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Coronel revela que Bolsonaro sempre teve a intenção de liderar rebeliões no exército
Antes dos anos 90, líderes autoritários rompiam com a democracia por meio de um golpe de estado. Nas
últimas três décadas, no entanto, as ameaças à democracia evoluíram. Os líderes autoritários de hoje
corroem as instituições, leis, e restrições políticas aos poucos, destruindo a democracia e fixando-se no
poder no longo prazo. Isto aconteceu e está acontecendo em diversos países do mundo, como na Rússia,
Venezuela, Hungria, Nicarágua, Estados Unidos, Filipinas, Polônia, Índia, Turquia, e Brasil.
Jair nem sequer cuida do orçamento público: quem dá as cartas são Arthur Lira, do Partido
Progressistas (PP), e Ciro Nogueira, presidente do mesmo partido. Também do PP é Ricardo Barros, que
protagonizou o escandalo de corrupção da compra da vacina Covaxin.
O Presidente foi denunciado diversas vezes no Tribunal Penal Internacional por sua atitude desastrosa
perante um dos maiores desafios da história moderna. Bolsonaro executou “uma estratégia institucional
de propagação do vírus.” Chamou a doença de “gripezinha” em total descaso com as centenas de
milhares de mortos. Atrapalhou a assistência social aos mais necessitados. Defendeu o uso de remédios
ineficazes e desprezou da ciência moderna que nos trouxe a vacina e o fim da pandemia.
Bolsonaro também é denunciado por estimular a morte em comunidades indígenas. Suas políticas
ambientais e seu descaso com a Amazônia estão causando a destruição da região e configuram uma
política de extermínio.
“E daí?”
— Jair Bolsonaro
Bolsonaro aos poucos se entranhou no controle das Forças Armadas. No início de seu mandato
indagava-se como seria para generais obedecerem “o” capitão. Já em 2020, o Ministério Público Federal
apontou interferência de Bolsonaro no Exército. Após uma ridícula queda de braço com Biden, em que
o Presidente Bolsonaro, magoado com a derrota de Trump, ameaçou veladamente entrar em guerra
contra os EUA, o Ministro da Defesa e os comandantes das Forças Armadas assinaram uma carta
defendendo a separação entre as instituições e a política. Não muito tempo depois, o Ministro da Defesa
foi demitido por não aceitar as interferências do presidente nas Forças Armadas. Logo após, foi a vez
dos comandantes. Bolsonaro teve a oportunidade de selecionar líderes que estivessem mais alinhados
com as suas aspirações e mais subservientes aos seus comandos. Para ampliar seu apoio, cargos,
supersalários, benefícios, bônus, picanha e viagra foram distribuídos, na esperança de que benesses e
rentismo recrutassem adeptos ao golpismo.
O Tribunal Superior Eleitoral é alvo prioritário da estratégia bolsonarista, visando gerar desconfiança
sobre o sistema eleitoral através de mentiras e ataques aos ministros. Em maio de 2022, um grupo de 80
juristas e acadêmicos denunciou que "O Judiciário brasileiro está sob ataque,” adicionando que tribunais
enfrentam uma “campanha sem precedentes de desconfiança e ameaças públicas.” A ONU
recentemente criticou os ataques de Bolsonaro contra o sistema judiciário.
Para além do judiciário, a estratégia bolsonarista enfraquece o Estado de Direito de maneira mais
ampla. As sucessivas interferências na Polícia Federal para proteger a família, que eventualmente
levaram à midiática saída de Sérgio Moro do governo, formaram o exemplo mais notório, mas táticas
são diversas. Juntamente com a corrupção do legislativo, a tática autoritária é corroer o sistema de
freios e contrapesos que é fundamental para democracias saudáveis.
