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Faculdade Maurício de Nassau

Curso de Graduação em Direito


Professor: Fabiano Petrovich

PORTUGUÊS JURÍDICO

CONSTRUÇÃO DE UM TEXTO DISSERTATIVO


ARGUMENTATIVO SOBRE “PRISÃO EM 2° INSTÂNCIA”.

Geovane Soares da Costa Junior


1° Período – Noturno
Natal, 2020
PRISÃO EM 2° INSTÂNCIA, CONSTITUCIONAL, INCONSTITUCIONAL OU
INTERESSE POLÍTICO?

Prisão em segunda instância, é constitucional ou inconstitucional? É um


debate que se popularizou de forma super abrangente nos últimos anos. Um
dos motivos para que houvesse essa popularização, foi o caso que envolveu o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2017, o ex-presidente foi
condenado a nove anos e meio de reclusão por corrupção passiva e lavagem
de dinheiro pelo juiz Sérgio Moro, em primeiro grau de jurisdição. Após tal
condenação, a defesa do ex-presidente recorreu à segunda instância do
Judiciário, no Tribunal Regional Federal 4, em Porto Alegre/RS. Os
desembargadores negaram o pedido de recurso da defesa e, inclusive,
aumentaram a pena para 12 anos de reclusão. Por causa dessa decisão e da
negação do seu pedido de habeas corpus no STF, Lula foi condenado à prisão
e se entregou à Polícia Federal no dia 07 de Abril de 2018.
Após a prisão do ex-presidente, debates se espalharam pelo país inteiro,
pois haviam pessoas que afirmavam que a prisão só poderia ser feita após a
última instância, ou seja, após esgotar-se todas as chances de recursos, mas
por que só agora, após o caso do ex-presidente Lula vir à tona, as pessoas
começaram a discordar das decisões passadas sobre o assunto? Seriam
interferências políticas? Seria porque tem alguém influente envolvido? Ou seria
porque o nosso país é refém de um sistema podre onde quem manda são
exatamente quem deveria dar exemplo? Impossível responder, ou pelo menos,
é muito difícil responder essas questões, justamente pelo histórico de
indecisões do próprio STF sobre o que é certo ou errado, nesta ocasião.
Em 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o réu só podia
ser preso após o trânsito em julgado, ou seja, quando esgotar-se todos os
recursos, o réu poderia ter no máximo prisão preventiva decretada contra si.
Em fevereiro de 2016, o mesmo STF decidiu que um réu condenado em
segunda instância já pode começar a cumprir a sua pena, ou seja, pode parar
na cadeia mesmo enquanto recorre aos tribunais superiores. Naquele
momento, a regra foi aplicada ao caso de um réu específico, no mesmo ano o
STF reafirmou a sua decisão, que passou a ter validade para todos os casos
no Brasil.

Em 2019, a constitucionalidade da condenação em segunda instância voltou


ao Supremo Tribunal Federal para novo julgamento. Apesar de a questão ser,
em grande medida, um dos pilares da Operação Lava Jato – a operação tem
cerca de 100 condenados em segunda instância – o ministro Dias Toffoli
afirmou que “o julgamento não se refere a nenhuma situação particular”. Assim,
de outubro a novembro de 2019, o Supremo analisou três Ações Declaratórios
de Constitucionalidade – ou seja, ações que colocam à prova a própria lei –
capazes de discutir o alcance da norma constitucional de presunção de
inocência, considerado uma Cláusula Pétrea – que seria o principal argumento
contra a condenação em segunda instância. 
Uns falam que fere o princípio da presunção de inocência, que diz “ninguém
será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”, outros consideram que o recurso a instâncias superiores se
tornou uma forma de protelar ao máximo a decisão final. É para evitar esse
quadro que a prisão logo após a segunda instância seria mais justa etc.
Diante de todo esse debate, ao meu ver, nada disse refere-se a questões
propriamente jurídicas, são situações e opiniões muito mais ligadas a jogadas
políticas. Infelizmente, o nosso Poder Judiciário ainda é muito interferido por
políticos, a influência de poderosos políticos no Poder Judiciário ainda é
ABSURDAMENTE REAL, começando por criações de várias leis que no fundo
acabam beneficiando muito mais a categoria deles do que a sociedade em
geral. O caso do ex-presidente que citei no início do texto é um grande
exemplo, faziam anos que a lei era cumprida de outra forma, bastou chegar em
alguém de “PODER” para que o famoso “jeitinho brasileiro” fosse
desencadeado. Respeito os argumentos de quem defende, ao modo que
respeito também aos que se contrapõem, o que não respeito e não concordo é
a fragilidade e a falta de clareza que o nosso código penal tem, por que para
uma pessoa “comum” essa forma de interpretar a lei funcionava de um jeito, e
após envolver um ex-presidente, ela se tornou inconstitucional? Fica claro que
nem todos os casos são tratados de forma igualitária como pede a lei, não é?
Sendo assim, finalizo o meu texto, pedindo para que você, leitor, reflita sobre
que país você quer ter daqui a alguns anos, um país justo ou um país onde só
caminha para os interesses dos que o administra? A justiça foi feita para ser
tratada de forma igualitária para todos, independentemente do cargo, cor, sexo,
grau social ou gênero. Que tenhamos forças para lutar por um país mais justo e
que a lei um dia seja igual para todos. Finalizo o meu texto com uma última
pergunta, se o ex-presidente Lula, não estivesse se envolvido neste caso que
expus, qual seria a atual situação relacionada à prisão após segunda
instância? Prisão? Ou resposta em liberdade até que todos os recursos se
esgotem? Acho que estaria tudo como era.

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