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FONTES DAS OBRIGAÇÕES

Fonte – facto jurídico de onde nasce o vínculo

A fonte tem uma importância especial na vida da obrigação por virtude da atipicidade da
relação creditória. – A obrigação tem um conteúdo variável consoante a fonte de onde
procede.
FONTES
Contratos – acordo vinculativo, assente sobre duas ou mais declarações de
vontade (oferta ou proposta de um lado e aceitação do outro), contrapostas mais
perfeitamente harmonizáveis entre si, que visam estabelecer uma composição unitária de
interesses.
Negócios unilaterais – declaração de uma parte obrigando-a, sem necessidade de
aceitação do credor – art. 457.º - 459.º e seguintes, Promessas públicas – Ex. –
Recompensa.
Gestão de negócios – intervenção, não autorizada das pessoas na direcção de
negócio alheio, feitas no interesse e por conta do referido dono. EX. Vizinho contrata
empreiteiro para fazer obra em casa alheia por ser urgente e pelo facto de o dono estar
ausente. – ⃰direcção de negócio alheio ⃰ no interesse e por conta do dono⃰ sem autorização
deste.
Enriquecimento sem causa – art. 473.º aquele que, sem causa justificativa
enriquecer à custa de outrem – EX: A pensa que móveis antigos são seus e manda-os
restaurar.
Responsabilidade Civil – contratual (falta de cumprimento das obrigações
emergente dos contratos); extracontratual (resultante da violação dos direitos absolutos
ou da prática de certos actos que, embora lícitos, causem prejuízo a outrem).
Responsabilidade por factos ilícitos – art. 483.º
Responsabilidade pelo risco-sem culpa
Responsabilidade por factos lícitos danosos – exemplo estado de necessidade... Apanha
de fruta em terreno alheio – expropriações.
Fora desta sistematização ficam apenas, além das obrigações não autónoma, cuja fonte se
situa noutros lugares do código civil, alguns casos dispersos de responsabilidade por
factos lícitos (1348.º nº 2 e 1349º nº 3) e a obrigação de indemnizar (227.º) baseada em
conduta culposa na preparação ou formação dos contratos (responsabilidade pré-
contratual).
1 – CONTRATOS

Noção de contrato – acordo vinculativo, assente sobre duas ou mais declarações de


vontade (oferta ou proposta de um lado e aceitação do outro), contrapostas mais
perfeitamente harmonizáveis entre si, que visam estabelecer uma composição unitária de
interesses.
Enquanto para os romanos, a designação contrato englobava todos os actos voluntários
geradores de uma obrigação, quer se tratasse de um acto bilateral, quer unilateral, a
doutrina e legislação modernas consideram essencial ao contrato o acordo bilateral. Mas
se os romanos limitavam o contrato a actos destinados a constituir uma obrigação, hoje
vai-se mais longe – considera-se contrato o casamento, (não em Angola embora caiba na
designação apresentada), o pacto sucessório, incluindo-se claramente a transmissão de
direitos e constituição de outras relações sejam pessoais, mortis causa. Assim o contrato
pode ser hoje, não só fonte de obrigações, mas de direitos reais, famíliares, sucessórios.
Análise Jurídico do Contrato
1-O contrato é essencialmente um acordo vinculativo de vontades opostas, mas
harmonizáveis entre si.
O seu elemento fundamental é mútuo consenso... se houver dissenso não há contrato, o
contrato não chega a formar-se – Ex: - A diz que quer comprar apartamento do 10º andar
e B vender o do 1º e A diz que paga 10.000 e B quer 20.000.
Para que haja contrato, em obediência à livre determinação das partes que está na base do
conceito, torna-se indispensável o acordo de vontades, resultante do encontro da proposta
de um com aceitação do outro, cubra TODOS os pontos da negociação. Ver o artigo 232.º
e 233.º do Cod.Civil.
2- É essencial que as partes queiram um acordo vinculativo, um pacto colocado sob a
alçada do direito. Não basta para que haja contrato um simples acordo amigável, de
cortesia, de camaradagem ou de obsequiosidade – Ex. O passageiro promete acordar outro
em certa estação, ou o gentlemen`s agreement. Nem basta que as partes
estejam de acordo com as cláusulas (preparação do contrato) – é preciso pô-lo de pé, a
valer.
