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UM BALANÇO CRÍTICO ACERCA DA

REGRESSÃO DOS DIREITOS LGBTI NO BRASIL


SOB ASCENSÃO DO BOLSONARISMO
Bruna Andrade Irineu
Brendhon Andrade Oliveira
Milena Carlos Lacerda

A interpretação teórica e política da ascensão da extrema direita no


Brasil fundamenta-se nas determinações sócio-históricas da formação
social enraizadas na dinâmica do capitalismo dependente, do sistema
heteropatriarcal e das desigualdades étnicorraciais. O resgate do debate
crítico que historiciza a teorização da liberalização da economia na
reprodução ampliada do capital e a gestação da escalada conservadora
global lançam luz as contradições contemporâneas agudizadas com o
prolongamento da crise econômica, política, social e ambiental.
Posto este pressuposto analítico, objetivamos problematizar o avanço
da extrema direita no Brasil, a partir da chamada “Nova Direita”. Tais
reflexões aproximativas buscam contextualizar a ofensiva neoconservadora
na quadra contemporânea e seus impactos imediatos na vida da população
LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexuais), à
luz da teoria social crítica e dos estudos de gênero e sexualidades.
Sabe-se que a articulação da frente neoconservadora com o
neoliberalismo se expressa com a eleição de Ronald Reagan nos Estados
Unidos nos anos de 1980. Na particularidade brasileira, a expressão
vitoriosa dessa congregação se apresente com maior nitidez na eleição
de Jair Bolsonaro, em 2018. No entanto, não podemos perder de vista
que a aglutinação das mobilizações da extrema direita projeta suas ações,
ainda que timidamente, em meados dos anos 2000, notadamente com
repercussões da ascensão da direita por dentro do governo de contribuição
de classes.

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Neste ensaio, apontamos que a dimensão política das formas de governo
está atrelada as regulações gerais do capital, ao passo, que a envergadura
do capitalismo no Brasil, especialmente no Governo Bolsonaro, aponta
para importância de conceber a imbricação do jogo político e econômico
nas relações sociais. Além disso, temos que elucidar o desenvolvimento do
capitalismo contemporâneo no continente latino-americano, em especial
do Brasil, pois os rebatimentos da ofensiva do capital e do acirramento
do neoliberalismo são sentidos de forma diferenciada nas economias
dependentes e periféricas.
Essa apreensão materialista da indissociabilidade entre a esfera
política e econômica (WOOD, 2003) nos oportuniza compreender a atuação
e conformação do Estado e dos regimes políticos que, na fase atual do
capitalismo, propagam o peso excessivo do Estado e o custo elevado das
políticas sociais para a economia, propondo a redução, enxugamento e
transferência dos serviços e equipamentos públicos para o mercado
(BOSCHETTI, 2018).
Objetiva-se, portanto, expor como a tônica de ofensiva aos direitos
sexuais e reprodutivos tem se tornado central na agenda da extrema
direita, refletindo os retrocessos dos dois anos do atual governo. Atentando-
se especialmente aos direitos e políticas públicas para população LGBTI
(lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais), cujo cenário
de ataque tem agudizado a política de extermínio gestada pelo Estado
capitalista24.

O avanço da Nova Direita no país sem legislação pró-direitos


LGBTI
Desde o período Constituinte (1986/87), há disputas por direitos e
políticas públicas LGBTI. Em 1995, foram submetidos dois projetos de leis
específicos ao Congresso Nacional, um sobre “união civil” e outro sobre
mudança de prenome para transexuais que se submeteram à cirurgia de

24
Este texto é um desdobramento do artigo “Direitos LGBTI sob ataques no Brasil: Notas sobre
o efeito da ascensão da Nova Direita e do bolsonarismo” (prelo) de autoria de Milena Lacerda,
Bruna Irineu e Brendhon Andrade que que irá compor o ebook “Políticas Públicas, Desigualdades
Sociais e Marcadores Sociais da Diferença” organizado pelo Grupo de Pesquisa em Gênero, Ética,
Educação e Política (GEEP) da UNIPAMPA.