Bolsonaro enfraqueceu o papel institucional do Ministério Público Federal ao nomear — fora da lista
tríplice da instituição — um Procurador Geral da República que o protege; atrapalhou investigações e
ocultou polêmicas utilizando-se amplamente de decretos de sigilo de 100 anos (dizendo que “não deve
satisfação”); atacou e deslegitimizou a impresa; perseguiu críticos usando a Lei de Segurança Nacional;
utilizou a Advocacia-Geral da União para defender-se em assuntos pessoais; investiu contra a Lei de
Acesso a Informação; e utilizou censura para impedir a expressão artística.
O fato é que a família Bolsonaro está com medo ser presa. A lista de crimes é longa, e as provas são
evidentes. Pessoas próximas de Bolsonaro relatam que ele está “transtornado” com a possibilidade — o
pavor está tomando conta. Pois bem. Lugar de bandido é na cadeia.
Usando a mentira como estratégia política, Bolsonaro se esquiva da responsabilização de suas ações,
semeando dúvida e confusão. O objetivo não é necessariamente fazer com que se acredite em alguma
mentira, mas minar a noção que qualquer coisa seja verdade. Ainda, radicalizam uma base pequena
mas fanática e extremista, que tem poder para se organizar perigosamente.
O Gabinete do Ódio, milícia digital cujo objetivo é agir contra as instituições e a democracia, dissemina
fake news, promove ataques contra a imprensa e contra o judiciário, e persegue adversários políticos. O
grupo também atuou para difundir informações falsas referentes à pandemia e ataques contra as
pesquisas eleitorais. Os filhos Carlos e Eduardo Bolsonaro orquestram os ataques, sediados no Palácio
do Planalto. Outro fato preocupante é a procura de softwares espiões por pessoas conectadas a família
em uma ditadura do Oriente Médio, e a interferência de Carluxo em licitações federais de polêmicas
tecnologias de espionagem.
Vale também lembrar das conexões da família com o neofascismo internacional. Eduardo Bolsonaro
tem laços com Steve Bannon, o responsável pelo escândalo de manipulação eleitoral da Cambridge
Analytica, que foi preso em conexão com as investigações sobre a insurgência do Capitólio — a primeira
transferência de poder violenta nos Estados Unidos desde a sua guerra civil.
Já Carlos Bolsonaro, viajou à Rússia junto com uma comitiva presidencial, onde certamente discutiu
táticas e estratégias de desinformação para a campanha eleitoral. Assessores chave do Gabinete do Ódio
também viajam à Rússia. Vale lembrar que Alexandr Dugin, ideólogo de Putin que teorizou a invasão da
Ucrânia, defende táticas de desinformação para desestabilizar o Ocidente.
Como o Brasil possui um sistema de votação moderno, unificado, rápido e seguro, a estratégia dita que
ele precisa ser descreditado como um todo. O alvo principal é a urna eletrônica, valendo-se da paranoia
e ignorância tecnológica, e de uma enxurrada de fake news. Ao se obter apoio popular para a ideia
mentirosa de fraude eleitoral, Bolsonaro se prepara para descreditar o processo democrático como um
todo.
Ao delegar a legitimidade das eleições para as mãos da fiscalização das Forças Armadas e a uma
empresa privada, Bolsonaro prepara o terreno para disputar o resultado das urnas. Bastaria cooptar
parte destes grupos e forjar provas para semear a difusão da dúvida e o colapso da ordem
constitucional.
Entretanto, a sociedade civil e as instituições também aprenderam com o golpismo trumpista, e estão
contra-atacando a investida bolsonarista. Com o enfraquecimento da estratégia de subverter o
resultado eleitoral, favorece-se a saída para o caos e violência generalizada, pois, apavorado com a visão
da sua prisão e de seus filhos num futuro próximo, “Bolsonaro não tem mais nada a perder.”
“Você sabe como você deve se preparar, não para um novo Capitólio, ninguém quer invadir
nada, mas sabemos o que temos que fazer antes das eleições.”
— Jair Bolsonaro
Os laços com a violência não são recentes. Bolsonaro ficou famoso por seu currículo de misoginia,
homofobia, racismo e defesa de grupos de extermínio. A família tem constrangedores vínculos com a
milícia e o crime organizado do Rio de Janeiro. Bolsonaro defende a tortura, chama torturadores de
heróis, debocha e insulta os torturados.
