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2020
A imagem, o mito é uma coisa e o homem é
outra. É muito difícil viver no dia-a-dia essa
imagem, esse mito.
Elvis Presley
Introdução
Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e
sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o Universo conspira
a seu favor.
(Johann Goethe [1749-1832] autor e estadista alemão)
Mito ou Bolsomito.
É assim que as centenas de milhares de seguidores
do capitão da Reserva, deputado federal e agora, presidente
da República, Jair Messias Bolsonaro, o reverenciam nas
redes sociais, em frente ao Palácio da Alvorada, onde o
esperam todos os dias, dezenas de fãs e em suas viagens
pelo país, onde sempre foi recebido como um verdadeiro
pop star.
E Bolsonaro, que disse ser “messias” apenas no
nome, como para tirar esta carga de responsabilidade que
seus admiradores depositam em suas costas, gosta, com
certeza, de todo esse carinho vindo daqueles que o
carregam nos ombros, querendo sempre uma selfie com ele
ou apenas tocá-lo, em suas aparições em aeroportos e
praças, como se ele fosse um semideus, um super-homem
que veio para resolver os grandes problemas do país, entre
os quais a corrupção, depois de décadas em que imperou a
roubalheira de políticos e partidos, especialmente, nos
últimos anos, sob o comando de governos petistas, tendo
sido o Brasil visto aqui e lá fora como uma cleptocracia –
Estado governado por bandidos.
A grande maioria da militância virtual de Bolsonaro -
os chamados pejorativamente de “bolsominions” -, sempre
foi muito barulhenta, não admitindo qualquer dúvida, por
menor que seja, ou discordância quanto à fala de Jair
Bolsonaro ou da convicção que têm de que a luta contra a
corrupção no Brasil só terá solução com ele no poder.
Isto - colocar a solução de todos os problemas do
Brasil nas mãos de uma única pessoa -, não parece ser
coisa razoável, mas é uma carência provocada pelo
descaso que os próprios políticos e governantes tiveram
para com a sociedade, preocupando-se, a maioria, durante
décadas e décadas, apenas em roubar o erário e se
enriquecerem.
Para se ter ideia da força deste contingente de apoio,
Jair Bolsonaro, em sua página oficial no Facebook tem mais
de 11,2 milhões de seguidores, o que representa cerca de
7% do eleitorado brasileiro, que não é pouca coisa.
E centenas de outras páginas e grupos avolumam
outros milhões de seguidores, não sendo difícil encontrar
grupos com 150, 300, 400 mil membros, e também tem
página com mais de 2 milhões de fiéis seguidores do
capitão.
Durante a campanha eleitoral, a loja “Camisetas
Bolsonaro Presidente” – como exemplo, porque tiveram
outras - produziu enorme quantidade de camisetas
masculinas, femininas e infantis com frases que refletem
bem a personalidade dos bolsominions, como: Canalhas
1000X, Hora de Militar, É Melhor Jair se Acostumando,
Finalmente encontrei uma namorada Direita, Orgulho de ser
Hetero, Caçador de Comunista, Viva Ustra, Procurando um
País Socialista que deu certo, Sou Feminista e apoio
Bolsonaro. Tem até camiseta feminina sendo vendida com a
frase “Quer ser o pai dos meus bolsominions?” E outra com
frase dirigida às mulheres e vestida por bolsominions
machos.
Mas era bom não criticar qualquer destas frases da
coletânea poética bolsonariana, porque você seria
impiedosamente massacrado, por algum seguidor de
plantão, que tem zero de tolerância para os que se
indispõem ou tenham pensamento divergente em relação a
qualquer assunto.
O nome mais educado que leria é F.D.P. E mais:
“comunista de merda”, “seu safado” e outros ataques
verbais do gênero. Aliás, é bom também não ficar usando a
palavra “gênero”, porque logo vão te chamar de
esquerdopata, que quer transformar “nossos filhos” em
gays.
Durante a campanha eleitoral, o “bolsominion” padrão
adorava compartilhar uma postagem de uma página, de um
rotulado esquerdista, falando mal do ‘mito’ e chamar outros
bolsominions para “oprimir”, geralmente, só indicando acima
“Vamos oprimir” ou até com mais sutileza “Já sabem, né?” e
esperava que o grupo desaguasse seu xingamento, o que
ocorria de pronto, sem que a maioria das pessoas tivessem
tido sequer o trabalho de acessar a postagem.
Aliás, a preguiça de ler é algo generalizado no Brasil e
não é – sejamos justos -, coisa apenas de direita e precisa
entrar no radar do Ministério da Educação, porque é um dos
pecados capitais da educação brasileira.
Mas o deputado Jair Bolsonaro, que sempre gostou de
todo este movimento em torno dele e de polêmicas, parecia
saber que iria precisar muito de seus bolsominions para
fazer frente ao poder de outras candidaturas, já que,
concorrendo por um partido nanico, que fechou 2017 com
apenas um deputado federal, com muito pouco dinheiro, não
poderia ter uma campanha de peso nas ruas. Além disso,
seu tempo de propaganda eleitoral gratuita, no primeiro
tempo, seria de apenas 8 segundos por aparição.
Soma-se a isto, o trauma que foi o ataque à faca
sofrido por Jair Bolsonaro, em Juiz de Fora (MG), no dia 6
de setembro de 2018, que quase o levou a óbito, tendo sido
submetido a duas cirurgias e passado toda a campanha
eleitoral hospitalizado ou em home care (cuidados em casa
com profissionais de saúde), além da necessidade de uma
terceira cirurgia para fechamento da colostomia
(exteriorização do intestino para saída das fezes) agendada
para depois de sua posse em 1.º de janeiro de 2019.
Então, nós fomos buscar a origem de todo este
movimento em torno do capitão deputado e agora
presidente, Jair Messias Bolsonaro, e o que ele fez em sua
vida para criar esta aura de garra, que transfere aos seus
“soldados”, já que muitos de seus seguidores se consideram
verdadeiros soldados a seu serviço.
Não me falem mal pelo capítulo, pois não foi escrito
para diminuir e sim para demonstrar a força que foi a
participação de cada apoiador de Jair Bolsonaro em sua
difícil caminhada para o Palácio do Planalto.
Sem essa turma de brio e de muita disposição para
passar horas e horas na frente da telinha para trabalhar a
candidatura de Bolsonaro, seria difícil para ele conseguir
chegar onde chegou.
Todos estão de parabéns, mas é preciso dizer: todos
têm que ajudar a manter o foco e não afrouxar na cobrança
das promessas de campanha. Não dá, agora, deixar que
volte o “toma-lá-dá-cá” e afrouxar o combate à corrupção.
O Cidadão Jair Messias Bolsonaro
Em política, tal como na moral, é um grande mal não fazer bem, e
todo cidadão inútil deve ser considerado um homem pernicioso.
(Jean-Jacques Rousseau [1712-1778] filósofo e escritor sueco)
O primeiro casamento
Já no Exército, aos 23 anos, e residindo em Resende
(RJ), Jair Bolsonaro casou com Rogéria Nantes Braga
[Bolsonaro], natural de Magé (RJ).
Jair Bolsonaro, Rogéria e os filhos Flávio, Eduardo e Carlos.
Arquivo pessoal.
Ponto Final.
Ana Cristina trabalhou entre 1999 e 2001, como
secretária da Presidência do Instituto Nacional de
Propriedade Industrial (INPI), no Rio de Janeiro. Entre os
anos de 2002 e 2008, ela foi chefe de Gabinete Parlamentar
dos filhos de Jair Bolsonaro, na Câmara de Vereadores
(Carlos) e na Assembleia Legislativa (Flávio) do Rio de
Janeiro.
O filho, Jair Renan Valle Bolsonaro estudava Direito
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) antes de
mudar para Brasília, em início de 2019, mas trancou a
faculdade de Direito para estudar Tecnologia da Informação
em Brasília. “Mudei para investir nessa área de games
e streaming, quero me especializar nisso”, disse Renan à
Jovem Pan. Ele também deve se preparar para ingressar na
carreira política seguindo os passos dos irmãos mais velhos.
O nome Jair Renan, de acordo com sua mãe, foi uma
imposição de Jair Bolsonaro, já que ela queria apenas
Renan. Ana Cristina chegou a ir ao Cartório fazer o registro,
enquanto Bolsonaro estava em Brasília e sem acrescentar o
sobrenome Bolsonaro, omitindo assim o nome do pai na
certidão de nascimento. Então o capitão, segundo ela,
“voltou e modificou”. O feito foi o reconhecimento de
paternidade, omitida no primeiro registro.
Em uma entrevista no ano 2000 à revista Isto É Gente,
o deputado Jair Bolsonaro falou que o aborto “tem de ser
uma decisão do casal”. E aproveitou para confessar que
chegou a cogitar com Ana Cristina o aborto, quando esta
engravidou. “Passei para a companheira. E a decisão dela
foi manter”, disse.
O fim do casamento e alguns entreveros
Em 2007, Jair Bolsonaro e Ana Cristina entraram na
fase de esgotamento do relacionamento. Ele alegou que os
entreveros com a companheira começaram quando ela
comprou um apartamento em um hotel em construção na
Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, sem tê-lo
consultado. Para ela, isso era dispensável, pois o dinheiro
era de conta conjunta mantida com o marido.
Bolsonaro então propôs a Ana Cristina a separação e
divisão dos bens, com base no que ele havia declarado ao
Tribunal Superior Eleitoral na inscrição de candidatura para
a campanha eleitoral de 2006, ou seja, R$ 433.934,00.
Ana Cristina Valle Siqueira Mendes – arquivo pessoal
No dia 24 de outubro de
1987, a revista Veja começava a
circular, ainda entre assinantes,
com uma matéria da repórter
Cássia Maria Rodrigues intitulada
“Pôr bombas nos quartéis, um
plano da Esao”, em que ela
afirmava ter tomado conhecimento
de que um grupo de oficiais da
Escola de Aperfeiçoamento de
Oficiais (EsAO) explodiria bombas
– um plano chamado de “Beco sem Saída” -, em diversas
Unidades da Vila Militar, no Rio de Janeiro, caso o aumento
salarial dos militares fosse inferior a 60%.
Segundo a repórter, a revelação deste plano teria sido
feita pelo capitão Jair Bolsonaro e por outro oficial a quem
ela chamou pelo codinome “Xerife”, mas que depois se ficou
sabendo tratar-se do capitão Fábio Passos da Silva,
conhecido pelos companheiros como xerife, por ser o mais
velho do grupo e por agir também como uma espécie de
conselheiro.
É uma história confusa e, de certa forma, um tanto
nebulosa e até mesmo o ministro do Exército, general
Leônidas Pires Gonçalves, que supostamente teria sido
atacado pelo capitão Jair Bolsonaro, disse à imprensa, dois
dias depois de Veja divulgar o fato, que não acreditava
nessa história de bombas e acusou a revista de fraudar os
fatos para criar a reportagem.
- Os dois oficiais envolvidos negaram,
peremptoriamente, de maneira mais veemente, por escrito,
do próprio punho, qualquer veracidade daquela informação.
Quando alguém desmente – peremptoriamente -, e é um
membro da minha instituição e assina embaixo, em quem
vou acreditar? Nesse que é componente da minha
instituição – eu sei quem é minha gente, concluiu o ministro
do Exército, dando a discussão com a imprensa por
encerrado.
Interessante neste episódio envolvendo o capitão
Bolsonaro é que, apesar de Veja continuar mantendo acesa
a discussão sobre a história das bombas, demitiu a repórter
Cássia Maria, que a partir de 11 de janeiro de 1988 passaria
a integrar a Sucursal de Brasília, do Jornal do Brasil que
pegou carona no que a revista continuava a publicar,
tentando tornar verídica uma pseudofraude, de acordo com
acusação do ministro do Exército.
Mas é importante conhecer o que a Veja publicou na
referida reportagem para entender melhor porque, afinal de
contas, os capitães Jair Messias Bolsonaro e Fábio Passos
da Silva, depois de submetidos a longo e desgastante
processo disciplinar, foram absolvidos, por maioria de votos,
pelos ministros do Superior Tribunal Militar (STM), em
julgamento ocorrido em 1988.
Eis o relato inicial da repórter Cássia Maria Rodrigues:
- Fui recebida no apartamento 101 do prédio n.º 865
da Avenida Duque de Caxias, por Lígia, mulher do capitão
que se identificou apenas como ‘Xerife’. Ele chegou poucos
minutos depois, perto das 5 horas da tarde, contou que sua
participação no grupo de oficiais da EsAO que lidera o
movimento por aumento estava sendo investigada pelo
serviço de informações do Exército e que logo eu teria
novidades sobre o assunto.