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redesignação sexual. Todavia, assim como todas outras demandas advindas
do movimento LGBTI na arena da política institucional, restaram infrutíferas.
Até os dias atuais, os direitos sexuais e reprodutivos têm enfrentado
conservadorismos institucionalizados no Poder Público. Políticos
conservadores estão organizados por meio da Frente Parlamentar Evangélica
no Congresso Nacional, e tem promovido, do púlpito à tribuna, pânicos
morais que promovem discursos ‘em defesa da família tradicional’ e contra
a ‘ideologia de gênero’, alocando movimentos LGBTI e feministas como
agentes do mal e da imoralidade. O impacto imediato é a não aprovação
de nenhuma legislação específica, culminado na judicialização dos direitos
LGBTI como estratégia de reconhecimento jurídico por meio da Jurisdição
Constitucional (IRINEU e OLIVEIRA, 2020; IRINEU et al, 2019).
Em relação às políticas públicas, o II Plano Nacional de Direitos Humanos
(2002), no governo FHC, trouxe a primeira referência à comunidade LGBTI, ao
qual previa o direito à livre orientação sexual e proibição de discriminação. A
partir, então, do Governo Lula, as demandas do ativismo LGBT ganham maior
espaço no Poder Executivo, cuja maior expressão é a criação da primeira
política pública específica LGBT, o Brasil Sem Homofobia (BSH), em 2004,
que tinha por objetivo a promoção da cidadania homossexual e combate
da violência e discriminação.
Diversas ações e políticas para a população LGBT estão presentes nos
Governos Petistas (2003-2016). Há que citar as Conferências Nacionais LGBT
de 2009, 2011 e 2016, que, por meio da participação social de ativistas e
Poder Público, objetivavam construir políticas públicas. Há o Brasil Sem
Homofobia (2004); o I Plano Nacional de Promoção e Cidadania e Direitos
Humanos de LGBT (2009); o Conselho Nacional de Combate à Discriminação
de LGBT (2010); o Disque 100 – Direitos Humanos (2011); a Política Nacional
de Saúde Integral da População LGBT (2011); e o criação do Sistema Nacional
de Enfrentamento à Violência LGBT (2013); entre outros.
Embora esses governos tenham criado políticas e ações voltadas à
promoção dos direitos LGBTI, há descontinuidades entre as gestões de
Lula e Dilma, bem como ambiguidades e contradições que comprometem
o desenvolvimento dessas políticas (IRINEU, 2019). Nesse caminho, pode-se
compreender o histórico de política pública LGBT no Brasil através de “restrições
orçamentárias, ações descontínuas e uma vontade política subsumida
a negociações com segmentos conservadores” (IRINEU, 2019, p. 301).

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Tanto que, a despeito dos Planos de Políticas Públicas preverem
aprovação de legislações protetivas, os governos petistas não cumpriram
tais ‘promessas’ de reconhecer, por meio de legislação, os direitos LGBTI,
que, em diversas ocasiões, foram utilizados como moeda de troca com os
setores conservadores e reacionários.25
No ano de 2016, em que se realiza a 3ª Conferência Nacional LGBT,
a Presidenta Dilma Rousseff promulgou o Decreto nº 8.727, de 28 de abril
de 2016, reconhecendo a utilização do nome social para pessoas Trans no
âmbito da administração pública direta, autárquica e fundacional. Pouco
tempo depois se consuma o Golpe Jurídico-Parlamentar que impedia a
Presidenta em exercício. Os resultados obtidos na Conferência não tomaram
forma de um Plano de Políticas Públicas no governo sucessor, que, por sua
vez, engrossou o caldo político e econômico da expansão da extrema-direita
no Brasil e da agenda neoliberal.
Assumindo a Presidência da República ainda em 2016, após o projeto de
ruptura institucional, Michel Temer publica sua primeira medida provisória
(726/2016), que trazia uma reforma presidencial que reduzia de 32 para 23
o número de Ministérios sob o argumento de “corte de gastos”, entre eles
o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos
Humanos, responsável pelas políticas voltadas ao público LGBT.
O antigo ministério se tornava uma Secretaria Especial de Direitos
Humanos, nas dependências do Ministério da Justiça. Um mês após a
reforma ocorrida em maio, o governo publicou um Decreto transferindo
as dotações orçamentárias do extinto ministério para a Presidência da
República. Em 2017, o governo recua dadas as projeções negativas e pressões
de movimentos por Direitos Humanos, criando o Ministério de Direitos
Humanos (Medida Provisória nº 768), todavia, sem quaisquer menções
orçamentarias, sequer no sentido de reabilitar o antigo orçamento.
Embora o crescimento da extrema direita na particularidade brasileira
não se explicar somente à luz do golpe jurídico-parlamentar que depôs a

25
Essa realidade descrita, em alguma medida e considerando as devidas proporções, se repete em
âmbitos estaduais e municipais, naquelas localidades em que, em algum momento, instituiu algum
tipo de ação ou política pública direcionadas à comunidade LGBTI. A exemplo disso, recomenda-
se o texto ‘Um estudo entre ruínas: o programa Rio Sem Homofobia e a política LGBTI Fluminense’
de Luan Cassal (2018).

