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CENTRO UNIVERSITÁRIO RUY BARBOSA – UNIRUY

MARCUS VINICIUS OLIVEIRA ROCHA

OS IMPACTOS DO ATIVISMO JUDICIAL


NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

Salvador
2023
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MARCUS VINICIUS OLIVEIRA ROCHA

OS IMPACTOS DO ATIVISMO JUDICIAL


NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

Anteprojeto de Pesquisa apresentado ao Centro


Universitário Ruy Barbosa – UniRuy como requisito
parcial de avaliação do componente curricular
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) I do
curso de Bacharelado em Direito.

Orientador: Prof. Breno Almeida Santos.

Salvador
2023
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SUMÁRIO

1. TEMA................................................................................................4

2. PROBLEMA DE PESQUISA..........................................................4

3. HIPOTÉSES..................................................................................... 4

4. OBJETIVOS..................................................................................... 5

4.1 GERAL........................................................................................ 5

4.2 ESPECÍFICO..............................................................................5

5. JUSITIFICATIVA............................................................................6

6. MARCO TEÓRICO..........................................................................6

7. CONOGRAMA..................................................................................11

8. REFERÊNCIAS.................................................................................12
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1. TEMA

Os impactos do ativismo judicial no estado democrático de direito.

2. PROBLEMA DE PESQUISA

Nos últimos dias o debate sobre decisões da suprema corte tem pairado o sistema
político-jurídico do nosso país, causando diversas discussões e entendimentos sobre o
referido protagonismo do poder judiciário. Diante disso, o presente trabalho visa
compreender e indagar as seguintes questões: em que medida o ativismo judicial vai
impactar na harmonia entre os poderes? O ativismo pode enfraquecer o papel do
judiciário, de “guardião das leis” e trazer insegurança jurídica ao país?

3. HIPÓTÉSES

 O princípio de imparcialidade do juiz, já demonstra a limitação da área de


atuação, que tem que ser de forma literal sem anseios pessoais, somente a luz
da norma, infligindo esse limite poderá causar revoltas sociais e pondo dúvidas
sobre o judiciário;

 Considera-se que o protagonismo da Suprema Corte em matérias que estão no


escopo do legislativo ou executivo, pode causar certa inflamação ao poder
constituinte que tem como representantes aqueles eleitos pelo voto;

 A primazia do Estado democrático de direito, se ergue a partir da existência do


controle popular e a representatividade da sociedade através do poder
legislativo e executivo;

 Essa desarmonia e disparidade em muitas interpretações, que vem interferindo


em uma atividade do outro poder acabam gerando uma incerteza jurídica e
fragilizando o próprio estado democrático de direito;
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 O entendimento sobre prisões em segunda instância já foi alterado pelo menos


quatro vezes, o que poderia ser algo definido em lei pelo parlamento, está
sendo alterado tempos em tempos causando incertezas;

 A sociedade tanto nacional como internacional é fundada e firmada em bases


econômicas, e a insegurança jurídica trás imprevisibilidade econômica e social;

 “Em todo governo, existem três poderes essenciais, cada um dos quais o
legislador prudente deve acomodar da maneira mais conveniente. Quando
estas três partes estão bem acomodadas, necessariamente o governo vai bem,
e é das diferenças entre estas partes que provêm as suas. Aristóteles, (1991, p.
113)”.

OBJETIVOS GERAIS

O presente trabalho tem como objetivo principal, investigar de modo crítico a luz da
legislação e casuísticas os possíveis impactos que o ativismo judicial desenfreado pode causa
no Estado democrático de direito, que prever com um dos principais princípios a harmonia e
independência entre os poderes.

“Constituição de 1988 – Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Evidenciar o princípio da harmonia entre os poderes, e descriminar as


funções de cada poder, a fim de esclarecer o funcionamento do Estado
democrático;
 Caracterizar o sistema jurídico brasileiro, para entendermos os limites de
atuação do judiciário no país;
 Identificar os impactos reais ponto a ponto do ativismo na democracia
brasileira;
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 Demonstrar que o uso do ativismo pode enfraquecer o próprio sistema


jurídico brasileiro, trazendo o princípio da segurança jurídica como um
dos mais afetados.

