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Direitos

SebastiãoHumanos
Manjua de Lima- 2021224332
O Caso Brasileiro da Violação dos Direitos
Humanos

Trabalho realizado no âmbito da unidade curricular de Cidadania e D


Introdução
Em ano de eleições, é o momento em que mais se relembra todos os ocorridos,
conquistas, desastres, evoluções e retrocessos que aconteceram num país durante o período de
tempo do mandato do presidente eleito. No caso brasileiro, Jair Bolsonaro é o presidente
democraticamente eleito desde 2018, e que no ano de 2022 se irá recandidatar a este mesmo
cargo, e por isso, não há momento melhor para se olhar para o país e refletir sobre o que este fez
em prol dos direitos humanos, ou neste caso, o que fez contra o cumprimento e respeito dos
direitos humanos, ao longo destes 4 anos.
Durante o mandato de Jair Bolsonaro, referiu diversas vezes que “a proteção dos
direitos humanos é um valor inerente ao governo”, e que, por isso, seria inegável a luta que o
seu governo protagonizaria em prol da defesa e proliferação do respeito pelos Direitos
Humanos. No entanto, o que se notou e tornou evidente com o passar dos anos, é o total
descrédito e irrelevância que Bolsonaro entrega aos Direitos Humanos, fazendo deles uma
ferramenta política que utiliza a seu favor e benefício próprio, enquanto o mesmo aprova e
propõe decretos de lei e projetos profundamente anticonstitucionais, que vão contra a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, e que resultam em constates desrespeitos por
estes.
Por este motivo, para este trabalho selecionei não um ocorrido, mas sim um grande
ocorrido contra os Direitos Humanos, que foi a vitória democrática de Jair Bolsonaro em 2018,
que só por si, obviamente, não é contra a DUDH, mas que resultou numa vastidão enorme de
desrespeitos, mortes, consequências negativas irreversíveis, e crimes contra a humanidade, ao
longo dos 4 anos do seu mandato, sendo que o tema central de estudo deste trabalho serão todos
os desrespeitos aos Direitos Humanos que Jair Bolsonaro e o seu governo promoveu, tendo
como base o documento da organização internacional não-governamental Humans Rights
Watch, “World Report 2021”. Neste documento constam todas as violações aos Direitos
Humanos em 2021, sendo que efetuarei uma análise da área dedicada ao Brasil, entre as páginas
105 e 116.
Covid-19
Ao adotar a sua atitude negacionista e designar o coronavírus de uma “gripezinha”, o
presidente brasileiro recusou-se a adotar uma postura para com a pandemia, não adotando
qualquer tipo de medida de segurança no país, como obrigatoriedade de máscara, recomendação
de vacinas ou isolamento profilático quando necessário, à semelhança dos restantes países do
mundo. Ao invés disso, o próprio Jair Bolsonaro decidiu divulgar fake news, informação errada
sobre o vírus, descredibilizar virologistas e médicos nacionais que tentavam avisar a população
sobre o perigo em que estes estavam, e até mesmo tentou bloquear os Estados de tomarem
medidas preventivas.
Tornou-se notícia global o ato de Bolsonaro de despedir o seu Ministro da Saúde, Luiz
Mandetta, logo ainda no início da pandemia, por volta de maio de 2020, após este defender o
discurso da OMS em prol do isolamento, testagem, e tomada de medidas de segurança. Após
este caso, o presidente brasileiro coloca no cargo Nelson Teich, que se demite meses após
assumir o cargo, devido à decisão do seu presidente de divulgar uma medicação não segura e
não confirmada que, na teoria, curaria o Covid, designada de cloroquina, que mais tarde, devido
à confiança que o eleitorado possuía no seu presidente, causaria inúmeras mortes, internamentos
e casos graves por excesso de ingestão deste medicamento, recomendado pelo chefe da nação.
A fim de piorar a inexistente gestão do governo Bolsonaro da pandemia no Brasil,
inúmeros estudos demonstraram o quão mais graves eram as situações das minorias étnicas,
revelando o racismo estrutural presente no país. O número de pessoas de raça negra que
morriam no hospital e nas filas de espera eram, e são, exponencialmente maiores do que das
maiorias étnicas, visto que os negros, devido à descriminação e racismo, ocupavam cargos
profissionais informais e menos especializados, como trabalhador nas obras públicas, entregas,
distribuidores, entre outras profissões que exigem a presença física do trabalhador, e por isto, as
minorias eram obrigadas a ir trabalhar independentemente da gravidade do vírus, visto que o
teletrabalho não era uma opção. Isto resultou no aumento em pique da taxa de contração do
coronavírus pela raça negra, à qual nada foi feito a respeito, visto que o governo Bolsonaro
decidiu tomar uma postura reducionista desta situação, não impondo planos, abonos ou ajudas
para evitar o sobre loteamento de hospitais, falência de empresas ou pobreza de famílias.
Não tendo só sido os negros a sofrer maioritariamente com a postura de Bolsonaro, uma
outra minoria extremamente ignorada e discriminada pelo governo brasileiro são os indígenas.
Por estes terem pouco ou nenhum acesso à saúde básica, os grupos indígenas tornaram-se um
grupo especialmente vulnerável a esta doença. Em junho de 2020, o Congresso brasileiro exigiu
a imposição de diversas leis que previam medidas de proteção e apoio para as comunidades
indígenas durante a pandemia, como a garantia de acesso a água potável, matérias de higiene e
respiradores mecânicos. Estas propostas seriam parcialmente vetadas por Bolsonaro, mas que
felizmente o Congresso conseguiria anular o veto parcial que o presidente realizou nestas
medidas, obrigando-o a tomar uma atitude e criar planos de ajuda às comunidades indígenas.
Finalmente, em julho de 2020, após meses de pandemia, o Supremo Tribunal de Justiça do
Brasil ordenou ao governo de Bolsonaro que este cria-se um plano de combate à proliferação do
Covid-19.
Dois anos após o início da pandemia, a gestão do Bolsonaro é visivelmente uma das
piores e mais ineficazes a nível global, tendo no seu total mais de 31 milhões de pessoas
infetadas ao total, com mais de 650 mil mortos ao longo dos dois anos, mortes estas que
poderiam ter sido reduzidas e prevenidas se ações tivessem sido tomadas, e um sentido de
urgência tivesse a postura adotado pelo presidente.