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presidenta Dilma, Temer representava a aliança entre conservadorismo e
neoliberalismo, que mais tarde tomaria dimensões maiores com Bolsonaro.
O papel do Poder Judiciário nesse contexto é contraditório. Havia
uma força institucionalizada anti-esquerda com a Operação Lava-
Jato que deram subsídios ao golpe de 2016, organizado pelos setores
reacionários, conservadores, empresariais e elitistas, “com o Supremo,
com tudo”, conforme proferido por Romero Jucá, que era deputado do
MDB e protagonista no golpe. Esse cenário reafirma o direito e instituições
judiciárias como a forma jurídica do Estado capitalista.
Socialmente, este governo fortalece um populismo que pode ser
caracterizado por seu caráter a) anti-gênero (manutenção da ordem de
gênero que submete o feminino ao domínio da masculinidade hegemônica);
b) anti-diversidade (em relação às cidadanias LGBTI e da população negra);
c) militarização e punitivismo (advindas da lava jato, criminalização do jovem
negro, crise de segurança pública e negação dos direitos humanos); d) pró-
meritocracia e anti-direitos sociais (a qual se expressa por meio de posturas
contrárias às políticas sociais, como cotas e distribuição de renda) e, e) em
favor do mercado (promovendo contrarreformas e políticas favorecendo
a classe de empresários) e f) radicalização autocrática (com o número
expressivo de militares nas distintas pastas do governo).
O projeto de desmonte de Temer, apesar do pouco tempo que lhe
restava, caminhou a todo vapor. Avançou-se no ataque às políticas públicas
de direitos humanos, enfraquecendo a pasta em âmbito federal, e também
sobre as políticas sociais, com a aprovação da Emenda à Constituição nº
55, que instituiu Novo Regime Fiscal que vigorará por 20 anos, impondo
limites para as despesas primárias dos três Poderes. Não obstante, o Governo
Temer promovia a Reforma Trabalhista, de 2017, e ainda tentou articular
aprovação da Reforma da Previdência, que, entretanto, fora aprovada no
Governo Bolsonaro.
A Contrarreforma Trabalhista, em evidente estratégia homonacionalista,
trouxe a sexualidade em sua previsão de dano extrapatrimonial como um dos
bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa humana. Em uma primeira
leitura, poderia se retirar que a nova legislação avançaria na proteção jurídica
daquelas/es orientações sexuais não-heterossexuais. No entanto, o objetivo
central da legislação é a precarização do trabalho em favor do mercado,
impactando também na empregabilidade, renda e relações de trabalho das

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pessoas LGBTI. É por esse motivo que não há como enxergar tal dispositivo
como um avanço no ordenamento jurídico pátrio.
Por outro lado, a Jurisdição Constitucional, materializada no controle
de constitucionalidade26, e o papel contramajoritário do Supremo Tribunal
Federal27 possibilitaram o reconhecimento de direitos LGBTI28 que estão
listados na tabela abaixo.

Tabela 1 – Levantamento de Direitos LGBTI na Democracia Constitucional


Órgão Ano Instrumento jurídico
Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.277/DF (sobre a união
STF 2011
estável entre pessoas do mesmo sexo)
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 291
STF 2015
(Descriminalização da pederastia no Código Penal Militar)
Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.275/DF (sobre
STF 2018
identidade de gênero)
Ação Direta de Inconstitucionalidade Por Omissão nº 26/DF
STF 2019
(sobre a criminalização da homofobia)
Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5543 (dispositivos
STF 2020
resolutivos que proíbem doação de sangue por homens gays)
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 600
Em
STF (discussão acerca de dispositivo em lei municipal que proíbe
julgamento
discussão de gênero nas escolas)
Fonte: Pesquisa direta.

Frente a esse cenário sócio-histórico que evidencia a ascensão da Nova


Direita em detrimento da esquerda petista, tem-se que “o recrudescimento

26
Trata-se da possibilidade de invalidação de atos do Poder Público não compatíveis com a
Constituição Federal. Essa ferramenta jurídica foi criada pelo direito pós-guerras, ao qual, surge
pela necessidade de preservação e proteção dos direitos humanos e fundamentais, bem como a
garantia e estabilidade do Estado de Direito.
27
Ressalte-se que as ações levantadas se referem àquelas que foram submetidas diretamente
no Supremo Tribunal Federal por meio de processo constitucional que se traduz em controle de
constitucionalidade concentrado.
28
O direito à adoção (2010), a inscrição de parceiro homossexual como dependente preferencial
no Regime Geral de Previdência (2010) e o direito ao casamento (2011) foram reconhecidos pela
via difusa, tendo o Superior Tribunal de Justiça consolidado a jurisprudência em sentido positivo.
O controle de constitucionalidade difuso pode ser compreendido como aplicação incidental no
cotidiano dos órgãos que formam as Instituições Judiciárias.

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do conservadorismo, frente às demandas dos movimentos que lutam pela
inserção de pauta dos direitos sexuais e reprodutivos, caminha paralelo às
conquistas destes grupos no campo da cidadania” (IRINEU, 2020, p. 18). O
Governo Temer representa as mudanças que avançaram na corrosão dos
direitos sociais e dos direitos humanos, culminando na devastação social
“de uma classe trabalhadora cada vez marcada pela heterogeneidade,
precariedade e fragmentação, assim como pelos seus recortes de raça,
gênero e geração” (ANTUNES; PRAUN, 2019, p. 78).