Apenas por este primeiro parágrafo já dá para
perceber que a construção da reportagem parece ter sido
algo feito sem os cuidados profissionais mínimos. A repórter
diz que foi recebida em um determinado apartamento da
Vila Militar por uma mulher que ela somente sabia o primeiro
nome e por um militar que ela conhecia apenas pelo
apelido.
Depois entra em cena o capitão Jair Bolsonaro.
- Pouco mais tarde, chegou o capitão Jair Messias
Bolsonaro que, em setembro do ano passado, assinou um
artigo protestando contra os baixos salários dos militares em
Veja. Na ocasião, ele acabou preso por 15 dias e houve
uma onda de protestos de mulheres de oficiais contra sua
punição.
“São uns canalhas”, teria afirmado Bolsonaro, ao
comentar a prisão havida naquele dia do capitão Sadon
Pereira Filho. “Terminaram as aulas de hoje mais cedo para
que a maioria dos alunos estivesse fora da escola na hora
de prenderem nosso companheiro”.
Em seguida, Bolsonaro contou, segundo a revista, que
os alunos da EsAO, onde estudavam 350 capitães,
planejavam ficar nos quartéis durante os dois dias da prisão
do capitão Sadon, em protesto.
Atente que no caso de Bolsonaro, a repórter justificou
conhecê-lo pelo nome completo, porque o mesmo havia
assinado, pouco mais de um ano antes, um artigo na revista
Veja e já entra - com uma fala atribuída ao capitão Jair
Bolsonaro -, em flagrante tentativa de indispô-lo contra o
comando da EsAO, pois, com certeza, se, de fato, houve
esta fala “São uns canalhas”, o capitão Jair Bolsonaro não
iria querer que fosse reproduzida, mesmo porque, a própria
revista afirmava que a conversa era em caráter sigiloso.
Continua a reportagem de Veja:
- Nesse momento, a campainha tocou novamente. Fui
levada para um dos quartos, por Lígia, para que não visse o
oficial que acabava de chegar. Nos poucos minutos que
ficamos ali, Lígia revelou-me alguns detalhes da Operação
Beco sem Saída. O plano consistia num protesto à bomba
contra o índice de aumento para os militares que o governo
anunciaria nos próximos dias. Caso o reajuste ficasse
abaixo de 60%,9 algumas bombas seriam detonadas nos
banheiros da Esao, sempre com a preocupação de que não
houvesse feridos.
10
O Conselho de Justificação, formado por três oficiais escolhidos
aleatoriamente, é um tribunal de honra, em que o militar é julgado por
seus pares “por motivo de ordem exclusivamente moral”. O Conselho tem
por função “julgar, através de processo especial, a capacidade ou não do
oficial das Forças Armadas, militar de carreira, para permanecer no
serviço ativo, criando-lhe, ao mesmo tempo, condições para justificar-se".
De acordo com a Lei n.º 5.836, de 5 de dezembro de 1972 (ainda em
vigor), o oficial pode ser submetido ao Conselho de Justificação a pedido
próprio ou ex-offício (no caso dos capitães Bolsonaro e Fábio) e suas
deliberações devem ser remetidas ao ministro Militar. Após análise do
processo, o ministro pode optar pelo seu arquivamento, se considerar que
a justificação procede (aceita a justificativa do justificante), aplicar sanção
disciplinar, caso considere contravenção ou transgressão disciplinar a
razão pela qual o justificante foi julgado culpado ou transferi-lo para a
Reserva, se o oficial for considerado não habilitado para promoção em
caráter definitivo. Neste caso, o justificante vai a julgamento no Superior
Tribunal Militar (STM) e, se for considerado indigno do oficialato, perde o
posto e a patente, ou então terá sua reforma determinada pelo Tribunal.
investigar as denúncias apresentadas pela revista que, de
acordo com a Lei n.º 5.836, artigo 2.º, inciso I,
Art. 2º É submetido a Conselho de Justificação, a pedido ou
"ex-offício" o oficial das forças armadas:
I - acusado oficialmente ou por qualquer meio lícito de
comunicação social...
13
Rogério de Amorim Gonçalves é um brilhante militar do Exército,
estando na Reserva Remunerada com a patente de coronel. Ele é
Graduado em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas
Negras (1985); Mestrado em Curso de Altos Estudos Militares pela Escola
de Comando e Estado-Maior do Exército (2005); Especialista em História
Militar em 2011 pela UNIRIO-RJ e Especialista em Política, Estratégia na
Alta Administração do Exército - ECEME – 2011. Atua na Escola de
Comando e Estado-Maior do Exército (Rio de Janeiro), na Tutoria de
História e Geografia na Divisão de Preparação e Seleção.
De acordo com relatos do sargento Aldair César
Crespo, o tenente-coronel Braz lhe aplicou uma tremenda
reprimenda, enfatizando “para que ele nunca mais
distribuísse papéis na fila, pena de ser preso e processado,
pois aquilo era uma atividade completamente ilícita”.
E Bolsonaro não ficou calado diante disso:
- Não é certo que militares se comportem dessa forma.
É uma baixaria! Trata-se de abuso de autoridade e crime
eleitoral que impede o exercício democrático num ano de
eleições. A legislação eleitoral proíbe apenas carro de som
a menos de 500 metros dos quartéis, não folhetos
impressos.
Mas Bolsonaro não ficou somente nessa reclamação,
que foi difundida pela imprensa. No dia 7 de agosto, ele
compareceu ao Comando Militar do Leste (Palácio Duque
de Caxias) para pedir a instauração de um Inquérito Policial
Militar (IPM) para apurar os fatos, que ele considerava
criminosos.
Mas, apesar dos percalços, Bolsonaro tinha uma
missão a cumprir: lutar pela melhoria salarial dos militares.
Assim foi que no dia 5 de agosto de 1990, o Jornal do
Commercio circulava com mais uma entrevista com o
vereador e candidato a deputado federal, Jair Bolsonaro,
com o título “Bolsonaro: nosso Exército é de boias-frias” e
uma chamada na primeira página do diário carioca, coisa
incomum em se tratando do capitão Bolsonaro:
Temos um Exército de boias-frias: Se como capitão
paraquedista, o paulista Jair Bolsonaro já era irrequieto e
pouco reverente aos rigores dos regulamentos, imaginem
agora que tem um cargo eletivo – é vereador pelo PDC -, e
como será, se eleito deputado federal em outubro próximo.
Considerado um dos mais atuantes líderes do emergente
sindicalismo militar, pela sua intensa luta em favor de
melhores salários para a classe fardada, Bolsonaro acusou
o governo, em entrevista ao Jornal do Commércio, de estar
criando um “Exército de boias-frias”, ao referir-se ao
desligamento do pessoal temporário. Ele fez duras críticas
ao ex-ministro do Exército, general Leônidas Pires
Gonçalves, e disse que, se eleito, vai lutar pela qualidade
de vida dos militares.
Nesta entrevista, o capitão Jair Bolsonaro, falou
abertamente sobre diversos assuntos, como a defasagem e
a não isonomia salarial dos militares, sobre a decepção que
tinha em relação ao general Leônidas Pires Gonçalves,
sobre o apoio que ele recebia dos quartéis à sua
candidatura ao legislativo federal e sobre alguns de seus
projetos, se viesse a ganhar a vaga de deputado federal.
No dia seguinte, o jornal Tribuna da Imprensa
estampava a seguinte chamada de capa: “Bolsonaro prevê
reação em quartéis”. Este foi o título da reportagem, na qual
o vereador Jair Bolsonaro falava sobre o risco que via ante o
congelamento dos soldos militares, pelo governo Collor.
Ele alertou que o governo parecia querer “levar umas
chineladas” e criticou, nominalmente, o ministro do EMFA,
general Jonas Correia:
- O general Jonas Correia, chefe do EMFA, quer tornar-
se um “marajá”. Só falta o turbante na cabeça. Ele quer
melhorar os salários dos generais, porque daqui a pouco
estará aposentado. Só quer jogar para a plateia.
Bolsonaro também fez um alerta quanto à paciência dos
militares que, segundo ele, estaria chegando ao fim: “Nós
faremos de tudo para evitar reações mais fortes, só que a
paciência do pessoal está se esgotando”.
O advogado e ex-controlador de voo da Aeronáutica,
Heitor Vianna Posada Filho, comentou a entrevista de
Bolsonaro em carta enviada ao jornal:
Congratulações à Tribuna tendo em vista a excelente
reportagem com o capitão-vereador Jair Bolsonaro
publicada na edição de 7 de agosto de 1990. O vereador
Bolsonaro é, de fato, um lutador incansável, sendo um
grande exemplo de representante de classe. Passando à
frente de todas as entidades de servidores civis federais, o
vereador Bolsonaro impetrou Mandado de Injunção junto ao
STF, visando o cumprimento de dispositivos constitucionais
que consagram a isonomia salarial no setor público. Com
respeito, especificamente ao tópico militar, podemos
informar à opinião pública que um aspirante formado na
Aman sai ganhando a quantia total de 60 mil cruzeiros
mensais, enquanto nos demais Poderes, os salários
iniciam-se com 89 mil cruzeiros em atividade em nível de 2.º
grau. Os militares não reivindicam reajustes ou abonos,
reivindicam sim o equilíbrio salarial no setor público.
Ainda em agosto de 1990, Jair Bolsonaro comprava a
sua primeira briga com o Congresso Nacional. Ele postulava
que deputados e senadores deveriam ter não só os salários
diminuídos, mas que devolvessem parte do que haviam
ganhado, retroativo a 5 de outubro de 1988. Para tanto,
defendia o uso de uma Ação Popular, que deveria ser
impetrada a partir do recebimento das informações que
havia pedido à Câmara dos Deputados e ao Senado
Federal.
- A Constituição Federal proíbe que os membros do
Legislativo ganhem mais do que os ministros. Certamente o
Judiciário concederá Liminar para fazer cumprir o texto
constitucional.
Bolsonaro também distribuiu a todos os comandantes
de quartéis do Rio de Janeiro um ofício posicionando-os a
respeito do andamento, junto à Justiça, da questão salarial
que impactava a todos, mas que antes de ser eleito
deputado federal, achava que deveria restringir seu
comunicado aos comandantes locais e não faltou ironia para
titular o que chamou de “Operação Isonomia”. O documento
foi também divulgado pela coluna do jornalista Hélio
Fernandes, do jornal Tribuna da Imprensa, do dia 17 de
setembro de 1990.
A “Operação Isonomia” teve seu planejamento calcado em
duas hipóteses:
1. Elevação dos vencimentos dos ministros de Estado e,
consequentemente, repercussão na Tabela de
Escalonamento Vertical da Lei de Remuneração dos
Militares.
2. Redução dos vencimentos dos Congressistas aos limites
pagos aos ministros de Estado. Em qualquer das duas
hipóteses, estaria sendo cumprido o artigo 37, inciso XII, da
Constituição Federal.
Desenvolvimento da Operação: em 27 de março de 87,
Mandado de Segurança impetrado na 16.ª Vara Federal.
Consequência:
1. Emitido o parecer SR-96, de 29 de junho de 1989, da
Consultoria-Geral da República, pela concessão de apenas
13,5% tendo em vista o limite da remuneração dos ministros
de Estado. Do parecer, temos: “Quando o Congresso
despertar para o problema e corrigir a remuneração do
ministro de Estado...”.
2. Em 26 de junho de 1990: Mandado de Injunção com as
seguintes alternativas: a. Simples elevação da remuneração
dos ministros de Estado por ato administrativo; b. Medida
Provisória fixando a remuneração dos ministros de Estado;
c. Votação pela Câmara dos Deputados do Decreto
Legislativo n.º 47, que fixa a remuneração dos ministros de
Estado.
Consequência: Parecer da Procuradoria-Geral da República
pela desnecessidade do Mandado de Injunção por entender
que a Norma Constitucional referida é autoaplicável.
(dependeria apenas do presidente da República).
Em 2 de agosto de 1990, telex ao Excelentíssimo Senhor
procurador-geral da República solicitando arguição de
inconstitucionalidade por omissão.
Consequência: Não houve resposta. Nessas condições foi
afastada, provisoriamente, a primeira linha de ação e
adotada a segunda.
Em 12 de setembro de 1990, Ação Popular para reduzir os
vencimentos de senadores e deputados, em obediência ao
disposto no artigo 37, inciso XII, da Constituição Federal c/c
com o artigo 37 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias. (Anexos).
15
O general de Exército, Jonas de Morais Correia Neto, faleceu no dia 5
de novembro de 2015, no Rio de Janeiro, aos 90 anos de idade.
