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INTENSIVO I
Flávio Tartuce
Direito Civil
Aula 13

ROTEIRO DE AULA

Teoria Geral das Obrigações (continuação)

5. Estudo das obrigações divisíveis e indivisíveis (CC, arts. 257 a 263)

5.2. Obrigações indivisíveis

São aquelas que não podem ser exigidas ou cumpridas em partes:


• Por sua natureza;
• Por motivo de ordem econômica; ou
• Dada a razão determinante do negócio jurídico (CC, art. 2581).

Exemplo: entrega de touro reprodutor.

Regras das obrigações indivisíveis:

➢ 1ª regra: Havendo pluralidade de devedores, cada um será obrigado pela dívida toda. O devedor que paga a dívida
sub-roga-se nos direitos do credor em relação aos demais devedores (CC, art. 2592).

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CC, art. 258: “A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de
divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.”
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CC, art. 259: Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida
toda.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.

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➢ 2ª regra: Havendo pluralidade de credores, cada um destes poderá exigir a dívida inteira. Porém, o devedor ou os
devedores se desobrigarão pagando (CC, art. 2603):
• I – A todos os credores conjuntamente.
• II – A um dos credores, dando este caução de ratificação dos outros credores (garantia).

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CC, art. 260: Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou
devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros
credores.”
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CC, art. 261: “Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir
dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total”.

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➢ 3ª regra: Se um só dos credores remitir (perdoar) a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros
credores; mas estes só poderão exigi-la descontada a quota do remitente (CC, art. 2625). A mesma regra aplica-se
aos casos de transação, novação, compensação ou confusão.

➢ 4ª regra: Perde a qualidade de indivisível, a obrigação que se resolver em perdas e danos. Passa a ser divisível
(diferente da solidariedade) (CC, art. 2636).

• Havendo culpa de todos os devedores, responderão em partes iguais.


• Se houver culpa de só um dos devedores, ficarão exonerados os outros, respondendo só o culpado por perdas e
danos.

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CC, art. 262: “Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a
poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de
transação, novação, compensação ou confusão.”
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CC, art. 263: “Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais.
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.”

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Enunciado n. 540, VI Jornada de Direito Civil: “Havendo perecimento do objeto da prestação indivisível por culpa de
apenas um dos devedores, todos respondem, de maneira divisível, pelo equivalente e só o culpado, pelas perdas e
danos”.

Tabela:
Obrigações indivisíveis Obrigações solidárias
Decorrem da natureza da prestação. Decorrem da lei ou da vontade das partes.
Origem objetiva. Origem subjetiva.
Se convertidas em perdas e danos, desaparece a Se convertidas em perdas e danos, a solidariedade
indivisibilidade (art. 263, CC) permanece (art. 271, CC7 e art. 279, CC8).

6. Adimplemento obrigacional. Teoria do pagamento (CC, arts. 304 a 388)


Conteúdo:
• Pagamento direito:
✓ Partes (Quem?).
✓ Objeto (O quê?).
✓ Lugar (Onde?).

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CC, art. 271: “Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.”
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CC, art. 279: “Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo
de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.”

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✓ Tempo (Quando?).

• Regras especiais e formas de pagamento indireto:


✓ Consignação.
✓ Imputação.
✓ Sub-rogação.
✓ Dação.
✓ Novação.
✓ Compensação.
✓ Confusão.
✓ Remissão.

6.1. Pagamento direto (ato jurídico “stricto sensu”)

a) Elementos subjetivos (partes)


a.1) “Solvens” ou quem deve pagar

O pagamento, em regra, deve ser feito pelo devedor ou por seu representante.
O pagamento também pode ser efetuado por um terceiro interessado ou não interessado na dívida.

Observação: o interesse é patrimonial e não afetivo ou de outra ordem.


Exemplo: pai que paga a dívida do filho, em regra, é terceiro não interessado.

Três regras quanto ao pagamento por terceiro:


1ª regra: terceiro interessado que paga a dívida sub-roga-se nos direitos do credor, hipótese de sub-rogação legal (CC,
art. 346, III9). Exemplo: fiador que paga a dívida do devedor principal.