O ataque aos direitos LGBTI como expressão política da Nova


Direita brasileira
As terminologias neoliberalismo e neoconservadorismo têm sido
recentemente conjugadas, apesar de possuírem trajetórias e significados
diferentes. Com a crise do Welfare State em meados da década de 1970, essas
denominações ganham força no cenário de reordenação do capitalismo, que
se deu através do receituário neoliberal (BOSCHETTI, 2018), promovendo
a concentração de capital e distribuindo o ônus da crise por meio da
precarização do trabalho, do desemprego estrutural e, por consequência,
da reestruturação produtiva.
O processo de desilusão estadunidense com o liberalismo e
conservadorismo moderado, que intensifica a oposição ao comunismo
e fortalece o surgimento de uma nova geração de conservadores norte-
americanos, unindo as ideias clássicas do liberalismo e o repositório moral
conservador, explicam a origem ao neoliberalismo e neoconservadorismo.
Assim, os neoconservadores partilharam de princípios iguais aos neoliberais,
como a crença de que o Estado não deve interferir na economia e a ideia de
que programas sociais geram endividamento, inflação e do ponto de vista
moral ainda desestimularia o trabalho e desenvolvimento da sociedade29
(PEREIRA, 2020).
A terminologia “nova direita” remonta as eleições estadunidenses de
1980, na qual Ronald Reagan saiu vitorioso com forte apoio de uma coalização

29
As lentes neoconservadoras compreendem que os papéis da família, Igreja e comunidade foram
atribuídos ao Estado por meio de políticas sociais. Em outras palavras, o neoconservadorismo
apresenta-se como uma forma atualizada do conservadorismo clássico articulando seus valores
morais reacionários ao receituário econômico do neoliberalismo.

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conversadora, que reunia lideranças expressivas neoconservadoras. Reagan
presidiu os Estados Unidos durante o início da epidemia da aids, atuando
como um governo mergulhado em pânicos morais, cuja negligência
intensificou a letalidade da doença.
No Brasil, os militares ainda controlavam o Poder Público à época da
transição em que ocorre a Constituinte de 1986/87 e, embora o discurso de
defesa da família fora acionado para impedir a contemplação da sexualidade
enquanto um marcador protegido pelo artigo da não-discriminação, não
havia neoconservadores e neoliberais assim nomeados e substancialmente
em aliança. Entretanto, o debate público foi marcado por traços do
conservadorismo, no qual os setores religiosos e ruralistas já se faziam
presentes, ainda que organizados diferentemente das formas atuais,
concretizadas nas bancadas evangélica e ruralista30.
De acordo com Junqueira (2018), a convergência entre o
neofundamentalismo religioso e neoliberalismo é projetada por frações
conservadoras que passam a aderir elementos da agenda antifeminista
e anti-LGBTI, vinculando-a às estratégias do livre mercado, “costumam
apontar como interferência indevida do Estado no espaço sagrado das
famílias”, como também expressar a convergência com os ataques ao Estado
social (JUNQUEIRA, 2018, p. 457).
No entanto, quando se trata de políticas de ajuste fiscal, todos esses
fazem ampla defesa, não à toa o atual Ministro da Economia Paulo Guedes,
representante do Chicago Boys, foi o nome que assegurou apoio desses
partidos e outros mais a Bolsonaro nas eleições de 2018. Também pode-se
perceber uma frente ampla quando se trata de aprovar direitos sexuais e
reprodutivos nos Poderes Políticos, uma vez que esbarram na moral religiosa
hegemônica, tanto que essas questões têm sido levadas à Jurisdição
Constitucional, como são os casos do aborto anencefálico e direitos LGBTI
(OLIVEIRA, 2020).
Apesar desses grupos nem sempre estarem em pleno acordo, se aliaram
em torno de pautas antigoverno no período de presidência de Dilma Rousseff

30
Na política brasileira, são raros aqueles que se apresentam como neoconservadores ou neoliberais,
mesmo que apresentam programática explicitamente neoconservadora e neoliberal. É comum ver
quadros do PSDB e DEM, como João Dória e Rodrigo Maia, respectivamente, que se alinham com
o modelo neoliberal. E há figuras como Jair Bolsonaro, Eduardo Cunha (MDB) e Marco Feliciano
(PSC) que se comprometem com as ideias neoconservadoras de ‘mais família e menos Estado’.