Entretanto, nem todas as táticas de incitação se dão a céu aberto. Sob holofotes democratas, políticos
antidemocráticos criam uma fachada de oposição à violência, mas na realidade não medem esforços
em proferir xingamentos, inflamar os ânimos e gerar divisão social e caos. Estimulados pela retórica
violenta e golpista, apoiadores fanáticos passam a fazer o trabalho sujo. Atacam comunidades
vulneráveis, juízes, órgãos de imprensa, estudantes, comícios políticos, políticos, e até idosos. Capangas
frequentemente ameaçam críticos. A covardia se escancara no anonimato de redes sociais e na
obscuridade de grupos de WhatsApp e Telegram, onde incentivam a ruptura democrática e o uso da
força. Quando fanáticos específicos já não lhe são úteis, líderes autocráticos abandonam seus aliados na
fogueira.
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O neofascismo mobiliza segmentos populares a cometer atrocidades, dando carta branca para a
violência. Líderes autocráticos se esquivam da responsabilidade para sustentar alguma legitimidade
democrática. Conforme a percepção de insegurança aumenta, as divisões sociais tornam-se mais
politizadas e combativas. Caso a situação decaia ao caos, lhes é dada a oportunidade de justificar
restrições a liberdades civis e expandir medidas coercitivas. A partir da instauração da violência estatal,
pode-se reprimir sistematicamente a oposição política.
A estratégia bolsonarista visa perpetuar seu clã no poder aos custos de nossa soberania. Ao subverter a
democracia, Bolsonaro nos levaria ao status de pária internacional, isolando nosso povo do resto do
mundo. Seu comportamento internacional submisso é tática para poder se sustentar custe o que custar.
O modo como Bolsonaro lambeu Donald Trump seria apenas cômico se não fosse uma verdadeira
humilhação internacional. Que sinal de patriotismo brasileiro é bater continência à bandeira dos
Estados Unidos? A covardice de Jair ficou escancarada quando, ao não saber como reagir diante de um
homem que ele admirava, soltou um ridículo “Eu te amo,” que foi desdenhado pelo autocrata norte-
americano. Bolsonaro é fraco e patético.
Sua estratégia desmoronou quando Trump perdeu, e Bolsonaro precisou buscar um aliado que deixou
sua predileção autoritária nua e crua. Bolsonaro serviu aos interesses de Putin com uma visita
absolutamente inoportuna, logo nas vésperas da cruel guerra Russo-Ucraniana. Fertilizantes são moeda
eleitoral de troca para cimentar a aliança neofascista que ameaça destruir o planeta.
Não bastassem reflexos na Defesa Nacional, em que o Brasil cada vez mais se subordina aos Estados
Unidos gerando uma dependência estratégica, protagonizamos a defesa de pautas ideológicas absurdas
perante a comunidade internacional e antagonizamos o nosso maior parceiro comercial com insultos
diplomáticos estúpidos e injustificáveis. Na área energética e econômica, entregamos dividendos a
financeiras internacionais e empobrecemos o nosso próprio povo com uma política de combustíveis
que gera fome e miséria.
Bolsonaro é um bobo da corte. Ele e seus filhos geram polêmicas constantes e criam uma cortina de
fumaça contra os problemas reais do Brasil e do seu governo. Regurgitar lixo constantemente diminui a
resistência coletiva aos seus desvios morais, e faz com que as pessoas confundam autenticidade — se
mostrar porco e estúpido como realmente é — com honestidade. Não é possível dialogar com fanáticos,
pois no fascismo não há respeito, dignidade, decência ou honra.
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Contagem regressiva
121 17 25 23
2
Logo poderemos comemorar o fim desta terrível
presidência, mas não vamos nos iludir:
O bolsonarismo persistirá.
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A batalha contra o neofascismo deve continuar.
Resistiremos, e venceremos.