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Bolsonaro diz que pedirá ao Senado processo

contra ministros do STF


Em redes sociais, presidente diz que pedirá processo contra
ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso e cita
consequências de 'ruptura institucional'
Murillo Ferrari, da CNN, em São Paulo
14 de agosto de 2021 às 09:13 | Atualizado 14 de agosto de 2021 às 10:37
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O presidente Jair Bolsonaro publicou neste sábado (14), em suas contas em redes
sociais, que levará ao Senado um pedido para instaurar um processo contra os ministros
Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em mensagens idênticas publicadas no Twitter, no Facebook e no Instagram, o presidente
afirmou que os dois magistrados “extrapolam com atos os limites constitucionais”.
“Todos sabem das consequências, internas e externas, de uma ruptura institucional, a
qual não provocamos ou desejamos. De há muito, os ministros Alexandre de Moraes e
Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, extrapolam com atos os limites
constitucionais”, escreveu o presidente.

Leia mais
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Em outra mensagem, Bolsonaro afirmou que procurará Rodrigo Pacheco (DEM-MG) com
pedido para instaurar processo contra Moraes e Barroso com base no artigo 52 da
Constituição.
“Lembro que, por ocasião de sua sabatina no Senado, o sr. Alexandre de Moraes
declarou: ‘reafirmo minha independência, meu compromisso com a constituição, e minha
devoção com as liberdades individuais’”, escreveu o presidente.
Ele finalizou, ainda, com uma mensagem dizendo que os brasileiros não aceitarão a
violação de direitos e garantias fundamentais.
- Todos sabem das consequências, internas e externas, de uma ruptura
institucional, a qual não provocamos ou desejamos.

- De há muito, os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do


Supremo Tribunal Federal, extrapolam com atos os limites constitucionais.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) August 14, 2021

“O povo brasileiro não aceitará passivamente que direitos e garantias fundamentais (art.
5° da CF), como o da liberdade de expressão, continuem a ser violados e punidos com
prisões arbitrárias, justamente por quem deveria defendê-los.”
A CNN procurou os ministros Barroso e Moraes e aguarda uma resposta.

Foto: Foto: Alan Santos/PR

Prisão de Roberto Jefferson


Na sexta-feira (13), Moraes autorizou a prisão preventiva do ex-deputado Roberto
Jefferson (PTB-RJ) pela Polícia Federal (PF).
O ministro do Supremo acusou o ex-deputado de participar de uma suposta milícia digital
em ataques às instituições democráticas – montada, principalmente, para atacar as
eleições de 2022.
Apesar do histórico de envolvimentos com escândalos de corrupção, Jefferson teve
alinhamento ideológico com o Bolsonaro ao longo dos últimos anos. No governo
Bolsonaro, ele fazia barulho como um aliado contundente das políticas defendidas pelo
presidente. 
Segundo o analista da CNN Caio Junqueira, aliados bolsonaristas aguardavam um sinal
do presidente e o silêncio em relação à Roberto Jefferson poderia causar o afastamento
dos conservadores mais radicais.
Escalada da tensão entre Executivo e STF
Desde o começo de julho, a troca de farpas entre Bolsonaro e integrantes do Supremo
tem se intensificado, motivada principalmente pelos ataques ao sistema eleitoral e pelas
ameaças contra a realização das eleições em 2022 feitas pelo presidente.
Na quinta-feira (12), Moraes acolheu a segunda notícia-crime apresentada pelo Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) contra o presidente. Bolsonaro responde agora pela divulgação,
nas redes sociais, de um inquérito sigiloso do tribunal eleitoral, que apura invasão nos
sistemas da Corte.
No dia 4 de agosto, o próprio Moraes já havia aceitado pedido de investigação contra o
presidente por causa da live nas redes sociais em que fez acusações sobre a
confiabilidade das urnas eletrônicas. 