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(PT), por exemplo. É nesse sentido, portanto, que se compreende aqui que
essas duas concepções estão combinadas, formando o ‘núcleo’ do que vendo
sendo nomeada de Nova Direita no Brasil, potencializadas no cenário das
Jornadas de Junho (CEPÊDA, 2019; MELO, 2019).
Diante dessa amálgama, a ideologia de mercado se fortalece como
modelo de negócios e teológico de Estado, ao passo que aprofunda o
desmonte dos direitos da classe trabalhadora. Ainda que domínios distintos,
o neoconservadorismo e neoliberalismo se opõem a valores como as
liberdades civis, eleições democráticas, equidade e o próprio Estado de
Direito (BROWN, 2006).
Embora os fundamentos principiológico do neoconservadorismo e do
neoliberalismo separados não coadunem, o moralismo, o estatismo e o
autoritarismo do neoconservadorismo habitam a razão neoliberal (BROWN,
2006). Assim sendo, a solidariedade e afeições comunitárias são sobrepostas
pela moralidade neoconservadora do sujeito neoliberal hiperindividualizado.
Os projetos neoconservadores antidemocráticos carregam a
racionalidade neoliberal. A título de exemplo, nos contextos de formulação
e execução de políticas públicas de educação brasileiras, a presença de
movimentos anti-igualitários foi essencial na retirada de gênero de planos
governamentais estaduais e municipais (MISCKOLCI; PEREIRA, 2019).
A utilização de Fake News combinadas com pânicos morais, como o ‘Kit
Gay’ e ‘ideologia de gênero’, foram centrais no discurso de candidatura de
Jair Bolsonaro em 2018, e ainda continuam fortes aliadas na governabilidade
e manutenção da aprovação pública do governo. Aliás, quando explodem
notícias que afetam negativamente o Governo Federal, tornou-se corriqueiro
Jair Bolsonaro e Damares Alves (Ministra da Mulher, Família e Direitos
Humanos) acionarem o neoconservadorismo e Fake News para balancear
a avaliação em seus currais eleitorais.
Thalita Melo (2019), ao cartografar a estética da Nova Direita no Brasil,
entende que essas forças anti-igualitárias, que contam com extenso aparato
nas redes sociais no tempo recente, evidenciam que a neutralidade típica
da velha direita não se revela no atual cenário. Em sua eleição, Bolsonaro
se ausentou de debates com outros/as candidatos/as ilustrando suas
intenções dedemocratizadoras e investiu sua comunicação eleitoral quase
que exclusivamente em redes sociais, as quais se tornavam vetores de Fake
News produzidas com fins a beneficiá-lo, como a ‘mamadeira de piroca’,

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e ainda performava proximidade com seu público que se embebia nessa
narrativa bolsonarista da pós-verdade.
Desde que assumiu o Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro tem cumprido
seus compromissos com a agenda neoliberal de austeridade e ajustes fiscais,
assim como tem investido na disseminação da moralidade neoconservadora
em defesa da família tradicional, dando continuidade à cruzada antigênero
(CORREA, 2018) que já havia se institucionalizado no Poder Legislativo
(OLIVERA, 2020).
A cruzada antigênero se utiliza de diversos mecanismos. Além da
Frente Parlamentar Evangélica constituída no Congresso Nacional, pode-
se citar o enfraquecimento dos setores em órgãos do governo responsáveis
pela criação e promoção dos direitos sexuais e reprodutivos, bem como
a nomeação de pessoas engajadas no movimento Pró-Vida (anti-aborto),
sobretudo aquelas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD),
Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) e setores da
Renovação Carismática da Igreja Católica.
A constituição do projeto neoliberal e neoconservador tende a afetar
sobremaneira a população LGBTI, não somente por que o governo atual
é radicalmente avesso às diversidades e as diferenças, mas também, por
que essa programática retira recursos das políticas sociais como um todo,
alargando o desmonte dos direitos trabalhistas e sociais e o barateamento da
força de trabalho, o que impacta de diferentes formas, os sujeitos concretos
que compõe o Movimento LGBTI (TOITIO, 2019).
Apresenta-se, a seguir, uma sistematização que colaboram na
compreensão dos retrocessos vinculados diretamente a comunidade LGBTI
nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro.

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Tabela 2 – Retrocessos para população LGBTI no Governo Bolsonaro (2019-2020)
Ação Órgão
Janeiro/2019: Extinção da Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão), órgão do MEC responsável Ministério da
pela promoção de ações transversais sobre gênero, orientação sexual, Educação – MEC
identidade de gênero, deficiências e condição geracional.

Ministério das
Janeiro/2019: Retirada da diretriz de promoção e defesa dos direitos
Mulheres, Família e
da população LGBTI na reestruturação do Ministério das Mulheres,
Direitos Humanos –
Família e Direitos Humanos - MMFDH
MMFDH
Ministério das
Janeiro/2019: Ministra Damares Alves discursa em sua posse que
Mulheres, Família e
“Meninos vestem azul e meninas vestem rosa” e que em sua gestão
Direitos Humanos –
“meninos voltarão a ser príncipes e meninas princesas”
MMFDH

Fevereiro/2019: Reorientação das campanhas específicas de


prevenção às IST/Aids desconsiderando as especificidades da
Ministério da Saúde
população de homens gays e bissexuais, travestis, mulheres LBT
– MS
e homens trans. A justificativa do novo Ministro é “não ofender as
famílias”