Nota – escrever nesses acordos que não vinculam – afastar interpretações erradas.
3- As vontades que integram o acordo contratual, embora concordantes ou ajustáveis entre
si, têm de ser opostas, animadas de sinal contrário. Um quer a coisa, o outro o dinheiro.
Diferente do acordo – vontades de sentido paralelo Ex. Pessoas que se reúnem para formar
uma associação ou escolha dos apelidos pelos pais.
Diferente de uma deliberação – sufrágio – enquanto o contrato só vincula quem o aceitou,
a deliberação pode impor-se a quem votou contra ela.
Relações contratuais de facto – será necessário o acordo de declarações de vontade para
se falar de contrato? O que dizer destas relações contratuais de facto, nascidas não de um
negócio jurídico, mas assente em puras actuações de facto.
A) Relações nascidas pelo contrato social entre as pessoas, antes da celebração ou até
independentemente da celebração de qualquer negócio jurídico – Casos de culpa in
contrahendo, na preparação e formação de contratos.
B) Relações jurídicas provenientes de contratos ineficazes – a destruição do acordo não
impede aplicação de normas válidas (ex. Prestação continuada ou periódica).
C) Casos em que as relações entre as partes assentam sobre actos matérias reveladores da
vontade de negociar, mas que não se encaixam nos modelos tradicionais do mútuo
consenso – utilização de transportes públicos, cabine públicas de telefone, parques de
estacionamento – não há nenhuma declaração de vontade do utente e toda via não se
duvida da subordinação da situação criada pelo seu comportamento ao regime jurídico da
relação contratuais – as pessoas limitam-se a praticar um facto, que é a forma típica de
utilização de serviço.
CRITICA – não é necessário recorrer a uma figura diferente
No caso A) basta ver que a boa-fé se estende ao período de preparação do contrato – 227.º
do Cod. Civil
No caso B) basta ver que ao conceito naturalístico da nulidade se sobrepõe os normativos
da nulidade, anulabilidade inoponibilidade
No caso C) bastaria ver o art. 234.º do Código Civil (ler e saber) – casos em que a lei tem
o contrato por concluído sem declaração de aceitação, embora se não prescinda da
vontade de aceitação - ao entrar no parque, eu aceito a oferta contratual embora não
emitindo uma declaração. Outros exemplos – comprar o bilhete, fazer reserva em hotel.
Etc...
A disciplina legislativa dos contratos
Quanto à lei civil vigente, a maior parte do regime comum aos diferentes contratos
(formação, capacidade dos contraentes, forma de declaração, perfeição do acordo,
cláusulas assessoriais) é fixada na parte geral do código – 217º e seguintes.
As obrigações interessam os efeitos do contrato como fonte de obrigações:
a) Contratos em especial (típicos ou nominado) art. 874.º a 1250.º
b) Teoria geral do contrato – (art. 405º a 456º) – regras aplicáveis aos contratos sejam
regulados na lei ou os acordados pelas partes
Princípios fundamentais dos contratos
A – princípio da autonomia privada – nos contratos – Liberdade contratual
O princípio da autonomia privada é mais dilatado pois compreende a liberdade de
associação (constituição pessoas colectivas) liberdade de tomar deliberação nos órgãos
colegiais, a liberdade de celebrar acordos, de praticar a numerosos actos unilaterais –
passar procuração, parfilhar, anular, revogar, resolver ou denunciar negócios jurídicos.
Uma coisa é pois a faculdade reconhecida aos particulares de fixarem livremente a
disciplina vinculativa dos seus interesses.
Outra (embora relacionada) é o poder reconhecido ás pessoas de estabelecerem, de
comum acordo, as cláusulas reguladores dos interesses contrapostos, que mais
convenham à sua vontade comum.
B – Princípio da Confiança
Os contraentes devem responder pelas espectativas que justificadamente criam, com a sua
declaração, no espírito da contraparte. 406.º...230.º
C – O princípio da justiça comutativa (ou equivalência das prestações)
Nos contratos, a título oneroso, à prestação de cada um dos contraentes deve corresponder
uma prestação de valor sensivelmente equivalente da parte do outro contraente.