Bolsonaro aproveitou para responder ao general
Jonas Correia, que havia afirmado existirem grupos que
pretendiam desestabilizar as Forças Armadas:
- Este temor só existe na cabeça de incompetentes e
arbitrários que em seu imobilismo e omissão vivem a ver
chifres em cabeça de cavalo.
A indignação era forte entre os membros do Exército,
da Ativa e da Reserva, mas somente estes podiam,
legalmente, emitir publicamente opiniões, embora, volta e
meia, os chefes militares mandassem prender tais oficiais.
Foi o caso da prisão do coronel da Reserva, Péricles
da Cunha, por ter dado entrevista ao Jornal do Brasil
criticando a atuação das Forças Armadas e também a
atuação do deputado federal Jair Bolsonaro em defesa dos
salários dos militares, que Cunha não via que estava dando
resultado.
Na ocasião, o coronel Péricles da Cunha também
defendeu um novo papel para as Forças Armadas na luta
contra a fome e a miséria, o que seria na visão dele, uma
espécie de Projeto Rondon Militar. Por suas manifestações
públicas, ele foi punido com dez dias de prisão.
Bolsonaro, apesar de atacado, não levou isto em
conta e saiu em defesa do militar preso, entrando com
pedido de habeas corpus no Superior Tribunal Militar, pois o
que estava em jogo não era apenas a liberdade de Péricles,
mas a liberdade de expressão dos militares da Reserva:
- Temos a nossa carta de alforria que é a Lei n.º
7.524/86, mas esta lei não está sendo respeitada. Quando
algum militar da Reserva me pede conselho, eu aconselho
que ele reaja e não aceite prisão ilegal.
Bolsonaro também atacou o comandante Militar do
Sul, general Bayma Dennys, que determinou a prisão do
tenente-coronel Péricles da Cunha:
- O Bayma Dennys sempre se locupletou, sempre
ficou em salões com ar condicionado e agora não tem o
direito de agir desta maneira, inteiramente fora da lei,
afirmou Bolsonaro ao repórter da Tribuna.
O dia 1.º de maio, normalmente comemorado com
ações de mobilização das centrais sindicais, foi usado pelo
deputado Jair Bolsonaro para fortalecer as reivindicações da
classe militar, especialmente a questão dos baixos salários
recebidos pela tropa.
Ele e o coronel Péricles da Cunha participaram do
programa “Encontro com a Imprensa” da Rádio Jornal do
Brasil e, durante uma hora e meia, os dois responderam a
questões formuladas por repórteres que estavam em
Brasília, com Jair Bolsonaro, e em Porto Alegre, com
Péricles da Cunha.
Tanto Jair Bolsonaro, quanto Péricles da Cunha
defenderam a isonomia salarial entre os três Poderes, como
forma de dar fim à eterna defasagem salarial entre civis e
militares da União, externando suas preocupações em
relação a possíveis manifestações de indisciplina nas
Forças Armadas, no caso de continuarem sendo muito
baixos os reajustes salariais.
Na referida entrevista, Bolsonaro afirmou que achava
inevitável que, no futuro, houvesse um segmento sindical
que defendesse a categoria militar, mas o coronel Péricles
da Cunha opinou pela atuação dos Clubes Militares, como
melhor canal de manifestação das necessidades da
caserna.
Uma questão polêmica foi apresentada por Bolsonaro
na entrevista - no que teve o apoio do coronel Péricles. Para
eles, as Forças Armadas deveriam passar a ser controladas
pelo Congresso Nacional “estabelecendo seu efetivo e
outras questões”, tendo Bolsonaro justificado que isso era
praticado na Alemanha.16
Dez dias se passaram e, depois de inúmeras
manifestações e discussões, finalmente, o governo Collor
decidiu por enviar ao Congresso Nacional um Projeto de Lei
(PL n.º 910/1991) propondo regulamentar o reajuste dos
vencimentos, soldos, proventos e pensões de servidores
civis e militares.
19 Jair Bolsonaro, embora seus críticos gostem de falar que ele não fica
Nacional nos anos 1990, que teve nesta década, diversos outros
escândalos e investigações envolvendo parlamentares corruptos. Teve o
impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, precedido pela
CPMI do PC Farias; a CPI da Propina, a CPI da Corrupção, a CPMI do
Orçamento, a CPI do PP (Pedro Paulo Leoni Ramos), a CPI do Programa
Nuclear Paralelo, a CPI da Privatização da Vasp, a CPI do FGTS (US$ 12
bilhões desaparecidos), a CPI da Fome, a CPI da Violência no Campo, a
CPI do Narcotráfico, a CPI do Extermínio de Menores e muitas outras.
suspensão da filiação partidária dos 13 deputados federais
que se transferiram para o PSD, disse ao líder Onaireves
Moura (PSD-PR):
- Só nós viramos bandidos? Cadê os outros? Não tem
sentido caçar virgem em um prostíbulo. Inocêncio de
Oliveira é um idiota. Ele não pode suspender filiações.
Somente o TRE ou TSE têm este poder. Bolsonaro foi posto
na reserva por insanidade mental, afirmou Barbosa, com o
que concordou com um sinal de cabeça, o deputado
Onaireves Moura.
Ressalte-se que o deputado Irani Barbosa não estava
entre os investigados pela venda de mandato, pois já era do
PSD há mais anos, o que não acontecia com o deputado
Onaireves Moura, um dos investigados e, posteriormente,
cassado pela Câmara dos Deputados, acusado da compra
de deputados.
Jair Bolsonaro confirmou ao corregedor da Câmara
dos Deputados, Fernando Lyra, em depoimento que durou
cerca de duas horas, no dia 7 de outubro, a tentativa do
deputado Onaireves Moura de lhe pagar cerca de US$ 90
mil, parcelados, para que ele entrasse para o PSD. Seriam
US$ 20 mil de entrada, mais oito parcelas de US$ 5 mil até
abril de 1994, com duas intermediárias de US$ 10 mil. E
mais US$ 10 mil no final de abril, totalizando os US$ 90 mil.
Bolsonaro também disse a Lyra, e depois confirmou tal
fala para a imprensa, que o deputado Onaireves Moura, ato
contínuo à sua negativa em aceitar a oferta, fez-lhe uma
contraproposta de lhe pagar mais US$ 10 mil junto com a
parcela de US$ 20 mil.
Bolsonaro disse ainda que, na tarde do mesmo dia,
teria recebido um telefonema do deputado Nobel Moura,
convidando-o para ir a São Paulo, num voo das 19 horas, da
Varig, onde o ‘negócio’ seria fechado com o empreiteiro,
mas disse não saber o nome do empresário nem da
empresa. Porém, Bolsonaro afirmou não ter ido ao encontro,
tendo se deslocado para sua casa, no Rio de Janeiro onde,
por volta das 23 horas, teria recebido outro telefonema.
Depois de ouvir Bolsonaro, o corregedor da Câmara
dos Deputados disse ter ficado chocado com o que o
deputado declarou, em seu depoimento, no inquérito que
investigava a venda de mandatos “As denúncias são de
uma evidência muito grande. São impressionantes. Mas,
mais impressionante ainda, foi o narrado, reservadamente”.
Mas Bolsonaro deve ter rogado praga nos dois,
porque Irani Barbosa não mais conseguiu se reeleger para a
Câmara dos Deputados.22 E, como deputado estadual teve
seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de
Minas Gerais. Onaireves [Severiano, ao contrário] Moura,
cassado, voltou para o Paraná e se tornou dirigente da
Federação Paranaense de Futebol.
Quando faltava notícia sobre Bolsonaro, a imprensa
dava um jeito de, às vezes, criar algum factoide, mas neste
caso foi uma piada mesmo. A coluna Fato do Dia (6/10/93)
afirmava que o então presidente da Rússia, Bóris Yeltsin, na
crise de 1991, teria consultado, por telefone, o deputado Jair
Bolsonaro (PPR-RJ), para saber se bombardeava ou não o
Parlamento.
A piada decorria do fato de que, no dia 24 de junho de
1993, Bolsonaro ter afirmado, em discurso na Câmara dos
Deputados, que o Congresso Nacional estava “à beira da
falência” e que se desse mais um passo rumo ao abismo,
ele seria a favor da instalação de uma ditadura, de um
regime de exceção.
Embora não concordando com o deputado Jair
Bolsonaro na tese de fechamento do Congresso Nacional, o
jornalista Geraldo Hudson Moreira, em artigo publicado na
Tribuna (‘Raposas velhas de guerra’) no dia 7 de outubro de
1993, discorreu sobre diversas vezes na história em que o
Congresso Nacional foi achincalhado pela imprensa e por
personalidades e, em um trecho de seu artigo, ele fala da
saga de Bolsonaro contra a podridão parlamentar:
(...) A idiossincrasia do povo pelos seus representantes não
é de hoje. Desde priscas eras os senadores são chamados
de “pais da pátria e carcomidos”. Tal sentimento deve ter
22
Em julho de 2000, o deputado cassado, Onaireves Moura, foi preso
acusado de sonegação fiscal, por deixar de recolher aos cofres da
Previdência Social cerca de R$ 525 mil, referente aos 5% da renda dos
jogos realizados no Paraná entre dezembro de 1995 e julho de 1997. Em
6 de novembro de 2007, Onaireves Moura voltou a ser preso, desta feita,
preventivamente por quatro meses, acusado de falsidade ideológica,
formação de quadrilha, fraude processual, estelionato e do desvio de R$
5 milhões dos cofres da Federação Paranaense de Futebol.
até o ex-capitão Jair Bolsonaro ao pregar o fechamento do
Congresso. Não partilhamos dessas ideias, mas
concordamos com o ex-ministro da Educação e líder na
Câmara dos Deputados, no governo Vargas, o falecido
Gustavo Capanema, que dizia que “o congresso tinha 10%
de luminosidade, com capacidade excepcional, 10% de
velhacos, velhas raposas e velhacos de alto bordo e 80%
de legítimos representantes do povo”.
23
Em 1996, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) protocolou
pedido de instalação de uma CPI sobre o Caso Sivam, mas esta só
saiu em 2001 e de forma esvaziada. Como tinha maioria no
parlamento, o governo FHC conseguiu abafar as denúncias.
Ninguém foi punido.
momento em que Fernando Henrique Cardoso vetou a CPI
do Sivam. Mais importante que o Sivam é o Projeto Calha
Norte, mas para isto tem de ser brasileiro. (...)
- O Senhor acha que mesmo depois da
Supercomissão do Senado, que investiga o contrato
Raytheon, o projeto será aprovado?
- Sim, eu acho que será aprovado. É aquilo que eu
falei. São propinas. Não quero acusar o Gilberto Miranda
(senador PMDB-AM) de absolutamente nada. Ele é uma
pessoa rica. O que não entendo é que ele, que é o relator
de um projeto importante, viaja para a Ucrânia e ele fica lá
vários dias com avião particular. Depois volta para cá. Quem
pagou isso? Será que ele é patriota assim? Quanto ele
gastou numa viagem desta? O que ele ganharia num ano
como senador?
- E se acabar em pizza?
- Pode ser que acabe em pizza, mas você vai ficar
sabendo a verdade.
No dia seguinte, o jornalista Hélio Fernandes deu a
sua opinião sobre a entrevista concedida por Jair Bolsonaro:
O deputado Jair Bolsonaro tem uma qualidade essencial e
indispensável nos homens públicos: a franqueza. Ontem
saiu uma entrevista sua, concedida com exclusividade à
Tribuna da Imprensa. Ele fala sobre vários assuntos,
conversou um tempo enorme com a repórter Luzia Lobato e
não fugiu de nenhum tema, não se escondeu atrás de
palavras, não teve medo.
discurso”. Danuza afirmou que o jovem vereador teria dito: “Falo, não em
nome do Partido Progressista Brasileiro, mas em nome do Partido do
Papai Bolsonaro”.
sublinha sua juventude estudantil de 17 anos (é de 7/12/82),
sem bens a declarar. Em 24 de julho, a promotoria eleitoral
arguiu que a idade “maculava a condição de elegibilidade”.
Bolsonaro pai recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral,
fazendo uma consulta sobre a idade mínima para
candidatos a vereador. A resposta, unânime, de sete
ministros, foi um inciso da Lei 9.504/97: “A idade mínima de
18 anos para concorrer ao cargo de vereador tem como
referência a data da posse”. Em 1.º de janeiro de 2001 o
filho de dona Rogéria, então suplente, já entrara na casa
dos 18.
37
Pela fala de Bolsonaro, ele votou contra a cassação de Roberto
Jefferson, mas se foi pelos motivos acima citados, o deputado estava
equivocado, porque Jefferson somente delatou o Mensalão porque se viu
tolhido em alguma grande jogada que queria fazer em troca de apoio do
PTB. É importante também saber que o PTB nunca deixou de ser
governo, inclusive durante a gestão de Michel Temer, com o PTB
deitando e rolando com as verbas do Ministério do Trabalho, que virou de
sua propriedade e de sua filha Cristiana Brasil, felizmente, não reeleita.
