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Autores na obra:
Diogo Francisco Souza de Moraes; Luciana Pereira Santos; Andressa Carneiro Campos; Hélder
Gabryel Padilha Martinho.
Produzido e registrado por © 2023 Papel da Palavra - Prefixo na Agência Brasileira desde 2015 -
papeldapalavra.com - CNPJ 23.325.026/0001-05
ISBN 978-65-85626-25-5
DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.8331005
1. Direito. 2. Separação dos Poderes. 3. Judicialização. I. Título.
CDD 340 Direito
Aos que não acreditaram em mim.
E aos que estão sempre ao meu lado.
SUMÁRIO
Prefácio 9
Ana Clara Montenegro Fonseca
Introdução 15
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 89
Referências 93
Notas 97
Sobre os autores 101
PREFÁCIO
ANA CLARA MONTENEGRO FONSECA
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20 JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA E O ESTADO DE COISAS INCONSTITUC…
P
ara a adequada compreensão do signi cado de
judicialização da política, faz-se necessário um aprofun‐
damento sobre a teoria da separação dos poderes. Isso
porque o fenômeno da judicialização constitui exatamente uma
expansão das funções de um dos poderes do Estado, o judiciário,
sobre as atribuições dos demais poderes, o Legislativo e o
Executivo.
Igualmente, para melhor intelecção do tema, torna-se primordial
entender as origens, importâncias e signi cações do Poder e da
Política, bem como compreender a constituição do Estado de
Direito. Em tese, a judicialização se con gura pela adoção de um
posicionamento político-hermenêutico por parte do Poder
Judiciário ao interpretar as leis e a Constituição, com o fulcro de
efetivar os preceitos fundamentais, buscando atingir a justiça
social.
Justiça social esta, altamente ameaçada na conjuntura atual do
Estado de Direito, devido as reiteradas violações aos direitos
humanos dos presos em estabelecimentos penais, o que caracte‐
riza o estado de coisas inconstitucional.
Partindo desse posicionamento político-jurídico-interpretativo,
faz-se mister entender de que forma atualmente o Judiciário
exerce funções políticas e se tais recentes atribuições não são
prejudiciais para o sistema democrático, bem como se são real‐
mente necessárias.
Apesar de atribuir-se a Montesquieu, existiram alguns predeces‐
sores à criação da teoria da separação dos poderes, com posicio‐
namentos imprescindíveis ao entendimento do fenômeno da
judicialização da política.
DEMOCRACIA, ESTADO DE DIREITO E SEPARAÇÃO DOS PODERES 21
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44 JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA E O ESTADO DE COISAS INCONSTITUC…
A
ntes de adentrar nos raciocínios sobre a judicialização
da política, faz-se importante algumas ressalvas para o
seu melhor entendimento. Não há como falar em judi‐
cialização da política sem falar em ativismo judicial, pois são
fenômenos similares que são sempre trazidos ao fala-se um do
outro. Mas, apesar das aproximações conceituais, cada um ocorre
em determinado contexto, sendo de grande importância tratar do
local das maiores decisões políticas do país, o STF, para a
adequada diferenciação deles.
O Supremo Tribunal Federal, como órgão de cúpula do sistema
Judiciário brasileiro, é o principal responsável pela interpretação
da Constituição Federal, possuindo em seu âmbito o poder de
dizer o que é ou não constitucional. Sendo ele o atual respon‐
sável por grandes decisões de cunho político-jurídicas no país,
con gurando-se como protagonista maior da judicialização da
política no Brasil.
Nesse sentido, presente capítulo tenciona a descriminação da
referida judicialização e do ativismo judicial, bem como propõe-
se a uma diferenciação crítica dos semelhantes fenômenos, expli‐
citando as nuances contextuais do Estado de Direito atual.
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68 JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA E O ESTADO DE COISAS INCONSTITUC…
N
o presente capítulo pretende-se abordar o instituto
chamado de estado de coisas inconstitucional (ECI),
por meio de uma análise sintética do sistema prisional
brasileiro, à luz da Ação de Descumprimento de Preceitos
Fundamentais Nº 347, que declara que há no país a generali‐
zada, institucionalizada, recorrente e expansiva violação aos
direitos fundamentais, caracterizada por uma profunda inércia
do poder público.
Falar-se-á, também, de forma sucinta, sobre outras decisões,
dentro e fora do Brasil, como a Sentença de Uni cación (SU) nº
559, da Colômbia, e o Recurso Extraordinário 592.581, com
intento reforçador e de demonstrar o torpor do Estado brasileiro,
relacionado ao desenvolvimento de políticas públicas como o m
de efetivar direitos fundamentais, o que poderia legitimar o judi‐
ciário a uma intervenção nos outros poderes, caracterizando a
judicialização da política.
Ponto importante para ser discutido no presente trabalho,
também, é a terrível situação das prisões no Brasil de forma a
entender melhor a necessidade de um posicionamento mais ativo
do judiciário de forma a combater tais circunstâncias.
Por m, com um intuito de natureza crítico- losó ca, objetiva-se,
de forma breve, utilizar-se da teoria dos sistemas de Niklas
Luhmann, em que a sociedade é vista como um sistema autopoié‐
tico e autocomunicativo, para fazer uma análise do estado de
Coisas inconstitucional no sistema carcerário brasileiro, onde os
direitos fundamentais apresentam- se, aparentemente, como uma
ilusão funcional.
ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL COMO REALIDADE ATUAL B… 69
A
pesquisa em questão teve extrema relevância para o
melhor entendimento, não apenas da judicialização da
política e do estado de coisas inconstitucional, mas do
fenômeno jurídico como um todo, na medida em que foram apro‐
fundados diversos institutos de caracteres substanciais para o
direito.
Percebeu-se com a análise da tripartição de poderes, que,
partindo-se da ideia de separação também pode-se chegar a ideia
de equilíbrio, caracterizada pelos freios e contrapesos, bem como
que, apesar de grandemente aceita, tal ideia não possui sentido
universal, tendo sido criticada por autores de grande importância
na construção da atual estrutura social e política.
Conclui-se, ao pesquisar as origens do poder e da política, assim
como as gêneses do Estado de Direito, que o atual fenômeno da
judicialização da política e o estado de coisas inconstitucional,
fazem parte de um movimento histórico, não linear, que pres‐
cindiu de diversos movimentos teóricos, como o neoconstitucio‐
nalismo e o liberalismo, para chegar a condição atual.
Averiguou-se, ao examinar as modi cações na atuação do
Judiciário, de que forma as mudanças ocorridas entre o Estado
Liberal e o Estado Social legitimaram uma maior presença do
Judiciário na vida quotidiana da sociedade, bem como a crise do
Estado de Direito torna o juiz uma esperança para a garantia dos
direitos fundamentais.
Compreendeu-se com o aprofundamento do ativismo judicial,
que este caracteriza-se como uma posição hermenêutica indivi‐
dual do magistrado na interpretação da Constituição, que poderá
tornar-se malé ca a depender da escolha que este zer.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 91
Processo Civil pela Escola Superior de Advocacia (Nova ESA-PB). Advogada recentemente
Gestão Pública pela Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).
Sol (Unades/ESL).
Luciana Pereira Santos
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Pernambuco (2011), especialista em
Alfabetização e Letramento pela Faculdade Paraíso do Norte, mestre em Educação (2019), pela
Federal da Paraíba. Atualmente é professora da rede pública de ensino municipal de João Pessoa,
e atua como formadora municipal através do Programa Integra Educação Paraíba e assessora
estudos e pesquisas infâncias, educação infantil e contextos plurais – Grão e do grupo de estudos
e das infâncias.
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