Reações em Brasília
Também por meio das redes sociais, políticos apoiadores e críticos ao presidente se
manifestaram sobre a publicação de Bolsonaro dizendo que pedirá abertura de inquérito
contra os ministros do STF.
Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara, usou sua conta no Twitter para criticar Bolsonaro
e compará-lo ao ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez.
“Assim atuam os populistas. Depois de eleitos, atacam as instituições democráticas e
tentam destruir a democracia representativa e o Estado democrático. É, na verdade, um
ditador igual a Chávez”, escreveu o deputado, atualmente sem partido.
Assim atuam os populistas. Depois de eleitos, atacam as instituições
democráticas e tentam destruir a democracia representativa e o Estado
democrático. É, na verdade, um ditador igual a Chávez.
pic.twitter.com/hWOKxeSKxP

— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) August 14, 2021

Membro da CPI da Pandemia, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-CE) afirmou que a


proposta do presidente se trata de uma “cortina de fumaça” para esconder crimes.
“Ministros do STF podem e devem ser investigados por fatos concretos, mas o tal pedido
de impeachment que Bolsonaro pretende apresentar contra Barroso e Moraes é só + uma
cortina de fumaça para tentar esconder o mar de crimes comuns e de responsabilidade
que o próprio PR cometeu”, escreveu, no Twitter.
Humberto Costa (PT-PE), também membro da CPI, afirmou que o presidente Bolsonaro
se encontra “acuado por denúncias” e tenta intimidar a Justiça.
“Cada vez  acuado por conta de uma série de denúncias contra o seu governo, Bolsonaro
tenta mais uma vez intimidar a Justiça. A olhos vistos, o presidente avança no seu
discurso autoritário. É preciso dar um basta de uma vez por todas nessa milícia golpista.”
Já a líder da bancada feminina no Senado, Simone Tebet (MDB-MS), fez uma alusão ao
fato de que também cabe ao Senado processar o presidente e o vice-presidente por crime
de responsabilidade.
“Presidente vai mesmo pedir ao Senado o impeachment de ministros do STF? Quem
pede  pra bater no “Chico”, que mora no Inciso II, artigo 52, da CF, se esquece de que o
“Francisco” habita o Inciso I, do mesmo endereço”, escreveu, no Twitter.
Presidente vai mesmo pedir ao Senado o impeachment de ministros do STF?
Quem pede pra bater no “Chico”, que mora no Inciso II, artigo 52, da CF, se
esquece de que o “Francisco” habita o Inciso I, do mesmo endereço.
pic.twitter.com/pBaRkDj2iO

— Simone Tebet (@SimoneTebetms) August 14, 2021

Já o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP)


usaram tom semelhante em suas reações e cobraram que Bolsonaro trabalhe ao invés de
“ameaçar a Constituição”.
“Quando não está protegendo ladrão de vacina, Bolsonaro está ameaçando a
Constituição. Nem parece que é o presidente de um país com quase 570 mil mortos e 15
milhões de desempregados. Vai trabalhar, vagabundo!”, escreveu Freixo.
“Bolsonaro, vá trabalhar! Ao invés de arroubos autoritários, que serão repelidos pela
democracia, vá pegar no serviço! Estamos com 14 milhões de desempregados, 19
milhões de famintos, preço absurdo da gasolina, da comida. E o povo continua morrendo
de COVID-19! VAI TRABALHAR!”, disse Randolfe.
Bolsonaro, vá trabalhar! Ao invés de arroubos autoritários, que serão repelidos
pela democracia, vá pegar no serviço! Estamos com 14 milhões de
desempregados, 19 milhões de famintos, preço absurdo da gasolina, da
comida. E o povo continua morrendo de COVID-19! VAI TRABALHAR!
pic.twitter.com/zFCcyNJas5

— Randolfe Rodrigues ???? (@randolfeap) August 14, 2021

 Entre os apoiadores de Bolsonaro, o deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ) elogiou a


iniciativa do presidente.
“Aí sim, Presidente! Não é possível q senadores assistam e aceitem passivamente todos
esses atos inconstitucionais e ataques às instituições e não façam nada. Parabéns por
sua postura!”, escreveu.
Presidente Bolsonaro levará semana que vem ao Presidente do Senado
Rodrigo Pacheco @rpsenador (DEM-MG) pedido de impeachment de Barroso
e Alexandre de Moraes, conforme prevê o art. 52 da Constituição.

Base do pedido é contínuas violações de liberdades como a de


expressão ???????? https://t.co/K61v77JCtB pic.twitter.com/UhMZOVBQt5

— Eduardo Bolsonaro???? (@BolsonaroSP) August 14, 2021


Compartilhando a mensagem do pai no Twitter, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)
escreveu que a base do pedido que o presidente apresentará ao Senado são “contínuas
violações de liberdades como a de expressão”.
Ele também incluiu uma cópia do artigo 52 da Constituição, citado nas mensagens do
presidente, para ressaltar que cabe ao Senado “processar e julgar os ministros do
Supremo Tribunal Federal”.
(Com informações de Cecília Alves, da CNN, em Brasília)

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