Maio/2019: Extinção do Departamento de HIV/Aids que passou a


Ministério da Saúde
ser Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções
– MS
Sexualmente Transmissíveis

Ministério das
Junho/2019: Extinção do Conselho Nacional de Combate à Mulheres, Família e
Discriminação LGBT (CNCD) Direitos Humanos –
MMFDH
Agosto/2019: ANCINE proíbe o financiamento de filmes com temática Agência Nacional de
LGBTI Cinema (ANCINE)

Setembro/2019: Cancelamento do Vestibular com cotas destinadas Ministério da


a pessoas trans na Unilab Educação – MEC
M i n i s t é r i o d a s
Dezembro/2019: Não convocação e não realização da Conferência
Mulheres, Família e
Nacional de Direitos Humanos LGBT prevista para o final de 2019 pelo
Direitos Humanos –
CNCD LGBT
MMFDH
Setembro/2019: Ministro Milton Ribeiro se pronuncia sobre suas
Ministério da
intenções de mudança acerca da educação sexual nas escolas e atribui
Educação – MEC
“homossexualismo à família desajustadas”
Ministério das
Fevereiro/2020: MMFDH lança campanha #tudotemseutempo que Mulheres, Família e
estimula a abstinência sexual como método contraceptivo Direitos Humanos –
MMFDH
Outubro/2020: Advocacia Geral da União (AGU), entra com pedido
Advocacia Geral da
de revogação da decisão do STF que equiparou a discriminação à
União (AGU)
LGBTI ao racismo

Fonte: GenSex COVID-19 - NUEPOM/UFMT, 2020.

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Considerando a sistematização acima, compreende-se que os
direitos sexuais e reprodutivos vêm se tornando o foco mais evidente dos
movimentos anti-igualitários, principalmente em relação às políticas sociais
de educação e saúde, embora essa ofensiva também mantenha e aprofunde
desigualdades étnico-raciais e de classe social.
Miskolci e Pereira (2019) destacam que os ataques à educação
superior pública, que se materializam sob ameaças às ações afirmativas,
especialmente as cotas, tem se fundamentado em acusações de ineficiência
da Administração Pública e má gestão, se alinhando à razão neoliberal –
conforme apontado anteriormente.
Além disso, o Governo Bolsonaro não apresentou planos e estratégias
de enfrentamento à pandemia do COVID-19, e, ainda, em diversas ocasiões
relativizou seus efeitos e impactos, tratando-a como uma ‘gripezinha’.
Utilizou-se da máxima ‘a economia não pode parar’, ainda que mais de 160
mil mortes fossem o resultado ao final do ano de 2020 no Brasil.
O compromisso neoliberal do governo se revela também na
Contrarreforma da Previdência (Emenda Constitucional nº 103, de 12
de novembro de 2019) e também pelas inúmeras medidas provisórias
implementadas na pandemia que dariam continuidade a precarização do
trabalho. Nesse sentido,

[...] a organização e as condições de trabalho tendem a piorar, sobretudo


pelo home office (conforme tende a se configurar) e a uberização; a
precarização da saúde dos trabalhadores é sentida na medida em que
as ocupações precárias não pressupõem medidas de proteção à saúde
juridicamente consistentes, e com a pandemia, a questão da exposição ao
novo coronavírus catalisou o processo, tanto pela infecção em si quanto
pelas suas repercussões psicológicas e sociais; (SOUZA, 2020, p. 12).

Nesse cenário posto, estudos apontam que “os efeitos desta crise sobre
o mercado de trabalho foram imediatos e afetaram de forma diferenciada os
trabalhadores. Os mais afetados em termos de perda de ocupação foram as
mulheres, os mais jovens, os pretos e os com menor nível de escolaridade”
(BARBOSA; COSTA; HECKSHER, 2020, p. 61).

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Especificamente sobre a comunidade LGBTI, um estudo publicado pelo
site Gênero e número31 indicam que a taxa de desemprego foi de 21,6 – quase
o dobro do registrado pelo IBGE, no trimestre encerrado em abril, referente
a toda população brasileira (12,6%). Além disso, 24% das pessoas LGBTI
perderam emprego durante o isolamento social.
A postura do governo Bolsonaro frente à pandemia expressa suas bases
neoconservadoras e neoliberais, uma vez que a vida da classe trabalhadora,
que é fortemente marcada por raça, gênero e sexualidade, importa
menos, configurando-se como meras engrenagens descartáveis do Estado
Capitalista. Nesse sentido,

A condição precária designa a condição politicamente induzida na qual


certas populações sofrem com redes sociais e econômicas de apoio
deficientes e ficam expostas de formas diferenciadas às violações, à
violência e à morte. Essas populações estão mais expostas a doenças,
pobreza, fome, deslocamentos e violência sem nenhuma proteção
(BUTLER, 2018, p. 46-47).

