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Se os poderosos senhores,
impõe-nos à força bruta,
silêncio pras nossas dores
e dor pra nossa labuta.
Não calam os educadores.
Só educa quem reluta!
Quanto mais a gente luta,
mais a luta nos educa!
Aprendi em movimento,
que quem pára se amputa.
E é vão o conhecimento,
que não espelha a conduta.
Educa-se o pensamento,
sendo parte na disputa.
Quanto mais a gente luta,
mais a luta nos educa.
Se a luta é educadora,
então que ela repercuta.
Contra a mão opressora,
que a educação refuta.
Que a classe trabalhadora,
una-se toda em luta!
E quanto mais a gente luta,
mais a luta nos educa.
(SEPE na Luta Educadora. Jonathan Mendonça base do SEPE Rio das Ostras)
1 – INTRODUÇÃO
1. Um dos aspectos mais importantes do momento histórico que nos últimos anos vem
caracterizando os países centrais do capitalismo (com inflexões em muitos países
periféricos) é sem dúvida a emergência do neofascismo como força política e social. Há
quase uma década a Europa vem sendo palco crescente desse abominável projeto pois ele
é xenófobo, autoritário, racista e discriminatório. São inúmeros atos, ataques e até
assassinatos sobretudo a refugiados e imigrantes africanos e asiáticos e minorias étnicas,
impondo pautas moralistas e reacionárias.
2. O neofascismo também encontra grande capilaridade política sendo em muitos países
a segunda ou terceira força política (França, Alemanha, Dinamarca, Áustria) ou mesmo
liderando governos como no caso da Hungria com Vicktor Orban (que está no governo
desde 2010), na Polônia e mais recentemente na coalizão de extrema direita que elegeu a
primeira Ministra Giorgia Meloni, então líder do partido Irmão da Itália que reivindica o
ditador Benito Mussolini. Não é casual que seu slogan de campanha era “Deus, pátria e
família”.
3. O neofascismo é ainda parte fundamental da Guerra na Ucrânia, que completou um
ano e já é o maior conflito militar desde a Segunda Guerra Mundial. Tanto no lado
ucraniano como no russo, há a significativa participação de milícias de extrema direita.
4.Na América Latina apesar do onda conservadora que levou a eleição de vários
governos de direita ou da crise política patrocinando golpes (como foi na Bolívia a
destituição de Morales e recentemente no Peru com a destituição de Pedro Castillo do
governo) houve enormes exemplos de resistência popular, da juventude e indígena nas
ruas e também no apoio que deram a eleição de governos de frente popular que, com
todos os seus limites e contradições, são vistos como portadores de uma agenda de direitos
em favor da maioria social. Na Venezuela a resistência do governo Maduro frente às
tentativas de derrubada do regime por parte do imperialismo, apesar da crise social, ainda
preserva conquistas populares. No México, a vitória de Obrador deu fim a 90 anos de
governos e partidos conservadores. Na Argentina, a eleição de Alberto Fernandes foi uma
resposta dos argentinos a uma política privatista e de ataque aos direitos da população.
Destaca-se o movimento de mulheres como o Maré Verde e Ni una a menos, na luta pelos
direitos de gênero e contra o feminicídio. No Chile a vitória de Boric é fruto da expressão
da luta do “Estallido social” de 2019 protagonizadas pela juventude e o povo trabalhador
que desafiaram a violenta repressão do exército e conseguiu aprovar um plebiscito
histórico para se revogar a Constituição herdada pelo governo militar de Pinochet em que
o Estado não assegurava a prestação de serviços básicos; finalmente na Colômbia
histórica vitória da esquerda com Petro (ex militante da insurgência armada) e de Francia
Marques, sua vice, mulher negra e militante de direitos humanos num dos países que se
tornou nos últimos 30 anos uma “narco República” perseguindo e eliminando qualquer
oposição a sua política, são importantes exemplos que vivemos um novo momento
político no continente.
5. A vitória eleitoral de Lula, mesmo com uma diferença estreita de votos, foi uma grande
vitória política para o povo trabalhador e para assegurar as liberdades democráticas dos
ataques e do projeto golpista de Bolsonaro. Isso é inegável. Mas em nada a derrota
eleitoral de Bolsonaro representou a derrota do bolsonarismo e sua base mais extremista,
neofascista. Enquanto o bolsonarismo mantiver influências de massas, articulação com
milícias armadas e penetração nas instituições de Estado, em particular nas Forças
armadas e policiais, o perigo continuará vigente.