2ª regra: terceiro não interessado que paga a dívida em seu próprio nome tem direito de reembolso, mas não se sub-
roga nos direitos do credor (CC, art. 30510).
Observação: o reembolso não atinge os acessórios, diferentemente da sub-rogação (CC, art. 34911).

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CC, art. 346, III: “A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: (...)
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.”
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CC, art. 305: “O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que
pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor. Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito
ao reembolso no vencimento.”

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3ª regra: terceiro não interessado que paga a dívida em nome e por conta do devedor faz ato de liberalidade (CC, art.
30412), não tendo qualquer direito.

a.2) “Accipiens” ou a quem se deve pagar

O pagamento, em regra, deve ser feito ao credor ou ao seu representante (com poderes especiais para receber e dar
quitação) (CC, art. 30813).

A lei também possibilita que o pagamento seja feito ao:


• Credor putativo (CC, art. 30914).
• Credor aparente (CC, art. 31115) (o portador da quitação).

Credor putativo = “putare” significa crer ou imaginar.

Exemplo 1: o locatário sempre pagava para a “Imobiliária X”. O locador rescindiu o contrato com a “Imobiliária X” e
contratou a “Imobiliária Y”, mas o locatário não foi avisado e continuou pagando para “X”. Tais pagamentos são eficazes
(boa-fé subjetiva).

Exemplo 2: é eficaz o pagamento de seguro DPVAT aos pais do falecido que se apresentam como únicos herdeiros,
apresentando os documentos exigidos em lei (REsp 1601533/MG).

RECURSO ESPECIAL. CIVIL. SEGURO DPVAT. INDENIZAÇÃO. CREDOR PUTATIVO. TEORIA DA APARÊNCIA. 1. Pela aplicação
da teoria da aparência, é válido o pagamento realizado de boa-fé a credor putativo. 2. Para que o erro no pagamento
seja escusável, é necessária a existência de elementos suficientes para induzir e convencer o devedor diligente de que o

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CC, art. 349: “A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em
relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.”
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CC, art. 304: “Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios
conducentes à exoneração do devedor.
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição
deste.”
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CC, art. 308: “O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois
de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.”
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CC, art. 309: “O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor”.
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CC, art. 311: “Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias
contrariarem a presunção daí resultante”.

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recebente é o verdadeiro credor. 3. É válido o pagamento de indenização do DPVAT aos pais do de cujus quando se
apresentam como únicos herdeiros mediante a entrega dos documentos exigidos pela lei que dispõe sobre seguro
obrigatório de danos pessoais, hipótese em que o pagamento aos credores putativos ocorreu de boa-fé. 4. Recurso
especial conhecido e provido. (REsp 1601533/MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 14/06/2016, DJe 16/06/2016).

Se o devedor não sabe a quem pagar (ou tem dúvidas), o melhor é consignar, sob pena de aplicação da máxima: “quem
paga mal, paga duas vezes” (CC, art. 31016: pagamento subjetivamente indevido).
✓ Observação: expressão “incapaz de quitar” (CC, art. 310) está em sentido amplo.
➢ STJ: trecho do AgInt no AREsp 1.210.049/SP:

“(...) Certo é que, em princípio, vale o pagamento feito ao representante do credor, assim considerado o preposto de
empresa, bem como o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo, conforme estabelecem os artigos 308 e 309 do
Código Civil. Entretanto, no caso dos autos, tem aplicação a regra do artigo 310 do Código Civil, segundo o qual não vale
o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele
efetivamente reverteu. A incapacidade prevista nesse dispositivo legal deve ser interpretada em sentido genérico
significando falta de autorização, ou mesmo incapacidade absoluta ou relativa daquele que recebeu (arts. 3º e 4º do CC)
(Manual de Direito Civil, Flávio Tartuce, Ed. Método, 2013, página 350)(...). (STJ - AgInt no AREsp 1.210.049, Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, publicado em 03/04/2018).

b) Objeto do pagamento e sua prova

Objeto do pagamento: prestação, que deve ser cumprida pelo devedor, conforme especificado pelas partes (princípio
da identidade física da obrigação).
• CC, art. 31317: o credor não pode ser obrigado a receber prestação diversa, ainda que mais valiosa.
• CC, art. 31418: mesmo se a obrigação for divisível, não cabe o fracionamento do cumprimento, em regra, se isso
não foi convencionado (CPC, art. 91619). Exceção: moratória legal (art. 916, CPC20).