38No dia 14 de julho de 1999, Bolsonaro se envolveu em uma discussão
por ter sido barrado de entrar armado na agência da Caixa Econômica
Federal do Shopping Tijuca, “criando o maior rebu com seguranças e
policiais do 6.º BPM” e até ameaçando o banco de uma ação judicial.
negro. Assim como existem bocas de fumo teremos as
bocas de fogo. Não vou deixar que minha família fique
vulnerável.
Outra frente de luta de Bolsonaro era contra as penas
para o tráfico de drogas, que ele considerava serem muito
brandas e insistia em que deveria ser aprovado o projeto de
lei, que tramitava desde 2002, endurecendo as penas,
principalmente para o tráfico internacional:
- O Brasil deve adotar medidas parecidas com as
americanas para aumentar o tempo de prisão dos “gringos”.
Certa vez eu conversei com uma portuguesa presa no Brasil
por tráfico internacional de drogas e ela não queria ir
embora, porque a pena lá fora é de oito anos ou até de
morte, de acordo com o País, como a Indonésia. Os
“gringos” presos aqui ficam no máximo três anos presos.
E, diferentemente do ano de 2005, em que grupos
guerreavam contra e a favor do desarmamento, na questão
das drogas houve uma reunião de interesses, fortalecendo a
tese do endurecimento das penas para o tráfico, quando da
discussão do projeto de lei n.º 7.134/2002, originado de uma
Comissão Mista formada sob a coordenação do Senado
Federal e que daria origem à Lei n.º 11.343 – também
chamada Antidrogas - aprovada em 23 de agosto de 2006,
cuja ementa é a seguinte:
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso
indevido, atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas; estabelece normas para repressão
à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas;
define crimes e dá outras providências.
- Não posso dizer isso, porque seria uma opinião pessoal. Ele já teve um
aborrecimento comigo. Um cadete meu, que depois foi paraquedista e fez
parte da luta contra a guerrilha do Araguaia, Lício Maciel, que esteve à
morte, uma guerrilheira atirou na boca dele... Quase foi o fim. E o Lício
Maciel foi na conversa do Bolsonaro, que o levou para uma sessão (no
Congresso). Ele entrou e levou o Lício, que foi na conversa dele e
começou a dizer: "(José) Genoíno, você tenha a coragem de dizer aqui
na minha frente que foi torturado... Você mente! Você foi preso por mim,
pelo meu grupo". Depois eu soube, por uma mulher da esquerda, que ele
(Genoíno) confessou que lá ele não foi torturado, mas depois.
Então, Bolsonaro submeteu esse rapaz a um vexame, porque ele entrou
numa sessão do Congresso. Eu escrevi um artigo e mostrei a total
imprudência e irresponsabilidade do deputado. Submeter um oficial
brilhante, digno, que tinha exercido sua atividade contra a guerrilha sem
nunca ter participado de uma violência física, e ao contrário, sofreu, para
depois ser expulso de uma sala da maneira vergonhosa como foi!...
(Fonte: LEAL, Claudio. Terra. Magazine. Jarbas Passarinho: “nunca pude
suportar Bolsonaro”. São Paulo, 31 mar. 2011).
A luta contra o desarmamento
Eu estou vestido e armado com as roupas e as armas de
São Jorge, para que os meus inimigos tenham pés e não
me alcancem, tenham mãos e não me toquem, tenham
olhos e não me vejam, e nem mesmo em pensamento eles
possam me fazer mal.
(Jorge Ben Jor – músico, cantor e compositor brasileiro)
41
De acordo com o "The Guardian", a renda per capita anual no Haiti está
em US$ 350 ou menos do que R$ 1,5 mil. Além disso, a inflação está em
19% ao ano. (G1. 23 set. 2019).
certeza, os comandantes militares não iriam concordar com
tal coisa. Ele também lembrou a fala de um oficial, ex-chefe
do Estado-Maior das Forças Armadas – sem o citar
nominalmente –, que teria dito nas comemorações do Dia
da Artilharia, que “Nós militares, vivemos de ideais, não
precisamos de conforto e sim, de motivação para cumprir a
missão”.
Falando com a imprensa, Jair Bolsonaro externou sua
preocupação com o futuro das Forças Armadas, por não
serem priorizadas no planejamento federal:
- A situação das Forças Armadas tende a piorar, com
a crescente evasão de seus melhores quadros, que estão
indo para a iniciativa privada, por conta dos baixos salários
pagos aos militares. Até 2020, a Marinha deve parar por
pura e simples falta de recursos para continuar funcionando
e, a Aeronáutica está indo para o mesmo caminho. Só no
ano passado, 206 oficiais qualificados da Aeronáutica
pediram demissão. A evasão de praças é três vezes maior
do que isso, e sempre são os melhores, os mais treinados.
Ou o governo aumenta os salários ou terá que gastar mais
no futuro para treinar novos oficiais.
Mas os militares e familiares assumiram a defesa
pública pela regularização dos salários e foi o que
aconteceu no dia 27 de janeiro, quando cerca de 500
policiais militares e do corpo de bombeiros do Rio de
Janeiro fizeram grande manifestação na orla do Leblon.
Lá estava presente o deputado Jair Bolsonaro, que
assim se manifestou:
- O soldado começa ganhando menos que uma
empregada doméstica. O secretário [de Segurança Pública]
preocupa-se com o cumprimento das missões, mas parece
não enxergar o lado humano da tropa.
A colunista Anna Ramalho publicou no dia 10 de maio
de 2008, carta enviada ao deputado Jair Bolsonaro, pela
“sua amiga” Cristina Magalhães, filha de um oficial da
Marinha que já havia falecido e sobre problemas que sua
mãe, de 85 anos, vinha enfrentando com relação à pensão
que recebia:
Caro deputado Jair Bolsonaro,
Esta carta tem o objetivo de relatar fatos que vêm
acontecendo com minha mãe, Isis de Souza Gurjão, viúva
do capitão-de-mar-e-guerra da Marinha Brasileira, José
Gurjão Neto e que tem deixado seus sete filhos em estado
de total perplexidade.
Há três anos, minha mãe e um grupo de pensionistas de ex-
combatentes com medalha de guerra conseguiram, em
causa coletiva, liminar para receber um soldo extra,
correspondente à patente do militar, na época da medalha
de guerra. Esse dinheiro passou a ser depositado,
mensalmente, em contracheque separado.
Na ocasião, elas foram avisadas, pelo advogado que as
representava, de que havia uma possibilidade de recurso da
Marinha, em terceira instância. Porém, as chances de perda
do benefício eram mínimas.
Em fevereiro deste ano, minha mãe recebeu o
contracheque e percebeu que o dinheiro não entrara na
conta corrente. Qual não foi sua surpresa ao ser informada
de que a Marinha ganhara a causa junto ao Tribunal de
Contas da União (TCU), e que o dinheiro não seria mais
depositado. E mais: ela deveria devolver o dinheiro recebido
nesses três anos – cerva de 120 mil – caso a Marinha assim
o exigisse.
Dias depois minha mãe recebeu uma carta da Marinha
comunicando que iria, imediatamente, descontar esse
dinheiro (R$ 2.123,00) na folha de pagamento mensal dela
durante 55 meses (até outubro de 2010). Esse valor foi
totalmente arbitrado pela Marinha, sem o menor escrúpulo
ou cuidado em negociar o pagamento da suposta dívida
com seus pensionistas. Como se fosse ato simples e natural
para um pensionista abrir mão de, aproximadamente, 30%
de seus vencimentos!
O primeiro contracheque com o desconto chegou este mês
e, naturalmente, foi um choque para uma senhora de 85
anos. Minha mãe está de cama com a pressão elevada e o
coração (já deficiente) sob o controle médico.
O advogado que cuidou da causa já entrou com mandado
de segurança, mas, infelizmente, não há previsão de
solução para o caso...
Não entendo de leis, mas de humanidade, sim. Imagino
(posso até estar errada!) que os direitos constitucionais de
senhoras – todas pero ou com mais de 80 anos – não
podem ser aviltados. Diz a lei que os salários não podem
ser diminuídos, não é mesmo? Além disso, quantas são
essas pensionistas ainda vivas? 100, 200? Será que com
este dinheiro a Marinha do Brasil vai comprar um porta-
aviões e melhorar a condição de defesa da nossa costa?
Em todas as causas ganhas contra entidades ou autarquias
governamentais, não há pagamento retroativo. Ou seja,
começamos a usufruir o benefício apenas a partir da data
da sentença. Por que, agora que a causa foi ganha pela
União, os beneficiários são obrigados a devolver o que
ganharam? Se a lei manda que elas devolvam o dinheiro
perdido na terceira Instância, que, pelo menos, elas possam
ter o direito de dizer como querem ou podem fazê-lo. Pelo
menos é o que acontece com qualquer tipo de dívida que
um cidadão brasileiro adquire...
... Não vou entrar no mérito da questão de quem foi meu
pai, de tudo que ele ofereceu à nação enquanto oficial da
Marinha, altamente qualificado e condecorado. Isso, nós
oito – minha mãe e seus sete filhos, honrados pela herança
de sua dignidade e fidelidade à pátria – sabemos muito bem
e nos basta. Penso, sim, na angústia e sofrimento de todas
essas senhoras, vendo seus rendimentos diminuídos numa
quantia tão alta, exatamente no momento que precisam de
recursos para ter uma boa qualidade de vida nos (poucos)
anos que ainda lhes restam...
... Espero que algo possa ser feito, ainda confio na Justiça e
no empenho de alguns brasileiros que estão no Congresso
e no Judiciário para defender os direitos dos cidadãos que
trabalham e dignificam o Brasil.
44
É importante frisar que a publicação apresentada por Jair Bolsonaro na
entrevista concedida ao Jornal Nacional - durante sua campanha à
Presidência da República -, da Rede Globo de Televisão e depois
replicada nas redes sociais é a tradução do livro da escritora francesa
Hélène Bruller “Aparelho Sexual e Cia”, lançado no Brasil em 2007 pela
Companhia das Letras e não foi distribuído pelo MEC. De acordo com a
Companhia das Letras, a edição está esgotada, e a indicação do livro,
quando estava em catálogo, era para o 6.º, 7.º, 8.º e 9.º anos do Ensino
Fundamental, ou seja, para alunos com idade entre 11 e 15 anos. Embora
haja esta indicação pela editora, a obra não consta nos programas de
distribuição de materiais didáticos do MEC. O conteúdo da obra “Aparelho
Sexual e Cia” é destinado à orientação sexual de crianças e adolescentes
– jovens descolados (espertos), conforme a própria editora. Há uma
seção chamada 'Fique esperto', que alerta para situações de abuso e
explica o que é pedofilia.
parlamentares faziam com a presidente Dilma Rousseff, que
queria que eles deixassem de obstruir as votações no
Congresso, estes pediram a ela que assistisse aos vídeos e
conhecesse o material que estava sendo confeccionado. A
presidente Dilma teve acesso ao conteúdo e, de acordo com
a militante pela família, Damares Alves (atual ministra), esta
teria ficado horrorizada com o material e, de pronto, proibiu
que aquele kit do Programa Escola Sem Homofobia
chegasse às escolas.
Um mandato de reconhecimento popular
Não fique triste quando ninguém notar o que fez de bom.
Afinal, o sol faz um enorme espetáculo ao nascer, e mesmo
assim, a maioria de nós continua dormindo.
(Autor desconhecido)
46
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) recebeu no dia 5 de
dezembro de 2018, do Exército brasileiro, a Medalha do
Pacificador com Palma. A honraria é concedida a militares que, em
tempo de paz, tenham realizado atos de "abnegação, coragem e
bravura, com risco da própria vida", segundo informou o Centro de
Comunicação Social do Exército. A cerimônia de imposição da
medalha teve a participação do comandante do Exército, o general
Eduardo Villas Boas, e foi realizada no Quartel Geral do Exército,
em Brasília. O ato que garantiu a medalha a Bolsonaro ocorreu em
1978, quando ele impediu que um soldado da 2.ª Bateria de
Obuses do 21.º Grupo de Artilharia de Campanha se afogasse
durante uma atividade militar. Fonte: UOL/Política.
Vossa Excelência pra cá, Vossa Excelência pra lá,
quase na totalidade das vezes, isto não é dito por respeito,
mas para se viver o circo da hipocrisia que mantém inimigos
convivendo pacificamente, porque se não fosse o tal decoro
parlamentar, o Parlamento não funcionaria e as brigas e
mortes seriam inevitáveis, num antro de sujeira que
extrapola qualquer lógica.