Segurança Pública e Brutalidade Policial


Na era em que vivemos, a brutalidade policial é um assunto bastante falado e destacado
nas sociedades ocidentais, tendo o seu auge de debate e relevância após o caso de George Floyd,
em maio de 2020, que foi uma vítima do racismo estrutural e violência policial nos EUA. No
caso do Brasil, um país com altíssimas taxas de criminalidade, e onde a polícia devia ser o
contraponto desta realidade, o que se vê de facto é um apoderamento por parte dos oficiais do
seu estatuto de poder superior a fim de se beneficiarem a si mesmos. No Rio de Janeiro, as
mortes realizadas pelas forças policiais entre janeiro e maio de 2020, apenas 5 meses, foram de
744 pessoas, a taxa mais alta desde 2003. No quinto mês de 2020, enquanto um grupo
voluntário distribuía cestas básicas de alimentação para famílias desfavorecias pelo COVID-19,
uma operação da Unidade de polícia Pacificadora da Providência começou um tiroteio após
serem, na teoria, atacados com tiros, e apenas dispararam de volta. Nesta operação, a polícia
matou um jovem de 19 anos que se encontrava entre os voluntários, com a justificação de este
ser um suspeito de tráfico de armas e drogas, sendo que este não possuía qualquer histórico
criminal, e todos ao seu redor diziam que ele era um rapaz humilde, jovem e trabalhador.
A grave situação brasileira sobre a segurança pública não viria a melhorar com o passar
do tempo, sendo que a nível nacional as mortes causadas por oficiais da polícia subiriam em 6%
na primeira metade de 2020.
Direitos das Mulheres
Em 2019, um milhão de casos de violência doméstica e 5,100 casos de feminicídio
estavam pendentes para serem julgados em tribunal, no Brasil. Durante a COVID-19, onde
casais eram obrigados a conviver constante e diariamente, a ligação para linhas de apoio à
vítima de violência doméstica aumentou 27% durante os meses de março e abril de 2020, se
comparado a estes mesmos meses de 2019.
Para além da violência doméstica, quando o assunto é os direitos das mulheres, é
impossível não se falar do direito ao aborto. No Brasil, o aborto é permitido apenas em casos de
estupro, risco de vida da mulher, ou quando o feto possui algum tipo de má formação
irreversível. Em junho de 2020, o governo Bolsonaro despediu exonerou dois técnicas que
publicaram uma nota técnica sobre acesso à saúde sexual e reprodutiva durante a pandemia, que
realçava a importância de se repensar a legalização geral do aborto e avisava para o possível
aumento de casos de gravidezes indesejadas durante a quarentena, e que colocaria vidas de
inúmeras mulheres em risco, pois estas tentariam de qualquer forma realizar o aborto, de forma
legal ou não. O próprio presidente Jair Bolsonaro distorceu e ridicularizou este documento nas
suas redes socias, reduzindo a importância da legalização do aborto e da educação sexual.
Tendo zero empatia pela população do seu país, Jair Bolsonaro ainda impõe, em agosto
de 2020, novas medidas de prevenção de acesso ao aborto legal, incluindo agora a
obrigatoriedade de profissionais de saúde terem de avisar à polícia casos de sobrevivente de
estupro que procuram interromper a sua gravidez. Nesta altura apenas 42 hospitais no país
inteiro realizavam abortos legais durante a pandemia, dificultando extremamente o acesso a este
direito, sendo que mesmo quando estes casos chegavam aos hospitais, ainda teriam que passar
por dificuldades por partes dos doutores que por vezes se recusavam a realizar o aborto. Se toda
esta dificuldade propositadamente gerada de acesso ao aborto legal e seguro não fosse o
suficiente, mulheres que optam por um aborto ilegal, além de sofrerem risco de morte e danos
permanentes, podem ocorrer a até 3 anos de prisão.