JUSTIFICATIVA

O encanto pela matéria Constitucional sempre foi notório desde o início na vida acadêmica no
direito, hoje em dia, além disso, me vem à fascinação pelo sistema de estado do nosso país e
uma curiosidade em sobre o reflexo de decisões da suprema corte, e as diversas violações de
limites das funções do poder judiciário que vem causando muitas críticas tanto no âmbito
jurídico como também no social. A palestra do exímio professor e magistrado Gleisson, sobre
a carreira jurídica que também demonstrou suas indignações e críticas perante aos limites do
poder judiciário, me fez reafirmar o compromisso de embarcar em um estudo com intuito de
alertar os possíveis impactos a nossa democracia se o ativismo judicial continuar perpetuando
além dos limites estabelecidos na constituição, ou seja, esse trabalho tem o intuito de
entender, promover discussões, possíveis soluções e alertas tanto para o âmbito acadêmico
como também para o cidadão comum, que é a parte afetada em toda a desarmonia dos
poderes.

MARCO TÉORICO

A ideia do princípio da separação dos poderes adveio do filósofo Platão, através do seu livro
“A República”, nesse livro não se tem a teoria completa, e sim o entendimento que fez gerar o
princípio, no livro há a exposição clara de que se devem dividir as funções do Estado, para
que não estivessem concentradas nas mãos de uma só pessoa sem os devidos princípios de
educação e de instrução.
Em sua filosofia política, Platão não formulou uma teoria sobre a divisão de
poderes. O tema não chegou a ser objeto de suas reflexões. Apontou, contudo, a
necessidade de divisão de funções na pólis para se chegar à cidade justa. Ressaltou
também os riscos da concentração do poder em uma única pessoa, que transformaria
o governo em uma tirania, na qual o exercício do poder fundamenta-se no medo e na
violência. (NASCIMENTO, 2017, p.25).
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Para Aristóteles (1991, p. 93) “o governo é o exercício do poder supremo do Estado”, tendo
todo governo três Poderes, sendo eles, executivo, legislativo e judiciário, que tem a missão de
desenvolver a harmonia a fim de criar um equilíbrio democrático, este princípio origina a
Teoria de Pesos e Contrapesos, desenvolvida pela soberania popular.

Em continuidade, John Locke (1632-1704) também já apontava a necessidade da divisão e da


não concentração das funções judicativas, com base nas leis da natureza, e de executar os seus
próprios julgados. (NASCIMENTO, 2017, p. 62).

Não convém que as mesmas pessoas que detêm o poder de legislar tenham também
em suas mãos o poder de executar as leis, pois elas poderiam se isentar da
obediência às leis que fizeram, e adequar a lei à sua vontade. (LOCKE, 2003, p. 75).

Também segundo o pensamento de Montesquieu, no sistema democrático, os poderes de


Estado: Legislativo, Executivo e Judiciário, possui as seguintes funções, o Poder Legislativo
possui a função típica de legislar e fiscalizar; o Executivo, de administrar a coisa pública; já o
Judiciário, julgar, aplicando a lei a um caso concreto que lhe é posto, resultante de um conflito
de interesses. Por esse sistema deter de três funções bastante poderosas para a governabilidade
do Estado, é muito perigoso apenas um poder se sobressair ou também uma só pessoa
dominar a função dos três poderes, com isso aplica-se em complemento o sistema de freios e
contrapesos para haver equilíbrio e harmonia. Por exemplo, “o Judiciário, ao declarar a
inconstitucionalidade de uma lei é um freio ao ato Legislativo que poderia conter uma fissura
e arbitrariedade, ao ponto que o contrapeso é que todos os poderes possuem funções distintas
fazendo, assim, com que não haja uma hierarquia entre eles, tornando-os poderes harmônicos
e independentes”.

Nessa senda, importante notar que o principio da separação dos poderes, esteve presente em
todas as constituições brasileiras, principalmente na Constituição de 88, promulgada em 5 de
outubro de 1988, em que o texto constitucional vigente trouxe, assim como outras
Constituições, o princípio da separação dos poderes de forma expressa, ao dispor, em seu art.
2º, que “são poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o legislativo, o executivo
e o judiciário”.
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A constatação da inconveniência da concentração do poder uno do Estado em um único


órgão, demonstra que há uma necessidade de divisão no exercício das funções primordiais do
Estado (ROBISON, 1987), pois se uma única pessoa for detentora de todo o poder, não
existirá a equidade, imparcialidade e equilíbrio.

O ministro Gilmar Mendes (2013) destaca que a Constituição de 1988, estruturou o Judiciário
de dotada de total autonomia institucional, ou seja, detém de total autonomia administrativa e
financeira.