7. No dia seguinte à vitória de Lula nas urnas (ou seja dois meses antes de sua posse), já
houve uma resposta organizada do projeto golpista que foram os bloqueios de
caminhoneiros em estradas federais. Em seguida, bolsonaristas em todo o país, passaram
a ocupar a frente de quartéis com reivindicações golpistas, numa espécie de QGs do
neofascismo. Era sem dúvida o “ensaio geral” para a semi-insurreição de 8 de janeiro de
2023. Repetindo a ação no Capitólio nos EUA, o governo Lula, logo no início de seu
mandato, foi alvo de uma tentativa de golpe, com a invasão bolsonarista aos Três Poderes
com clara conivência de todas as autoridades do exército, do comando da PM de Brasília
e do próprio governador do Distrito Federal. A posse de Lula foi marcada por um grande
simbolismo com a enorme participação popular desafiando o medo de que pudesse haver
um atentado, disseminado pelos extremistas bolsonaristas.
8. Agora a tarefa colocada é uma combinação de dois movimentos: sermos implacáveis
com o neofascismo, sem anistiar os golpistas, e realizar medidas econômicas e sociais
para melhorar a vida do povo trabalhador.
9.Mas não temos ilusão. A nomeação dos ministros confirmou o caráter de frente ampla
do novo governo, o qual já se evidenciava na indicação de Alckmin para vice, nome de
confiança da classe dominante. Trata-se, portanto de um governo de conciliação de
classes, formado por representantes da esquerda e dos movimentos sociais e também por
lideranças da direita e nomes ligados ao grande empresariado e de lideranças de partidos
de direita como MDB, União Brasil, PSD, entre outros, que estiveram na articulação do
golpe contra Dilma e são contrários a diversos pontos do programa defendido pelos
movimentos sociais que elegeram Lula. Dessa forma, o mesmo governo que tem Silvio
de Almeida, Sonia Guajajara e Anielle Franco (nomes de esquerda e referências para a
luta antirracista e indígena - movimentos que foram protagonistas na resistência ao
governo Bolsonaro), tem também José Múcio (de direita e amigo de generais golpistas),
Daniela do Waguinho (ligada à milícia fluminense) e Carlos Fávaro (representante dos
poderosos do agronegócio).
10. Estaremos apoiando, medidas urgentes para melhorar a vida do povo com as
promessas feitas por Lula durante a campanha. Nesse sentido, fez bem Lula em garantir,
por meio da PEC da Transição, o Bolsa Família de R$600,00 com adicional de R$150,00
por criança. Entretanto, errou em não garantir aumento real do salário mínimo desde
janeiro para fazer frente à inflação acumulada. Os movimentos sociais seguem na luta
pela efetivação de suas pautas: financiamento barato para que os agricultores possam
produzir e vender; educação pública de qualidade em todos níveis; um SUS com estrutura
e recursos adequados, assim como gás, energia e alimentos mais baratos; avanços nas
políticas antiracistas, a começar pelo fim do genocídio da juventude negra nas periferias
e favelas; acesso à moradia de qualidade e alívio de suas dívidas com os bancos para a
população mais pobre e periférica; igualdade de genero em todas as áreas e o combate à
discriminação e violência das mulheres e LGBTQI+; direito pleno às terras aos povos
originários e a preservação do meio ambiente.
11. Mas sabemos que nada disso será possível, contudo, sem enfrentar os privilégios das
elites. Os grandes capitalistas desejam seguir pagando quase nada de imposto sobre seu
patrimônio, renda e lucros. Não aceitam o aumento do salário mínimo e de recursos para
as áreas sociais. Querem mais privatizações. Pretendem continuar contratando
trabalhadores da forma mais precária possível e com baixos salários. Objetivam continuar
usando o racismo e o machismo para manter o elevado patamar de exploração. Querem
seguir ganhando dinheiro com atividades que destroem o meio ambiente. E insistem na
manutenção da autonomia do Banco Central e de uma taxa de juros absurda, que faz a
festa dos banqueiros, mas estrangula o crescimento econômico.
12.Em decorrência dessas marcantes diferenças em sua composição, o governo nasce
permeado por nítidas contradições internas. O governo Lula, por seu caráter de frente
ampla, ainda que avance em alguns pontos e medidas, terá necessariamente limites,
contradições e erros. Uma grande aliança foi importante para vencer as eleições. Mas ela
será cada vez mais um fator objetivo de limitação para o governo. Ou alguém considera
que Alckmin, José Múcio, Fundação Itaú e demais figuras e partidos da burguesia (MDB,
União Brasil, PSD) com participação no governo serão aliados consequentes na luta pela
revogação do Novo Ensino Médio, pela taxação das grandes fortunas, contra a dívida
pública, etc?
13. De modo que seria um equívoco uma postura passiva da esquerda, dos movimentos
sociais e dos sindicatos. É necessário organizar a luta nas bases e realizar um processo de
disputa ideológica junto ao povo trabalhador e oprimido, partindo de suas demandas mais
sentidas. Apostar, portanto, na mobilização popular, apoiando-se na ampla maioria da
população que esteve com Lula nas eleições. Só essa maioria social tem condições de
combater o bolsonarismo e neoliberalismo que o gerou.