Daí o art. 282.º (anulação ou modificação de negócios usurários)
Daí o art. 812.º (redução oficiosa da cláusula penal excessiva)
Daí o art. 913.º (redução de preços de coisa defeituosas)
Daí o art. 437.º (resolução ou modificação do contrato por alteração anormal das
circunstâncias).
O princípio básico da Liberdade contratual – 405.º Cod. Civil
A faculdade que as partes têm, dentro dos limites da lei de fixar de acordo com a sua
vontade, o conteúdo dos contratos que realizam celebrar contrato diferente dos prescritos
no código ou incluir nestes as cláusulas que lhes as aprouver.
É pois o corolário da autonomia privada.
Antes da liberdade de fixar o conteúdo dos contratos esta implícita á liberdade de
contratar – a liberdade de as pessoas criarem acordos que regulam os interesses
recíprocos. E ao lado desta está a liberdade de escolha do outro contraente (caso ela
também esteja disposto a negociar connosco).
E esta liberdade deve respeitar apenas os limites da lei – moral pública, bons costumes,
certos tipos contratuais (Ex. Sociedades comerciais).
Liberdade de contratar e suas limitações
Duas ideias:
a) Liberdade – faculdade dos indivíduos formularem sem limitações as suas propostas e
decidirem sem nenhuma espécie de coacção externa sobre a adesão as propostas que os
outros lhe apresentem. Liberdade na escolha da pessoa e na decisão de contratar - 230.º,
246.º e 256.º do Cod. Civil.
b) Liberdade para a criação de um contrato – instrumento jurídico vinculativo com força
obrigatória. Um pacto que depois de concluído sem constrangimentos nega a cada uma
das partes a possibilidade de se afastar (unilateralmente) dele.
Ou seja, ao interesse na livre ordenação de interesses recíprocos sucede a necessidade de
protecção da confiança na validade do pacto formado.
Esta vinculação recíproca não viola o princípio da autonomia privada, na medida em que
assenta sobre auto-derminação de cada um dos contraentes.
Há pós uma livre criação de acto vinculativo – assim se deve entender a liberdade de
contratar.
LIMITAÇÕES À LIBERDADE DE CONTRATAR:
a) Dever de contratar
A.1- Resultante de convenção entre as partes Ex. Contrato promessa- os promitentes
passam a ter o dever de contratar sob pena de a contra parte poder exigir judicialmente o
cumprimento da promessa ou a indeminização pelo dano proveniente da sua violação.
Resultante da lei Ex: seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel.
A.2- Dever de contratar relativo a serviços públicos Ex: empresas concessionárias de
água, luz, transportes, telecomunicação.
A.3- Profissão de exercício condicionado – Ex. Médicos em caso de urgência, até certo
ponto advogado.
A.4 Venda de bens essenciais á vida das pessoais- Ex. Situações de monopólio muitas
vezes reguladas na lei.
b) Proibição de contratar com certas pessoas – 579.º e 876.º secção a venda de direitos e
coisas litigiosas; 877.º venda por pais a filhos ou avôs a netos sem consentimentos dos
outros filhos ou netos; doações com indisponibilidades relativas.
c) Renovação ou transmissão do contrato imposta a um dos contraentes
Ex. Renovação do contrato pelo arrendatário, sujeitando-se o senhorio a ela ou
transmissão da sua posição (divorcio ou morte).
d) Necessidade do consentimento, sentimento ou aprovação ou aprovação de outrem. –
Ex. Autorização do cônjuge para vender, autorização do tribunal para certos actos de
representantes legais de incapazes
DEFESA DO CONSUMIDOR
Reação ético-social contra liberdade de contratar destinada:
- A defender as pessoas mais expostas aos inconvenientes de coisas como jogo, drogas.
- A proteger o mais ignorante ou débil economicamente.
LIMITAÇÕES A LIBERDADE DE ESCOLHA DO OUTRO CONTRAENTE
Depois de se decidir contratar a pessoa goza ainda faculdade de escolher a pessoa com
quem vai fazer o contrato. Também aqui há limitações:
- Por vontade das partes Ex. Pactos de preferência
-Por imposição legal - direitos legais de preferência (em regra tem eficácia real).