Por exemplo, em determinado momento do governo
Lula, o deputado Jair Bolsonaro disse o que foi considerado
falta de decoro parlamentar, porque ele se insurgia contra a
então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, dizendo:
“Cumprimento o presidente Lula por ter nomeado para a
Casa Civil, Dilma Rousseff, uma pessoa técnica,
especialista em assaltos e furtos”.
No caso envolvendo a cantora Preta Gil, o deputado
Jair Bolsonaro foi representado pela artista junto ao
Ministério Público Federal, que formulou denúncia contra o
mesmo, junto ao Supremo Tribunal Federal.47
Logo depois da polêmica entrevista, três entidades de
defesa dos direitos de gays (o Grupo Diversidade Niterói, o
Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual e o Grupo
Cabo Free de Conscientização Homossexual e Combate à
Homofobia) também ajuizaram Ação Civil Pública contra
Bolsonaro.
47
Entretanto, o processo foi arquivado em 2015, porque até a fita de
vídeo que deveria servir de prova no inquérito criminal não foi localizada e
a Band afirmou não mais possuí-la. Pelo menos foi a desculpa da
emissora, o que reforçou a hipótese de que a entrevista foi editada e que
houve manipulação do CQC com relação ao conteúdo gravado, o que
poderia ser desmascarado por uma perícia da PF. Na sua decisão, o
relator, ministro Luis Roberto Barroso, ainda criticou o CQC por promover um
“tipo de debate público no qual, em lugar de focar no argumento, o interlocutor
procura desqualificar moralmente o adversário”. O ministro
também considerou a argumentação do procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, também autor do pedido de arquivamento, ao afirmar que
“a ausência da gravação integral, sem edições, não confere juízo de
certeza se a resposta se refere à pergunta formulada”. Em relação à
imunidade parlamentar, Barroso considerou o fato de o
programa CQC ter anunciado o quadro em que Bolsonaro participaria
como a entrevista com “o deputado federal mais polêmico do Brasil”. Isso
demonstra, segundo Barroso, que o deputado foi entrevistado por conta
de seu cargo.
Na ação, as entidades pediam que o deputado fosse
obrigado a se retratar e pagar multa de R$ 500 mil, a título
de indenização por danos morais coletivos.
De acordo com o vereador Leonardo Giordano (PT-
RJ), que assinou a Ação Civil Pública juntamente com as
ONG’s citadas, a advogada Carla Belatto era a
patrocinadora da causa. De acordo com Giordano, “as
manifestações do deputado incitaram neonazistas a agirem
com violência aos homossexuais e em apoio ao
parlamentar”.
Além destes fatos, o vereador também afirmou que o
site da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Transvestis
e Transexuais (ABGLT) teria sido invadido por hackers que
apagaram o conteúdo da página e deixaram mensagens
pró-Bolsonaro e homofóbicas.48
No dia 2 de abril de 2011, o jornalista Leonardo
Cavalcanti escreveu na coluna “Nas entrelinhas” do Correio
Braziliense o artigo “Sobre o que vale a pena”. No artigo,
Cavalcanti faz um paralelo de três frentes: a morte do vice-
presidente José Alencar, motivada por câncer, as sempre
controversas declarações do deputado Jair Bolsonaro e a
vida de uma negra americana contada no livro “A vida
imortal de Henrietta Lacks”, morta por câncer em 1951.
Sem entrar em muitos detalhes, Cavalcanti sugere que
o livro contando a história da negra norte-americana poderia
servir para analisar os fatos políticos de maior destaque
naquela semana: a morte de Alencar e as falas do deputado
Jair Bolsonaro, mostrando “a quem devemos dar ouvidos”.
Assim, Cavalcanti faz o relato de que os médicos que
acompanhavam o problema de Henrietta Lacks teriam
retirado tecidos cancerosos de seu corpo para estudos e
para o desenvolvimento de terapias e medicamentos; isso
49
O projeto inicial (PL 5003/2001) é da deputada federal Iara Bernardi
(PT-SP), de agosto de 2001. Em 12/12/2006, foi protocolado o PL
substituto n.º 122/2006, que continua tramitando.
Por conta desta sua fala, Jair Bolsonaro teve
protocolado na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar,
mais uma representação do PSol pedindo a sua cassação.
Segundo o autor da representação, deputado Chico Alencar
(RJ), a senadora Marinor Brito teria sido ofendida pelo
deputado Jair Bolsonaro, quando a chamou de
“heterofóbica”.
Depois das lamentáveis cenas, a reunião foi encerrada
e o projeto foi retirado de pauta, a pedido da relatora,
senadora Martha Suplicy, para reexame.
Somente no dia 15 de junho de 2011 é que o
Conselho de Ética da Câmara reuniu e decidiu pela abertura
de processo contra Jair Bolsonaro. Diante disso, o deputado
disse aos membros do Conselho: “Não me interessa sofrer
pena alternativa, como a censura pública. Se acharem que
feri o decoro, que peçam a minha cassação para o plenário.
Do contrário enterrem de vez”.
Já para a imprensa, o deputado Jair Bolsonaro disse
sobre a estratégia de defesa que utilizaria na Comissão de
Ética:
- Minha defesa será o ataque. Vou mostrar as
irregularidades que envolvem o governo e as ações a favor
do homossexualismo. No caso específico da senadora, não
temo nada, pois ela me chamou de homofóbico e assassino
no dia da discussão. Nem por isso representei contra ela.
A polêmica duraria, contudo, poucos dias. Em 29 de
junho de 2011, a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar,
decidiu pelo arquivamento do processo contra Bolsonaro,
depois de muito bate-boca entre os envolvidos:
– Sou parlamentar com P maiúsculo e não com h
minúsculo de homossexual, dirigindo ao deputado Jean
Willys (PSol-RJ).
– Sou homossexual com H de Homem, mais homem
que o senhor, retrucou o deputado Psolista.
Depois da vitória por dez votos contra sete, o
deputado Jair Bolsonaro afirmou que “o Conselho de Ética
era formado por sua maioria de heterossexuais que
defendiam a família”, tendo arrancado aplausos dos
presentes.
O filho de Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro
(PP-RJ) disparou no Twitter: “Chuupa Viadada. Bolsonaro
absolvido. Viva a liberdade de expressão”.
Mas o assunto ainda foi, posteriormente, avaliado pela
Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, já que esta
recebeu representações de, entre outros, os deputados
Edson Santos (PT-RJ), ex-ministro de Igualdade Racial do
Governo Lula, e Luiz Alberto (PT-BA), a procuradora
feminina da Câmara, Elcione Barbalho (PMDB-PA), e a
seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB-RJ). A Comissão de Direitos Humanos da Casa
também apresentou uma reclamação.
Pelas regras vigentes, somente partidos poderiam
acionar diretamente a Comissão de Ética, como o fez o
PSol, em representação que fora arquivada no final do
primeiro semestre. Outras entidades e pessoas físicas
deveriam representar junto à Mesa Diretora.
Portanto, a Mesa Diretora que, se reuniu em 12 de
julho, fez a análise do parecer sobre estas outras
representações. Na oportunidade, o corregedor da Câmara,
Eduardo da Fonte (PP-PE) apresentou seu parecer sobre o
caso: para ele, Bolsonaro, seu colega de partido, deveria ser
absolvido.
Na decisão, os integrantes da Mesa afirmaram que,
“por mais que fossem contrários”, a manifestação de
Bolsonaro estaria protegida pela liberdade de opinião
parlamentar, prevista da Constituição.
E o falatório de Bolsonaro contra os homossexuais
daria margem para ele atacar até a presidente Dilma
Rousseff, durante seu discurso na tribuna da Câmara dos
Deputados, no dia 24 de novembro de 2011:
- O kit gay não foi sepultado ainda. Dilma Rousseff
para de mentir. Se você gosta de homossexual, assuma. Se
o seu negócio é amor com homossexual, assuma, mas não
deixe que esta covardia entre nas escolas do primeiro grau.
O Correio Braziliense publicou, dois dias depois, carta
do leitor Haroldo [Cesar] Michiles (à época, ainda estudante
do 1.º ano de Psicologia) em que o mesmo criticava
duramente o deputado Jair Bolsonaro:
Sobre a matéria “Mais estupidez na boca de Bolsonaro
(25/11, p. 3)” gostaria de externar minha decepção pela
posição preconceituosa, antiquada e cheirando a mofo
desse deputado em relação a diversos temas, em especial
aos gays. Aliás, esse parece ser o discurso único da
“profícua” carreira do político, que no fim acaba dando a ele
a única chance de aparecer. Posições, como esta, incitam
agressões contra homossexuais, o que acontece
diariamente no país. Penso que um representante do povo
deveria mesmo é estar preocupado com a segurança, com
a educação, com a saúde e corrupção. O deputado
Bolsonaro, num discurso pra lá de reacionário, está mesmo
é na contramão do novo, da história. Certamente será
lembrado por isso.
54
Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho do deputado Jair Bolsonaro
foi eleito, pela primeira vez, nas eleições de 2014, concorrendo
pelo Partido Social Cristão (PSC), tendo alcançado o total de
82.224 votos. Seu irmão, Flávio Bolsonaro, foi reeleito deputado
estadual do Rio de Janeiro, pelo Partido Progressista (PP) com
160.359 votos (2,07%).
Logo após a sua reeleição, Bolsonaro usou a tribuna
da Câmara dos Deputados para falar sobre o fato. Foi no dia
14 de outubro de 2014.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Continuando o
Grande Expediente, concedo a palavra ao ilustre Deputado
Jair Bolsonaro, do PP do Rio de Janeiro. S. Exa. dispõe de
25 minutos na tribuna.
O SR. JAIR BOLSONARO (Bloco/PP-RJ. Sem revisão do
orador.) - Prezado presidente, deputado Inocêncio Oliveira,
primeiro, eu queria agradecer a Deus a oportunidade que
Ele me deu para continuar mais 4 anos ocupando esta
tribuna.
Queria agradecer também a oportunidade que deu ao meu
filho, o policial federal Eduardo Bolsonaro, eleito por São
Paulo para deputado Federal com 82 mil votos. Queria
agradecer ao Pastor Marco Feliciano, que me ajudou na
conquista da legenda e também ao deputado Gilberto
Nascimento, que nos ofertou o tempo de televisão para a
campanha dele em São Paulo. Ele gastou
aproximadamente 50 mil reais e obteve 82 mil votos.
O meu nome, o meu passado, obviamente, ajudaram
bastante. É uma linha que eu tracei nesta Casa, desde
quando aqui cheguei, em 1991. Podem alguns não gostar
de mim, mas sabem exatamente qual é o meu
posicionamento.
Também queria agradecer a Deus a reeleição do meu filho
Flávio Bolsonaro como o terceiro mais votado no Estado do
Rio de Janeiro. Um homem que já é querido pela Polícia
Militar, pelo Corpo de Bombeiros Militar, pelos policiais civis
e por uma grande parte da sociedade.
Os quase meio milhões de votos que obtive, então
representam sim, algo que eu prego aqui ao longo de 24
anos. E isso é motivo de orgulho para mim. E não é porque
está dando certo a minha reeleição, é porque as minhas
propostas, as minhas ideias, o que eu defendo é aquilo com
que, cada vez mais, a população tem se identificado. E
vamos continuar nessa mesma linha.
Queria agradecer aqui ao Sr. Olavo de Carvalho, que me
citou em seu blog, dizendo que, caso ele fosse eleitor no
Rio de Janeiro, votaria em mim. É um homem que
representa mais do que a Direita, representa o direito em
nosso País, representa a democracia e representa a
verdade.
Um dos fatos marcantes da minha campanha foi quando eu
estava em Pirassununga e, no Facebook, eu disse que, no
dia seguinte, entre 10 e 12 horas, estaria no Largo do
Rosário, em Campinas, fazendo campanha para o policial
federal Eduardo Bolsonaro. Foram mais de 100 garotos de
16, 17, 18 anos que compareceram. São garotos que
discutem política com P maiúsculo. São garotos que se
libertaram do proselitismo, da mentira e da ideologia de
esquerda que, infelizmente, vem tomando conta do nosso
País.
Entre o que nós defendemos — e vamos pedir apoio aos
que foram reeleitos e aos novos que aqui chegarão — está
o tema do planejamento familiar. O Brasil não pode
continuar crescendo com mais de 2 milhões de habitantes,
aproximadamente, a cada ano que passa.
Entendo eu que a falta de água em São Paulo, infelizmente,
irá se deslocar para o Rio de Janeiro em razão desse
crescimento populacional que nos assusta. Só a capital de
São Paulo agrega, por ano, aproximadamente 140 mil
novos habitantes. O Rio de Janeiro agrega 50 mil novos
habitantes. O planejamento familiar é uma política que
deveria ser pensada por todos na Casa e não por poucos
Parlamentares.
