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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE DIREITO

Disciplina: Direito Constitucional


Turma: NA7
Alunos: Gabriela Rosolen de Azevedo Ribeiro - RA00276537
Gabriela Tiemi Luz Moreira - RA00276544
Fabio Praninni Azzar Filho - RA00276633
Julia Sciarreta Lima - RA00276510

Seminário: Políticas Públicas

Pede-se: Elabore uma sucinta dissertação sobre a possibilidade do Poder Judiciário, em


sede de processo de controle de constitucionalidade, determinar a realização de política
pública pelo Poder Executivo. Pondere sobre as relações entre os poderes e gestão do
orçamento público.

Como cediço, o poder estatal é uno e indivisível, porém encontra-se a


indispensabilidade da tripartição dos poderes, a qual vigora para objetivar a impossibilidade
do abuso de poder. A separação de poderes, no modelo brasileiro, constitui o elemento lógico
essencial do Estado de Direito, o qual objetiva a manutenção da imparcialidade.

Neste sentido, a Constituição Federal expressamente elenca, em seu art. 2º, que: “São
Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário”. Por conseguinte, os poderes, independentes entre si, recebem suas respectivas
competências, denominadas funções típicas e são condicionados por um sistema de freios e
contrapesos. Apesar da indelegabilidade das atribuições a cada poder, infere-se que a
tripartição não é rígida, mas sim flexível, de modo que estes contam também com funções
atípicas, a fim de que exerçam um controle maior uns sobre os outros.

Sem prejuízo, foi fixado o entendimento jurisprudencial, pela Suprema Corte, que o
Poder Judiciário, no exercício de suas funções, pode excepcionalmente a impor a
"implementação de políticas públicas quando evidenciada proteção deficiente a direitos
fundamentais veiculados na Constituição Federal", conforme exposto na ementa do caso
apresentado.

Neste sentido, o Poder Judiciário estaria revestido do poder de exigir obrigação de


fazer do Poder Executivo em adotar políticas públicas, sobre as quais estaria omisso, a fim de
resguardar direitos fundamentais constitucionais e a própria dignidade da pessoa humana.
Senão vejamos a tese fixada pelo Supremo Tribunal Federal no RE 592.581-RG1:

“É lícito ao Judiciário impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente


na promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos
prisionais para dar efetividade ao postulado da dignidade da pessoa humana e
assegurar aos detentos o respeito à sua integridade física e moral, nos termos do que
preceitua o art. 5o, XLIX, da Constituição Federal, não sendo oponível à decisão o
argumento da reserva do possível nem o princípio da separação dos poderes.”

Analisa-se que o Poder Judiciário não está operando a função típica do Poder
Executivo em implementar e operar políticas públicas, mas, simplesmente, determina a
conduta ativa da Administração Pública a fim de proteger a supremacia da Constituição
Federal, por meio do desempenho do controle de constitucionalidade.

Previamente à análise do caso em concreto, é importante o detalhamento a respeito


das políticas públicas. Estas são instrumentos utilizados pelo Estado para promover o
bem-estar social e garantir o exercício dos direitos fundamentais previstos na Constituição
Federal. Desse modo, é possível que o Estado intervenha diretamente na sociedade, visto que
promove ações que influenciam a vida dos cidadãos.

O Estado é o responsável pela implementação de políticas públicas, visto que tem o


dever de garantir o acesso à justiça, à saúde, à educação, à segurança pública e a outros
direitos fundamentais. Nesse sentido, por ser um dever do Estado, torna-se claro que os três
poderes devem agir em harmonia para implementação de políticas públicas.

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Tema 220, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, DJe de 1o/2/2016.
No entanto, a implementação de políticas públicas não é uma tarefa simples. Para que
as políticas públicas sejam efetivas, é necessário que haja não apenas uma articulação entre as
diferentes esferas do poder público, mas também entre estas e a sociedade civil. Além disso, é
preciso que o Estado tenha recursos financeiros e humanos suficientes para desenvolver e
implementar essas políticas.

O orçamento público é um instrumento fundamental para a implementação de


políticas públicas, visto que define as prioridades e os recursos financeiros que serão
destinados pelo Estado para a realização de suas atividades. Por definir a destinação do
dinheiro público, o orçamento viabiliza o funcionamento dos órgãos responsáveis pela
prestação de serviços públicos e garante o acesso de todos os cidadãos a eles, tais como
saúde, educação e segurança pública.

No entanto, é preciso que haja uma gestão eficiente dos recursos públicos para que
seja possível atender às necessidades da população sem comprometer a saúde financeira do
Estado. Da mesma forma, é fundamental que haja um processo transparente de elaboração do
orçamento público, com ampla divulgação das informações e possibilidade de participação da
sociedade civil. Somente assim será possível garantir que as demandas da sociedade sejam
atendidas e que os recursos públicos sejam utilizados de forma eficiente.

Diante do exposto, torna-se evidente a necessidade do Estado realizar políticas


públicas que garantam os direitos fundamentais, as quais serão viabilizadas apenas a partir da
gestão eficiente do orçamento público. Para atingir tal objetivo, é preciso que os três poderes
trabalhem em consonância, e, portanto, é permitido que o Poder Judiciário, em sede de
processo de controle de constitucionalidade, determine a realização de política pública pelo
Poder Executivo.

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