Butler (2018) argumenta que há vidas que não são passíveis de luto,
embora a precariedade da vida seja uma condição compartilhada entre
todos/as humanos/as. Nesse cenário, aquelas pessoas em contexto de
capitalismo dependente e superexploração, alocadas geopoliticamente
no Sul Global que ainda enfrenta as marcas deixadas pelo colonialismo,
submetidas cotidianamente às violências estruturais, têm suas precariedades
politicamente induzidas potencializadas.
Isso implica, inclusive, na percepção de horror moral, no qual “podemos
ver a divisão do mundo em vidas passíveis ou não passíveis de luto” (BUTLER,
2018, p. 53). No Brasil, como visto, o COVID-19 afetou diferencialmente a
população brasileira. A classe trabalhadora, em sua heterogeneidade e
interseccionalidade, torna-se alvo do projeto econômico excludente. Dito
isso, compreendem-se as razões de 160 mil mortes não gerarem a comoção
que o Norte Global geraria.
A partir de todo cenário delineado, a agudização da crise capitalista
e o desmonte das políticas sociais impulsionadas pelo ideário neoliberal

31
Matéria intitulada “Pessoas trans e LGBT+ negras e indígenas estão mais expostas ao impacto da
covid-19, aponta pesquisa”. Disponível em: http://www.generonumero.media/lgbt-coronavirus/.
Acesso em: 24/11/2020.

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TEMAS EMERGENTES 110
articulam-se à expansão ideológica do conservadorismo, à reificação e
a propagação do irracionalismo manipulada pela produção de mentiras
em larga escala, pautadas no revisionismo histórico, na perseguição dos
movimentos sociais e na crescente militarização da sociedade brasileira.
Este movimento busca a aniquilação, repressão, intimidação, perseguição,
criminalização e extermínio das diferenças, da diversidade e do próprio
processo democrático que garantiu a eleição do Bolsonaro.
Considerando o debate da contemporaneidade e os paralelos entre a
ascensão política da extrema direita atual e o fascismo da primeira metade
do século XX, Badaró (2019) aponta o papel da crise e recessão econômica,
o esgotamento do modelo de conciliação de classes, a atuação da pequena
burguesia e dos setores médios, as manifestações multitudinárias, o caminho
autocrático do golpe e a mobilizações das forças políticas, parlamentares
e midiáticas.
Este cenário forma a base social para o fortalecimento de movimentos
conservadores pautados pela antipolítica, isto é, “contrários a velha política”
como alternativa de transformação para enfrentar a crise econômica
através de um programa “austericida” de retirada de direitos, através das
contrarreformas.
Em concordância com o autor, esses elementos elencados acima tornam
difícil questionar a atribuição do adjetivo fascista ao que Bolsonaro e o
movimento bolsonarista representa e propaga no seu projeto político, ainda
que precisemos referenciar o prefixo “neo” para retratar as determinações
do atual momento histórico. Por outro lado, deve-se assinalar que a eleição
de um fascista não significa a imediata transposição a um regime político
fascista, mas a adesão de um programa político econômico que flerta com
as características gerais do fascismo histórico para garantir o sentido de
classe na intervenção do Estado na economia (BADARÓ, 2019).
A fusão do neoconservadorismo e do neoliberalismo, expresso na Nova
Direita, demonstra então que a democracia, a soberania política que funda
os Estados modernos e a política social estão em xeque (BROWN, 2006). Ou,
nos termos de Pereira (2020), estão em colapso, onde o poder está sendo
expropriado por forças supraestatais globais a serviço do grande capital.

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TEMAS EMERGENTES 111
Considerações Finais

Jair Bolsonaro é um presidente de extrema direita, cujo governo resulta


em um ordenamento político autoritário e antidemocrático. O bolsonarismo
pode ser compreendido como um afinamento com a militarização da vida
cotidiana, apresso ao Estado penal que exacerba punitivismo, na defesa do
armamentismo e na retomada dos valores e da moral familiar.
Com uma apologia deliberada às variadas formas de violência, o
discurso de inspiração neoconservadora, nacionalista e explicitamente
fundamentalista religioso vincula-se aos valores da tradição e nas práticas
arraigadas na sociedade brasileira, recuperando a base colonialista,
autoritária e patrimonialista. Nesse contexto, a representação do
conservadorismo e do reacionarismo aglutinam-se às forças ruralistas e
fundamentalistas institucionalizadas historicamente no Poder Legislativo.
Inobstante, Judith Butler (2020, p. 11) indica que “a vida é um direito só
dos privilegiados”. Entre a resistência das ruas, o risco do isolamento social
na pandemia e as alianças dos corpos passíveis de morte, o destino político
do povo brasileiro segue em uma embarcação à deriva e exige pressa para
juntar o que ficará das ruínas da jovem democracia brasileira. Todavia, o
cenário internacional tem soprado ventos de esperança. Donald Trump
foi recentemente derrotado nos Estados Unidos. No Chile, após intensos
protestos, conseguiram derrubar a Constituição da ditadura de Pinochet por
meio de plebiscito. Na Bolívia e Argentina, governos à esquerda foram eleitos.
Os poderes políticos têm celebrado o casamento do neoliberalismo
com o neoconservadorismo, e sem dúvidas, essa é a força hegemônica que
tem direcionado os caminhos e tomadas de decisão no Brasil. Todavia, é
também nesse cenário que se expressa a contradição e a resistência, ao qual
a comunidade LGBTI bateu recorde histórico ao eleger 73 representantes
nas eleições municipais de 202032, inclusive diversas pessoas trans foram

