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MANIFESTO DE LANÇAMENTO DA FRENTE ANTIFASCISTA POTIGUAR:

EM DEFESA DOS NOSSOS DIRETOS, LUTAMOS CONTRA O FASCISMO!

Vivemos uma profunda crise econômica no plano internacional


desde 2008. A classe dominante tenta de todas as formas jogar o seu
ônus nas costas da classe trabalhadora por meio da superexploração do
trabalho, da precarização dos serviços públicos e espoliação dos recursos
naturais, sobretudo, nos países da periferia capitalista. É visível que, para
conseguir esses objetivos, a classe dominante tem recorrido, em alguns
lugares, a formas de governos abertamente autoritárias, com a presença de
elementos fascistas (xenofobia, racismo, militarismo, anticomunismo etc.), a
exemplo dos atuais governos dos EUA, Hungria, Polônia, Itália e Brasil. Esses
governos são a face cruel do capitalismo e significam uma saída reacionária
e antipopular frente à crise do capitalismo mundial.
No Brasil, a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras piora a
cada dia. O desemprego atinge cada vez mais pessoas. Segundo a Síntese
de Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), em 2017, em algumas cidades, de cada quatro
trabalhadores, um está sem emprego. Além disso, uma grande parcela da
população realiza trabalhos informais, sem direitos e garantias. Cerca de
50 milhões de pessoas estão vivendo na pobreza e cerca de 7 milhões de
famílias não têm moradia
Junto com a crise econômica, vem o crescimento da violência e da
insegurança. Além disso, apesar das grandes dificuldades na saúde pública e
do sucateamento da educação e serviços públicos, o ilegítimo governo Temer
e o Congresso Nacional congelaram as verbas da saúde e educação para os
próximos 20 anos, jogando sobre os trabalhadores brasileiros o peso da crise
por eles criada. Eles também aumentaram a precarização do trabalho e a
diminuíram os salários dos trabalhadores por meio da reforma trabalhista e
da ampliação da terceirização.
A profunda crise econômica gerou forte impacto no Brasil. Mas esses
impactos não foram iguais para todos. Várias empresas capitalistas, inclusive
internacionais, utilizaram-se da corrupção para desviar dinheiro. Como
vários partidos políticos participaram dessas práticas, a população brasileira
revoltou-se contra a classe política. Como saída, foram selecionadas algumas
pessoas e partidos como culpados pela crise. Em vez de investigar, condenar
e divulgar com a mesma ênfase todos os culpados, o judiciário e a mídia
fizeram uma clara seleção entre aqueles que pudessem apresentar relações
com grupos de esquerda.
A revolta da nossa população foi sendo manipulada de diversas
formas. Um dos maiores representantes da política brasileira que atua como
parlamentar há mais de 30 anos foi apresentado à população como alguém
que estava fora desse jogo. Como uma pessoa que já participou de vários
mandatos seguidos como deputado e nunca fez nada pelos trabalhadores
brasileiros poderia ser a solução para os problemas políticos no Brasil?
Contudo, os processos de manipulação mascararam essas ligações, o que
culminou na vitória eleitoral de Jair Bolsonaro, candidato dos patrões e de
um movimento fascista que ganha força.
Mas, além da manipulação política, Bolsonaro também foi favorecido
por outras práticas ilegais. Ele contou com a enorme pressão realizada pelos
patrões sobre os trabalhadores, assediando e ameaçando com desemprego
quem não votasse em seu candidato. Não bastasse isso, ele também foi
beneficiado com um esquema de caixa 2 em que grandes empresários
contrataram empresas como a Quick-mobile, Yacows, SMS Market, para
realizarem disparos de mensagens em massa no WhatsApp. Várias mentiras
absurdas, as chamadas fakenews, foram enviadas por profissionais que
trabalharam a serviço da campanha de Bolsonaro.
Durante o período eleitoral já esteve bastante presente a
disseminação do ódio e as manifestações de violência da extrema-direita
contra trabalhadores e trabalhadoras, mulheres, negros e negras, indígena
e população LGBT. Entre outras afirmações, disse que mulheres merecem
receber menores salários do que homens; que quer o fim da justiça do
trabalho e que os trabalhadores terão que escolher entre diretos e empregos.
O militar reformado, sistematicamente, tem defendido a criminalização
dos movimentos sociais por meio da tipificação dos lutadores sociais como
terroristas e, continuamente, tem exaltado a ditadura civil-militar iniciada
em 1964 e homenageado um dos seus notórios torturadores-assassinos que
praticava todo tipo de atrocidades.
A vitória da candidatura fascista de Jair Bolsonaro aponta para um
período ainda mais difícil para a classe trabalhadora, com ofensivas para a
retirada de direitos sociais e para a restrição de liberdades democráticas,
ameaça à liberdade de ensino e militarização ainda maior da vida social.
Teremos um governo repressor que cortará recursos dos serviços públicos,
desmantelando-os ainda mais em prol dos interesses dos grandes bancos,
do agronegócio e do capital monopolista estrangeiro, tudo articulado e
garantido por militares em postos de comando e ministérios. O “Brasil acima
de tudo” propalado em seu slogan é, na realidade, “ricos acima de tudo”.
Entretanto, a história é marcada pela luta. E isso não será diferente
neste momento no Brasil. Constituímos uma frente antifascista porque
entendemos que a luta é a melhor e mais consequente resposta a esse estado
de coisas. Uma luta pautada numa ampla aliança entre as organizações e
forças democráticas em nosso país.
A Frente Antifascista Potiguar tem como objetivo enfrentar a
ascensão do fascismo – que tem como uma das suas marcas o extermínio
de determinados grupos, considerados indesejados, e a perseguição a toda e
qualquer oposição – e assegurar os nossos direitos em toda a sua plenitude,
fundamentalmente, colocando-se na defesa das liberdades democráticas,
pela revogação das reformas de Temer, contra a reforma da previdência
(em pauta desde o governo Temer e agora no governo Bolsonaro), contra as
privatizações e contra a chamada “escola sem partido”. Estaremos juntos e
organizados na defesa de nossas vidas, que, em tantos momentos, têm sido
arrancadas quando enfrentamos os problemas deste sistema, como ocorreu
com Marielle Franco, vereadora no Rio de Janeiro, e João Maria Figueiredo,
policial antifascista no Rio Grande do Norte.
A classe trabalhadora e a juventude brasileira, com sua enorme
tradição de luta, resistirão e derrotarão mais uma vez essa força nefasta em
nosso país. A história está cheia de lições apreendidas com duros sacrifícios:
estaremos em cada bairro popular, favela, universidade, escola e local de
trabalho, organizando comitês antifascistas e em luta pela defesa das
liberdades democráticas e dos nossos diretos.

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