Outro assunto com o qual me coaduno, em parte, com o
candidato Aécio Neves é a redução da maioridade penal.
Por que em parte? Porque ele quer a redução apenas para
aqueles que cometem crimes hediondos. Para mim, todos
deveriam responder pelos seus crimes, independente de ser
hediondos ou não. Hoje, o jovem sabe o que é certo e o que
é errado.
Digo mais: o meu segundo filho, que é Vereador no Rio de
Janeiro, foi convencionado e votado com 17 anos de idade
e, quando foi tomar posse, havia recém-completado 18
anos. Ele sabia muito bem o que estava fazendo. Ele não
votou, ele foi votado.
Então, a redução da maioridade penal, como forma de inibir
a criminalidade ainda na fase juvenil, é algo mais do que
pedido pela sociedade. Em qualquer pesquisa se nota que
92% da população quer a redução da maioridade penal. E,
lamentavelmente, o Governo que está aí de plantão, o
Governo do PT, não admite sequer discutir esse assunto.
Também tenho tido muito apoio quanto à questão da
meritocracia. Até os negros — a maioria com quem eu
tenho conversado — são contra as cotas no Brasil,
Deputado Marco Feliciano, que tem origem
afrodescendente.
Este Governo é especialista na luta de classes: joga
brancos contra negros, com as cotas; joga homossexuais
contra heterossexuais, e, curiosamente, sempre se mostrou
aliado a ditaduras, como a do Irã, como as africanas, onde
os homossexuais ou são condenados à pena de morte ou
recebem duras penas de privação de liberdade.
É um Governo que joga pais contra filhos, como fez com a
Lei da Palmada. Agora é lei. Que retaguarda moral tem ou
teria a Sra. Xuxa Meneghel para patrocinar um projeto como
esse? Ou que moral tem o Estado, seja ele qual for, em
especial este, para dizer como um pai deve educar o seu
filho? É um Governo que joga ricos contra pobres, como se
os ricos fossem os vilões. Temos que lembrar apenas uma
coisa: se os ricos deixarem de produzir, os pobres deixam
de receber aquilo que o Governo lhes dá em forma de
esmola, o que é um crime. Agora, também joga nortistas
contra sulistas. É o Governo, realmente, da divisão e não da
união.
O meu eleitor é, em grande parte, formado por aqueles que
privam pela propriedade privada. A Emenda Constitucional
n.º 81 — é algo mais do que claro —, com o apoio do
Governo do PT, deu um golpe de misericórdia na
propriedade privada. Perde a propriedade não só aquele
que, porventura, pratique o trabalho escravo — o que todos
nós condenamos, é lógico —, mas também, já implícito na
emenda à Constituição, aqueles que pratiquem o trabalho
análogo à escravidão. Ou seja, se o quarto de uma
empregada doméstica, por acaso, tiver uma ventilação
inadequada, o proprietário desse apartamento ou dessa
casa pode, simplesmente, ter a sua propriedade
expropriada. O mesmo acontece no tocante a proprietários
rurais. Eles perdem todos os seus bens em suas fazendas,
em suas chácaras.
Deputado Marco Feliciano, eu tive um grande apoio de
evangélicos no Rio de Janeiro, um apoio silencioso, em
especial desses evangélicos que defendem a família, como
V.Exa. muito bem defende aqui.
Quem, porventura, vier a ter a curiosidade de ler o Plano
Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais —
PNPCDH-LGBT vai saber muito bem do que eu estou
falando. Não tenho nada contra — e o Feliciano também —
o homossexual, a lésbica, o transexual. Mas temos tudo
contra a distribuição desse material nas escolas do ensino
fundamental.
Deputado Feliciano, já vou dar um aparte a V.Exa., após a
leitura desses três itens aqui. Desses 180 itens, vou ler
apenas alguns. Um deles cria cota para professor
homossexual no ensino fundamental. Isso é um crime. Um
professor vai dar aula, agora, por ser homossexual, vai ser
escolhido por isso? Até não quero levar para a chacota,
mas qual seria o critério em um caso de empate duplo, triplo
e por aí afora?
O Governo prevê — é o projeto de Dilma Rousseff — a
distribuição de livros para bibliotecas escolares com a
temática Diversidade Sexual para o Público Infanto juvenil.
Vários homossexuais com quem eu conversei no Rio de
Janeiro são contra isso. Acham que esse tipo de matéria ou
disciplina não deve ser ministrada no ensino fundamental.
Diz outro capítulo, bastante claro: Desconstrução da
heteronormatividade. E os livros já propostos para o ano
que vem são bem claros no tocante a isso. Mostram que o
casal, homem e mulher, deve ser desconsiderado. O certo
são dois homens ou duas mulheres — ou o mais certo.
O último item entre os 180 diz o seguinte — Deputado
Feliciano, sobre esse eu gostaria que até V. Exa. falasse
alguma coisa —: Campanha nacional de sexo seguro para
adolescentes LGBT usando personagens adolescentes.
Deputado Feliciano, concedo aparte a V.Exa., por 1 minuto,
com muito prazer.
O Sr. Pastor Marco Feliciano - Muito obrigado, nobre
Deputado Jair Bolsonaro, a quem quero parabenizar pela
expressiva votação no Estado do Rio de Janeiro. A votação
de V.Exa. somada à minha dá quase 1 milhão de votos
neste nosso País. Nobre deputado, também quero
parabenizá-lo pela votação e eleição de seu filho, Flávio
Bolsonaro, pelo PSC — Partido Social Cristão, do Estado
de São Paulo. Ele agora chega para somar às nossas
fileiras, chamadas de fileiras dos conservadores. Nobre
deputado, na semana passada todos os jornais do Brasil
divulgaram que o Parlamento está mais conservador. E
fomos alfinetados por aqueles que são intelectuais, por
aqueles que pensam que nós trazemos algum tipo de
retrocesso, quando, na verdade, desde que eu era
criancinha minha mãe falava que tudo o que fica dentro de
uma conserva em óleo dura mais tempo e fica muito melhor.
Então, eu queria aqui dizer que tudo o que aconteceu no
ano passado, na luta pela Comissão de Diretos Humanos,
onde V.Exa. foi um grande soldado ao meu lado, mostrou
ao Brasil todo o que de fato eram direitos humanos.
Direitos, sim; privilégios, não. Nunca a Comissão de Diretos
Humanos atuou com tanta maestria nesta Casa em 20 anos
de existência. E V.Exa. foi testemunha dos trabalhos que
nós ali fizemos, de quantas pessoas nós ouvimos, que
durante 20 anos nessa Casa não foram ouvidas. Pois bem,
eu quero então aqui só parabenizá-lo. Eu acho que foi um
recado à Nação brasileira tudo o que aconteceu. Aqueles
que não gritaram a nosso favor, no ano passado, deram um
grito nas urnas. Juntando sua votação e a minha soma
quase 1 milhão de pessoas que votaram em nós: pessoas
conservadoras, votos de consciência, sem palhaçada e sem
apelo da mídia. Parabéns, Deputado Bolsonaro.
O SR. JAIR BOLSONARO - Obrigado pelo aparte.
Como prova disso tudo aqui, eu, há poucos dias, no
programa A Voz do Brasil, ouvi que o Governo anunciava
uma relação de pouco mais de 30livros para que os
professores pudessem, dentre eles, escolher alguns para
aplicar na sua escola. Eu fui atrás. Tenho quase metade
dos livros. Todos eles são voltados — no ensino
fundamental, repito — para homossexualismo e ideologia
de esquerda. O que é mais importante, Deputado Feliciano,
parece que não é aprender Física, Química, Matemática,
Português, Biologia, Geometria Descritiva, etc., mas
aprender a não ser homofóbico, aprender a ser de
Esquerda. Este é o caminho que o Brasil está tomando. E
parece que o Congresso está aceitando isso, porque não
conseguimos quórum para votar aqui um projeto de decreto
legislativo que torne sem efeito os efeitos do Decreto 8.243.
Agora, há uma coisa muito importante: numa das idas
minhas a São Paulo, eu tive contato com um garoto que
tinha acabado de prestar o serviço militar como Tenente
R/2. Realmente, o que ele me relatou — quero falar aqui, e
gostaria que a imprensa desse atenção especial a isso —
foi o seguinte:
Como nós militares — eu sou militar —temos a mania da
coisa certa, se eu for dormir na casa do Feliciano um dia,
pode ter certeza que eu vou arrumar a cama, pode ter
certeza disso. Se o Feliciano for dormir lá em casa, eu não
sei, mas talvez ele arrume, talvez. Mas comigo é certo.
Por quê? É uma mania que se tem de dizer que o militar
quer a coisa certa, coberta e alinhada. E, no início do ano
passado, numa leva de médicos cubanos que chegaram ao
Brasil, na última leva de 4 mil, mil ficaram em São Paulo. Ou
seja, o Governo fala que o PSDB é o Governo dos ricos,
mas deixou 25% dos médicos nesta leva exatamente para o
Estado mais rico do Brasil, para ajudar a fracassada
campanha do seu candidato em São Paulo.
Então, percebeu-se ali que uma cama amanhecia arrumada
todo dia. No resto, era um zaralho: homens e mulheres,
ditos médicos, cujas camas ficavam desarrumadas. Até que
o nosso recruta do Exército brasileiro... Se eu fosse
comandante, eu não mandaria arrumar, mas iriam lá,
arrumar essas camas.
Então, na verdade, o pessoal começou a ficar preocupado
com quem seria aquela pessoa. Resumindo, foi descoberto
que ele é um capitão do Exército Cubano. Então, um
capitão do Exército Cubano entre os Mais Médicos. Por isso
é que o PT não quer o Revalida. Até um
Revalida light levantaria todos esses militares que estão
infiltrados aqui junto ao Mais Médicos. Quem não conhece a
história... Esse pessoal, pelo poder, não tem limites.
Bem, foi feita uma Mensagem Direta de Inteligência — MDI,
que chegou aqui ao gabinete do Ministro Celso Amorim. E o
que ele fez com isso? Sentou-se em cima, não toca no
assunto. Ou seja, faz parte do projeto de governo do PT ter
o seu exército de cubanos infiltrados aqui dentro.
Fala-se, por exemplo, em Pinochet. Por que, no Chile,
morreram mais pessoas do que no Brasil? Porque lá, em
1973, quando o Pinochet assumiu o poder, havia mais de
30 mil cubanos prontos para assumir o poder, no Chile. Nós
estamos indo para o mesmo caminho aqui, e a sociedade e
o Parlamento não acordam para isso, continuam
acreditando no PT.
Sem dizer, Deputado Feliciano — V.Exa. que é pai; eu
também sou; e aqui há muitos; e há os que estão nos
ouvindo também —, que V.Exa. sabe o que é ficar longe de
um filho de 2 anos, de 3 anos, de 4 anos, de 5 anos de
idade, pelo prazo de um dia, dois dias, uma semana, um
mês, dois meses. Esses cubanos que estão aqui vão ficar
três anos afastados de sua família. É o trabalho escravo do
PT imposto a homens e mulheres, a pais e mães que têm
os seus filhos presos como reféns lá em Cuba. Que pese
até a questão do dinheiro. A cada 10 mil reais que o
Governo tem gastado com esse programa, 7 mil reais vão
diretamente para o bolso de Fidel Castro; mil reais, dizem,
vão para uma poupança deles. Mas se eles fizerem
qualquer coisa errada aqui, essa poupança simplesmente
será confiscada, e 2 mil reais ficam com o médico cubano
aqui. É um trabalho mais do que análogo à escravidão. É
um trabalho escravo. E esses cubanos estão aqui não para
atender o povo, até porque a capacidade de um médico, por
melhor que seja, brasileiro ou cubano, de salvar uma vida
num Município distante, como, por exemplo, Manacapuru,
no Amazonas, é exatamente a mesma, porque não têm
meios para trabalhar.
Então, esse é mais um crime que o Governo do PT vem
praticando. Eu espero que o Aécio Neves questione a Dilma
Rousseff sobre isso que eu tenho falado aqui, até para dar
uma esquentada nesse debate, e não ficarmos aqui em
coisas tão banais.
Outro assunto de que vejo a Dilma Rousseff falar muito,
batendo no peito, é o de que no Brasil o desemprego é
baixíssimo. Mentira! Nós temos a maior taxa de
desemprego do mundo! E eu tenho duas provas dos nove
para confirmar isso aí. O Governo do PT só considera
desempregado quem procura emprego. A própria Dilma
disse, no último debate, que o Bolsa Família atinge 14
milhões de famílias. Dessa vez, ela acertou a multiplicação.