LIVRE FIXAÇÃO DO CONTEÚDO DOS CONTRATOS – LIMITAÇÕES
Além da liberdade de contratar a liberdade da escolha do contraente reconhece-se aos
contraentes a faculdade de fixarem livremente os conteúdos dos contratos.
- Celebrar os contratos típicos ou nominados previstos na lei
-Aditar a essas cláusulas especiais convenientes.
-Celebrar contratos distintos dos que a lei prevê e regula
LIMITAÇÕES
A) – Ofensa dos bons costumes, a ordem pública, negócios usurários (280º e seguintes).
B) - O objectivo do contrato tem de ser um interesse do credor digno de protecção legal.
398.º n.º 2
C) - Normas que proíbem a celebração de contratos de certo conteúdo – 809.º e 800.º nº
2 – limitação ou exclusão da responsabilidade; proibição de doação de coisas futuras
(942.º).
D) - Contratos normativos e contratos colectivos. (Ex. Convenções colectivas de
trabalho) – padrão que os contraentes são obrigados a observar.
E) - Normas imperativas – gerais – 762.º n.º 2 – boa fé e especiais – limites e resolução
(Ex. Lei do Arrendamento Urbano) fixação de prazos.
F) Contratos de adesão – contrato em que um dos contraente não tendo a menor
participação na preparação e redacção da respectivas cláusulas, se limita a aceitar o texto
que o outro contraente oferece, em massa, ao público interessado – (Ex. Contrato de
seguro e bancário) – á medida que o poder económico dos grupos se foi fortalecendo e as
actividades da empresa se foi massificando, começaram a surgir casos em que o contrato
é elaborado por um dos contraentes, sem nenhum debate prévio acerca do seu conteúdo.
Ao outro contraente fica apenas, na prática, a liberdade de aceitar ou não o contrato mais
não de o discutir.
Ao modelo ou padrão oferecido por um, o outro pode apenas aderir, aceitar. Daí contrato
de adesão. – NOTA – não precisa de ser assim. Nos termos da lei podemos discutir e
reagir contra cláusulas abusivas – ver princípios dos contratos. Mais aí entra a força
negocial das partes.
A RESPONSABILIDADE PRÉ CONTRATUAL, A CULPA IN CONTRAENDO E O
PRÍNCIPIO DA BOA-FÉ
Os contraentes são responsáveis pela sua deficiente conduta ao longo da preparação do
contrato. A interessado em vender o prédio que possui em Luanda, marca com B residente
em viana, interessado em compra-lo, uma visita para daí a 15 dias.
Entretanto vende-o a C mais não avisa B que no dia combinado aparece, deslocando-se
de viana a luanda. Haverá responsabilidade de A pela despesa de B?
Artigo 227.º Cod. Civil – LER E SABER
1º - Consagra a responsabilidade civil pré contratual
2º- Mais não se circunscreve apenas a culpa e contrahendo - abrange os danos
provenientes dos deveres secundários de informação, lealdade, em que se desdobra o
princípio da boa-fé.
3º- Da o caminho (a boa fé) e a sanção – reparar os danos causados á contraparte
4º- E não a perda da expectativa do negócio, mais todos os danos que sofra.
5º- Mas não obriga o faltoso a cumprir o contrato. A lei respeita assim até ao fim o valor
da liberdade de contratar.
6º- A determinação da indemnização de vida pela parte que viola o princípio da boa-fé,
na fase preliminar do contrato, depende da natureza do dever acessório infringido.
O interesse que faltoso tem de ressarcir é sempre (quando tenha havido roptura
injustificada do contrato), o interesse contratual negativo: - a perda patrimonial que não
teria tido se não fosse a expectativa na conclusão do contrato frustrado ou a vantagem que
não alcançou por causa da mesma expectativa gorada – teria vendido a terceiro por melhor
preço ou teria comprado a terceira por melhor preço.
Assim, a relação jurídica que se estabelece entre as partes, antes da conclusão do contrato,
é uma relação legal – e por ser tão próxima do contratual são-lhes aplicáveis as regras
própria da responsabilidade contratual, apesar de não ainda um vínculo entre as partes.
CONTRATOS TÍPICOS (NOMINADOS)
874.º e seguintes – contratos em especiais – são os que, além de possuir um nome próprio,
que os distingue, constituem objectos de uma regulamentação legal especifica.
