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O começo do fim
Ainda no início de seu governo, Bolsonaro tratou de encerrar o programa Mais
Médicos, criado em 2013 pelo governo Dilma e amplamente criticado por ele ainda
antes de assumir o cargo. Além disso, ataques ao Sistema Único de Saúde (SUS) e a
diminuição cada vez mais expressiva de investimentos na área da saúde acarretaram
na falta de profissionais e exames, escassez de remédios e precariedade na
infraestrutura de Pronto Atendimento (UPA) e Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Mas os danos à saúde dos brasileiros não ficaram apenas na rede pública
hospitalar. Sua nítida falta de preocupação com o que chegaria na mesa dos
brasileiros e seu interesse no expressivo inchaço de capital que o agronegócio traz
para o país fez com que ele marcasse a história do Brasil como o presidente que mais
liberou agrotóxicos por dia. Em março deste ano, 2022, com 1.158 dias de governo,
Bolsonaro já havia autorizado mais de 1.629 agroquímicos, mais de um por dia. Para
essa soma de atitudes que beiram ao escarnio, muitos destes defensivos agrícolas
tinham nomes bastante sugestivos como “Forasteiro”, “Sniper” e “Patrol”.
A pandemia
Em 2019, os rumos do mundo foram interrompidos pelo que viria a ser conhecido
como a maior crise de saúde do século, a pandemia do então novo Coronavírus. A
postura esperada de um líder de Estado frente a tamanha desordem, enfermidade e
sofrimento é que o mínimo seja feito: amparo a população e tomada de medidas
combatentes aliadas a ciência e a medicina, disseminando informações cruciais de
maneira responsável e incentivando medidas sanitárias para diminuir o contágio e
poupar o máximo de vidas possíveis, mas, como sabemos, o que nos foi entregue
foram omissões, notícias falsas, negacionismo, desrespeito e negligência.
O Brasil é um dos três países mais afetados pela pandemia, juntamente dos Estados
Unidos e da Índia, tendo mais de 660 mil mortes e 30 milhões de casos confirmados,
lidando ainda com a dúvida a respeito da confiabilidade dos dados oficiais. Segundo
relatório publicado pelo Dossiê Abrasco Pandemia de Covid-19, lançado no 13º
Congresso que a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), cai sobre o
então presidente a responsabilidade por pelo menos 75% destes números,
comparando as proporções dos mortos e infectados no Brasil com o mundo e tal culpa
vem da gestão descompassada do governo frente a crise sanitária enfrentada de 2019
a 2021. As medidas efetivas adotadas pelos países e que fizeram com que os
números se estabilizassem em determinados momentos foram dispensadas por Jair, o
que fez com que, enquanto a situação era amenizada fora do nosso território nacional,
os números internos crescessem desenfreadamente.
As ações que corroboraram para tal estatística foram incontáveis, mas podemos
destacar a baixa testagem, desestímulo ao uso de máscaras, promoção de
tratamentos ineficazes (a tão exaltada Cloroquina, por exemplo), atraso na compra de
vacinas e desestímulo a vacinação, falta de uma política única de comunicação e
desordem do Ministério da Saúde, com troca de ministros e a inexistência de um
comitê de especialistas.
Bolsonaro deu como resposta as súplicas dos familiares de vítimas da doença a
afirmação de não ser coveiro, imitações de sons do sofrimento de pessoas que
sufocaram sem oxigênio e suposições fantasiosas como insinuar que a vacina
transformaria os brasileiros em jacaré, mostrando que tínhamos a frente do país um
ser infantil e sádico de terno e gravata.
Saúde mental
A COVID deixou marcas que o tempo vem tendo dificuldade em apagar e as
sequelas deixadas pelo luto e o isolamento no psicológico da população apenas
evidenciou a negligência gritante do tratamento que questões de saúde mental
recebem no Brasil. Transtornos de depressão e ansiedade arrebataram um número
expressivo de pessoas. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, o Brasil é
o país com mais casos de transtorno de ansiedade no mundo, com cerca de 18,6% da
ISTs
O desmonte não poupou programas que distribuem medicamentos para tratamento
de Aids, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e hepatites. O Ministério da
Saúde sofreu um corte de 12 programas no governo de Bolsonaro. Os números são
assustadores: as perdas chegam a R$ 3,3 bilhões. A justificativa dada a de reservar
dinheiro para o orçamento secreto em 2023. O "Atendimento à População para
Prevenção, Controle e Tratamento de HIV/AIDS, outras Infecções Sexualmente
Transmissíveis e Hepatites Virais Total" pertence ao SUS e o dinheiro é usado para a
produção, distribuição e compra de medicamentos para pessoas com HIV.