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Lição nº

Sumário: O moderno conceito de contrato.

São várias as definições compiladas de contrato, mas em todas elas, o dado


sobrevalente reside no “acordo vinculante de declarações de vontade contrapostas,
mas ajustáveis entre si, visando a produção de determinados efeitos prático-
jurídicos, sob a sanção da oredem jurídica.”
Segundo Pedro Nunes de Carvalho, contrato é o acordo de manifestação de vontade
de conteúdo ou sentidos diferentes, mas convergentes, que visa a produção de efeitos
jurídicos.
O contrato é o acordo vinculativo, assente sobre duas ou mais declarações de vontade
(oferta ou proposta, de um lado; aceitação, do outro), contrapostas, mas perfeitamente
harmonizavéis entre si, que visam estabelecer uma composição unitária de interesses.

Em termos de enquadramento legal e para além da disciplina contemplada nos artigos


217.º e ss, aos contratos aplicam-se também os dispositivos genéricos contidos nos
artigos 405.º a 456.º e os artigos 874.º a 1250.º do Código Civil.

2 Forma que devem revestir os contratos

O contrato pode revestir a forma verbal ou escrita. A regra geral é a admissibilidade de


contratos verbais. Dado, porém, o valor probatório dos contratos escritos, aconselha-se a
redução de todos os contratos a escrito (de modo especial, quando eles revistam um
certo relevo económico), artigos 371.º e 373.º do C.C. A inobservância da forma
legalmente prescrita conduz à nulidade do negócio.

O contrato escrito pode ser celebrado por instrumento particular ou por instrumento
público. Por instrumento particular entende-se os documentos elaborados pelas partes
no âmbito da liberdade de regulamentação dos contratos e confirmados pelas partes
perante o notário, artigo 363.º nº 3 do C.C.
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Por instrumento público entende-se os documentos exarados pelo notário ou uma
autoridade pública no exercício das suas funções, nº 2 do artigo 363.º e 369.º do C.C

1) Aspectos a considerar quando se pretende celebrar um contrato

O que devemos ter em conta ao celebrarmos um contrato?

1º Verificar, se o contrato obedece às condições de validade imposta pela Lei


(requisitos de validade).

E aqui devemos separar (ter em atenção) os requisitos formais do contrato, a forma como
ele se manifesta, a forma externa do contrato, dos requisitos subjectivos do contrato.

Em regra, vigora o Princípio da liberdade de forma, artigo 219.º do CC, mas por vezes, é a
própria lei que exige, que o contrato de se exteriorizar de determinada forma, sob pena de
nulidade, artigo 220.º (inobeservância da forma legal).

Ex: a compra e venda de um bem imóvel, só será válida se for celebrada por escritura
pública (a forma legal será o documento: a escritura pública).

É necessário também ter em atenção o objecto do contrato, se é viável, determinável, nos


termos do artigo 280.º do CC (requisitos objectivos do contrato).

E ainda, saber, se as partes têm capacidade e legitimidade para contratar (requisitos


subjectivos de validade do contrato).

Quanto a capacidade para contratar, estão excluídos desde já os menores, artigo 123.º
do CC (excepção, artigo 13.º da LGT), os interditos, artigo 138.º do CC, os inabilitatos,
artigo 152.º do CC.

Quanto a legitimidade, que é a susceptibilidade de celebrar em concreto determinado


contrato, diferente da capacidade de exercício que é a susceptibilidade para celebrar
contratos.

Ex: Venda de bens alheios, artigo 892.º do CC; Venda de direito litigioso, artigo 876.º do
CC (procura garantir os interesses do vendedor, evitando que a pessoa que age por sua
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conta, ou o funcionário público por intermédio do qual os bens são vendidos (artigo 579.º
e 580.º) sejam tentados a sobrepor ao interesse do vendedor um interesse pessoal).

Na questão dos requisitos subjectivos, podemos falar ainda da existência da vontade, e


ausência de vícios, a reserva mental, as declarações não sérias, coacção física e
moral.Cumpridas estas condições há que saber como redigí-lo1.

Elementos típicos do contrato

1) Denominação: o contrato deve ter um nome, um assunto, e este deverá estar no


centro da folha em letras maísculas, na parte superior.

2) Nome e identificação das partes: o nome completo das partes, estado civil, se for
casado, o nome do cônjuge e o regime de bens do casamento, residência, número
do BI e data de emissão do mesmo. Se o outorgante for uma pessoa colectiva,
deverá conter a denominação da social, sede social, nº do registo comercial e de
contribuinte, os dados pessoais do representante da mesma, e a qualidade em que
outorga.

3) Cláusulas descritivas do negócio (cláusulas do contrato): o objecto do


contrato, duração, os direitos e deveres decorrentes da celebração do contrato,
prazos, preço, condições de pagamento, cláusulas de resolução do contrato, lugar
do cumprimento, resolução de lítigio, etc.

4) Local e data: a localidade e a data da assinatura do contrato.

5) Número de cópias: o contrato terá tantas cópias quanto o número de outorgantes


que cada um tenha uma delas ou uma via em sua posse. Há situações em que se
torna necessária para validação do mesmo, a entrega de uma das vias junto de
determinado organismo.

1
Dizemos redigir, porque estamos apenas a considerar os contratos escritos, que são objecto do
presente capítulo, descurando os contratos verbais.
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6) Assinaturas: o contrato deverá conter as assinaturas de todos outorgantes. A
aposição da assinatura dos intervenientes com poderes para o acto, é essencial,
artigo 371.º e 373.º do CC.

Tarefa

Redija um contrato.

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