Artigo 99. Ao Poder Judiciário é assegurada a autonomia administrativa e


financeira.

§1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites


estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes
orçamentárias. (Constituição Federal, 1988).

A independência do judiciário notavelmente é essencial para não haver interferências por


parte dos outros poderes, principalmente uma intervenção política nas decisões supremas.
Todavia essa tal liberdade do judiciário não poderá extrapolar as próprias linhas
constitucionais interferindo tanto na liberdade dos outros poderes como na vida direta do
poder constituinte, “o povo”, até porque acaba gerando uma fragilização nas instituições
respeitadas, pois qualquer tomada de decisões pode gerar certa fragilidade e questionamento,
tendo em vista que o terceiro poder não foi escolhido diretamente pela população.

Dessa forma, o papel do judiciário deve se limitar a própria aplicação e interpretação das leis,
em que tem de estar presa ao histórico institucional do ordenamento, ou seja, o legislador
cuidar do futuro o executivo do presente, ao judiciário compete à guarda do passado, isto é,
não cria novas regras, mas aplica os institutos já estabelecidos nas normas. Apenas na
ausência de regra, poderá concretizar e interpretar através dos princípios constitucionais, até
que venha eventual legislação a respeito.

Segundo o Ministro da Suprema Corte Americana, Antonin Scalia:

A vontade do poder constituinte, somente será reconhecida através da palavra


escrita, que ela adotou em códigos, estatutos, regimentos ou na Constituição, através
de seus representantes no Legislativo. O regime democrático só será mantido se o
trabalho do juiz é dar à lei uma justa interpretação, ser fiel ao que o povo escolheu, e
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não ao que o magistrado pensa ser a “melhor ideia” para um caso específico, esse
não é o papel do juiz. (Scalia 2011)

Entendemos que a função do juiz e do poder judiciário, está estritamente ligado ao legado e
entendimento das leis já estabelecidas pela constituição, ultrapassar esse entendimento é
descumprir o princípio da harmonia entre os poderes e instaurar a instabilidade democrática
no país. O ativismo é gerado através da má interpretação e não andamento da suprema corte
dentro das linhas constitucionais, mesmo que de certa forma a liberdade ativa do juiz, é
estabelecer novas regras para resguardar novos direitos e princípios, porem é muito perigosa
em longo prazo, a partir disso pode gerar precedentes que causarão desprezo pela própria
justiça do país.

Nesse diapasão, Lênio Streck pondera que as convicções pessoais dos magistrados não podem
interferir em suas decisões jurídicas:

É direito de todo o cidadão brasileiro de obter uma resposta adequada à


Constituição, que não é a única e nem a melhor, mas simplesmente trata-se
da resposta adequada à Constituição. Nota-se que o juiz tem convicções
pessoais, porém não significa que a decisão possa refletir esse pensamento
ou ideologia. A fundamentação de um juiz em todas a suas sentenças e
decisões deverá ser pautada em uma fundamentação que demonstre
argumentos de princípios a luz da norma jurídica suprema, e não de política,
moral ou convicções pessoais. Haverá coerência se os mesmos princípios
que foram aplicados nas decisões o forem para os casos idênticos. Aí sim
estará assegurada a integridade do Direito. (Strek 2009)

Dessa forma, devemos entender que os princípios constitucionais e o próprio direito não são
estabelecidos originalmente pelo poder judiciário, conforme diz o André Urliano, autor do
livro contra o ativismo judicial:

Num cenário de livre discricionariedade dos julgadores, há um arcabouço


institucional com algumas características a serem seguidas na interpretação das
normas, ou uma decisão por analogia:
a) Adoção do regime democrático, em ampla medida de caráter representativo;
b) A submissão ao Estado de Direito limitado por uma Constituição escrita, rígida e
suprema;
c) A separação orgânica e funcional de poderes. (Urliano 2022, pág. 28)

Para CANOTILHO e MOREIRA, 1991 (pág. 45): “A principal manifestação da preeminência


normativa da Constituição consiste em que toda a ordem jurídica deve ser lida à luz dela e
passada pelo seu crivo”.
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A Constituição tornou-se não apenas parâmetro, formal e material, para controle de


constitucionalidade, mas também vetor interpretativo para todo o sistema jurídico.