Falou que 56 milhões de pessoas são cobertas pelo Bolsa
Família, e a condição número 1 para receber Bolsa Família
é não trabalhar. Ou seja, nós temos pouco mais de 25% do
povo brasileiro que não trabalha; somando-se aos 5% dos
que querem trabalhar e não encontram emprego, só aí
temos 30% de desempregados no Brasil. Somando-se
àqueles que não procuram emprego porque desistiram, nós
nos aproximamos de 40% de taxa de desemprego no País.
E quando a Dilma diz que a taxa é diminuta, em torno de
6%, qual é a prova que eu apresento para isso aí? Se
realmente fosse pequena essa taxa de desemprego, o
nosso PIB não seria próximo de zero.
Outra prova que eu apresento é a seguinte: em qualquer
local onde o desemprego é pequeno, o número de mortes
por mil habitantes também é pequeno, e nós temos um dos
maiores índices de mortes por 100 mil habitantes do mundo.
O fato é que os números são maquiados. Cada um que
perde o emprego aqui no Brasil, sendo humilde, vai para o
Bolsa Família e passa a ser considerado como empregado.
Eu entendo que a minha eleição foi importante, assim como
a do Deputado Feliciano, a do Eduardo e a de tantos outros
aqui, mas a eleição mais importante que nós teremos é a do
dia 26 de outubro.
Por isso, eu faço um apelo a quem bate no peito e diz que
vai anular o voto: se você vai anular o voto, é porque
realmente está indignado com toda a sujeira e com toda a
mentira que existem na política, mas você é que vai
reeleger Dilma Rousseff presidente da República com essa
sua atitude.
E detalhe: todos nós estamos no mesmo barco. Não
teremos mais eleições livres em nosso País. Teremos em
2018, sim, a homologação das candidaturas, em que o PT
escolhe o nome e corre para o abraço, nem faz mais
campanhas, porque a base de pessoas pobres que o PT
vem criando cresce cada vez mais. A única coisa que eu
elogio no PT é que ele realmente gosta de pobres. Quanto
mais pobre houver no Brasil, melhor para o PT.
O emprego é outro fator muito importante, Sr. Presidente.
Eu fui ao Vale do Ribeira, terra do Deputado Feliciano e
agora de Eduardo Bolsonaro. No Vale do Ribeira, tirando
Cajati, a economia da região vem basicamente da banana.
No entanto, no Diário Oficial da União de 21 de março deste
ano, na seção voltada ao Ministério da Agricultura, o
Governo, via instrução normativa, autorizou a importação de
banana diretamente do Equador para a CEAGESP.
É um prejuízo direto para 2 milhões de bananicultores no
Brasil.
Outra coisa: eu não entendo como essa banana pode viajar
em linha reta 4.300 quilômetros e chegar a São Paulo com
preço competitivo, já que, ali do lado, temos Eldorado
Paulista, Jacupiranga, Cajati, Registro, Sete Barras,
Iporanga, Pariquera-Açu, que são as grandes regiões
produtoras de banana de São Paulo.
Acreditem se quiser, mas o controle fitossanitário das
bananas importadas do Equador será feito pelo Equador.
Será que isso tudo está sendo feito só porque o Equador
faz parte do Foro de São Paulo? Sem contar as pragas que
virão do Equador para cá, como o moko da bananeira e a
siga toka negra.
Realmente, fica difícil acreditar em um País cuja Presidente
pensa tão pequeno, ao lado de pessoas também tão
pequenas quanto ela.
Em relação às questões ideológicas, cada vez que a
Presidente vai à ONU é um vexame: são pedidos de diálogo
com decapitadores; pedidos a Israel para que não reaja aos
ataques do Hamas; apoio do Governo brasileiro ao governo
da Bolívia, quando ele expropria uma das nossas refinarias
de petróleo, colaborando com o Paraguai para que
multiplique por três o que recebe de tarifa da energia
produzida por Itaipu, imiscuindo-se em assuntos internos de
outros países, sempre defendendo ditaduras e ditadores.
O apelo que eu faço, ao final deste meu pronunciamento, se
dirige àqueles que geralmente anulam os seus votos ou que
votam em branco ou nulo, ou se abstêm: compareçam às
urnas, porque, ou nós tiramos o PT agora, ou ele vai nos
tirar do Brasil.
Concedo um aparte ao Deputado Feliciano.
O Sr. Pastor Marco Feliciano - Nobre Deputado Jair
Bolsonaro, para que conste nas notas taquigráficas, quero
fazer uma correção. Eu errei o nome do seu filho. V.Exa.
tem tantos filhos, o Flávio é do Rio de Janeiro. O que foi
eleito pelo meu partido, em São Paulo, foi o Eduardo
Bolsonaro. Agora o Parlamento tem Bolsonaro elevado ao
quadrado, em dose dupla. Muito obrigado.
O SR. JAIR BOLSONARO - Ele é policial federal, já está na
Polícia Federal há5 anos. Realmente orgulha a minha
família. Todo pai quer que o filho seja melhor do que ele, se
bem que, para ser melhor do que eu, não é muito difícil. É o
que os meus colegas dizem aqui.
Eu levo na brincadeira, mas tenho certeza de que é um
garoto que será lapidado aqui dentro e orgulhará, assim
como V.Exa., deputado Feliciano, nosso querido Estado de
São Paulo. Na verdade, eu sou paulista. Sou nascido na
cidade de Glicério, perto de Birigui. Meu pai me registrou
em Campinas, e eu fui criado basicamente em Eldorado
Paulista. Morei em Jacupiranga, na cidade de Ribeira e em
Sete Barras também. Então, isso tudo faz parte da nossa
história.
Eu tenho uma foto com a minha família toda reunida. Entre
os seis filhos, só o meu irmão mais velho tinha tênis. O tênis
passava para os outros e, quando chegava ao terceiro, se
acabava. Era uma época em que não se tinha essa
demagogia toda que há hoje. Naquela época, o Estado
realmente ajudava os pais e a garotada com educação. Em
uma das áreas mais pobres do Estado de São Paulo, o Vale
do Ribeira e Eldorado Paulista, eu prestei concurso para a
Escola Preparatória de Cadetes do Exército e fui aprovado.
Logo depois, prestei concurso para a Academia Militar de
Agulhas Negras e fui aprovado.
Depois — eu ia falar aqui e acabei não tocando no assunto
— o que eu tive do jornal O Globo foi uma fotografia como
um grande criminoso que praticava crime ambiental na Baía
de Angra dos Reis. Do lado, está o Alberto Fraga, outro
criminoso, segundo o jornal O Globo.
Em 1982, Alberto Fraga cursou comigo a Escola de
Educação Física do Exército do Rio de Janeiro, onde eu o
conheci. Eu obtive o primeiro lugar, motivo de orgulho e de
muita honra para mim. Trinta e dois anos depois, eu vi
cruzarem a minha foto aqui com a do Fraga.
Sr. Presidente, para terminar, eu fui autuado nesse crime
ambiental por estar sentado em um barco de borracha com
motor de 40 HP, com uma varinha no fundo do barco. Eu fui
autuado às 11 horas do dia 6 de março. Às 15h14min, eu
registrei, no sistema eletrônico, a minha presença. Então, é
simplesmente impossível, em 4 horas e 14 minutos, vencer
2 quilômetros de mar, 200 quilômetros de asfalto da região
de Angra até à capital, pegar um avião, taxiar e fazer 1 hora
e 20 minutos de voo.
O cidadão do ICMBio que me multou é Secretário de Meio
Ambiente da Prefeita Maria Rabha, do PT de Angra dos
Reis. Eu acho que isso, por si só, já explica a perseguição
política. Com toda a certeza, V.Exa. sofre a mesma
perseguição aqui no jornal.
O Sr. Pastor Marco Feliciano - Esse jornal mente quando
diz que há processo. Na verdade, só há inquérito aberto. O
jornal O Globo é tendencioso.
O SR. JAIR BOLSONARO - Deputado Feliciano, eu não
reclamo do jornal em si. O jornal errou porque me
entrevistou por mais de 20 minutos e só disse que eu
respondo por crime ambiental — nada mais, além disso. Eu
me preocupo muito é com a morosidade da Justiça, pois já
era para esse caso ter sido resolvido há muito tempo. Sr.
Presidente, muito obrigado pelo tempo extra.
junho de 2018, por oito votos a dois, derrubar o voto impresso nas
eleições de 2018, para eventual conferência dos resultados da disputa. A
maioria concordou com ação da Procuradora-Geral da República, Raquel
Dodge, que apontou que a medida coloca em risco o sigilo do voto. Na
verdade, o que o STF derrubou foi o artigo da minirreforma eleitoral de
2015 (artigo 2.ª da lei 13.165/2015), que estabeleceu: "No processo de
votação eletrônica, a urna imprimirá o registro de cada voto, que será
depositado, de forma automática e sem contato manual do eleitor, em
local previamente lacrado". Ou seja, o STF inventou uma decisão apenas
para corroborar decisão já tomada pelo ministro Gilmar Mendes, então
presidente do TSE, que não queria o voto impresso e justificou a derrota
desta pretensão pela falta de verba para a compra e implantação do
sistema.
O dia 17 de abril de 2016 foi histórico para o Brasil, pois,
pela segunda vez, a Câmara dos Deputados dava autorização
ao Senado Federal para julgar um presidente da República e
cassar-lhe o mandato. Foram 367 votos a favor do
Impeachment, 137 contra, além de sete abstenções e duas
ausências. E o deputado Jair Bolsonaro, na hora de declarar
seu voto, disse, não se importando em criar mais uma polêmica
com a esquerda:
- Contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o
Foro de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto
Brilhante 57 - o pavor de Dilma Rousseff -, pelo exército de
Caxias, pelas Forças Armadas, o meu voto é SIM!
E claro, esta fala de Bolsonaro também repercutiu mal na
mídia em geral, que não poupou o deputado de críticas.
Ricardo Boechat, no Jornal da Band, que foi ar no dia 18 de
abril, afirmou:
Cada deputado tem direito à palavra e isto faz parte da
democracia e registre-se também a infinita capacidade do
deputado Bolsonaro, de atrair para si os holofotes, falando
barbaridades, sucessivamente. Algumas fazem sentido dentro de
uma determinada lógica ideológica, outras não fazem sentido
dentro de lógica alguma, por exemplo, como a de dedicar seu
voto à memória de um notório torturador. Torturadores não têm
ideologia. Torturadores não têm lado. Não são contra ou pró-
impeachment. Torturadores são apenas torturadores. É o tipo
humano no nível mais baixo que a natureza pode conceber.
São covardes, são assassinos e não mereceriam, em
momento algum, serem citados. Muito menos numa casa
Legislativa que carrega o apelido de Casa do Povo.
57
Carlos Alberto Brilhante Ustra foi um coronel do Exército Brasileiro, ex-
chefe do DOI-CODI do II Exército, um dos órgãos atuantes na repressão
política, durante o período da ditadura militar.
crescendo entre os que estão olhando a presidência em
2018. (...) O Sr. Bolsonaro, que muitas vezes é saudado
com aplausos estridentes nos lobbies do aeroporto e nas
manifestações de rua em torno do Brasil, colocou o quarto
lugar entre potenciais candidatos presidenciais em uma
pesquisa de opinião pública em abril pela Datafolha, uma
companhia de voto. (...) O Sr. Bolsonaro emergiu como o
candidato preferido entre os brasileiros mais ricos,
garantindo 23% do apoio entre aqueles com os maiores
rendimentos, disse Datafolha. Entre os brasileiros com
educação universitária, o Sr. Bolsonaro ficou com 15 por
cento de apoio.
59
Em outubro de 2016, o filho de Jair Bolsonaro, deputado
estadual Flávio Bolsonaro, estreou nas eleições majoritárias,
ficando em 4.º lugar na disputa pela Prefeitura do Rio de Janeiro,
com 424.307 votos (13,94%) e seu irmão, Carlos Bolsonaro, se
reelegeu para vereador da Capital fluminense, com 106.657 votos.
O site deu como exemplo, a candidata à vereança de
Fortaleza, de Edivânia Matias Goes, que usava na urna o
nome Debora Soft, alcunha usada desde os tempos em que
trabalhava como stripper na capital do Ceará.
Seu lema de campanha era “Vote com Prazer”, o
mesmo de 2004, quando foi eleita com 11.590 votos - a
oitava mais votada daquele pleito. “De várias maneiras, a
candidata do PSC (Partido Social Cristão) contraria a
imagem que a sigla defende em nível nacional”, afirmava o
Gospelprime.