(Ex. Compra e venda, doação, sociedade, locação, mandato, depósito, empreitada ou
transacção).
CONTRATOS ATIPÍCOS (INOMINADOS)
Aqueles que as partes, ao abrigo do princípio da liberdade contratual (405.º), criam fora
dos modelos traçados e regulados na lei.
E quando se misturam? Para sabermos se estamos perante um típico a típico precisamos
de conhecer o esquema essencial de cada contrato típico, seu núcleo essencial. Se este
não perder, continuará a pertencer ao tipo legal definido
NOVAS FÍGURAS CONTRATUAIS.
TIPOS
Leasing (Locação) – contrato pelo qual uma das partes se obriga, contra retribuição, a
conceder a outra o gozo temporário de uma coisa adquirida ou construída por indicação
desta e que a mesma pode comprar mediante o pagamento de um preço determinado ou
determinável, nos termos do próprio contrato.
Franchising - operação perante a qual um empresário consegue a outro o direito de usar
a marca de produto seu com assistência técnica para sua comercialização, recebendo em
troca determinada remuneração.
Factoring (Cessão)- o factor é a entidade para bancária que adquire os créditos e corre os
riscos de não os receber, em troca do pagamento de certa comissão por parte do cedente.
Joint venture - associação de duas ou mais empresas, por tempo limitado para consecução
de um fim lucrativo comum.
Know- how – contrato pelo qual uma pessoa (singular ou colectiva) se obriga a transmitir
a outra para que está os aproveite, os processos especiais de fabrico ou outros
conhecimentos especiais que só ela possui.
Engineering - contrato em que uma empresa de engenharia se obriga, perante uma outra
empresa interessada em instalar novo processo industrial, a estudar e a implantar no local
todo o equipamento dele e acompanhar o inicio do seu funcionamento.
Garantia autonoma (on first demand – à primeira solicitação) – promessa feita por um
terceiro (entidade bancária) de que pagará a contraprestação devida logo que este prove
determinado facto – Ex. Paga mal prove a expedição de mercadoria

CONTRATOS MISTOS – contrato na qual se reúnam elementos de dois ou mais


negócios jurídicos total ou parcialmente regulados na lei.
Diferente da união ou coligação de contratos – dois ou mais contratos que, sem perda da
sua individualidade, se acham ligados entre si ou pôr certo nexo.
Quando assim é, como os contratos são não só distintos mais autónomos, aplicar-se-á a
cada um o regime que lhes compete. Nunca se destrói a individualidade de cada contrato.
Ex. Junção exterior acidental. A compra um relógio e manda concertar ao mesmo
relojoeiro. A arrenda local para instalação de restaurante a B e vende-lhe ao mesmo tempo
móveis que tinha noutro restaurante seu.
Ex. Junção com nexo funcional – condição — a encomenda refeição no restaurante de B
se este lhe garantir hotel próximo.
No contrato misto, pelo contrário, a fusão num negócio de elementos contratuais distintos
que, além de perderem a sua autonomia no esquema negocial unitário, fazem
simultaneamente parte do conteúdo deste.
Ex. Arrendar casa de praia com cama mesa e roupa lavada, banco aluga cofre tornando-
se simultaneamente locador e depositário.
Interesse prática – 292.º Cod.Civil (redução em caso de nulidade parcial) 232.º
Como resolver – ajuda pode ser a unidade ou pluralidade da contraprestação - uma
prestação faz presumir que as partes quiseram um só contrato; como também poderá ser
a unidade ou pluralidade do esquema económico subjacente a prestação. Ex. Viagem de
cruzeiro.
Devemos ver se há composição de interesses e aí aplicar os regimes de cada contrato tipo
(Ex. A presta actividade a B e este sede um em troca gozo temporário de certo imóvel
aplicam-se o regime de contrato de trabalho e da locação), ou se há subordinação (ao lado
de uma prestação principal uma outra acessória – aqui o regime dos elementos acessórios
só se observará na medida em que não colida com o regime da parte principal), Ex. –
Arrendamento urbano para fim industrial dizendo que nele habitar trabalhadores este fim
fica subordinado ao primeiro).