É possível notar uma disparidade interpretativa de normas dentro do próprio Supremo


Tribunal Federal, pois em recentes casos emblemáticos foram declarados votos opostos na
intepretação do mesmo dispositivo constitucional, isso acarreta insegurança jurídica e
profunda instabilidade do sistema, sendo imprescindível repensar esse modelo. Nesse sentido:

(...) é indispensável que juízes e tribunais adotem certo rigor dogmático e assumam
o ônus argumentativo da aplicação de regras que contenham conceitos jurídicos
indeterminados ou princípios de conteúdo fluido. O uso abusivo da
discricionariedade judicial na solução de casos difíceis pode ser extremamente
problemático para a tutela de valores como segurança e justiça, além de podem
comprometerem a legitimidade democrática da função judicial. Princípios como
dignidade da pessoa humana, razoabilidade e solidariedade não são cheques em
branco para o exercício de escolhas pessoais e idiossincráticas. Os parâmetros da
atuação judicial, mesmo quando colhidos fora do sistema estritamente normativo,
devem corresponder ao sentimento social e estar sujeitos a um controle
intersubjetivo de racionalidade e legitimidade. (BARROSO, 2017 pág. 434)

Diante de tudo abordado sobre harmonia, sistema jurídico, estado democrático e ativismo
judiciário, as críticas apontadas ao ativismo judicial evidenciam uma crise institucional entre
os poderes da República, uma vez que os limites constitucionalmente impostos não têm sido
respeitados, mormente pelo Poder Judiciário, causando fragilidade no ESTADO e na
DEMOCRÁCIA. Ademais, é possível demonstrar efeitos no processo de desenvolvimento
econômico do país em decorrência do crescimento do ativismo judicial, pela falta de
segurança jurídica e imprevisibilidade das decisões, causando incertezas por parte da
sociedade brasileira.

METODOLOGIA

O presente trabalho teve como metodologia adotada uma série de revisões bibliográficas,
sendo esta uma pesquisa seletiva e analítica; onde a coleta de dados foi feita por meio de
fontes diversas tais como: leis, doutrinas, e artigos disponíveis em revistas e meios
eletrônicos.
Diante disso, de acordo com as características apresentadas, devemos classifica-los como
qualitativa.
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CRONOGRAMA

A Referida planilha abaixo norteará as etapas do estudo, contudo, ressalta-se é uma


organização flexível de acordo com as demandas avaliativas do semestre.

Ações/Etapas Data
Definição do Tema 19.09.2022
Busca de Bibliografia 24.09.2022
Entrega da Primeira ETAPA 25.09.2022
Busca de Citações 30.09 á 20.10.2022
Entrega da Segunda Etapa 29.10.2022
Entrega da Ultima Etapa 36.11.2022
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REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco: Poética - Tradução de Leonel Vallandro e Gerd


Bornheim da versão inglesa de W. D. Ross. São Pauto: 1991. 375 p.

BARROSO, Luís Roberto. Judicialização, Ativismo Judicial e Legitimidade


Democrática. (Syn)thesis, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, 2012.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 5 out. 1988.

BARBOSA, Diego Cury-Rad. Ativismo judicial X estado democrático de direito. Revista


científica multidisciplinar núcleo do conhecimento. Ano 06, Ed. 05, Vol. 02, pp. 174-184.

CANOTILHO e MOREIRA. Fundamentos da Constituição. Coimbra Ed,1991. 310 p.

SADE, Rodrigo Gean. A separação de poderes e o sistema de freios de contrapesos e a


atuação do poder judiciário no Brasil. 2021. 54 f. Dissertação (Graduação em Ciência
Política) - Universidade de Brasília Instituto de Ciência Política, Brasília, 2021.

STREK, Lênio. Ativismo judicial não é bom para a democracia. Revista Consultor Jurídico,
Web, p. 1-7, 15 mar. 2009. Disponível em: https://www.conjur.com.br/. Acesso em: 24 set.
2022.

STREK, Lênio. O Executivo não pode interferir no Judiciário: Entrevista exclusiva: Antonin
Scalia, Ministro da Suprema Corte Americana. Justiça e Cidadania, Web, p. 1-1, 16 fev.
2016. Disponível em: https://www.editorajc.com.br/o-executivo-nao-pode-interferir-no-
judiciario-2/. Acesso em: 24 set. 2022.

URLIANO, André Borges. Contra o ativismo judicial: Mecanismos institucionais de


prevenção e correção de decisões ativistas. 1. ed. rev. Londrina/PR: Editora Thoth, 2022. 634
p. v. 1.

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