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CC, art. 310: “Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em
benefício dele efetivamente reverteu”.
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CC, art. 313: “O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa”.
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CC, art. 314: “Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber,
nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou”.
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CPC, art. 916: “No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta
por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que

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Quanto ao pagamento, existem duas modalidades de dívidas:

b.1) Dívida em dinheiro: o valor é fixo, devendo ser paga em moeda nacional corrente (R$) pelo valor nominal (CC, art.
31521 – princípio do nominalismo).
(CC, art. 31822) - Em regra, são nulas as estipulações de pagamento em moeda estrangeira (obrigação valutária) ou em
ouro (cláusula ouro). Exceção: contratos internacionais (Decreto-Lei n. 857/69).
• O pagamento até pode ser cotado dessas formas, desde que conste o correspondente em reais (R$).

b.2) Dívida de valor: a quantia é atualizada no tempo (com correção monetária).


É exceção no sistema, pois deve estar prevista em lei ou ser estipulada pelas partes (contrato).
➢ É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas (CC, art. 31623: cláusula de escala móvel
ou escalonamento).
Exemplos: salário, aluguéis, alimentos, dívidas condominiais e financiamentos em geral.

Prova do pagamento: quitação regular (consubstanciada em documento = recibo). É um direito do devedor que paga
(CC, art. 31924).

➢ Requisitos da quitação (não são obrigatórios) (CC, art. 32025):

lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um
por cento ao mês”.
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CPC, art. 916, caput: “No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de
trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer
que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de
um por cento ao mês. (...).”
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CC, art. 315: “As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal,
salvo o disposto nos artigos subsequentes”.
22
CC, art. 318: “São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar
a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial”.
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CC, art. 316: “É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.”
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CC, art. 319: “O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja
dada”.
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CC, art. 320: “A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da
dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do

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• Partes.
• Objeto (dívida).
• Lugar.
• Tempo.
• Instrumento particular.

➢ Além da quitação expressa, a prova do pagamento pode decorrer de comportamentos que encerram presunções
relativas ou “iuris tantum” (quitação tácita).
Hipóteses:
• CC, art. 32226: pagamento em quotas periódicas (obrigação de trato sucessivo). A quitação da última parcela
gera presunção de pagamento das anteriores. O recibo pode afastar essa regra.
• CC, art. 32327: a quitação do capital (principal) gera presunção relativa de pagamento dos juros (acessórios).
• CC, art. 32428: a entrega do título da obrigação do credor ao devedor gera a presunção relativa de pagamento
direto (com prazo decadencial de 60 dias para impugnação).

Art. 324, CC Art. 386, CC29

Presunção de pagamento direto. Remissão = perdão.


Título de crédito. Instrumento particular.

✓ (CC, art. 386): se houver devolução de instrumento particular ao devedor, haverá remissão (perdão).

c) Lugar de pagamento

Classificação:

credor, ou do seu representante. Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação,
se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida”.
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CC, art. 322: “Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em
contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores”.
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CC, art. 323: “Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos”.
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CC, art. 324: “A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta do
pagamento”.
29
CC, art. 386: “A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do
devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir”.

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c.1) Obrigação quesível ou “quérable”: deve ser cumprida no domicílio do devedor (“in favor debitoris”) - ☺. É a regra
(CC, art. 32730).

c.2) Obrigação portável ou “portable”: deve ser cumprida no domicílio do credor ou de terceiro. É a exceção (deve
decorrer de lei ou contrato). “O devedor é quem se desloca”.

Atenção (CC, art. 327, parágrafo único31): havendo previsão (no contrato) de dois ou mais lugares para cumprimento,
caberá ao credor escolher entre eles. Esta é a única previsão, na teoria geral das obrigações, de escolha feita pelo credor

(“in favor creditoris”) - .

Mitigações do que foi convencionado quanto ao local de pagamento:


➢ CC, art. 32932: função social. Ocorrendo “motivo grave”, o pagamento pode ser efetuado em outro local, sem
prejuízo ao credor.
Exemplos de motivo grave: greve, enchente, ataque de grupo armado, manifestação e queda de ponte.

