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OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

(ainda cumulação de sujeitos)


1. CONCEITO – Art. 264 + 265: são aquelas em que existem vários credores (ativa), ou
vários devedores (passiva), ou ambos (mista), cada qual com direito, ou obrigado, à
dívida inteira, por força do contrato ou da lei.
2. RELAÇÕES EXTERNAS -
CR1 CR2 CR3

DV1 DV2 DV3

3. RELAÇÕES INTERNAS - CR1 CR2 CR3

DV1 DV2 DV3


4. Indivisibilidade está na prestação (fato), a solidariedade está no vínculo (jurídica).
Solidariedade
1. Requisitos:
1. Unidade de obrigação
2. Multiplicidade de CR e/ou de DV
3. Integralidade da obrigação

2. Fontes (265): Não se presume (conta corrente, copropriedade, parentesco)


1. Contratual
2. Legal: exemplos
149 (dolo representante) 154 (coação por terceiro) 518 (preterição preempção)

585 (+ de 1 comodatário) 680 (+ de 1 mandátário) 698 (cláusula del credere)

756 (transp.cumulativo) 829 (fiança conjunta) 867, § (+ de 1 gestor)

942 + 932 (ilícito + 1 agente) 990 (sociedade de fato) 1003 (cessão cotas sociais)

1460 (caução de título) 1644 (cônjuges div. Domest) 1986 (+ de 1 testamenteiro)

CDC 18/19 – vicio produto CDC 25 – fato produto 2º, 8245/91 - locação

CPC - 18, § 1º - litigância LUG - 47 - aval CDC – 87, 1º - ACP má fé

CTB – 8503/97 – 134 - STJ (contrato seguro)


SOLIDARIEDADE = MULTIPLICIDADE DE VÍNCULOS

Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e
condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.

1. Unicidade de obrigação e multiplicidade de vínculos.


2. A obrigação não será igual em relação e todos, podendo variar.
3. Cada cota solidária pode ter destino diferente das demais, sem prejuízo da solidariedade.
4. Ex.
1. Recuperação Judicial de Empresa ou declaração de falência (lei 11.101/05)
2. Defesas pessoais
3. Art. 278 e vários outros (veremos mais adiante).

BSJ
100.000 (15.05.2021)
DDP A1 A2

-60% com 20 anos para pagar.;..


