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Uso da Lei de Segurança arquivamento do caso, que tramita na Justiça Federal do DF.
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(militar), houve a prática de atos positivos e negativos, e apenas Régua
estes últimos merecem glosa (supressão). Não me pronuncio ainda
sobre o fundo da questão”, disse Marco Aurélio ao Estadão. Segundo interlocutores de Bolsonaro, é importante que o Supremo
se manifeste sobre a validade da Lei de Segurança Nacional e
Fóssil normativo garanta segurança jurídica. Aliados do presidente, no entanto,
destacam que o tribunal deve criar “uma régua”, que valha não
Em uma transmissão ao vivo pelas redes sociais, no dia 20 de apenas para o uso que o governo faz da LSN, mas que sirva para o
março, Lewandowski afirmou que o tribunal tem um “encontro próprio STF. Na avaliação do governo, não há uso excessivo da
marcado” com o tema. “O Supremo precisa dizer se esse fóssil legislação.
normativo é ainda compatível, não só com a letra da Constituição
de 1988, mas com o espírito da mesma”, argumentou O número de procedimentos abertos pela Polícia Federal para
Lewandowski. apurar supostos delitos contra a segurança nacional, no entanto,
aumentou 285% nos dois primeiros anos do governo
Em maio de 2016, o plenário do Supremo anulou a condenação de Bolsonaro, quando se compara o mesmo período das gestões
um homem que havia sido enquadrado na Lei de Segurança Dilma Rousseff e Michel Temer, conforme informou o Estadão.
Nacional por ter sido preso com duas granadas de uso exclusivo do Entre 2015 e 2016 houve um total de 20 inquéritos. Na primeira
Exército. Por unanimidade, o STF entendeu que o crime não tinha metade da administração Bolsonaro, o número saltou para 77
motivação política – a intenção do réu seria roubar um banco. investigações.
“Já passou da hora de nós superarmos a Lei de Segurança “Uma lei de segurança nacional pretende proteger as instituições,
Nacional, que é de 1983, do tempo da Guerra Fria, que tem um e não as pessoas investidas nos cargos públicos. O que afronta a
conjunto de preceitos inclusive incompatíveis com a ordem segurança nacional não é ofender o presidente da República ou o
democrática brasileira”, disse Barroso na ocasião. “Há no ministro do STF ou um deputado federal. O que atenta é se
Congresso, apresentada de longa data, uma nova lei, a Lei de manifestar de forma hostil à própria instituição”, disse o advogado
Defesa do Estado Democrático e das Instituições, que a substitui Fábio Tofic, mestre em Direito Penal pela USP e vice-presidente do
de maneira apropriada. Portanto (digo isso), apenas para não Instituto Brasileiro de Ciências Criminais.
parecer que estamos cogitando aplicar a Lei de Segurança
Nacional num mundo que já não comporta mais parte da filosofia Para Tofic, o governo Bolsonaro tem usado contra opositores um
abrigada nessa lei, que era do tempo da Guerra Fria e de um certo dispositivo da lei que viola a Constituição – o artigo 26, que prevê
tratamento da oposição como adversários”, completou o pena de até quatro anos de prisão para quem “caluniar ou
magistrado. difamar” o presidente da República.
Em diferentes casos, porém, a Lei de Segurança Nacional já foi “O governo não se incomoda com aqueles que atacam as
utilizada não só pelo governo Bolsonaro, mas pelo próprio STF. A instituições, mas se incomoda quando a pessoa do presidente da
legislação serviu, por exemplo, para fundamentar a prisão do República é ofendida. É uma interpretação ainda do régime
deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ), após o parlamentar autoritário, uma leitura tirânica, que pede para banir ofensas
gravar um vídeo com ameaças e insultos a ministros do STF e contra o presidente, mas não contra quem prega contra o Supremo
fazer apologia ao Ato Institucional número 5 (AI-5), o instrumento e o Congresso e louva o golpe de 1964”, afirmou o advogado.
mais duro de repressão do governo militar. Silveira foi preso no
Procurados pelo Estadão, o Palácio do Planalto, a AGU e o
âmbito do inquérito das ameaças, ofensas e fake news contra
Ministério da Justiça não se manifestaram.
integrantes da Corte.