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Luís Roberto Barroso, jurista, atual presidente do TSE e professor titular de direito
constitucional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), produziu o artigo publicado
na Revista (Syn)Thesis, em 2012, intitulado “Judicialização, ativismo judicial e legitimidade
democrática”. Dividido em cinco itens, trata acerca da relevância e das problemáticas atinentes à
judicialização, ao ativismo judicial e à concretização da legitimidade democrática.
Em seu primeiro item, Barroso apresenta que, mundialmente, em diferentes regiões e
épocas, verifica-se a centralidade das supremas cortes em decidirem a respeito de problemáticas
que envolvem questões políticas e morais, sendo evidente, no Brasil, a ampla atuação decisória
do Supremo Tribunal Federal (STF) na vida institucional brasileira nos últimos anos. Diante de
tamanha responsabilidade, bem como da visibilidade do STF, em razão da transmissão ao vivo
de seus julgamentos na TV aberta, há considerável contribuição para a efetivação da
transparência das decisões, do controle social e, ainda, da democracia.
A judicialização se trata da discussão de temas com vasta repercussão política ou social,
os quais são julgados pelos magistrados, no âmbito do Poder Judiciário. Sua decorrência se deu
principalmente em virtude da redemocratização do país, essencialmente com a Constituição
Federal de 1988 (CF), acarretando a expansão do Poder Judiciário e a crescente demanda por
justiça pela sociedade, conforme a população passa a exercer de modo mais presente a cidadania.
Outra importante causa da judicialização no Brasil foi a larga constitucionalização das
matérias de direito que antes eram contempladas pela legislação ordinária, por exemplo. Dessa
forma, conforme o autor destaca, ao constitucionalizar um assunto, é possibilitada a sua
transformação em uma potencial pretensão jurídica, isto é, a Política passa a ser Direito (2012,
p.24).
Por fim, a judicialização também teve a influência do sistema de controle de
constitucionalidade, com a característica híbrida por combinar os sistemas europeu e americano:
conforme o primeiro, é possível o controle via ação direta caso a matéria necessite de apreciação
direta pelo STF; e, pelo segundo, permite-se o controle incidental e difuso, onde o julgador
poderá deixar de aplicar lei considerada inconstitucional.