SOLIDARIEDADE ATIVA
(vários CR – em desuso face ao risco)
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da
prestação por inteiro.
1. Nas relações externas, cada CR pode EXIGIR o todo (267).
2. Quando age, age em benefício de todos (um por todos e todos por um).
3. A interrupção da prescrição por um, aproveita aos outros (204, § 1º).
4. A suspensão da prescrição só aproveita se for indivisível (201).
5. As garantias concluídas por um CR, aproveita aos autos.
6. A constituição em mora por um, aproveita aos demais.
Solidariedade Ativa
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a
dívida até o montante do que foi pago.
1) Nas relações externas, cada um dos CR não só pode EXIGIR (267), como pode RECEBER e
EXTINGUIR o todo.
2) “Pagamento” está no sentido amplo, abrangendo o pagamento direto como também as formas
de pagamento indireto (compensação, confusão, remissão, novação, transação)...
3) A quitação recebida de um dos CR pode ser oposta a todos os demais, nos limites do pgto
efetuado. Pgto parcial = quitação parcial.
4) Não se exige caução de ratificação.
Solidariedade Ativa
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento
responderá aos outros pela parte que lhes caiba.
1) Nas relações externas, cada um dos CR não só pode EXIGIR (267), como pode RECEBER e
EXTINGUIR o todo (269)
2) Confirma o Código que um só dos CR pode perdoar o DV do todo. Pagamento no sentido lato
(incluindo pagamento indireto).
3) Aquele que liberou o DV do todo nas relações externas, responde aos outros pela parte que
lhes caiba nas relações internas.
4) Nas relações internas, PRESUME-SE que as partes são IGUAIS (concursus partes fiunt).
5) Mesmo o pagamento parcial recebido também deverá ser partilhado.
6) Não se exige caução de ratificação.
Solidariedade Ativa
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o
devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
1) Qqr credor pode exigir (267), receber e quitar o todo (269). O DV tem o direito de escolher a
qual deles quer pagar.
2) O escolhido não pode recusar receber, sob pena de incidir em mora.
3) Demanda = ação judicial. Só se considera demandado o devedor (=existente a demanda,
litispendência) depois da citação (CPC, 238 c/c 240). Texto pré-CPC.
4) Depois de citado, o DV só pode pagar para o CR que promoveu a ação judicial. O pagamento
feito a outro, após a citação, não libera o DV de ter que pagar de novo.
5) Se pagou antes de receber a citação, terá defesa e não terá que pagar de novo.
Solidariedade Ativa
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste,
para todos os efeitos, a solidariedade.
1) Impossibilitando-se a prestação solidária sem culpa do DV, extingue-se e voltam as partes ao
status quo ante (234, 238, 248 e 250).
2) Impossibilitando-se a prestação solidária por culpa do DV, responde o devedor pelo valor do
equivalente e pelas perdas e danos (234, 239, 247, 249 e 251).
3) Isso não altera a solidariedade (que não está no objeto, mas sim no vínculo).
4) Logo, cada um dos CR pode exigir, receber e quitar o todo do valor do equivalente e das perdas
e danos.
5) Também se estende aos acessórios (juros e cláusula penal).
Solidariedade Ativa
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir
e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível.
1) Saisine (1.784) – Espólio - administrador provisório (CPC, 613) – inventariante (CPC, 617).
2) Inventário (CPC, 610), Arrolamento judicial (CPC, art. 659) ou extrajudicial (lei 11.441/07);
Arrolamento Sumário (CPC, art. 664)
3) A partilha (divisão da herança pelos herdeiros), é o ato final do inventário.
4) Só após a homologação da partilha é que o Espólio (indivisível) deixa de existir e cada herdeiro
assume o seu quinhão hereditário (divisível).
5) Falecendo um dos CR solidários:
A) os outros não ficam impedidos de exigir e receber (o todo!);
B) O Espólio (representado pelo inventariante) é solidário e pode exigir e receber (o todo!)
C) O herdeiro nada pode exigir antes da partilha (só o espólio).
6) O disposto no 270 somente se aplica depois da partilha. Se a cota solidária:
A) foi dividida para mais de um herdeiro, cada um deles (isoladamente) não será CR solidário (pois dividida – 257), e por isso
só pode exigir o valor que coube na sua conta. (Se o objeto for inidível pode pedir o todo, mas terá que dar caução de
ratificação (259+260)).
B) foi dividida para mais de um herdeiro, e todos agirem em conjunto somando o integral da cota solidária, podem exigir
como um credor solidário.
C) Foi adjudicada integralmente a um só, ele é CR solidário (e pode agir como um CR solidário!)
Solidariedade Ativa
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos
outros.
1) Pressupõe que um só dos CR tenha acionado o DV.
2) As EXCEÇÕES (defesas) podem ser:
A) COMUNS (contra a dívida, diminuem a dívida); e,
B) PESSOAIS (contra o vínculo que acorrenta as partes à obrigação).
3) Confirma o princípio da inoponibilidade da exceções pessoais por terceiros (art. 105 e 177).
4) Os vários CRs não compartilham suas respectivas situações jurídicas
1) Suspensão prescrição (201)
2) Interrupção da prescrição cambial (71 da LUG)
3) Embriaguez do segurado
4) Má-fé de um beneficiário do seguro.
Solidariedade Ativa
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento
favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve.
1) Coisa julgada (502 do CPC): imutabilidade da decisão, não sendo atingida nem por lei nova.
A) Formal (no mesmo processo); e,
B) Material (em qualquer outro processo).
2) Limites objetivos (504, I, do CPC): comando sentencial (motivos ou fundamentos - 508)
3) Limites subjetivos (506 do CPC): inter alios acta (inter partes et pro et contra). As ações coletivas
admitem coisa julgada erga omnes (CDC, 103, I) e ultra partes (103, II) ou inter partes, secundum eventus litis e
secundum eventus probationem.
4) Se um só dos CR aciona é perde (improcedência), permanece a regra geral do 506 (não
prejudica).
5) Mas se ele aciona e ganha (procedência), se forma coisa julgada secundum eventus litis ultra
partes (em favor dos outros CR que não participaram do processo).
6) Só não se estende a coisa julgada se a decisão foi fundada em exceção pessoal do CR vitorioso
(que não pode ser agitada pelos outros – art. 273)

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