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HISTÓRIA
FELIPE RECONDO
24/05/2020 08:26
Atualizado em 24/05/2020 às 11:06 BRASÍLIA
Celso de Mello, Fernando Henrique Cardoso, Antonio Carlos Magalhães (presidente do Congresso) e Michel Temer
(presidente da Câmara) em 1998
Nesse dia 22 de maio, o ministro Celso de Mello fez um alerta com sua costumeira
ênfase em certas palavras.
“O Brasil não mais aceita modelos políticos de inspiração autoritária, qualquer que
seja a denominação que se lhes dê: regime cívico-militar, ou regime de arbítrio, ou
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25/05/2020 ExCelso: Os dois 22 de maio de Celso de Mello e um mesmo recado para os poderes - JOTA Info
regime de exceção, eis que todos, sem distinção, constituindo sistemas marginais
de poder, igualam-se nos gestos de atrevimento, de insolência e de sistemático
desrespeito às liberdades e ao postulado essencial da legitimidade democrática”.
Um tom bastante diferente do adotado, agora, por Celso de Mello. Um clima político
distinto. Mas com um recado que o ministro repete, sempre que pode, em suas
decisões e discursos.
E repetiu, agora em 2020, na sua decisão no Inquérito 4.831, aberto para investigar
as alegações do ex-ministro Sérgio Moro contra Bolsonaro, acusando-o de
interferência na Polícia Federal.
Celso de Mello estava com 51 anos e tornou-se, na época, o ministro mais jovem da
história a assumir a Presidência do STF (Dias Toffoli, em 2018, assumiu a o
comando do Supremo aos 50 anos). Celso estava longe, portanto, da aposentadoria
que, calculava, ocorreria em 19 anos – na época a aposentadoria compulsória se
dava aos 70 anos de idade. Agora, a poucos meses de se aposentar aos 75 anos, o
ministro se depara com con itos e reações às suas decisões que não identi cou ao
longo de mais de três décadas de Supremo.
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da República pedido feito por partidos políticos para que o celular de Bolsonaro
fosse periciado na investigação aberta pelas suspeitas levantadas por Moro.
Augusto Heleno, pelo tom da nota, interpretou o despacho de Celso de Mello, ou
como decisão, ou como pedido seu (e não de partidos de oposição).
Celso de Mello respondeu, neste 22 de maio de 2020, que nada decidira nesse
sentido. E repetiu o que já estava expresso em sua decisão: ele apenas encaminhava
para a PGR notitia criminis apresentada por partidos políticos. Não foi além disso.
Naquele 22 de maio de 1997, Celso de Mello responderia a comportamentos como
este de outra maneira.
“Tenho para mim – e novamente insisto que se trata de posição de ordem pessoal –
que o juiz não pode ser despojado de sua independência. O Estado não pode
pretender impor ao magistrado o veto da censura intelectual, que o impeça de
pensar, de re etir e de decidir com liberdade”, disse da cadeira de presidente do STF.
“É preciso não perder jamais de perspectiva o fato de que os tribunais e juízos
constituem, por excelência, o espaço institucional de defesa das liberdades”,
acrescentou. Há 23 anos.
FELIPE RECONDO – Diretor de Conteúdo e sócio-fundador do JOTA. Autor de "Tanques e Togas - O STF e a
Ditadura Militar" e de "Os Onze - O STF, seus bastidores e suas crises", ambos pela Companhia das Letras.
Antes de fundar o JOTA, trabalhou nos jornais O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, no blog do jornalista
Ricardo Noblat.
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