Para ver mais: Eleições 2020: Brasil bate recorde histórico com mais de 70 LGBTIs eleitos. Disponível
32

em: https://revistahibrida.com.br/2020/11/16/eleicoes-2020-brasil-bate-recorde-historico-com-
mais-de-70-lgbtis-eleitos/ . Acesso em: 24/11/2020.

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TEMAS EMERGENTES 112
candidatas com maior número de votos no ranking geral como Duda
Salabert, Linda Brasil, Lorim de Valéria, Titia Chiba, Dandara e Tieta Melo. As
candidaturas LGBTI somaram mais de 450.853 votos espalhados pelo país. É
nesse sentido que “lá onde há poder há resistência” (FOUCAULT, 1988, p. 91).
O enfrentamento sistemático da ameaça neoconservadora em curso no
país e na dinâmica social brasileira requer a organização de uma frente única
da classe trabalhadora (LACERDA, 2020). Isto significa agregar a vinculação
de classe a um projeto de luta unitária contra o projeto ultraneoliberal que
atenta contra os direitos duramente conquistados, compreendendo que
não uma oposição entre a classe social e as diversidades de gênero, sexual
e étnicorraciais.

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TEMAS EMERGENTES 113
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CONSELHO EDITORIAL
Prof. Dr. Carlos Henrique Lucas Lima
Universidade Federal do Oeste da Bahia – UFOB
Prof. Dr. Djalma Thürler
Universidade Federal da Bahia – UFBA
DIVERSIDADE SEXUAL, ÉTNICO-RACIAL E DE Profa. Dra. Fran Demétrio
GÊNERO: TEMAS EMERGENTES Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB
Prof. Dr. Helder Thiago Maia
ABEH – Associação Brasileira de Estudos da Universidade Federal Fluminense - UFF
Homocultura
Prof. Dr. Hilan Bensusan
Ministério da Educação - MEC
Universidade de Brasília - UNB
Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
NUEPOM Profa. Dra. Jaqueline Gomes de Jesus
NAPLUS Instituto Federal Rio de Janeiro – IFRJ
Fundação Uniselva Profa. Dra. Joana Azevedo Lima
Devry Brasil – Faculdade Ruy Barbosa
Organizadoras(es):
Prof. Dr. João Manuel de Oliveira
Bruna Andrade Irineu CIS-IUL, Instituto Universitário de Lisboa
Márcio Alessandro Neman do Nascimento
Moisés Alessandro Lopes Profa. Dra. Jussara Carneiro Costa
Pablo Cardozo Rocon Universidade Estadual da Paraíba – UEPB
Danie Marcelo de Jesus Prof. Dr. Leandro Colling
Guilherme Rodrigues Passamani Universidade Federal da Bahia – UFBA
Jaqueline Gomes de Jesus
Profa. Dra. Luma Nogueira de Andrade
Luma Nogueira Andrade Universidade da Integração Internacional da Lusofonia
Marco José Duarte Afro-Brasileira – UNILAB
Tatiana Lionço
Brendhon Andrade Oliveira Prof. Dr Guilherme Silva de Almeida
Jefferson Adriã Reis Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
Marcos Aurélio da Silva Prof. Dr. Marcio Caetano
Gabriel de Oliveira Rodrigues Universidade Federal do Rio Grande – FURG
Profa. Dra. Maria de Fatima Lima Santos
Editor: Gilmaro Nogueira Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
Diagramação: Daniel Rebouças
Dr. Pablo Pérez Navarro
Capista: Alex Pontes
(Universidade de Coimbra - CES/Portugal e Universidade Federal de
Revisor: Leonardo Coelho Marques de Jesus Minas Gerais - UFMG/Brasil)
Prof. Dr. Sergio Luiz Baptista da Silva
Faculdade de Educação
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

CIP BRASIL — CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


Irineu et. al. -
I68d Diversidade sexual, étnico-racial e de gênero: temas
emergentes/Editora Devires. Salvador-BA. 1ª edição, 2020.

283p.; PUBLICAÇÃO ELETRÔNICA.


ISBN 978-65-86481-21-1
1. Gênero; 2. Sexualidade; 3. Etnicorracial; 4.Homocultura;
5. LGBTI; I. Título.
CDD 300 CDU 308.13

Realização Apoio Institucional Financiamento

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