Você está na página 1de 2

26/01/2024, 16:50 sisweb02.unipar.br/eventos/anais/5361/html/28070.

html

A INTERVENÇÃO JURISDICIONAL NAS POLÍTICAS PUBLICAS OMISSAS OU EXCLUDENTES DAS MINORIAS


SEXUAIS

1Thai­s
Souza Freitas, 2JULIANA LUIZA MAZARO, 3BRUNA DE OLIVEIRA ANDRADE, 4VALÉRIA SILVA GALDINO
CARDIN

1Advogada e Especialista em Processo Civil pela Escola Nacional Superior de Advocacia (ESA)
2Doutoranda em Direito pela UNICESUMAR, Mestre em Direito pela UNICESUMAR. Professora do Curso de Direito da
UNIPAR e UNESPAR/Paranavaí
3Mestre em Direito pela UNICESUMAR, Professora do Curso de Direito da UNIPAR/Paranavaí e UNESPAR/Paranavaí
4Pós-Doutora em Direito pela Universidade de Lisboa; Doutora e Mestre em Direito das Relações Sociais pela PUC-SP

Introdução: A omissão dos Poderes Executivo e Legislativo tem reduzido e, até mesmo, excluindo deliberadamente as
minorias sexuais da sociedade, deixando de efetivar direitos fundamentais garantidos à maioria cis-normativa. Isto tem
aumentado a atividade jurisdicional, principalmente do Supremo Tribunal Federal, que atuando em sua função
contramajoritária tem garantido que esses indivíduos, abandonados pelos outros Poderes, sejam tratados com dignidade.
Objetivos: Conhecer sobre a ação (lesiva) ou a omissão proposital dos Poderes Executivo e Legislativo quanto aos
direitos LGBTQIA+, para compreender o papel do Poder Judiciário, com foco no STF, no controle das políticas públicas
excludentes.
Desenvolvimento: Existem grupos minoritários que, apesar de serem da espécie humana, são considerados
irrelevantes a certas esferas do poder, são considerados seres abjetos, definidos como anormais. Que assim
considerados acabam sendo banidos da convivência em sociedade, colocados à margem da política e do direito, a lei lhe
é indiferente. Enquanto os Poderes Executivo e Legislativo se escusam de seus deveres de agir em prol dos direitos
fundamentais das minorias sexuais, as pessoas prejudicadas se socorrem ao Poder Judiciário, quando se tratar de
decisão com repercussão geral, o julgamento caberá ao Supremo Tribunal Federal como guardião da Constituição. É o
que tem acontecido no Brasil, essa omissão em efetivar direitos LGBTQIAPN+, tem sido levada, cada vez mais, ao
conhecimento das demandas à Corte Constitucional, por meio de ações diretas de inconstitucionalidade e
constitucionalidade, de descumprimento de preceitos fundamentais, de inconstitucionalidade por omissão, de mandados
de injunção e, até mesmo, por ações civis públicas (APPIO, 2004, p. 222). O que se vê, é que o crescente descrédito nas
instituições Executivas e Legislativas brasileiras levou o Poder Judiciário a ser a ultima ratio nas mais diversas
demandas, que resolvam as dúvidas dos próprios indivíduos ou preencham lacunas e omissões ou interpretem a norma
de uma forma que atendam aos anseios da pessoa e da sociedade, inclusive as geradas por políticas públicas. Isto quer
dizer que “[...] questões importantes do ponto de vista político, social ou moral estão sendo decididas, em caráter final,
pelo Poder Judiciário”, trata-se da judicialização da vida, que cuida em garantir o acesso à justiça e a proteção dos
direitos fundamentais, papel realizado, principalmente, pelas Cortes Constitucionais (BARROSO, 2018, p.135-136).O
exemplo é o julgamento pelo STF da ADI nº 5971, em que apreciaram a Lei Distrital nº 6.160/2018 que trazia as diretrizes
da Política Pública de Valorização da Família no Distrito Federal, que em seu texto excluía expressamente as uniões
estáveis e casamentos homoafetivos como entidade familiar, assim, retirando o direito dessas pessoas do acesso a essa
política pública. Para o Relator da ação o Ministro Alexandre de Moraes, “quando a norma prevê a instituição de
diretrizes para implantação de política pública de valorização da família no Distrito Federal, deve-se levar em
consideração também aquelas entidades familiares formadas por união homoafetiva”, posicionamento já pacificado
desde 2011 pela ADI nº 4277 (STF, 2019). A necessidade de se limitar e, se necessário, alterar a interpretação de certos
posicionamentos que o Executivo e o Legislativo trazem em seus atos normativos e/ou leis se deve em razão da
realização de direitos (STRECK, 2018. p. 1). A identidade social LGBTQIA+ demonstra isso, pois cada vez mais busca a
proteção e efetivação de seus direitos fundamentais, principalmente judicialmente. Mas nem sempre a violação de
direitos ocorre por ações positivas, a inércia dos Poderes Executivo e Legislativo brasileiros também fere as diretrizes
constitucionais de promoção da pessoa. Essa inação normativa na proteção da pessoa LGBTQIA+ e seus direitos, na
tomada de medidas e soluções aos problemas sociais que emergem da constante evolução da sociedade, tem sido vista
sob dois pretextos. O primeiro porque na apreciação do tema e projetos de lei no Congresso Nacional não se chega a um
consenso e o segundo, que parece atualmente o mais preciso às vontades das bancadas políticas majoritária, é que a
inatividade estatal sobre direitos das minorias se trata de uma estratégia para evitar se discutir e decidir sobre um
assunto que ainda é preterido pela maioria da população e que traria uma rejeição aos políticos que agissem em favor
das minorias sexuais, prejudicando suas possíveis reeleições (LEITE, 2014).
Conclusão: Diante dedo que foi exposto, as políticas públicas são passiveis de controle constitucional pelo Supremo
Tribunal Federal, assim como as ações e omissões dos Poderes Executivo e Legislativo que causem lesão aos direitos
fundamentais de um grupo social. Além disso, quando se falar em limite da atuação jurisdicional nesse caso, caberia
somente a Constituição Federal o fazer, contudo, o caráter aberto dos mais importantes princípios e normas encontrados
https://sisweb02.unipar.br/eventos/anais/5361/html/28070.html 1/2
26/01/2024, 16:50 sisweb02.unipar.br/eventos/anais/5361/html/28070.html
em seu texto permitem que a Corte Constitucional interpreta da melhor forma a consecução de direitos, inclusive aqueles
tratados nas políticas públicas.

Referências
APPIO, Eduardo. O controle judicial das políticas públicas no Brasil. Tese: Universidade Federal de Santa Catarina. 2004.
Disponível em: http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/87373.
BARROSO, Luís Roberto. A judicialização da vida e o papel do Supremo Tribunal Federal. Belo Horizonte: Fórum,
2018.
LEITE, Glauco Salomão. Inércia legislativa e ativismo judicial: a dinâmica da separação dos poderes na ordem
constitucional brasileira. In: Teoria do Estado e da Constituição, XXIII CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI, 2014,
João Pessoa. Recurso eletrônico online. Florianópolis: CONPEDI, 2014. Disponível em:
http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=863a76ba2c63cb56. Acesso em: 19 set. 2019.
STRECK, Lenio Luiz. Jurisdição Constitucional. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Lei do DF que prevê políticas públicas para famílias deve incluir união
homoafetiva, decide STF. Disponível em: . Acesso em: 19 set. 2019.

https://sisweb02.unipar.br/eventos/anais/5361/html/28070.html 2/2

Você também pode gostar