2 – POLÍTICA EDUCACIONAL
5 - PLANO DE LUTAS
ORGANIZAÇÃO E LUTA
• Organizar a greve nacional da educação pelos pisos salariais das carreiras dos
trabalhadores\as da educação e pela revogação do Novo Ensino Médio e da BNCC;
• Rearticular o FEDEP (Fórum Estadual em Defesa da Educação Pública), construindo
uma política unificada com os profissionais de educação (da educação básica, escolas
técnicas e universidades), os estudantes e o movimento social e popular organizado,
que articule a luta contra o Novo Ensino Médio, e demais pautas da educação e seja
referência de resistência para todos os municípios e outros estados;
• Garantir e estimular, nas escolas, os processos de auto-organização dos estudantes
através da formação de grêmios estudantis;
• Efetivar os animadores culturais, reconhecendo-os como integrantes do quadro de
educação;
• Instituir a Gestão Democrática em todas as Instituições do Ensino Público, através
de eleições diretas para direções das unidades escolares, mobilização e participação
da comunidade escolar. Somos contra a proposta do PNE que define critérios como
mérito e desempenho para a escolha das direções de escolas;
• Garantir que as equipes gestoras das escolas ganhem pelo número de horas
trabalhadas e não pela sua matrícula de origem, além de receberem a gratificação;
• Retomar a campanha “Fechar escolas é crime”;
• Manter a luta pelos 10% do PIB para a educação pública.
POLÍTICA EDUCACIONAL
VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL
• Pelo pagamento dos pisos salariais da educação para professores e pela criação do
Piso Nacional dos funcionários administrativos, em todas as redes;
• Fixação da data-base para os profissionais da educação das diversas redes, de forma
a garantir reajustes salariais anuais com ganhos reais;
• Implementação de plano de carreira unificado, com ascensão por formação e por
tempo de serviço com a garantia da paridade por formação. Não à meritocracia!
• Convocação dos concursados já! Concurso não pode ser forma de ganhar dinheiro
em cima da categoria. Auditoria das empresas que realizam concursos!A falta de
concurso nas redes e a sobrecarga de trabalho vem levando ao adoecimento em massa
da categoria, principalmente entre os funcionários administrativos. Somando a isso
o envelhecimento da categoria.
• Contra a política de abonos, em defesa da paridade com integralidade para os/as
aposentados/as;
• (aulixares\AAEEis) – Winie fará formulação
• Valorização e profissionalização dos funcionários de escola com instituição das
diversas carreiras; e regulamentação da carga horária de 30 horas para funcionários
de escolas;
• Regulamentação plena do cargo Cozinheira Escolar e melhoria das condições de
trabalho dessas profissionais, com reconhecimento do adicional de insalubridade;
• Reforçar a campanha “não é minha função, não faço”;
• Política de formação continuada para os profissionais da educação e que seja
realizada em horário de serviço;
• Pelo cumprimento da lei nº 11738/2008 em relação ao 1/3 de planejamento por todos
os Municípios, com garantia dos espaços de planejamento e centros de estudos,
respeitando a livre escolha docente sobre onde e como realizar este planejamento;
• Pela equiparação salarial, pelo fim das distorções hora/aula em todas as redes.
• Garantia da reposição de materiais de uso geral e cotidiano nas unidades escolares;
• Fim da polivalência e da certificação generalista.
• Garantir a possibilidade da utilização da licença especial em qualquer época, não só
um ano antes da aposentadoria.
• Defesa de uma escola por matrícula.
• Combate ao assédio moral contra os profissionais readaptados nas escolas. Funções
devem se ater ao laudo médico.
No último período o campo Sepe na Luta Educadora teve uma atuação destacada
em núcleos do SEPE como em Volta Redonda, Itaboraí, Tanguá, Niterói, Rio das
Ostras/Casimiro de Abreu, Regional 1, 3, 4, 5, 8 e 9, Itaguaí, Campos dos Goytacazes,
Nova Friburgo, Angra dos Reis e Miguel Pereira. Nestes espaços, nossos militantes
buscaram imprimir uma atuação junto às bases da categoria, fortalecendo a corrida às
escolas e os espaços de representação. Procuramos com este trabalho unificar as forças
da esquerda, o que inclui a unidade de ação com as demais correntes da direção do SEPE
central com quem temos diferenças, imprimindo nestes núcleos um sindicato atuante,
desburocratizado e militante.
Encaminhamento: Fortalecimento da estrutura das Regionais e Núcleos do
SEPE, com o aumento do valor do repasse aos núcleos de repasse mínimo de 2000
para 3000 mil reais.