E se houver fusão de interesse? Cruzeiro- tem transporte, alojamento, refeições – têm que
se analisar a causa do contrato misto, sua função socioeconómica
Doação mista - contrato em que, segundo a vontade dos contraentes a prestação de um
deles só em parte é coberta pelo da contraprestação para que a diferença valor entre ambas
beneficie gratuitamente outro contraente. Ex. A venda um prédio a B que vale 500.000
pelo preço de 10.000 para beneficiar gratuitamente B – não há uma venda e uma doação.
A estrutura de negócio é outra. A doação faz- se através da compra e venda. A compra e
venda mediante a redução intencional de um dos seus elementos fundamentais foi assim
assimilada pela doação. Aqui a uma assimilação de um dos contratos pelo outro – utilizou-
se a compra e venda para fazer uma doação.
Se houver fundamento para resolução do contrato para ingratidão do donatário como
fazer? – Não se devolve os 40.000 (doados) nem fica A com direito 4/5 do prédio.
Tem que se desfazer a doação. Mas para isso é necessário a restituição do prédio e a
devolução de dinheiro.
OS CENTROS COMERCIAIS
Como qualificar a relação contratual nascida entre fundador/organizador do centro
comercial e cada dos legistas.
A prestação realizada pelo fundador ou organizador do centro (escolha de
estabelecimento implantação de lojas ancora, decoração, serviços comuns, áreas de
recreio, de alimentação, serviço de limpeza, de segurança). É muito rica.
Dois pontos:
1- O contrato realizado entre o promotor e cada lojista não pode reduzir-se ao esquema
do arrendamento urbanos para fins comerciais. Gozo temporário de imóvel versus renda
2- Não se resume também a um contrato misto (contratos com várias prestações que
pertencem a dois ou mais contratos típicos) por duas razões:
a) A elementos essenciais que não cabem nesses contratos típicos. Ex. Existência de
parques de estacionamento para clientes, ou locais de diversão ou seja factores que
representam um enorme beneficio para o logista e que não revestem a forma de uma
prestação serviços aqui o fundador fique adstrito em face de qualquer lojista.
b) O conjunto de prestações efectuadas pelo promotor do centro introduz no contrato uma
causa típica, global, e que encontra tradução em nenhum dos contratos típicos previstos
na Lei, nem na junção de qualquer deles.
TRATA-SE POIS DE UM CONTRATO ATÍPICO OU INOMINADO
- Assim são aceites soluções como renda mista (parte fixa e parte variável em função do
rendimento da loja, validade de cláusula limitativa da duração do contrato).
CONTRATO DE EFICÁCIA REAL
Art.º 408º (ler e saber)
Dos contratos não nascem obrigações: nascem relações de família, direitos sucessórios e
também direitos reais.
A vendeu a B uma coisa devendo ser paga e entregue no dia 5. Se no dia 3 C furtar ou
danificar ou vender a D, quem pode revindicar ou exigir a reparação é B.
A estes contratos a doutrina da o nome de contratos com eficácia real.
A transferência imediata do direito real, por mero efeito do contrato, não impede que,
subjacente a ela se mantenha latente obrigação de o alienante transferir não apena a posse
mas também domínio da coisa para o adquirente só assim se explica aliás a
responsabilidade em que incorre o alienante se, por qualquer razão (porque a coisa
alienada lhe não pertença ou porque não possa dispor dela), o domínio se não transferir
com contrato – Ex. Falta de consentimento do cônjuge.
Reserva de propriedade
- 409.º -934.º- Cláusulas importantes na vendas a prestações e nas vendas com espera de
preço. Se reservar para se a propriedade da coisa ao cumprimento das obrigações da outra
parte ou verificação de qualquer outro evento a venda é feita sobre condição suspensiva.
Para que tenha efeitos em relação a terceiros, tratando-se de coisas imoveis ou de móveis
sujeitos a registros, é necessário que o direito emergente da cláusula (reserva de
propriedade) tenha sido inscrito no registro.
Nos outros casos, a reserva vale mesmo em relação a terceiros por simples convenção das
partes.
Só mediatamente está cláusula ou pela reserva de resolução do contrato o vencedor poderá
recuperar o domínio da coisa vendida, depois de efeituada entrega, com fundamento na
falta de pagamento de preço, dada a disposição do Art.886.º.

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