➢ CC, art. 33033: boa-fé objetiva. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor
relativamente ao previsto no contrato.
• “Supressio”: é perda de um direito ou de uma posição jurídica pelo seu não exercício no tempo (renúncia
tácita).
• “Surrectio”: é o surgimento de um direito por práticas, usos e costumes.

d) Tempo de pagamento

Classificação:
d.1) Obrigação instantânea ou de execução imediata: deve ser cumprida imediatamente (regra: CC, art. 33134).
Exemplo: pagamento à vista.

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CC, art. 327: “Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente,
ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias”.
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CC, art. 327, parágrafo único: “Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles”.
32
CC, art. 329: “Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor
fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor”.
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CC, art. 330: “O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao
previsto no contrato”.
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CC, art. 331: “Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor
exigi-lo imediatamente”.

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d.2) Obrigação de execução diferida: o cumprimento ocorre de uma vez só no futuro. Exemplo: pagamento com cheque
pós-datado.

d.3) Obrigação de execução continuada (trato sucessivo): o cumprimento é por quotas periódicas. Exemplos: salário,
aluguéis, alimentos, financiamentos em geral e dívidas condominiais.

✓ Observação: é possível que “d.2” e “d.3” se transformem em “d.1” pelo chamado “vencimento antecipado da
obrigação” (CC, art. 33335).

Vencimento antecipado (rol exemplificativo - CC, art. 333):


• I - Falência do credor ou concurso de credores (morte - inventário).
• II - Se os bens hipotecados ou empenhados (penhor) forem penhorados em execução proposta por outro
credor.
• III - Cessação ou desaparecimento de garantia pessoal ou real, não havendo reforço. Exemplo: fiador morreu.

Observações:
✓ É possível haver também, por convenção, o vencimento antecipado por inadimplemento
✓ CC, art. 333, § único: o vencimento antecipado não atinge devedores solidários.

6.2. Regras especiais de pagamento e formas de pagamento indireto

• Regras especiais de pagamento: atos unilaterais:


✓ Consignação.
✓ Imputação.
✓ Sub-rogação legal.

• Formas de pagamento indireto: atos bilaterais:

✓ Sub-rogação convencional.
✓ Dação em pagamento.

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CC, art. 333: “Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou
marcado neste Código: I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; II - se os bens, hipotecados ou
empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as
garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. Parágrafo único. Nos casos
deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores
solventes”.

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✓ Novação.
✓ Compensação.
✓ Confusão.
✓ Remissão.

a) Pagamento em consignação (CC, arts. 334 a 345)

Trata-se do depósito judicial ou extrajudicial realizado pelo devedor ou por terceiro, com o intuito de afastar os efeitos
da mora ou do inadimplemento absoluto.

✓ Observação - É instituto misto ou híbrido: direito material e processual (CPC, arts. 539 e seguintes – depósito
extrajudicial: banco36).

CC, art. 33537: hipóteses em que cabe a consignação (rol exemplificativo):

• Incisos I, II e III: mora “accipiendi” ou no recebimento.

• Inciso IV: dúvida subjetiva ativa: o devedor não sabe a quem pagar.

• Inciso V: pendência de litígio sobre o objeto do pagamento.


Exemplo: duas pessoas disputam o imóvel locado.

Para que a consignação tenha força de pagamento, devem ser observadas as mesmas regras do pagamento direto:
36
CPC, art. 539: “Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a
consignação da quantia ou da coisa devida. § 1º: Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado
em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta
com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. § 2º: Decorrido o prazo do
§ 1º, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado
da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada. § 3º: Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao
estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial
com a prova do depósito e da recusa. § 4º: Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o depósito, podendo
levantá-lo o depositante”.
37
CC, art. 335: “A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento,
ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos; III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de
acesso perigoso ou difícil; IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V - se
pender litígio sobre o objeto do pagamento”.

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• Partes.
• Objeto.
• Lugar. CC, arts. 33638 e 33739.
• Tempo.
• Modo.

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CC, art. 336: “Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao
objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento”.
39
CC, art. 337: “O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os
juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente”.

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