Questão: Qual o papel do Poder Judiciário para garantir a efetividade aos
Direitos Sociais?
Os direitos sociais, pensados a fim de garantir a dignidade humana,
resumidamente falando, podem ser entendidos como o direito a saúde, educação, segurança, saneamento, moradia, dentre outros elencados no artigo 6º da CF/88. Cabe ao poder Legislativo criar e aprovar projetos de lei que determinem os direitos sociais que existirão. E ao Poder Executivo cabe instituir políticas públicas visando garantir que os direitos sociais instituídos na Constituição Federal tenham real efetividade.
Uma vez que ambos os poderes deixem de cumprir perfeitamente com
seu papel, onde hoje podemos observar, por exemplo, o descaso com a saúde pública, má destinação da verba pública, falta de incentivo à cultura, falta de moradia, a má gestão do país levou a fome a milhares de casas, entre outros casos, a intervenção do Poder Judiciário se faz justificada.
Ao Poder Judiciário cabe o papel de garantir a execução das políticas
públicas, intervindo e determinando ao Poder Público que cumpra com a obrigação. O Judiciário pode controlar a ineficiência das prestações dos serviços básicos e exigir a concretização de políticas sociais eficientes.
Ao agir em defesa dos direitos sociais, o Poder Judiciário não está
violando o princípio da separação dos poderes, uma vez que não está criando novas leis, mas sim buscando que as políticas existentes tenham real efetividade. Assim, se atribui ao Judiciário a responsabilidade de garantir a execução das políticas públicas já estabelecidas na lei, bem como defender o ordenamento jurídico para que a Lei se faça cumprir. Muitos associam a atuação do Judiciário com ativismo judicial, por vezes de forma pejorativa e outras se questionando se pode ser positiva, já que pode ser um meio de concretização de direito sociais em uma proporção real na vida dos cidadãos e da democracia. Por outro lado, sabe-se que o ativismo é um termo pejorativo desde sua origem Americana, cunhado à ideia de que o judiciário estaria “se metendo” nos demais Poderes – executivo e legislativo – ferindo o princípio da independência e autonomia dos poderes, bem como os limites de sua atuação. Muitas vezes quando o judiciário, diante de um fato concreto ao qual a lei não contempla, ou não o faz diretamente, é que surge a brecha para o ativismo judicial, já que o poder judiciário encontra uma solução extra lei, não prevista em lei pra solucionar as lacunas do ordenamento jurídico, agindo além dos poderes que lhe são conferido pelo ordenamento jurídico.
Mesmo assim há quem sustente que o Judiciário enquanto defensor dos
direitos previstos no ordenamento, possa e deva determinar obrigações de fazer diante de omissões do poder público, bem como sanar as lacunas por meio de ponderações e analogias, tudo em prol da concretização de direitos que existem já na constituição. Ainda assim, por vezes o argumento da separação dos poderes é utilizado para alegar o ativismo judicial, que na verdade pode ser reflexo da busca de outros poderes em se escusarem de garantir o mínimo existencial. Além disso, o Judiciário atua em defesa dos direitos das minorias, entenda-se que: a motivação, o devido processo legal, a recorribilidade das decisões, a publicidade de suas manifestações e a vinculação a Constituição constituem meios de atribuição de legitimidade para sua atuação.
Portanto, o Poder judiciário em relação aos direitos sociais funciona
como um fiscalizador sobre a efetividade de direitos por meio de políticas públicas e, ou, por meio de uma obrigação de fazer, um garantidor de que os direitos previstos por lei constitucional ou infraconstitucional sejam reais de acordo com o caso concreto e independente de políticas públicas. Tal competência faz parte de um poder-dever constitucional que o Poder Judiciário possui a fim de garantir o cumprimento dos direitos fundamentais e sociais. Neste ínterim a atuação do poder judiciário em cobrar do Estado à saída da omissão para que cumpra com os direitos sociais previstos constitucionalmente é fundamental e não extrapola os limites de poderes que lhe são outorgados.