Portanto, para
tratar do assunto, torna-se necessário estabelecer um paralelo com o existente mais
aproximado sobre o fenômeno no ordenamento jurídico brasileiro, sobretudo no campo do
Direito Eleitoral.
No decorrer da propaganda eleitoral podem surgir exageros, publicação de
informações falsas, ofensas, difamação ou inclusive calúnia. Por isso, a legislação eleitoral
previu o direito de resposta, já consagrado pela Constituição Brasileira em seu art. 5º, inciso
V, que consiste em uma ação eleitoral para reparar o dano causado ao ofendido (CASTRO,
2018, p. 341).
Em relação à propaganda eleitoral, existe ainda a figura da “propaganda não tolerada”
prevista pelo Código Eleitoral nos Arts. 242 e 243, que decreta: “não se admite propaganda
eleitoral que utilize meios publicitários com o fim de criar artificialmente, na opinião pública,
estados mentais, emocionais ou passionais”. Tal figura parece se adaptar ao contexto das fake
news, porém, não se vê na lei sanção eleitoral sobre esta conduta, já que há outros meios de
propaganda não tolerados pelo Código Eleitoral. (CASTRO, 2018, p. 345).
A não especificação como também a desatualização de certos dispositivos legais,
como o art. 242, empregados no combate à propagação de notícias falsas, coloca-se como
uma das razões que podem esclarecer a inclinação do setor jurídico no sentido de equacionar
o problema e evitar o que aconteceu no pleito de 2018, quando a corrida presidencial foi
marcada pelas fake news.
Em meio a boatos, ofensas pessoais e denúncias de fraude no processo eleitoral, todos
foram afetados impactando nas campanhas. Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL)
apelaram à justiça queixando-se de variadas fake news. O PT, ainda no primeiro turno, entrou
na Justiça solicitando a remoção de supostas fake News, não ganhou todas. Entretanto, uma
reportagem publicada pela Folha de São Paulo, que denunciava que empresas pagariam
campanha contra o PT pelo WhatsApp, acirrou ainda mais os ânimos. O candidato Haddad
recorreu à Justiça, e o candidato Bolsonaro foi cobrado a se explicar e afirmou saber da
irregularidade, porém não tinha como controlar seus apoiadores.
Pelas razões expostas, os debates acerca do problema precisam ser feitos de imediato,
no intuito de impedir que o sentimento de urgência ultrapasse o necessário e interrompa
direitos e garantias estabelecidas constitucionalmente.
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