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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

DIREITO DIURNO

PROVA – QUESTÃO DISSERTATIVA

RAFAELA DA ROSA E ANTÔNIA CAROLINE CHAGAS

Questão: Qual o papel do Poder Judiciário para garantir a efetividade aos


Direitos Sociais?

Os direitos sociais, pensados a fim de garantir a dignidade humana,


resumidamente falando, podem ser entendidos como o direito a saúde,
educação, segurança, saneamento, moradia, dentre outros elencados no artigo
6º da CF/88. Cabe ao poder Legislativo criar e aprovar projetos de lei que
determinem os direitos sociais que existirão. E ao Poder Executivo cabe
instituir políticas públicas visando garantir que os direitos sociais instituídos na
Constituição Federal tenham real efetividade.

Uma vez que ambos os poderes deixem de cumprir perfeitamente com


seu papel, onde hoje podemos observar, por exemplo, o descaso com a saúde
pública, má destinação da verba pública, falta de incentivo à cultura, falta de
moradia, a má gestão do país levou a fome a milhares de casas, entre outros
casos, a intervenção do Poder Judiciário se faz justificada.

Ao Poder Judiciário cabe o papel de garantir a execução das políticas


públicas, intervindo e determinando ao Poder Público que cumpra com a
obrigação. O Judiciário pode controlar a ineficiência das prestações dos
serviços básicos e exigir a concretização de políticas sociais eficientes.

Ao agir em defesa dos direitos sociais, o Poder Judiciário não está


violando o princípio da separação dos poderes, uma vez que não está criando
novas leis, mas sim buscando que as políticas existentes tenham real
efetividade. Assim, se atribui ao Judiciário a responsabilidade de garantir a
execução das políticas públicas já estabelecidas na lei, bem como defender o
ordenamento jurídico para que a Lei se faça cumprir.
Muitos associam a atuação do Judiciário com ativismo judicial, por vezes
de forma pejorativa e outras se questionando se pode ser positiva, já que pode
ser um meio de concretização de direito sociais em uma proporção real na vida
dos cidadãos e da democracia. Por outro lado, sabe-se que o ativismo é um
termo pejorativo desde sua origem Americana, cunhado à ideia de que o
judiciário estaria “se metendo” nos demais Poderes – executivo e legislativo –
ferindo o princípio da independência e autonomia dos poderes, bem como os
limites de sua atuação. Muitas vezes quando o judiciário, diante de um fato
concreto ao qual a lei não contempla, ou não o faz diretamente, é que surge a
brecha para o ativismo judicial, já que o poder judiciário encontra uma solução
extra lei, não prevista em lei pra solucionar as lacunas do ordenamento jurídico,
agindo além dos poderes que lhe são conferido pelo ordenamento jurídico.

Mesmo assim há quem sustente que o Judiciário enquanto defensor dos


direitos previstos no ordenamento, possa e deva determinar obrigações de
fazer diante de omissões do poder público, bem como sanar as lacunas por
meio de ponderações e analogias, tudo em prol da concretização de direitos
que existem já na constituição. Ainda assim, por vezes o argumento da
separação dos poderes é utilizado para alegar o ativismo judicial, que na
verdade pode ser reflexo da busca de outros poderes em se escusarem de
garantir o mínimo existencial. Além disso, o Judiciário atua em defesa dos
direitos das minorias, entenda-se que: a motivação, o devido processo legal, a
recorribilidade das decisões, a publicidade de suas manifestações e a
vinculação a Constituição constituem meios de atribuição de legitimidade para
sua atuação.

Portanto, o Poder judiciário em relação aos direitos sociais funciona


como um fiscalizador sobre a efetividade de direitos por meio de políticas
públicas e, ou, por meio de uma obrigação de fazer, um garantidor de que os
direitos previstos por lei constitucional ou infraconstitucional sejam reais de
acordo com o caso concreto e independente de políticas públicas. Tal
competência faz parte de um poder-dever constitucional que o Poder Judiciário
possui a fim de garantir o cumprimento dos direitos fundamentais e sociais.
Neste ínterim a atuação do poder judiciário em cobrar do Estado à saída da
omissão para que cumpra com os direitos sociais previstos constitucionalmente
é fundamental e não extrapola os limites de poderes que lhe são outorgados.

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