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INTENSIVO I
Flávio Tartuce
Direito Civil
Aula 12
ROTEIRO DE AULA
• Com culpa do devedor: resolução com perdas e danos (CC, arts. 2543 e 2554). A resolução é influenciada pela
pessoa a quem cabia a escolha:
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CC, art. 253: “Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o
débito quanto à outra”.
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CC, art. 256: “Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação”.
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✓ Se a escolha não é do credor: o valor da última prestação que se impossibilitou mais perdas e danos.
✓ Se a escolha é do credor: qualquer das prestações mais perdas e danos.
Observação 1: Não confundir obrigação de dar coisa incerta com obrigação alternativa:
Obrigação de dar coisa incerta Obrigação alternativa
Obrigação simples. Obrigação composta (mais de uma prestação).
Dar. Dar, fazer ou não fazer.
Mesmo gênero. Gêneros distintos.
Em comum: nos dois casos, há necessidade de uma escolha, que será feita pelo devedor (em regra) - ☺.
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CC, art. 254: “Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a
escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso
determinar”.
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CC, art. 255: “Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o
credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor,
ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da
indenização por perdas e danos”.
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CC, art. 264: “Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor,
cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda”.
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• Concorre mais de um devedor = solidariedade passiva - cada um obrigado pela dívida toda.
Todos os credores ou devedores são tratados como se fossem um só (“in solidum”).
CC, art. 2656: solidariedade não se presume, decorre da lei (solidariedade legal) ou da vontade das partes (solidariedade
convencional).
Atenção: a regra do art. 265 é aplicada à responsabilidade civil contratual. No âmbito da responsabilidade civil
extracontratual, aplica-se o regime do artigo 942 do Código Civil7.
Vejamos:
➢ A) Solidariedade ativa (entre credores):
• Legal – exemplo: locadores (Lei n. 8.245/91, art. 2º8).
• Convencional – exemplo: contrato bancário, celebrado com dois bancos credores solidários.
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CC, art. 265: “A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes”.
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CC, art. 942: “Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano
causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932”.
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Lei n. 8.245/91, art. 2º: “Havendo mais de um locador ou mais de um locatário, entende-se que são solidários se o
contrário não se estipulou”.
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CC, art. 585: “Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente
responsáveis para com o comodante”.
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CC, art. 827: “O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam
primeiro executados os bens do devedor.
Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo, deve nomear bens do devedor,
sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para solver o débito”.
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CC, art. 828: “Não aproveita este benefício ao fiador: I - se ele o renunciou expressamente; II - se se obrigou como
principal pagador, ou devedor solidário; III - se o devedor for insolvente, ou falido”.
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4.2. Regras quanto à solidariedade ativa (credores) (art. 267 a 274, CC)
➢ 1ª regra: Na solidariedade ativa, cada um dos credores poderá exigir a prestação por inteiro. Enquanto alguns dos
credores não demandar o devedor comum, a qualquer um dos credores poderá o devedor pagar (CC, art. 267 e
26812).
Observações:
• Antes da demanda, o devedor pode pagar para quem quiser e como quiser.
• Na solidariedade ativa, existem duas relações:
✓ Relação externa: credores e devedor (una ou não fracionável).
✓ Relação interna: entre credores (fracionável).
➢ 2ª regra: O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago (CC, art.
26913).
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CC, arts. 267 e 268: “Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da
prestação por inteiro. Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a
qualquer daqueles poderá este pagar.”
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CC, art. 269: “O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.”
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➢ 3ª regra: Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes tem direito de exigir e receber a
quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível (CC, art. 270).
➢ 4ª regra: Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade (CC, art.
271).
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➢ 5ª regra: Explica a relação interna (entre credores). O credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o
pagamento responderá aos outros pelas partes que lhes caibam (CC, art. 272).
➢ 6ª regra: A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis contra os outros
(CC, art. 273).
Observação: exceções pessoais são defesas existentes somente contra determinadas pessoas. Exemplos: alegação de
incapacidade ou de vícios do consentimento.
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➢ 7ª regra: O julgamento contrário a um dos credores solidários não prejudica os demais; o julgamento favorável a um
dos credores aproveita aos demais. Entretanto, nos dois casos, o devedor pode opor exceção pessoal contra
qualquer um deles (CC, art. 27414, alterado pelo CPC/2015).
4.3. Regras quanto à solidariedade passiva (CC, arts. 275 a 285) (devedores)
➢ 1ª regra: O credor tem direito de exigir e de receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a
dívida comum. Se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente
pelo resto da dívida. Não implica em renúncia à solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou
alguns dos devedores (CC, art. 27515).
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CC, art. 274: “O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável
aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles.”
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CC, art. 275: “O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a
dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo
resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos
devedores.”
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Enunciado n. 348 – IV Jornada de Direito Civil: “O pagamento parcial não implica, por si só, renúncia à solidariedade, a
qual deve derivar dos termos expressos da quitação ou, inequivocamente, das circunstâncias do recebimento da
prestação pelo credor”.
➢ 2ª regra: Renúncia à solidariedade ou exoneração da solidariedade: permanece a solidariedade dos demais (CC, art.
282):
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Enunciado n. 349 da IV Jornada de Direito Civil: “Com a renúncia à solidariedade quanto a apenas um dos devedores
solidários, o credor só poderá cobrar do beneficiado a sua quota na dívida, permanecendo a solidariedade quanto aos
demais devedores, abatida do débito a parte correspondente aos beneficiados pela renúncia.”
Observação:
Não confundir a renúncia à solidariedade com a remissão (perdão). Nesta, o beneficiado fica totalmente liberado (CC,
art. 388 16e Enunciado n. 350– IV Jornada de Direito Civil17):
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CC, art. 388: “A remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo
que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte
remitida.”
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Enunciado n. 350, IV JDC: A renúncia à solidariedade diferencia-se da remissão, em que o devedor fica inteiramente
liberado do vínculo obrigacional, inclusive no que tange ao rateio da quota do eventual co-devedor insolvente, nos
termos do art. 284.
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➢ 3ª regra: Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes será obrigado a pagar a quota
que corresponder ao seu quinhão hereditário (até os limites da herança).
Duas exceções constam no art. 276 do Código Civil18:
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CC, art. 276: “Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão
a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão
considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.”
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➢ 4ª regra: O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida aproveitam aos outros
devedores até a quantia paga ou perdoada (CC, art. 277).
➢ 5ª regra: Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo
de pagar o equivalente à prestação; mas pelas perdas e danos só responde o culpado (CC, art. 279).
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➢ 7ª regra:
Relação interna: O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito de exigir dos demais as suas quotas,
havendo presunção relativa de divisão igualitária (CC, art. 28320).
Porém, se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este devedor por toda a
dívida para com aquele que pagar (CC, art. 28521).
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CC, art. 281: “O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos;
não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor.”
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CC, art. 283: “O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua
quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de
todos os co-devedores.”
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CC, art. 285: “ Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para
com aquele que pagar.”
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Estas obrigações somente interessam se houver mais de um credor e/ou mais de um devedor (obrigações compostas
subjetivas = ponto em comum com as obrigações solidárias).
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CC, art. 257: “Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida
em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.”
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