Em função desses fatos, Bolsonaro fez a seguinte
declaração, em vídeo distribuído nas redes sociais:
Essa confusão toda comigo aqui no PSC, o meu partido
atual, começou exatamente porque o presidente do meu
partido foi no Maranhão, pessoalmente. Ele andava comigo
o Brasil todo, mas foi pessoalmente – não precisava ter me
avisado e não avisou - foi e negociou, sabe-se lá o diabo e
o capeta sabe o que, não sei o que o pastor Everaldo foi
negociar junto com o capeta lá com o Flávio Dino e apoiou o
PCdoB do Maranhão. Dá para entender? [faz gesto de o
pastor ser uma pessoa desmiolada]. PSC, Partido Social
Cristão, o “peixinho”, partido da família, o partido de direita.
É brincadeira, né? Eu confesso que havia feito um acordo
com ele de conduta. Pra mim, vale o fio do bigode. O erro
meu foi confiar na palavra dos outros. Nessa capetada, eu
sou obrigado a confiar, porque pra eu buscar algo na
política, eu tenho que ter um partido. Ele deu a palavra pra
mim: partido de direita, de família, pra respeitar o próximo...
E daí, na calada da noite, o cara vai pra São Luiz do
Maranhão e faz um acordo com Flávio Dino, do PCdoB, que
é o governador lá. Sacaneou gente que acreditava em mim
no Maranhão, sacaneou (...). Pastor Everaldo, que vexame!
Pode ter tudo no coração, mas Deus não tem.
61
O nióbio é um elemento químico usado como liga na produção de aços
especiais e um dos metais mais resistentes à corrosão e a temperaturas
extremas. Quando adicionado na proporção de gramas por tonelada de
aço, confere maior tenacidade e leveza. O nióbio é atualmente
empregado em automóveis, turbinas de avião, gasodutos, em tomógrafos
de ressonância magnética, na indústria aeroespacial, bélica e nuclear,
além de outras inúmeras aplicações como lentes óticas, lâmpadas de alta
intensidade, bens eletrônicos. (ALVARENGA, Darlan. G1. Economia.
Negócios. ‘Monopólio’ brasileiro do nióbio gera cobiça mundial,
controvérsia e mitos. São Paulo, 19 abr. 2017).
62A chamada “questão do nióbio” não é um assunto novo. Um dos seus
porta-vozes mais ilustres foi o deputado federal Enéas Carneiro, morto
em 2007, que alardeava que só a riqueza do mineral seria o suficiente
para lastrear toda a riqueza do país. O nióbio já chegou a ser relacionado
até com o mensalão, após o empresário Marcos Valério afirmar na CPI
dos Correios, em 2005, que o Banco Rural conversou com José Dirceu
sobre a exploração de uma mina de nióbio na Amazônia. (ALVARENGA,
Darlan. G1. Economia. Negócios. ‘Monopólio’ brasileiro do nióbio gera
cobiça mundial, controvérsia e mitos. São Paulo, 19 abr. 2017).
Alvarenga discorre mais sobre o Nióbio e sua
produção no Brasil e no mundo:
Viagem a Israel
64
No dia do atentado, Jair Bolsonaro não estava usando colete à prova
de bala. Ele já havia usado tal proteção em três oportunidades em que
visitou Presidente Prudente (SP), Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO).
Bolsonaro é carregado por seguranças depois de esfaqueado
Foto: Campanha
65
Quando o advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, um dos que
cuida do caso, afirmou à imprensa que “uma pessoa ligada à igreja das
Testemunhas de Jeová de Montes Claros” estava custeando a defesa,
aumentaram as especulações. Contudo, no domingo (9), Zanone mudou
o discurso, citando a igreja do Evangelho Quadrangular de Montes Claros
(MG) como responsável pelo pagamento. Lideranças das Testemunhas
de Jeová já haviam pedido que a equipe de advogados esclarecesse a
menção. A organização religiosa emitiu notas negando qualquer ligação
com Adélio, sua família ou sua defesa neste caso. Curiosamente, o
defensor não respondeu oficialmente à instituição. Aílton Pereira, do
departamento jurídico das Testemunhas de Jeová, afirma: “A própria
família diz que o Senhor Adélio é de outra religião. Deve ter sido um lapso
dele. Estamos tentando contato com o Senhor Zanone, mas ele não dá
retorno. Nós somos um povo pacato, que prega o amor ao próximo,
pessoas neutras em assuntos políticos [u] Só queríamos uma retratação
em público. Não queremos forçar”. A Igreja Quadrangular. Contudo, a
congregação nega qualquer envolvimento nos pagamentos. O pastor
Antônio Levy de Carvalho, superintendente da denominação em Montes
Claros, destaca: “A igreja do Evangelho Quadrangular não pagou
absolutamente nada de custas processuais dos advogados do senhor
Adélio”. Após os sucessivos desmentidos, Zanone deu uma terceira
A juíza considerou o atentado contra Jair Bolsonaro
um “delito grave, que revelou profundo desrespeito à vida
humana e ao estado democrático de direito." Ela manteve o
indiciamento de Adélio pela Lei de Segurança Nacional e
determinou que o mesmo fosse transferido par um presídio
federal, confirmando também a Justiça Federal como
competente para o caso.
A magistrada converteu a prisão em flagrante de
Adélio em prisão preventiva, ou seja, sem prazo
determinado para soltura.
Adélio foi levado para o Presídio Federal de Campo
Grande, Mato Grosso do Sul, no dia 8 de setembro, tendo o
mesmo ficado isolado dos demais presos, em uma cela de
cerca de 7 metros quadrados.
versão para quem está arcando com custas processuais: “Não sei se é
Testemunha de Jeová, se é Quadrangular. É uma pessoa física, de
alguma forma ligada à congregação, mas não integrante, que conhecia o
rapaz e queria ajudar”. Ele se nega a informar o nome do financiador da
defesa. Fonte: GospelPrime.
outubro, Adélio Bispo de Oliveira como autor do atentado
contra a vida de Jair Bolsonaro.
A tentativa de eliminação física do favorito na disputa pelo
primeiro turno, em esforço para suprimir a sua participação
no pleito e determinar o resultado das eleições mediante ato
de violência - e não, como dito, mediante o voto -, expôs a
grave e iminente perigo de lesão o regime democrático, diz
trecho da denúncia.
(...) Adélio Bispo Oliveira agiu, portanto, por inconformismo
político. Irresignado com a atuação parlamentar do
deputado federal, convertida em plataforma de campanha,
insubordinou-se ao ordenamento jurídico, mediante ato que
reconhece ser extremo. (...)
Muito obrigado.
Primeiro agradecer a Deus que, pelas mãos de homens e
mulheres da Santa Casa de Juiz de Fora bem como do
Albert Einstein de São Paulo, me deixaram vivos. Com toda
a certeza essa é uma missão de Deus. Estaremos prontos
para cumpri-la. Meu muito obrigado a todos do Brasil por
essa oportunidade. E, se me permitem eu gostaria de fazer
a leitura do meu discurso da vitória:
Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.
Nunca estive sozinho; sempre senti a presença de Deus e a
força do povo brasileiro. Orações de homens, mulheres,
crianças, famílias inteiras, que diante da ameaça de
seguirmos por um caminho que não é o que os brasileiros
desejam e merecem, colocaram o Brasil acima de tudo.
Faço de vocês minhas testemunhas de que esse governo
será um defensor da Constituição, da democracia e da
liberdade. Isso é uma promessa não de um partido, não é a
palavra vã de homem, é um juramento a Deus. A verdade
vai liberar esse grande país e vai nos transformar em uma
grande nação.
A verdade foi o farol que nos guiou até aqui e vai seguir
iluminando nosso caminho.
O que ocorreu hoje nas urnas não foi a vitória de um
partido, mas a celebração de um país pela liberdade.
O compromisso que assumimos com os brasileiros foi de
fazer um governo decente, comprometido exclusivamente
com o país e o nosso povo e eu garanto que assim o será.
Nosso governo será formado por pessoas que tenham o
mesmo propósito de cada um que me ouve nesse
momento, o propósito de transformar o Brasil em uma
grande, livre e próspera nação. Podem ter certeza de que
nós trabalharemos dia e noite para isso.
Liberdade é um princípio fundamental;
Liberdade de ir e vir, de andar nas ruas em todos os lugares
desse país;
Liberdade de empreender
Liberdade política e religiosa;
Liberdade de fazer, formar e ter opinião;
Liberdade de escolhas e ser respeitado por elas.
Este é um país de todos nós, brasileiros natos ou de
coração. Um Brasil de diversas opiniões, cores e
orientações.
Como defensor da liberdade, vou guiar um governo que
defenda, proteja os direitos do cidadão, que cumpre seus
deveres e respeita as leis. Elas são para todos, porque
assim será o nosso governo constitucional e democrático.
Acredito na capacidade do povo brasileiro que trabalha de
forma honesta, de que podemos juntos, governo e
sociedade, construir um futuro melhor.
Esse futuro de que falo e acredito passa por um governo
que crie condições para que todos cresçam. Isso significa
que o governo dará um passo atrás, reduzindo sua estrutura
e a burocracia, cortando desperdícios e privilégios para que
as pessoas possam dar muitos passos à frente.
Nosso governo vai quebrar paradigmas. Vamos confiar nas
pessoas. Vamos desburocratizar, simplificar,
desburocratizar e permitir que o cidadão, o empreendedor,
tenha menos dificuldades para criar e construir o seu futuro.
Vamos desamarrar o Brasil.
Outro paradigma que vamos quebrar: o governo respeitará
de verdade a federação, as pessoas vivem nos municípios,
portanto os recursos irão para os estados e municípios.
Colocaremos de pé a federação brasileira. Nesse sentido,
repetimos que precisamos de mais Brasil e menos Brasília.
Muito do que estamos fundando no presente trará
conquistas no futuro. As sementes serão lançadas e
regadas para que a prosperidade seja o desígnio dos
brasileiros do presente e do futuro.
Esse não será um governo de resposta apenas às
necessidades imediatas, as reformas que nos propomos
são para criar um novo futuro para os brasileiros. E quando
digo isso falo com uma mão voltada ao seringueiro no
coração da selva amazônica e a outra para o empreendedor
suando para criar e desenvolver sua empresa. Porque não
existem brasileiros do sul e do norte, somos todos um só
país, uma só nação, uma nação democrática.
O Estado democrático de direito tem como um dos seus
pilares o direito à propriedade. Reafirmamos aqui o respeito
e a defesa desse princípio constitucional e fundador das
principais nações democráticas do mundo.
Emprego, renda e equilíbrio fiscal é o nosso compromisso
para ficarmos mais próximos de oportunidades e trabalho
para todos. Quebraremos o ciclo vicioso do crescimento da
dívida, substituindo-o pelo ciclo virtuoso de menores
déficits, dívida decrescente e juros mais baixos. Isso
estimulará os investimentos, o crescimento e a consequente
geração de empregos. O déficit público primário precisa ser
eliminado o mais rápido possível e convertido em superávit,
esse é o nosso propósito.
Aos jovens, palavra do fundo do meu coração: vocês têm
vivido um período de incerteza e estagnação econômica,
vocês foram e estão sendo testados a provar sua
capacidade de resistir. Prometo que isso vai mudar, essa é
a nossa missão. Governaremos com os olhos nas futuras
gerações e não na próxima eleição.
Libertaremos o Brasil e o Itamaraty das relações
internacionais com viés ideológico, a que fomos submetidos
nos últimos anos. O Brasil deixará de estar apartado das
nações mais desenvolvidas, buscaremos relações bilaterais
com países que possam agregar valor econômico e
tecnológico aos produtos brasileiros. Recuperaremos o
respeito internacional pelo nosso amado Brasil.
Durante a nossa caminhada de quatro anos pelo Brasil,
uma frase se repetiu muitas vezes: ‘Bolsonaro, você é a
nossa esperança’. Cada abraço, cada aperto de mão, cada
palavra ou manifestação de estímulo que recebemos nessa
caminhada fortaleceram o nosso propósito de colocar o
Brasil no lugar que merece. Nesse projeto que construímos
cabem todos aqueles que têm o mesmo objetivo que o
nosso. Mesmo no momento mais difícil dessa caminhada,
quando, por obra de Deus e da equipe médica de Juiz de
Fora e do Albert Einstein, ganhei uma nossa certidão de
nascimento, não perdemos a convicção de que juntos
poderíamos chegar à vitória.
É com essa mesma convicção que afirmo: ofereceremos a
vocês um governo decente, que trabalhará verdadeiramente
por todos os brasileiros. Somos um grande país e agora
vamos juntos, transformar esse país em uma grande nação,
uma nação livre, democrática e próspera.
Brasil acima de tudo e Deus acima de todos.