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Informação vs.

Fake News: os efeitos no exercício da democracia perante as eleições


municipais

MARIANA DELLA TORRE REAL, advogada com ênfase em Direito de Família e


Direito Eleitoral, mestre em Ciências Jurídicas pela Universidade Unicesumar de
Maringá, com ênfase em direitos da personalidade. Pós Graduada em Direito Civil e
Processo Civil pela Universidade Estadual de Londrina - UEL. Pós Graduanda em
Direito Penal e Processo Penal no Damásio Educacional.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla em inglês)
concluiu que notícias falsas, ou comumente conhecidas como “Fake News”, se propagam
70% mais rápido do que notícias verídicas e, especialmente, quando a notícia está ligada à
conteúdo político sua disseminação se dá de forma três vezes mais célere.
Ora, cerca de 30 anos atrás, para uma informação ser noticiada pelas grandes fontes de
imprensa, como jornais de grande circulação e os noticiários televisivos, existia uma
verificação anterior a sua publicação, o que diminuía a possibilidade de se veicular notícias
falsas para a população.
Contudo, com o advento da internet e, consequentemente, com os diversos sites e aplicativos
que abriram portas para a comunicação entre pessoas e disseminação de ideias por qualquer
um que possua acesso a estes meios, o filtro que antes verificava a veracidade das
informações acabou sendo massacrado. Ou seja, hoje em dia, a disseminação de uma
informação, verdadeira ou falsa, está a um “clique” de distância e os maiores responsáveis por
esse fenômeno somos nós, os “internautas”.
Em conformidade com a Emenda Constitucional nº 107, de 2 de julho de 2020, que adiou as
eleições municipais por conta da pandemia causada pelo vírus da Covid-19, o Tribunal
Superior Eleitoral editou a resolução nº 23.606 que definiu o calendário das eleições
municipais de 2020. Assim, desde o dia 27 de setembro foram liberadas as chamadas
“campanhas eleitorais”, onde os candidatos propagam suas propostas e ideais políticos através
de diferentes meios como carros de som, distribuição de “santinhos”, comícios, rádio,
televisão, e, atualmente, pela internet por meio das redes sociais.
Nesse sentido há que se levantar a questão: qual o limite da liberdade de expressão, direito
amplamente protegido tanto pela nossa Constituição Federal, e a (des)informação ante as
campanhas eleitorais?
Por mais que o direito de “opinar”, de se expressar, seja uma garantia constitucional, este por
si só não é um direito absoluto, há que se ter em mente que ao se veicular uma “Fake News”
através das mídias sociais sem saber a real fonte da informação e a sua veracidade,
especialmente no que se diz respeito a matéria de direito eleitoral, os efeitos e resultados deste
compartilhamento podem ser gravíssimos ao exercício da democracia, fazendo com que na
balança entre direitos (liberdade de expressão vs. democracia) o último sobressaia ao
primeiro.
Dessa forma, há que se conscientizar a população sobre os efeitos danosos ao exercício da
democracia que o compartilhamento de “Fake News” eleitorais pode ocasionar, visto que
lesiona o ambiente de idoneidade que se busca durante as eleições. A preocupação com esse
fenômeno é tamanha que o próprio Tribunal Superior Eleitoral estreou uma campanha para
combater a desinformação, trazendo a mensagem: “Se for fake new, não transmita”.
Em assim sendo, considerando os danos que uma notícia eleitoral falsa pode ocasionar, a
recomendação é que se verifique a procedência e a veracidade da informação antes de
divulgá-la ou repassá-la através das mídias sociais (Facebook, WhatsApp, Instagram, etc.),
vez que a liberdade de expressão quando desinformada pode se transformar em uma arma
contra a tão desejada democracia.

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