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Ao longo da disciplina foi se percebendo que nenhum dos termos que iriamos trabalhar,
assim como quase nenhum termo derivado das ciências sociais e humanas, e simples, com uma
classificação técnica e específica. Entretanto, dentre tudo o que falamos, vimos e lemos na
disciplina, o fascismo foi algo que me fez pensar muito em relação ao sistema. Como se fosse algo
que precisa ser cuidado pois já faz parte como forma de existência e não algo que surgi com
governos neoliberais ou ditaduras. Theodor Adorno (1995), em seu texto “Educação após Aushwitz”
demonstra bem essa ideia de que o fascismo precisa ser cuidado nas primeiras idades, com meios
de se perceber os símbolos e signos culturais que despertam ações, pensamentos, ditos como
fascistas, com o objetivo de modificar esses mecanismos (simbologia: símbolos e signos) culturais
através da educação. A família é a principal instituição social responsável pela introdução e
manutenção das culturas, ou seja, dos mecanismos culturais no indivíduo e segundo Terry Eagleton
(1997), seria a introdução de ideologias. No Brasil como braço funcional para o mecanismo que ativa
o fascismo, temo ideologias como racismo que permeia as culturas e as instituições da sociedade,
entretanto, clientelismo, machismo, homofobia, xenofobia, transfobia entre outros preconceitos
também formam a base da sociedade.
O filme Batismo de Sangue, que achei interessante por trazer membros da igreja
relacionando com outras ideologias comi comunismo e o processo de resistência que ocorreu na
ditadura militar brasileira. Somando com a lembrança de que muito as igrejas e padres americanos,
também são retratados em filmes como, Harriet - O Caminho para a Liberdade. Assim como toda
instituição a igreja não é isenta de cometer atrocidades, como foi por exemplo as Cruzadas, a Santa
Inquisição, entre outras ações deliberadamente cruéis e perversas, contrariando o seu proposito
moral/ espiritual que se acredita seus seguidores. É aqui, nesta perspectiva podemos comparar a
igreja com o próprio Estado no período da ditadura, na questão em que: a instituição não está mais
configurada em prol do seu interesse nato, perceptível e projetado em constituinte no caso do
Estado. Vale ressaltar que falamos de tempos distintos, culturas distintas, momentos históricos
distintos, mas de mesma forma, o poder, o conflito por ele, e seu uso, forjam de alguma maneira a
realidade física, e a realidade simbólica de uma sociedade, e dessa maneira tanto igreja quanto
Estado necessitam de uma simbologia para existirem da forma que são e nessa forma permanecer.
Ao ver a luta dos padres, pensei um pouco no papel político das instituições e do homem
enquanto indivíduo e cidadão. E paralelo, como é perigoso ficarmos imersos na realidade. Como
diria Ailton Krenak (2020), em seu livro “A vida não é útil”, vivemos em um modo automático,
tentando fazer a vida ser útil, ser produtiva e esquecemos de viver, de pensarmos nosso papel no
mundo, de sentir a terra, enfim, de viver de fato. É nítido que estamos apenas consumindo.
Trabalhando para consumir. Sem pensar, sem questionar. O consumo, o capitalismo valem o preço.
Mas na verdade estamos destruindo o planeta e uns aos outros para isso. A miséria, a fome, o
desmatamento, a poluição, como vemos essa violência? Será que porque não enxergamos ela, não
somos violentos? Nesta condição de violência, o liberalismo, ou o mais atualizado neoliberalismo,
usa o Estado e suas instituições e instrumentos em detrimento dos interesses de mercado
exclusivamente, o que beneficia as camadas mais abastadas economicamente da sociedade, ou seja,
a elite, em especial. Para que toda essa organização possa ocorrer é necessário um planejamento e
engajamento ideológico e político para que se solidifique no meio sensível e inteligível a realidade
que se quer impor ou “propor”. No artigo Neofascismo e neoliberalismo no Brasil do Governo
Bolsonaro, do professor da UNICAMP Armando Boito, Para que o governo Bolsonaro chegasse ao
poder, foi necessária uma propagação de ideais falsas e tendenciosas, empregadas de racismo e
violência física e simbólica, sendo essa violência já embutida no viés cultural da nossa sociedade
desde a invasão europeia, como foco nos portugueses, e na formação da sociedade brasileira, como
descreve Darcy Ribeiro (2015), em seu livro “O Povo Brasileiro”. Consequentemente essa onda de
ideias de pura violência e ódio acarretou mais violência e morte, principalmente entre negros e
indígenas que já morriam, já eram exterminados pelo governo nas favelas, nas zonas rurais, matas
e florestas de todo Brasil, porém, não se espera um descaso tão grotesco – salvo aqui, o que veio
dizendo na primeira parte, como tamanha violência no Brasil e no mundo contra natureza: fauna e
flora; povos e minorias, e não é tratado como fascismo. Será que fascismo também é um conceito
construído coletivamente, assim como a liberdade e violência? – e que a população brasileira pagaria
com a vida. A pandemia foi a juíza, ninguém esperava por isso.
Conforme o DATASUS (2023), no site do Governo Federal, atualmente são quase 700.000
mil mortos pela covid, um genocídio, uma guerra. Fora nossos gays, trans, mulheres mortas pelo
machismo, nossos meninos e meninas negros e pardos que morrem pela guerra do tráfico, morrem
pela miséria. Aqui coloco um problema da pandemia em relação com os problemas da sociedade
brasileira do cotidiano, pra se destacar que os números aqui são as vidas das pessoas, e que o
aumento desse número, ou seja a morte de alguém, não gera penas um aumento, gera uma
desestruturação na sociedade, pois atinge diretamente a família, em especial, o cidadão e seu
direito a vida.
Pra finalizar, penso sim que o Governo Bolsonaro foi um governo fascista, porem todos os
governos do Brasil foram também em determinado grau, ou se não foram se coligaram a estratégias
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Conforme Paulo Freire (1970), o oprimido tem em mãos o poder de curar o opressor e nessa
condição de curador, a liberdade pode ser atrativa. De qualquer forma, para curar é preciso estar
curado e seguimos com a mente embaçada de tanta informação, que não conseguimos ver o que
realmente importa, e assim nos curar.
REFERÊNCIAS:
ADORNO, Theodor W. Educação após Auschwitz. Educação e emancipação, v. 3, p. 119-
138, 1995.
FREIRE, Paulo. PEDAGOGIA do OPRIMIDO. EDITORA PAZ E TERRA S/A, 1970. São Paulo – SP.
KRENAK, Ailton. A vida não é útil. Companhia das Letras, 2020.