Liberdade de Expressão
Sobre talvez o maior direito de todos e o qual as pessoas mais prezam, Jair Bolsonaro
também contribuiu para a limitação da liberdade de expressão e proliferação da cultura do medo
entre a sociedade, onde se geraria um pavor a quem tentasse compartilhar uma visão oposta aos
ideais de Bolsonaro. Desde que assumiu o seu cargo, o próprio presidente, os seus aliados
políticos e instituições governamentais afiliadas ameaçam jornalistas, influenciadores digitais e
outros figuras públicas de se oporem à ideologia do governo. Em agosto de 2020, tornou-se
viral um vídeo do presidente do Brasil a ameaçar um jornalista, demonstrando claramente o seu
caráter opressor e autoritário.
Ambiente
A Amazónia é um dos mais importantes reservatórios naturais de biodiversidade
animal, de fauna e de flora. A sua relevância para a estabilidade do ecossistema sul-americano e
mitigação do lançamento de carbono para a atmosfera é incomensurável, sendo que esta área é
considerada Património Mundial pela UNESCO e deveria ser protegida a todo o custo.
No entanto, não é isso que ocorre. Inúmeras redes de contrabando ilegal estão
constantemente ativas na Amazónia, a promover a desflorestação e a matar indígenas, residentes
locais e ativistas que tentam defender a floresta. Entre 2015 e 2019, mais de 200 pessoas foram
mortas durantes conflitos sobre o uso da terra e dos recursos na Amazónia. Desde que assumiu o
seu cargo, o governo Bolsonaro diminuiu a importância, quantidade e relevância de leis de
proteção do ambiente. A desflorestação da Amazónia aumentou em 85% em 2019,
simultaneamente com o aumento do número de fogos florestais, que aumentaram para os seus
níveis mais altos em setembro de 2020. Em outubro de 2020 estes fogos foram responsáveis por
queimar mais de ¼ do Pantanal, o maior pântano do mundo, resultando na maior destruição que
ambiental das últimas duas décadas. O governo Bolsonaro em nada tentou colaborar com os
residentes locais, que procuravam fazer o pouco que tinham ao seu alcance para fugir e tentar
apagar os fogos, o que resultou num aumento exponencial da poluição do ar, causada pelas
cinzas. Através de um estudo do Institute for Health Policy Studies e Amazon Environmental
Research Institute, milhões de pessoas inalaram perigosos níveis de poluição, resultando em
mais de 2,000 pessoas hospitalizadas.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, comentou, em setembro de 2020, que as ONG’s
que trabalhavam arduamente todos os dias na Amazónia era um “cancro” que ele “não
conseguia matar”, acusando, sem qualquer prova, de serem os responsáveis pelos fogos e pelos
danos na Amazónia. Juntamente a este comentário, Bolsonaro ainda responsabilizou os
indígenas de pegarem fogo à floresta.
Conclusão
Após a realização desta pesquisa e do estudo do documento que deu início a este
trabalho, o World Report 2021, consegui chegar a inúmeras conclusões sobre o Estado político e
social do Brasil que anteriormente não poderia sequer imaginar.
A situação de vida pela qual os brasileiros são obrigados a viver devido ao governo que
está no poder é, de facto, lamentável, sendo que no poder está um homem autoritário,
conservador, machista e preconceituoso que em nada faz para ajudar a resolver os assuntos de
maior importância do país que ele se comprometeu a guiar e orientar. Desde o negacionismo
exacerbado do COVID-19, ao desrespeito pelo território nacional da Amazónia, e passando
pelos mais diversos assuntos, é de realçar o quanto é que Jair Bolsonaro falha em melhorar o
seu país, e o quanto é que este desrespeita, humilha e

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