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JUDICIALIZAÇÃO

DA
SAÚDE
Fundamentos básicos do Direito à saúde:
1986 - Realização da VIII Conferência Nacional de Saúde,
que ampliou o conceito de saúde, caracterizando-a como
sendo um dever do Estado e dando a ela o caráter de
direito universal.
1987 - Foram criados os Sistemas Unificados e
Descentralizados de Saúde (SUDS), com objetivo de
“universalização e equidade no acesso aos serviços de
saúde; integralidade dos cuidados assistenciais;
descentralização das ações de saúde; implementação
de distritos sanitários”.
CF/1988 - O direito à saúde passou a ser reconhecido
como direito fundamental inerente a todos os cidadãos,
assumindo as características da universalidade,
integralidade, equidade e obrigação do Estado.
1990 - Com fundamento na CF/1988, a Lei nº 8.080,
regulamentou o Sistema Único de Saúde, detalhando
os princípios, diretrizes, competência, organização,
direção e gestão e a participação do sistema privado
naquele modelo público.
1990 - A Lei nº. 8.142, estabeleceu a participação da
comunidade na gestão do SUS, sendo instituídos os
Conselhos de Saúde (CONASS e CONASEMS).
O direito à saúde como um direito social
2ª Geração dos Direitos Humanos - Direitos sociais,
dentre eles à saúde, que impõem ao Estado um dever
prestacional.

Art. 6º da CF/1988 - São direitos sociais a educação, a


saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 196 da CF/1988 - A saúde é direito de todos e dever


do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações
e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Judicialização da saúde
Conceito: é a reivindicação da saúde como um direito,
que ocorre quando o Poder Judiciário passa a ter a
função de tomar decisões coletivamente vinculantes,
sobrepondo-as ao arcabouço normativo do Sistema
Único de Saúde.

 Em princípio, o Poder Judiciário não deve intervir


em esfera reservada a outro Poder para substituí-lo
em juízos de conveniência e oportunidade,
querendo controlar as opções legislativas de
organização e prestação, a não ser,
excepcionalmente, quando haja uma violação
evidente e arbitrária.
 O desrespeito à Constituição tanto pode ocorrer
mediante ação estatal quanto mediante inércia
governamental. Se o Estado deixar de adotar as
medidas necessárias à realização concreta dos
preceitos da Constituição, em ordem a torná-los
efetivos, operantes e exequíveis, abstendo-se, em
consequência, de cumprir o dever de prestação que a
Constituição lhe impôs, incidirá em violação negativa
do texto constitucional.
Parâmetros Gerais ao Controle de
Políticas Públicas pelo Poder Judiciário
1) Mínimo Existencial
O mínimo existencial é considerado um direito às
condições mínimas de existência humana digna, que exige
prestações positivas por parte do Estado. Como mínimo
existencial, comumente se incluem os direitos à saúde
básica, educação fundamental, saneamento básico,
concessão de assistência social a tutela do meio ambiente,
o acesso à justiça, entre outros.
 Mínimo existencial: alvos prioritários dos gastos
públicos. Apenas depois de atingi-los é que se poderá
discutir, relativamente aos recursos remanescentes,
em que outros projetos se deverá investir.
 Vedação do retrocesso.
2) Reserva do possível
Afirma-se que a formulação do conceito da “reserva do
possível” se deu a partir do julgamento, pela Corte
Constitucional Alemã, de um caso no qual um estudante
buscava acesso ao ensino superior. Naquela ocasião,
decidiu-se que restrições ao direito subjetivo de acesso
ao ensino superior poderiam se impor ao agente, acaso
restasse comprovada a insuficiência material do Estado.
3) Proporcionalidade
O princípio, ou postulado, da proporcionalidade tem
crescido em importância no Brasil justamente pelo fato
de ele funcionar como instrumento de controle dos atos
praticados pelo Poder Público.
Trata-se de um princípio estruturador da aplicação dos
demais princípios, ao qual se deve recorrer quando se
tem em vista a verificação da adequação dos meios
utilizados pelo Poder Público no atingimento de fins
também por ele elegidos.
O JULGAMENTO DO REsp 1657156 (julgado em 25/04/2019)
A tese fixada pela Primeira Turma do STJ estabelece que
constitui obrigação do Poder Público o fornecimento de
medicamentos não incorporados em atos normativos do
SUS, desde que presentes, cumulativamente, os seguintes
requisitos:
1. Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e
circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente,
da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento,
assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos
fármacos fornecidos pelo SUS;
2. Incapacidade financeira do paciente de arcar com o custo
do medicamento prescrito;
3. Existência de registro do medicamento na Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa).
 CNJ: Judicialização da saúde: pesquisa aponta
demandas mais recorrentes (27/08/2021)
https://www10.trf2.jus.br/comite-estadual-de-saude-rj/cnj-
judicializacao-da-saude-pesquisa-aponta-demandas-mais-
recorrentes/

 Saúde acumula 2,5 milhões de processos entre 2015 e


2020 (09/06/2021)
https://medicinasa.com.br/judicializacao-saude-cnj/

 Judicialização da saúde em números (03/11/2020)


https://blog.abramge.com.br/saude-
suplementar/judicializacao-da-saude-em-numeros/

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